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Redes de Computadores Prof. M.Sc Fabiano Costa Teixeira U N I D A D E 1 1 Introdução às Redes de Computadores 1.1 Considerações Iniciais Nos primórdios da computação era satisfatório que o computador fosse capaz apenas de realizar o simples processamento de dados e executar cálculos matemáticos. Com o passar dos anos a possibilidade de realizar a troca de dados entre computadores remotos aumentou de forma significativa a utilidade desse equipamento na sociedade moderna. Em regiões mais desenvolvidas é bastante “estranho” quando encontra-se, em um residência, por exemplo, um computador pessoal sem acesso à internet. Quando isso ocorre, rapidamente surge a pergunta: “Para que finalidade utilizam esse computador”. O fascínio e as facilidades encontradas quando se faz uso de uma rede mundial de computadores (Internet) foram tão grandes que a evolução dos meios de comunicação se deu (e continua acontecendo) de uma forma muito rápida. Novas tecnologias são apresentadas com o objetivo de prover acesso cada vez mais rápido e com preços cada vez mais acessíveis. Há dez anos atrás, na maioria das residências, o acesso era realizado por meio da linha telefônica “discada”, a qual permanecia “ocupada” enquanto a Internet era acessada. Atualmente, inúmeras tecnologias são facilmente adquiridas como, por exemplo, ADSL (comercialmente mais conhecida como Velox em Minas Gerais e Speed no estado de São Paulo), 3G, Cabo, entre outras. Além da evolução das formas de acesso à Internet, um número bastante grande de aplicações tem sido propostas frequentemente. Entre elas é possível destacar: serviços bancários, troca de arquivos entre usuários, comunicação instantânea via texto ou voz (MSN e Skype, por exemplo), Web, etc. Nessa unidade de ensino serão abordados os conceitos básicos elementares das redes de computadores. É bastante importante que os conceitos básicos sejam bem assimilados porque nas unidades futuras esses conceitos são de extrema importância ao leitor. Partes dessa unidade foram retiradas do material gentilmente cedido pelo Prof. Dr. Iran Calixto Abrão. Muito obrigado! 1.2 Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos É bastante comum entre os estudantes a confusão entre Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos. Embora sejam bastante relacionadas entre si, essas duas áreas são distintas. A área de Redes de Computadores tem a função de realizar pesquisas e estudos quanto à comunicação de dados entre computadores geograficamente separados. Ela determina como os dados devem ser transmitidos e recebidos, sem a responsabilidade de dar uma aplicação final a eles. Um Sistema Distribuído é um sistema computacional que por meio da utilização de uma Rede de Computadores implementa uma aplicação para esse ambiente. De forma análoga, um sistema distribuído está para uma rede de computadores assim como um metrô está para os trilhos. O primeiro faz uso do segundo para realizar sua função. 1.3 A evolução das redes de computadores (Material cedido pelo Prof. Dr. Iran Calixto Abrão) A necessidade de conectar um computador com outro nasceu a partir do momento que as organizações (universidades, centros de pesquisa, governo e empresas privadas) passaram a ter mais de um computador. Este fato gerou a necessidade das informações contidas num computador poderem ser utilizadas em outro e também no problema da inconsistência de dados. É possível, de forma simplificada, estabelecer assim uma evolução das redes de computadores: - Década de 50: Processamento em batch: sem interação usuário - computador. - Década de 60: Time sharing (tempo compartilhado), era composto por terminais de comunicação ligados a mainframes e tinha as seguintes características: tempo de resposta alto, pouca liberdade de configuração do sistema e baixa confiabilidade. - Década de 70: Surgem os Microcomputadores e com eles tempos: redução de custos e das exigências de temperatura, descentralização da gerência, individualização de configuração e melhor tempo de resposta. - Década de 80: Começa a se popularizar a Arquitetura Cliente/Servidor possibilitando uma maior distribuição e maior compartilhamento de recursos. Origem dos microcomputadores. Crescimento de redes locais. Final da década: declínio dos mainframes - Década de 90: Importantes serviços são criados para as redes de computadores: www, html, Berners Lee – HTTP –Netscape. Substituição dos mainframes por plataformas