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Tomás de Aquino e o Aristotelismo Cristão

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Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix 
Curso: Bacharel em Teologia 
Disciplina: Introdução à Filosofia 
Professor: Antonio Carlos Ferrarezi 
 
 
A Filosofia na Idade Média 
São Tomás de Aquino e o Aristotelismo Cristão 
 
 
Introdução 
 
Durante o período da Idade Média (Séculos V – XV), os filósofos árabes mantiveram viva a 
tradição do pensamento de Aristóteles. Aproximadamente, a partir de 1200, estudiosos 
árabes foram para o Norte da Itália, a convite dos príncipes locais, fenômeno que resultou 
na tradução de muitos de seus escritos, do grego, e do árabe, para o latim, tornando-os mais 
conhecidos e despertando novamente o interesse pelas questões relativas às ciências 
naturais, o que foi uma característica marcante da filosofia aristotélica. 
 
Reavivou-se também a discussão sobre a relação entre a fé cristã e a filosofia grega, tema 
que fora predominante no período da Patrística, no início da Idade Média. Os estudos e as 
questões relativas às ciências naturais passavam, necessariamente, pela filosofia de 
Aristóteles (cf. GAARDER, p. 198). 
 
Tomás de Aquino 
 
São Tomás de Aquino, que viveu no Século XIII (1224-1274), é considerado o mais 
importante filósofo da Alta Idade Média. Nascido na cidade de Aquino – região localizada 
entre Roma e Nápoles – S. Tomás chegou a trabalhar como professor na Universidade de 
Paris. Pode-se afirmar que Tomás de Aquino cristianizou o pensamento de Aristóteles, 
assim como Santo Agostinho havia feito com o pensamento filosófico platônico, no fim da 
Antigüidade Clássica e início da Idade Média (Século IV – V da Era Cristã), conforme 
destaca GAARDER, p. 198. 
 
A obra aristotélica, com sua preocupação científica e empírica, com destaque para o saber 
voltado para a realidade natural, revelou-se muito mais adequada aos novos contextos 
políticos, econômicos e sociais do Século XIII, período em que começa a ruir o sistema 
feudal (cf. MARCONDES, p. 124). 
 
Dois aspectos muito importantes dessa época devem ser destacados, a saber, o surgimento 
das universidades e a criação das ordens religiosas dos franciscanos e dominicanos. Além 
de frade dominicano, São Tomás de Aquino teve uma carreira diretamente envolvida com 
as universidades da época, sobretudo a de Paris, na França (cf. MARCONDES, p. 124-
125). 
 
A respeito da formação das mais importantes universidades européias, nesse período, 
destacam-se: Universidade de Bolonha, na Itália (1088); Faculdade de Salermo (1050), 
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influenciada pelos conhecimentos árabes no campo da Medicina; Universidade de Paris 
(1214); seguiram-se: Universidade de Oxford e de Cambridge, na Inglaterra; Universidade 
de Salamanca, na Espanha; Universidade de Toulouse, na França. 
 
Marcondes afirma: “A universidade medieval é efetivamente o ponto de partida da 
concepção e do modelo de universidade que temos até hoje, apesar das sucessivas 
mudanças pelas quais esse modelo passou. Trata-se não só de uma instituição de ensino, 
mas de pesquisa e de produção do saber, de discussão e de polêmica, o que se reflete nas 
constantes crises em que se viu envolvida e nas igualmente constantes intervenções do 
poder real e eclesiástico (MARCONDES, p. 126). 
 
São Tomás de Aquino foi um grande admirador do pensamento de Aristóteles e sua obra se 
destacou por demonstrar a compatibilidade existente entre o aristotelismo e a fé cristã, 
superando as sínteses platônica e agostiniana que prevaleciam até então. O pensamento 
tomista exerceu grande influência em sua época e ainda exerce até nos tempos 
contemporâneos, representado pelo neotomismo: por exemplo, o pensamento do filósofo 
contemporâneo Jacques Maritain (1882 – 1973). Tomás de Aquino, ao demonstrar que o 
pensamento de Aristóteles era perfeitamente compatível com o Cristianismo, abriu 
caminhos para uma nova alternativa para o desenvolvimento da fé cristã (cf. 
MARCONDES, p. 126). 
 
Gaarder afirma: “São Tomás de Aquino não acreditava num paradoxo irreconciliável entre 
aquilo que nos diz a filosofia ou a razão, de um lado, e a revelação e a fé cristã, de outro. 
Muito freqüentemente, o cristianismo e a filosofia falam da mesma coisa. Isso quer dizer 
que podemos sondar com a razão as mesmas verdades que lemos na Bíblia” (GAARDER, 
p. 199). 
 
Para Tomás de Aquino existiriam verdades naturais teológicas e as verdades de fé. Ele 
entendia por verdades naturais teológicas aquelas às quais podemos chegar, tanto pelos 
caminhos da fé, quanto pelos caminhos da razão. Por exemplo, a afirmação de que existe 
um Deus. Portanto, Tomás de Aquino acreditava em dois caminhos que levariam à 
existência de Deus: o primeiro seria o caminho da fé e da revelação bíblica e, o segundo, 
seria o caminho da razão e dos sentidos. Assim, para Tomás de Aquino, não, 
necessariamente, haveria um paradoxo entre a doutrina cristã e o pensamento filosófico de 
Aristóteles. A filosofia de Aristóteles também supunha a existência de um Deus, a 
existência de uma causa primordial, que daria vida e movimento a todos os processos da 
Natureza. Entretanto, a filosofia aristotélica não tratou de detalhes sobre esse Deus. Coube 
à tradição cristã, através da Bíblia e dos ensinos de Jesus, cuidar dessa matéria. No 
entendimento de Tomás de Aquino, Deus se revelara através da Bíblia e da Razão, 
existindo, portanto, uma teologia revelada e uma teologia natural. O mesmo princípio se 
aplicaria no campo prático da moral, nas relações humanas (cf. GAARDER, p. 199-201). 
 
O Século XIV ficou conhecido como o período da dissolução da síntese da escolástica, 
época em que o modelo característico da escolástica, fundamentado no sistema de 
integração entre as verdades naturais, ou verdades da razão – próprias do campo da 
filosofia – e as verdades reveladas, ou verdades da fé – própria do campo da teologia – 
sistema unificado, racional e logicamente construído – começou a enfrentar dificuldades e 
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iniciou sua ruína. Segundo MARCONDES, a própria introdução do sistema aristotélico, a 
partir do final do Século XII, já representava, de certa forma, uma ruptura no interior da 
filosofia cristã que tinha, até então, como paradigma, o platonismo da visão agostiniana. A 
partir da introdução do aristotelismo, passou-se a ter dois paradigmas fundamentais de 
elaboração da filosofia cristã, o que gerou determinadas dificuldades (cf. MARCONDES, 
p. 133). 
 
Portanto, de certo modo, o pensamento escolástico entrou em crise e declínio a partir do 
Século XIV, sendo que o século seguinte traria um pensamento inovador, ou seja, o 
humanismo renascentista que, por sua vez, sinaliza a abertura para as profundas 
transformações no mundo europeu, o que daria início ao Pensamento Moderno (ou 
Modernidade, cf. MARCONDES, p. 133). 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
GAARDER, Jostein, O Mundo de Sofia, São Paulo, Cia. das Letras, 2001. 
 
MARCONDES, Danilo, Iniciação à História da Filosofia, Rio de Janeiro, Jorge Zahar 
Editor, 2004, 9ª ed.

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