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A ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DA FRASE

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CURSO: LETRAS 
DISCIPLINA: SINTAXE DA LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORA:			 DATA: 28/08/2014
ALUNO (A): ___________________________________________________________________________
A ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DA FRASE
Como nesta pauta musical, em nossa língua a combinação de elementos resulta em unidades de comunicação que podem ir de uma simples interjeição a um período longo e complexo. As entoações, as funções que as palavras exercem nas frases, as relações de dependência e de concordância entre as palavras e entre as frases será nosso foco de atenção daqui por diante.
Cabe lembrar, nesse contexto, que a sintaxe é a parte da gramática que se ocupa do estudo das relações que as palavras estabelecem entre si nas orações e das relações que se estabelecem entre as orações nos períodos. Quando se relacionam palavras e orações, criam-se discursos, ou seja, utiliza-se efetivamente a língua para que se satisfaçam todas as necessidades de comunicação e expressão. O conhecimento da sintaxe é, portanto, um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações. Importa salientar, assim, dois conceitos que precisam ficar muito bem claros em nossas mentes:
Sintaxe e análise sintática
Sintaxe é a parte da gramática que estabelece as relações de combinação (ordenação, dependência e concordância) entre as palavras.
A análise sintática é uma das partes da sintaxe e tem por objetivos:
Analisar as relações que se estabelecem entre as palavras de um enunciado e classificá-las de acordo com tais relações.
Analisar as relações entre as orações do período, classificando-as quanto a essas relações.
Dispor as palavras em frases é o primeiro passo para a construção dos discursos. Isso significa que a frase se define por seu propósito de comunicação linguística, ser capaz de transmitir o conteúdo desejado para a situação em que é utilizada. 
A ORGANIZAÇÃO E CONSTITUIÇÃO DA FRASE
Koch e Silva (2000, p. 11) afirmam que, ao examinarmos um conjunto de frases de nossa língua, podemos observar que elas possuem:
“uma organização interna que obedece a princípios gerais bem definidos, a partir dos quais o falante será capaz de dizer: a) se uma sequência de palavras está de acordo como sistema gramatical da língua, isto é, se essa sequência pode ser obtida através da aplicação das regras da gramática; b) se ela se apresenta completa ou incompleta; c) se é passível de interpretação semântica, etc. (...) tais frases se constituem de classes de elementos equivalentes quanto às funções que nelas vêm a desempenhar”.
Com base nesses pressupostos, observe o conjunto de palavras nos seguintes exemplos:
Bem-vindo à cidade sejam nossa.
As crianças brincam na?
Vencerás não morrerás.
Como estão, estas palavras dos três exemplos acima não formam frases. Para formarmos frases, devemos observar os princípios necessários para estabelecer comunicação. Assim, no primeiro exemplo, as palavras precisam obedecer a uma determinada ordem: Sejam bem-vindos à nossa cidade. No segundo, há necessidade de palavras para completar o sentido do pensamento: As crianças brincam na calçada? /na rua? / na escola?. E, no terceiro, é necessária a pontuação para indicar a intenção do emissor: Vencerás, não morrerás (ou) Vencerás? Não morrerás.
Agora leia o texto:
“Vocês acreditem que eu não esperava jamais o que encontrei: um macaco. Na verdade, era um mico tão grande e forte como se fosse um filhote de gorila. Ele estava muito agitado e nervoso, porque ainda não conhecia bem a casa. De pura agitação, subia de repente pelas roupas estendidas na corda, sujando todas as roupas lavadas. De lá de cima dava gritos que nem marinheiro dando ordens num navio. E jogava cascas de banana mesmo que caíssem em cima de nós.” Koch e Silva (2000, p. 12)
Temos um texto cujo início coincide com o início de uma frase inicial (“Vocês acreditem que...”), cujo fim coincide também com o término de uma frase (“caíssem em cima de nós”). Caso essa sequência seja interrompida, por qualquer motivo, perceberemos imediatamente que algo estranho ocorreu. Isto ocorre porque:
