Buscar

Carboidratos: Estrutura e Funções

Prévia do material em texto

�PAGE �
�PAGE �1�
CARBOIDRATOS
- Os carboidratos são as moléculas orgânicas mais abundantes da natureza.
- Constituem ¾ da massa seca de todas as plantas (grãos, verduras, hortaliças).
- São produzidos pelas plantas verdes na fotossíntese a partir da H2O, CO2 e luz solar. A energia é armazenada nas suas ligações químicas. Os carboidratos obtidos na natureza são normalmente a celulose e a sacarose, e com maior freqüência o amido. Dos quais por hidrólise são obtidas a glicose e a frutose. 
- As moléculas dos carboidratos são constituídas por C, H e O.
Importância e funções dos carboidratos:
● pertencem ao grupo dos nutrientes básicos (têm função nutricional);
● são encontrados em grande quantidade na maioria dos alimentos;
● são alimentos baratos e de fácil digestão;
● principal fonte de fornecimento de energia na dieta da maioria dos organismos;
● alimentos de reserva (amido/plantas, glicogênio/humanos);
● atuam como componentes das membranas celulares;
● servem como componente estrutural (sustentação) de muitos organismos (ex: paredes celulares de bactérias, esqueleto de insetos, celulose fibrose de plantas);
● participam dos mecanismos de defesa (glicoproteínas e imunoglobulinas);
● carboidratos não digeríveis – fibras;
● nos alimentos exercem uma série de funções: edulcorantes, geleificantes, espessantes, precursores de compostos de aroma e cor;
● nos alimentos são responsáveis pela maioria das reações de escurecimento.
Classificação e nomenclatura dos carboidratos:
● Fórmula geral: Cn(H2O)m 
● São classificados de acordo com seu tamanho molecular em:
MONOSACARÍDEOS
- São carboidratos simples, possuem cadeia não ramificada, e não podem ser hidrolisados;
- Fórmula geral dos monossacarídeos: Cn(H2O)m onde n=m;
- São chamados de polihidroxialdeídos (aldoses), ou polihidroxicetonas (cetoses) conforme o grupo funcional que apresentam (aldeído: O=C-H, cetona: C=O);
- São classificados de acordo com o número de átomos de carbono que contém. Exemplos de monossacarídeos comumente encontrados:
�
● 3 carbonos: trioses (gliceraldeído);
● 4 carbonos: tetroses (eritrose e treose);
● 5 carbonos: pentoses (ribose, xilose);
● 6 carbonos: hexoses (glicose, frutose, galactose, etc..) 
( 7 carbonos: heptoses (heptulose).
�
- Os monossacarídeos presentes nos alimentos apresentam normalmente 6 carbonos. Exemplos:
�
GLICOSE: 
- É o açúcar do sangue. 
- É abundante em frutas, milho, xarope de milho e certas raízes.
- Pode resultar da hidrólise de outros carboidratos.
- O sistema nervoso central usa glicose no suprimento de energia.
FRUTOSE:
- Açúcar das frutas e mel.
- Isoladamente é o + doce dos açúcares.
- É o + solúvel dos açucares.
- Pode resultar da hidrólise de outros carboidratos.
- Fornece energia de forma gradativa, absorvida lentamente, o que evita que a concentração de açúcar no sangue (glicemia) aumente muito depressa.
GALACTOSE:
- É o açúcar do leite.
- Não é encontrado na forma livre na natureza.
- Presente no leite e derivados.
- No fígado, é transformada em glicose para fornecer energia.
�
Os monossacarídeos são podem ser mostrados em uma estrutura aberta, dada pela projeção de Fisher, esta projeção mostra os monossacarídeos no espaço bidimensional. Através das estruturas mostradas nesta projeção (Figura abaixo), observa-se que a glicose e a frutose possuem mesma fórmula molecular (C6H12O6 – com m=n=6). No entanto, apresentam grupos funcionais diferentes, enquanto a glicose é uma aldose (com um grupo aldeído), a frutose é uma cetose (com um grupo cetona). Em ambas as estruturas o átomo de carbono da carbonila (C=O) é chamado de carbono anomérico, é o carbono que reage com a hidroxila formando a estrutura cíclica, na glicose: C1 e na frutose: C2.
Figura: Projeção de Fisher – estruturas abertas da glicose e da frutose.
Na realidade, a carbonila dos monossacarídeos não é encontrada livre como mostrado na Figura acima (estruturas abertas), mas sim combinada com uma das hidroxilas da mesma molécula em uma ligação hemiacetálica, formando os anéis representados por estruturas cíclicas. Portanto, a ligação hemiacetálica é uma ligação intramolecular que ocorre entre o carbono da carbonila (carbono anomérico) com uma das hidroxilas nos monossacarídeos, formando uma estrutura cíclica. 
Nas estruturas cíclicas são normalmente formados anéis com 5 ou 6 membros (átomos), estes anéis são denominados furanose e piranose, respectivamente, em virtude de suas semelhanças com o furano e pirano, cujas estruturas podem ser observadas na Figura abaixo. 
Figura: Estruturas do Pirano e Furano
Os monossacarídeos em anel do tipo piranose (com 6 C) ocorrerem em quantidades mais expressivas na natureza, no entanto, a frutose da sacarose (que é uma glicose + frutose) é uma furanose (com 5 carbonos). A Figura abaixo mostra as estruturas cíclicas nas formas piranose e furanose para a glicose e a frutose.
 Figura: À esquerda - estruturas cíclicas D-glicopiranose e D-glicofuranose. À direita – estruturas cíclicas da D-frutofuranose e D-frutopiranose.
A ligação hemiacetálica que forma o anel (estrutura cíclica) converte o átomo de carbono da carbonila (que faz a ligação hemiacetálica) em um centro quiral, ou seja, o carbono passa a ser assimétrico, já que pode se ligar com quatro substituintes diferentes. A forma cíclica ocorre, portanto, com um par de isômeros óticos, chamados de ( e ( anômeros, e sua configuração depende da posição da hidroxila (OH) no carbono quiral, quando estiver para baixo, será ( e quando estiver para cima, (. Estes isômeros são de suma importância no estudo dos carboidratos e recebem o nome de anômeros.
As Figuras abaixo mostram os isômeros ( e ( da glicose e da frutose. A glicose está representada como um piranose (glicopiranose: estrutura cíclica com 6 C) e frutose está representada como uma furanose (frutofuranose: estrutura cíclica com 5 C).
 
