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Monografia - Reconstrução Facial Forense Computadorizada em um Ambiente Open Source: uma construção bibliográfica - Lais Farias

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA 
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E EXATAS 
BACHARELADO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
 
RECONSTRUÇÃO FACIAL FORENSE COMPUTADORIZADA EM UM AMBIENTE 
OPEN SOURCE: UMA CONSTRUÇÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
Lais Farias Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jequié - Bahia 
2014 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jequié – BA 
2014
RECONSTRUÇÃO FACIAL FORENSE 
COMPUTADORIZADA EM UM AMBIENTE OPEN SOURCE: 
UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a 
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Campus 
de Jequié, como requisito parcial para a obtenção do 
título de Bacharel em Sistemas de Informação. 
 
Orientador: Profº. Dr. Robson Hebraico Cipriano 
Manicoba 
Co-orientador: Cícero André de C. Moraes 
 
LAIS FARIAS ALVES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LAIS FARIAS ALVES 
 
RECONSTRUÇÃO FACIAL FORENSE COMPUTADORIZADA EM UM AMBIENTE 
OPEN SOURCE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II e ao 
Colegiado do Curso de Sistemas de Informação da Universidade Estadual do 
Sudoeste da Bahia – UESB, Campus de Jequié, como requisito parcial para a 
obtenção do titulo de Bacharel em Sistemas de Informação. 
 
Aprovada em __/__/ 2014. 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
Saulo Correa Peixoto 
Mestre em Administração Pública - Fundação Getúlio Vargas / Universidade Estadual do Sudoeste da 
Bahia 
 
 
Robson Hebraico Cipriano Maniçoba 
Doutor em Engenharia Elétrica e de Computação - UFRN 
Professor da Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II e Orientador/ Universidade Estadual do 
Sudoeste da Bahia 
 
 
Valéria Argolo Rosa de Queiroz 
Mestre em Ciência da Computação - UFP / Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a Deus, quem me 
concede a sabedoria, a meus pais que me 
deram forças e um grande exemplo de 
perseverança e irmãos que amo muito, ao 
meu companheiro que sempre me apoia e aos 
meus amigos que sempre estiveram ao meu 
lado. 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus por me conceder toda a sabedoria para aprender e absorver 
todos os conhecimentos que todos os professores me passaram durante toda a 
minha jornada da graduação. 
Aos meus pais, que sempre buscaram todas as oportunidades para 
que eu sempre continuasse a estudar e crescer como pessoa e ao belíssimo 
exemplo de vida, amor, luta, perseverança, coragem, força e honestidade que me 
ensinam a cada dia. 
Aos meus irmãos, em especial a Lorena e Daiane, que me deram 
muito amor e compreensão durante esse período da construção da monografia 
Ao Prof. Robson Cipriano, meu orientador e amigo de todas as 
horas, que acompanhou nessa reta final onde pude alcançar o objetivo da conclusão 
desse trabalho ao qual me dediquei muito. 
A Cícero Moraes, meu co-orientador, amigo e grande referência da 
qual tenho para minha vida, de paixão pelo que faz e sucesso naquilo que gosta de 
trabalhar. 
Ao Prof. Saulo Peixoto, que me acompanhou no início do meu 
trabalho e me orientou muito para que eu conseguisse ter um rumo na pesquisa do 
tema apresentado. 
Ao meu companheiro e grande amor Cleiton Galvão, que sempre 
esteve ao meu lado me apoiando e me encorajando a continuar escrevendo este 
trabalho a cada manhã, tarde, noite e até mesmo na madrugada. 
Aos meus irmãozinhos de coração Vinícius Hipólito e Vinícius 
Souza, que sempre estiveram comigo e sempre buscaram me incentivar na escrita 
desse tema e por diversas vezes darem um puxão de orelha para que eu não 
ficasse parada. 
As minhas amigas próximas Mariana, Milena, Marta, Sâmela, Elaine, 
Roseane, Jaqueline, Michelli e também amigos distantes da Geekpride em especial, 
Estelinha, Karol, Laissa, Luis, Renato, Bryan, Rodrigo e Allan, amigas e amigos 
estes que sempre acreditaram no meu potencial. 
Às Professoras Valéria e Naiara que sempre se preocuparam 
 
 
comigo e com o meu trabalho, obrigada por toda atenção e carinho. 
Aos professores que contribuíram para meu crescimento durante 
esse período da minha graduação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não que sejamos capazes, por nós, de pensar 
alguma coisa, como de nós mesmos; mas, a 
nossa capacidade vem de Deus. - II Coríntios 
3:5 
 
 
 
 
 
 
 
 
ALVES, Lais Farias. Reconstrução Facial Forense Computadorizada em um 
Ambiente Open Source: uma revisão bibliográfica. 2013. 81f. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Graduação em Bacharel em Sistemas de Informação) – 
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, 2013. 
RESUMO 
A identificação de indivíduos é de grande valia para a sociedade nos mais variados 
âmbitos, e a Reconstrução Facial Forense pode ser utilizada para reconhecer 
cadáveres que são encontrados em um estágio de difícil identificação. Esse trabalho 
não aborda apenas a construção da bibliografia a respeito da Reconstrução Facial 
Forense, mas também a importância da utilização de Softwares Open Source e 
Livres para a construção desde processo, colocando assim as vantagens e 
desvantagens do mesmo em relação aos Softwares Proprietários, e com isso buscar 
a popularização dessa técnica. A construção de uma revisão bibliográfica a respeito 
do tema em questão foi realizada a partir de pesquisas em bases eletrônicas e 
contato direto com autores, analisando o processo de Reconstrução Facial Forense 
e de como o mesmo pode ser realizado em um ambiente Open Source. 
 
