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RECURSOS CIVIS

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RECURSOS CIVIS
MÓDULO 01
1. CONCEITO DE RECURSO
        É o direito da parte requerer, antes de formada a coisa julgada, em uma relação processual em curso, a reforma, invalidação ou esclarecimento de uma decisão judicial. Podemos dizer que os recursos podem ser considerados como uma extensão do próprio direito de ação ou de defesa.
        Advirta-se que só é cabível recurso de processos que estejam em andamento. Se o processo já foi encerrado e sobre ele já ocorreu a coisa julgada, só se pode impugnar tais decisões em situações muito específicas através de ações impugnativas próprias tais como a ação rescisória, a ação anulatória, a ação declaratória de inexistência de relação jurídica (actio ou querela nullitatis) e o mandato de segurança.
 
2. FUNDAMENTOS DO DIREITO DE RECORRER
        A doutrina costuma mencionar que os fundamentos filosóficos do direito de recorrer encontram sua sede no inconformismo e na falibilidade do ser humano, assim como na possibilidade de abuso de poder.
        Vejamos:
        a) Inconformismo humano: aquele que é vencido em uma demanda tende a não aceitar aquela decisão como definitiva, logo a possibilidade de ter uma outra chance de obter uma nova manifestação aquieta o espírito humano.
        b) Falibilidade humana: é sempre possível que erros sejam cometidos no julgamento de qualquer questão, posto que não existe uma máquina de julgar e toda decisão é tomada por pessoas que estão sujeitas a cometerem erros, logo a possibilidade de reapreciação da questão também diminui a possibilidade de equívocos serem perpetuados.
        c) Abuso de poder: é sempre possível que a decisão prejudicial à parte tenha sido fruto de dolo do seu julgador, de intenção deliberada de prejudicar, logo a possibilidade de revisão por outro órgão julgador mantém a higidez do sistema, zelando por sua correição.
 
3. PRINCÍPIOS GERAIS DOS RECURSOS
 
Duplo grau de jurisdição: Consiste no direito da parte vencida ou prejudicada obter do órgão jurisdicional uma nova apreciação da questão decidida. É princípio constitucional implícito tendo em visa a previsão de órgãos de primeira e segunda instância na Justiça brasileira.
Questão 2, item II - Duplo grau de jurisdição: consiste no direito da parte vencida ou prejudicada obter do órgão jurisdicional uma nova apreciação da questão decidida. É princípio constitucional implícito tendo em visa a previsão de órgãos de primeira e segunda instância na Justiça brasileira.
        Quer dizer, este princípio não se encontra de forma expressa na Constituição Federal, porém ele decorre da própria lógica do sistema que prevê a existência de tribunais com a finalidade de julgar recursos contra decisões judiciais de órgãos de instâncias inferiores (ver CF, art. 5°, LV, parte final; art. 102, II e III; art. 105, II e III; e, art. 108, II).
        A justificativa para a existência desse princípio é de natureza política e social, tendo em vista que nenhum ato estatal pode ficar fora de controle. Há também um caráter nitidamente moral, pois o juiz sabendo que seu ato pode ser submetido a nova apreciação, tende a ser mais responsável nas suas decisões.
         b) Taxatividade: consiste no fato de que a existência de um recurso está vinculada a sua previsão expressa pelo sistema. As partes não podem se valer de recursos “implícitos” e que não estejam literalmente previstos em lei, assim, quando um advogado formula um “pedido de reconsideração” ao juiz na verdade não está recorrendo de sua decisão, pois este recurso não existe no ordenamento processual (ressalvada a hipótese dos Códigos de Organização Judiciária dos estados criarem em seus Regimentos Internos um recurso que tenha essa denominação).
         c) Unirrecorribilidade ou singularidade: para cada hipótese processual existe apenas um recurso cabível, não sendo possível a utilização de mais de um recurso para a mesma hipótese fática e mesmo objetivo, simultaneamente.
         d) adequação: o recurso manejado pela parte deve ser o recurso indicado pelo ordenamento jurídico, ou seja, o recurso correto segundo a lei. Assim sendo se a lei afirma que em face da sentença caberá para pedido de reforma o recurso de apelação, não posso usar o recurso de agravo.
         e) Fungibilidade: na hipótese de erro escusável (aquele que pode ser perdoado diante das circunstâncias) sobre qual seria o recurso adequado, e desde que o prazo do recurso certo ainda não tenha se expirado é possível que o julgador receba o recurso inadequado como se fora o recurso certo, tendo em vista a inexistência de má-fé ou prejuízo na hipótese. Esse princípio foi recepcionado pelo Novo Código de Processo Civil, a partir da regra interpretativa da primazia (ou preponderância) da análise de mérito, prevista em seu art. 4º, que busca o máximo aproveitamento da atividade processual. Um exemplo disso é o que está expressamente previsto no art. 1.024, § 3º: o “órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º”.
Questão 2, item II - Fungibilidade: na hipótese de erro escusável (aquele que pode ser perdoado diante das circunstâncias) sobre qual seria o recurso adequado, e desde que o prazo do recurso certo ainda não tenha se expirado é possível que o julgador receba o recurso inadequado como se fora o recurso certo, tendo em vista a inexistência de má-fé ou prejuízo na hipótese.
Questão 3- Na hipótese de erro escusável (aquele que pode ser perdoado diante das circunstâncias) sobre qual seria o recurso adequado, e desde que o prazo do recurso certo ainda não tenha se expirado é possível que o julgador receba o recurso inadequado como se fora o recurso certo, tendo em vista a inexistência de má-fé ou prejuízo na hipótese. Esta descrição corresponde ao princípio de FUNGIBILIDADE. 
         f) Vedação à “reformatio in pejus”: quando apenas uma das partes recorre de uma decisão interlocutória ou sentença, o julgamento do recurso não pode prejudicar o recorrente no sentido de colocá-lo em situação de desvantagem em relação ao estado anterior.
Questão 2, item II - Vedação à “reformatio in pejus”: quando apenas uma das partes recorre de uma decisão interlocutória ou sentença, o julgamento do recurso não pode prejudicar o recorrente no sentido de colocá-lo em situação de desvantagem em relação ao estado anterior.
4. ATOS SUJEITOS A RECURSO
        No sistema processual brasileiro, as decisões interlocutórias e as sentenças em primeira instância, e as decisões monocráticas e os acórdãos em segunda instância são atos judiciais recorríveis.
        Vejamos:
         a) decisão interlocutória: ato judicial em que o magistrado examina um pedido ou questão incidente, sem que este exame acarrete a extinção do processo.
         b) sentença: ato judicial de juízo monocrático que implica na extinção do processo seja com resolução do mérito (art. 487, CPC/15) ou mesmo sem a resolução do mérito (art. 485, CPC/15).
         c) decisão monocrática: ato judicial proferido por um único membro de um órgão colegiado. Exemplo: o relator de uma ação rescisória no Tribunal indefere a juntada de um documento aos autos.
         d) acórdão: ato judicial de órgão colegiado, que julga recurso ou ação originária de segunda instância.
        Atenção: O nosso Código de Processo Civil, prevê expressamente, em seu artigo art. 1.001, que os despachos ordinatórios são irrecorríveis, assim considerados os atos judiciais que apenas dão andamento ao processo, sem conteúdo decisório e sem qualquer potencial lesivo às partes.
 
5. TÉCNICAS DE JULGAMENTO
            Denominamos de técnicas de julgamento as análises que serão realizadas pelo Poder Judiciário em torno do recurso interposto.
         Essa análise é dividida em duas fases, uma fase preliminar (juízo de admissibilidade) e uma fase nuclear (juízo demérito).
            Vejamos:
         a) juízo de admissibilidade (conhecimento/recebimento ou não): consiste na análise de requisitos formais, sem os quais o órgão julgador está impedido de apreciar o mérito do recurso. Exemplo: a tempestividade do recurso é uma análise que pertence ao juízo de admissibilidade dos recursos, portanto, diz-se que um recurso intempestivo sequer é “conhecido” ou “recebido”.
        O juízo de admissibilidade em alguns recursos será realizado por duas vezes, sendo procedido pelo órgão jurisdicional que recebe o recurso e posteriormente renovado pelo órgão julgador.
Questão 1: Todo recurso deverá, obrigatoriamente, ser submetido à apreciação de seu mérito tendo em vista que se a parte recorreu, ela tem direito a um pronunciamento sobre o direito posto em apreciação, e DEPENDE do juízo de admissibilidade.
Questão 5 -Todos os recursos se sujeitam a um juízo prévio de admissibilidade pelo qual o órgão julgador irá verificar de sua regularidade formal. Nesse sentido, são pressupostos objetivos analisados nessa fase: Cabimento, tempestividade, regularidade formal e preparo
         b) juízo de mérito (provimento ou não): consiste na análise das razões recursais, ou seja, nos motivos do inconformismo do recorrente, ou seja, os fundamentos apontados para reforma, anulação ou esclarecimento. Em outras palavras, quando tais fundamentos não são suficientes para que o recorrente atinja seus objetivos, diz-se que foi negado provimento ao recurso ou que o recurso não foi provido. Exemplo: recorri da sentença alegando que o valor da condenação é excessivo, se o Tribunal entender que o valor é razoável, embora tenha recebido o recurso (porque passou pelo juízo de admissibilidade) no mérito negará provimento.
 
