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Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional Curso de Fisioterapia BANDAGEM TERAPÊUTICA NAS DISFUNÇÕES DE PÉ, TORNOZELO E JOELO Victor Matheus Leite Mascarenhas Ferreira Diamantina, 2018 Bandagem Terapêutica no tratamento das condições do pé, tornozelo e joelho. Introdução O uso de órteses e bandagens fazem parte das intervenções fisioterapêuticas utilizadas no tratamento de condições clínicas e disfunções. De acordo com a World Confederation for Pysical Therapy (WCPF), 2007, o ensino do uso das bandagens terapêuticas deve estar incluso na grade curricular das faculdades de fisioterapia. No Brasil, a Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (SONAFE) reforçou através do parecer técnico 03-1/2014 que as Bandagens fazem parte das ferramentas usadas pelo fisioterapeuta e podem auxiliar no tratamento embora seu efeito seja dependente de uma boa avaliação prévia. O objetivo geral da bandagem é contribuir com o processo terapêutico de acordo com a avaliação funcional realizada previamente. Entre os objetivos específicos estão: Melhorar o processo de reparo; Permitir a movimentação em amplitude sem dor; Diminuir a dor; limitar a amplitude de movimento; Prover suporte a uma estrutura lesionada; Controlar edema; prevenir a piora de uma lesão prévia (Heweteson et.al.; 2009). Aplicação de bandagens nas disfunções do tornozelo As bandagens elásticas pode ser utilizadas na prevenção e tratamento das afecções do pé e tornozelo. Em uma revisão foi verificado que o uso de bandagem pode diminuir o risco de novo entorse de tornozelo bem como reduzir a severidade da lesão daqueles sofrem a lesão (Verhagen, Van Mechelen e De Vente; 2000). O uso de bandagem parece ser tão eficaz quanto o treinamento neuromuscular para prevenção do entorse de tornozelo em atletas com histórico dessa lesão (Verhagen e Bay; 2010). Segundo Verhagen e Bay, o uso conjunto da bandagem e do treinamento neuromuscular pode ter efeito adicional na prevenção de entorse nessa população. Além da melhora da estabilidade a bandagem pode ser utilizada para controle da dor e do edema. Não obstante, um estudo realizado em um departamento de emergência verificou que o uso da bandagem elástica após o entorse de tornozelo está associada com diminuição da dor e do edema 10 dias após a lesão (BOYCE, QUIGLEY E CAMPBELL; 2005). Além da bandagem elástica, o uso de faixa elástica para compressão parece ser eficaz no tratamento da entorse e diminuir o tempo de retorno às atividades (BEYNNON, et.al.; 2006). Aplicação de bandagens nas disfunções do joelho Assim no tornozelo e pé, as bandagem são amplamente utilizadas por fisioterapeutas no manejo das condições do joelho. Neste articulação a bandagem têm sido utilizadas para redução da dor (BARTON, et.al.; 2013), controle do edema (BALKI e GOKTAS; 2017), modificação de aspectos cinéticos e cinemáticos (SALSIC, et.al.; 2002), melhora da função (WOŹNIAK-CZEKIERDA, et.al.; 2017) e estabilidade. O enfaixamento do joelho com faixas elásticas também pode ajudar no controle do edema causado por lesões nos tecidos moles (i.e. ligamento, músculo, menisco (BEAM; 2017). O uso desta técnica associado à aplicação de gelo é recomendado no tratamento das lesões na fase aguda (PERRYMAN e HERSHMAN; 2002). Em caso de lesão do LCA o enfaixamento pode ser utilizado também para evitar que o edema causado pela lesão migre distalmente (BEAM; 2017). Preparação para aplicação das bandagens Antes da aplicação da bandagem alguns procedimentos são recomendados para garantir a eficácia e duração da bandagem, entre estes estão: Limpar bem a pele Manter a pele seca Realizar tricotomia Usar spray pré-tape (recomendado Recomendações Gerais Beam (2017) apresenta algumas orientações gerais para facilitar a aplicação e evitar agravos como lesões de pele. O autor recomenda evitar gaps e rugosidade na bandagem pois estas podem gerar irritações na pele. Para tal sugere-se sempre sobrepor camadas de bandagem, utilizar os dedos para facilitar a aderência do material e não apertar a bandagem através de uma tensão desnecessária do material sobre a pele. Bandagens e Enfaixamentos para tornozelo e pé BANDAGEM PARA RESTRIÇÃO DA INVERSÃO E EVERSÃO DO PÉ (CLOSED BASCKETWAVE) Passo 1 Colocação da âncora proximal na altura do terço inferior da tíbia Passo 2 Colocação da âncora distal ao redor do médio pé Passo 3 Faixa longitudinal 1- começa na região medial e vai até a região lateral da âncora superior Passo 4 Faixa tranversal 1- começa na região medial e vai até a região lateral da âncora inferior passando ao redor do tendão de aquiles Passo 5 Faixa longitudinal 2 – aplicação semelhante a faixa longitudinal 1 (passo 3). Realizar cobrindo 50% da faixa longitudinal 1. Passo 6 Faixa transversal 2 – aplicação semelhante a faixa transversal 1 (passo 2). Realizar cobrindo 50% da faixa transversal 1. Passo 7 Faixa longitudinal 3 – aplicação semelhante a faixa longitudinal 2 (passo 5). Passo 8 Faixa transversal 3 – aplicação semelhante a faixa transversal 