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CRISE POLÍTICA E O PAPEL DO DIREITO NA GESTÃO DA GREVE DOS CAMINHONEIROS AUTOR:CÁRMEN LÚCIA FERNANDES GUIMARÃES PROFESSOR ORIENTADOR:SAULO CERUTTI Universidade Comunitária da Região de Chapecó-UNOCHAPECO Curso de Direito- Turma A-Período 6-Crimes em Espécie II 04/06/2018 RESUMO Direcionados para redução de impostos, política de reajustes de preço de combustível, além dos índices de inflação que comprometem seu ganho. Sob a ótica jurídica, a histórica mobilização dos caminhoneiros foi uma greve profissional e política. Objetivando chamar atenção dos poderes públicos, a greve dos caminhoneiros caracterizou-se juridicamente com relevância, pelo modo de organização virtual, a unidade nacional dos profissionais, seu enquadramento e a forma com que foi solucionada. A Constituição Federal assegura no Art. 9º, que no Direito brasileiro, o exercício do direito de greve é um dos direitos fundamentais dos trabalhadores, os quais poderão, com ela, defender os seus interesses. Não se tratando de greve de assalariados, cuja paralização resultaria em enquadramento jurídico como greve típica, a atenção se direciona integralmente para os de trabalhadores autônomos que vendem transporte de carga. 2018 coisas injustamente esquecidas estão retornando. A intervenção federal anteriormente relegada a livros, é para apelo a institutos jurídicos. A requisição administrativa, se ministrava quase que por dever de cumprimento da totalidade do programa de Direito Administrativo. Palavras-chave: Direito; Greve; Caminhoneiros. 1 INTRODUÇÃO Em sessão do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou que a paralisação de caminhoneiros não tem somente como consequência uma crise de abastecimento, mas "atingiu direitos fundamentais no país". Abusos decorrentes da paralisação. "É certo que há o direito à greve que há o direito ao protesto e à reivindicação, mas também há uma responsabilidade de um abuso da situação, resultou em prejuízo a indivíduos, ao público e à sociedade, notadamente na área de serviços públicos e de utilidade pública", A PGR, está processando eventuais responsáveis por abusos. A prioridade foi identificar cargas de materiais hospitalares e orientou as forças de segurança para que fizessem a escolta desses carregamentos até o destino. Dodge também cobrou que os membros do MP trabalhassem para fazer valer a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a determinação d o desbloqueio de vias sob pena de multas de até R$ 100 mil por hora. Enfatizou também o prejuízo considerável para o agronegócio, agropecuária, desperdício de alimentos e mortandade de frangos, suínos e gado1. 1.1 REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA “A requisição administrativa é a intervenção do Estado na propriedade por meio da qual o Poder Público, em situações de iminente perigo público, requisita bens móveis, imóveis e serviços privados. Diz-se que é auto executória: o Poder Público não precisa pedir a ninguém para agir. Configurada a situação de urgência, ele atua desde logo, e usa o bem até quando persistir a justificativa da ação. Seu fundamento constitucional é o art. 5º, inciso XXV. O decreto federal n. 9.382, de 25 de maio de 2018, identifica hipótese de requisição administrativa. A juízo do presidente da República, entendeu-se que o movimento dos caminhoneiros implica hipótese de iminente perigo público. Criou-se procedimento expedido para efetuar as requisições, que, na maioria das vezes, consistirão em manobras desobstrutivas. A atuação pública deve ser planejada e proporcional, assegurando-se, em todo caso, a reparação de prejuízos eventualmente causados aos particulares. Esta requisição administrativa, em si e por si, não gera, em princípio, dano indenizável, desde que o deslocamento se destine apenas a desobstruir as vias ou a fazer os caminhões chegaram a seu destino natural. Vale observar que não há custo de oportunidade indenizável, numa greve, pelo Poder Público. Requisição administrativa não é medida das mais simpáticas - é ato de força, verdadeira manifestação pura e dura da existência de um domínio público eminente. Mas, para a alegria e o horror de tantos e de tantas, está previsto na Constituição da República, e, agora, saiu dos manuais de Direito Administrativo para entrar na história. A nossa história. Melhor quando a volta ao passado se limitava às canequinhas acobreadas de Moscow Mule”. 