 
6. SUCEDÂNEOS DE RECURSOS
 
        Apesar da existência do princípio da taxatividade, a doutrina e a jurisprudência reconhecem a existência de figuras similares aos recursos que também podem conseguir alterar resultados de julgamentos. Porém, por não estarem previstos expressamente como recursos, são chamados de sucedâneos de recursos.
        São mecanismos processuais que, da mesma forma que os recursos, objetivam a reforma, invalidação, esclarecimento ou mesmo a integração da decisão judicial, mas que por não estarem presentes todos os caracteres recursais, não podem ser chamados de recursos, pois lhes falta voluntariedade ou mesmo previsão legal.
        Os sucedâneos recursais têm natureza jurídica de mero incidente processual e, dentre estes podemos destacar: o mandado de segurança; a ação rescisória; os embargos de terceiros; o reexame necessário, etc.
Questão 4 - Apesar da existência do princípio da taxatividade, a doutrina e a jurisprudência reconhecem a existência de figuras similares aos recursos que também podem conseguir alterar resultados de julgamentos. Por não estarem previstos expressamente como recursos, são chamados de sucedâneos de recursos. Nesse sentido, são sucedâneos de recurso o MANDADO DE SEGURANÇA, A AÇÃO RESCISÓRIA, OS EMBARGOS DE TERCEIROS E O REEXAME NECESSÁRIO. 
 
7. PRESSUPOSTOS PARA UM JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE POSITIVO
        Pressupostos de admissibilidade dos recursos são os requisitos a serem cumpridos pelo recorrente, a fim de que sua petição de recurso seja recebida para posterior exame de mérito junto ao órgão julgador.
Para feito de estudos, dividmos em pressupostos subjetivos e objetivos, vejamos.
 
7.1 PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS
        Os pressupostos subjetivos são aqueles que dizem respeito às partes na relação processual.
         a) interesse: é necessário que a parte recorrente demonstre a necessidade e utilidade do recurso manejado, posto que assim demonstrará o seu interesse jurídico em recorrer.
a-1) recurso contra motivação: como regra, não é admissível o recurso manejado exclusivamente para tentar alterar a fundamentação da sentença, até mesmo porque, em regra, a motivação não faz coisa julgada (art. 504, CPC/15). 
a-2) necessidade de sucumbência: a sucumbência, ou seja, a derrota do recorrente em algum aspecto da sentença, demonstra o seu interesse de recorrer, haja vista ter auferido um prejuízo, ainda que este exista em alguma questão acessória, como por exemplo, honorários, custas, etc...
         b). legitimidade: a legitimidade diz respeito a pertinência entre a figura do recorrente e o sujeito que sofreu alguma espécie de prejuízo no ato judicial contra o qual se recorre. Dessa forma podem recorrer as partes, o terceiro interessado e o membro do Ministério Público, nas ações onde sua intervenção seja obrigatória, caso o interesse que deve proteger esteja sendo de alguma forma lesado (art. 178, CPC/15). Exemplo: a sogra, por mais inconformada que esteja, não pode interpor recurso contra a sentença que determinou o divórcio de sua filha e de seu genro.
 
7.2 PRESSUPOSTOS OBJETIVOS
        Pressupostos objetivos são aqueles que dizem respeito ao ato judicial contra o qual se recorre.
         a) recorribilidade: como outrora já dito, em primeira instância apenas as decisões interlocutórias e as sentenças serão passíveis de recurso, sendo irrecorríveis os despachos ordinatórios (art. 1.001, CPC/15).
        Caso ocorra dúvida quanto ao enquadramento do ato jurisdicional (principalmente se trata-se de decisão interlocutória ou mero despacho), podemos levar em conta a sua repercussão no interesse da parte, pois havendo prejuízo estamos sempre tratando de decisão interlocutória, caso contrário será mero despacho ordinatório, pois estes conceitualmente não podem acarretar danos.
        Devemos observar também que há outros casos em que a lei expressamente determinou que algumas decisões serão irrecorríveis, razão pela qual ainda que se enquadrem no conceito de decisão interlocutória, sentença ou acórdão, estarão excluídas da recorribilidade. Exemplo: a decisão do Supremo Tribunal Federal que entende inexistir repercussão geral é irrecorrível, conforme disposto no caput do art. 1.035 do CPC/15.
         b). tempestividade: todos os recursos possuem prazos estabelecidos na lei, sendo sua observância obrigatória (ver art. 1.003, § 5º, CPC/15).
        Assim a apelação bem como os demais recursos deverão ser interpostos no prazo de 15 dias úteis (art. 1.003, § 5º c/c art. 219 do CPC/15). Excetua-se desse prazo os embargos de declaração que devem ser interpostos no prazo de 5 dias (art. 1.023, CPC/15).
        Lembramos que há hipóteses em que os prazos devem ser contados em dobro, como ocorre no litisconsórcio, quando os litisconsortes estão assistidos por patronos distintos (art. 229, caput, CPC/15), bem como na hipótese da Fazenda Pública e Ministério Público (art. 180 c/c art. 183, CPC/15) e para a Defensoria Pública (art. 186, CPC/15).
        Os prazos recursais serão contados na forma do artigo 224, do CPC, ou seja, exclui-se o primeiro dia, conta-se sempre a partir do primeiro dia útil e termina-se a contagem também em dia útil, entretanto o termo inicial poderá ser o da leitura da sentença, se esta foi proferida em audiência ou a intimação das partes se esta não ocorreu em audiência ou ainda da publicação do dispositivo da sentença ou do acórdão no órgão oficial (ver arts. 224 e 1.003 do CPC/15).
        Lembramos ainda que se durante o prazo recursal ocorrer o falecimento da parte ou do advogado, ou ocorrer motivo de força maior que suspenda, nos termos da legislação, o processo, ocorrerá a restituição do prazo a parte recorrente, sempre após intimação para tanto (art. 1.004, CPC/15).
         c) adequação (o recurso “certo”): é fundamental que a parte recorrente se utilize do recurso correto para cada situação, exigindo-se perícia do advogado para aplicar o ordenamento jurídico da forma correta. Assim, por exemplo, em havendo uma decisão interlocutória que negue um pedido de justiça gratuita, sabe-se que o recurso adequado será o de agravo de instrumento (art. 1.015, V, CPC/15), desse modo, o advogado não pode utilizar o recurso de apelação, posto que inadequado à situação.d) preparo: alguns recursos exigem que a parte recorrente recolha aos cofres públicos custas específicas para essa situação às quais a lei chama de “preparo” do recurso. O Ministério Público, a União, os Estados, os Municípios e suas autarquias são isentos legalmente de preparo (art. 1.007, § 1°, CPC/15). 
        Além do preparo há recursos que exigem também o recolhimento de uma taxa equivalente a “porte de remessa e retorno”, que é o valor correspondente ao envio dos autos ao órgão julgador do recurso, bem como seu posterior retorno.
        O preparo deve ser recolhido integralmente, entretanto se for recolhido a menor, o recorrente deve ser intimado a complementá-lo, circunstância em que se não o fizer em 5 (cinco) dias, será julgado DESERTO, ou seja, o recurso NÃO SERÁ RECEBIDO (art. 1.007, § 2°, CPC/15).
        A DESERÇÃO do recurso é penalidade que deve desde logo ser aplicada pelo órgão jurisdicional a exercitar em primeiro plano o juízo de admissibilidade. Assim sendo na hipótese de apelação, em que há juízo de admissibilidade feito em primeira instância, o próprio juiz declarará o recurso deserto e com isso impedirá que os autos sejam remetidos ao Tribunal, salvo se a parte agravar dessa decisão, a fim de que o recurso suba ao Tribunal.
Questão 06 - A deserção é a penalidade por não recolhimento do preparo recursal.
         e) forma (regularidade e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito a recorrer): o respeito a forma prevista em lei é também requisito de admissibilidade do recurso na medida em que a legislação aplicável a exija. Assim, o recurso de apelação só possui a forma escrita, não sendo admissível sua interposição oral, ainda que a sentença tenha sido proferida em audiência.
        Neste tópico também analisamos a regularidade formal do recurso pela inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer, vejamos:
e.1) Desistência: ato através do qual o recorrente, após a interposição do recurso, manifesta-se no sentido de que não pretende o julgamento do recurso (art. 998, CPC/15).
e.2) Renúncia: ato através do qual antes de recorrer, a parte prejudicada, que teria em tese legitimidade para recorrer, manifesta o seu desinteresse em fazê-lo. Esse desinteresse pode ser manifestado expressa ou tacitamente (art. 999, CPC/15). Advirta-se ainda que a renúncia pode ser expressa, quando por petição a parte renúncia ao direito de recorrer (se ambas as partes renunciarem ao recurso, o que é comum em acordos, o trânsito em julgado ocorrerá antecipadamente, por ocasião da sentença homologatória) ou tácita, quando a parte pratica algum ato que logicamente está em oposição ao interesse de recorrer, dando causa a preclusão lógica (exemplo: a parte ao tomar ciência da sentença que lhe foi desfavorável cumpre a ordem judicial sem ressalvas – ver art. 1.000, CPC/15).
e.3) Perda do objeto: acontece quando um evento posterior faz com que o julgamento de mérito do recurso deixe de ser necessário. Exemplo: o agravo de instrumento contra decisão interlocutória que tenha negado liminar para permitir o tratamento de saúde do recorrente, quando em seguida o paciente falece.
 