“todo texto é um conjunto (por vezes, unitário) de frases que, constituem uma unidade semântico-pragmática: semântica, por veicular significados distintos daquele de cada uma das frases tomada isoladamente; pragmática, por constituir um ato de comunicação, destinado a atuar sobre o ouvinte/leitor de determinado modo.” Koch e Silva (2000, p. 12)
Logo, qualquer falante do português, recorrendo a determinadas marcas, é capaz de afirmar que o texto, tomado como exemplo anteriormente, se compõe de seis frases. Tais marcas se manifestam tanto na linguagem falada quanto na escrita. Na fala, a frase apresenta uma entoação que indica com clareza seu início e seu fim; na escrita, esses limites são geralmente indicados pelas iniciais maiúsculas e pelo uso de ponto (final, de exclamação ou interrogação) ou reticências. O conceito de frase é, portanto, bastante abrangente, incluindo desde estruturas linguísticas muito simples, como: Ai! , que em determinada situação é suficiente para transmitir um conteúdo claro, até estruturas complexas como: Assim, a idolatria da máquina de matar, que corresponde a certas fantasias do telespectador, mas que nada tem a ver com a função de zelar pela segurança pública, acaba contribuindo para o surgimento dos valentões enlouquecidos dentro da tropa.
Entretanto, ao observarmos o trecho “Vocês acreditem que eu não esperava jamais”, percebemos que ele preenche as condições formais exigidas pela escrita, mas não constitui uma frase. Além disso, na linguagem oral, um padrão entonacional ou a existência de certas pausas não são suficientes para fazer dessa sequência uma frase. Portanto:
“o reconhecimento da frase não se faz apenas por meio desses sinais caracterizadores das duas modalidades da linguagem; isto porque toda frase diz algo, fala sobre um determinado estado de coisas do mundo, mas o faz de uma certa maneira. Aquilo sobre o que ela fala constitui o seu conteúdo proposicional, veiculado por meio de elementos linguísticos – fonemas, morfemas, vocábulos – selecionados dentre os inventários que cada língua oferece (paradigmas) e combinados de acordo com certos princípios de organização (sintagmas).” Koch e Silva (2000, p. 12)
Para Koch e Silva (2000), o material linguístico assim estruturado recebe o nome de Proposição (P) ou Oração (O) e pode ser veiculado pelo locutor sob o modo de asserção, da pergunta, da ordem, etc. Aos diversos modos de dizer é que se denomina tipos de frases (T). Portanto, a primeira regra de constituição de toda e qualquer frase de uma língua é:
F		T	+	P
Nessa regra, (F) é a frase, que pode ser reescrita ou analisada pela sequência T (tipo) + P (proposição ou oração).
Todas as línguas podem ser descritas a partir de um conjunto de fórmulas semelhantes – denominado regras de reescritura, de estrutura frasal ou de base – cuja função consiste em indicar a estrutura subjacente, elementar e abstrata dos elementos que compõem a proposição, especificando e formalizando as relações de dominância e de precedência existente entre esses elementos.
PRINCÍPIOS DE ORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA FRASAL
Vejamos, a partir dos exemplos abaixo, a descrição das regras de estrutura frasal, ou seja, a determinação dos elementos aptos a compor a proposição das frases do português, ou seja, a sua organização em classes e as suas possibilidades combinatórias:
Pedro está diante da vitrine de uma joalheria.
A polícia deteve vários suspeitos do furto.
A criancinha doente adormeceu.
Meu filho sonha ansiosamente com a noite de Natal.
Você levará a encomenda.
Para isso, faremos a decomposição da proposição em unidades menores para detectar a equivalência entre essas unidades. O procedimento a ser usado será o de comutação, cujas tarefas básicas são: 
a segmentação (determinaros subconjuntos em que pode ser decomposta a proposição); 
a substituição (verificar quais desses subconjuntos exercem a mesma função). 
Aplicando-se a comutação às orações acima, obtém-se:
1
	Pedro
	está diante da vitrine de uma joalheria.
	