 
Palavras-chave: Reconstrução Facial. Forense. Open Source. Softwares Livre. 
Softwares Proprietários 
 
 
 
 
ALVES, Lais Farias. Forensic Facial Reconstruction Computed on an Open 
Source environment: a literature review. 2013. 81f. Trabalho de Conclusão de 
Curso (Graduação em Bacharel em Sistemas de Informação) – Universidade 
Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié, 2013. 
ABSTRACT 
Identifying individuals is of great value to society in various fields, and Forensic 
Facial Reconstruction can be used to recognize bodies that are found in a stage of 
identification difficult. This work not only addresses the construction of the literature 
regarding the Forensic Facial Reconstruction, but also the importance of using Open 
Source and Free Software to build long process, thus placing the advantages and 
disadvantages of the same owner for the Software, and thus find the popularization 
of this technique. The construction of a literature review on the subject in question, 
was performed from research in electronic databases and direct contact with authors, 
analyzing the process of Forensic Facial Reconstruction and how it can be done in 
an Open Source environment. 
 
 
Key-words: Facial Reconstruction. Forensic. Open Source. Free Software. 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Anatomia di testa maschile ou testa di Zumbo, Firenze. Fonte: Arte.It.... 16 
Figura 2 - Reconstrução facial de Valentina Kosova. Fonte: Fundamentos... (1949) 
..................................................................................................................................18 
Figura 3 - Tela do StereosScan. Fonte: SOFTPEDIA(2013) ................................... 27 
Figura 4 - Tela do Mimics. Fonte: HUANG (2012).................................................... 28 
Figura 5 - Tela do 3DS Max. Fonte: STLNEWS (2012) ........................................... 28 
Figura 6 - Diagrama das quatro liberdades do Software Livre. Fonte: FARIAS (2011) 
….............................................................................................................................. 30 
Figura 7 - Tela do PPT-GUI. Fonte: MORAES (2012) ............................................. 34 
Figura 8 - Tela do InVesalius. Fonte: MORAES (2012) …....................................... 36 
Figura 9 - Tela do Blender 3D. Fonte: (AUTOR, 2013) ........................................... 37 
Figura 10 - As 15 variáveis referentes ao SL e SP. Fonte: (FARIAS, 2011) ........... 38 
Figura 11 - Malhas obtidas no StereosScan. Fonte: (MORAES, 2013) …............... 48 
Figura 12 - Malhas obtidas no PPT. Fonte: (MORAES, 2013) ................................ 49 
Figura 13 - Resultado da reconstrução. Fonte: (MORAES, 2013) .......................... 49 
Figura 14 - Reconstrução da Thotmea. Fonte: (SANTOS; MOARES, 2013) .......... 51 
Figura 15 - Imagem da Thotmea renderizada. Fonte: (SANTOS; MOARES, 2013) 51 
Figura 16 - Reconstrução 3D da pele e das bandagens no software InVesalius. 
Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013).............................................................. 52 
Figura 17 - Reconstrução 3D da parte óssea no software InVesalius. Fonte: 
(MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) ….................................................................... 53 
Figura 18 - Modelagem dos músculos e do nariz finalizadas. Fonte: (MORAES; 
SILVA; SANTOS, 2013) …....................................................................................... 53 
Figura 19 - Linhas de projeção do nariz. Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) 
….............................................................................................................................. 54 
Figura 20 - Projeção da imagem da textura da face do bebê. Fonte: (MORAES; 
SILVA; SANTOS, 2013) …....................................................................................... 55 
Figura 21 - Visualização do modelo já finalizado com cabelos e indumentária na 
janela 3D do software Blender. Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) .......... 56 
Figura 22 - Renderização final da reconstrução facial forense, já com os cabelos e a 
indumentária a moda da época. Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) ......... 56 
11 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
RFF Reconstrução Facial Forense 
TM Tomografia Computadorizada 
RM Ressonância Magnética 
PPT Python Photogrammetry Toolbox 
3D Três Dimensões 
3DS Max Três Dimensões Studio Max 
DNA Ácido Desoxirribonucleico 
DICOM Digital Imaging and Communications in Medicine 
GNU GNU is not UNIX 
FSF Free Software Foundation 
ATOR Arc-Team Open Research 
STL Standard Template Library 
SCIELO ScientificEletronic Library Online 
MEDLINE US National Library of Medicine 
RAM Random Access Memory 
GPL General Public License 
API Application Programming Interface 
OpenGL Open Graphics Library 
SL Software Livre 
SP Software Proprietário 
12 
 
DSL Desvantagem do Software Livre 
VSL Vantagem do Software Livre 
DSP Desvantagem do Software Proprietário 
VSP Vantagem do Software Proprietário 
 