8. PROCESSAMENTO DOS RECURSOS
        Em segunda instância, a regra é a de que só o colegiado fará o julgamento do recurso, sendo necessário, no mínimo três magistrados para que seja proferida decisão.
        Dentre esses três magistrados, um deles será designado como Relator do recurso e terá por função elaborar o relatório dos autos, assim como decidir questões urgentes, sendo também o primeiro a proferir o voto.
        Por exceção o RELATOR PODERÁ JULGAR sozinho, em decisão monocrática, quando o recurso for inadmissível, prejudicado ou não tenha impugnado especificamente os fundamentos da decisão recorrida (art. 932, III, CPC/15), e também negar provimento ao recurso que for contrário a jurisprudência dominante dos tribunais superiores (art. 932, IV), vejamos:
      a) Recurso seja manifestamente inadmissível: hipótese em que a parte recorrente não cumpriu os pressupostos de admissibilidade do recurso e por isso este não deve ser sequer recebido para exame. Exemplo: recurso para o qual não houve preparo ou recurso intempestivo.
         b) Recurso Prejudicado: hipótese em que fato posterior fez com que o recurso perdesse o seu objeto. Exemplo: a transação entre as partes.
         c) Recurso que não tenha impugnado os fundamentos da decisão: hipótese em que o fundamento do recurso é genérico, sem especificar de maneira clara os fundamentos que contraria a decisão recorrida.
         d) Recurso está em confronto com Súmula, jurisprudência dominante no Tribunal, no STF ou outro Tribunal Superior. Se a decisão recorrida está em confronto com jurisprudência consolidada dos tribunais superiores, não se deve deixar prosperar a irresignação porque já é previsível o que ocorrerá quando o recurso chegar àquele tribunal. Se dessa decisão o recorrente não se conformar, poderá interpor agravo interno para que o colegiado possa apreciar o acerto ou desacerto da decisão monocrática
         e) Recurso em confronto com acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos. Se já há decisão proferida em julgamento de casos repetitivos, não tem sentido deixar prosseguir um recurso do qual já se sabe qual o seu desfecho. Seria um contra senso, um desperdício de tempo, enfim, uma inutilidade.
         f) Recurso em confronto com entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. Da mesma forma que o argumentado acima.
        Das decisões proferidas pelo Relator caberá RECURSO DE AGRAVO INTERNO para o colegiado, no prazo de 15 (cinco) dias, mas se este recurso for considerado procrastinatório, por ser manifestamente inadmissível ou infundado, o Tribunal condenará o recorrente em multa de 1% (um por cento) a 5% (cinco por cento) do valor da causa, condicionado qualquer outro recurso ao pagamento desta (art. 1.021,caput e § 4°, CPC/15).
      Lembramos também que com o advento da antecipação de tutela, o relator do recurso também poderá utilizar o chamado EFEITO ATIVO, que consiste em conceder ou deferir por liminar aquilo que foi negado em primeira instância pelo ato judicial recorrido. Exemplo: se o autor de uma ação pede liminar ao juiz para evitar que seu nome seja inserido no SCPC e o juiz nega, pode ser interposto agravo de instrumento e o relator poderá conceder o efeito ativo a fim de determinar que não seja feita qualquer restrição ao crédito do recorrente (art. 1.019, I, CPC/15).
       Todo acórdão conterá ementa, que é uma suma das considerações que se pode extrair do julgamento. Uma vez lavrado o acórdão suas conclusões serão publicadas no órgão oficial em até 10 (dez) dias (art. 943, CPC/15).
MÓDULO 02
1. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS
        O novo Código de Processo Civil (Lei n° 13.105/15) cria diversos mecanismos para uma mudança da cultura processual no Brasil. Um desses desafios é a valorização dos precedentes jurisprudenciais, como forma de atender o princípio da segurança jurídica, da celeridade e da razoável duração do processo.
        Instrumentos como os julgamentos de recursos especiais e extraordinários repetitivos e o incidente de assunção de competência, dentre outros, são mecanismos que visam uma uniformização da aplicação das leis federais pelos juízes e tribunais com muito mais segurança jurídica e igualdade na aplicação da lei para todos os cidadãos.
        Com o intuito de valorizar a jurisprudência o Novo CPC estabelece expressamente que “os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente” (art. 926). Ou seja, os tribunais não devem permitir divergências internas sobre questões jurídicas idênticas, como se cada magistrado ou turma julgadora não fizesse parte de um mesmo sistema.
        O papel do STJ e do STF sai reforçado na nova sistemática processual tendo em vista que suas súmulas ouacórdãos proferidos em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos vincularão todos os juízes que não poderão ignorar a existência desses precedentes (art. 927).
        O novo estatuto processual traz outras novidades, tais como a criação do Incidente de Assunção de Competência (IAC) e do Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR), como forma de valorizar a jurisprudência dos tribunais estaduais e os tribunais regionais federais. O IAC será utilizado quando estiver em julgamento relevante questão de direito, com grande repercussão social e sem múltipla repetição (art. 947). Se houver múltiplas repetições, será o caso de utilização do IRDR (art. 976).
Com o intuito de valorizar o sistema de precedentes jurisprudenciais o Novo CPC disciplina vários institutos e dentre estes: incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) e incidente de assunção de competência (IAC)
        Ademais, o Novo CPC reforça o papel do relator nos tribunais que por decisões monocráticas poderão decidir processos, sem a necessidade de julgamento colegiado, nas ações cujo tema já tiverem jurisprudência consolidada (art. 932, IV e V).
        A valoração dos precedentes jurisprudenciais é garantia do princípio da isonomia tendo em vista que casos iguais serão julgados de forma igual.
        O sistema de precedentes já existia no nosso ordenamento jurídico desde 1993, quando foi inserido o parágrafo 2º ao art. 102 da Constituição Federal, estabelecendo que “as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração publica direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal”. Outro exemplo que se pode invocar são as sumulas vinculantes e os acórdãos proferidos em julgamento de casos repetitivos pelo STJ e STF. Contudo, apesar de já haver resquícios do sistema híbrido anterior ao Novo CPC, é óbvio que o sistema de precedentes sai agora muito mais fortalecido pelas novas regras insculpidas no CPC/15.
        Assim, o Novo Código de Processo Civil ao dar tratamento privilegiado aos precedentes Judiciais faz um mescla entre o nosso tradicional sistema jurídico, baseado fundamentalmente no “civil law”, para acolher fragmentos do “common law”. Há uma visível mudança de paradigma, pois saímos do estágio em que a lei era a fonte primária do direito (CPC/73), para admitir a jurisprudência como fonte relevante do direito (CPC/2015).
        Inaugura-se uma nova era em que o resultado de uma demanda pode ter alguma previsibilidade. O processo tende a deixar de ser um típico “jogo de loteria” onde ninguém pode ter, a priori, nenhuma certeza de qual resultado se pode esperar da demanda. Para casos iguais, já será possível antever a decisão em face dos precedentes eventualmente existentes.
 
2. EMBARGOS INFRINGENTES DE OFICIO (incidente de colegialidade)      
 
        Muito se falou sobre o fim dos embargos infringentes no Novo CPC, porém o que vemos é a sua sobrevivência sob uma nova roupagem e com outra finalidade, vejamos.
        O art. 942 contém a previsão de que se o resultado do julgamento da apelação não for unânime, o julgamento deverá ter prosseguimento, na mesma sessão ou em outra a ser designada, com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
Quando o julgamento da apelação não for unânime, o julgamento deverá ter prosseguimento, na mesma sessão ou em outra a ser designada, com a presença de outros julgadores, que serão em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
        Aplica-se a mesma sistemática de julgamento de ação rescisória quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno; bem como no julgamento de agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito (art. 942, § 3°).
Aplica-se a mesma sistemática de julgamento de ação rescisória quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno.
        De outro lado, o legislador fez uma ressalva para estabelecer que não se aplica esta técnica de julgamento para nos casos envolvendo o incidente de assunção de competência e ao de resolução de demandas repetitivas, bem como quanto tratar-se de remessa necessária e nos resultados não unânime proferido, nos tribunais, pelo plenário ou pela corte especial (art. 942, § 4°).
NÃO SE USA A MESMA SISTEMÁTICA DE JULGAMENTO quando houver votação não unânime no incidente de resolução de demandas repetitivas e nos casos de assunção de competência.
        Como percebemos os embargos infringentes não mais existem da forma como era previsto no CPC/73, porém ganhou uma sobrevida com outro nome: agora poderão ser chamados de “embargos infringentes de ofício” ou, quem sabe, de “julgamento ampliado de votação não unânime” ou talvez de “remessa necessária de votação não unânime” ou mesmo “incidente de colegialidade”.
        Cumpre esclarecer que os embargos infringentes regulados no CPC/73, só chegava ao tribunal por iniciativa da parte que pretendesse submeter a decisão não unânime ao colegiado. Pela sistemática do Novo CPC a iniciativa é da lei e é impositiva e independente de qualquer vontade, implicando dizer que qualquer julgamento de apelação não unânime terá que ser submetido ao colegiado para reexame. Significa dizer que o julgamento não unânime obrigará o presidente da turma a convocar novos membros (que não participaram o primeiro julgamento), para, em número suficiente para que o resultado possa ser reformado, promova um outro julgamento na mesma ou em futura sessão.
        Vejamos outro detalhe importante. No disciplinamento do CPC/73, os embargos infringentes só seriam cabíveis contra decisão não unânime que tivesse reformado sentença de mérito. Pelo Novo CPC caberá a remessa em todo e qualquer julgamento de apelação que não seja unânime.
        Em conclusão: considerando que o julgamento da apelação é realizado por três desembargadores (relator, revisor e terceiro juiz), implica dizer que qualquer julgamento por dois a um, implicará na divergência que impõe ao presidente da turma a obrigatoriedade de prorrogar o julgamento, através da convocação de outros julgadores para, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial.
        Os defensores da sobrevivência dos embargos infringentes dizem que é importante a sistemática adotada tendo em vista que as decisões dos tribunais não sendo unânimes, poderiam suscitar dúvidas no jurisdicionado sobre quem de fato estará certo, razão porque o julgamento ampliado evitará que permaneça qualquer dúvida no ar.
       
