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Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
Todos os julgados do Informativo foram comentados. 
 
 
ÍNDICE 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
CONCURSO PÚBLICO 
ƒ Formação exigida em edital de concurso ao cargo de perito dapiloscopista de polícia civil estadual. 
ƒ Posse em cargo público por menor de idade. 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
ƒ Impossibilidade de acumulação de cargos públicos se a jornada semanal for superior a 60h semanais. 
ƒ Monitoramento de e-mail corporativo de servidor público. 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
ƒ Aplicação de multa eleitoral e sanção por ato de improbidade administrativa. 
 
DIREITO CIVIL 
COBRANÇA JUDICIAL DE DÍVIDA JÁ PAGA 
ƒ Via processual adequada para se requerer sanção por cobrança judicial de dívida já adimplida. 
ƒ Necessidade de demonstração de má-fé do credor para condenação ao pagamento em dobro. 
 
SUCESSÃO 
ƒ Herança de bem gravado com cláusula de incomunicabilidade. 
 
DIREITO DO CONSUMIDOR 
ƒ XXX 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
AÇÃO DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA 
ƒ Responsabilidade do INPI pelos honorários sucumbenciais, custas processuais e reembolso de despesas feitas pelo 
autor. 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
SINASE 
ƒ Relativização da regra prevista no art. 49, II, do SINASE. 
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL 
ƒ Impossibilidade de relativizar coisa julgada fundada em lei posteriormente declarada não recepcionada pela 
CF/88. 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
ƒ Parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da segurança devem ser pagas 
por meio de precatórios. 
 
DIREITO PENAL 
ESTELIONATO 
ƒ Aumento de pena-base fundado na confiança da vítima no autor de estelionato. 
 
LEI DE DROGAS 
ƒ Aplicação de causa de aumento de pena da Lei de Drogas ao crime de associação para o tráfico de drogas com 
criança ou adolescente. 
ƒ Aplicação da causa de aumento de pena do art. 40, VI a mais de um crime e em patamar acima do mínimo. 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
PRISÃO 
ƒ Atos infracionais pretéritos podem ser utilizados como fundamento para decretação/manutenção da prisão 
preventiva? 
 
RECURSOS 
ƒ É proibido que o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, corrija equívoco aritmético cometido pelo juiz na 
sentença e aumente a pena. 
 
DIREITO TRIBUTÁRIO 
DENÚNCIA ESPONTÂNEA 
ƒ Ausência de denúncia espontânea em caso de depósito judicial integral dos tributos devidos. 
 
ICMS 
ƒ Inclusão de subvenção econômica na base de cálculo do ICMS. 
 
COFINS 
ƒ Aumento da alíquota da COFINS e sociedades corretoras de seguros. 
 
DIREITO PREVIDENCIÁRIO 
APOSENTADORIA RURAL POR IDADE 
ƒ Requisitos para aposentadoria rural por idade prevista no art. 143 da Lei nº 8.213/91. 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
MINISTÉRIO PÚBLICO 
Legitimidade do Ministério Público estadual para atuar no STJ 
 
O Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar diretamente no STJ nos 
processos em que figurar como parte. 
O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ, possui legitimidade 
para exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. A função de fiscal da lei no 
âmbito do STJ será exercida exclusivamente pelo Ministério Público Federal, por meio dos 
Subprocuradores-Gerais da República designados pelo Procurador-Geral da República. STJ. Corte Especial. EREsp 1.236.822-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/12/2015 (Info 576). 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
Os Ministérios Públicos estaduais não estão vinculados, nem subordinados, no plano 
processual, administrativo e/ou institucional, à Chefia do Ministério Público da União, o que 
lhes confere ampla possibilidade de atuação autônoma nos processos em que forem partes, 
inclusive perante os Tribunais Superiores. Assim, por exemplo, o Ministério Público Estadual 
possui legitimidade para o ajuizamento de ação rescisória perante o STJ para impugnar 
acórdão daquela Corte que julgou processo no qual o parquet estadual era parte. STF. 1ª Turma. ACO 2351 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10⁄02⁄2015. 
 
Se o Ministério Público Estadual é parte em um processo e houve recurso para o STJ, ele poderá atuar 
diretamente neste recurso ou ele precisará da participação do MPF? 
Poderá atuar sozinho, sem a participação do MPF. O Ministério Público Estadual tem legitimidade para 
atuar diretamente como parte em recurso submetido a julgamento perante o STJ. 
 
Por que esse tema foi discutido pelo STJ? Havia polêmica sobre o assunto? 
Sim. Havia uma tese, aceita durante vários anos, no sentido de que somente o Ministério Público Federal 
poderia atuar diretamente no STJ e no STF. 
Dessa forma, o Ministério Público Estadual, por meio do Procurador-Geral de Justiça, não poderia, por 
exemplo, propor uma reclamação, impetrar mandado de segurança, interpor agravo regimental, fazer 
sustentação oral, entre outros atos processuais, quando envolvesse o STF/STJ. Segundo se entendia, isso 
teria que ser feito por intermédio do Procurador-Geral da República. 
 
Qual era o fundamento para essa tese? 
Argumentava-se que o Ministério Público é uma instituição una, cabendo a seu chefe, o Procurador-Geral 
da República, representá-la, atuando, em seu nome, junto às Cortes Superiores: STF e STJ. 
Assim, segundo o entendimento anterior, o Ministério Público Estadual, por meio de seus Procuradores-
Gerais de Justiça, até podiam interpor Recurso Extraordinário e Recurso Especial contra os acórdãos dos 
Tribunais de Justiça, no entanto, depois de interposto, a atribuição para oficiar junto aos tribunais 
superiores seria do Procurador-Geral da República ou dos Subprocuradores da República. 
 
Esse entendimento restritivo ao MPE foi superado? 
SIM. O primeiro passo foi dado em 2011, quando o STF reconheceu a legitimidade ativa autônoma do 
Ministério Público estadual para propor reclamação perante aquela Corte (Rcl 7358/SP, rel. Min. Ellen 
Gracie, julgado em 24/2/2011). 
O STJ seguiu no mesmo correto caminho e decidiu que o Ministério Público Estadual tem legitimidade 
recursal para atuar também no STJ (AgRg no AgRg no AREsp 194.892-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell 
Marques, julgado em 24/10/2012 – brilhante voto). 
 
Qual a posição que prevalece, portanto, atualmente? 
O Ministério Público estadual possui legitimidade para atuar no STF e no STJ de forma autônoma, ou seja, 
por meio de seu Procurador-Geral de Justiça ou alguém por ele designado (até mesmo um Promotor de 
Justiça). 
Dessa forma, atualmente, os interesses do Ministério Público Estadual podem ser defendidos diretamente 
pelo Procurador-Geral de Justiça no STF e STJ, não sendo necessária a atuação do Procurador-Geral da 
República (chefe do MPU), como se entendia até então. 
 
Veja interessante trecho do voto do Min. Ari Pargendler sobre o tema: 
“Perante o Superior Tribunal de Justiça, o Ministério Público Federal exerce ambas as funções: 
- no âmbito cível, ele atua como autor, portanto como parte, quando propõe, por exemplo, uma ação 
rescisória, e age como custos legis quando, v.g, opina em mandado de segurança, em recursos, etc; 
- no âmbito criminal, ele é autor da ação, portanto parte, quando esta deve ser processada e julgada 
Rafael V Moraes
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
originariamente, e funciona como custos legis quando, v.g., opina em habeas corpus, em recursos, etc. 
Tais funções podem ser cumuladas no mesmo processo; é o caso da ação rescisória, em que o Ministério 
Público Federal opina mesmo sendo o autor (AR nº 384, PR, de minha relatoria, DJ, 1º.09.97).Quid, se a ação, cível ou penal, é proposta pelo Ministério Público Estadual, perante o 1º grau de 
jurisdição, e o processo é alçado ao Superior Tribunal de Justiça por meio de recurso? 
Salvo melhor juízo, em sede de recursos, o Ministério Público Federal exerce apenas uma de suas funções, 
qual seja, a de custos legis; o recurso é da parte, e o Ministério Público, à vista do ordenamento jurídico, 
pode opinar pelo provimento ou pelo desprovimento da irresignação. 
Cindido em um processo o exercício das funções do Ministério Público (o Ministério Público Estadual 
sendo o autor da ação, e o Ministério Público Federal opinando acerca do recurso interposto nos 
respectivos autos), não há razão legal, nem qualquer outra ditada pelo interesse público, que autorize uma 
restrição ao Ministério Público Estadual enquanto autor da ação. 
Do ponto de vista legal, como exposto, o Subprocurador Geral da República opina como custos legis em 
recursos interpostos pelo Ministério Público dos Estados. 
Sob o prisma do interesse público, nada justifica a restrição à atuação do Ministério Público Estadual, que 
tem o direito de atuar perante o Superior Tribunal de Justiça no interesse dos recursos que interpõe, 
sustentando-os oralmente, interpondo agravos regimentais contra decisões que os denegam etc.” 
 