 
13 
 
Sumário
 Introdução .......................................................................................................... 14 
 Metodologia ........................................................................................................ 16 
 Reconstrução Facial Forense ............................................................................ 18 
3.1 Breve Histórico.......................................................................................... 18 
3.2 Estado da Arte ........................................................................................... 21 
3.3 Reconstrução Facial Forense em um Ambiente Open Source ............. 25 
3.3.1 Obtenção dos Dados do Crânio ....................................................... 25 
3.3.2 Digitalização dos Dados Obtidos ..................................................... 26 
3.3.3 Organização dos Dados .................................................................... 26 
3.3.4 Reconstrução Facial Forense ........................................................... 27 
 Softwares Proprietários ...................................................................................... 28 
 Softwares Open Source ..................................................................................... 31 
5.1 As Quatro Liberdades do Software Livre ................................................ 31 
5.2 Os Dez Critérios para Definição de Open Source .................................. 32 
 Softwares Utilizados na Reconstrução Facial em um Ambiente Open Source .. 35 
6.1 Python Photogrammetry Toolbox (ppt) ................................................... 35 
6.2 InVesalius .................................................................................................. 36 
6.3 Blender 3D ................................................................................................. 38 
 Software Livre Vs Software Proprietário: Vantagens e Desvantagens ............... 40 
7.1 Discussão Acerca dos Resultados Expostos ........................................ 48 
 Trabalhos Desenvolvidos no Campo da Arqueologia ........................................ 50 
8.1 Australopithecus Afarensis: O Diário de uma Reconstrução ............... 50 
8.2 A Reconstrução de Tothmea ................................................................... 52 
8.3 Forensic 3D Facial Aproximation From a CT Scan Video Of a 
Mummified Egyptian-Roman Child .................................................................... 54 
 Considerações Finais ......................................................................................... 59 
Referências ............................................................................................................... 60 
ANEXO A – Tabela com Medidas Craniométricas .................................................... 68 
 
14 
 
 INTRODUÇÃO 
 A identidade sempre foi algo bastante relevante para os seres humanos. 
Quando se trata de diferenciação para a sociedade e consequente obtenção de seus 
direitos, características morfológicas, biológicas e psicológicas são usadas para 
diferenciar os indivíduos uns dos outros desde o nascimento, mesmo em casos de 
gêmeos univitelinos (JOBIM et all, 2012). 
 A identificação post-mortem1 também é extremamente importante, pois serve 
de base nas investigações criminais e também garante a preservação dos direitos e 
deveres dos herdeiros. Para a Criminalística, que realiza oficialmente a 
identificação cível e criminal, identificar e classificar as características 
individualizadoras são desafios constantes. Em alguns casos, cadáveres são 
encontrados em situações em que a identificação é comprometida devido às 
condições às quais tais corpos foram expostos. 
 Uma das técnicas para se obter a identidade da vítima, nesses casos em que 
a identificação não pode se dar de imediato, devido as condições do cadáver, é por 
meio da Reconstrução Facial Forense (RFF) tridimensional, que pode ser feita de 
modo manual ou computacional. Tal técnica consiste num processo em que são 
analisadas as características presentes no crânio e a partir delas, é realizada uma 
reconstrução facial digital. A reconstrução facial forense digital é possível devido ao 
avanço da tecnologia e da existênciade softwares para modelagem em três 
dimensões (THEODORO, 2011). 
 Os softwares mais utilizados para esse processo de reconstrução são de 
licença privada e de custo elevado a exemplo do Maya 3D e 3DS Max (AUTODESK, 
2013), o que levanta o questionamento de como essa situação pode ser mudada 
com o uso de uma solução Open Source. Sendo esta um processo onde a RFF seja 
realizada em um ambiente no qual os softwares utilizados sejam totalmente Open 
Source. 
 Destarte, abre-se o horizonte para um estudo mais detalhado de como seria 
esse processo e de como essas ferramentas, que são utilizadas para a 
implementação no processo de reconstrução facial em um ambiente Open Source, 
podem contribuir para bons resultados, com qualidade aceitável e custo 
significativamente reduzido, o que proporciona maior descentralização e 
15 
 
disseminação da técnica. 
 Diante de tal lacuna no estado da arte, emergiu a inquietação que norteia o 
projeto em tela, que tem como objetivo construir uma revisão bibliográfica a respeito 
do tema em questão, analisando o processo de Reconstrução Facial Forense e de 
como o mesmo pode ser realizado em um ambiente Open Source. 
 