	deteve vários suspeitos do furto.
	
	adormeceu.
	
	sonha ansiosamente com o dia de Natal.
	
	levará a encomenda.
	Pedro
	está diante da vitrine de uma joalheria.
	O policial
	
	A criancinha doente
	
	Meu filho
	
	Você
	
Em cada subconjunto há elementos equivalentes, visto que, ao se fazer a permuta, a integridade da oração se mantém. Cada um desses elementos constitui uma unidade sintático-semântica.
CONSTITUINTES ORACIONAIS: OS SINTAGMAS
Para Koch & Silva (2000, p. 14) “o sintagma consiste num conjunto de elementos que constituem uma unidade significativa dentro da oração e que mantêm entre si relações de dependência e de ordem. Organizam-se em torno de um elemento fundamental, denominado núcleo, que pode, por si só, constituir o sintagma”. 
Assim, nos sintagmas: Pedro, O policial, A criancinha doente, Meu filho, Você, o núcleo é um elemento nominal (nome ou pronome), tratando-se, pois, de Sintagmas Nominais. Já em: está diante da vitrine de uma joalheria, deteve vários suspeitos do furto, adormeceu, sonha ansiosamente com o dia de Natal, levará a encomenda, o elemento fundamental é o verbo, de modo que se tem, no caso, Sintagmas Verbais.
Logo, a natureza do sintagma depende, portanto, do tipo de elemento que constitui o seu núcleo; além do sintagma nominal (SN) e do sintagma verbal (SV), existem os sintagmas adjetivais (SA),que têm por núcleo um adjetivo, e os sintagmas preposicionados (SP), que são, normalmente, formados de preposição + sintagma nominal.
Na estrutura da oração, em sua forma de base, aparecem como constituintes obrigatórios o SN e o SV. Veja:
	1.
	Os garotos 
	empinavam papagaio de papel
	
	SN
	SV
	2.
	Nós 
	assistimos a uma conferência sobre tóxicos.
	
	SN
	SV
Por mais longa que seja a frase, ela pode ser decomposta nesses dois subconjuntos:
	3.
	A irmã de uma conhecida de meu marido
	recebeu uma belíssima homenagem de seus companheiros de trabalho.
	
	SN
	SV
	4.
	A carrocinha de pão que passava pela minha rua todos os dias
	pertencia a um antigo empregado da prefeitura municipal.
	
	SN
	SV
Nas regras de reescritura, o SN sujeito existe como posição estrutural, embora muitas vezes este elemento não se atualize, isto é, sua posição não seja lexicalmente preenchida. Veja:
	5.
	
	Chove.
	
	SN
	SV
Além dos elementos obrigatórios, SN e SV, existem orações que apresentam um terceiro subconjunto, com as seguintes características: 
É facultativo, isto é, sua ausência não prejudica a estrutura sintática da oração;
É móvel, ou seja, pode ser deslocado de sua posição normal (após o SN e o SV), vindo anteposto a esses sintagmas ou, ainda, intercalado; 
Apresenta-se, geralmente, sob a forma de um SP. Observe:
	6.
	As flores
	enfeitam os jardins
	na primavera
	
	SN
	SV
	SP
Pode haver mais de um constituinte desse tipo na oração:
	7.
	O padeiro
	entrega o pão
	Na minha casa 
	de madrugada
	
	SN
	SV
	SP
	SP
Assim, ao lado das orações constituídas apenas de SN + SV tem-se aquelas compostas de SN + SV + SP, de modo que as regras básicas de estrutura frasal são as seguintes:
F		T 	+	O
O		SN 	+	SV (SP)
Essas regras podem ser representadas através de diagramas arbóreos como os seguintes:
O SINTAGMA NOMINAL
O sintagma nominal (SN), como já se disse, pode ter como núcleo um nome (N) ou um pronome (Pro) substantivo (pessoal, demonstrativo, indefinido, interrogativo, possessivo ou relativo). No último caso, o pronome por si só constituirá o sintagma, que terá a seguinte configuração:
SN		Pro
No primeiro caso, o nome poderá vir sozinho, ou antecedido de um determinante e/ou seguido de um modificador.
O DETERMINANTE
O determinante (Det) , quando simples, é representado por um artigo, numeral ou pronome adjetivo:
Quando complexo, constitui-se de mais de um elemento; o determinante propriamente dito ou elemento base (det-base); o pré-determinante (pré-det) e o pós-determinante (pós-det):
A regra completa do determinante é , portanto, a seguinte:
Det		(pré-det) det-base (pós-det)
Funcionam como elementos-base de um determinante complexo em português, o artigo e o demonstrativo, que são, portanto, mutuamente exclusivos (todos os alunos, estes dois meninos, todos os meus livros); não havendo nem artigo, nem demonstrativo, um possessivo poderá vir a ocupar a posição de determinante-base: meus três livros; nossos bons companheiros.
Funcionam, geralmente, como pós-determinantes, o numerais e os possessivos (estes meus cinco amigos) e como pré-determinantes, certos tipos de expressões indefinidas – quantificadores universais (todos os meus amigos, nenhum dos meus amigos) ou partitivos, (alguns de meus amigos, muitos dos meus amigos, quatro dos meus amigos, a maioria dos meus amigos).
Além dos elementos que se excluem mutuamente (os estes meninos, aqueles os meninos, os muito amigos), há também, uma ordem para a colocação desses elementos no determinante (dois os livros, os todos colegas, etc.)
O MODIFICADOR
O modificador (Mod) pode ser constituído de um sintagma adjetival (SA) ou de um sintagma preposicionado (SP); (casa amarela, casa de pedra), apresentando, pois a seguinte regra:
		(SA)
Mod 		
(SP)
Se o modificador for um SA, poderá também preceder o nome (a nova residência de Paulo; os belos olhos de Marina). Existem, ainda, em português, orações cujos SNs não são lexicalmente preenchidos e, consequentemente, se reescrevem em postiços, conforme o exemplo (5) há pouco citado. Daí, a regra completa de reescritura do SN:
SN		(Det) (Mod) N (Mod)
			 Pro
			 
