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QUESTIONÁRIO DE REVISÃO PARA AV1 – HISTÓRIA DO DIREITO 1) Por que Portugal nasceu das armas? Resposta: Após a perda de territórios para os mouros vindos de África, os resistentes juntaram-se na região das Astúrias na Galiza, para se defender dos mouros. Contudo, o seu objetivo não era apenas defender os territórios que lhes restavam mas sim conquistar os territórios que haviam perdido e foi isso que fizeram. O Rei Afonso VI de Leão e Castela deu o exemplo, envolvendo-se arduamente nas lutas contra os mouros lutas estas que haveriam de ser bem sucedidas, pelo que os resistentes conquistaram mais territórios.Todavia, Afonso VI de Leão e Castela sentia que as suas terras estavam em perigo, por isso, dividiu os territórios e entregou a cargo de Henrique de Borgonha a parte correspondente atualmente ao norte de Portugal. O conde D. Henrique, um lutador ávido e inteligente, continuou na sua incessante busca de mais território, travando inúmeras batalhas com os mouros até a sua morte. Ficou a governar este condado a sua esposa, D. Teresa, porém, passado algum tempo, esta pensava em casar com um fidalgo galego, Fernão Peres, colocando assim em risco a independência em relação aos espanhóis deste condado. Desta forma, aos 14 anos, Afonso Henriques, filho de D. Henrique e D. Teresa, arma-se cavaleiro e enfrenta a mãe pelos interesses que julgava serem melhores para o seu país. Ganhou esta batalha, satisfazendo assim todos os portucalenses que requeriam a independência do condado. Após vencer a sua mãe na batalha de S. Mamede em 1128, o agora D. Afonso Henriques continua as investidas contra os mouros e até contra os espanhóis, pela luta dos territórios. Alargando cada vez mais os territórios para sul, o rei vence batalha atrás de batalha contra os mouros, incluindo na importante batalha de Ourique, a qual declara a independência do Condado Portucalense, dando origem ao Reino de Portugal. 2) O que foi a Bula Papal Inter Coetera e o Tratado de Tordesilhas? Resposta: Bula Inter Coetera Proclamada pelo Papa Alexandre VI, a Bula Inter coetera dividia o mundo entre portugueses e espanhóis. Fora traçada uma linha imaginária que passava a 100 léguas da costa das ilhas de Cabo Verde. O que estivesse a oeste seria espanhol e o que ficasse a leste, seria português. Tratado de Tordesilhas Sabendo que no Oceano Atlântico havia muitos territórios a serem explorados, os portugueses pediram que fosse feita uma nova divisão, ajustada aos seus interesses. Novamente o Papa Alexandre VI mediou a discussão e modificou a distância que a linha passaria de Cabo Verde. Agora não seriam mais 100 léguas e sim 370 léguas, o que permitia mais mobilidade aos portugueses na exploração do Atlântico. 3) Quais as características da expansão marítima portuguesa? Resposta: Os portugueses foram os primeiros europeus a se lançar ao mar no período das Grandes Navegações Marítimas, nos séculos XV e XVI. No presente texto iremos abordar os motivos do pioneirismo português na conquista dos oceanos. O primeiro motivo que levou os portugueses ao empreendimento das Grandes Navegações foi a progressiva participação lusitana no comércio europeu no século XV, em razão da ascensão de uma burguesia enriquecida que investiu nas navegações no intuito de comercializar com diferentes partes do mundo. A centralização monárquica portuguesa aconteceu ainda no século XIV com a Revolução de Avis, Portugal foi considerado o primeiro reino europeu unificado, ou seja, foi o primeiro Estado Nacional da história da Europa. Além do fato da unificação portuguesa, a Revolução de Avis consolidou a força da burguesia mercantil que, conforme vimos acima, investiu pesadamente nas Grandes Navegações. Estudiosos como Diegues (2010), Tengarrinha (2001) e Silva (1989) que analisaram Portugal nos séculos XV e XVI, afirmaram também que os portos de boa qualidade que eram existentes no país influenciaram bastante no processo do pioneirismo português. Outro motivo não menos fundamental que os outros expostos, que ajudou no processo do empreendimento português, foi o estudo náutico realizado na Escola de Sagres, sob o comando do astuto infante D. Henrique, o navegador (1394-1460). A Escola de Sagres foi consolidada na residência de D. Henrique e se tornou uma referência para estudiosos como cosmógrafos, cartógrafos, mercadores, aventureiros entre outros. Iniciando o processo de conquistas pelos mares, os portugueses no ano de 1415 dominaram Ceuta, considerada primeira conquista dos europeus durante a Expansão Marítima. O