1
 Post-mortem: Termo em latim que significa “depois da morte”. 
16 
 
 METODOLOGIA 
 Para alcançar os objetivos, foi realizado um levantamento bibliográfico 
integrado, que buscou coletar informações relacionadas à reconstrução facial 
forense no ambiente supracitado e seus respectivos avanços assim como, a análise 
da documentação dos softwares que são utilizados durante o processo da 
reconstrução, para posteriormente ser comparado com outros softwares, sendo 
estes proprietários, que realizam as mesmas funções e assim apresentar no que os 
softwares Open Source se diferenciam dos proprietários. 
Para obter a base bibliográfica foi realizada pesquisa em bases eletrônicas, 
como por exemplo, da ScientificEletronic Library Online (SCIELO), Google 
Acadêmico, US National Library of Medicine (MEDLINE), e na busca manual por 
citações em artigos científicos identificados. Também se procurou identificar 
referências em sites confiáveis como o Cogitas3D e o ATOR (Arc-Team Open 
Research). A consulta dos livros relacionados foi realizada na biblioteca da 
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, e com o contato com alguns autores 
via e-mail, o que proporcionou direcionamento e maior aprofundamento no 
conteúdo. 
Para a inclusão nesta pesquisa, os artigos utilizados foram analisados de 
acordo com alguns critérios, sendo estes: o estabelecimento da hipótese e objetivos 
da revisão integrativa; a qualidade de descrição das hipóteses/objetivos; qualidade 
do desfecho do tema desta pesquisa; qualidade na discussão e metodologia da 
reconstrução facial forense computadorizada; qualidade de apresentação da nova 
metodologia que se baseia em um ambiente Open Source e qualidade na 
apresentação da relevância que a reconstrução facial possui para a área forense. 
Os artigos publicados, com resumos disponíveis nas bases de dados 
selecionadas, foram ainda filtrados por critério temporal, sendo excluídos os que 
tiveram publicação em um período inferior ao ano de 2000. 
Dessa forma, buscou-se apresentar uma nova roupagem para as 
metodologias aplicadas no campo da arqueologia, através da utilização de um 
ambiente Open Source para obtenção e manipulação de dados para a reconstrução 
facial, alcançando resultados igualmente satisfatórios e tão efetivos quantos os 
alcançados por meio de metodologias consagradas já existentes, porém com custo 
significativamente reduzido. 
17 
 
A busca por trabalhos já realizados neste campo, que pudessem detalhar o 
sucesso dos resultados obtidos, foi essencial para a compreensão de como a 
adaptação das técnicas para o ambiente Open Source pode ser realizada a cada 
etapa até chegar ao resultado final. As limitações encontradas para o 
desenvolvimento do presente trabalho deram-se pelo fator da metodologia ser nova 
e pela pouca disponibilidade de referencial teórico que retratasse o tema com 
completude e fidedignidade. 
A exibição dos estudos e discussões foi feita de forma descritiva, no intuito de 
proporcionar ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão integrativa composta, 
de maneira a atingir o objetivo dessa pesquisa. 
 
 
18 
 
 RECONSTRUÇÃO FACIAL FORENSE 
3.1 BREVE HISTÓRICO 
A modelagem de faces sobre caveiras não é um hábito recente, mas é certo 
que essa prática voltada para o âmbito cientifico é atual. Segundo Taylor (2001) Arte 
Forense é dividida em três áreas: Composição de Imagem, Modificação de Imagem 
e Reconstrução e Identificação post-mortem, sendo essa última a de interesse e 
abordagem deste trabalho. 
Nos dias atuais, essa arte é unida a ciência, trabalhando juntas para trazer 
resultados na identificação de indivíduos por meio da RFF. Nesta união, inicialmente 
temos como destaque o artista italiano Gaetano Giulio Zumbo (1656-1701), que 
produziu modelos realistas de corpos em estado de decomposição ou em processo 
degenerativo devido alguns tipos de doenças, o Testa dello Zumbo, modelo mais 
célebre do artista é um bom exemplo disso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1 - Anatomia di testa maschile ou testa di Zumbo, Firenze. Fonte: Arte.It. 
O exemplo mais antigo, relatado em livro acerca da RFF como uma tentativa 
de desenvolver essa arte voltada para área científica, é por meio do anatomista 
suiço Wilhelm His, que no ano de 1895 após fazer a medição de tecidos moles em 
alguns cadáveres reconstruiu a face do compositor Johann Sebastian Bach através 
19 
 
de uma reprodução da caveira do mesmo. 
Um aspecto existente nas primeiras tentativas de reconstrução é a quantidade 
pequena de cadáveres estudados para se obter a média dos chamados tissues 
depths, sendo esta a medição de profundidade de tecidos moles nos pontos 
estratégicos da face (MORAES, 2012a). Entretanto, com o avanço dos tempos essa 
realidade foi mudada, devido à mobilização de diversos pesquisadores que 
buscaram fazer um levantamento com mais precisão desses dados e com uma 
maior quantidade de amostra de pessoas e com diferentes etnias. 
Para a realização da RFF essas medições são de grande importância no que 
diz respeito à identificação. Elas possibilitam que a reconstrução seja feita com base 
na média de profundidade da popularização aumentando a chance de sucesso dos 
resultados e com isso atestando a autenticidade científica do processo. 
Contudo, sozinha a medição não é suficiente para a RFF. O russo Mikhail M. 
Gerasimov (1907-1970), que foi tardiamente reconhecido no ocidente devido a 
dificuldade da tradução de sua obra escrita em 1949, é uma figura obrigatória e 
marcante da história da arte forense. Gerasimov desenvolveu um método reconstruir 
faces modelando músculo a músculo e assim obtendo resultados surpreendentes 
como a exemplo da identificação de Valentina Kosova ilustrada na Figura 2. 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Reconstrução facial de Valentina Kosova. Fonte: Fundamentos... (1949) 
 