3. CONFLITO DE COMPETÊNCIA
 
        Cumpre esclarecer desde logo que ocorre conflito de competência quando dois ou mais juízes se declaram competente para conhecer de um determinado processo (conflito positivo); ou, ao reverso disso, quando dois ou mais juízes se declaram incompetentes para o mesmo processo (conflito negativo).
        Quando o conflito é suscitado entre juízes vinculados ao mesmo tribunal, não há maiores problemas porquanto este será o órgão competente para julgar e processar o incidente. O problema surge quando são envolvidos juízes de tribunais diferentes (um juiz federal e outro estadual, por exemplo). Nessa circunstância é preciso verificar as disposições constitucionais aplicáveis à espécie (ver CF, art. 201,I e art. 105, I, letra d).
        Para solucionar a questão o Novo CPC prevê a instauração do incidente processual chamado de conflito de competência cujo regramento está previsto nos arts. 951 a 958.
        Diz o Código que o conflito de competência pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. Diferentemente do CPC/73, o Ministério Público somente atuará nos processos previstos no art. 178, mas terá qualidade de parte nos conflitos que suscitar (ver art. 941 e parágrafo único).
O conflito de competência pode ser suscitado:
(I) por qualquer das partes.
(II) pelo membro do Ministério Público.
(III) pelo próprio juiz.
        Por uma questão de lealdade e boa-fé a lei processual não permite seja suscitado o conflito pela parte que, no processo, arguiu incompetência relativa, contudo nada obsta que a parte que não o arguiu suscite a incompetência (art. 952).
        O conflito de competência deverá ser suscitado diretamente no tribunal competente. Se for suscitado pelo juiz, isto deverá ser processado mediante oficio. Se for pelas partes ou pelo Ministério Público, deverá ser provocado por petição e, em ambos os casos, instruídos com os documentos necessários a comprovação do conflito (art. 953). 
        Depois de distribuído o incidente no tribunal, o relator determinará a oitiva dos juízes em conflito ou, se um deles for suscitante, apenas do suscitado. As informações deverão ser prestadas no prazo assinalado pelo relator (art. 954).
        No caso de conflito positivo de competência, o relator poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, determinar o sobrestamento do processo e, nesse caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes (art. 955).
        Autoriza o CPC que o relator possa julgar monocraticamente o incidente quando sua decisão se fundar em súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal; ou ainda, se for baseada em tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência (art. 955, parágrafo único).
        Decorrido o prazo para prestação de informações, tendo elas ocorrido ou não, será aberto prazo de 5 (cinco) dias ao Ministério Público e, em seguida, o incidente será levado a julgamento (art. 956). 
        Com o julgamento monocrático ou colegiadamente, o tribunal declarará qual o juízo será competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juízo incompetente (art. 957).
        Por fim trata a lei processual dos conflitos entre órgãos fracionários de um mesmo tribunal, estabelecendo que o julgamento deverá ser conforme dispuser o regimento interno do tribunal em questão (art. 958).
 
4. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDA REPETITIVAS (IRDR)
 
         Esta é mais uma novidade do Novo CPC com a finalidade uniformizar decisões sobre mesma questão, evitando com isso a insegurança jurídica até outrora reinante de decisões diferentes para casos exatamente iguais.
        Muitos têm argumentado que o novo CPC acabou com o chamado “livre convencimento motivado” que era albergado expressamente no CPC/73 (art. 131). Outros doutrinadores entendem que não.
        Veja-se que independente de permanecer sob o critério do juiz a valoração da prova (art. 371 do CPC/15), é certo que a liberdade do julgador foi bastante reduzida na exata medida em que nenhum julgador poderá ignorar os precedentes jurisprudenciais existentes (art. 927 do CPC/15), bem como não poderá utilizar fundamentos genéricos para suas decisões ou mesmo ignorar os argumentos das partes, sob pena de nulidade (art. 489, § 1°do CPC/15).
        Nessa linha de proceder é que ressalta a importância do IRDR como garantia de, independente de qual juiz vai julgar a causa, o resultado será igual por vinculação de todos os juízes aos precedentes já firmados pelo seu tribunal.
        Em breve síntese: o objetivo do IRDR é uniformizar entendimento sobre questões da vida prática que se repetem nos tribunais. Escolhe-se um caso, utiliza-se ele como paradigma, processa-se o seu julgamento e a decisão proferida será aplicada a todos os processos em andamento e a todos os processos futuros que venham a ser proposto naquela base territorial.
        O incidente pode ser instauração através de pedido que será dirigido ao presidente de tribunal, podendo ser provado pelo juiz ou relator, através de ofício ou pelas  partes, Ministério Público ou Defensoria Pública, através de petição (art. 977).
        Os requisitos para a instauração do incidente são os seguintes (art. 976):
existência de vários processos com a mesma controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito;
risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica com decisões divergentes sobre o mesmo tema;
inexistência nos tribunais superiores de recurso afetado para definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva.
        É importante frisar ainda que os tribunais deverão dar ampla divulgação à existência de processos pendentes de julgamento por esta sistemática para com isso possibilitar a todos os interessados que acompanhem e participem, se for o caso, do julgamento (art. 983).
        
5. DA RECLAMAÇÃO
 
        O instituto da reclamação já existia no nosso ordenamento jurídico por determinação constitucional, tanto com relação ao STF (CF, art. 102, I, letra l e art. 103-A, § 3°) quanto com relação ao STJ (CF, art. 105, I, letra f).
        O novo CPC ampliou sua aplicação estendendo sua aplicação para todos os tribunais brasileiro, com a finalidade de preservar a competência do tribunal; garantir a autoridade das decisões do tribunal; garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência; e finalmente, garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência  (art. 988, I a IV).
        O incidente pode ser provocado pela parte interessada ou pelo Ministério Público (art. 988, caput). Mesmo não sendo provocado pelo Ministério Público, este participará do processo como custos legis, tendo vista do processo por 5 (cinco) dias, após o decurso do prazo para informações e para o oferecimento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado (art. 991).
        O relator ao despachar a reclamação poderá requisitar informações à autoridade contra a qual foi imputado a prática do ato e, se necessário, determinará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável. Além disso, mandará citar a parte beneficiária da decisão impugnada que poderá apresentar contestação no prazo de 15 (quinze) dias (art. 989).
        Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia e, através de ordem expedida pelo presidente do tribunal, a decisão deverá ser cumprida imediatamente, independentemente da lavratura do respectivo acórdão (arts. 992 e 993).
        Atenção: não é admissível reclamação proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; ou ainda, proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando ainda não esgotadas as instâncias ordinárias (art. 988, § 5°).
NÃO CABE embargo infringente de ofício (incidente de colegialidade) contra decisão não-unânime proferida em ação de reclamação.
 