principal objetivo que os navegadores portugueses desejavam alcançar era dar a volta no continente africano, ou seja, realizar o périplo africano. Desta maneira, Portugal foi conquistando várias concessões na África. No ano de 1488, Bartolomeu Dias, navegador português, havia conseguido chegar ao Cabo da Boa Esperança, provando para o mundo que existia uma passagem para outro oceano. Finalmente, no ano de 1498, o navegador português Vasco da Gama alcançou as Índias; em 1500, outro navegador lusitano, Pedro Álvares Cabral, deslocou-se com uma grande frota de embarcações para fazer comércio com o Oriente, acabou chegando ao chamado ‘Novo Mundo’ - o continente americano. Com o desenvolvimento dos estudos marítimos (Escola de Sagres), os portugueses se tornaram grandes comerciantes, prosperando e produzindo novas embarcações e formando grandes navegadores. Portugal se transformou em um dos mais importantes entrepostos (armazém de depósito de mercadorias - que esperam comprador ou que se vão reembarcar) comerciais durante as Grandes Navegações Marítimas. 4) Explique como a Coroa Portuguesa organizou o sistema de Capitanias Hereditárias no Brasil colonial. Resposta: O sistema de capitanias hereditárias é um sistema de controle administrativo colonial que marcou a história da colonização portuguesa no Brasil. A partir do ano de 1530, o governo português passou a voltar os seus interesses políticos e econômicos para as terras brasileiras. Contudo, isso exigia a instalação de algum modelo de administração que fosse capaz de assegurar a posse portuguesa sobre o território e, ao mesmo tempo, tornar o Brasil uma colônia lucrativa. Foi buscando resolver esse problema que os portugueses implantaram no Brasil o sistema de capitanias hereditárias, em 1534. Nesse sistema, Portugal realizava a divisão das terras brasileiras em longas faixas que partiam do litoral até alcançar os limites do Tratado de Tordesilhas. Assim, cada faixa de terra era considerada uma capitania. Cada capitania tinha um responsável por ela, que era escolhido pelo rei de Portugal, e ganhava o título de donatário. O donatário tinha o direito de utilizar a capitania doada por Portugal e, ao mesmo tempo, a obrigação de ocupar o território e organizar atividades que fossem lucrativas. Eles também poderiam repassar o direito de uso da capitania para o seu filho. Era por esse motivo que ela também era chamada de hereditária. Entretanto, a posse continuava com a Coroa e, por tal razão, o donatário não poderia vender ou comprar uma capitania. A razão de Portugal utilizar esse modelo administrativo para ocupar o Brasil se dava por conta da falta de recursos financeiros e funcionários para que ele mesmo controlasse as terras diretamente. Sendo assim, o sistema de capitanias hereditárias garantia a exploração econômica da colônia sem que fosse necessário desembolsar grandes quantidades de dinheiro. Portugal tinha apenas o trabalho de fiscalizar e arrecadar os impostos que lhe eram de direito. Mesmo com todas essas motivações e um modelo já organizado, o sistema de capitanias hereditárias não atingiuo sucesso esperado. Não raro, os donatários nomeados pela Coroa nem chegaram a pisar em terras brasileiras, mostrando receio e desinteresse em abandonar seus negócios em Portugal para se lançar a uma nova aventura do outro lado do Oceano Atlântico. Os donatários que chegaram a assumir sua capitania e se mudar para o Brasil também enfrentaram sérias dificuldades. A grande extensão das capitanias e o desconhecimento do território dificultavam o processo de dominação. Por outro lado, a falta de incentivos do governo de Portugal tornava a missão dos donatários ainda mais complicada. Por fim, devemos também salientar a presença e a resistência das populações indígenas, que se sentiam injustiçadas com a ocupação promovida pelos portugueses. Ao mostrar claros sinais de ineficiência, o sistema de capitanias hereditárias foi progressivamente substituído pelo Governo Geral. As duas únicas exceções do grande fracasso desse modelo foram notadas nas capitanias de São Vicente (atual estado de São Paulo) e Pernambuco. Nessas duas regiões, o sistema prosperou graças aos rápidos lucros obtidos pela exploração da cana de açúcar que era exportada para a Europa. Somente no ano de 1759, sob as ordens do marquês de Pombal, que o sistema de capitanias foi completamente extinto dando lugar somente ao Governo Geral. 