O SINTAGMA PREPOSICIONADO
De maneira geral, o sintagma preposicionado (SP) é constituído de uma preposição seguida de um SN:
SP		prep 	+ SN
Examinando, porém, as orações:
	8.
	O leiteiro sai
	cedinho
	
	
	Adv.
	9.
	O leiteiro sai
	de madrugada
	
	
	SP (loução adverbial)
	10.
	O leiteiro sai
	à mesma hora
	todos os dias.
	
	
	SP (loução adverbial) 
	SN (locução adverbial)
Pode-se verificar, através do esquema arbóreo, que as expressões grifadas, embora nem todas apresentem estruturas idênticas, desempenham o mesmo papel: o de modificadores circunstanciais (no caso, de tempo). Levando-se em conta, contudo, o fato de serem esses modificadores, em sua maioria, expressos por locuções adverbiais, normalmente, introduzidas por preposição, é possível atribuir-lhes a etiqueta de SP:
Há vários argumentos a favor dessa opção: 
a) muitos advérbios possuem uma locução adverbial correspondente: rapidamente – com rapidez; aqui – neste lugar; agora – neste momento, etc.; 
b) os advérbios constituem um inventário fechado, ao passo que as locuções adverbiais formam, praticamente, um inventário aberto, sendo assim, mais econômico englobar a uns e outros sob o rótulo de SP;
c) a descrição torna-se mais coerente, uma vez que toma como base não a estrutura, mas a função desses modificadores, que é a mesma. Adotando-se tal posição, a regra de reescritura do SP passa a ser a seguinte, podendo a preposição, algumas vezes, não aparecer lexicalizada como em todos os dias (=diariamente):
		 
 						SP prep	+ SN
	 	adv	
Quando o SP ocorre como constituinte independente, ou seja, uma terceira divisão a oração, conforme vimos no item “Constituintes Oracionais: os sintagmas”, ele poderá veicular informações sobre as circunstâncias em quese efetivam os fatos contidos na proposição (tempo, lugar, modo, causa, etc.), conforme o exemplo (11), ou indicar atitudes do falante, como nos exemplos (12) e (13):
	11i.
	No verão, os dias são mais longos que as noites.
	11ii.
	Lentamente, a noite descia sobre a terra.
	121.
	Felizmente, não houve vítimas no desastre.
	12ii.
	Pesarosamente, comunicamos o falecimento de nosso diretor.
	13i.
	Provavelmente, o comício não se realizará.
	13ii.
	Sem dúvida, nossa equipe será a campeã do torneio.
Observe que, em (12) e (13), ao contrário de (11), os SP não fazem parte do conteúdo proposicional: em (12), exprimem os sentimentos do falante perante os fatos veiculados pela proposição e em (13) revelam o seu grau de engajamento relativamente ao enunciado que produz, funcionando em ambos os casos como modalizadores ou modificadores atitudinais. Saliente-se, ainda, que este tipo de modificador circunstancial não se inclui nas definições apresentadas pela maior parte das gramáticas de Língua Portuguesa, segundo as quais “o adverbio é a palavra invariável que modifica o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio, acrescentando-lhes uma circunstância”. Alguns autores mais modernos citam o modificador circunstancial da oração, mas não distinguem entre os dois subtipos acima mencionados.
É necessário ressaltar, porém, que, além de apresentar-se, muitas vezes, como um terceiro constituinte da oração, o SP pode ocorrer, também, dentro de um SN, de um SV ou de um SA, funcionando como modificador do núcleo, como nos exemplos (14) a (19): 
	14.
	As 
	folhas
	das árvores
	dançavam ao sabor do vento.
	