2 (passo 6). Passo 9 Faixas de finalização – aplicar faixas longitudinais na região anterior começando e terminando sobre as âncoras Passo 10 Fixação das âncoras – aplicar faixas de fixação sobre cada âncora. ENFAIXAMENTO DO TORNOZELO Passo 1 Início do enfaixamento- Iniciar enfaixamento na região do médio pé próximo a base do quinta metatarso. Passo 3 Gradiente de pressã- Realizar enfaixamento de maneira à ir aliviando a pressão a medida que se enfaixa. Passo 2 Enfaixamento na espiral- Realizar enfaixamento na direção ascendente em espiral Passo 4 Término do enfaixamento – O enfaixamento finaliza a nível do terço inferior da tíbia Passo 5 Âncora final – Fixar com bandagem não elástica o enfaixamento sem realizar compressão. BANDAGEM PARA ESTABILIZAÇÃO DO JOELHO Passo 1 Âncoras – Fixar ancoras na região média da coixa e no terço superior da tíbia Passo 3 Faixa 2 – Fixar faixa partindo da região póstero medial da tíbia até região lateral da coxa Passo 2 Faixa 1 – Fixar faixa partindo da região póstero lateral da tíbia até região medial da coxa Passo 4 Faixa 3 – Fixar faixa partindo da região antero lateral da tíbia até região medial da coxa Passo 5 Faixa 4 – Fixar faixa partindo da região antero medial da tíbia até região lateral da coxa Passo 6 Repetir passos 2,3,4 e 5 fixando as faixas sobre 50% das faixas anteriores Passo 8 Fixar âncoras- Sobrepor as âncoras com faixas não elásticas para fixação Passo 7 Colocar duas faixas longitudinal na região lateral e medial ENFAIXAMENTO DE JOELHO Passo 2 Continuar o enfaixamento em espiral na direção ascendente com alívio progressivo da pressão Passo 1 Início- Começar enfaixamento a partir do terço superior da tíbia Passo 3 Término do enfaixamento – finalizar o enfaixamento na região média da coxa. Passo 4 Ancoragem – Colocar âncoras com bandagem não elástica na região superior e inferior da faixa para estabilização MATERIAIS NECESSÁRIOS Para realização dos enfaixamentos são necessários faixa elásticas e bandagem não elástica para ancoragem. Para realização das bandagens de estabilização são necessárias bandagens não elásticas (esparadrapo). O uso de tesoura de bandagem é opcional uma vez que facilita o processo mas não é fundamental. A utilização do material pré-tape (i.e. fita autoadesiva para proteção da pele) e do spray são indicados na preparação da bandagem. Referências: WCPT. Declarations of Principle and Position Statements: Guidelines for Physical Therapist Professional Entry-Level Education. 2007. Disponível em: http://www.wcpt.org/sites/wcpt.org/files/files/WCPT-PoS-Guidelines_for_Physical_Therapist_Entry-Level_Education.pdf SONAFE. Parecer Técnico: Bandagens Terapêuticas, 2014. Disponível em: http://www.sonafe.org.br/site/dyn_images/parecer-n-03-1-2014-bandagens-terapeuticas.pdfHewetson, T. J., Austin, K., Gwynn-Brett, K., & Marshall, S. (2009). An illustrated guide to taping techniques: Principles and practice. Elsevier Health Sciences. VERHAGEN, Evert ALM; VAN MECHELEN, Willem; DE VENTE, Wieke. The effect of preventive measures on the incidence of ankle sprains. Clinical Journal of Sport Medicine, v. 10, n. 4, p. 291-296, 2000. VERHAGEN, E. A. L. M.; BAY, K. Optimising ankle sprain prevention: a critical review and practical appraisal of the literature. British journal of sports medicine, p. bjsports76406, 2010. BOYCE, S. H.; QUIGLEY, M. A.; CAMPBELL, S. Management of ankle sprains: a randomised controlled trial of the treatment of inversion injuries using an elastic support bandage or an Aircast ankle brace. British journal of sports medicine, v. 39, n. 2, p. 91-96, 2005. BEYNNON, Bruce D. et al. A prospective, randomized clinical investigation of the treatment of first-time ankle sprains. The American journal of sports medicine, v. 34, n. 9, p. 1401-1412, 2006. APA BARTON, Christian et al. Patellar taping for patellofemoral pain: a systematic review and meta-analysis to evaluate clinical outcomes and biomechanical mechanisms. Br J Sports Med, p. bjsports-2013-092437, 2013. BALKI, Selvin; GÖKTAŞ, Hanim Eda. Short-Term Effects of the Kinesio Taping® on Early Postoperative Hip Muscle Weakness in Male Patients With Hamstring Autograft or Allograft Anterior Cruciate Ligament Reconstruction. Journal of sport rehabilitation, p. 1-21, 2017. SALSICH, Gretchen B. et al. The effects of patellar taping on knee kinetics, kinematics, and vastus lateralis muscle activity during stair ambulation in individuals with patellofemoral pain. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, v. 32, n. 1, p. 3-10, 2002. WOŹNIAK-CZEKIERDA, W. et al. Use of Kinesiology Taping in Rehabilitation after Knee Arthroplasty: a Randomised Clinical Study. Ortopedia, traumatologia, rehabilitacja, v. 19, n. 5, p. 461-468, 2017. BEAM, Joel W. Orthopedic taping, wrapping, bracing, & padding. FA Davis, 2017. PERRYMAN, Jonathan R.; HERSHMAN, Elliott B. The acute management of soft tissue injuries of the knee. Orthopedic Clinics of North America, v. 33, n. 3, p. 575-585, 2002.
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