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MANEJO NUTRICIONAL DE CAPRINOS E OVINOS Evelyn C. de Oliveira José Antônio A. Neto Zootecnia de Pequenos Ruminantes Richard Alves Prof.: Manoel de Castro L. Netto Rodrigo B. Teixeira Os ovinos e caprinos são animais ruminantes, sendo dotados de um sistema digestivo bastante complexo e capazes de aproveitar os nutrientes presentes nas células vegetais. A alimentação é um fator de grande importância na racionalização e na rentabilidade dos sistemas de produção dos caprinos e ovinos. O consumo de alimentos deve atender de forma adequada suas necessidades de manutenção, desenvolvimento, gestação e produção. INTRODUÇÃO Os ruminantes se diferenciam dos monogástricos pela divisão do seu estômago em quatro compartimentos e pelo hábito da ruminação. Compartimentos – • Rumén • Retículo • Omaso • Abomaso Aspectos anatômicos relacionados à nutrição - Os nutrientes podem ser classificados em cinco classes principais: Água Carboidratos - carboidratos fibrosos - carboidratos não fibrosos Proteínas Lipídios Vitaminas Minerais CLASSIFICAÇÃO DOS NUTRIENTES Nutriente mais importante; Parte dela é ingerida através dos alimentos; Bebedouros ou diretamente em aguadas. Consumo diário – 1 a 6 litros, dependendo da época do ano e do manejo (pasto ou confinada) e do tipo de alimento que consome (alimentos com muita água). ÁGUA Ovelhas e cabras paridas, produzindo leite e amamentando as crias, consomem cerca de 50% a mais de água do que ovelhas e cabras que não estão dando leite. Necessitam de água abundante e de boa qualidade. Lembrando que quase 90% do leite é formado de água. Os alimentos volumosos são aqueles muito fibrosos (têm mais de 18% de fibra). Forragens fornecidas aos animais em maior quantidade Em razão da grande quantidade de fibras, além de nutrir, estimulam o funcionamento do estômago, facilitando o animal remoer os alimentos ingeridos. Para a utilização do volumoso deve-se considerar a disponibilidade e a qualidade do alimento, a região e a estação do ano (temperatura, umidade, distribuição das chuvas, solo), pois não existe um volumoso ideal. Alimentos volumosos Capim Elefante (capim Napier): Excelente valor nutritivo quando colhido entre precocemente. Feijão guandu: Excelente volumoso para corte; rico em proteína e cálcio e de boa aceitação pelos animais. Diminui a necessidade de suplementação proteica com concentrados. Silagens e fenos: Durante a “época das secas” as pastagens e as forrageiras de corte diminuem seu crescimento e seu valor nutritivo. É essencial a conservação de alimentos produzidos na “época das águas”, para uso no período de escassez. Silagem de milho: Bom valor energético, mas baixo teor proteico, necessitando ser suplementado com fontes de proteínas (farelo de soja ou de algodão, ureia, etc.) para ser eficientemente aproveitado pelos animais. Silagem de girassol: É de boa aceitabilidade pelos animais, com teor proteico e em óleo mais elevado que silagens de cereais, porém seu teor energético é inferior. Fenos: Fenos de gramíneas são alimentos volumosos de boa aceitação pelos animais. Um bom feno tem cor esverdeada, grande quantidade de folhas, macio ao tato e com mais de 10% de proteína bruta. Cana de açúcar: Forrageira que deve ser conservada in natura, seu maior valor energético é no período “da seca”, quando deve ser utilizada. Restos de cultura e subprodutos agrícolas: Alguns resíduos produzidos durante ou após a colheita de cereais, oleaginosas, tubérculos ou raízes e mesmo do processamento de frutíferas, podem ser utilizados para alimentação. São todos aqueles que são muito ricos em carboidratos (energia) e proteínas, possuindo pouca fibra (menos de 18%), utilizados como complemento das dietas volumosas. Concentrados energéticos: milho e outros cereais (aveia, trigo, arroz); Concentrados proteicos: altamente proteicos são farelos de soja, de algodão e girassol, e os de valor proteico inferior farelos de trigo e arroz. Alimentos Concentrados Nível de consumo dos alimentos Fatores que influenciam no consumo - Os animais apresentam melhor desempenho quando alimentados de acordo com o objetivo para o qual são explorados (carne ou leite), idade, sexo, peso, fase da vida reprodutiva e época do ano. Crias mamando. Marrãos e marrãs apartados (recria). Matrizes (secas, prenhes e paridas). Animais em engorda (a pasto ou confinamento). Reprodutores . Alimentação por categoria animal A exigência nutricional é a quantidade de um determinado nutriente necessário para cada função específica realizada pelo animal, expressa de forma adequada. Para se determinar às exigências nutricionais, o método mais utilizado tem sido o fatorial. Neste, a necessidade do animal corresponde à soma das necessidades para cada função, como mantença, crescimento ou ganho em peso, gestação, lactação e trabalho. Exigências totais = Em/km + Eg/kg + Ec/kc + El/kl Determinações das exigências nutricionais Os caprinos são considerados