3 2 7.783/89, A LEI DA GREVE Pela lei, greve é só do trabalhador A greve, por definição legal, é um movimento de trabalhadores e organizado por eles, ou por sindicatos, como forma de pressionar os patrões ou o poder público na busca de atendimento de determinados pleitos. Quando o movimento é coordenado ou influenciado de alguma forma por donos de empresa ou entidades patronais, configura-se o locaute. A prática (cujo nome vem do inglês lockout) ocorre quando empregadores impedem seus funcionários de exercer suas atividades sem justificativa ou autorização legal (como em casos de falência ou paralisação por acidente de trabalho) e que possam trazer prejuízos aos trabalhadores. No Brasil, a greve é um direito assegurado pela Constituição. A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e lei nº 7.783/89, a Lei da Greve, dispõem sobre os direitos e deveres dos grevistas. Essas mesmas leis proíbem o locaute. “Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout)” Artigo 17 da Lei da Greve2 . O setor empresarial pode se reunir para fazer manifestações e colocar suas pautas em discussão. Isso é legítimo. O que não é lícito é uma entidade paralisar a atividade produtiva para pressionar o governo. “Os limites da ação do mercado e do planejamento central do Estado como solução aos problemas da sociedade, cuja importância também se dá como o controle, orientação e desenvolvimento do cidadão de sua comunidade . Assegurado na Constituição de 1988 o município como ente da federação, pode conhecer todos os instrumentos necessários à organização e decisões para o dinheiro público em benefício da maioria do povo brasileiro, o que são precários no País. A objetividade propõe sob diligência e vigilância; organizar e possibilitar que os interesses da maioria seja praticado e acompanhados pela fomentação de ações concretas de democracia participativa, controle social, respeito aos direitos humanos e universalização do acesso aos bens e serviços produzidos pelas políticas públicas”. (DOWBOR,2008, Vol.285) 2.1 PERCEPÇÃO IMPEDITIVA Os eleitores tem percepção do futuro sombrio que se apresentou e isto resultou na vontade e necessidade de reviravolta, por todas as tensões e questões que remetem à mudança. Os interesses difusos cujo mobilizador é a ganância pelo poder, extorquir o dinheiro do povo, tudo explicitado nas inúmeras recentes condenações. Esta raiva social é pela política indigna que impede a volta da agregação, construir o novo, flexibilizar, cuja estratégia é vender o futuro (reforma da previdência e fiscal/tributária (já) para garantir o presente. Imprevisibilidade. Quem tem ideia? Em fraqueza, desinteresse, sem autoridade nas mãos e só com autoritarismo o povo hoje entende que tem o poder para escolher novas pessoas, retirar todos os políticos do sistema e recomeçar com outras pessoas. Que força tamanha e histórica, o povo não quer nenhum destes.“Direita e esquerda também têm a ver com questões morais. Avanços na legislação em direitos civis e temas como aborto, casamento gay e legalização das drogas são vistas como bandeiras da esquerda, com a direita assumindo a defesa da família tradicional. Por isso, o lado esquerdo foi associado à luta pelos direitos dos trabalhadores, e o direito ao conservadorismo e à elite”.4 Tanto a direita como a esquerda ainda não sabem lidar com isso. Havia uma revolta imensa em relação ao combustível, que foi o catalisador de tudo. Mas havia também insatisfação relacionada à perda do poder de compra, de se gastar tudo o que tem e não sobrar nada ao chegar em casa, e de não poder viver com o que sobra. Por isso, há uma revolta contra tudo. Já não era só por 46 centavos. Os dois últimos dias de radicalização foram contra a corrupção e contra tudo o que estava lá, para tirar Michel Temer do poder. Muitas eram a favor da intervenção militar e votavam noutros candidatos à presidência. Na realidade estão pedindo socorro! O movimento é diverso e as pessoas vivenciam uma fase contraditória sentindo as dores da crise [econômica] e reivindicando bens públicos, pautas progressistas como educação e saúde universais, intervenção. A incredulidade é total na democracia representativa e uma percepção de que esse sistema serve aos que estão no topo. É uma classe muito precarizada que, depois da entrada do Temer, estendeu essa raiva a todos os políticos, a imprensa, a tudo que fosse hegemônico. Contudo, também acredito muito na forma como as próprias pessoas vivenciam a desigualdade. Então a direita organizada política não vai conseguir entrar. Em 2013, o Governo [brasileiro] era de esquerda, o que levou a análises de que os movimentos seriam de direita. Mas eram movimentos anti-austeridade.” 3 O PENSAMENTO ABISSAL E A CONSTRUÇÃO DA IDÉIA:PARAR . A tensão entre a regulação e a emancipação sociais é a característica da modernidade ocidental como um paradigma, visivelmente fundamentada por todos os conflitos modernos, e os atuais. O pensamento abissal moderno se destaca pela capacidade de produzir e radicalizar distinções. O conhecimento e o direito modernos representam as manifestações mais cabais do pensamento abissal. Dão-nos conta das duas principais linhas abissais globais dos tempos modernos, as quais, embora distintas e operando de modo diferenciado, são interdependentes.5 A antropóloga e cientista social Rosana Pinheiro Machado, que se reuniu com grupos de caminhoneiros em greve, diz que o movimento, assim como 2013, não é facilmente encaixável e revela uma lógica de redes, não de sindicatos. "Todos são ambíguos porque seguem uma lógica de agregação, em que você