Figura: Isômeros α e β da glicose (piranose); e isômeros α e β da frutose (furanose).
O grupo hidroxila ligado ao carbono anomérico (resultante da ligação hemiacetálica) é denominado hidroxila anomérica ou hidroxila redutora . Esse grupo é extremamente reativo e confere ao monossacarídeo a propriedade de ser um agente redutor em reações de óxido-redução. Se este grupo hidroxila estiver para baixo o monossacarídeo será (, e se estiver para cima o monossacarídeo será (. Tais formas são interconvertidas através do fenômeno da mutarrotação.
Os monossacarídeos com mais de cinco átomos de carbono, quando dissolvidos em água, apresentam o fenômeno da mutarrotação, que consiste na mudança gradativa da rotação óptica até alcançar um ângulo de equilíbrio. Esse comportamento se deve ao fato de que esses compostos apresentam duas estruturas espaciais possíveis (isômeros α e β), uma das quais se transforma na outra durante a dissolução, até que um estado de equilíbrio, onde ambas as estruturas coexistem, seja alcançado. Esta mistura de equilíbrio contém 63,6% do anômero (, 36,4% do anômero ( e 1% da forma aberta linear. 
As estruturas cíclicas da glicose e da frutose são exemplos de açúcares (monossacarídeos) redutores. Porque os átomos de C1 da glicose (aldose) e C2 da frutose (cetose) são carbonos anoméricos, também chamados de redutores, pois contém o grupo hidroxila redutor. 
Os açúcares redutores são suscetíveis a oxidação por vários agentes oxidantes contendo íons cúpricos (Cu2+), como soluções de Fehling ou Benedict. 
Estudaremos as reações das quais os açúcares redutores participam mais adiante.
DISSACARÍDEOS:
( São dois monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas. Ex: sacarose (glicose + frutose), maltose (glicose + glicose), lactose (glicose + galactose).
( Ligação glicosídica: é formada entre o grupo hidroxila (anomérico ou redutor) de um átomo de carbono anomérico com um grupo hidroxila de outra molécula, com eliminação de uma molécula de água (H2O). 
( As ligações glicosídicassão, portanto, ligações intermoleculares (ocorre entre duas moléculas diferentes). O produto resultante da ligação glicosídica é um glicosídeo.
( Quando o glicosídeo é formado por 2 monossacarídeos temos os dissacarídeos.
SACAROSE: 
( É o dissacarídeo mais comum; conhecido como açúcar de mesa, encontrado na cana-de-açúcar, beterraba, açúcar mascavo, mel.
( A sacarose é formada pela ligação glicosídica entre dois monossacarídeos, a (-D-glicose (piranose) e a (-D-frutose (furanose).
( A ligação glicosídica da sacarose é representada por (,( (1→2), o que indica que a ligação ocorre entre os carbonos C1 da (-D-glicose e C2 da (-D-frutose. A ligação ocorre, portanto entre os dois carbonos anoméricos, C1 da glicose (piranose) e C2 da frutose (furanose). Esta ligação é mostrada na Figura abaixo.
Figura: Molécula de Sacarose, com ligação glicosídica entre (-D-glicose e (-D-frutose.
( A sacarose é um açúcar não-redutor, observando a estrutura da molécula de sacarose, observa-se que esta não possui terminação redutora livre (estão comprometidas na ligação glicosídica).
( A sacarose também não apresenta atividade ótica (mutarrotação), porque não contém carbono anomérico livre.
MALTOSE: 
( É o açúcar do malte, não ocorre em abundância na natureza, e é usada na indústria de alimentos em fórmulas para alimentação de crianças e outras bebidas (como a cerveja). 
( A maltose é obtida por fermentação e pela hidrólise do amido.
( A maltose é um dissacarídeo resultante da ligação glicosídica entre duas D-glicoses (a primeira glicose é sempre (, enquanto a segunda pode ser ( ou (), resultando em (-Maltose e (-Maltose, respectivamente.
( A ligação glicosídica da maltose é representada por ((1→4), porque ocorre entre a hidroxila do carbono anomérico (C1) de uma D-glicose com a hidroxila do C4 de outra D-glicose (como mostrado nas Figuras abaixo).
( Dessa forma, a segunda glicose permanece com seu carbono anomérico (C1) livre, assim a maltose pode coexistir nas formas ( e (, apresentando, portanto mutarrotação. Além disso, o fato da maltose possuir um carbono anomérico livre também lhe confere a característica de ser um açúcar redutor.
( As Figuras abaixo mostram a α-Maltose e a (-Maltose.
( α-Maltose: resultante da ligação glicosídica entre as hidroxilas do C1 de uma (-D-glicose com uma hidroxila do C6 de outra (-D-glicose;
( (-Maltose: resultante da ligação glicosídica entre a hidroxila do C1 de uma (-D-glicose e a hidroxila do C4 de uma (-D-glicose.
Figura: (-Maltose com ligação glicosídica entre as hidroxilas do C1 de uma (-D-glicose com uma hidroxila do C6 de outra (-D-glicose.
Figura: (-Maltose com ligação glicosídica entre a hidroxila do C1 de uma (-D-glicose e a hidroxila do C4 de uma (-D-glicose
LACTOSE: 
( É o açúcar do leite (não ocorre em plantas); o leite humano contém cerca de duas vezes mais lactose do que o leite de vaca; e sua importância clínica deve-se ao fato de pessoas com intolerância a lactose não produzirem a enzima lactase (não hidrolisam a lactose).
( A ligação glicosídica da lactose é representada por ((1→4), porque é um dissacarídeo resultante da ligação glicosídica entre a hidroxila do C1 (C anomérico) da (-D-galactose com a hidroxila do C4 de uma D-glicose. 
( Na Lactose, a D-glicose pode ser ( ou (, logo, a Lactose apresenta mutarrotação, entre os isômeros (-Lactose e (-Lactose (como mostrado nas Figuras abaixo).
( A lactose também apresenta capacidade redutora porque possui o carbono anomérico livre na D-glicose. 
Figura: (-Lactose, formada entre a ligação glicosídica da hidroxila do C1 da (-D-galactose com a hidroxila do C4 da (-D-glicose.
Figura: (-Lactose, formada entre a ligação glicosídica da hidroxila do C1 da (-D-galactose com a hidroxila do C4 da (-D-glicose.
OLIGOSSACARÍDEOS
( São glicosídeos que contêm de 3 a 10 unidades de monossacarídeos, unidos por ligações glicosídicas (alguns autores consideram os dissacarídeos como oligossacarídeos).
( Os oligossacarídeos são considerados alimentos prebióticos:
- Alimentos prebióticos são alimentos não digeríveis, como as fibras, que beneficiam o estímulo seletivo, crescimento e a atividade das bactérias do cólon intestinal. A ingestão de prebióticos estimula o aumento (crescimento) das bifidobactérias presentes no organismo.
( Como exemplo de oligossacarídeo pode-se citar os frutoligossacarídeos e a inulina.
( Frutoligossacarídeos (FOS):
- São componentes de origem natural. Podem ser encontrados em quantidades expressivas em alimentos como: cebola, banana, alcachofra, chicória, alho, raízes de almeirão, beterraba;
- Além das fontes naturais dos FOS, estes também podem ser obtidos industrialmente;
- O emprego e a utilização de FOS como ingredientes alimentares tem crescido consideravelmente devido suas características de fibra, além de não interferirem nas propriedades organolépticas dos produtos;
- O notável interesse pelos FOS advém do fato desses compostos serem resistentes às enzimas digestivas e, portanto não-digeridos pelo organismo humano, conseqüentemente, chegam ao intestino grosso intactos, e podem ser fermentados pelas bactérias anaeróbicas presentes no cólon;