6. DA REMESSA NECESSÁRIA
 
        É importante esclarecer por primeiro que a remessa necessária nãoé um recurso, mas a reapreciação da sentença por força de imposição legal. Tanto é assim que não está sujeito a preparo ou a prazo, não comporta razões ou contra-razões das partes, nem mesmo recurso adesivo, apesar de submeter a sentença proferida em primeiro grau a reexame pela instância superior, podendo a sentença ser reformada e substituída pelo acórdão, se o tribunal tiver outro entendimento no tocante ao objeto da lide, exatamente como se fosse um recurso (mas não é).
        O sistema legislativo brasileiro sempre previu a existência desse instituto como um benefício em favor da Fazenda Pública, pois funciona como uma espécie de duplo grau de jurisdição obrigatório, submetendo a  decisão proferida em primeiro grau a um novo julgamento, mesmo que o ente público não tenha recorrido.
        Quer dizer, mesmo que a Fazenda Pública não interponha apelação contra a decisão de primeiro grau que lhe foi desfavorável, o juiz está obrigado a remeter os autos ao tribunal ao qual esteja vinculado, para que sua decisão seja, por assim dizer, validada (art. 496).
        Podemos dizer que a remessa necessária tem efeito suspensivo tendo em vista a dicção da lei ao dizer claramente que a sentença só produzirá efeitos depois de confirmada pelo tribunal (art. 496, caput).
        Em razão do valor da condenação ou do proveito econômico obtido contra a Fazenda Pública, excetua-se dessa obrigatoriedade a sentença que versar sobre valor inferior a:
1.000 (mil) salários-mínimos para a União e as respectivas autarquias e fundações de direito público;
500 (quinhentos) salários-mínimos para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados;
100 (cem) salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público.
        Deixa de existir também a obrigatoriedade da remessa necessária quando a sentença, independente de valor envolvido, estiver em conformidade com:
súmula de tribunal superior;
acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou súmula administrativa.
        Embora o instituto da remessa necessária tenha sofrido muitas críticas ao longo do tempo, ele permanece no regramento do novo CPC, ainda que mitigado.
        A justificativa para a permanência deste instituto, reprise-se, está no propósito de ofertar à Fazenda Pública maior proteção, pois ao defender e garantir mais segurança as decisões contra os entes públicos, ainda que por vias tortas estar-se-ia protegendo a própria coletividade.
MÓDULO 03
1. NOÇÕES GERAIS
 Discutia-se no plano doutrinário o caráter recursal dos embargos declaratórios e eminentes autores se colocavam em correntes contrárias, uns em atitude formal, outros em postura mais flexível.
 Os que não viam no instituto “própria ou rigorosamente” um recurso, assim o entendiam porque por via dele só é lícito ao juiz declarar a sentença já proferida, não podendo, portanto, inovar, ou seja, não podendo modificar em ponto algum a mesma sentença.
 Não obstante isso, nosso legislador o vislumbrou como recurso e esta é também nossa visão, isto porque existe, nos embargos de declaração, a pretensão de corrigir uma decisão que causa algum prejuízo a parte, tendo em vista que a obscuridade, a contradição, ou a omissão trazem danos aos demandantes.
 
2. EXTENSÃO DOS EMBARGOS DECLARATÓRIOS
 Na vigência do CPC/73 existia a dúvida quanto à extensão dos embargos declaratórios: poderiam ser interpostos contra decisões interlocutórias ou somente contra sentença? Isso se dava em função da literalidade do contido no revogado art. 535, pois o mesmo falava que cabia embargos de declaração somente “contra acórdão e sentença”.
 Hoje esta questão está superada tendo em vista que o CPC/15 foi expresso ao consignar claramente que “cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial” (art. 1.022, caput). Se a lei diz que cabem embargos de declaração contra “qualquer decisão” significa dizer que as “decisões” interlocutórias podem ser questionadas através deste remédio jurídico.
 É importante que o legislador tenha consignado de maneira expressa o cabimento de embargos declaratórios contra qualquer decisão por várias razões. Apenas para exemplificar, o manejo deste tipo de recurso contra decisões interlocutórias vai reduzir o número de agravos de instrumentos tendo em vista que sendo esclarecidas dúvidas processuais pelo juiz da causa, é muito provável que a parte se satisfaça com os esclarecimentos e, assim, deixe de manejar outro recurso qualquer o que, sem nenhuma sombra de dúvida colabora com o princípio da celeridade processual e da razoável duração do processo.
 Em síntese: O recurso de embargos de declaração é um recurso cabível contra toda e qualquer decisão judicial, não havendo restrição quanto ao seu cabimento. É cabível de decisão interlocutória, sentença, acórdão, decisão monocrática proferida com base no art. 932 do novel codex.
3. PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO
 Diferentemente dos outros recursos, os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, conforme determina o art. 1.023 do CPC/15, sendo indiferente qual seja o ato atacado, ou seja, tanto em primeira instância como em segunda, o prazo será o mesmo.
 Ademais, os embargos de declaração independe do recolhimento de custas por expressa determinação legal (art. 1.023, caput, parte final).
4. ADMISSIBILIDADE
 As hipóteses de admissibilidade dos embargos de declaração vêm expressas nos incisos do art. 1.022, CPC/15: esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; e, corrigir erro material.
 Assim, percebe-se claramente que a finalidade precípua deste recurso é o aprimoramento da prestação jurisdicional, esclarecendo obscuridade, eliminando contradição, suprimindo omissões e corrigindo erro material.
Obscuridade: a decisão judicial precisa ser límpida, clara, compreensível, completa. A ausência de clareza e de difícil compreensão na decisão gera obscuridade, que deve ser combatida por meio do recurso de embargos de declaração.
Contradição: o outro vício refere-se à contradição na própria decisão proferida pelo magistrado. Não se trata aqui de contradição entre decisões diferentes e diversas constantes no processo. O contrassenso e a incoerência acarretam decisões contraditórias, que dificultam até a execução da decisão judicial.
Omissão: no tocante à omissão, considera-se omissa a decisão quando o juiz deixa de se pronunciar sobre ponto ou questão a requerimento ou ex officio, nos termos do inciso II. O acréscimo da expressão ex officio demonstra que o recurso de embargos de declaração também serve para arguir as questões de ordem pública, que não foram apreciadas, embora se permita ao magistrado analisá-la de ofício.
Erro material: a modalidade de erro material, como requisito de mérito deste recurso, também foi incluído pelo legislador. Cumpre esclarecer que o erro material ocorre quando, por exemplo, na sentença grafou-se o nome das partes erroneamente ou apresentou algum erro de cálculo.
 
5. PROCESSAMENTO
 A competência para receber, processar e julgar os embargos de declaração é do próprio magistrado cuja decisão estará sendo atacada. Por se tratar de decisão unipessoal, mesmo nos tribunais o relator estará dispensado de levá-lo a julgamento no colegiado do qual faz parte.
 De igual forma, se os embargos forem opostos contra decisão proferida pelo colegiado, aí sim deve, obrigatoriamente, ser julgados pelo colegiado.O prazo para julgamento dos embargos de declaração é de 5 (cinco) dias, embora se trate de prazo impróprio, já que dirigido ao magistrado. O descumprimento deste prazo não acarreta nenhuma consequência jurídica pela natureza do seu prazo. No tribunal, também o magistrado tem prazo de 5 (cinco) dias para levá-los em mesa na sessão logo subsequente. Ao não fazê-lo, a consequência jurídica é a inclusão em pauta do recurso de embargos de declaração, que poderá ser acompanhando pelas partes no dia da sessão.
 A inclusão em pauta dos embargos de declaração é uma vitória para os advogados e serventuários da justiça. Os advogados terão ciência do dia certo do julgamento deste recurso e o serventuário se desincumbirá da função de informação diária acerca do possível julgamento de todos os recursos de embargos de declaração.
 
6. EFEITO INTERRUPTIVO
 
 Embora os embargos de declaração não tenham efeito suspensivo, a sua interposição interrompe o prazo para eventual interposição de outros recursos e atinge todas as partes e eventuais terceiros.
 A interrupção e a suspensão dos prazos são distintas. Na interrupção, os prazos podem ser recontados a partir do primeiro dia após o término do efeito da interrupção, não computando os dias consumidos pela oposição dos declaratórios. A suspensão de prazos, diferentemente, cessa o prazo em curso e volta a contar apenas os dias que sobejar. No caso da interrupção, a regra é sempre interromper o prazo para todos que participam do processo, exceto no caso de intempestividade, como já previa o CPC/73.
 No caso de intempestividade seria a única exceção. Tal raciocínio não se estende as hipóteses diversas de não conhecimento do recurso, como equivocadamente se tem mostrado algumas parcas decisões.
 
7. EFEITO INFRINGENTE
 Ainda que por vias transversas O Novo CPC fez prevê a hipótese de embargos declaratórios com efeito infringentes ao estabelecer no § 2° do art. 1.023, que “o juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada”.
 Esse é o chamado efeito infringente que poderá resultar do provimento do recurso. Logo, por força do princípio do contraditório e da ampla defesa, o embargado terá a oportunidade, de impugnar os embargos no prazo que a lei estabelece.
 O Novo CPC nada mais fez do que adequar essa regra já conhecida da doutrina e da jurisprudência, que determinava a intimação do embargado sob pena de violação ao princípio do contraditório. A verdade é que não pode a parte ser surpreendida com a alteração da decisão anterior, sem, contudo, ter a oportunidade de se manifestar.
 Quer dizer, se há possibilidade de alteração do resultado do julgado no caso de eventual acolhimento dos embargos, a observância do contraditório nesses casos é de rigor, sob pena de violação da garantia constitucional de contraditório e da ampla defesa. Assim, caberá ao juiz ou relator determinar a intimação da parte contrária sempre que o objeto dos embargos de declaração tenham potencial para alterar o conteúdo da decisão anteriormente proferida, circunstância em que se diz que estes embargos terão efeitos infringentes (ver art. 1.023, § 2°).
Exercício 1:
É certo dizer que o prazo para interposição dos embargos de declaração é:
 
A)sempre em 15 dias já que esse é o prazo geral dos recursos
 
B)sempre em 10 dias especialmente se houver litisconsórcio com patronos distintos, tendo em vista que nesses casos os prazos são contados em dobro.
 