mais eficientes em alguns aspectos digestivos. São animais de porte baixo, cabeça pequena, boca com lábios móveis e ágeis, o que favorece a escolha de partes mais ricas dos vegetais, como folhas e brotos. Por consequência, ingerem alimentos com maior teor de conteúdo celular e menor de parede celular. Já os ovinos são ruminantes que se alimentam de muita fibra, originados, principalmente, de gramíneas. Os ovinos tendem a selecionar componentes de melhor qualidade na pastagem e, para isso, compensam a baixa qualidade do pasto ou acessibilidade pelo aumento do tempo de pastejo. Menor exigência nutricional. Alimentação com volumoso de media qualidade geralmente são suficientes para que estes animais não ganhem e nem perdem peso. Ovelhas e cabras antes da estação de monta níveis nutricionais elevados, três semana antes e três semanas depois da estação de monta, podem aumentar o numero de animais nascidos. Ovelhas e cabras solteiras Os animais necessitam ingerir 0,5 a 1,0 litro de colostro nas primeiras 18 horas de vida. Crescimento Nos animais em crescimento, todos os órgãos e tecidos aumentam de peso de forma. As exigências para animais em crescimento correspondem às exigências para ganho de peso + mantença. Recém nascidos Os animais devem receber volumosos de boa qualidade e 500g de concentrado/dia deve ser suficiente. No último terço de gestação, o crescimento fetal é rápido, exigindo do animal grandes quantidades de nutrientes, com utilização de forrageiras de boa qualidade e concentrado, utilização de gramíneas de porte médio á baixo manutenção de níveis de fertilidade de solo adequados às exigências da forrageira, adoção do sistema de pastejo rotacionado. Gestação As ovelhas podem ter gestação de um animal, de duplos ou triplos. Se descuidar, podem sofrer distúrbios metabólicos, como a toxemia da gestação, ou seja, a falta de energia no organismo do animal, necessária para produzir o restante do feto. A ovelha não pode estar nem obesa, nem muito magra, o que pode contribuir também para o distúrbio metabólico. Gestação Em relação aos machos, deve-se ter cuidado com a relação Ca: P, para evitar a formação de cálculos urinários. Devem ser separados das fêmeas logo após o desaleitamento, para evitar coberturas indesejáveis. A exigência total do animal corresponde às exigências de nutrientes para lactação + manutenção. Nesta fase, utilizam reservas corporais (gordura) e perdem peso. Uma ração composta pelos mesmos alimentos pode ter consumo diferenciado. Isso pode acontecer, quando se muda a forma de apresentação do alimento ou a frequência em que as rações são oferecidas. Lactação O objetivo é fazer com que os animais sejam desaleitadosno menor tempo possível. O fornecimento do colostro é de fundamental importância para que os animais não tenham seu desenvolvimento comprometido. Também tem efeito laxativo, muito importante para a limpeza do intestino. Fase de aleitamento O animal é separado da mãe imediatamente após o parto, recebendo o colostro em mamadeiras que deve ser oferecido durante pelo menos os três primeiros dias de vida. O leite deve ser fornecido aquecido a 37°C, passando gradativamente para a temperatura ambiente a partir do segundo mês. Pode ser utilizado leite de cabra, de vaca ou substitutos comerciais, 2x/dia Desmama na 5ª semana. Aleitamento Artificial O que se pretende é que os animais alcancem 60 a 70% de seu peso adulto, o que deveria estar acontecendo entre o sexto e o oitavo mês de vida. Em relação à ingestão de concentrado, recomenda que ele seja à vontade até os 90 dias e, a partir, 300 a 500g por cabeça. Alimentação da desmama à puberdade Para que o cordeiro desmamado se adapte mais rapidamente à alimentação em confinamento, é conveniente a utilização de creep feeding, um sistema no qual há um comedouro circundado por uma cerca. Representam o futuro reprodutivo, sendo que o manejo nutricional deve permitir bons índices produtivos. Deficiências nutricionais podem retardar a idade ao primeiro cio e reduzir o peso á primeira cobertura. O peso excessivo desses animais também não é desejável, pois podem interferir negativamente na produção de leite e nos índices reprodutivos. Fêmeas para reposição A alimentação adequada dos machos é tão importante quanto das fêmeas. Os animais devem ter à sua disposição água e mistura mineral e a dieta de conter entre 14 e 16% de PB. Reprodutores em manutenção e reprodução: nutrição deve ser suficiente para garantir a produção de sêmen de boa qualidade, permitindo eficiência na capacidade de monta. Fornecer dietas enriquecidas com proteína e energia durante a estação de monta. Reprodutores jovens e adultos Apesar do avanço do conhecimento feito pelos pesquisadores no Brasil, ainda há necessidade de maior número de trabalhos e do tratamento dos dados existentes para a construção de uma tabela com recomendações de exigências nutricionais nacional. Conclusão
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