- Os FOS são chamados de “açúcares não convencionais”, e têm impacto na indústria de alimentos devido às suas excelentes características funcionais, 
- Os FOS são ingredientes alimentares ideais para a indústria de alimentos por permitirem aplicação em várias áreas. São indicados para formulações dietéticas (como sorvetes, cremes vegetais, patês e sobremesas) e adicionados em barras de cereais e biscoitos para elevar o conteúdo de fibras alimentares, além de bebidas lácteas e leites fermentados;
- quimicamente os FOS são formados por uma unidade de glicose unida a duas ou três frutoses.
Figura : Frutoligossacarídeo.
POLISSACARÍDEOS
	Os polissacarídeos (ou glicanos) são formados por longas cadeias de unidades de monossacarídeos unidas entre si por ligações glicosídicas. São portanto, substâncias de alto peso molecular que podem chegar (em alguns casos) à milhões. Podem ser de cadeia linear ou ramificada, raramente cíclica. 
	Polissacarídeos podem ser hidrolizados parcial ou totalmente por ácidos ou enzimas, resultando em oligossacarídeos e monossacarídeos. A análise desses resíduos formados na hidrólise proporciona informações sobre a sequência e posição dos monossacarídeos, bem como, o tipo de ligações entre eles.
	Polissacarídeos de menor peso molecular são na sua maioria solúveis em água, e a solubilidade diminui com o aumento do peso molecular e com a maior ou menor facilidade com que as moléculas desses compostos se associam à outras. A maior solubilidade se deve a maior facilidade de hidratação. Os polissacarídeos mais insolúveis são aqueles encontrados nas paredes celulares e que desempenham função estrutural.
	Os polissacarídeos se encontram amplamente distribuídos na natureza e possuem grande importância por desempenharem funções como:
	- Materiais estruturais (nos vegetais: celulose, hemicelulose e pectina; nos animais: quitina)
	- Substâncias de reserva (nos vegetais: principalmente o amido; nos animais: glicogênio)
	- Substâncias capazes de reter água (nos vegetais: ágar, pectinas e alginatos)
Os polissacarídeos são classificados como:
● Homopolissacarídeos (homoglicanos): contêm apenas um tipo de monossacarídeo. Ex: amido, celulose e glicogênio.
● Heteropolissacarídeos (heteroglicanos): formados por dois ou mais tipos de diferentes de monossacarídeos. Ex: ácido hialurônico, heparina.
AMIDO
	O amido é a fonte de reserva mais importante nos vegetais e pode ser encontrado em raízes, sementes e tubérculos. São fontes de amido: milho, arroz, batata, mandioca, feijão, trigo e outras.
Os diferentes amidos apresentam diferentes funções e são utilizados na indústria de alimentos com diferentes propósitos, como: nutricional, tecnológico, funcional, sensorial e estético.
Estrutura doamido:
	O amido é um homopolissacrídeo depositado nos cloroplastos das células. 
	O amido ocorre na forma de grânulos, de formato arredondado e irregular, variando bastante em tamanho (2 a 100(m). A forma e o tamanho dos grânulos são característicos de cada espécie de planta e são úteis para identificar a origem de um amido ou de uma farinha.
Figura: Grânulos de amido
Composição do amido:
O amido é constituído por uma mistura de dois polissacarídeos, a amilose e a amilopectina, em proporções que variam com a espécie e o grau de maturação. A maioria dos amidos apresenta de 20 a 25% de amilose, contudo há exceções, como na ervilha onde o amido contém 60% de amilose, além das variedades de milho e outros cereais denominados cerosos, que possuem pouca ou nenhuma amilose.
A amilose é um polímero formado por longas cadeias predominantemente lineares de (-D-glicopiranoses unidas por ligações glicosídicas ((1→4), como mostra a Figura abaixo; podendo conter de 350 a 1000 unidades de glicose em sua estrutura. 
Figura: Amilose. 
Já a amilopectina apresenta uma estrutura altamente ramificada, constituída por cadeias lineares de aproximadamente 20 a 30 unidades de (-D-glicoses unidas por ligações glicosídicas ((1→4); enquanto as cadeias estão unidas entre si por ligações glicosídicas ((1→6) nos pontos de ramificação. Na Figura abaixo pode ser observada a estrutura da amilopectina.
Figura: Amilopectina
No grânulo de amido, a mistura de moléculas lineares (amilose) e ramificadas (amilopectina) estão associadas em paralelo, ou seja, as cadeias lineares e ramificadas são mantidas juntas por pontes de hidrogênio, resultando em regiões cristalinas e micelas (amorfas). 
Figura: Amido – mistura de cadeias lineares (amilose) e ramificadas (amilopectina).
GELATINIZAÇÃO DO AMIDO
	A umidade naturalmente existente no amido é de aproximadamente 12 a 14%. Grânulos de amido não danificados são praticamente insolúveis em água fria. No entanto, se grânulos de amido são suspensos em água e a temperatura desta água é gradualmente aumentada ocorre a penetração da água nos grânulos. Inicialmente a água penetra nas regiões amorfas (micelas), e com o maior aquecimento desta, penetra também nas regiões cristalinas, que são destruídas deixando o grânulo transparente. Nesta temperatura, as ligações entre as cadeias de amilose e amilopectina são rompidas e os grãos de amido começam a intumescer e formar soluções consideravelmente viscosas 
	A temperatura na qual o grânulo de amido sofre estas modificações (penetração da água com perda das regiões cristalinas e rompimento entre amilose e amilopectina, começa a intumescer e a tornar-se viscoso) é chamado de ponto de gelatinização ou temperatura de gelatinização.
Como este ponto não é bem definido utiliza-se normalmente o termo faixa de temperatura de gelatinização. E esta faixa de gelatinização varia para grânulos de amido de diferentes origens.
Durante a gelatinização o grânulo de amido incha, e a viscosidade da suspensão aumenta, formando uma pasta (gel) onde o grânulo apresenta máxima transparência. Se o aquecimento é continuado além da temperatura de gelatinização (quando a viscosidade é máxima) ocorre a degradação do amido.
À medida que o amido gelatiniza, aumenta a suscetibilidade ao ataque de enzimas que hidrolizam o amido, além disso, os grânulos inchados da pasta também podem ser facilemente quebrados ou desintegrados nos processos de moagem ou agitação intensa.
RETROGRADAÇÃO DO AMIDO
	O fenômeno da retrogradação ocorre em função do resfriamento de soluções de amido gelatinizado. Com a redução da temperatura durante o resfriamento do gel ocorre, portanto, a formação de ligações intermoleculares resultanto na formação de de zonas cristalinas (que haviam sido destruídas na formação do gel) e liberação de moléculas de água que estavam ligadas as cadeias (sinérese).
	A retrogradação resulta na redução de volume, aumento da firmeza do gel e sinérese. Esse fenômeno é irreversível e ocorre mais rapidamente em temperaturas próximas de 0oC (ou seja, é acelerado pelo congelamento das soluções).
	A retrogradação é um processo complexo e depende de muitos fatores, tais como: o tipo de amido, concentração, temperatura, tempo de armazenamento, pH, processo de resfriamento e presença de outros compostos. A retrogradação é favorecida por baixas temperaturas e altas concentrações de amido.
AMIDOS MODIFICADOS
	