C)sempre em 20 dias porque esse é um prazo mais favorável à parte.
 
D)em 20 dias em se tratando da Fazenda Pública já que esta goza de privilégios legais de prazo e forma.
 
E)em 5 dias, contados da intimação da decisão a qual se pretende embargar
Exercício 2:
Com relação aos embargos de declaração, é correto afirmar:
 
A)serão julgados sempre pela instância superior
 
B)tem cabimento mesmo diante de meros despachos ordinatórios
 
C)será julgado pelo próprio prolator da decisão embargada
 
D)será sempre submetido a um Tribunal Superior
 
E)só será recebido se comprovado o seu preparo
Exercício 3:
Os embargos de declaração é o recurso cabível contra as decisões de primeira ou segunda instância quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição; ou ainda, quando for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se o juiz ou tribunal. Considerando essa premissa, assinale a alternativa correta:
(I) Serão opostos dentro do prazo de cinco dias, em petição dirigida ao juiz, quando sentença, ou ao relator, quando acórdão, com a indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso.
(II) A interposição dos embargos de declaração interrompem o prazo para interposição de qualquer outro recurso, perdurando a interrupção até que o órgão judiciário venha a se manifestar decidindo a matéria constante do declaratório.
(III) Em respeito ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, deverá sempre ser oportunizada à parte contrária o mesmo prazo de cinco dias para falar em contra-razões e, somente após, o juízo verificará da admissibilidade do recurso.
 
 
A)Somente (I) está correto
 
B)Somente (I) e (II) estão corretos
 
C)Somente (III) está correto
 
D)Somente (I) e (II) estão corretos
 
E)Somente (I) e (III) estão corretos
Exercício 4:
Ainda no tocante aos embargos de declaração se pode afirmar:
(I) Os embargos de declaração embora não tenham efeito suspensivo, a sua interposição interrompe o prazo para eventual interposição de outros recursos.
(II) Somente a parte que opôs os embargos de declaração é que pode ser beneficiada com a interrupção do prazo para posterior recurso.
(III) Quando, na sentença ou na decisão de um órgão colegiado, se verificar contradição entre o que ficou decidido e a jurisprudência prevalente naquele tribunal, poderá a parte sucumbente requerer a reforma da referida decisão pela via dos embargos declaratórios
 
A)Somente (I) está correta
 
B)Somente (II) está correta
 
C)Somente (III) está correta
 
D)Somente (I) e (II) estão corretas
 
E)Todas estão corretas
Exercício 5:
No que diz respeito aos Embargos de Declaração, leia as proposituras abaixo e assinale a resposta correta:
(I) É o recurso cabível das decisões tanto de primeira quanto de segunda instância quando houver, na sentença ou no acórdão, obscuridade ou contradição, ou ainda, quando for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se o juiz ou tribunal.
(II) O prazo para interposição é de cinco dias, em petição dirigida ao juiz, quando referente à sentença, ou ao relator, quanto a acórdão, com a indicação do ponto obscuro, contraditório ou omisso.
(III) É um recurso típico para se tentar reverter decisão interlocutória, proferida tanto em primeiro quanto em segundo grau, tendo em vista seu caráter nitidamente infringente.
 
A)Somente (I) está correta.
 
B)Somente (II) está correta.
 
C)Somente (III) está correta.
 
D)Somente (I) e (II) estão corretas.
 
E)Somente (I) e (III) estão corretas.
Exercício 6:
Ainda com relação aos Embargos de Declaração se pode afirmar:
(I) Que a sua interposição interrompe o prazo para interposição de qualquer outro recurso, perdurando esta interrupção até que o órgão judiciário venha a se manifestar decidindo a matéria constante dos embargos de declaração.
(II) Que, pelo princípio do contraditório e da ampla defesa, a manifestação da parte contrária, através das contrarrazões, será sempre obrigatória, sob pena de nulidade da decisão proferida sobre o recurso.
(III) Que, se o magistrado se convencer de que o recurso foi interposto com caráter meramente protelatório, poderá aplicar a penalidade de multa, que será revertida para a parte contrária.
 
A)Somente (I) está correta.
 
B)Somente (II) está correta.
 
C)Somente (III) está correta.
 
D)Somente(I) e (II) estão corretas.
 
E)Somente (I) e (III) estão corretas.
MÓDULO 04
1. CONCEITO
 
        É o recurso adequado para impugnar a sentença proferida por juiz de primeiro grau, seja ela definitiva (que resolve o mérito, pois acolhe ou rejeita o pedido do autor, como disposto no art. 487 do NCPC) ou terminativa (que extingue o processo sem resolução de mérito nas hipóteses elencadas no art. 486 do NCPC).
        Assim, é indiferente se a sentença é terminativa (art. 485, CPC) ou definitiva (art. 487, CPC), se é proferida em processo contencioso ou de jurisdição voluntária, se o processo é de conhecimento, procedimento especial ou mesmo no processo de execução.
        É importante destacar que o Novo CPC ampliou ainda mais os temas que podem ser abordados na apelação, incluindo as questões resolvidas na fase de conhecimento que não comportam impugnação por agravo de instrumento. De acordo com o § 1º do art. 1.009: “As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões”.
        Ademais, o recorrente deve atentar para a possibilidade de o recorrido alegar essas matérias (que não comportam agravo de instrumento) em preliminares de suas contrarrazões, fato que irá ampliar a matéria objeto da apelação inicialmente interposta, nos termos do § 2º do art. 1.009 do NCPC. Trata-se de observação importante, pois conflita com o que até então considerávamos como princípios norteadores dos recursos: a proibição da reformátio in pejus e o princípio da dialeticidade que exigia respeito ao princípio dispositivo e, portanto enunciava que a petição de interposição do recurso era suficiente para estabelecer os limites do princípio devolutivo.
 
2. PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE APELAÇÃO
 
         A petição de apresentação do recurso de apelação é dirigida ao juízo “a quo”, ou seja o juiz de primeira instância que prolatou a sentença que se quer reformar ou anular. Nela o apelante, devidamente qualificado, apresenta seu recurso e requer o encaminhamento de suas “razões” ao juízo “ad quem”, ou seja, ao Tribunal que irá julgar a apelação.
        Em sendo previsto o preparo pela legislação estadual, o apelante também deve consignar que junta a sua petição as respectivas guias comprobatórias do recolhimento das custas, bem como do porte de remessa e retorno dos autos, se houver (art. 1.007, “caput”, CPC/15).
        Mesmo nos casos de preparo insuficiente, o legislador oportunizou ao recorrente a possibilidade de suprir a deficiência de preparo, para a qual deverá ser intimado (art. 1.007, § 2°, CPC/15). Criou ainda a possibilidade de o relator poder relevar a pena de deserção, caso o apelado alegue e prove o justo impedimento para o preparo (exemplo: greve da rede bancária). Nesse caso, cuja decisão é irrecorrível, o relator fixará o prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo (art. 1.007, § 6°).
        Caso o apelado não comprove o preparo no ato de interposição do recurso, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. Nessa circunstância não se admite a complementação caso venha a realizar recolhimento insuficiente (art. 1.007, 4° e 5°)
        Embora a petição de apresentação do recurso de apelação seja dirigida ao juiz de primeira instância, onde é protocolizada, as “razões de apelação” (segunda parte do recurso) são dirigidas ao Tribunal.
 
3. PETIÇÃO COM AS RAZÕES DA APELAÇÃO
 
        A apelação terá sempre a forma escrita, não existindo na legislação a previsão de interposição oral ou por quota nos autos, razão pela qual deve ser elaborada uma petição para sua interposição.
        Esta petição com rãs razões da apelação deverá conter, como requisitos mínimos (art. 1.010):
os nomes e a qualificação das partes (esta exigência pode ser relevada se as partes já estão qualificadas nos autos);
a exposição do fato e do direito (relato dos aspectos fáticos e jurídicos que digam respeito à causa);
as razões do pedido de reforma (quando se tratar de error in iudicando) ou de decretação de nulidade (quando se tratar de error in procedendo); e,
o pedido de nova decisão (a parte deverá indicar com clareza o que pretende ver modificado pelo tribunal).
 
4. PRAZO PARA INTERPOR E PARA RESPONDER
 
        O prazo para interposição da apelação, assim como para responder ao recursos, é de 15 (quinze) dias úteis, contados a partir da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão (art. 1.003, § 5°, do CPC/15).
 
5. DOCUMENTOS QUE DEVEM INSTRUIR O RECURSO
 
        Em regra só se permite a juntada de documentos novos nos autos, se disserem respeito a questões de fato novas ou se não foram suscitadas pela parte em razão de força maior, conforme autoriza o art. 1.014, do CPC/15.
         Esta regra também se excepciona na hipótese de terceiro recorrente, o qual poderá juntar documentos, posto que não teve oportunidade de fazê-lo anteriormente em nenhum momento.
 
6. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
 
        O Novo CPC acabou com o “juízo de admissibilidade” de sorte que pela nova sistemática, após as formalidades previstas nos §§ 1° e 2°, do art. 1.010, caberá ao juiz tão somente mandar remeter os autos ao tribunal correspondente, cuja admissibilidade será feita pelo relator no tribunal.
 
7. EFEITOS ORDINÁRIOS DA APELAÇÃO
 
        O primeiro efeito automático de todos os recursos é o de obstar o trânsito em julgado da decisão impugnada.  Além deste, a apelação possui efeito devolutivo (ver Novo CPC, art. 1013); e pode ter também efeito suspensivo (ver Novo CPC, art. 1.012) e outros, os quais merecem menção mais elaborada, senão vejamos.
 
I – EFEITO DEVOLUTIVO 
        O efeito devolutivo é a aptidão que possui o recurso, no caso a apelação de fazer com que o Tribunal reexamine todas e quaisquer matérias de fato e de direito, suscitadas em primeira instância pelas partes, desde que a parte recorrente peça o reexame dessa questão na apelação.
        É o chamado princípio “tantum devolutum quantum apelatum”, ou em outras palavras, se foi objeto do apelo, o seu reexame será transferido ao Tribunal (juízo “ad quem”).
        São consideradas como exceções a regra de que o Tribunal só fará o reexame do que for objeto do recurso, os seguintes dispositivos legais:
 
O artigo 1.013, do CPC, em seu § 1°, fala dos fatos não abordados pela sentença.
        Esclarece que dentro do âmbito da devolução, o Tribunal examinará livremente todas as questões de fato suscitadas e discutidas, ainda que o juiz não tenha se manifestado sobre elas na sentença. Exemplo: em uma ação de indenização cujos pedidos eram os de danos materiais e danos morais, se o juiz concluir que o fato lesivo não ocorreu ou que não foi o réu que os praticou, sequer apurará a natureza dos danos em primeira instância, mas no julgamento da apelação o Tribunal pode reformar a sentença e considerando que houve fato lesivo praticado pelo réu deve decidir também se os danos foram materiais e/ou morais e qual é a sua extensão.
 
O artigo 1.013, do CPC, em seu § 2°, refere-se às causas de pedir ou de resistir não abordadas na sentença.
        Determina que, se houve mais de um fundamento para a pretensão ou defesa, e o juiz não os examinou por inteiro, todos os demais serão devolvidos ao Tribunal para reexame.  Exemplo: na inicial o autor requer a procedência de uma ação de rescisão contratual por abusividade de várias cláusulas, o juiz julga procedente com fundamento na abusividade de uma das cláusulas, que previa a renovação tácita do contrato, o réu apela alegando a improcedência daquele fundamento, o Tribunal, se entender que o apelante está certo nesse aspecto, deve examinar os demais fundamentos, ainda quea outra parte não tenha recorrido.
        A devolução, nesse caso, ocorre em relação a questões anteriores à sentença, que apesar de não decididas por esta foram discutidas nos autos e poderiam interferir no resultado do julgamento.
 
O artigo 938, do CPC, no seu § 1°, trata dos vícios sanáveis.
        Caso o Tribunal constate a existência de qualquer nulidade sanável, determinará em segunda instância (se for possível) a correção do ato processual, intimando as partes para tanto, e uma vez cumprida a diligência poderá prosseguir o julgamento do recurso.
        Em nome da celeridade processual, mesmo que tenha sido proferida uma sentença meramente terminativa em primeira instância, como por exemplo, uma sentença de carência de ação por ilegitimidade de parte (que não resolve o mérito), prevalece modernamente a chamada TEORIA DA CAUSA MADURA, a qual foi adotada por nosso legislador, ou seja o Tribunal poderá não apenas anular a sentença equivocada, mas sucessivamente, assumir o julgamento do mérito da demanda, desde que:
         c1). a questão seja apenas de direito: ou seja não existem fatos a serem provados em segunda instância ou se existiam fatos, estes já foram objeto de prova em primeira instância. Exemplo: quando a demanda discute apenas a legalidade de uma cláusula contratual.
         c2). a lide deve estar em condições de imediato julgamento: ou seja, o contraditório já deve ter sido exercitado, e as questões foram discutidas entre as partes, estando o processo em sua fase final.
         Ressalte-se que quanto a novas questões de fato, o Tribunal somente poderá examiná-las e a respeito delas decidir, se o apelante provar que não as suscitou em primeira instância por motivo de força maior (art. 1.014, CPC/15), já que quaisquer questões de fato devem se submeter ao princípio do duplo grau de jurisdição, bem como ao princípio do contraditório, devendo o recorrido ser intimado a se manifestar.
          Devemos recordar que diretamente associado ao efeito devolutivo das apelações está o princípio da vedação da “reformatio in pejus”: princípio doutrinário recursal, segundo o qual, o Tribunal, quando só uma das partes apelou, está proibido de decidir de modo a piorar a situação do apelante (já que não há recurso da parte contrária). Exemplo: se fui condenada em uma ação de indenização a pagar R$ 30.000,00, para o autor, e só eu apelei, o Tribunal não poderá reformar a sentença para aumentar a condenação, assim se entender que não procedem as razões do meu recurso, deverá apenas negar-lhe provimento, deixando, no restante, inalterada a sentença da qual apenas eu apelei.
 
         II – EFEITO SUSPENSIVO
       
        Em regra a apelação suspende os efeitos da sentença, impedindo que a parte vencedora exija o seu cumprimento de imediato.
        Contudo, há exceções a essa regra, as quais estão dispostas no artigo 1.012, do CPC, ou seja, hipóteses em que será possível a execução provisória da sentença.
         Já o parágrafo 1º do artigo 1.012 excepciona a regra do caput e não confere o efeito suspensivo às apelações cuja matéria diga respeito às hipóteses expressamente previstas nos incisos I a VI do parágrafo. Nessas hipóteses o apelado (vencedor em primeira instância) poderá, quando muito, promover o cumprimento provisório da sentença.
        As hipóteses de sentenças que não tem efeito suspensivo expressamente previstas no instituto em foco, são aquelas que:
homologa divisão ou demarcação de terras;
condena a pagar alimentos;
extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
confirma, concede ou revoga tutela provisória; e,
decreta a interdição.
        Advirta-se contudo que em qualquer caso, ou seja, mesmo nas hipóteses descritas acima, poderá o relator do recurso, em entendendo necessário, por haver risco de lesão grave ou de difícil reparação, e em caráter excepcional, determinar que a apelação seja recebida, também em efeito suspensivo (art. 995, parágrafo único, CPC/15).
                       
 
8. OUTROS EFEITOS DA APELAÇÃO
 
        Além do efeito devolutivo e suspensivo, é possível identificar outros efeito decorrentes da apelação, senão vejamos.
 
         I – EFEITO TRANSLATIVO
 
        A apelação também tem o efeito translativo ao permitir que o tribunal possa tomar conhecimento de todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado (ver NCPC, art. 1.013, § 1°).
        Dentre outras hipóteses, pode ocorrer o efeito translativo quando o tribunal reformar a sentença de mérito e a causa estiver em condições de ser julgada (causa madura). Neste caso o próprio tribunal pode dar continuidade ao julgamento sem a necessidade de devolver os autos a primeira instância (art. 1.013, § 2°).
        Ademais, o tribunal pode conhecer todas as matérias de ordem pública, mesmo que não tenham sido suscitadas no recurso.
 
        II – EFEITO SUBSTITUTIVO
 
         O efeito substitutivo, disposto no art. 1008, é comum a todos os recursos, incluindo a apelação. Ele é importante para deixar claro que ao final do processo existirá apenas uma decisão definitiva, sem conflitos internos. Assim o que o tribunal decidiu substitui o que havia sido determinado pela sentença, mas na parte sobre a qual não houve recurso, a sentença subsiste.
 
 
9. CONTRA-RAZÕES
 
        Tendo sido interposta apelação, o recorrido será intimado para, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentar suas contrarrazões, que deverá ser interposta também por petição de interposição dirigida ao juiz a quo, requerendo o recebimento das contrarrazões da apelação e o subseqüente envio, ao Tribunal ad quem.
        Nas “contra-razões”, o apelado apontando os fundamentos de fato e de direito, deve requerer ao Tribunal que mantenha a sentença impugnada pela outra parte, salvo se houver interposição de recurso adesivo, circunstância em que, tendo sido também vencido, argumentará na petição de apelação adesiva pela alteração da sentença a seu favor.
        Poderá ainda o apelado, em suas contrarrazões, alegar em preliminares o não preenchimentos dos requisitos de admissibilidade, requerendo que não seja conhecido o mérito do recurso, por não preencher os requisitos legais.
        Se o apelado em suas contrarrazões argüir alguma preliminar, de forma ou de mérito, o juiz deverá dar oportunidade ao apelante para que possa se manifestar apresentado suas contrarrazões às contrarrazões.
 
