Introdução aos Estudos Literários

Prévia do material em texto

*
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS
*
O QUE É LITERATURA?
Larousse Cultural: s.f. (lat. litteratura). 1. Arte de escrever trabalhos artísticos em prosa ou verso. 2. Conj. Desses trabalhos pertencentes a um país, época, gênero, etc. (...) 6. Sonho, fantasia, irrealidade.
L.Didático: é “todo” o texto considerado (pela crítica) como uma “obra de arte”.
Canonizar: 2. Consagrar, glorificar.
*
ESCOLAS LITERÁRIAS
A história da Literatura é didaticamente dividida em conjuntos (Eras) ou períodos (escolas), levando em conta o momento histórico em que tais obras foram produzidas.
*
*
*
ELEMENTOS COMUNS AOS TEXTOS LITERÁRIOS
Verso: o fluxo de palavras é interrompido antes que as linhas sejam preenchidas até o limite da margem direita, mesmo que seu sentido ainda não tenha sido concluído.
EX.: “ Caterina é mais fermosa 
 para mim que a luz do dia;
 mas mais fermosa seria
 se não fosse mentirosa ”
 Camões
*
Elementos comuns aos textos literários
Prosa: O fluxo de palavras vai até o limite físico da linha, na margem direita. 
Então, muda-se para a linha seguinte, para continuar desde o início da margem esquerda, e assim sucessivamente. 
Um texto em prosa é composto por parágrafos, o qual é uma unidade de sentido.
*
Ex.: Trecho de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.
 - Chama-me Natureza ou Pandora; sou tua mãe e tua inimiga.
 Ao ouvir esta última palavra, recuei um pouco, tomado de susto. A figura soltou uma gargalhada, que produziu em torno de nós o efeito de um tufão; as plantas torceram-se e um longo gemido quebrou a mudez das coisas externas.
 - Não te assustes, disse ela, minha inimizade não mata; é sobretudo pela vida que se afirma. Vives: não quero outro flagelo.
 - Vivo? Perguntei eu, enterrando as unhas nas mãos, como para certificar-me da existência.
*
POESIA E POEMA
Poesia: Habilidade de construir bem uma composição de palavras (escritas ou não), capaz de despertar nas pessoas o sentimento do belo, de elevá-las a um plano espiritual superior, proporcionando prazer.
Poema: “Objeto” construído à partir da poesia. É a obra de arte verbal* realizada concretamente.
*
ELEMENTOS BÁSICOS DO POEMA E DA PROSA
Som: sistema de harmonias, ritmos e melodias criado pelas palavras. (rimas, assonâncias, aliterações , entre outras figuras de linguagem...)
 
 (...)
 Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso... Tudo na noite, tudo clama e voa Sob a febril agitação de um pulso. (...) 
Violões que choram, Cruz e Souza 
*
Imagem: dados visuais de um poema. (métricas diferenciadas, disposição das palavras no papel, etc.)
 f o r m a r e f o r m a d i s f o r m a t r a n s f o r m a c o n f o r m a i n f o r m a f o r m a 
José Lino Grünewald (1959)
*
Pensamento: Estrutura intelectual de escolha, combinação e disposição de palavras para expressão de conteúdos: idéias, sensações, sentimentos, etc. (figuras de linguagem, recursos da retórica...)
 Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode proceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se converter por meio de um sermão, há-de haver três concursos: há-de concorrer o pregador com a doutrina, persuadindo; há-de concorrer o ouvinte com o entendimento, percebendo; há-de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se pode ver por falta de luz. Logo, há mister* luz, há mister espelho e há mister olhos. 
 Sermão da Sexagésima (Pe. A. Vieira)
*
Rosa para Gertrude, Augusto de Campos
*
FIGURAS DE LINGUAGEM
Comparação: Ocorre quando a construção apresenta o termo comparativo.
“Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.” 
 (Fernando Pessoa)
Metáfora: É uma comparação que não explicita o elemento comparativo, mas prevalece a relação de semelhança.
“Sou uma Sombra! Venho de outras eras”
 (Augusto dos Anjos)
Hipérbole: É caracterizada pelo exagero.
“Fundas vermelhidões de velhas chagas
Em sangue, abertas, escorrendo em rios”
 (Cruz e Souza)
*
Sinestesia: Relaciona planos sensoriais diferentes.
“Penumbra de veludo. Esmorece a quermesse...”
 (Eugênio de Castro)
"Os carinhos(tato) de Godofredo não tinham mais o gosto(paladar) dos primeiros tempos." (Autran Dourado) 
"O brilho macio do cetim." (visão + tato) 
"Verde azedo." (visão + paladar)
 
"Aroma gritante." (olfato + audição) 
"Beleza áspera" (Visão + tato) 
*
Antítese: Ocorre quando há presença de palavras com sentidos opostos, porém que não se contradizem.
Não existiria som se não Houvesse o silêncio Não haveria luz se não Fosse a escuridão A vida é mesmo assim Dia e noite, não e sim 
(Certas Coisas, Lulu Santos)
Paradoxo: Ocorre quando há presença de palavras com sentidos opostos que se contradizem.
“Amor é fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
(...)”
*
Assonância: É a repetição de vogais.
“Um urubu pousou na minha sorte!”
 (Augusto dos Anjos)
Aliteração: É a repetição de consoantes.
“Vozes veladas, veludosas vozes,
 volúpia de violões, vozes veladas,
 vagam nos velhos vórtices velozes
 Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.”
 (Cruz e Souza)
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*