menores com redes locais para sua interligação. Crescimento da Internet, que saiu do meio acadêmico para uso comercial. Aplicações multimídia: imagem, áudio e vídeo. Crescimento da telefonia celular. Redes ATM (comutação de células) e Frame-Relay. Serviços com maior velocidade de acesso à Internet - Década Atual: Milhões de computadores ligados à internet. Conexão internet via Banda Larga. Redes wireless - Computação móvel. Redes industriais (equipamentos). RFID. WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access) – 50km 1.4 Notações Básica Uma rede de computadores é formada por diversos segmentos que, de forma conjunta constituem a rede como um todo, conforme ilustrado na figura 1. É como se a rede fosse a malha rodoviária de um país e os segmentos as diferentes rodovias (BRs, MGs, SPs, etc) existentes. Nas extremidades da rede e nas conexões entre os segmentos são encontrados os nós. Quando consideradas as conexões entre segmentos é possível citar que equipamentos como roteadores, por exemplo, atuam no papel de nós. Considerando as extremidades da rede, os nós podem ser os computadores, dispositivos móveis, etc. Os nós podem ter dois tipos de endereçamento: físico e lógico. Em muitos casos o endereçamento físico é atribuído ao equipamento pelo fabricante, sendo não recomendada sua alteração por meio de ferramentas “auxiliares”. Esse endereço deve ser exclusivo para esse Ilustração 1: Exemplos de segmentos e nós de uma rede de computadores equipamento, como se fosse seu DNA. O endereçamento lógico é, na maioria das vezes, atribuído pelo profissional que realiza a configuração do equipamento em algum segmento de rede. O administrador tem liberdade para escolher e alterar esse endereço a qualquer momento. Uma vez que um mesmo equipamento pode possuir os dois tipos de endereço, existe uma associação entre esses endereços. É realizado um mapeamento onde um endereço físico pode estar associado a n endereços lógicos. No entanto, um endereço lógico pode estar associado a um e somente um endereço físico. Se uma análise rápida for realizada é possível verificar a lógica do mapeamento entre endereço físico e endereço lógico. Imagine no caso dos seres humanos: a impressão digital é a identificação física de cada um. Cada ser humano pode ter várias identificações lógicas como, por exemplo, número do RG, passaporte, carteira de reservista, entre outros. Dessa forma, uma mesma impressão digital (identificação física) pode ser figurada em muitos documentos (identificação lógica). No entanto, um documento pode possuir apenas uma impressão digital, o que conduz sempre a mesma pessoa. Uma rede de computadores é formada por um conjunto de segmentos e de nós. Logicamente, para isso, é preciso um número mínimo de dois nós. Como na grande maioria dos casos de comunicação, essa atividade necessita da adoção de regras e padrões. Um exemplo da necessidade de regras e padrões em um processo de comunicação é a utilização de rádios da comunicação entre duas pessoas. Se Joãoe Maria estão separados geograficamente, é preciso organizar o diálogo para que ambos não falem ao mesmo tempo tornando a conversa incompreensível. Dessa forma, adota-se a palavra “câmbio”. Quando João está falando Maria aguarda até que ele diga “câmbio”, o que significa que ela terminou sua fala. A partir desse ponto Maria pode falar até que ela também pronuncie “cambio”, voltando a palavra para o João. Esse conjunto de regras que permite a comunicação é denominado protocolo. Em uma rede de computadores os protocolos são fundamentais. Os computadores se comunicam por meio da troca de sinais físicos, sejam eles elétricos, óticos, eletromagnéticos, entre outros. É preciso que haja regras que são seguidas de maneira rigorosa pelo emissor e pelo receptor dos dados para que a comunicação possa ser estabelecida. Em função da arquitetura da rede de computadores adotada o protocolo de comunicação necessita ser mais ou menos complexo. Utilizando como exemplo o endereçamento de uma mensagem é possível verificar a variação da funcionalidade do protocolo em função da complexidade da rede. Considere uma arquitetura qualquer de rede que admita a existência de somente dois nós, A e B. Quando um nó A enviar uma mensagem pelo meio físico essa não precisa ser endereçada para o outro nó, pois é lógico que o destinatário da mensagem é B. No entanto, em uma arquitetura onde possam ser admitidos, por exemplo, três nós (A, B e C) se o nó A enviar a mesma mensagem do exemplo anterior não é possível que os demais nós determinem se essa mensagem é para eles ou não. Isso torna necessário que o protocolo seja estendido para que ele considere na mensagem os endereços de origem e destino das mensagem. 