	
	N
	SP
	
	
	 
	SN
	
	15.
	A 
	execução
	desse trabalho
	levará vários dias.
	
	
	N
	SP
	
	
	 
	SN
	
	16.
	Os estudantes
	gostaram 
	da palestra
	
	
	V
	SP
	
	
	SV
	17.
	Os pais
	de Carlos
	chegaram 
	da Europa
	
	
	V
	SP
	
	
	SV
	18.
	O governo
	atuou 
	com firmeza
	
	
	V
	SP
	
	
	SV
	19.
	A decisão
	do juiz
	foi 
	favorável
	ao reú
	
	
	
	
	Adj
	SP
	
	
	 SA
Examinando-se todas as ocorrências, podem-se distinguir dois tipos básicos de SP: os SPc, que exercem a função de complementos-nominais: (15) e (19) ou verbais (16) e (17), ocorrendo necessariamente no interior do sintagma cujo núcleo complementam; e os SPA, que desempenham o papel de adjuntos, apresentando-se ora no interior de outro sintagma (SN, SV,SA) , como modificadores nominais (14) ou verbais (18), ora no exterior de qualquer sintagma, formando um constituinte à parte, como modificadores oracionais: (11), (12) e (13). A diferenciação ente os diversos tipos de SP nem sempre é das mais fáceis, apesar da existência de alguns critérios de ordem predominantemente semântico-pragmática:
O SPA interno ao SV funciona como modificador ou intensificador do processo verbal: andar depressa, falar bem, trabalhar muito, enquanto o SPA externo apresenta-se como modificador circunstancial da oração como um todo, ou, então, como modificador atitudinal da frase, este último ligado diretamente à enunciação. Note-se que, em se tratando de um SPA interno ao SV, é sobre ele que recai a negação e não sobre o processo verbal em si: ele não anda depressa, ele não fala bem;
O SPC acompanha os verbos transitivos, isto é, de predicação incompleta, que exigem um complemento preposicionado. Deve-se aqui considerar a transitividade em sentido lato, abrangendo não apenas as construções com objeto indireto (tradicionalmente aceitas pelas nossas gramáticas), mas também aquelas com verbos de movimento (como ir, vir, chegar, morar, etc.), que necessitam, na maioria das vezes, de um complemento para integrar-lhes o significado, insuficiente por si mesmo. Já os SPA modificadores do verbo são termos estruturalmente acessórios, que assinalam qualquer circunstância relativa ao processo verbal. Portanto, a classificação do SP como SPC ou SPA depende da própria natureza semântica do verbo.
Finalmente, a distinção entre o SPC e o SPA interiores ao SN tem também causado inúmeras controvérsias, embora possa, de maneira simplificada, ser relacionada à questão da transitividade: o SPC integra (como complemento) o significado incompleto de: 
Nomes abstratos de ação, de movimento, etc. derivados de verbos transitivos em sentido lato (deverbais), como realização, execução, ida, permanência, etc.;
Nomes abstratos de sentimentos que recaem sobre um alvo específico, como esperança, medo, saudade;
Nomes derivados de adjetivos de valor transitivo, como aptidão, incompatibilidade, capacidade. O SPA, por sua vez, modifica nomes intransitivos, isto é, de carga semântica completa, geralmente concretos, diminuindo-lhes a extensão para aumentar-lhes a compreensão pelo acréscimo de uma caracterização, especificação, delimitação, etc.
O SINTAGMA ADJETIVAL
O sintagma adjetival (SA) tem como núcleo um adjetivo que, à semelhança do que ocorre nos demais tipos de sintagmas, pode vir sozinho ou acompanhado de outros elementos: intensificadores (intens) e modificadores adverbiais (SPA), antepostos ao núcleo, e sintagmas preposicionados (SPC), pospostos a ele. Observem-se os exemplos:
	20.
	Estes quadros são 
	Antigos
	
	
	Adj
	
	
	SA
	21.
	Estes quadros são 
	muito valiosos
	
	
	Intens. Adj
	
	
	SA
	22.
	O diretor despediu a secretária 
	recentemente nomeada
	
	
	SP (tempo) adj.
	