Argumentos que fundamentam a atuação do MP Estadual no STF e STJ: 
1) Inexistência de hierarquia entre MPU e MPE 
A CF/88 organiza o Ministério Público brasileiro em dois segmentos: 
I – o Ministério Público da União, que compreende: 
a) o Ministério Público Federal; 
b) o Ministério Público do Trabalho; 
c) o Ministério Público Militar; 
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; 
II – os Ministérios Públicos dos Estados. 
 
Desse modo, conclui-se que o Ministério Público é dividido em dois ramos distintos (MPE e MPU), não 
havendo qualquer relação de hierarquia ou subordinação entre eles. 
O chefe do Ministério Público da União é o Procurador-Geral da República (art. 128, § 1º da CF/88). 
Por sua vez, o chefe de cada Ministério Público estadual é o seu respectivo Procurador-Geral de Justiça 
(art. 128, § 3º). 
Logo, não há qualquer sentido em se permitir que o MPF atue diretamente nas Cortes Superiores e 
negar esse poder aos Ministérios Públicos Estaduais. 
 
2) Princípio federativo 
Viola o regime federativo impedir que o Ministério Público Estadual tenha acesso aos Tribunais 
Superiores, uma vez que haveria uma diferença de tratamento em relação ao MPF, o que mitigaria sua 
autonomia funcional. 
 
3) Autonomia do MPE 
Está também relacionada com o princípio federativo, considerando que, não permitir que o Ministério 
Público Estadual atue, no STF e STJ, nos processos de seu interesse, significaria tolher a autonomia e 
liberdade de atuação do Parquet estadual. 
 
4) MPU e MPE não são unos entre si 
O Ministério Público, de fato, é uno (art. 127, § 1º, CF/88). No entanto, a unidade institucional é 
princípio aplicável apenas no âmbito de cada Ministério Público. Não é possível dizer, por exemplo, 
que entre o Ministério Público estadual e o Ministério Público federal exista unidade. Desse modo, 
quando houver necessidade de atuação do Ministério Público Estadual nos processos que tramitam no 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5 
STF e STJ, esta deverá ocorrer por meio do seu Procurador-Geral de Justiça, não suprindo isso o fato 
de haver a intervenção do Procurador-Geral da República. 
 
5) Os interesses defendidos pelo MPE podem, eventualmente, ser conflitantes com os do MPU 
Poderia acontecer de os Ministérios Públicos Estaduais deduzirem pretensão no STF e STJ com a qual 
não concorde, eventualmente, a chefia do Ministério Público da União, o que obstaria o acesso do 
Parquet estadual aos Tribunais Superiores (STF Rcl 7358/SP). 
 
6) Paridade de armas 
Fazer com que o Ministério Público estadual ficasse na dependência do que viesse a entender o 
Ministério Público Federal seria incompatível, dentre outros princípios, com o da paridade de armas, 
considerando que, em eventual conflito entre o MPE e o MPU, o chefe do MPU (PGR) poderia atuar 
diretamente no STF, mas não o MPE (STF Rcl 7358/SP). 
 
Exemplos de atuação direta dos Ministérios Públicos estaduais no STF e STJ: 
x Mandado de segurança (contra decisão do CNMP, v.g.); 
x Reclamação constitucional; 
x Pedido de suspensão de segurança; 
x Pedido de tutela antecipada; 
x Recursos contra as decisões proferidas no STF e STJ (embargos de declaração, embargos de 
divergência, agravo regimental etc.). 
 
Qual órgão do Ministério Público participa no STF e STJ como custos legis? 
MPF. É importante ressaltar que a atuação do Ministério Público como custos legis no STF e STJ continua 
sendo feita sempre pelo Procurador-Geral da República ou pelos Subprocuradores da República (por 
delegação ou designação). 
Desse modo, o que se passou a permitir foi a atuação direta do Ministério Público Estadual como parte no 
STF e STJ. 
Vale sublinhar, inclusive, que nos processos em que o MPE for parte no STJ e STF, o MPF atuará como 
custos legis (fiscal da lei), oferecendo parecer. 
 
Nos casos de ação penal de competência originária do STF e do STJ, qual órgão do Ministério Público 
oferecerá a denúncia e atuará no processo criminal? 
MPF. Em tais hipóteses, a atribuição continua sendo do MPF, por meio do Procurador-Geral da República 
(ou um Subprocurador-Geral, mediante delegação do Procurador-Geral). Nesse sentido: STJ Corte Especial. 
APn 689-BA, Rel. Min. Eliana Calmon, julgada em 17/12/2012. 
Trata-se de previsão legal do art. 46, parágrafo único, III e 48, II, da LC n.q 75/93. 
 
O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para atuar diretamente no STF e STJ? 
NÃO. A jurisprudência continua entendendo que o MPT não pode atuar diretamente no STF e STJ. Nesse 
sentido: STF. Plenário. RE 789874/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/9/2014 (repercussão geral) 
(Info 759). 
Se for necessário, por exemplo, propor uma reclamação no STF e que seja do interesse do MPT, quem 
deve manejar essa reclamação é o Procurador-Geral da República. 
O Procurador do Trabalho não pode atuar diretamente no STF (nem mesmo o Procurador-Geral do 
Trabalho). 
O exercício das funções do Ministério Público da União junto ao Supremo Tribunal Federal cabe 
privativamente ao Procurador-Geral da República (ou aos Subprocuradores por ele designados), nos 
termos do art. 46 da LC 75/93 (Estatuto do Ministério Público da União): 
Art. 46. Incumbe ao Procurador-Geral da República exercer as funções do Ministério Público junto ao 
Rafael V Moraes
Rafael V Moraes
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 6 
Supremo Tribunal Federal, manifestando-se previamente em todos os processos de sua competência. 
Art. 47. O Procurador-Geral da República designará os Subprocuradores-Gerais da República que 
exercerão, por delegação, suas funções junto aos diferentes órgãos jurisdicionais do Supremo Tribunal 
Federal. 
 
Assim, o MPT é parte ilegítima para, em sede originária, atuar no STF e STJ, uma vez que integra a 
estrutura orgânica do Ministério Público da União, cuja atuação funcional compete, em face da própria 
unidade institucional, ao seu chefe, qual seja, o Procurador-Geral da República. 
 
LC 75/93: 
Art. 24. O Ministério Público da União compreende: 
I - o Ministério Público Federal; 
II - o Ministério Público do Trabalho; 
III - o Ministério Público Militar; 
IV - o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
 
Art. 25. O Procurador-Geral da República é o chefe do Ministério Público da União (...) 
 
Vale ressaltar, no entanto, que, quando se diz que o MPT não pode atuar diretamente no STF, isso significa 
que não pode ajuizar ações originárias no STF nem pode recorrer contra decisõesproferidas por essa 
Corte. Importante esclarecer, dessa forma, que o membro do MPT pode interpor recurso extraordinário, a 
ser julgado pelo STF, contra uma decisão proferida pelo TST. 
 
Em suma: 
O Ministério Público Estadual possui legitimidade para atuar diretamente no STJ e no STF nos processos 
em que figurar como parte. 
O MPE, nos processos em que figurar como parte e que tramitam no STJ e STF, possui legitimidade para 
exercer todos os meios inerentes à defesa de sua pretensão. 
Vale ressaltar, no entanto, que a função de fiscal da lei no âmbito do STJ e STF será exercida 
exclusivamente pelo Ministério Público Federal, por meio dos Subprocuradores-Gerais da República 
designados pelo Procurador-Geral da República. 
STJ. Corte Especial. EREsp 1.236.822-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 16/12/2015 (Info 576). 
STF. 1ª Turma. ACO 2351 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2015. 
 
Obs: obviamente, este entendimento acima vale também para o caso do MPDFT. 
 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
CONCURSO PÚBLICO 
Formação exigida em edital de concurso ao cargo de perito dapiloscopista de polícia civil estadual 
 
É legal a cláusula de edital que prescreva que as atividades do cargo de perito datiloscopista 
são de nível médio, desde que, à época da publicação do edital do concurso para o referido 
cargo, haja previsão legislativa estadual nesse sentido. STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 32.892-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/12/2015 (Info 576). 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 7 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Em 2012, determinado Estado-membro abriu concurso para Perito Datiloscopista da Polícia Civil. 
O edital previu o ensino médio completo como requisito de escolaridade para este cargo. 
Esta previsão do edital teve como fundamento a Lei estadual nº XXX, de 1985, que prevê apenas o antigo 
2º grau (ensino médio) como escolaridade exigida para Datiloscopista da Polícia Civil. 
A Federação Nacional dos Profissionais em Papiloscopia impugnou o edital sustentando a tese de que, em 
2008, foi editada a Lei nº 11.690/2008, que alterou o art. 159 do CPP, na seguinte forma: 
Antes da Lei nº 11.690/2008 Depois da Lei nº 11.690/2008 
Art. 159. Os exames de corpo de delito e as outras 
perícias serão feitos por dois peritos oficiais. 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras 
perícias serão realizados por perito oficial, 
portador de diploma de curso superior. 
 