1.5 Modelo OSI O processo de transmissão de dados entre duas aplicações não é trivial. Muito pelo contrário! Quando uma mensagem é trocada entre dois usuários do MSN ou Skype um número bastante grande de processos e tratamentos de dados foram empregados. É preciso que o desenvolvimento de uma aplicação que será executada sobre uma rede de computadores seja o menos complexo possível. Caso contrário, o custo de desenvolvimento torna- se muito alto tornando muitos projetos inviáveis por questões financeiras e de tempo. Quando um problema complexo necessita ser resolvido uma das estratégias mais utilizadas é a divisão deste problema em partes menores. Como analogia é possível pensar na construção de um automóvel: é um processo bastante complexo construir um carro completo, pois envolve conhecimentos de física, mecânica, eletrônica, entre muitos outros. Por isso, o automóvel não é construído de uma única vez. O processo de fabricação é dividido em etapas, o que permite que profissionais sejam especializados e empregados em cada uma delas, tornando o processo mais rápido e de maior qualidade. Nesse exemplo, um processo, teoricamente, não interfere diretamente nos demais, pois ele recebe um produto da fase anterior de produção em um estado qualquer, realiza suas funções e o envia para a fase seguinte. Caso seja idealizada uma nova forma de realizar uma determinada fase, essa pode ser substituída ou remodelada sem a necessidade de ajuste nas demais. O modelo OSI (Open System Interconnect) é um modelo teórico que propõe a organização do processo de comunicação entre duas aplicações. Essa organização divide o processo em 7 (sete) etapas diferentes. No entanto, nesse contexto as etapas são denominadas de camadas e organizadas em de forma vertical, conforme ilustrado pela figura 2. As camadas se relacionam em um formato parecido com um modelo de “prestação de serviços”. Uma camada realiza sua parte da tarefa e solicita à seguinte a realização da próxima parte. As camadas física e de enlace constituem a rede física ao passo que as demais formam a rede lógica. Um pouco adiante são apresentados os papeis de cada uma das camadas. Em uma comunicação dois processos são encontrados: o processo de envio e o processo de recepção dos dados. As etapas dos processos devem ser as mesmas em ambos os nós, no entanto a ordem é invertida. O fato da ordem ser invertida é bastante óbvio, pois a tarefa de receber algo é inversa à tarefa de enviar. 1.5.1 Seqüência de Encapsulamento O término do processamento de cada camada resulta em uma mensagem que é dividida em duas partes: cabeçalho e dados, sendo que o cabeçalho possui informações quanto ao processamento dos dados. Conforme ilustrado pela figura 3, as camadas de um mesmo nível operam de forma conjunta no emissor e no receptor. Todas as informações necessárias para o tratamento de um conjunto de dados por uma camada de nível i no receptor são preparadas pela camada de nível i no emissor. Sendo assim, o cabeçalho inserido pelo emissor na camada i informa à camada i do receptor como deve ser realizado o processamento da mensagem recebida. Ilustração 2: Camadas do modelo OSI Como dito anteriormente, a interação entre as camadas funciona como um modelo de prestação de serviços. Quando uma camada termina sua tarefa ela solicita à seguinte o processamento dos dados gerados. A mensagem (cabeçalho + dados) de saída de uma camada compõe os dados de entrada da próxima. Uma vez que a próxima camada também precisa inserir informações para tratamento dos dados pelo receptor, essa mensagem recebida como entrada é inserida como dados da camada atual e um novo cabeçalho é inserido. Esse processo é denominado de sequência de encapsulamento. A figura 4 ilustra uma sequência de encapsulamento, onde: AH = Application Header, PH = Presentation Header, SH = Session Header, TH = Transport Header, NH = Network Header, LH = Link Header, LT = Link Trailer. Ilustração 3: Relacionamento entre as camadas De maneira a simplificar o entendimento das camadas e da sequência de encapsulamento, é possível realizar uma analogia com o processo de envio de uma correspondência. Considere que em duas empresas E1 e E2 os cargos dos funcionários são relativos ao