	À necessidade das indústrias de alimentos por amidos com diferentes propriedades levaram a produção de amidos modificados. Os amidos modificados são produtos obtidos a partir do amido, com a finalidade de atender as necessidades específicas da indústria de alimentos. Essas modificaçòes visam obter produtos em que as cadeias sejam menores, ou tenham suas ramificações alteradas, resultando em amidos de maior resistência.
	Os amidos podem ser modificados química ou fisicamente e cada amido modificado pode adquirir diferentes propriedades e caracterísitcas, em maior ou menor grau, prestando-se assim para usos específicos na indústria de alimentos.
	Alguns exemplos de modificações a que os amidos podem ser submetidos:
● Pré-gelatinização do amido (modificação física): após a gelatinizaçao o amido é seco e pulverizado, o produto resultante é dispersável em água fria e pode formar géis sem aquecimento. Usos: pudins e sopas instantâneas e recheios de bolo (nos quais o cozimento não é utilizado) e como espessante em recheios, molhos, e sopas.
● Dextrinização (modificação química): resulta da hidrólise ácida do amido. Esse tipo de amido modificado (dextrinas) apresenta maior solubilidade em água fria que o amido comum e forma soluções menos viscosas e géis mais duros em temperaturas mais baixas. Usos: em balas de gomas e confeitos.
● Oxidação (modificação química): o amido é tratado com agente oxidante e suas hidroxilas livres são oxidadas a carboxilas. Os amidos oxidados formam géis mais claros e mais moles. 
● Ligações cruzadas (modificação química): resulta da introdução de ligações éster nas hidroxilas entre as cadeias de amido. Esse amido é denominado amido com ligações cruzadas, evita que o grânulo aumente de volume e proporciona maior estabilidade ao calor e agitação e reduz sua tendência à ruptura. Usos: alimentos infantis, temperos de saladas, coberturas, com função de espessar e estabilizar.
Outros polissacarídeos de interesse para a química de alimentos, bem como, indústria de alimentos: 
- CELULOSE: é a substância orgânica mais abundante na natureza, e assim como os outros materiais fibrosos, é resistente às enzimas digestivas humanas, não sendo digerida. Um de seus papéis é ajudar no bom funcionamento do intestino, formando o bolo fecal. É encontrada exclusivamente nas plantas e compreende a parte estrutural das folhas, caules, raízes, sementes e cascas de frutas. 
- HEMICELULOSE: assim como a celulose a hemicelulose não é digerida pelo organismo humano e atua como fibra alimentar. As hemiceluloses são polissacarídeos complexos encontrados nas paredes celulares associados à celulose e a lignina. Na indústria de alimentos são utilizados na fabricação de pães e bolos (farinha integral) pois auxiliam na capacidade de absorção de água pela farinha, promovem a mistura e aumentam o volume.
- PECTINA: também é um polissacarídeo indigerível, absorve água formando gel, retarda o esvaziamento gástrico. Está presente principalmente na casca de frutas. Utilizada em geléia, marmelada, e como estabilizante em bebidas e sorvetes.
- GOMAS: são substâncias extraídas de algas marinhas, sementes, exsudados de árvores e do colágeno animal. As gomas dissolvem-se e dispersam-se em água e aumentam a viscosidade; são utilizadas na indústria de alimentos como espessantes e podem ou não ser geleificantes. Exemplos: goma guar, goma arábica, goma carragena, goma xantana, ágar-ágar, alginato.
REAÇÕES DE CARBOIDRATOS
	Existem diversas reações químicas possíveis de ocorrer com carboitrados, comopor exemplo:
- reações de hidrólise: nas quais oligossacarídeos e polissacarídeos são hidrolizados, ácida ou enzimaticamente, a monossacarídeos; por hidrólise também é possível obter açúcar invertido (glicose + frutose) pela inversão química ou enzimática da sacarose.
- reações de enolização: fenômeno catalisado por base (álcali) onde o anel dos monossacarídeos se abre e produz um enol extremamente instável, que pode formar outros compostos; 
- reações de desidratação: eliminação de moléculas de água; 
- a já estudada mutarrotação: interconversão dos anômeros ( e (;
- e as reações de escurecimento (caramelização e reação de Maillard) que são reações de grande importância dos carboidratos em alimentos.
Açúcar invertido (Reação de hidrólise)
( Açúcar invertido é um xarope produzido a partir da sacarose que apresenta uma mistura de açúcares em solução, principalmente glicose e frutose (e resíduos de sacarose).
( Para a produção do açúcar invertido, dois métodos de inversão (hidrólise) da sacarose podem ser usados: a hidrólise enzimática (catalisada pela enzima invertase) e a hidrólise ácida (catalisada por um ácido). 
( O açúcar invertido é um ingrediente bastante utilizado pela indústria alimentícia. É usado principalmente na fabricação de balas, doces e sorvetes, pra evitar que o açúcar cristalize e dê ao produto final uma desagradável consistência arenosa. 
( Principais características do açúcar invertido nos alimentos: 
- Aumento do sabor doce (a frutose apresenta maior poder edulcorante);
- Diminuição da velocidade de cristalização, devido a maior solubilidade da frutose (é o mais solúvel dos açúcares) 
REAÇÕES DE ESCURESCIMENTO
	Nos alimentos destacam-se duas reações químicas de escurecimento que envolvem carboidratos e merecem destaque pelos seus efeitos e pela sua frequência. São as reações que provocam o escurescimento de alimentos, conhecidas como caramelização e a reação de Maillard. Nas duas reações ocorre degradação dos carboidratos com formação de produtos (novos compostos) escuros e de alto peso molecular.
As reações de escurecimento podem ser desejáveis ou não, são desejadas em produtos de confeitaria (bolos, bolachas, balas, biscoitos, pães e assados em geral), carnes assadas, batatas fritas, amendoim, café torrado, cerveja escura. E devem ser evitadas em alguns alimentos, principalmente os desidratados armazenados por longo tempo (leite em pó, ovo em pó), pescado salgado e seco e sucos de frutas.
REAÇÃO DE CARAMELIZAÇÃO
Reação usada na indústria alimentícia para a produção de corantes e flavorizantes. Ocorre no aquecimento do açúcar ou xaropes de açúcar (na ausência de grupos nitrogenados) em presença ou não de catalisadores (ácidos ou básicos) e água, que levam a formação de compostos voláteis (aroma de caramelo) e produtos de coloração escura (cores de caramelo).