Assim, a referida Federação alegou que, depois da Lei Federal nº 11.690/2008, todos os concursos para os 
cargos de Datiloscopista deveriam exigir curso superior, mesmo que as leis estaduais falassem em ensino 
médio. Isso porque o datiloscopista seria um perito oficial. Logo, o edital impugnado seria ilegal por 
contrariar a lei federal. 
 
A tese exposta foi aceita pelo STJ? A previsão de ensino médio do edital é ilegal? 
NÃO. 
 
É legal a cláusula de edital que prescreva que as atividades do cargo de perito datiloscopista são de nível 
médio, desde que, à época da publicação do edital do concurso para o referido cargo, haja previsão 
legislativa estadual nesse sentido. 
STJ. 1ª Turma. AgRg no RMS 32.892-RO, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/12/2015 
(Info 576). 
 
A Lei nº 12.030/2009 dispõe sobre as perícias oficiais e em seu art. 5º elenca quem são os peritos 
criminais: peritos médico-legistas e peritos odontolegistas. Confira: 
Art. 5º Observado o disposto na legislação específica de cada ente a que o perito se encontra vinculado, 
são peritos de natureza criminal os peritos criminais, peritos médico-legistas e peritos odontolegistas com 
formação superior específica detalhada em regulamento, de acordo com a necessidade de cada órgão e 
por área de atuação profissional. 
 
Desse modo, em nenhum momento a Lei nº 12.030/2009 inclui os datiloscopistas como peritos oficiais. 
 
Além disso, não se pode entender que a Lei nº 11.690/2008 tenha imposto, obrigatoriamente, o curso 
superior para o cargo de datiloscopista porque o art. 159 do CPP, modificado, não fala expressamente em 
"datiloscopista", e sim de "peritos oficiais". Como já vimos, não há lei que preveja, expressamente, que os 
datiloscopistas são peritos oficiais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 8 
CONCURSO PÚBLICO 
Posse em cargo público por menor de idade 
 
Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de concurso 
público, é possível que o candidato menor de idade aprovado no concurso tome posse no cargo 
de auxiliar de biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua 
posse, já havia sido emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. STJ. 2ª Turma. REsp 1.462.659-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1º/12/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação adaptada: 
Maria, com 17 anos de idade, foi aprovada em 1º lugar no concurso público para o cargo de auxiliar de 
biblioteca. 
Ocorre que houve dúvida se ela poderia realmente tomar posse. Isso porque o edital do concurso e a lei 
estadual previam que a idade mínima para ocupar este cargo seria 18 anos. 
Maria argumentou em seu favor que já foi emancipada por seus pais e que irá completar 18 anos daqui a 2 
meses, não sendo razoável que sua posse seja impedida. 
 
Neste caso concreto, Maria poderá tomar posse no cargo? 
SIM. 
 
Ainda que o requisito da idade mínima de 18 anos conste em lei e no edital de concurso público, é 
possível que o candidato menor de idade aprovado no concurso tome posse no cargo de auxiliar de 
biblioteca no caso em que ele, possuindo 17 anos e 10 meses na data da sua posse, já havia sido 
emancipado voluntariamente por seus pais há 4 meses. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.462.659-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 1º/12/2015 (Info 576). 
 
No caso em análise, o requisito da idade mínima de 18 anos deve ser flexibilizado pela natureza das 
atribuições do cargo de auxiliar de biblioteca, tendo em vista que a atividade desse cargo é plenamente 
compatível com a idade de 17 anos e 10 meses do candidato que já havia sido emancipado 
voluntariamente por seus pais há 4 meses. 
 
Além disso, o art. 5º, parágrafo único, do CC, ao dispor sobre as hipóteses de cessação da incapacidade para os 
menores de 18 anos - entre elas, a emancipação voluntária concedida pelos pais (caso em análise) e o exercício 
de emprego público efetivo -, permite o acesso do menor de 18 anos ao emprego público efetivo. 
 
 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Impossibilidade de acumulação de cargos públicos se a jornada semanal for superior a 60h semanais 
 
Importante!!! 
Não é possível a acumulação de dois cargos públicos quando a soma da carga horária referente 
aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. 
Assim, é vedada a acumulação de um cargo de professor com outro técnico ou científico 
quando a jornada de trabalho semanal ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.565.429-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/11/2015 (Info 576). 
 
É possível que a pessoa acumule mais de um cargo ou emprego público? 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 9 
 
Em regra: NÃO. A CF/88 proíbe a acumulação remunerada de cargos ou empregos públicos. 
 
Exceções: a própria CF/88 prevê exceções a essa regra. Veja o que dispõe o art. 37, XVI: 
XVI — é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de 
horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: 
a) a de dois cargos de professor; 
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; 
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;No caso dos servidores públicos federais, importante mencionar que o tema foi regulamentado pela Lei nº 
8.112/90: 
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos 
públicos. 
(...) 
§ 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários. 
 
Parecer-AGU nº GQ-145/1998: 
Com o objetivo de disciplinar a matéria, a Advocacia Geral da União (AGU) emitiu o parecer nº GQ-145, 
vinculante, afirmando que o servidor somente poderá acumular cargos se houver compatibilidade de 
horário e desde que a jornada máxima não ultrapasse 60 horas semanais. Assim, para a AGU, mesmo que 
exista compatibilidade de horários, se a jornada semanal ficar acima de 60 horas, a acumulação não será 
permitida, considerando que o servidor estaria muito cansado e isso atrapalharia seu desempenho 
funcional, em prejuízo ao princípio constitucional da eficiência. 
 
TCU Acórdão 2.133/05 
A jurisprudência do TCU também tem se manifestado no mesmo sentido da AGU, admitindo como limite 
máximo em casos de acumulação de cargos ou empregos públicos a jornada de trabalho de 60 horas 
semanais. É o caso, por exemplo, do Acórdão 2.133/05. 
 
Os servidores não concordaram com este entendimento e recorreram à Justiça para que pudessem 
manter a acumulação de cargos mesmo se a jornada semanal for superior a 60 horas. O STJ acolheu o 
pedido dos servidores? É possível que o servidor acumule dois cargos públicos mesmo que a soma das 
jornadas ultrapasse 60 horas semanais? 
NÃO. O STJ decidiu que é vedada a acumulação de cargos públicos quando a soma da carga horária 
referente aos dois cargos ultrapassar o limite máximo de 60 horas semanais. 
Segundo o STJ, como a possiblidade de acumulação é exceção, esta acumulação de cargos deve ser 
interpretada de forma restritiva. 
Ademais, a acumulação remunerada de cargos públicos deve atender ao princípio constitucional da 
eficiência. O servidor precisa estar em boas condições físicas e mentais para bem exercer as suas 
atribuições, o que certamente depende de adequado descanso no intervalo entre o final de uma jornada 
de trabalho e o início da outra, o que é impossível em condições de sobrecarga de trabalho. 
Observa-se, assim, que a jornada excessiva de trabalho atinge a higidez física e mental do profissional, 
comprometendo a eficiência no desempenho de suas funções. 
 
Observação: 
O STJ tem precedentes neste sentido tanto para o caso de acumulação de cargos ou empregos privativos 
de profissionais de saúde (MS 19.336-DF) como para acumulação de cargo de professor com outro técnico 
ou científico (REsp 1.565.429-SE). 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 10 
 
SERVIDORES PÚBLICOS 
Monitoramento de e-mail corporativo de servidor público 
 
Importante!!! 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não 
configuram prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da 
Administração Pública e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas 
disposições normativas acerca do seu uso, expressa menção da sua destinação somente para 
assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como advertência sobre monitoramento e acesso 
ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir disposições legais ou instruir 
procedimento administrativo. STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João é servidor público e, diante da existência de indícios de que ele teria praticado infração disciplinar, a 
autoridade competente instaurou contra ele processo administrativo disciplinar. 
Durante a instrução, a comissão processante requisitou do setor de informática do órgão público que 
fornecesse cópia do conteúdo das correspondências eletrônicas recebidas e enviadas por João em seu e-
mail funcional (joão.ratão@xxx.gov.br). 
O pedido da comissão processante foi feito com base no regimento interno do órgão e no termo de uso do 
e-mail, que preveem expressamente que a Administração Pública poderá monitorar os e-mails funcionais 
dos servidores. 
Os conteúdos dos e-mails revelaram que João realmente praticou a infração disciplinar que estava sendo 
apurada. 
João impetrou mandado de segurança sustentando que a prova colhida foi ilícita, pois para a quebra do 
sigilo das comunicações telemáticas, exige-se autorização judicial, que não houve no caso concreto. 
 
A tese de João foi aceita pelo STJ? A prova colhida foi ilícita? 
NÃO. 
 