conceito de camadas citado anteriormente. O presidente da empresa E1 deseja enviar uma correspondência para o presidente da E2. Como é de se esperar, ele não realizará todo esse processo, mas sim aquela parte que cabe a ele: a escrita da carta. Após isso, ele pede para a “próxima camada”, que nesse caso é sua secretária, para que ela envie essa mensagem. A secretária recebe somente o documento escrito pelo presidente, agora ela realiza sua parte do processamento que é inserir o documento (dados) dentro de um envelope e endereçá-la (cabeçalho) à secretária do presidente da empresa E2. Ao terminar esse processo a secretária solicita o envio da correspondência à próxima camada que será o serviço de malotes entre as empresas. Esse serviço recebe a carta (que nesse ponto passa a ser dados novamente) e a insere em um malote, com endereço (cabeçalho) da empresa E2. O processo de recepção ocorrerá na ordem inversa. Primeiro é aberto o malote, de onde é retirada a carta. A carta é entregue à secretária do presidente da empresa destino (repare que quem preparou a carta na origem foi a secretária do presidente da empresa origem, seguindo a regra de que os dados preparados por uma camada no emissor devem ser processados pela camada correspondente no receptor). Essa secretária abre a carta e entrega o documento para o presidente. Ilustração 4: Sequência de encapsulamentos Nesse caso, o ato de inserir o documento dentro de uma carta e essa dentro de um malote ilustra a seqüência de encapsulamentos. É simples perceber que ao recebimento deverá ocorrer na ordem inversa,pois o último envolucro fechado deverá ser o primeiro a ser aberto. É de forma semelhante que ocorre em um modelo de camadas de uma rede de computadores. A animação “Sequência de Encapsulamentos” ilustra o conceito envolvido na sequência de encapsulamentos. 1.5.2 Camada Física Essa camada tem a função de realizar a transmissão de sinais por meio de algum meio físico (elétrico, ótico, eletromagnético, etc). Nessa camada são encontrados os sinais propriamente ditos (tensão elétrica, corrente, ondas eletromagnéticas, feixes de luz, sinais de áudio, etc), cabos, conectores, entre outros. 1.5.3 Camada de Enlace A camada de enlace realiza a comunicação entre dois nós adjacentes (dois nós ligados diretamente por algum meio físico). Ela organiza os dados a serem enviados em frames (quadros) que são representados por meio dos sinais encontrados na camada física e transmitidos. O frame é uma estrutura de dados que pode possuir cabeçalho, dados e um rodapé. Nessa camada é possível realizar o endereçamento físico de um nó. Dessa forma, uma das informações que o cabeçalho pode conter é o endereço físico do nó que deverá receber o frame enviado. Os recursos encontrados nessa camada dependem da implementação empregada pela tecnologia. Como exemplo, é possível que um mecanismo de garantia de entrega seja implementado. Para isso, bastaria um protocolo simples de confirmação de recebimento, onde o emissor enviaria um frame e aguardaria que o receptor enviasse uma notificação (ack) de recebimento. Caso esse ack não fosse recebido dentro de um tempo t qualquer, o frame seria transmitido novamente. A implementação da camada de enlace pode ser realizada em função da camada física que será utilizada. Esse exemplo de garantia de entrega de frames seria bastante viável em um ambiente sem-fio, onde as interferências podem gerar um número alto de perdas de dados. No entanto, em um ambiente cabeado, onde a taxa de perda de pacotes é pequena, a utilização desse mecanismo tornaria a tecnologia mais cara e lenta (pois dados de confirmação ocupam o meio físico) sem uma necessidade relevante. 1.5.4 Camada de Rede Foi visto que a camada de enlace tem a função de realizar a transmissão entre dois nós adjacentes (ligados diretamente um ao outro). Se existissem apenas redes com dois computadores ligados diretamente um ao outro, a camada de enlace seria suficiente. No entanto, em uma rede de computadores normalmente os nós que se comunicam não estão ligados diretamente entre si, necessitando vários enlaces entre a origem e o destino. Como exemplo (ilustrado pela figura 5) , pode-se citar o acesso de um usuário a um site da web: • o usuário (u) possui um link com algum roteador (r1) do provedor de serviços (1º enlace). • o roteador (r1) do provedor está conectado ao roteador (r2) da companhia telefônica (2º enlace). • o roteador da companhia (r2) telefônica está ligado ao roteador (r3) da empresa que hospeda a página web visitada (3º enlace) • o roteador (r3) da empresa está ligado ao servidor Web (s) que hospeda a página (4º enlace) Nesse exemplo, para que o dado saia da estação do usuário e chegue ao servidor web são necessários 4 enlaces. A camada de enlace se responsabiliza pela comunicação entre u e r1, r1 e r2, r2 e r3 e, finalmente, entre r3 e s. No entanto, ela não se responsabiliza pela comunicação entre a origem (u) e o destino (s). A camada de rede (onde o endereço lógico do nó é definido) tem a função de determinar como os pacotes de dados são roteados entre a origem e o destino. Para isso, ela realiza a coordenação da camada de enlace para que o pacote seja conduzido da origem ou destino. Voltando ao exemplo anterior, a camada de rede de u solicita à camada de enlace o envio dos Ilustração 5: Exemplo de rede com 4 enlaces dados para r1. Ao chegar em r1 a camada de rede desse nó pede que a camada de enlace envie um frame contendo os dados para r2 e isso vai acontecendo sucessivamente até que o dado chegue em s. É interessante notar que a camada de enlace não teve ciência de que o dado estava sendo transmitido entre u e s. Ela apenas seguiu as ordem da camada de rede, a qual possui essa ciência. 1.5.5 Camada de Transporte A camada de transporte apresenta uma abstração de interface de comunicação direta entre o emissor e o receptor das mensagens. Ela recebe, da camada superior, a mensagem a ser enviada e solicita à camada de rede sua transmissão, realizando os tratamentos necessários como, por exemplo, dividir uma mensagem grande em partes menores que possam ser enviados, entre outros. Um mesmo nó com um mesmo endereço lógico pode possuir diversas aplicações sendo executadas concorrentemente. Dessa forma, na camada de rede todos os pacotes são destinados ao mesmo endereço IP. No entanto, é preciso uma forma para determinar para qual aplicação uma mensagem deve ser enviada. Esse é um dos papéis da camada de transporte: a multiplexação de portas. A multiplexação de portas ocorre na camada de transporte e permite que cada aplicação seja relacionada a uma porta. Dessa forma, a mensagem é endereçada para um nó por meio do endereço de rede e para a aplicação por meio da porta. É como se fossem números de apartamentos de um determinado prédio. Todas as cartas para os moradores são endereçadas para a mesma rua e número (endereço lógico), no entanto os moradores são identificados pelo número do apartamento (porta). A camada de rede, conforme citado anteriormente, tem a função de conduzir os pacotes entre a origem e o destino. No entanto, ela não garante que os dados sejam entregues corretamente e na ordem que foram enviados. Se algum pacote for perdido ou atrasado a camada de rede não toma nenhuma ação de retransmissão ou ordenação. As tarefas de garantia e ordem de entrega de dados são, quando necessárias, tarefas da camada de transporte. Para garantia de entrega ela utiliza o conceito de mensagens de confirmação (acks): uma mensagem é enviada pelo emissor que aguarda um tempo t pela recepção da confirmação, caso o tempo expire a mensagem é retransmitida. Um detalhe importante a ser observado é o propósito de cada camada. Na camada de enlace foi dito a respeito de implementar a garantia de entrega nesse nível, o que é possível. Caso isso seja feito, ainda é preciso implementar tal garantia na camada de transporte? A resposta é sim. Considerando a arquitetura de rede apresentada na figura 5, o usuário (u) deseja enviar um dado para o servidor web (s). Conforme visto anteriormente, para essa comunicação são necessários 4 enlaces. Dessa forma, se a garantia fosse implementada somente na camada de enlace (relembrando: a camada de enlace é responsável apenas pela comunicação entre dois nós adjacentes) quando a camada de enlace do usuário (u) enviasse o frame para r1 seria armazenada uma cópia desse frame até que um “ack” confirmando a recepção do frame fosse enviado por r1 para u. Nesse momento u descartaria seu frame. O roteador r1, ao enviar o frame para r2, procederia da mesma forma. No entanto, r2 poderia receber o frame corretamente, enviar o “ack” para r1 (que nesse caso consideraria que a transmissão nesse enlace foi realizada com sucesso) e antes de encaminhar para r3 ser desligado ou entrar em pane. Nesse caso, o r3 não receberia nenhum dado e r1 não reenviaria. Uma vez que a camada de transporte se preocupa com a transmissão “fim-a-fim” do dados, quando