5) Explique o Pacto Colonial. Resposta: O chamado Pacto Colonial foi como ficou conhecido a relação de comércio entre a metrópole e suas colônias no período das colonizações europeias, na Idade Moderna. Ocorreu ao longo dos séculos XV, XVII e XVIII, de uma forma geral, dentro do chamado Antigo Sistema Colonial, onde as Américas eram colônias, sendo dominadas e exploradas pelas metrópoles europeias: Espanha, Portugal, França e Inglaterra. Assim, o Novo Mundo passou a ser fonte de abastecimento de sua economia. Para entender o pacto colonial é preciso entender a lógica do mercantilismo que foi a maneira com que a Coroa Portuguesa conseguiu maiores ganhos, atraindo para si a maior quantidade possível de metais preciosos, alcançando esse objetivo através de medidas protecionistas como a proibição da entrada de bens manufaturados estrangeiros, estimulando a exportação de manufaturas para alcançar uma balança comercial favorável e, assim, ter lucro. “O papel das colônias era contribuir para a autossuficiência da metrópole, transformando-se em áreas reservadas de cada potência colonizadora, na concorrência com as demais.”, segundo o historiador Boris Fausto em seu livro “História do Brasil”. (FAUSTO, 1996, p. 55) O Pacto Colonial consistia no “exclusivismo”, o que significava que a colônia só poderia comercializar com a sua metrópole ou para os mercadores que convinham a Portugal. Essa era uma medida para impedir que os navios estrangeiros comercializassem os produtos para vender e lucrar na Europa. Importante ressaltar também que a metrópole tinha reserva sobre o mercado brasileiro. Também era uma forma de impedir que produtos que a metrópole não produzia chegasse nas colônias. Ainda segundo o historiador Boris Fausto, “Em termos simplificados, buscava-se deprimir, até onde fosse possível, os preços pagos na colônia por seus produtos, para vendê-los com maior lucro na metrópole." (FAUSTO, 1996, p. 56) Assim, Portugal, a metrópole, conseguia obter grandes lucros. E esse “exclusivismo” tinha algumas formas como arrendamento, exploração direta pelo Estado e criação de companhias privilegiadas de comércio. É importante ressaltar que foi através deste aspecto que o Brasil se tornou totalmente refém e dependente da coroa portuguesa. Foi o exclusivismo o grande motivo para a transferência das riquezas do Brasil para Portugal. Os preços dos produtos poderiam ser impostos pelos mercadores portugueses, sendo o que eles achassem melhor, mas essa prática era evitada afim de não desestimular os colonos a continuarem produzindo já que haviam vindo de Portugal para tentar construir uma vida melhor, tornando-se ricos. O excedente econômico, uma parte pelo menos, era dividida para que os colonos reinvestissem na produção colonial e para sustentar seus luxos. Muito importante ressaltar que a produção na colônia era realizada pela mão de obra da população nativa, ou seja, dos indígenas, e, posteriormente, pelos escravos negros vindos da África. Como afirmado anteriormente, o Pacto Colonial foi uma prática que vigorou não só em Portugal e na Espanha, mas também na Inglaterra e suas colônias americanas. E foi um dos principais motivos de revoltas dos colonos que acabou levando ao processo de Independência dos Estados Unidos, assim como no caso português. Diversos produtos fizeram parte desse sistema de exploração como o pau-brasil, a cana- de-açúcar e minérios (ouro). O fim dessa relação ocorreu somente em 1808 com a vinda da família real para o Brasil, quando D. João assinou uma Carta Régia onde o Brasil deixava de comercializar somente com Portugal. 6) Como se organizou a administração do sistema colonial no Brasil? Resposta: O governo-geral foi um dos modelos de organização administrativa que os portugueses estabeleceram no Brasil durante o período colonial. Criado no ano de 1548, o governo- geral foi criado para substituir um outro modelo de organização administrativa anterior: o sistema de capitanias hereditárias. Essa substituição aconteceu porque o sistema de capitanias hereditárias não deu certo em terras brasileiras. Isso porque muitos portugueses que recebiam as capitanias não desejavam se mudar para o Brasil para tomar conta das terras recebidas. Além disso, aqueles que chegaram a se mudar para o Brasil, enfrentaram muitas dificuldades para conseguir lucrar com a capitania recebida da Coroa de Portugal. Como o sistema não deu muito certo, Portugal então passou a centralizar a administração da colônia criando o cargo de governador geral. Esse governador era, a partir daquele momento, a mais importante autoridade presente no Brasil e tinha a função de representar os interesses do rei de Portugal em terras brasileiras. Mesmo tendo grandes poderes, sabemos