10. ENCAMINHAMENTO AO TRIBUNAL:
        Vindo aos autos as “contrarrazões” do apelo, o juiz deverá determinar que os autos sejam encaminhados ao Tribunal, independente de qualquer juízo de admissibilidade (art. 1.010, § 3°).
 
 11. PROCESSAMENTO NO TRIBUNAL
         Chegando ao Tribunal os autos serão distribuídos imediatamente a um relator que terá a incumbência de decidi-lo-á monocraticamente, se for o caso de enquadramento nas hipóteses prevista no art. 932, incisos III a V; ou, não sendo o caso de proferir decisão monocrática, deverá elaborar seu voto e submetê-lo a julgamento pelo órgão colegiado (art. 1.011).
        Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30 (trinta) dias, depois de elaborar o voto, restituí-los-á secretaria, com o respectivo relatório que é uma síntese do ocorrido nos autos, bem como resumo dos pontos sobre os quais incide a apelação (art. 931, CPC/15).
        Em seguida, os autos serão remetidos ao Presidente do Tribunal, da Câmara ou Turma (conforme Regimento Interno), e este designará data para a sessão de julgamento da apelação, que será publicada em pauta própria, junto ao Diário Oficial, observando-se que dentre a publicação e a sessão de julgamento deve haver o intervalo mínimo de 5 (cinco) dias, para que as partes em desejando se preparem para sustentação oral é uma síntese do ocorrido nos autos, bem como dos pontos sobre os quais incide a apelação (art. 935, CPC/15)..Na data do julgamento, a turma julgadora da apelação será composta por três juízes: o relator, o revisor (se for o caso) e um terceiro juiz (que em alguns regimentos é chamado de vogal).
        No horário designado, o relator exporá a causa e após, o Presidente dará a palavra para o advogado do apelante e do apelado, pelo prazo de 15 (quinze) minutos para cada um, a fim de que sustentem as razões e contra-razões do recurso (art. 937, CPC/15).
        Em havendo litisconsórcio, o prazo da sustentação oral será contado em dobro (art. art. 229, CPC/15), dividindo-se entre os advogados que desejarem fazer a sustentação oral.
        Depois da sustentação oral, se houver, a turma procederá ao julgamento do recurso, proferindo voto por primeiro o relator e em seguida os demais membros. Se quaisquer dos magistrados não se sentirem habilitados a proferir de imediato o seu respectivo voto, poderão pedir vista dos autos, devendo devolvê-lo no prazo de 10 (dez) dias, contados da data em que o recebeu, e o julgamento prosseguirá na primeira sessão ordinária subsequente à devolução, dispensada nova publicação de pauta (art. 940, CPC/15).
        Caso o magistrado não devolva os autos no prazo legal, nem solicite a prorrogação de prazo, o Presidente do órgão julgador requisitará o processo e reabrirá o julgamento na sessão ordinária subseqüente, com publicação em pauta (art. 940, § 1°).
        O julgamento apreciará as matérias na seguinte ordem:
primeiramente as questões preliminares: são questões de ordem processual que devem ser examinadas antes do mérito, pois em sendo acolhidas podem acarretar a anulação da sentença (art. 938, caput). Exemplo: a alegação de cerceamento de defesa ocorrida no curso do processo.
Em seguida os vícios sanáveis: pode ocorrer de ser constatado vício possível de ser sanado. Nesse caso o julgamento pode ser convertido em diligência, que se realizará, conforme o caso, perante o próprio tribunal ou no juízo de primeiro grau (art. 938, §§ 1° e 2°).
Por fim o mérito da apelação: é o julgamento propriamente dito no qual serão analisado todas as questões de fato e de direito que tenham sido deduzidas por ambas as partes. É a aplicação do direito ao caso posto em apreciação.
        Proferidos os votos pelo relator, revisor e pelo terceiro juiz, nessa ordem, o Presidente anunciará o resultado do julgamento, designado a redação do acórdão pelo relator, ou sendo este vencido, pelo primeiro magistrado que tenha prolatado o voto vencedor (art. 941, CPC/15).
        Atualmente, os votos, acórdãos e demais atos processuais podem ser registrados em arquivo eletrônico inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei, devendo ser impressos para juntada aos autos do processo quando este não for eletrônico (art. 943, CPC/15).
        Todo acórdão conterá uma ementa, que é uma suma das considerações que se pode extrair do julgamento, bem como a parte   dispositiva do acórdão que será publicado em até 10 (dez) dias, no Diário Oficial (art. 943, §§ 1° e 2°, CPC/15), contando-se somente a partir de então o prazo para interposição de eventuais outros recursos.
        Em exceção ao princípio do colegiado, como já vimos ao estudarmos a teoria geral dos recursos, o RELATOR PODERÁ JULGAR sozinho, através de decisão monocrática, naquelas situações expressamente previstas no art. 932, do CPC/15.
Exercício 1:
O Condomínio Stella Maris ajuíza contra Jojolino, pedido de cobrança de despesas condominiais relativas aos imóveis X, Y e Z de propriedade daquele. A demanda é julgada procedente. Jojolino, inconformado, interpõe recurso de apelação em razão da condenação ao pagamento das despesas condominiais do imóvel X. A apelação é recebida no efeito suspensivo. Aponte a afirmativa correta.
 
 
A) Ainda que a apelação seja parcial, o efeito suspensivo atinge todas as questões tangidas na sentença.
 
B) Sendo a apelação parcial, poderá o Condomínio dar início à execução provisória da sentença relativa aos imóveis X, Y e Z.
 
C) Sendo a apelação parcial, poderá o Condomínio dar início à execução definitiva da sentença relativa aos imóveis Y e Z.
 
D) A apelação não será conhecida pelo Tribunal, por falta de embargos de declaração.
 
E) N.D.A.
Exercício 2:
Relativamente ao recurso de apelação, se pode afirmar que:
 
 
A) a apelação recebida apenas no efeito devolutivo autoriza o credor a promover a execução provisória da sentença, somente se prestar caução idônea no momento da interposição das contrarrazões.
 
B) o recorrente não poderá desistir do recurso sem a anuência dos litisconsortes.
 
C) o prazo para interpor e para responder é de 10 dias, somente quando a sentença tiver sido proferida em audiência, tudo em nome da celeridade.
 
D) constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes.
 
E) a aceitação expressa ou tácita da sentença não impede a interposição e o conhecimento do recurso.
Exercício 3:
A teoria da causa madura prevista em nosso ordenamento jurídico determina que:
 
 
A) O Tribunal de Justiça rejeite liminarmente o recurso que contrariar jurisprudência local
 
B) O Tribunal de Justiça condicione o exame do recurso ao depósito caução para garantia da parte contrária.
 
C) o Tribunal poderá não apenas anular a sentença equivocada, mas sucessivamente, assumir o julgamento do mérito da demanda
 
D) o Tribunal pode declarar que a prescrição do direito do autor ainda que este não tenha sido alegado
 
E) o Tribunal poderá anular todo o processo
Exercício 4:
No tocante ao recurso de apelação é correto afirmar:
(I) Que a parte que não se conformar com a decisão ou com parte da decisão de primeira instância e segunda instância, poderá interpor este recurso para a instância superior.
(II) Que ele é interposto mediante petição dirigida diretamente ao Tribunal que tenha competência para dele conhecer, anexando-se as razões da apelação que conterá: a) os nomes e a qualificação das partes; b) os fundamentos de fato e de direito; e, c) o pedido de nova decisão.
(III) São legitimados para interposição deste recurso a parte vencida, total ou parcialmente, o terceiro prejudicado e o Ministério Público, nos casos em que tenha atuação.
 
A) Somente (I) está correta.
 
B) Somente (II) está correta.
 
C) Somente (III) está correta.
 
D) Somente (I) e (II) estão corretas.
 
E) Somente (I) e (III) estão corretas.
Exercício 5:
Tendo com base as afirmativas abaixo, assinale no quadro dev resposta qual é a alternativa correta:
(I) A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo, como regra geral.
(II) Será recebida somente no efeito devolutivo, quanto interposta de sentença que homologar a divisão ou a demarcação; condenar à prestação de alimentos; decidir o processo cautelar, rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes, julgar procedente o pedido de arbitragem ou confirmar a antecipação da tutela.
(III) Se a apelação é recebida somente no efeito devolutivo, pode o apelado promover desde logo a execução provisória do julgado.  
 
A) Somente (I) está correta.
 
B) Somente (II) está correta.
 
C) Somente (III) está correta.
 
D) Somente (I) e (II) estão corretas.
 
E) Todas estão corretas.
Exercício 6:
Quanto ao processamento e julgamento da apelação no Tribunal, se pode dizer que:
(I) Verificado que a apelação está em ordem e que foi respondida, o juiz da causa dará um despacho mandando remeter o recurso para o Tribunal, depois de ter realizado o juízo de admissibilidade.
(II) No Tribunal será feita a distribuição eletrônica e o recurso será distribuído a um dos desembargadores aptos a conhecer da matéria, que será designado como Relator.
(III) Se não for o caso de julgá-lo monocraticamente, o Relator preparará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegiado.
 
A) Somente (I) está correta.
 
B) Somente (II) está correta.
 
C)

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