a camada de transporte do usuário (u) solicitar a transmissão uma cópia da mensagem seria armazenada e aguardaria uma confirmaçãoda camada de transporte do servidor web (s). Se após um tempo t qualquer essa confirmação (ack) não chegasse seria realizada uma retransmissão da mensagem. No caso do exemplo citado, caso o roteador r2 interrompesse a transmissão o servidor web (s) não receberia a mensagem. Isso significa que ocorreria um “time-out” na camada de transporte de r1 e uma retransmissão seria realizada utilizando um caminho alternativo a r2 ou o mesmo caminho caso esse fosse restabelecido. Recomenda-se verificar a animação “Tratamento de Erros” que demonstra esse cenário. 1.5.6 Camada de Sessão Em uma comunicação entre dois nós remotos é necessária a existência de controle. Em muitos casos é impossível que mensagens sejam trafegadas em sentidos contrários ao mesmo tempo, entre outros requisitos. A camada de sessão estabelece um intervalo de tempo que compreende entre uma conexão e uma liberação da comunicação entre dois nós. Durante esse intervalo de tempo é realizado um controle para realizar o revezamento na transmissão, gerenciamento de transmissões de grandes volumes de dados (para caso a transmissão seja interrompida ela possa recomeçar do último ponto consistente), entre outros. 1.5.7 Camada de Apresentação Computadores remotos podem possuir arquiteturas remotas e, por conseqüência, diferentes formas de representação de dados. Em uma comunicação é importante que ambos os participantes falem a mesma “língua”. A camada de apresentação tem a função de receber os dados da aplicação e apresentá-los às camadas inferiores utilizando um padrão único. Dessa forma, ela converte os dados para uma representação pré-estabelecida que é comum a todos os participantes da comunicação. Além disso, outras atribuições podem ser especificadas para essa camada. Entre elas podem ser citadas a criptografia e compactação de dados. 1.5.8 Camada de Aplicação A camada de aplicação é aquela que todos os usuários de uma rede de computadores estão mais habituados. Nessa camada estão localizadas as aplicações que fazem uso da infra-estrutura de redes para prover um serviço qualquer ao usuário. Entre essas aplicações destacam-se os navegadores web, os aplicativos de mensagens instantâneas (MSN, Skype, etc), transferência de arquivos, etc. É importante verificar que o modelo de camadas deve prover ao desenvolvedor das aplicações uma máxima transparência quanto aos requisitos encontrados nas camadas inferiores. Por isso, a aplicação quando necessita enviar ou receber dados pela rede realiza a solicitação de serviços junto à camada inferior. 1.6 Modelo TCP/IP Enquanto OSI é um modelo teórico de referência, o TCP/IP é um modelo real implementado que é amplamente utilizado nos dias de hoje. O nome desse modelo foi definido em função dos principais protocolos utilizados: TCP e IP nas camadas de transporte e rede, respectivamente. Uma vez lembrada a ordem das camadas, nota-se claramente que é possível ler esse nome como TCP sobre IP, visto que a camada de transporte aparece acima da camada de rede. Nesse modelo, conforme ilustrado pela figura 6, são encontradas 4 camadas. A camada de interface abriga as funções encontradas nas camadas física e de enlace do modelo OSI (alguns autores adotam 5 camadas, permanecendo as camadas física e de enlace individualmente) ao passo que as camadas de rede e de transporte permanecem de maneira parecida. No entanto, as camadas de sessão e apresentação do modelo OSI desaparecem no modelo TCP/IP, sendo suas funcionalidades implementados nas demais camadas. É importante ressaltar que nesse mesmo modelo um outro protocolo de transporte pode ser utilizado: o UDP. Os detalhes sobre esses protocolos serão abordados posteriormente. As próximas unidades desse curso são organizadas em função das camadas do modelo TCP/ IP. No entanto, para maior facilidade de compreensão do conteúdo, as camadas física e de enlace serão tratadas separadamente. 