que o governador geral sozinho não daria conta de todas as responsabilidades e problemas que envolviam a organização do espaço colonial. Foi então que, para melhor cumprir suas atribuições, o Governador Geral contava com o auxílio de outros três auxiliares: o provedor-mor, o capitão-mor e o ouvidor-mor. O provedor-mor tinha a responsabilidade de garantir a arrecadação dos impostos em terras brasileiras e cuidar dos gastos que o governo geral tivesse na administração do território. O capitão-mor tinha a responsabilidade de organizar as tropas responsáveis pela defesa do litoral brasileiro contra as possíveis invasões estrangeiras e os ataques das comunidades indígenas presentes no Brasil. Já o ouvidor-mor exercia a função de juiz, aplicando as leis e resolvendo os conflitos existentes entre a população colonial. O governo-geral foi o modo de organização utilizado por Portugal durante todo o período colonial. Durante os séculos XVII e XVIII houve outras formas de divisão do território colonial que foram empregadas com o objetivo de facilitar o domínio das terras brasileiras. O Brasil chegou por um tempo a ser dividido em duas partes, sendo uma com capital na cidade de Salvador e outra com capital na cidade do Rio de Janeiro. Logo depois houve outra divisão que colocava a região do Grão-Pará com uma administração exclusiva. No século XVIII, a capital da colônia foi definitivamente transferida para o Rio de Janeiro. Essa decisão teve grande influência da descoberta de ouro nas regiões central e sudeste do Brasil. Portanto, a mudança do Rio deJaneiro foi adotada para facilitar a arrecadação e o controle dessa riqueza explorada por Portugal na época. O governo-geral acabou somente no ano de 1808, quando a Família Real Portuguesa chegou ao Brasil. Naquele momento, o Rio de Janeiro se transformou em capital não só do espaço colonial brasileiro, mas também do Império Português. Desse modo, a necessidade de um governador-geral para representar o rei de Portugal deixava de ser necessária para se controlar o território do Brasil. 7) Caracterize o ciclo do açúcar e o ciclo do ouro no Brasil. Resposta: 1 O Ciclo do Açúcar foi um período da história do Brasil Colonial compreendido entre meados do século XVI e meados do XVIII. Neste período, a produção de açúcar, voltada para a exportação, nos engenhos do Nordeste brasileiro foi a principal atividade econômica. O início do ciclo As primeiras mudas de cana-de-açúcar chegaram em território brasileiro pelas mãos de Martim Afonso de Souza. Sua expedição tinha a função de dar início à colonização do território brasileiro, ação desejada pela coroa portuguesa como forma de proteger o litoral do Brasil das invasões estrangeiras. Neste contexto, Martim Afonso de Souza deu início a produção de açúcar no Brasil em 1533, através da instalação do primeiro engenho da colônia, na cidade de São Vicente (localizada no atual litoral do estado de São Paulo). Principais características do período: - A economia do açúcar foi responsável pela consolidação da colonização, através da ocupação de parte da costa brasileira. - O engenho foi a principal unidade de produção de açúcar no Brasil Colonial. - Uso de mão de obra escrava, de origem africana, no plantio e colheita da cana-de- açúcar, assim como nas várias etapas de produção do açúcar. Os escravos, principalmente mulheres, também foram usadas na execução de atividades domésticas. - Prevalência das grandes propriedades rurais (latifúndios) no Nordeste brasileiro, com forte concentração de terra. - Sociedade patriarcal, com poderes político, econômico e social concentrados nas mãos dos senhores de engenho. - Sociedade estática e estratificada dividida em: Aristocracia rural (senhores de engenho); homens livres (comerciantes, artesãos, funcionários públicos, feitores, etc.) e escravos (maioria da população do período). - Tráfico negreiro como outra importante atividade lucrativa, principalmente para os comerciantes e coroa portuguesa. Crise do Ciclo do Açúcar A economia açucareira começou a entrar em crise na segunda metade do século XVII, com a expulsão dos holandeses do nordeste brasileiro. Empreendedores holandeses foram para a região das Antilhas produzir açúcar. Os holandeses se tornaram um forte concorrente, pois vendiam o açúcar mais barato na Europa, além de controlarem o transporte e comércio do produto. Desta forma, os holandeses conquistaram o mercado consumidor europeu, iniciando uma forte crise na economia açucareira no Brasil. A crise se acentuou ainda mais em meados do século XVIII, período em que a