O método desenvolvido por Gerasimov tornou-se conhecido como “método 
russo”. O chamado como “método americano” foi desenvolvido a partir do trabalho 
do antropologista Wilton Krogman que o descreveu no ano de 1940. A pioneira na 
utilização dessa técnica foi Betty Pat. Gatliff, conhecida internacionalmente por suas 
contribuições que se iniciaram no ano de 1967, com sua primeira reconstrução 
realizada.21 
 
 
Mas, além desses métodos já citados, existe mais um, o “Manchester method”. 
Esse método está entre o russo e o americano, devido realizar a reconstrução 
músculo a músculo tendo com base científica a profundidade de tecido do outro. 
Richard Neave, medical artist britânico, foi o desenvolvedor primo desse método no 
início da década de 1970 na universidade de Manchester na Inglaterra. 
3.2 ESTADO DA ARTE 
 A identificação de uma pessoa sempre foi algo que inquietou os seres 
humanos e isso é relatado até mesmo nos contos. 
 
Ulisses, personagem de Homero, em ‘Ilíada’, ao retornar à cidade de 
Tróia, é reconhecido por sua ama devido à cicatriz que possuía na 
perna. Penélope não o admitiu no leito sem antes identificá-lo com certo 
cuidado, evocando lembranças e segredos privativos de casal.” (JOBIM; 
COSTA; SILVA, 2012, p. 07). 
 
Existem situações onde se faz importante saber à identificação da pessoa, 
principalmente se esta situação ocorrer após a sua morte, pois, em certos crimes, o 
cadáver encontrado não apresenta as características que permitem o 
reconhecimento imediato da vítima. Assim, Theodoro (2011) salienta que a 
identificação é necessária e relevante não só por questões jurídicas, mas também 
por aspectos de caráter social e humanitário. 
Destarte, saber com autenticidade a identidade do cadáver permite que uma 
série de fatos sejam definidos. Sendo assim, no âmbito jurídico o reconhecimento do 
corpo possibilita que atitudes legais possam ser tomadas, como atestado de óbito, 
cumprimento dos direitos aos herdeiros, um novo casamento, entre outros fatos. Em 
se tratando de um crime, tal identificação vai auxiliar na busca do responsável ou 
dos responsáveis. 
De acordo com Clement e Marks (2005) os métodos mais confiáveis para se 
obter a identidade de uma pessoa são: datiloscopia, comparação ortodôntica e por 
comparação de DNA. 
A identificação por datiloscopia se dá por meio de coleta e comparação das 
impressões digitais obtidas de um indivíduo (vivo ou morto), posto que as 
22 
 
características presentes nas papilas dérmicas são definitivas e únicas em cada 
indivíduo, mesmo se este possuir um irmão gêmeo idêntico. Para a aplicação desse 
método não se faz necessário conhecimentos médicos, mas deve ser feita por 
profissionais treinados para tal, os chamados papiloscopistas (JOBIM et all, 2012). 
No caso de identificação por comparação ortodôntica, está é compreendida 
em três fases sendo essas: (fase um) primeiro registro, podendo ser por meio de 
ficha clínica com os dados acerca das condições bucais da pessoa, uma fotografia 
ou outro; (fase dois) segundo registro que consiste em obter um novo registro de 
acordo com as suspeitas sobre o indivíduo, e a terceira fase se trata da comparação 
entre as fases um e dois, onde é confirmada ou excluída a identidade do indivíduo 
em questão. 
Já na identificação por comparação de DNA são coletados materiais 
genéticos dos vestígios humanos que possibilitem a realização da reação em cadeia 
da polimerase (PCR), esse tipo de teste permite a amplificação seletiva, in vitro2, de 
sequências específicas do DNA que se deseja estudar. Mas, o problema quanto à 
contaminação com o DNA de outros indivíduos traz preocupação quanto à maneira 
que esse material é coletado. Diante desse problema, a odontologia legal vem 
contribuindo para que a extração seja o mais segura possível com a coleta do 
material genético a partir dos dentes do indivíduo. 
O uso de uma quantidade considerável de métodos de identificação utilizados 
e a necessidade de todos eles se dá porque os cadáveres sofrem diferentes 
desgastes, de acordo com o ambiente em que se encontram e com o tipo de ação 
sofrida durante e depois da morte. A preocupação com as técnicas de identificação é 
crescente, porque elas não são concorrentes, mas complementares. 
Observa-se que a variedade no uso de diferentes características 
identificadoras pode permitir a utilização de métodos mais baratos ou mais fáceis 
antes de recorrer a métodos mais caros ou mais difíceis, a exemplo da comparação 
de DNA. É importante salientar que tal metodologia nem sempre obtêm sucesso, 
pois em alguns casos de identificação não são encontrados materiais genéticos nos 
restos mortais da vítima. 
 