A reação de caramelização envolve a degradação de açúcares. Os açúcares no estado sólido são relativamente estáveis ao aquecimento, mas em temperaturas maiores que 120oC são degradados a produtos de alto peso molecular e escuros, denominados caramelos.
O caramelo é um corante marrom, que é utilizado como corante e flavorizante em produtos alimentícios. A sacarose é o açúcar geralmente utilizado para produzir aromas e corantes de caramelo, por meio da reação de caramelização. Além da utilização do caramelo como corante e flavorizante também é desejável a ocorrência da caramelização em outros casos como nos processos de assar e tostar, no processamento de geléias e certos sucos de frutas, e na produção da cerveja escura.
A utilização tecnológica do caramelo de maior importância na indústria de alimentos se dá em bebidas do tipo “cola”, refrigerantes. 
REAÇÃO DE MAILLARD
Parece ser a principal causa de escurecimento nos alimentos, durante aquecimento e/ou armazenamento prolongado. A reação de Maillard é considerada útil quando os produtos da reação tornam o alimento aceitável pela sua cor e sabor (crosta de pão, doce de leite, torrefação do café); e prejudicial quando produtos resultantes da reação tornam inaceitáveis o sabor e cor dos alimentos (como o leite em pó escurecido).
	A reação de Maillard é uma reação de escurecimento não enzimático, caracterizada pela junção do grupo carbonila dos açúcares redutores com o grupo amínico dos aminoácidos de proteínas ou peptídios. Esta é uma reação extremamente complexa que se desenrola numa série de etapas onde ocorrem combinações; rearranjos (chamados arranjos de Armadori); a formação da base de Schiff; a degradação de Strecker e algumas reações intermediárias, onde, de algumas delas surgem o furfural ou o hidroximetilfurfural, que é polimerizado, originando as melanoidinas. 
As alterações ocorridas durante a reação de Maillard reduzem a solubilidade e o valor nutritivo das proteínas (podem ocorrer perdas de aminoácidos essenciais).
As melanoidinas, resultantes da reação de Maillard, são compostos escuros (voláteis e aromáticos) que apresentam nitrogênio (5%) na molécula, são insolúveis, e apresentam elevado peso molecular. As melanoidinas são responsáveis pela modificação da cor e do sabor dos alimentos que sofreram reação de Maillard.
Fatores que influenciam a velocidade da Reação de Maillard
● Binômio temperatura/tempo: um aumento na temperatura e/ou tempo de aquecimento ocasiona maior velocidade de reação; velocidade da reação duplica a cada 10º C entre 40 e 70ºC; sob baixas temperaturas (alimentos resfriados e congelados) a velocidade de reação diminui.
● pH: cada reação do mecanismo tem seu pH ótimo, mas em geral sob pH neutro a velocidade de reação é máxima. Sob pH ácido (pH < 6,0) a velocidade da reação é baixa, logo pouco escurecimento. 
● Atividade de água (aw): a água é um dos produtos da reação. Com atividade de água (aw) média, entre 0,6-0,85 a reação de Maillard ocorre com maior velocidade. Com aw > 0,9: ocorre a diluição de reagentes e a velocidade da reação é baixa; sob aw < 0,25: ausência de solventes, mobilidade limitada dos reagentes com baixa velocidade de reação. 
● Íons metálicos: a presença de íons metálicos como Cu e Fe aceleram a velocidade da reação de Maillard.
● Tipo de Carboidrato: a natureza do açúcar determina a sua reatividade (pentoses>hexoses>dissacarídeos). A presença do açúcar redutor é essencial para a interação da carbonila com o grupo amina, assim a sacarose não hidrolizada não participa da reação de Maillard porque não apresenta grupo redutor livre. 
Inibição da reação de Maillard
	Alguns tratamentos podem ser utilizados para inibir a reação a Maillard em alimentos, como:
● uso de açúcares não redutores como a sacarose em condições que não favoreçam sua hidrólise;
● redução da atividade de água (aw), ou o aumento de aw por meio de diluição;
● adição de sulfitos e dióxido de enxofre (SO2): atuam como inibidores da reação de escurecimento, mas dependendo da concentração podem provocar o aparecimento de odores desagradáveis e reduzir o teor de vitaminas; 
● remoção de açúcares redutores por enzimas.
PRINCIPAIS PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS AÇÚCARES EM ALIMENTOS
( Ligação com água
	É uma das principais propriedades dos carboidratos e ocorre pelo fato destes possuírem grande quantidade de hidroxilas capazes de formar pontes de hidrogênio com a água. A capacidade dos açúcares se ligarem com a água varia em função da estrutura do carboidrato. Monossacarídeos possuem maior capacidade de ligar com água.
( Higroscopicidade
	Os carboidratos (em especial os monossacarídeos) são higroscópicos, ou seja, em função do fato de serem capazes de ligar com a água através de suas hidroxilas, absorvem água do ar atmosférico. A frutose é o monossacarídeo mais higroscópico. O fato da frutose absorver mais água do ambiente do que a glicose, apesar de ambos possuírem o mesmo número de hidroxilas, é atribuído à maior disponibilidade das hidroxilas da frutose. A higroscopicidade da frutose é responsável pela característica de pegajosidade em alimentos ricos nesseaçúcar.
( Umectância
	Como os carboidratos se ligam com a água do alimento, eles são capazes de controlar a atividade de água (aw) do mesmo. A habilidade de ligar água no alimento é denominada umectância. Dependo do produto alimentício, pode ser desejável limitar a entrada e/ou saída de água do alimento, como no caso das geléias e doces. O uso de altas concentrações de açúcar nestes produtos reduz a atividade de água e aumenta a vida de prateleira.
( Texturização
	Os carboidratos também apresentam a propriedade de alterar a textura dos alimentos e por isso, são considerados texturizantes. Essa propriedade decorre da elevada solubilidade dos açúcares em água. Os efeitos estruturais dos açúcares nos alimentos dependem do seu estado físico, de suas interações com a água, bem como, da concentração de açúcar empregada. Os açúcares quando adicionados em altas concentrações podem conferir aos alimentos consistência de sólido e transparência ou podem cristalizar.
( Doçura – Poder edulcorante