economia brasileira passou a se voltar para o ouro da região das Minas Gerais. A região Sudeste passou a atrair investimentos, a capital foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro e o Ciclo do Açúcar chegou ao fim. Curiosidades: - Os territórios dos atuais estados da Bahia e Pernambuco foram os locais de maior concentração de engenhos de açúcar no Brasil Colonial. Logo, foram as regiões que apresentaram maior produção e exportação do produto. - No começo do Ciclo do Açúcar (segunda metade do século XVI), muitos senhores de engenho utilizaram mão de obra indígena na produção açucareira. Porém, com forte oposição dos padres jesuítas, esta opção foi deixada de lado em favor da mão de obra escrava africana. - Ao contrário da atualidade, o açúcar do período colonial era caracterizado pela presença de muitas impurezas. Ele era consumido, principalmente, em formato de pequenos torrões. Era um produto muito desejado na Europa, porém, em função do seu alto preço, era consumido somente pelos membros da elite. 2 O Ciclo do Ouro: Descoberta das minas, crescimento urbano, mudança da capital, taxas e impostos, quinto e derrama, revoltas populares. No final do século XVII, as exportações de açúcar brasileiro (produzido nos engenhos do Nordeste) começaram a diminuir. Isto ocorreu, pois a Holanda havia começado a produzir este produto nas ilhas da América Central. Com preços mais baixos e boa qualidade, o mercado consumidor europeu passou a dar preferência para o açúcar holandês. Crise do açúcar e a descoberta das minas de ouro Esta crise no mercado de açúcar brasileiro, colocou Portugal numa situação de buscar novas fontes de renda, pois, como sabemos, os portugueses lucravam muito com taxas e impostos cobrados no Brasil. Foi neste contexto que os bandeirantes, no final do século XVII, começaram a encontrar minas de ouro em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Portugal viu nesta atividade uma nova fonte de renda. A descoberta de ouro no Brasil provocou uma verdadeira “corrida do ouro”, durante todo século XVIII (auge do ciclo do ouro). Brasileiros de todas as partes, e até mesmo portugueses, passaram a migrar para as regiões auríferas, buscando o enriquecimento rápido. Doce ilusão, pois a exploração de minas de ouro dependia de altos investimentos em mão-de-obra (escravos africanos), equipamentos e compra de terrenos. Somente os grandes proprietários rurais e grandes comerciantes conseguiram investir neste lucrativo mercado. Cobrança de impostos A coroa portuguesa lucrava com a cobrança de taxas e impostos. Quem encontrava ouro na colônia deveria pagar o quinto. Este imposto era cobrado nas Casas de Fundição (órgão do governo português), que derretia o ouro, transformava-o em barras (com o selo da coroa portuguesa) e retirava 20% (um quinto) para ser enviado para Portugal. Este era o procedimento legal e exigido pela coroa portuguesa, porém, muitos sonegavam mesmo correndo riscos de prisão ou outras punições mais sérias como, por exemplo, o degredo. Além do quinto, Portugal cobrava de cada região aurífera uma certa quantidade de ouro (aproximadamente 1000 kg anuais). Quando esta taxa não era paga, havia a execução da derrama. Neste caso, soldados entravam nas residências e retiravam os bens dos moradores até completar o valor devido. Esta cobrança gerou muita revolta entre a população. Mudança da capital Com a exploração do ouro, a região Sudeste desenvolveu-se muito, enquanto o Nordeste começou a entrar em crise. Neste contexto, a coroa portuguesa resolveu mudar a capital da colônia de Salvador para o Rio de Janeiro. Desta forma, pretendia deixar a capital próxima ao novo polo de desenvolvimento econômico. Desenvolvimento das cidades Nas regiões auríferas, várias cidades cresceram e muitas surgiram neste período. A vida nas cidades dinamizou-se, fazendo surgir novas profissões e aumentando as atividades comerciais, sociais e de trabalho. Teatros, escolas, igrejas e órgãos públicos foram criados nestas cidades. Vila Rica (atual Ouro Preto), Mariana, Tiradentes e São João Del Rei foram algumas das cidades que mais se desenvolveram nesta época. Revoltas As cobranças excessivas de impostos, as punições e a fiscalização da coroa portuguesa provocaram reações na população. Várias revoltas ocorreram neste período. Podemos citar a Revolta de Felipe de Santos, que era contrário ao funcionamento das Casas de Fundição. A própria Inconfidência Mineira (1789) surgiu da insatisfação com as atitudes da metrópole. Liderados por Tiradentes, os inconfidentes planejavam tornar o Brasil independente de Portugal,livrando o país do controle metropolitano. Apesar de ter sido sufocada, a Inconfidência Mineira tornou-se o símbolo da resistência brasileira. 