As informações obtidas por monitoramento de e-mail corporativo de servidor público não configuram 
prova ilícita quando relacionadas com aspectos "não pessoais" e de interesse da Administração Pública 
e da própria coletividade, especialmente quando exista, nas disposições normativas acerca do seu uso, 
expressa menção da sua destinação somente para assuntos e matérias afetas ao serviço, bem como 
advertência sobre monitoramento e acesso ao conteúdo das comunicações dos usuários para cumprir 
disposições legais ou instruir procedimento administrativo. 
STJ. 2ª Turma. RMS 48.665-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576). 
 
Sigilo das comunicações telemáticas 
A CF/88 protege o sigilo das comunicações telemáticas. Assim, a quebra do sigilo de dados telemáticos deve ser 
vista como uma medida extrema, considerando que restringe direitos consagrados na Carta Magna: 
Art. 5º (...) 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
(...) 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações 
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para 
fins de investigação criminal ou instrução processual penal; 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 11 
 
Apesar disso, este não é um direito absoluto, podendo sofrer restrições, assim como quaisquer outros 
direitos fundamentais, os quais, embora formalmente ilimitados (isto é, desprovidos de reserva), podem 
ser restringidos caso isso se revele imprescindível à garantia de outros direitos constitucionais. 
 
No presente processo, não há de se falar em indevida violação de dados telemáticos. Isso porque o 
servidor fez uso de e-mail corporativo para cometimento dos ilícitos. A proteção da intimidade no 
ambiente de trabalho (seja no setor público ou privado) limita-se às informações familiares, da vida 
privada, política, religiosa e sindical, mas não pode servir de escudo para acobertar ilícitos. 
 
Sendo o e-mail corporativo um instrumento de trabalho, que é utilizado para assuntos relacionados com a 
empresa (no setor privado) ou com o órgão público, a imagem e a honra a serem respeitadas são as do 
empregador, no caso, o órgão público, haja vista que tanto o computador quanto o e-mail corporativo não 
são de propriedade do servidor, mas para o uso exclusivo do serviço e em benefício do trabalho, nunca 
para fins pessoais, especialmente quando se trata de fins ilícitos. 
 
Não há, portanto, violação à intimidade do empregado ou servidor quando o e-mail corporativo é 
monitorado. A reserva da intimidade no âmbito de trabalho limita-se às informações familiares, da vida 
privada, política, religiosa e sindical. 
 
No âmbito do setor privado, este também tem sido o entendimento do TST sobre o tema, conforme se 
observa a partir do seguinte precedente: 
PROVA ILÍCITA. E-MAIL CORPORATIVO. JUSTA CAUSA. DIVULGAÇÃO DE MATERIAL PORNOGRÁFICO. 
1. Os sacrossantos direitos do cidadão à privacidade e ao sigilo de correspondência, constitucionalmente 
assegurados, concernem à comunicação estritamentepessoal, ainda que virtual (-e-mail- particular). 
Assim, apenas o e-mail pessoal ou particular do empregado, socorrendo-se de provedor próprio, desfruta 
da proteção constitucional e legal de inviolabilidade. 
2. Solução diversa impõe-se em se tratando do chamado -e-mail- corporativo, instrumento de comunicação 
virtual mediante o qual o empregado louva-se de terminal de computador e de provedor da empresa, bem 
assim do próprio endereço eletrônico que lhe é disponibilizado igualmente pela empresa. Destina-se este a 
que nele trafeguem mensagens de cunho estritamente profissional. Em princípio, é de uso corporativo, salvo 
consentimento do empregador. Ostenta, pois, natureza jurídica equivalente à de uma ferramenta de 
trabalho proporcionada pelo empregador ao empregado para a consecução do serviço. 
(...) 
4. Se se cuida de e-mail- corporativo, declaradamente destinado somente para assuntos e matérias afetas 
ao serviço, o que está em jogo, antes de tudo, é o exercício do direito de propriedade do empregador 
sobre o computador capaz de acessar à INTERNET e sobre o próprio provedor. Insta ter presente também 
a responsabilidade do empregador, perante terceiros, pelos atos de seus empregados em serviço (Código 
Civil, art. 932, inc. III), bem como que está em xeque o direito à imagem do empregador, igualmente 
merecedor de tutela constitucional. Sobretudo, imperativo considerar que o empregado, ao receber uma 
caixa de -e-mail- de seu empregador para uso corporativo, mediante ciência prévia de que nele somente 
podem transitar mensagens profissionais, não tem razoável expectativa de privacidade quanto a esta, 
como se vem entendendo no Direito Comparado (EUA e Reino Unido). 
5. Pode o empregador monitorar e rastrear a atividade do empregado no ambiente de trabalho, em e-mail 
corporativo, isto é, checar suas mensagens, tanto do ponto de vista formal quanto sob o ângulo material 
ou de conteúdo. Não é ilícita a prova assim obtida, visando a demonstrar justa causa para a despedida 
decorrente do envio de material pornográfico a colega de trabalho. Inexistência de afronta ao art. 5º, 
incisos X, XII e LVI, da Constituição Federal. (...) 
(TST. 1ª Turma. RR 61300-23.2000.5.10.0013, Rel. Min. João Oreste Dalazen, julgado em 18/05/2005, DJ 
10/06/2005) 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
Aplicação de multa eleitoral e sanção por ato de improbidade administrativa 
 
A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às disposições 
contidas na Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das 
sanções previstas na Lei nº 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), inclusive da 
multa civil, pelo ato de improbidade decorrente da mesma conduta. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606.352-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, Secretário de Estado, durante as eleições, imprimiu, nas impressoras do órgão, material de 
campanha para o Deputado Estadual Pedro, que concorria à reeleição. 
A conduta foi descoberta e ele foi punido pela Justiça Eleitoral recebendo pena de multa com base na Lei 
nº 9.504/97 (Lei das Eleições). 
Posteriormente, o Ministério Público estadual ajuizou ação de improbidade contra João pelo mesmo fato, 
tendo ele sido condenado às sanções previstas no art. 12 da Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade 
Administrativa), dentre elas o ressarcimento integral do dano, a perda da função pública, a suspensão dos 
direitos políticos e o pagamento de multa civil. 
João recorreu contra a decisão alegando que houve bis in idem, considerando que ele já havia sido punido 
com base na Lei das Eleições. 
 
A tese do condenado foi aceita pelo STJ? Caso a pessoa já tenha sido condenada pela Justiça Eleitoral, 
ela ficará dispensada de receber novas punições com base na Lei de Improbidade Administrativa? 
NÃO. 
 
A condenação pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa por infringência às disposições contidas na 
Lei n. 9.504/1997 (Lei das Eleições) não impede a imposição de nenhuma das sanções previstas na Lei nº 
8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa), inclusive da multa civil, pelo ato de improbidade 
decorrente da mesma conduta. 
STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp 606.352-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado em 15/12/2015 (Info 576). 
 
O art. 12 da LIA é muito claro ao dizer que as penalidades impostas pela prática de ato de improbidade 
administrativa independem das demais sanções penais, civis e administrativas previstas em legislação 
específica. Veja: 
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, 
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas 
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: 
 
Desse modo, o fato de o agente ímprobo ter sido condenado pela Justiça Eleitoral ao pagamento de multa 
por violação às disposições contidas na Lei das Eleições não impede sua condenação em quaisquer das 
sanções previstas na LIA, não havendo que se falar em bis in idem. 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 13 
DIREITO CIVIL 
 
COBRANÇA JUDICIAL DE DÍVIDA JÁ PAGA 
Via processual adequada para se requerer sanção por cobrança judicial de dívida já adimplida 
Necessidade de demonstração de má-fé do credor para condenação ao pagamento em dobro 
 
Importante!!! 
A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já 
adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002) pode ser postulada pelo réu na 
própria defesa, independendo da propositura de ação autônoma ou do manejo de 
reconvenção. 
Para que haja a aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de 
dívida já adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002), é imprescindível a 
demonstração de má-fé do credor. Permanece válido o entendimento da Súmula 159-STF: 
Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil (atual 
art. 940 do CC 2002). STJ. 2ª Seção. REsp 1.111.270-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 25/11/2015 (recurso repetitivo) (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação: 
João ajuizou ação de cobrança contra Pedro por um suposto débito de R$ 10 mil. 
Pedro contestou a demanda provando que já havia pago a dívida. Além disso, na própria contestação, o réu 
pediu que o autor fosse condenado a pagar R$ 20 mil a ele em razão de estar cobrando uma dívida já quitada. 
 
Sob o ponto de vista do direito material, esse pedido de Pedro encontra amparo na legislação? 
SIM. Há previsão expressa no Código Civil: 
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias 
recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro 
do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. 
 