	A doçura de alguns monossacarídeos e dissacarídeos é uma de suas propriedades funcionais mais reconhecidas, mais agradáveis e de grande importância nos alimentos. A intensidade de sabor doce de um alimento varia com os açúcares presentes, assim como, com suas concentrações. 
	A doçura dos carboidratos é conhecida como poder edulcorante.
	O açúcar considerado como padrão de doçura é a sacarose, ao qual se atribui o valor de doçura relativo a 100. A Tabela abaixo apresenta a doçura relativa de alguns carboidratos.
Tabela: Doçura relativa de carboidratos
	Açúcar
	Doçura relativa em solução 
	Doçura relativa no estado cristalino
	Sacarose
	100
	100
	(-D-frutose
	100-175
	180
	(-D-glicose
	40-79
	74
	(-D-glicose
	80
	82
A natureza tem quatro biomoléculas de maior importância, os carboidratos, as proteínas, lipídios e ácidos nucleicos. Carboidratos são as moléculas orgânicas mais numerosas do planeta Terra. É em um carboidrato que o carbono inorgânico disponível na atmosfera é incorporado por meio da fotossíntese. Os seres fotossintetizantes, como as plantas, capturam CO2 e H2O e transformam em glicose, um carboidrato que fornecerá energia para este ser. A partir deste carboidrato, o carbono estará disponível nas células vegetais para a construção de outras moléculas orgânicas, como proteínas e lipídios. Toneladas deles são construídos diariamente através da fotossíntese.
São constituídos principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio, mas podem possuir outros elementos como nitrogênio, fósforo e enxofre. Podem possuir ainda, grupos aldeídos, chamados de aldoses e grupos cetonas, chamados de cetoses.
Fórmula geral:
CnH2nOn
Podemos chamá-lo também de sacarídeos, que vem do grego sakcharon  (açúcar).
Podemos dividi-los em três classes:
Os monossacarídeos são açúcares simples que possuem de 2 a 7 carbonos em sua estrutura. A glicose é um exemplo de monossacarídeo composto por seis carbonos (hexose). Eles não sofrem hidrólise, já é a unidade mínima de um composto.
Oligossacarídeos: compostos por dois até vinte monossacarídeos. Eles se ligam por ligações chamadas glicosídicas. Quando possuem apenas dois monômeros, chamamos de dissacarídeo. Um exemplo clássico de dissacarídeo é a sacarose. Os oligossacarídeos sofrem hidrólise quando precisam virar unidades simples, na digestão, por exemplo. Exemplos: lactose e maltose.
Polissacarídeos: compostos por muitas unidades de monossacarídeos, ou seja, são polímeros com mais de vinte monômeros em sua composição, chegando a centenas e até milhares deles. Exemplos: amido, glicogênio e celulose.
Alguns carboidratos possuem a função energética, sendo armazenado como amido nas plantas e como glicogênio nos animais. Quando esses polímeros são hidrolisados resultam em monossacarídeos que servirão de combustível no processo chamado de respiração celular, no qual o produto mais importante é o ATP, ou seja, energia para as células.
Sacarídeos possuem também a função estrutural, como a celulose presente nas paredes celulares dos vegetais, ou a quitina no exoesqueleto dos artrópodes. Estão presentes no nosso tecido conjuntivo, na lubrificação de nossas articulações, ou quando associados às proteínas e lipídios apresentam outras funções em nosso organismo.
Alimentos ricos em carboidratos. Foto: Robyn Mackenzie / Shutterstock.com
Eles estão presentes em nossa dieta, sendo o item principal na mesa em muitas culturas. Alimentos ricos em açucares são chamados de energéticos. São digeridos e transformados em glicose, gerando energia para nosso corpo e o que sobra é armazenada em forma de glicogênio ou estocada como gordura no tecido adiposo. Chamamos de carboidratos simples aqueles que quando ingeridos são absorvidos rapidamente, provocando um pico glicêmico no sangue. Porém, parte é usada como energia e a outra estocada como gordura. Rapidamente este pico cai e o efeito é a fome aparecendo mais rapidamente entre os intervalos das refeições. É o exemplo de doces, mel, farinha branca, etc. Já os carboidratos complexos possuem baixo índice glicêmico, são absorvidos mais lentamente no nosso organismo, gerando saciedade por mais tempo. É o caso dos cereais integrais, batata doce, mandioca, inhame, etc.
Após atividades físicas, recomenda-se a ingestão dos carboidratos de alto índice glicêmico, para repor a energia. Fora isso, é recomendada uma dieta com mais carboidratos complexos, para serem absorvidos aos poucos pelo organismo. O pico glicêmico leva ao acúmulo em tecido de reserva e gera necessidade de comer mais.
Os carboidratos (hidratos de carbono) são as biomoléculas mais abundantes na natureza. Muitas vezes são chamados de açúcares ou sacarídeos e são definidos pela sua composição química característica: carbono, hidrogênio e oxigênio, embora algumas vezes possam apresentar nitrogênio, fósforo ou enxofre em suas moléculas.
 Duas principais funções são relacionadas aos carboidratos. A primeira é a energética, em que as moléculas são convertidas em energia para os trabalhos celulares, armazenada em nosso organismo sob a forma de ATP. O carboidrato pode ser armazenado para posterior utilização. Nas plantas este processo ocorre nos amiloplastos e a forma armazenada é o amido. Já nos animais armazena-se o glicogênio no fígado e nos músculos.
 Outra função importante dos carboidratos é a estrutural, em que polímeros insolúveis funcionam como elementos estruturais e de proteção nas paredes celulares bacterianas e vegetais e nos tecidos conjuntivos de animais. Ainda atuam como lubrificante e participam do processo de reconhecido e coesão entre células, participam da composição dos ácidos nucleicos e quando covalentemente ligados a proteínas ou lipídeos podem atuar na sinalização para determinação da localização intracelular ou destino metabólico de compostos.
 Os monossacarídeos são as unidades básicas dos carboidratos e é o número de unidades que define a classificação do carboidrato. Assim, temos os monossacarídeos, os dissacarídeos, os oligossacarídeos e os polissacarídeos. Outra classificação é quanto ao produto de hidrólise do carboidrato, que é classificado em holosídeo quando a hidrólise gera somente monossacarídeos (ex.: rafinose) ou heterosídeo quando a hidrólise gera monossacarídeos e outros compostos.