8) Como se deu a decadência do sistema colonial. Resposta: Para que possamos entender a crise no sistema colonial, precisamos retroceder no tempo, mais especificamente, aos séculos XVII e XVIII, época em que ocorreram diversas revoluções, tanto na Europa, como na América do Norte, assim como uma série de movimentos nativistas foi realizada na colônia portuguesa. Nesse período, a Europa era marcada pela ascendência da burguesia ao poder, e vivia-se o Século das Luzes, o Iluminismo burguês – filosofia cultuada pelo racionalismo, que defendia a liberdade, a igualdade e a felicidade entre os homens, sendo assim, contrário ao Antigo Regime. Esse pensamento iluminista contribuiu para que houvesse a Revolução Industrial, a Revolução Americana e a Revolução Francesa. A Revolução Industrial ocorreu por volta de 1760, na Inglaterra, modificando totalmente as relações econômicas, de modo que, os industriais desejassem o fim das colônias, para que estas pudessem consumir os seus produtos, além de fornecerem matérias-primas baratas, dando início ao capitalismo industrial. Com a Revolução Americana no ano de 1770, as Treze Colônias inglesas tornam-se independentes, e após longa guerra de independência contra a Metrópole – Inglaterra –, os colonos ingleses, das colônias de povoamento, declaram independência no ano de 1776. Outra mudança política ocorrida foi a Revolução Francesa, em 1789, caracterizada pela ascensão da burguesia francesa ao poder, favorecendo definitivamente a quebra do antigo sistema colonial. Essas revoluções e principalmente a independência dos Estados Unidos da América, assim como, as ideias iluministas, foram fatores que repercutiram nas colônias portuguesas, e, devido aos abusos do fiscalismo português nas regiões auríferas – regiões que contém ouro – vários movimentos emancipacionistas foram realizados contra os colonos portugueses. Um dos principais movimentos emancipacionistas foi a Inconfidência Mineira, em 1789, e que, apesar de seu caráter idealista, foi a primeira rejeição ao sistema colonial português. Outros importantes movimentos emancipacionistas foram a Conjuração Baiana ou dos Alfaiates, em 1798; e a Conspiração dos Suassunas, em 1801. A crise no sistema colonial decorreu pelo surgimento de novas ideias e pelas transformações econômicas e sociais, além do próprio desenvolvimento das colônias – resultado do investimento e das explorações realizadas pelos colonizadores –, gerando na população colonial, o sentimento de emancipação. 9) Quais os principais fatores e impactos da Assembleia Constituinte de 1823. Resposta: A partir do momento que D. Pedro se convenceu de que a Independência do Brasil era fato irreversível, ainda como príncipe regente, fez uma convocação para uma Assembleia Constituinte, no dia 3 de junho de 1822. Essa assembleia não se solidificou de imediato, sendo que a sua prática só começou depois de proclamada a Independência. O objetivo maior da assembleia era elaborar uma constituição para o novo Estado soberano. A ideia de um projeto constituinte partiu de Antônio Carlos de Andrada e Silva. A partir dessa ideia ficou estabelecido que só teria direito ao voto quem possuísse uma renda anual equivalente a 150 alqueires de farinha de mandioca. A Constituição da Mandioca, como ficou conhecida, demonstrou o poder e o interesse da elite agrária, através do voto censitário, com base na quantidade de terra e na quantidade de mandioca plantada. Outra característica do projeto foi a manutenção do trabalho escravo e a atribuição dada ao governo de zelar pela mão de obra escravista. Nesse período, dois grupos disputavam o poder nesse período: o partido português e o partido brasileiro. O partido português reivindicava poderes absolutos para D. Pedro I; e o partido brasileiro queria a submissão do monarca ao parlamento. José Bonifácio, ministro do Império, tentou conciliar o interesse dos dois partidos. A divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário constou no projeto da constituição, que determinou o predomínio do poder legislativo sobre o executivo, ou seja, buscava o fortalecimento da representação nacional na tentativa de limitar o poder do Imperador. Isso contrariou profundamente as pretensões absolutistas e centralizadoras de D. Pedro I. O próprio prestígio de José Bonifácio foi de encontro aos interesses pessoais de D. Pedro I. Baseado nesse choque de interesses, o monarca demitiu o ministro e deu um golpe no dia 12 de novembro de 1823, apoiado pelos militares, dissociando a Assembleia Constituinte. Esse acontecimento ficou conhecido na história do Brasil como a Noite da Agonia. Dessa forma, podemos observar que a primeira constituição brasileira não nasceu de uma Assembleia Constituinte e sim dos interesses pessoais de um rei. O início da vida política do Brasil como Nação independente foi tortuoso. 