	
	SA
	23.
	O pôr-do-sol oferecia-nos um espetáculo 
	Surpreendentemente belo.
	
	
	 SP (modo) adj.
	
	
	SA
	24.
	O fumo é 
	extremamente 
	prejudicial
	à saúde.
	
	
	Intens.
	Adj.
	SPC
	
	
	SA
A oração (24), que contém todos os elementos capazes de constituir o SA, ficaria assim configurada em um diagrama arbóreo:
 
Tem-se, pois, a regra do SA: 
SA			(intens)	(SPA)	Adj	(SPC)
O SINTAGMAG VERBAL
O sintagma verbal (SV), um dos elementos básicos da oração, conforme se viu anteriormente, pode apresentar configurações diversificadas. Atribui-se a etiqueta verbo (V) ao constituinte do SV que contém a forma verbal, composta de um só vocábulo (tempos verbais simples) ou de vários vocábulos (tempos compostos ou locuções verbais).
O SV pode ser representado apenas pelo núcleo, isto é, o verbo como em (25):
	25.
	A criancinha doente 
	adormeceu
	
	
	Vintr
	
	
	SV
SV 			V. Intr.
ou pelo verbo acompanhado de um ou mais elementos, precedidos ou não de preposição, dependendo da regência de cada verbo, conforme (26) a (30):
	26.
	O garoto 
	chupou as balas(duas balas, balas de aniz, etc.)
	
	
	 Vtr SN
	
	
	 SV
SV 			Vtr	+	SN
	27.
	Os alunos 
	gostaram da palestra
	
	
	 Vtr SPC
	
	
	 SV
SV 			Vtr	+	SPC
	28.
	Paulo 
	mora na Lapa
	
	SN
	 V SPC
	
	
	 SV
SV 			V	+	SPC
	29.
	Os alunos desta turma
	ofereceram um jantar ao diretor.
	
	SN
	 Vtr SN SPC
	
	
	 SV
SV 			Vtr	+	SN	+ 	SPC
	30.
	Eu 
	falei de você ao meu marido.
	
	SN
	 Vtr SPC SPC
	
	
	 SV
SV 			Vtr	+	SPC	+	SPC
Os exemplos (25) a (30) apresentam o que as gramáticas tradicionais denominam de predicado verbal. Quando,em lugar do verbo, aparece a cópula, tem-se o chamado predicado nominal, que pode ser assim constituído:
	31.
	A lua 
	é desabitada.
	
	SN
	 Cóp SA
	
	
	 SV
SV 			Cóp 		+	SA
	31.
	A lua 
	é um satélite.
	
	SN
	 Cóp SN
	
	
	 SV
 SV 	 Cóp + SN
	32.
	Estas rendas 
	são do Ceará.
	
	SN
	 Cóp SP
	
	
	 SV
SV 			Cóp		+	SP
Não raro, aparecem, ainda, dentro do SV, elementos modificadores do verbo (quer intransitivo, quer transitivo), que ora intensificam o processo verbal (intensificadores), ora acrescentam circunstâncias de tempo, lugar, modo, etc. (SPA):
	33.
	Este operário 
	trabalha muito.
	
	SN
	 Vintr intens.
	
	
	 SV
	34.
	As crianças 
	acordam cedo aqui
	
	SN
	 Vintr SPA(tempo) SPA (lugar)
	
	
	 SV
	35.
	O balão incendiado 
	caiu longe.
	
	SN
	 Vintr SPA(lugar)
	
	
	 SV
	36.
	O foragido 
	atravessou a fronteira muito lentamente.
	