Os monossacarídeos são os carboidratos mais simples e são compostos por aldeídos ou cetonas contendo grupos hidroxila na molécula. As moléculas possuem de três a sete átomos de carbono, que muitas vezes pode ser quiral. Comumente, quando a molécula possui mais de cinco átomos de carbono ocorre ciclização na estrutura química. Os monossacarídeos podem ser classificados de acordo com a natureza química de seus grupos carbonila e o número de átomos de carbono. 
Assim, se o grupo carbonila é um aldeído o açúcar é uma aldose e se o grupo carbonila é uma cetona o açúcar é uma cetose. Já de acordo com o número de carbonos, temos trioses, tetroses, pentoses e assim sucessivamente. Os monossacarídeossão compostos incolores, sólidos cristalinos, naturalmente solúveis em água e a maior parte deles possui sabor doce.
A quiralidade destas biomoléculas pode ser representada pelas fórmulas de projeção de Fischer (vale à pena buscar textos explicativos sobre este assunto) e os D-carboidratos são mais abundantes na natureza do que os L-carboidratos.
Os dissacarídeos são formados pela ligação covalente entre dois monossacarídeos, ligação esta denominada O-glicosídica. Esta ligação é um análogo em carboidratos da ligação peptídica em proteínas e pode ser hidrolisada por enzimas denominadas glicosidases. 
Quanto à nomenclatura dos dissacarídeos, primeiro escreve-se a configuração do monossacarídeo à esquerda, seguido do seu nome. Indica-se então entre parênteses os átomos de carbono que estão fazendo parte da ligação glicosídica e depois a configuração e o nome da segunda unidade monomérica. Assim, a maltose também pode ser denominada α-D-glicopiranosil-(1?4)-β-D-glicopiranose, onde os termos “pirano” são utilizados para indicar que o anel possui 6 átomos de carbono (o termo seria “furano” caso o anel possuísse 5 átomos de carbono).
Uma propriedade importante em grande parte dos carboidratos é a capacidade de serem oxidados por íons cúpricos (Cu2+) e férricos (Fe3+). Os açúcares que apresentam esta propriedade são ditos redutores e não formam glicosídeos, devido à facilidade com que os grupos aldeídos presentes na molécula reduzem agentes oxidantes fracos.
Quanto aos polissacarídeos, também denominados glicanos, diferem entre si de acordo com a natureza das unidades monossacarídicas, os tipos de ligações glicosídicas, o comprimento das cadeias e o grau de ramificação destas. Assim, quando o polissacarídeo é composto por apenas um único tipo de unidade monomérica ele é dito homopolissacarídeo, e quando possui mais de um tipo, heteropolissacarídeo.
Os homopolissacarídeos mais importantes são o amido e o glicogênio, utilizados para o armazenamento de energia pelas células, e a celulose e a quitina, utilizados na composição da estrutura das paredes celulares vegetais e de exoesqueletos de animais, respectivamente.
Repare que diferente das proteínas e dos ácidos nucleicos, os polissacarídeos formam polímeros lineares e também ramificados, já que as ligações glicosídicas podem ser feitas com qualquer hidroxila dos monossacarídeos. Mas, felizmente para nossa compreensão, a maioria é linear e os poucos polissacarídeos ramificados apresentam formas bem definidas.
Dentre os heteropolissacarídeos, temos como exemplo os glicosaminoglicanos, compostos por monossacarídeos ligados ao ácido urônico ou sulfato, e os peptideoglicanos, que são monossacarídeos ligados a peptídeos. Os primeiros fazem parte da lubrificação nas articulações e como matriz extracelular no tecido conjuntivo, já os segundos atuam estruturalmente no envoltório celular de bactérias. 
Carboidratos, glicídios, glícidos, glucídios, glúcides ou hidratos de carbono[1], são compostos de função mista do tipo poliálcool-aldeído ou poliálcool-cetona e outros compostos que, por hidrólise, dão poliálcoois-aldeídos e/ou poliálcoois-cetonas. São as biomoléculas mais abundantes na natureza, constituídas principalmente por carbono, hidrogênio e oxigênio,[2] podendo apresentar nitrogênio, fósforo ou enxofre na sua composição.
Conforme o tamanho, os carboidratos podem ser classificados em monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.[3]
Os carboidratos são compostos orgânicos constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio, que geralmente seguem a fórmula empírica [C(H2O)]n, sendo n ≥ 7. A proporção entre os átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio é de 1:2:1. Contudo, alguns carboidratos não se ajustam a esta regra geral, como a fucose, por exemplo, cuja fórmula molecular é C6H12O5. Outros autores utilizam a fórmula empírica [Cx(H2O)y].[4]�� HYPERLINK "https://pt.wikipedia.org/wiki/Carboidrato" \l "cite_note-5" [Nota 1]. Podem ser poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, isto é, possuem um grupo que pode ser aldeído ou cetona, respectivamente, e várias hidroxilas, geralmente uma em cada átomo de carbono que não faz parte do aldeído ou grupo funcional cetona. Além de carbono, hidrogênio e oxigênio, alguns carboidratos apresentam nitrogênio, fósforo ou enxofre em sua composição. Quando compostos por aldeídos são chamados de aldose, quando compostos por cetona são chamados de cetose.
Classificação
Monossacarídeos
Ver artigo principal: Monossacarídeo
Os monossacarídeos, também conhecidos como oses, são carboidratos com reduzido número de átomos de carbono em sua molécula.[3] O "n" da fórmula geral (CnH2nOn) pode variar de 3 a 7 (trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses), sendo os mais importantes as pentoses e as hexoses (C6H12O6). São relativamente pequenos, solúveis em água e não sofrem hidrólise.[5] Devido à alta polaridade, os monossacarídeos são sólidos cristalinos em temperatura ambiente, e assim como os oligossacarídeos, são solúveis em água. São insolúveis em solventes não polares. Embora sejam comumente representados na forma de cadeia linear, as aldoses com quatro carbonos e todos os monossacarídeos com mais de cinco carbonos apresentam-se predominantemente em estruturas cíclicas quando em solução aquosas. A nomenclatura na cadeia cíclica da-se de acordo com a posição da hidroxila (OH). Na glicose, por exemplo,se a OH que está ligada ao carbono um estiver abaixo do plano do anel irá se chamar de α-glicose, já se estiver acima do plano do anel irá s chamar β-glicose[6] Com exceção da Di-hidroxicetona, todos os monossacarídeos apresentam pelo menos um carbono assimétrico, provocando a apresentação de formas isoméricas opticamente ativas. [7]
	