10) Quais as consequências da invasão da Península Ibérica por Napoleão Bonaparte? Resposta: Napoleão e o Império – Napoleão chegou ao poder através do golpe de 18 Brumário, em 1799, que pôs fim à Revolução Francesa ao dissolver o Diretório. A partir disso, foi concentrando o poder em suas mãos até que, em 1804, proclamou-se imperador da França. O Bloqueio Continental – Com a Revolução Francesa havia se iniciado uma longa luta entre a França revolucionária e os países absolutistas que se sentiam ameaçados pelo seu exemplo. Com a ascensão de Napoleão, essa luta ganhou um novo impulso. Em 1805, Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia uniram-se pela terceira vez contra a França, coligação que Napoleão desfez com relativa facilidade, mas não conseguiu vencer a Inglaterra. Esta, graças à sua posição insular e sua poderosa marinha, manteve-se intocável. Para fazer face ao poderio britânico, Napoleão decretou o Bloqueio Continental em 1806, fechando o continente europeu à Inglaterra. Ele procurou, assim, criar toda sorte de dificuldades econômicas, a fim de desorganizar a economia inglesa. Todavia, o bloqueio contrariava também os poderosos interesses econômicos do continente e, logo de início, encontrou fortes oposições. Outra fragilidade do bloqueio encontrava-se no fraco desempenho das indústrias francesas, incapazes de ocupar o grande vazio deixado pelo súbito corte do fornecimento britânico. Além disso, os produtos coloniais, cuja distribuição era controlada pela Inglaterra, teriam de encontrar substitutos adequados. Portugal e o bloqueio – A economia portuguesa havia muito se encontrava subordinada à inglesa. Daí a relutância de Portugal em aderir incondicionalmente ao bloqueio. Napoleão resolveu o impasse ordenando a invasão do pequeno reino ibérico. Sem chances de resistir ao ataque, a família real transferiu-se para o Brasil em 1808, sob proteção inglesa. Começou então, no Brasil, o processo que iria desembocar, finalmente, na sua emancipação política. A Transferência da Corte para o Brasil O duplo aspecto das guerras napoleônicas – As guerras napoleônicas (1805-1815) apresentaram dois aspectos importantes: de um lado, a luta contra as nações absolutistas do continente europeu e, de outro, contra a Inglaterra, por força das disputas econômicas entre essas duas nações burguesas. As principais nações continentais - Áustria, Prússia e Rússia - foram subjugadas por Napoleão a partir de 1806, em razão da sua imbatível força terrestre. Entretanto, foi no confronto com a Inglaterra que as dificuldades tomaram forma, paulatinamente, até asfixiarem por completo as iniciativasnapoleônicas. Em 1806, apesar de o domínio continental estar aparentemente assegurado, a Inglaterra resistiu a Napoleão, favorecida pela sua posição insular e sua supremacia naval, sobretudo depois da batalha de Trafalgar (1805), em que a França foi privada de sua marinha de guerra. Strangford e a política britânica para Portugal – Sem poder responder negativa ou positivamente ao ultimatum francês por ocasião do Bloqueio Continental, a situação de Portugal refletia com toda a clareza a impossibilidade de manter o status quo *. Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe opor resistência, e também sem poder prescindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava hesitante. Qualquer opção significaria, no mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou do que dele ainda restava. A própria soberania de Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse possível vislumbrar uma solução aceitável. Nesse contexto, destacou-se o papel desempenhado por Strangford, que, como representante diplomático inglês, soube impor, sem vacilação, o ponto de vista da Coroa britânica. Para a Corte de Lisboa colocou-se a seguinte situação: permanecer em Portugal e sucumbir ao domínio napoleônico ou retirar-se para o Brasil. Esta última foi a solução defendida pela Inglaterra. A fuga da Corte para o Brasil – Indeciso, o príncipe regente D. João adiou o quanto pôde a solução, pois qualquer alternativa era danosa à monarquia. Afinal, a iminente invasão francesa tornou inadiável