	SN
	 Vintr SN intens. SPA
	
	
	 SV
Sintetizando, podem-se estabelecer as principais possibilidades de constituição do SV:
Considerando a descrição de todos os sintagmas (SN, SP, SA,SV) percebe-se que apenas o SV desempenha sempre a mesma função na oração, a de predicado; os demais podem exercer funções variadas, dependendo do nódulo ao qual se encontram ligados.
 Assim, em (36), há dois SNs, o primeiro (o foragido) exercendo função de sujeito porque se apresenta como uma primeira divisão da oração, e o segundo (a fronteira) funcionando como objeto direto, porque é uma ramificação do SV. Portanto, o mesmo tipo de sintagma pode aparecer em várias posições, como subdivisão de outros sintagmas, passando a exercer funções diferentes. Este mecanismo, que permite todas as expansões possíveis não só dos constituintes de uma oração, mas também dos períodos simples e compostos, é denominado por Chomsky (1965) recursividade.
Tal abordagem simplifica a descrição ao considerar-se, por exemplo, sujeito, o SN à esquerda do SV e objeto direto, o SN à direita do V dentro do SV, dispensando as definições clássicas da gramática tradicional nem sempre suficientemente esclarecedoras.
REGRAS DE ESTRUTURA FRASAL OU GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS
Ao conjunto de regras que permitem organizar as palavras de uma língua em frases chamamos de gramática. Em uma gramática completa, cada constituinte é definido por uma regra de reescritura que contém todas as suas diferentes possibilidades de retranscrição sintagmática. Trata-se de gramáticas de estrutura sintagmática cujas regras de reescritura, em seu conjunto, especificam as relações de dominância, decompondo a oração em partes analisáveis quanto à classe, e de precedência, atribuindo uma representação formal às relações lineares. Portanto, a gramática não consiste na enumeração de todas as sequências possíveis de palavras particulares, que se apresentam em número infinito em todas as línguas, mas sim na formulação de regras gerais. Tais regras têm uma ordenação intrínseca que diz respeito à ordem obrigatória de introdução dos símbolos. 
Assim, por exemplo, não se pode ter uma regra SN 	 Det + N se em uma regra anterior não tiver sido já introduzida: O 	SN + SV.
Sintetizando todas as regras apresentadas, pode-se, agora, formular um fragmento de gramática, que define – precisa e explicitamente – isto é, gera as frases simples do português:
Esse conjunto de regras, também denominado gramática gerativa, que atribui uma descrição estrutural a todas (e somente) às frases de uma língua, fornece os meios de dizer se uma sequência qualquer de palavras está em conformidade com o sistema gramatical dessa língua, isto é, se é gramatical ou agramatical. Por exemplo, qualquer falante do português é capaz de dizer que as frases (37i) e (38i) são gramaticais e que as frases (37ii) e 38ii) são agramaticais:
	37i.
	O vereador participou da abertura do congresso.
	37ii.
	Do vereador o participou congresso abertura de.
	38i.
	Jovens andam de bicicleta.
	38ii.
	Dirigir anda de bicicleta.
As noções de gramaticalidade e agramaticalidade prendem-se às regras de estruturação das frases, as quais determinam a ordem dos elementos e as combinações possíveis. Assim, dizemos que uma oração é ou não gramatical dependendo do fato de ela ser ou não formada de acordo com as regras da gramática. Mas duas orações gramaticais podem não ser igualmente aceitáveis; assim é que, considerando (39) e (40):
	39.
	O livro que o aluno comprou é de linguística.
	40.
	O livro que o aluno que conhece tua irmã comprou é de linguística.
verificamos que (40) é mais difícil de interpretar, portanto menos aceitável que (39), embora ambas sejam gramaticais. A menor aceitabilidade de (40) decorre de limitações da memória temporária, a qual restringe a quantidade de material linguístico a ser intercalado entre o sujeito e o verbo de uma mesma oração. A aceitabilidade decorre também de fatores extralinguísticos entre os quais mencionam-se limitações de atenção e da memória, interrupções, ruídos, etc.
REFERÊNCIAS
AZEREDO, José Carlos de. Iniciação à Sintaxe do Português. 9ª. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.
FERRAREZI JÚNIOR, Celso. Sintaxe para a educação básica. São Paulo: Contexto, 2012.
SOUZA E SILVA, Maria Cecília Pérez de, SILVA, Ingedore Grunfeld Villaça Koch. Linguística Aplicada ao Português: sintaxe. 9ª. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

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