agrega pessoas via viralização, contágio, nas redes sociais. E como não são sindicalizados, sem aquela linha clara do sindicado e do movimento, elas reivindicam coisas múltiplas", explica. Uma das lições da paralisação, explica ela, é o fato de que a polarização política vista nas redes sociais não abarca toda a população, que é contraditória. "Não é um pedido por uma nova ditadura, mas sim para parar com a roubalheira e dar rumo para um país desgovernado", O primeiro de tudo é que houve um amplo apoio popular e as pessoas foram construindo a ideia de que é possível fazer alguma coisa e parar o país com uma ampla solidariedade da sociedade. Outra grande lição: a esquerda não tem base e não tem capacidade de fazer trabalho de base. O PT ainda é hegemônico e isso ficou muito claro. Algo que a gente vem percebendo desde 2013 é que o trabalho de base agora é feito via WhatsApp e.as pessoas reivindicam coisas múltiplas.6 CONCLUSÃO A moderação da Presidência, seus pares e opositores para agir, perda de seriedade e incapacidade de aparar arestas, sem coesão e magnificando distorções; formalizou o que há tempos ( O governo é acusado pelo Ministério Público Federal de ter usado a Petrobras, durante a gestão Dilma, como instrumento para controlar a inflação ) se vivencia: a reentrada da violência na política, desrespeito às normas e o cidadão, polarização que não produz resultados satisfatórios, resistência à mudanças e evolução. “Governo ilegítimo, Temer jamais prestou contas à população em geral, que dirá aos trabalhadores, só às elites financeiras e grupos políticos conservadores que bancaram a sua aventura golpista ao poder em 2016.Enfatize-se medidas impopulares como a reforma trabalhista e a PEC22 ou “PEC da morte”, com apelo covarde de do mesmo sobre a falta de medicamentos nos hospitais, os mesmos hospitais que tiveram fortes cortes Seu interesse prioritário razão para o golpe de Estado de 2016:foi o desmantelamento da Petrobrás”. Anela-se o corte de gastos do governo, como melhor e necessário ato com vistas resolver essa crise. A política de preços da Petrobrás voltou a ter influência do governo. Impossível acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados. O anúncio da frequência maior nos ajustes de preços mais a declaração do governo da impossibilidade de corte impostos, a dificuldade de equilibrar as contas públicas, e efeitos. Greve, pressionaram as mudanças na direção da Petrobrás, e demonstram o patente enfraquecimento do governo; mesmo após o anúncio que a estatal faria uma redução de 10% no preço do óleo diesel. A paralisação, no entanto, continuou. Foi a água d’água. Há que haver ainda instituições que agreguem soluções confiáveis, viáveis, responsabilidade, qualificações, culturais, sociais, econômicas, preservação da saúde, fauna, flora e humanidade. . Sobeja fartura de provas e absurda corrupção...Somente a participação solidária na construção de um futuro pessoal e coletivo, impulsiona um povo enganado, só que o novo caminho iniciado enfrenta em cada qual a, incerteza de não repetir os erros cometidos no passado. Tudo é muito difícil. REFERENCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR 6023: Informação e documentação referências: elaboração. Rio de Janeiro,2002. 6BETIM Felipe; BORGES Rodolfo; Greve dos Caminhoneiros. Entrevista ‘a antropóloga e cientista social Rosana Pinheiro-Machado São Paulo 2 JUN 2018 - 20:41 BRT<Disponível em: ttps://brasil.elpais.com/brasil/2018/06/02/politica/>Acesso em 3 de Jun. de 2018 2BRASIL-Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 7.783 de 28 de junho de 1989. a Lei da Greve (Art.17) Presidente: José Sarney. Brasil, Brasília, 28 jun. de 1989. CADERNOS METODOLÓGICOS-Diretrizes do Trabalho Científico, Hilda Beatriz Dmitruck (Org.) - 8º ed.-Chapecó:Argos,2012. 238 p.;23cm. -(Didáticos;5) CLT-Consolidação das Leis do Trabalho. DOWBOR Ladislau, O que é poder local? - editora: Brasiliense, coleção: Primeiros Passos - Vol. 285, 2008 3MENDONÇA, José Vicente Santos de, Doutor em Direito Público (UERJ). Professor adjunto de Direito Administrativo da UERJ. Professor da Universidade Veiga de Almeida (RJ). <Disponível em: http://www.direitodoestado.com.br/colunistas/jose-vicente-santos- mendonca/greve-de-caminhoneiros-e-requisicao-administrativa-modo-de-usar>Acesso em 3 jun. 2018. 4MURATT, Bernardo. A greve dos caminhoneiros e o papel da esquerda. Publicado em: 31 de Mai de 2018.Disponível em:https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2018/05/a- greve-dos-caminhoneiros-e-o-papel-da-esquerda-por-bernardo-muratt/>Acesso em 3 de jun. de 2018. 5SANTOS, Boaventura de Souza. Para Além Do Pensamento Abissal-Das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos Estudos CEBRAP 79, no 2007 pp. 71-94 7UOL-Disponível em https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/05/29/greve-de-caminhoneiros-ja-atinge-direitos-fundamentais-do-pais-pgr.htm?cmpid=copiaecola> Acesso em 3 de jun. de 2018
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