Obs1: essa penalidade do art. 940 deve ser aplicada independentemente da pessoa demandada ter 
provado qualquer tipo de prejuízo. Assim, ainda que Pedro não comprove ter sofrido dano, essa 
indenização será devida. O art. 940 do CC institui uma autêntica pena privada, aplicável 
independentemente da existência de prova do dano. (STJ. 3ª Turma. REsp 1.286.704/SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, DJe de 28/10/2013). 
 
Obs2: a penalidade do art. 940 exige que o credor tenha exigido judicialmente a dívida já paga 
(“demandar” = “exigir em juízo”). 
 
Para que Pedro cobre esse valor em dobro, é necessária ação autônoma ou reconvenção ou ele pode 
fazer isso por meio de mera contestação? 
O pedido pode ser feito por meio de contestação. Segundo o STJ, a aplicação da penalidade do pagamentodo dobro da quantia cobrada indevidamente pode ser requerida por toda e qualquer via processual. 
Assim, não depende da propositura de ação autônoma ou de que a parte a requeira em sede de 
reconvenção. 
 
Sempre que houver cobrança de dívida já paga, haverá a condenação do autor à penalidade do art. 940 
do CC? 
Não, nem sempre. Segundo a jurisprudência, são exigidos dois requisitos para a aplicação do art. 940: 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 14 
a) Cobrança JUDICIAL de dívida já paga (no todo ou em parte), sem ressalvar as quantias recebidas; 
b) MÁ-FÉ do cobrador. 
 
Essa exigência da má-fé é antiga e vem desde o CC-1916, onde esta penalidade encontrava-se prevista 
no art. 1.531. Veja o que o STF já havia decidido naquela época: 
Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil 
(atual art. 940). 
 
Se João tivesse desistido da ação de cobrança antes de Pedro apresentar contestação, isso o eximiria do 
pagamento da penalidade do art. 940 do CC? 
SIM. O CC prevê que a indenização é excluída se o autor desistir da ação antes de contestada a lide: 
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de 
contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. 
 
Resumindo: 
A aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já adimplida (art. 
1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002) pode ser postulada pelo réu na própria defesa, independendo 
da propositura de ação autônoma ou do manejo de reconvenção. 
Para que haja a aplicação da sanção civil do pagamento em dobro por cobrança judicial de dívida já 
adimplida (art. 1.531 do CC 1916 / art. 940 do CC 2002), é imprescindível a demonstração de má-fé do 
credor. Permanece válido o entendimento da Súmula 159-STF: Cobrança excessiva, mas de boa fé, não 
dá lugar às sanções do art. 1.531 do Código Civil (atual art. 940 do CC 2002). 
STJ. 2ª Seção. REsp 1.111.270-PR, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 25/11/2015 (recurso repetitivo) (Info 
576). 
 
 
REPETIÇÃO DO INDÉBITO NO CDC 
Previsão legal 
O Código de Defesa do Consumidor possui uma regra semelhante, mas que apresenta peculiaridades. 
Assim, se o consumidor for cobrado em quantia indevida e efetuar o pagamento, terá direito de receber 
valor igual ao dobro do que pagou em excesso. Veja: 
Art. 42 (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do 
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros 
legais, salvo hipótese de engano justificável. 
 
Requisitos para aplicar essa penalidade do CDC: 
a) Consumidor ter sido cobrado por quantia indevida; 
b) Consumidor ter pago essa quantia indevida (o CDC exige que a pessoa tenha efetivamente pago e não 
apenas que tenha sido cobrada); 
c) Não ocorrência de engano justificável por parte do cobrador (existência de má-fé do cobrador). 
 
(...) A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a repetição em dobro do indébito, sanção prevista 
no art. 42, parágrafo único, do CDC, pressupõe tanto a existência de pagamento indevido quanto a má-fé 
do credor. (...) 
STJ. 4ª Turma. AgRg no AREsp 196.530/SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 23/06/2015. 
 
(...) A jurisprudência desta Corte Superior possui entendimento no sentido da obrigatoriedade da restituição 
em dobro do valor cobrado indevidamente do consumidor, salvo no caso de engano justificável (...) 
STJ. 4ª Turma. AgRg no REsp 1427535/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 03/02/2015. 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 15 
Engano justificável 
x Exemplo de engano justificável: cobrança com base em lei ou cláusula contratual mais tarde declarada 
nula pela Justiça. 
x Exemplo de engano injustificável: concessionária de água e esgoto que cobra taxa de esgoto em local 
onde o serviço não é prestado. 
 
Devolução simples 
Se tiver havido engano justificável por parte do cobrador, este continuará com a obrigação de devolver as 
quantias recebidas indevidamente, no entanto, essa devolução será simples (ou seja, não será em dobro). 
 
 
 
SUCESSÃO 
Herança de bem gravado com cláusula de incomunicabilidade 
 
Importante!!! 
A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação ou testamento só 
produz efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a morte deste, o cônjuge 
sobrevivente poderá se habilitar como herdeiro do referido bem, observada a ordem de 
vocação hereditária. 
A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem não interfere na vocação hereditária. 
Assim, se o indivíduo recebeu por doação ou testamento bem imóvel com a referida cláusula, 
sua morte não impede que seu herdeiro receba o mesmo bem. STJ. 4ª Turma. REsp 1.552.553-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 24/11/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João faleceu e deixou, por meio de testamento, um apartamento para a sua afilhada Luiza. 
Ocorre que João não gostava de Ricardo, casado com Luiza sob o regime de comunhão universal de bens, 
e, por isso, deixou o imóvel para ela com uma cláusula de incomunicabilidade. 
A cláusula de incomunicabilidade é um gravame imposto pelo testador ou doador como forma de impedir 
que o bem recebido em doação, herança ou legado integre o patrimônio que irá se comunicar com o do 
cônjuge (meação). Em outras palavras, o objetivo é evitar que o bem transmitido fique pertencendo 
também ao cônjuge do beneficiário. 
 
Se Luiza e Ricardo decidirem se divorciar, ele terá algum direito sobre o apartamento? 
NÃO. A lei exclui da universalidade da comunhão os bens pertencentes a um dos cônjuges e que sejam 
gravados com cláusula de incomunicabilidade. Nesse sentido: 
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: 
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; 
 
Morte de Luiza 
Alguns anos depois, Luiza morreu misteriosamente ao cair da escada de sua casa. 
Vale ressaltar que ela não tinha mais pais ou avós vivos nem chegou a ter filhos. Ela deixou, contudo, 
irmãos, que logo quiseram receber alguma parte da herança. 
 
Ricardo será herdeiro de Luiza? Ele terá direito à herança? 
SIM. Se o casal é casado no regime da comunhão universal, isso significa que, quando a pessoa morre, seu 
cônjuge tem direito à meação, ou seja, metade dos bens do falecido já pertencem obrigatoriamente ao 
cônjuge supérstite. A outra metade é que será a herança. 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 16 
Em nosso exemplo, se Luiza tivesse deixado descendentes, Ricardo seria dono de metade do patrimônio 
deixado (a título de meação), mas não teria direito à outra metade (herança), que ficaria com os 
descendentes. No entanto, como ela não deixou descendentes nem ascendentes, Ricardo (cônjuge 
supérstite) terá direito à meação e também à herança toda. 
Os irmãos de Luiza não terão direito a nada. Isso porque, como são parentes colaterais, estão em 4º lugar na 
linha de sucessão e só teriam direito se a falecida não tivesse deixado: descendentes, ascendentes ou cônjuge. 
Tais regras estão no art. 1.829 do CC: 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: 
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no 
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou 
se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; 
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; 
III - ao cônjuge sobrevivente; 
IV - aos colaterais. 
 
Ricardo irá herdar o apartamento mesmoeste tendo sido doado por João com cláusula de 
incomunicabilidade? 
SIM. 
 
A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por doação ou testamento só produz 
efeitos enquanto viver o beneficiário, sendo que, após a morte deste, o cônjuge sobrevivente poderá se 
habilitar como herdeiro do referido bem, observada a ordem de vocação hereditária. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1.552.553-RJ, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 24/11/2015 (Info 576). 
 
Desse modo, com o falecimento da beneficiária, acabou a eficácia da cláusula de incomunicabilidade. Ela 
deixou de produzir efeitos. 
A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem não se relaciona com a vocação hereditária. Em 
outras palavras, a cláusula de incomunicabilidade não interfere nas regras do Código Civil sobre a sucessão 
causa mortis. 
Assim, se o indivíduo recebeu, por doação ou testamento, algum bem imóvel com cláusula de 
incomunicabilidade, quando este morrer, o seu herdeiro irá receber o bem. 
 