	Carboidrato
	Importância biológica
	Trioses
(C3H6O3)
	Gliceraldeído
	Composto intermediário da glicólise.
	
	Diidroxiacetona
	Participa da glicólise e do ciclo de Calvin.
	Pentoses
(C5H10O5)
	Ribose
	Matéria-prima para a síntese de ácido ribonucleico (RNA).
	
	Desoxirribose
(C5H10O4)
	Matéria-prima para a síntese de ácido desoxirribonucleico (DNA).
	Hexoses
(C6H12O6)
	Glicose
	Molécula mais utilizada pelas células para a obtenção de energia.
	
	Frutose
	Função energética.
	
	Galactose
	Constitui a lactose do leite. Função energética.
Oligossacarídeos
Ver artigo principal: Oligossacarídeo
Os oligossacarídeos são carboidratos resultantes da união de duas a dez moléculas de monossacarídeos.[8]�� HYPERLINK "https://pt.wikipedia.org/wiki/Carboidrato" \l "cite_note-karp-3" [3] A ligação entre os monossacarídeos ocorre por meio de ligação glicosídica, formada pela perda de uma molécula de água. O grupo mais importante dos oligossacarídeos são os dissacarídeos, formados pela união de apenas dois monossacarídeos.[5] Quando são constituídos por três moléculas de monossacarídeos, recebem o nome de trissacarídeos.
Os oligossacarídeos são solúveis em água, mas como não são carboidratos simples como os monossacarídeos, necessitam ser quebrados na digestão para que sejam aproveitados pelos organismos como fonte de energia.
	
	Carboidrato
	Monossacarídeos constituintes
	Importância biológica
	Dissacarídeos
	Sacarose
	glicose + frutose
	Abundante na cana-de-açúcar e beterraba. Função energética.
	
	Lactose
	glicose + galactose
	Encontrada no leite. Função energética.
	
	Maltose
	glicose + glicose
	Encontrada em alguns vegetais, provém também da digestão do amido pelos animais. Função energética.
	Trissacarídeos
	Rafinose
	glicose + frutose + galactose
	Encontrada principalmente nas leguminosas, não é digerida pelos seres humanos. Função energética.
Polissacarídeos
Ver artigo principal: Polissacarídeo
Os polissacarídeos são carboidratos grandes, às vezes ramificados, formados pela união de mais de dez monossacarídeos ligados em cadeia, constituindo, assim, um polímero de monossacarídeos, geralmente de hexoses.[3] São insolúveis em água e portanto, não alteram o equilíbrio osmótico das células.[5]Os polissacarídeos possuem duas funções biológicas principais, como forma armazenadora de combustível e como elementos estruturais.
	
	Carboidrato
	Monossacarídeos constituintes
	Importância biológica
	Polissacarídeos
	Amido
	≈1.400 glicoses
	Armazenado no amiloplasto de raízes do tipo tuberosa (mandioca, batata doce, cará), caules do tipo tubérculo (batatinha), frutos e sementes. Principal reserva energética dos vegetais.
	
	Glicogênio
	≈30.000 glicoses
	Armazenado no fígado e nos músculos. Principal reserva energética de animais e fungos.
	
	Celulose
	≈1.000 glicoses
	Função estrutural na célula vegetal, como um componente da parede celular.
	
	Quitina
	
	Constitui o exoesqueleto dos artrópodes e está presente na parede celular dos fungos.
Observação: existem outros tipos de polissacarídeos denominados hetropolissacarídeos que originam, por hidrólise, vários tipos diferentes de monossacarídeos. Como por exemplo o ácido hialurônico, condroitinsulfato e a heparina.
Osídeos
Carboidratos que ao contrário dos monossacarídeos se hidrolisam. São divididos em holosídeos e heterosídeos.
Holosídeos e heterosídeos
Holosídeos
São os oligossacarídeos e polissacarídeos que, por hidrólise, produzem somente monossacarídeos. Tipo de açúcar encontrado nas plantas e vegetais.
Rafinose + 2 H2O → glicose + frutose + galactose Celulose + n H2O → n glicose.
Heterosídeos
São glicídios que sofrem hidrólise, produzindo oses (hidratos de carbono simples) e outros compostos.
Derivados de carboidratos
Amidalina - Ácido glicônico - Ácido glicurônico - Ácido sacárico - Sorbitol - Trinitrato de celulose - Piroxilina - Acetato de celulose
Função
Energética: constituem a primeira e principal substância a ser convertida em energia calorífica nas células, sob a forma de ATP. Nas plantas, o carboidrato é armazenado como amido nos amiloplastos; nos animais, é armazenado no fígado e nos músculos como glicogênio. É o principal combustível utilizado pelas células no processo respiratório a partir do qual se obtém energia para ser gasta no trabalho celular.[9]
Estrutural: determinados carboidratos proporcionam rigidez, consistência e elasticidade a algumas células. A pectina, a hemicelulose e a celulose compõem a parede celular dos vegetais.[9] A quitina forma o exoesqueleto dos artrópodes. Os ácidos nucléicos apresentam carboidratos, como a ribose e a desoxirribose, em sua estrutura. Entram na constituição de determinadas estruturas celulares funcionando como reforço ou como elemento de revestimento.

Outros materiais