 
2
 In Vitro: é uma expressão latina (“em vidro”) que designa todos os processos biológicos que 
têm lugar fora dos sistemas vivos, no ambiente controlado e fechado de um laboratório e que são 
feitos normalmente em recipientes de vidro. 
23 
 
Apesar da introdução da análise do DNA de restos humanos, muitos 
casos permanecem não identificados. Aproximadamente 10% dos 
cadáveres desconhecidos não podem ser identificados por meio de 
dados odontológicos ou outros métodos”. (FERNANDES, 2010, p. 33) 
 
A reconstrução facial forense consiste em uma ferramenta que possibilita 
gerar uma lista de prováveis nomes que poderão ser confirmados por meio de 
exame de DNA, ou, por meio de outros métodos primários que permitam a 
identificação. 
Stephan e Devine (2009) descrevem a reconstrução como um método que 
consiste em recriar os traços faciais de um indivíduo tendo como base o seu crânio, 
sendo esse utilizado quando nenhum dos outros métodos possa ser aplicado. 
Em uma análise criteriosa, é possível notar que a reconstrução facial forense 
se trata de uma técnica que possibilita recriar a aparência facial de um indivíduo e 
em seguida proceder ao reconhecimento da identidade do mesmo. De posse dessa 
face reconstituída, pode-se fazer uso adequado das outras metodologias de 
reconhecimento individual. 
 Fundamentalmente existem três técnicas principais de reconstrução facial 
forense e estas são: reconstrução bidimensional, tridimensional manual e 
tridimensional digital. Essa última é possível devido aos avanços tecnológicos cada 
vez maiores de softwares de modelagem em três dimensões (3D) (FERNANDES, 
2010). 
 Esses softwares permitem simular as condições reais similares a 
reconstrução tridimensional manual, com a modelagem e a inserção das medidas de 
tecidos moles de acordo com a tabela de pontos craniométricos (CRANIOFACIAL, 
2013) em anexo deste trabalho. Os pontos craniométricos, em conjunto, possibilitam 
formar uma face. Esses pontos podem ser analisados em norma frontal, occipital, 
lateral e basal. 
 Para realização das reconstruções faciais são obtidos os dados do crânio 
seco por meio de imagens digitalizadas, tomografia computadorizada (TC), 
Ressonância magnética (RM), fotografias, conversão de vídeo malha 3D; depois de 
obtidos, esses dados são transferidos para as ferramentas 3D e assim se inicia o 
processo de modelagem até se atingir a imagem completa da suposta face do 
indivíduo. 
24 
 
 Para essa coleta de dados do crânio e posteriormente a modelagem em 3D 
da face, podem ser utilizados diversos softwares que podem possuir licença de uso 
proprietária ou gratuita, o que define com que a metodologia para a reconstrução 
facial possa ser de custo elevado ou não. 
 Com o crescente avanço da tecnologia, novas melhorias na reconstrução 
facial forense vêm surgindo, assim como novas metodologias aparecem. Uma que 
vem ganhando espaço no campo da arqueologia é a que se utiliza de um ambiente 
Open Source pra realizar a reconstrução facial. 
Nesta nova metodologia, são utilizados softwares Open Source, totalmente 
gratuitos, tanto para a obtenção de dados do crânio quanto para a realização da 
modelagem dos tecidos moles. 
Essa nova metodologia se divide em duas técnicas de reconstrução facial, 
sendo que na primeira os dados do crânio são obtidos por meio de fotografias feitas 
poruma máquina fotográfica ou filmadora digital, na qual os arquivos são lançados 
em um software que faz o tratamento dessas imagens para assim gerar um arquivo 
que será utilizado e dará inicio a modelagem em um software 3D. Já na segunda, os 
dados do crânio são obtido por meio de RM ou TC no qual os arquivos de extensão 
Digital Imaging and Communications in Medicine (DICOM) são importados para o 
software 3D e assim ter inicio na modelagem. 
Ambas as técnicas são eficazes para realizar a reconstrução facial, 
entretanto, a primeira técnica por utilizar uma máquina fotográfica ou filmadora 
digital na obtenção dos dados do crânio, tende a diminuir ainda mais os custos 
relacionados à metodologia, pois nem toda instituição conta com um aparelho de RM 
e TC disponível. 
Destarte aos avanços que essa metodologia vem obtendo para a arqueologia, 
devido a seus resultados satisfatórios obtidos nas reconstruções faciais de múmias e 
afins, surgiu a inquietação para que esta seja aplicada, pela criminalista, no auxilio 
da identificação de cadáveres, os quais são encontrados em estado que os métodos 
primários para identificação não podem ser aplicados. 
De acordo com WILKINSON (2008) a reconstrução ou aproximação facial, 
como assim também se refere, sem dúvidas se tornou extremamente valiosa em 
investigações forenses, pois com a suposta face do indivíduo por meio de anúncios 
públicos muitos são identificados. 
 