1.7 Classificação das redes de computadores (Material cedido pelo Prof. Dr. Iran Calixto Abrão) Existem algumas divergências entre os principais autores e teóricos da área sobre os limites para se classificar uma rede que pertence à categoria A ou a B. Estas divergências ocorrem principalmente quando discutem-se a distância física e velocidade. Sendo assim, consider-se importante que vocês se atenham às categorias nas suas características principais e não ao preciosismo numéricos. São elas: • Redes Locais • Local Area Networks - LANs • Distância entre os processadores: 1 m a poucos km. • Taxa de erros: baixa • São normalmente de propriedade privada. • Exemplos de tecnologias empregadas : Ethernet, Token Ring e ATM (Asynchronous Transfer Mode). • Metropolitan Area Networks – MANs. • Distância entre os processadores: 10 Km (cidade). • Taxa de erros (baixa). • Transportam voz. • Estão se confundindo com as LANs. • Exemplos de tecnologias empregadas: X.25, Frame Relay e ATM. Ilustração 6: Organização em camadas do modelo TCP/IP • Redes Geograficamente Distribuídas – Wide Area Networks WANs. • Distância entre os processadores: sem limite. • Taxa de erros: maior do que nas LANs • Transportam voz. • Exemplos de tecnologias empregadas: X.25, Frame Relay e ATM. • Redes pessoais: Personal Area Networks - PANs • Alcance muito pequeno. • Sem-fio (wireless), com taxas não muito altas. • Visava substituir os cabos de interligação. • Outras aplicações: Sincronização de PDAs, fones. • Exemplos: redes Bluetooth. 1.8 Topologias de redes de computadores (Material cedido pelo Prof. Dr. Iran Calixto Abrão) As redes são organizadas fisicamente conforme critérios de aplicação, financeiro e tecnológico. Esta organização deveria sempre ser bem planejada desde o projeto inicial da rede, pois muitos problemas que ocorrerem com uma rede de computadores é fruto da topologia adotada. O termo topologia de rede faz referência a um arranjo topológico interligando os vários módulos processadores através de enlaces físicos (meios de transmissão) e de um conjunto de regras com o fim de organizar a comunicação (protocolos). A topologia de uma rede de comunicação refere-se à forma com que os enlaces físicos e os nós de comutação estão organizados, determinando os caminhos físicos existentes e utilizáveis entre quaisquer pares de estações conectadas a essa rede. Se pensarmos na ligação mais simples possível, temos a ligação de dois computadores. Esta ligação é chamada ponto-a-ponto. A desvantagem desta “rede” é o fato dela não poder ser ampliada. 1.8.1 Topologia Barramento Se os computadores estão conectados em uma fila ao longo de um único cabo (segmento), a Ilustração 7: Topologia Ponto-a-Ponto Workstation Workstation topologia é denominada como um barramento. Lembre-se que os computadores ligados a um hub também formam uma rede em barramento! Ilustração 8: Topologia Barramento Os computadores em uma rede de barramento comunicam-se endereçando os dados a um computador em particular e inserindo estes dados no cabo sob a forma de sinais eletrônicos. Algumas considerações: • Envio do sinal: os dados são enviados para todos os computadores na rede. As informações são aceitas apenas pelo computador para qual é endereçado. • Repercussão do sinal: os dados viajam de uma extremidade a outra do cabo. • Terminador: para impedir que o sinal repercuta, um componente chamado terminador é colocado em cada extremidade do cabo. As vantagens na adoção da topologia barramento: • Uso de cabos com economia. • Mídia barata e fácil de trabalhar. • Simples, confiável.• Fácil de ampliar. As desvantagens ao utilizar uma rede em barramento: • Rede pode ficar lenta com tráfego intenso. • Problemas difíceis de serem isolados. • Rompimento dos cabos pode afetar muitos usuários. Quando o tamanho do barramento não é suficiente para alcançar todos os equipamentos, é necessário utilizar repetidores para interligarmos dois barramentos. Neste tipo de rede não existe hierarquia, no que se diz a respeito à ordem de transmissão dos dados, cada estação de trabalho que deseja transmitir pode fazê-lo sem que tenha que esperar por algum tipo de permissão, podendo com isso vir a ocasionar o que se chama de “colisão de dados” (mistura de duas ou mais mensagens no transcorrer da transmissão), impedido que estes sejam reconhecidos pela estação destinatário. Um outro ponto ruim desta concorrência pelo meio é o fato de placas de rede mais novas ou de melhor qualidade terem o processo de verificação de acesso ao meio mais rápido do que outras, o que faz com que alguns usuários reclamem que o acesso a rede está mais lento nos computadores deles. 