 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
 
AÇÃO DE NULIDADE DE REGISTRO DE MARCA 
Responsabilidade do INPI pelos honorários sucumbenciais, 
custas processuais e reembolso de despesas feitas pelo autor 
 
Este julgado tratava sobre uma ação de nulidade de registro de marca proposta por uma 
sociedade empresária ("A") contra o INPI e contra outra empresa concorrente ("B"), titular da 
marca questionada na demanda. A ação foi julgada procedente e discutiu-se se o INPI deveria 
pagar honorários advocatícios, custas e despesas processuais. Foram expostas três conclusões: 
I - Na ação de nulidade de registro de marca o INPI foi indicado como réu ao lado de sociedade 
empresária porque concedeu indevidamente o registro para a empresa "B" mesmo gerando 
confusão com a marca da empresa "A" e também porque não deu andamento ao pedido 
administrativo formulado pela empresa "A" para anular o registro indevidamente concedido. 
Assim, diante disso, o referido Instituto deve responder solidariamente pelos honorários 
advocatícios sucumbenciais mesmo que, na ação proposta, ele tenha reconhecido a 
procedência do pedido formulada na Inicial. 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 17 
II - Em ação de nulidade de registro de marca, o INPI é isento de pagamento de custas. 
III - Em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a ele 
reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte autora. STJ. 3ª Turma. REsp 1.258.662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Em 2005, a empresa "X" registrou no INPI a marca "Gavani", na classe 24 (Tecidos, roupa de cama, mesa, 
banho e cozinha e artigos têxteis para limpeza) (Classificação Internacional de Produtos e Serviços). 
Em 2008, a empresa "Y" conseguiu registro no INPI da mesma marca "Gavani" na classe 25 (Roupas e 
acessórios do vestuário em geral e artigos de viagem). 
Vale ressaltar que ambas as empresas atuam no mesmo nicho empresarial, sendo lojas de departamento. 
Além disso, as marcas registradas eram parecidas. 
A empresa "X" entendeu que, apesar de a marca ter sido registrada em classe diferente da sua, poderia 
haver confusão entre os clientes, razão pela qual protocolizou pedido administrativo junto ao INPI para 
que este anulasse a concessão do registro da marca concedido à empresa "Y", mas o Instituto manteve-se 
inerte e não processou o requerimento. 
Diante desta inércia, a empresa "X" ajuizou, na Justiça Federal, "ação de nulidade de registro de marca" 
contra a sociedade empresária "Y" e contra o INPI. 
INPI é a sigla de Instituto Nacional de Propriedade Intelectual, uma autarquia federal responsável, dentre 
outros serviços, pelo registro das marcas em âmbito nacional. 
A empresa "Y" contestou a ação afirmando que deve ser aplicado ao caso o princípio da especialidade e 
que, como as marcas foram registradas em classes diferentes, ambas poderiam ser mantidas. 
O INPI, por sua vez, reconheceu a procedência do pedido da autora, ou seja, reconheceu que a empresa 
"X" tinha razão. 
 
A tese da empresa "X" encontra guarida no STJ? 
SIM. O simples fato de os registros terem sido efetuados em classes distintas não é suficiente, por si só, 
para afastar a confusão no mercado consumidor. Assim, para a aplicação do princípio da especialidade não 
basta verificar se as marcas foram registradas em classes diferentes. Isso porque algumas vezes é possível 
que uma marca extrapole os limites de uma classe sempre que, pela relação de afinidade dos produtos, 
houver possibilidade de se gerar dúvida no consumidor. Tal situação ocorre com produtos que se inserem 
no mesmo nicho comercial, visando a um público consumidor semelhante e utilizando os mesmos canais 
de comercialização. Nesse sentido: STJ. 3ª Turma. REsp 1340933/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 
julgado em 10/03/2015. 
 
Sentença de procedência 
O Juiz Federal julgou procedente o pedido da empresa "X", decretando a nulidade do registro da marca 
depositada pela empresa "Y". Além disso, o magistrado condenou a empresa "Y" e o INPI, solidariamente, 
a pagar os honorários advocatícios de sucumbência à autora da ação. 
O INPI recorreu contra este capítulo da sentença alegando que, ao ser citado, assumiu a condição de 
"assistente" da autora, tanto que concordou com o pedido por ela formulado. Desse modo, não poderia 
ser condenado em honorários advocatícios. Para isso, o INPI alegou a parte final do art. 175 da Lei nº 
9.279/96 (Lei de Propriedade Industrial - LPI): 
Art. 175. A ação de nulidade do registro será ajuizada no foro da justiça federal e o INPI, quando não for 
autor, intervirá no feito. 
 
A tese do INPI foi aceita? 
NÃO. 
 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 18 
Na ação de nulidade de registro de marca em que o INPI foi indicado como réu ao lado de sociedade 
empresária em virtude da concessão indevida do registro e do não processamento do procedimento 
administrativo para anular o registro indevidamente concedido, o Instituto responde solidariamente 
pelos honorários advocatícios sucumbenciais, ainda que tenha reconhecido a procedência do pedido 
formulado na Inicial. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.258.662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info 576). 
 
Em regra, enquanto os particulares disputam um direito patrimonial, calcado essencialmente em objetivos 
fático-econômicos, o INPI compromete-se com a defesa do interesse social difuso: o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do país. Noutros termos, por não se comprometer com o interesse individual de 
quaisquer das partes, o INPI, ao menos em tese, tem posição processual própria e independente da 
vontade das partes litigantes, o que de fato distancia a intervenção da LPI das intervenções típicas 
previstas no CPC - o qual somente se aplica de forma subsidiária às demandas de nulidade de registro 
marcário. 
Todavia, na situação concreta, a solução se distingue da regra geral, pois a autora direcionou sua demanda 
de forma expressa contra o INPI (ele era um dos réus). Isso porque o instituto foi inerte em relação ao 
andamento de prévio requerimento administrativo para declarar a nulidade do registro marcário 
concedido à outra ré. 
Desse modo, a causa de pedir da recorrida não ficou limitada à concessão indevida do registro, mas incluiu 
o não processamento do procedimento administrativo, situação imputável exclusivamente à autarquia. 
Tendo dado causa a propositura da demanda, o INPI foi corretamente arrolado como réu, devendo, 
portanto, arcar com os honorários advocatícios sucumbenciais. 
 
O INPI terá que pagar as custas processuais? 
NÃO. 
 
Em ação de nulidade de registro de marca, o INPI é isento de pagamento de custas. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.258.662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgadoem 2/2/2016 (Info 576). 
 
Essa isenção está prevista no art. 4º da Lei nº 9.289/96 e no art. 24-A da Lei nº 9.028/95: 
 
Art. 4º São isentos de pagamento de custas: 
I - a União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal e as respectivas autarquias 
e fundações; 
 
Art. 24-A. A União, suas autarquias e fundações, são isentas de custas e emolumentos e demais taxas 
judiciárias, bem como de depósito prévio e multa em ação rescisória, em quaisquer foros e instâncias. 
 
Algumas vezes o autor da ação tem que adiantar determinadas despesas para que ocorra a tramitação 
do processo (art. 82, § 1º do CPC 2015). Ao final da demanda, a sentença condenará o vencido a pagar 
ao vencedor as despesas que este antecipou (art. 82, § 2º). Diante disso, indaga-se: o INPI também ficará 
isento de reembolsar as despesas judiciais feitas pela empresa "X" (autora)? 
NÃO. A Fazenda Pública é isenta de custas processuais, porém esta isenção não afasta sua 
responsabilidade quanto ao reembolso das quantias adiantadas pelo vencedor da demanda. 
 
Assim, em ação de nulidade de registro de marca em que o INPI for sucumbente, cabe a ele reembolsar 
as despesas judiciais feitas pela parte autora. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.258.662-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 2/2/2016 (Info 576). 
 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 19 
A obrigatoriedade deste reembolso está prevista expressamente no parágrafo único do art. 4º da Lei nº 
9.289/96: 
Art. 4º São isentos de pagamento de custas: 
I - a União, os Estados, os Municípios, os Territórios Federais, o Distrito Federal e as respectivas autarquias 
e fundações; 
(...) 
Parágrafo único. A isenção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscalizadoras do exercício 
profissional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas 
judiciais feitas pela parte vencedora. 
 
 
 
ECA 
 
SINASE 
Relativização da regra prevista no art. 49, II, do SINASE 
 
Atenção! Ministério Público 
A Lei nº 12.594/2012 (Lei do SINASE) prevê que é direito do adolescente submetido ao 
cumprimento de medida socioeducativa "ser incluído em programa de meio aberto quando 
inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de 
ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente 
deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência". 
O simples fato de não haver vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade em 
unidade próxima da residência do adolescente infrator não impõe a sua inclusão em programa 
de meio aberto, devendo-se considerar o que foi verificado durante o processo de apuração da 
prática do ato infracional, bem como os relatórios técnicos profissionais. 
A regra prevista no art. 49, II, do SINASE deve ser aplicada de acordo com o caso concreto, 
observando-se as situações específicas do adolescente, do ato infracional praticado, bem como 
do relatório técnico e/ou plano individual de atendimento. STJ. 6ª Turma. HC 338.517-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, adolescente de 17 anos, praticou ato infracional equiparado ao crime de roubo, sendo-lhe aplicada 
medida de internação por prazo indeterminado. 
Ocorre que não havia vaga na unidade de internação localizada na cidade onde o garoto morava com seus 
pais, razão pela qual ele foi internado em uma unidade situada em outra comarca. 
A Defensoria Pública impetrou habeas corpus em favor do adolescente pedindo que, diante desta 
situação, ele cumprisse medida socioeducativa em meio aberto. O pedido foi formulado com base no art. 
49, II, da Lei nº 12.594/2012 (Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE): 
Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cumprimento de medida socioeducativa, sem prejuízo 
de outros previstos em lei: 
(...) 
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de 
privação da liberdade, exceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à 
pessoa, quando o adolescente deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência; 
 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 20 
O pedido foi aceito pelo STJ? 
NÃO. 
 