25 
 
3.3 RECONSTRUÇÃO FACIAL FORENSE EM UM AMBIENTE OPEN SOURCE 
Ter conhecimento da verdadeira face de um indivíduo que tem seus restos 
mortais em um determinado estado no qual não se pode fazer um reconhecimento 
rápido e nem se utilizar de metodologias mais consagradas para obter a identidade 
do então desconhecido é um grande desafio devido à falta de imagens que auxiliem 
na percepção da aparência do mesmo post-mortem. 
Então nesse caso deve ser utilizada a Reconstrução Facial Forense, pois 
esta, com base nos dados obtidos do crânio para um processo computadorizado do 
desconhecido e aplicando os pontos craniométricos pode se obter uma possível face 
desse indivíduo. 
Os softwares atualmente utilizados para a realização desse processo de 
reconstrução possuem uma licença para uso com valores que deixam o processo 
com um alto custo, contudo, estudos, que estão sendo realizados para uma nova 
solução de baixo custo, vêm apresentando resultados significativos para o campo da 
arqueologia. 
Essa nova solução se baseia na Reconstrução Facial Forense em um 
ambiente Open Source, no qual todo o processo, desde a obtenção dos dados até a 
reconstrução a partir desses dados, se dá por softwares Open Source. 
A utilização dos softwares Open Source se dá em todos os processos para a 
RFF e esse processo é composto por quatro etapas, sendo elas: obtenção de dados 
do crânio, digitalização dos dados obtidos, organização dos dados e a reconstrução 
facial forense de fato. Esses processos serão detalhados nos tópicos a seguir. 
3.3.1 Obtenção dos Dados do Crânio 
A obtenção dos dados para a realização da RFF em um ambiente Open 
Source pode ser feita por meio de duas formas: usando o TC ou por meio da 
fotometria. A primeira gera uma sequência de arquivos de imagens com os dados do 
crânio do indivíduo e as distâncias dos cortes. Esses arquivos de imagens são 
enviadas para o InVesalius no qual é organizado os dados e também por meio deste 
é gerado um arquivo que será utilizado para a reconstrução da face em três 
dimensões. 
 
26 
 
A segunda forma, como já foi citada no parágrafo anterior, se dá por meio da 
fotometria com a utilização de uma câmera fotográfica ou filmadora digital. A 
fotometria é uma técnica que usa o deslocamento de imagens fotográficas para tirar 
medidas espaciais em três dimensões. Os cuidados na utilização dessa técnica 
devem ser em relação à iluminação do ambiente no qual vão ser feitas as fotografias 
para que o ponto de iluminação não mude de lugar (MORAES, 2013a). 
3.3.2 Digitalização dos Dados Obtidos 
A digitalização dos dados é a etapa em que, com os dados já obtidos do 
crânio, seja por TC ou por fotometria são transferidos para o computador e para os 
softwares, sendo o Invesalius utlizado para os dados obtidos por TC e o Python 
Photogrammetry Toolbox (PPT) no caso da fotometria, que farão o processamento e 
tratamento desses dados, pois, mesmo com todos os cuidados tomados na 
obtenção desses dados, é necessário que estes passem por um processo no qual 
sejam tratados de modo que fiquem ideais para o processo de reconstrução e com 
isso garantir o sucesso dos resultados. 
3.3.3 Organização dos Dados 
Nesta etapa, após os dados serem obtidos e transferidos para o computador, 
serão organizados para então se iniciar o processo da modelagem para a 
reconstrução da face. 
Caso o processo de obtenção desses dados tenha se dado por meio de TC, os 
dados obtidos, depois de importados para o InVesalius, possibilitam visualizar a 
sequência de imagens e filtrar a área de interesse, que é o crânio, e a partir dessa 
área gerar a malha 3D que será utilizada para a modelagem e reconstrução. 
No caso do processo realizado por meio de fotometria os dados serão 
importados para o PPT que com as imagens, realiza cálculos de todas as dimensões 
das fotografias gerando uma nuvem de pontos. 
Mas, esse é só o cálculo inicial, pois essa nuvem de pontos deve receber um 
novo tratamento para que esta seja refinada, e esse segundo processo de cálculos é 
realizado no mesmo PPT que no final do processo gera um arquivo para 
visualização. Após esse refinamento, é necessário que a nuvem de pontos se torne 
27 
 
em uma malha sólida para que assim seja utilizada para a modelagem e 
reconstrução. 
O processo de criação dessa malha sólida é realizado no software Mashlab, 
que com o arquivo gerado por meio do PPT, faz novos cálculos para que assim, a 
nuvem de pontos torne-se uma malha sólida e permitindo também a realização da 
“limpeza” dessa malha, para que ela seja importada para o software que realiza o 
processo de modelagem para a reconstrução. 
3.3.4 Reconstrução Facial Forense 
O processo da reconstrução facial se inicia após a obtenção, digitalização e 
tratamento dos dados do crânio, no qual são transferidos para o software utilizado 
para a modelagem em três dimensões, o Blender 3D. 
O Blender 3D atua no papel de simular a modelagem da suposta face do 
indivíduo como se fosse o processo de reconstrução manual, porém, sendo este 
totalmente digital. A escolha do método ou métodos a serem aplicados para o 
processo da modelagem e reconstrução da face é muito importante, sendo os 
métodos conhecidos: o russo, americano ou o mais utilizado, o de Manchester. 
Esses métodos podem funcionar em conjunto também. 
A partir da escolha do método é possível saber como serão aplicadas a 
camada de músculos e tecidos moles sobre o crânio, durante este processo também 
são acrescentados os globos oculares. Findado todo o processo de reconstrução 
dos músculos e posicionamento dos globos oculares, a reconstrução da pele é 
iniciada e logo após pronta, aplica-se uma textura para que a pele obtenha uma cor 
que a torne mais real, seguindo as premissas das informações obtidas por meio do 
mapeamento acerca da etnia e do local onde viveu oi foi encontrado o indivíduo ao 
qual pertenceu o crânio (MORAES, 2013a). 
Com a conclusão desses processos de reconstrução são implantados os fios 
de cabelo e o resultado de todo esse o trabalho de modelagem, passa por um 
processo chamado de renderização que gera as imagens finais da reconstrução. 
 