1.8.2 Topologia Anel A topologia anel conecta os computadores em um único círculo de cabos. Não há extremidades terminadas. Os sinais viajam pela volta em uma direção e passam através de cada computador. Cada computador atua como um repetidor para amplificar o sinal e enviá-lo para o seguinte. Como o sinal passa através de todos os computadores, a falha em um computador pode ter impacto sobre toda a rede. Os computadores numa rede em anel são capazes de trocar dados em qualquer direção, mas as configurações mais usadas são unidirecionais, de forma a tornar menos sofisticados os protocolos de comunicação que asseguram a entrega da mensagem corretamente e em seqüência ao destinatário. Quando a mensagem é enviada, esta entra no anel e circula até ser retirada pelo nó do destinatário, ou então até voltar ao nó fonte, dependo do protocolo utilizado. Este último procedimento é mais desejável porque permite o envio simultâneo de um pacote para múltiplas estações e além do mais permite que determinadas estações recebam pacotes enviados por qualquer outra estação de rede, independente de qual seja o nó destinatário. Esta topologia é também chamada de Ring, cuja principal solução é chamada de Token Ring, ou passagem de token. Desta forma, o computador que está de posse do Token podem enviar seus pacotes. Quando o seu tempo termina, ele passa o token para o próximo computador que repete o processo. São São vantagens da topologia anel: • Acesso idêntico para todos os computadores. • Desempenho uniforme, a despeito de muitos usuários. São desvantagens da topologia anel: • Falha de um computador pode afetar o restante da rede . • Problemas difíceis de serem isolados. • Equipamentos caros. • Reconfiguração da rede interrompe o funcionamento. 1.8.3 Topologia Estrela É a topologia mais utilizada nos dias atuais, pois os switches, aqui chamados de elementos centrais, caíram muito de preço e possibilitaram a adoção desta topologia em detrimento da topologia barramento, mais utilizada anteriormente. Sendo assim, quando dois computadores estiverem trocando informações, outros dois computadores poderão estar fazendo a mesma operação. Na topologia de estrela, os computadores são conectados por segmentos de cabo a um componente centralizador. Os sinais são transmitidos a partir do computador que está enviando através desse elemento até todos os computadores na rede a quem a informação se destina. Ilustração 9: Topologia Anel A ligação entre um computador e o elemento central é a ponto-a-ponto. Se o ponto central falhar a rede inteira cai. Se um computador falhar, ele não poderá receber dados, mas o restante continua. Estas condições são importantes para o sucesso deste tipo de topologia. Ilustração 10: Topologia Estrela São vantagens da topologia estrela: • Fácil de modificar e acrescentar novos computadores. • Monitoração e gerenciamento centralizados. • Falha em um dos computadores não afeta o restante da rede. A principal desvantagem desta topologia é o fato de que se o ponto de centralização falhar, a rede falha. 1.8.4 Comparação Na tabela abaixo é apresentado um quadro comparativo com os principais pontos de cada topologia. Tipos de Topologias Ponto Positivos Pontos Negativos Topologia Estrela • É mais tolerante a falhas • Fácil de instalar usuários • Custo de Instalação maior porque recebe mais cabos • Monitoramento centralizado Topologia Anel (Token Ring) • Razoavelmente fácil de instalar • Requer menos cabos • Desempenho uniforme • Se uma estação para todas param • Os problemas são difíceis de isolar. Topologia Barramento • Simples e fácil de instalar • Requer menos cabos • Fácil de entender • A rede fica mais lenta em períodos de uso intenso. • Os problemas são difíceis de isolar. 1.9 Considerações Finais Essa unidade de ensino teve como objetivo principal introduzir alguns conceitos básicos que serão utilizados futuramente. As unidades seguintes são organizadas em função do modelo TCP/IP. No entanto, a camada de interface é dividida apresentada por meio das camadas físicas e de enlace, para facilitar a compreensão dos assuntos. 1 Introdução às Redes de Computadores 1.1 Considerações Iniciais 1.2 Redes de Computadores e Sistemas Distribuídos 1.3 A evolução das redes de computadores 1.4 Notações Básica 1.5 Modelo OSI 1.5.1 Seqüência de Encapsulamento 1.5.2 Camada Física 1.5.3 Camada de Enlace 1.5.4 Camada de Rede 1.5.5 Camada de Transporte 1.5.6 Camada de Sessão 1.5.7 Camada de Apresentação 1.5.8 Camada de Aplicação 1.6 Modelo TCP/IP 1.7 Classificação das redes de computadores 1.8 Topologias de redes de computadores 1.8.1 Topologia Barramento 1.8.2 Topologia Anel 1.8.3 Topologia Estrela 1.8.4 Comparação 1.9 Considerações Finais
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