O simples fato de não haver vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade em unidade 
próxima da residência do adolescente infrator não impõe a sua inclusão em programa de meio aberto, 
devendo-se considerar o que foi verificado durante o processo de apuração da prática do ato infracional, 
bem como os relatórios técnicos profissionais. 
STJ. 6ª Turma. HC 338.517-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info 576). 
 
É fato notório que nem todas as cidades do Brasil, especialmente no interior dos Estados, possuem 
estrutura para receber grande quantidade de adolescentes infratores em cumprimento de medida de 
internação, havendo, porquanto, a necessidade de remanejamento desses garotos para outros locais que 
possam recebê-los. 
 
Diante desse fato, percebe-se que não pode ser aplicada indistintamente ou sem qualquer critério, a 
previsão contida no inciso II do art. 49, da Lei nº 12.594/2012. 
 
Não se mostra razoável colocar em meio aberto adolescente que recebeu medida de internação apenas 
pelo fato de ele não estar em unidade próxima a sua residência, deixando de lado tudo que foi verificado e 
colhido durante o processo de apuração, bem como os relatórios técnicos dos profissionais que estão 
próximos ao reeducando, identificando suas reais necessidades. 
 
Desse modo, entende-se que deve haver a relativização da regra do art. 49, II, devendo ser examinado 
caso a caso e verificada a imprescindibilidade da medida de internação, bem como a adequação da 
substituição da medida imposta por outra em meio aberto. 
 
O art. 124, VI, do ECA prevê regra semelhante ao do art. 49, II, da Lei da SINASE. Confira: 
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes: 
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou 
responsável; 
 
O STJ também possui precedentes relativizando esta previsão, conforme se pode conferir abaixo: 
(...) Em casos excepcionais, relativiza-se o direito insculpido no art. 124, VI, do ECA, de modo a garantir que 
a medida imposta seja efetivamente cumprida em ambiente adequado e em localidade distinta da do 
domicílio dos pais ou responsáveis ou próxima a eles (...) 
STJ. 5ª Turma. HC 316.438/MG, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 25/08/2015. 
 
Veja como o tema já foi cobrado em concurso: 
(DPE/PE 2015 CESPE) Alberto, adolescente condenado a cumprir medida socioeducativa de internação, 
diante da inexistência de estabelecimento apropriado na cidade de residência de seus pais, foi custodiado 
em unidade distante, em razão da superlotação da unidade mais próxima. Nessa situação, houve violação 
ao direito absoluto do adolescente previsto no ECA: Alberto deveria ter sido enviado para a localidade 
mais próxima do domicílio dos seus pais, mesmo que a unidade de custódia estivesse superlotada. 
(ERRADO) 
 
 
 
 
 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 21 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
RELATIVIZAÇÃO DA COISA JULGADA INCONSTITUCIONAL 
Impossibilidade de relativizar coisa julgada fundada em lei 
posteriormente declarada não recepcionada pela CF/88 
 
Importante!!! 
Não é possível utilizar ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) contra título executivo 
judicial fundado em lei declarada não recepcionada pelo STF em decisão proferida em controle 
incidental quetransitou em julgado após a constituição definitiva do referido título. 
A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham 
adotado entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a interposição do 
recurso próprio ou, se for o caso, a propositura da ação rescisória própria, observado o 
respectivo prazo decadencial de 2 anos. STJ. 2ª Turma. REsp 1.237.895-ES, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João ajuizou ação contra o Estado-membro pedindo o pagamento de determinada quantia com base na Lei 
Estadual nº 7.070/1987. 
A sentença foi procedente, tendo transitado em julgado em 1999. Com isso, formou-se um título executivo 
em favor de João. 
Em 2000, o STF, examinando um recurso extraordinário envolvendo o processo de outra pessoa (Pedro) 
decidiu que a Lei nº 7.070/1987 não foi recepcionada pela CF/88. Logo, Pedro "perdeu" a demanda. 
Sobre o tema, façamos duas reflexões: 
 
1) Imaginemos que ainda está em tramitação o processo de execução de João contra a Fazenda Pública 
e ainda não passou o prazo para que o Poder Público ofereça embargos. É possível que o Estado-
membro ofereça embargos à execução (atualmente chamado de "impugnação") invocando a 
inexequibilidade do título por ser ele inconstitucional (art. 741, II e parágrafo único do CPC 1973 / art. 
535, III e § 5º do CPC 2015)? 
NÃO. Inicialmente, vejamos o que dizem estes dispositivos: 
CPC 1973 CPC 2015 
Art. 741. Na execução contra a Fazenda 
Pública, os embargos só poderão versar 
sobre: 
II - inexigibilidade do título; 
(...) 
Parágrafo único. Para efeito do disposto no 
inciso II do caput deste artigo, considera-se 
também inexigível o título judicial fundado 
em lei ou ato normativo declarados 
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal 
Federal, ou fundado em aplicação ou 
interpretação da lei ou ato normativo tidas 
pelo Supremo Tribunal Federal como 
incompatíveis com a Constituição Federal. 
Art. 535. A Fazenda Pública será intimada na 
pessoa de seu representante judicial, por 
carga, remessa ou meio eletrônico, para, 
querendo, no prazo de 30 (trinta) dias e nos 
próprios autos, impugnar a execução, 
podendo arguir: 
III - inexequibilidade do título ou 
inexigibilidade da obrigação; 
(...) 
§ 5º Para efeito do disposto no inciso III do 
caput deste artigo, considera-se também 
inexigível a obrigação reconhecida em título 
executivo judicial fundado em lei ou ato 
normativo considerado inconstitucional pelo 
Supremo Tribunal Federal, ou fundado em 
aplicação ou interpretação da lei ou do ato 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 22 
normativo tido pelo Supremo Tribunal 
Federal como incompatível com a 
Constituição Federal, em controle de 
constitucionalidade concentrado ou difuso. 
 
Não se pode aplicar o art. 741, II e parágrafo único do CPC 1973 (art. 535, III e § 5º do CPC 2015) por duas 
razões: 
a) A sentença de João transitou em julgado em 1999 e o parágrafo único do art. 741 do CPC 1973 foi 
inserido no Código no ano de 2001. Logo, a jurisprudência entende que este parágrafo único, que foi uma 
novidade, não pode retroagir para alcançar coisas julgadas anteriores à sua vigência. Nesse sentido: 
Súmula 487-STJ: O parágrafo único do art. 741 do CPC não se aplica às sentenças transitadas em julgado 
em data anterior à da sua vigência. 
 
b) Existem precedentes do STJ afirmando que o art. 741, II e parágrafo único do CPC 1973 (art. 535, III e § 
5º do CPC 2015) não se aplica em caso de título executivo fundado em lei posteriormente declarada não 
recepcionada pelo STF. Nesse sentido: STJ. 1ª Turma. REsp 783.500/SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, 
julgado em 06/04/2006). 
 
2) Sabendo que não ia adiantar opor os embargos à execução (atual impugnação) pelas razões acima 
explicadas, o Estado-membro ingressou, em 2002, com ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) 
contra João alegando que o título executivo judicial em seu favor é nulo porque baseado na Lei nº 
7.070/1987, considerada incompatível com a CF/88 pelo STF. A Fazenda Pública propôs, portanto, a 
chamada relativização da coisa julgada inconstitucional. O pedido foi aceito pelo STJ? 
NÃO. 
 
Não é possível utilizar ação declaratória de nulidade (querela nullitatis) contra título executivo judicial 
fundado em lei declarada não recepcionada pelo STF em decisão proferida em controle incidental que 
transitou em julgado após a constituição definitiva do referido título. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.237.895-ES, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 15/9/2015 (Info 576). 
 
O simples fato de o STF ter declarado a inconstitucionalidade de uma lei não faz com que ocorra 
automaticamente a desconstituição da sentença transitada em julgado anterior que tenha aplicado este 
ato normativo: 
A decisão do STF que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo 
não produz a automática reforma ou rescisão das sentenças anteriores que tenham adotado 
entendimento diferente; para que tal ocorra, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se 
for o caso, a propositura da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC 1973 (art. 966, V, 
do CPC 2015), observado o respectivo prazo decadencial. Ressalva-se desse entendimento, quanto à 
indispensabilidade da ação rescisória, a questão relacionada à execução de efeitos futuros da sentença 
proferida em caso concreto sobre relações jurídicas de trato continuado. 
STF. Plenário. RE 730462, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 28/05/2015 (repercussão geral). 
 