o desfecho. A fuga da Corte para o Rio de janeiro, decidida na última hora, trouxe, não obstante, importantes consequências para o Brasil: a abertura dos portos brasileiros a outras nações amigas (curiosamente essa não era a Inglaterra), a assinatura de acordos comerciais favoráveis aos ingleses e a instalação da Imprensa Régia. Desse modo, chegando ao Brasil, D. João estabeleceu a Corte no Rio de janeiro e, em 1808, decretou a abertura dos portos, pondo fim, na prática, ao exclusivo metropolitano que até então restringia drasticamente o comércio do Brasil. A Penetração Britânica no Brasil Breve histórico – Desde a sua formação, Portugal esteve sob permanente ameaça de anexação por parte da Espanha, finalmente concretizada com a União Ibérica em 1580. A consequência imediata dessa união foi, como vimos, a ocupação holandesa a partir de 1630. Motivado por tais experiências, Portugal adotou sempre uma cautelosa política de neutralidade e buscou apoio, quando necessário, na Inglaterra. Logo após a Restauração (1640), Portugal foi obrigado a fazer concessões comerciais aos ingleses em troca de apoio contra a Espanha e a Holanda. Os tratados de 1641, 1654 e 1661, com a Inglaterra, foram produtos dessa concessão que, afinal, acabou resultando na crescente dependência de Portugal. Através desses tratados foi aberto à burguesia inglesa o mercado colonial português, na condição de nação mais favorecida. O mais importante tratado, pelo seu caráter lesivo a Portugal, foi o de Methuen, assinado em 1703, em pleno início da mineração no Brasil. O tratado possuía apenas dois artigos: Artigo 1 °. Sua Sagrada Majestade El Rei de Portugal promete, tanto em seu próprio Nome, como no de Seus Sucessores, admitir para sempre de aqui em diante, no Reino de Portugal, os panos de lã e mais fábricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até o tempo em que foram proibidas pelas leis, não obstante qualquer condição em contrário. Artigo 2º. - E estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Britânica, em Seu Próprio Nome, e no de Seus Sucessores, será obrigada para sempre, de aqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja paz ou guerra entre os Reinos de Inglaterra e de França) não se poderá exigir direitos de Alfândega nestes vinhos, ou debaixo de qualquer outro título direta ou indiretamente, ou sejam transportados para Inglaterra em pipas, tonéis ou qualquer outra vasilha que seja, mais que o que se costuma pedir para igual quantidade ou medida de vinho de França, diminuindo ou abatendo terça parte do direito de costume. O Tratado de Methuen estipulou, em síntese, a compra do vinho português em troca de tecidos ingleses. Esse acordo bastante simples foi, entretanto, altamente nocivo para Portugal porque, em primeiro lugar, importava-se mais tecido do que se exportava vinho, tanto em termos de quantidade como em valor; em segundo, as manufaturas portuguesas foram eliminadas pela concorrência inglesa. Por último, dado o desequilíbrio do comércio com a Inglaterra, a diferença foi paga pelo ouro brasileiro. Desse modo, o Tratado de Methuen abriu um importante canal para a transferência da riqueza produzida no Brasil para a Inglaterra. Os tratados de 1810 – Com tempo, a dependência de Portugal se aprofundou e essa foi a razão por que D. João finalmente se submeteu às exigências inglesas e se transferiu para o Brasil. Em 1810, quando a Corte já se encontrava no Rio de Janeiro, a Inglaterra fez D. João assinar três tratados que a favorecia. Um deles era o de Amizade e Aliança o outro de Comércio e Navegação e um último que veio regulamentar as relações postais entre os dois reinos. Do conjunto dos dispositivos, destacavam-se alguns artigos que feriam frontalmente os interesses econômicos de Portugal e do Brasil, além da humilhação política que outros itens impuseram à soberania lusitana. Em um artigo do segundo tratado, por exemplo, a Inglaterra exigiu o direito de extra- territorialidade. Isso significava que os súditos ingleses radicados em domínios portugueses não se submeteriam às leis portuguesas. Assim; esses súditos elegeriam seus próprios juízes, que os julgariam segundo as leis inglesas. E os portugueses residentes em domínios britânicos gozariam dos mesmos direitos? Não. O príncipe regente aceitou, resignadamente, a "reconhecida equidade da jurisprudência britânica" e a "singular excelência da sua Constituição”. Inversamente, pode-se dizer que a Inglaterra não reconheceu nenhuma equidade na jurisprudência lusitana...
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