Com esse fundamento, não se revela possível a utilização da querela nullitatis com a finalidade de 
desconstituir título executivo judicial fundado em lei declarada inconstitucional (ou não recepcionada) 
após o trânsito em julgado da ação de conhecimento. 
Vale ressaltar que, no caso concreto de "João", o STF não declarou a "inconstitucionalidade" da Lei 
Estadual nº 7.070/1987 (não houve juízo de constitucionalidade), tendo o Pretório declarado a "não-
recepção" do referido ato normativo. Mesmo assim, aplica-se o entendimento acima exposto no RE 
730462. Isso porque se, mesmo com algo mais forte (juízo de inconstitucionalidade), não há aplicação 
automática do entendimento do STF, com maior razão também não deverá haver desconstituição 
automática com um mero juízo de recepção negativa (não-recepção; revogação). 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 23 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
Parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da segurança 
devem ser pagas por meio de precatórios 
 
Importante!!! 
No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública, as 
parcelas devidas entre a data de impetração e a de implementação da concessão da segurança 
devem ser pagas por meio de precatórios, e não via folha suplementar. STJ. 2ª Turma. REsp 1.522.973-MG, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 4/2/2016 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, servidor público estadual, entende que possui direito de receber, mensalmente, a gratificação “D1”, 
que não é paga a ele. 
 
Diante disso, em 02/02/2014, impetrou mandado de segurança contra o Secretário de Estado formulando 
os seguintes pedidos: 
a) que seja declarado que ele possui direito à referida gratificação; 
b) que seja o Estado-membro condenado a incluir a gratificação mensal em sua remuneração. 
 
O TJ negou a medida liminar, com base no art. 7º, § 2º da Lei nº 12.016/2009: 
Art. 7º (...) § 2º Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação de créditos 
tributários,a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a reclassificação ou equiparação de 
servidores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer 
natureza. 
 
Ao final, o TJ julgou procedente o mandado de segurança, decisão que transitou em julgado em 
30/01/2016. 
 
Em 02/02/2016, o Estado-membro, por força da decisão judicial transitada em julgado, incluiu a 
gratificação na remuneração mensal de João e, a partir daí, ele passou a receber todos os meses o valor 
em seu contracheque. 
 
O problema é que há valores atrasados. Isso porque, desde a data em que o MS foi impetrado 
(02/02/2014) até a data em que a gratificação foi incluída na folha de pagamento (02/02/2016), o 
impetrante ficou sem receber as parcelas. Desse modo, o Estado-membro está devendo 24 meses de 
gratificação para João. Suponhamos que o valor da gratificação mensal fosse R$ 5 mil. Isso significa que o 
Estado está devendo, apenas de valor principal, R$ 120 mil para o autor. 
 
O servidor requereu ao juízo que este valor fosse pago não por precatório, mas sim por meio de folha 
suplementar. Em outras palavras, o servidor pediu que o valor fosse depositado em sua conta salário como 
se fosse o pagamento da remuneração normal. 
 
A tese de João é aceita atualmente pelo STJ? Os valores atrasados que correspondem ao período entre o 
dia da impetração do MS e a data da efetiva implementação da verba podem ser pagos por meio de 
folha suplementar? É possível dispensar o precatório neste caso? 
NÃO. 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 24 
No mandado de segurança impetrado por servidor público contra a Fazenda Pública, as parcelas devidas 
entre a data de impetração e a de implementação da concessão da segurança devem ser pagas por meio 
de precatórios, e não via folha suplementar. 
STJ. 2ª Turma. REsp 1.522.973-MG, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª 
Região), julgado em 4/2/2016 (Info 576). 
 
O art. 100 da CF/88 determina que os pagamentos devidos pela Fazenda Pública estão sujeitos ao sistema 
de precatórios, o que abrange, inclusive, as verbas de caráter alimentar. O simples fato de se tratar de 
sentença concessiva de mandado de segurança não serve para afastar a regra dos precatórios. Nesse 
sentido: STF. Plenário. RE 889173 RG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 07/08/2015 (repercussão geral). 
Assim, não se tratando de dívida de pequeno valor (§ 3º do art. 100, da CF/88), deve-se respeitar a 
sistemática dos precatórios. 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
ESTELIONATO 
Aumento de pena-base fundado na confiança da vítima no autor de estelionato 
 
O cometimento de estelionato em detrimento de vítima que conhecia o autor do delito e lhe 
depositava total confiança justifica a exasperação da pena-base em razão da consideração 
desfavorável das circunstâncias do crime. 
Existe um plus de reprovabilidade pelo fato de o agente ter escolhido para ser vítima do delito 
uma pessoa conhecida que lhe depositava total confiança. STJ. 6ª Turma. HC 332.676-PE, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP), julgado em 17/12/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João praticou estelionato, tendo como vítima Pedro. 
Vale ressaltar que João e Pedro eram amigos há muitos anos, de forma que a vítima depositava enorme 
confiança no autor do delito. 
O juiz condenou João e, na fase das circunstâncias judiciais da dosimetria da pena, aumentou a 
reprimenda sob o seguinte argumento: 
"Considerando que o delito foi cometido em detrimento de vítima que conhecia o autor e lhe depositava 
total confiança, resta justificado o aumento da pena-base em razão da consideração desfavorável das 
circunstâncias do crime." 
 
O magistrado agiu corretamente? Ele poderia ter utilizado este argumento para aumentar a pena? 
SIM. 
 
O cometimento de estelionato em detrimento de vítima que conhecia o autor do delito e lhe depositava 
total confiança justifica a exasperação da pena-base em razão da consideração desfavorável das 
circunstâncias do crime. 
Existe um plus de reprovabilidade pelo fato de o agente ter escolhido para ser vítima do delito uma 
pessoa conhecida que lhe depositava total confiança. 
STJ. 6ª Turma. HC 332.676-PE, Rel. Min. Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP), julgado 
em 17/12/2015 (Info 576). 
 
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 25 
 
LEI DE DROGAS 
Aplicação de causa de aumento de pena da Lei de Drogas ao crime de 
associação para o tráfico de drogas com criança ou adolescente 
 
A participação do menor pode ser considerada para configurar o crime de associação para o 
tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI, 
da Lei nº 11.343/2006. 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, 
qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto a dois terços, se: 
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer 
motivo, diminuída ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação; STJ. 6ª Turma. HC 250.455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info 576). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
João, maior de idade, convidou Guilherme (17 anos) para que eles formassem uma dupla voltada à prática 
constante de tráfico de drogas no bairro onde moravam. 
 
Qual o crime praticado por João? 
Associação para fins de tráfico, previsto no art. 35 da Lei nº 11.343/2006, nos seguintes termos: 
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos 
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei: 
Pena — reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) 
dias-multa. 
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada 
do crime definido no art. 36 desta Lei. 
 
Em que consiste o crime: 
A pessoa comete esse crime quando se junta com outra(s) pessoa(s), de forma estável e permanente, com 
o objetivo de praticar: 
x tráfico de drogas (caput do art. 33); 
x condutas equiparadas a tráfico de drogas (§ 1º do art. 33); ou 
x tráfico de maquinários para drogas (art. 34). 
 
Crime autônomo 
O art. 35 é um crime autônomo. Isso significa que ele pode se consumar mesmo que os delitos nele 
mencionados acabem não ocorrendo e fiquem apenas na cogitação ou preparação. 
Assim, se João e Antônio se juntam, de forma estável e permanente, para praticar tráfico de drogas, eles 
terão cometido o crime do art. 35, ainda que não consigam perpetrar nenhuma vez o tráfico de drogas. 
Se João e Antônio conseguirem praticar o tráfico de drogas, eles responderão pelos dois delitos, ou seja, 
pelo art. 35 em concurso material com o art. 33 da Lei nº 11.343/2006. 
 
Associação = reunião estável e permanente 
É muito importante ressaltar que associação significa uma reunião (junção) estável e permanente 
(duradoura) de pessoas. A isso se dá o nome de societas sceleris. 
Se essa associação for eventual ou acidental, não haverá o crime do art. 35, sendo apenas caso de 
concurso de pessoas. 
Ex.: João e Antônio encontram-se em uma festa e, além de consumirem êxtase (uma espécie de droga 
Rafael V Moraes
 
Informativo 576-STJ (05 a 09/02/2016) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 26 
sintetizada), decidem vender juntos ali mesmo as pílulas que sobraram. Terão cometido tráfico de drogas 
(art. 33, caput) em concurso de agentes. Não poderão ser condenados por associação (art. 35), 
considerando que a reunião para o projeto criminoso não tinha um caráter duradouro

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