28 
 
 SOFTWARES PROPRIETÁRIOS 
Atualmente existem os mais diversos softwares para a obtençãode dados, 
refinamento de dados e modelagem de objetos em três dimensões. Esses softwares 
podem se dividir entre duas classes, sendo elas a dos proprietários e a dos 
gratuitos. Dentro da classe dos gratuitos ocorre a subdivisão dos que são Software 
Livre e dos que são Open Source. 
As ferramentas de software proprietárias que podem ser utilizadas para o 
processo de Reconstrução Facial Forense citadas para este trabalho são três: 
 
 StereosScan: Para obtenção de dados por meio de fotometria; 
 Mimics: Para obtenção de dados por meio de TC ou RM; 
 3DS Max: Para modelagem de objetos em três dimensões. 
 
O utilizado para o processo de dados obtidos por fotometria é conhecido como 
StereosScan. Entretanto, este software apresenta limitação no quesito 
processamento, pois só permite que sejam geradas malhas a cada duas fotografias, 
o que pode transformar o modelo em um quebra-cabeça dificultando assim o 
processo da Reconstrução Facial. 
Desenvolvido para processamentos de imagens médicas, o Mimics é um 
software de propriedade da Materealise (empresa de prototipagem rápida e 
desenvolvimento de software CAD para aplicações médicas e industriais). Essa 
ferramenta é usada para a segmentação de imagens médicas 3D, resultando em 
modelos em 3D em alta precisão da anatomia indivíduo. 
O 3DS Max um dos mais reconhecidos para a modelagem de objetos em três 
dimensões é uma ferramenta de propriedade da Autodesk (empresa de software de 
design e de conteúdo digital). Esse software possui funcionalidades que auxiliam no 
trabalho da modelagem simulando as condições reais de uma reconstrução manual 
do crânio seco e assim obter a suposta identidade do indivíduo. 
Essa ferramenta conta com um grande poder de processamento gerando 
renderizações de seus modelos com alta qualidade, renderizações essas que são 
possíveis devido a ter essa função integrada aos mesmos. 
Entretanto, para se ter acesso a todos esses softwares é necessária uma 
licença de uso proprietária, que tem o valor elevado, o que faz com que seu uso 
29 
 
para a reconstrução facial torne a metodologia e o seu processo de custo, tendo 
como consequência a pouca acessibilidade para as instituições que não tenham 
condições financeiras para adquirir os mesmos, dificultando assim a realização de 
estudos dessas instituições que venham a ter interesse em realizá-las. 
 
 
Figura 3 - Figura 3: Tela do StereosScan.Fonte: SOFTPEDIA(2013) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
Figura 4 - Tela do Mimics. Fonte: HUANG (2012) 
 
. 
Figura 5 - Tela do 3DS Max. Fonte: STLNEWS (2012) 
 
 
 
 
 
31 
 
 SOFTWARES OPEN SOURCE 
A utilização de softwares tornou-se de grande valia para as mais diversas 
tarefas do cotidiano, porém estes estão divididos em proprietários e livres, sendo 
que os livres tem ganhado um grande destaque nos dias atuais devido a filosofia 
que existe em torno dos mesmos e a partir dessa filosofia foram surgindo outras e 
uma delas é a Open Source 
Muito é discutido sobre os Softwares Open Source (em português, Softwares 
de Código Aberto), mas pouco se detalha a respeito de como é o funcionamento 
desses. Participantes da comunidade em torno da filosofia do Software Livre (SL), 
insatisfeitos com as quatro liberdades do SL (GNU) criaram a Open Source Initiative 
que adota o termo Open Source para se referir aos softwares livres (CAMPOS, 
2006). 
Contrapondo ao que muitos imaginam em relação aos Softwares Open Source 
obtê-los não significa apenas ter acesso ao seu código-fonte, nem mesmo estar 
submetido às quatro liberdades abordadas no capítulo 5.1. Sendo que esta, para ser 
considerada pela Open Source Initiative como de código aberto deve atender à dez 
critérios da Definição de Código Aberto (Open Source Initiative) abordados no 
capítulo 5.2, que contém itens como Livre Redistribuição, Distribuição da Licença, 
entre outros. 
5.1 AS QUATRO LIBERDADES DO SOFTWARE LIVRE 
Para um software ser considerado como SL, este precisa, além de 
proporcionar aos seus usuários a autonomia de executar, copiar, distribuir, estudar, 
mudar e melhorar o software, precisa também atender a quatro liberdades 
essenciais que são enumeradas de zero a três. 
 
 Liberdade 0: A liberdade de executar o programa, para qualquer 
propósito; 
 Liberdade 1: A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-
lo às suas necessidades. Para tanto, acesso ao código-fonte é um pré-
requisito; 
 Liberdade 2: A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa 
32 
 
ajudar ao próximo; 
 Liberdade 3: A liberdade de distribuir cópias de suas versões modificadas 
a outros. Desta forma, você pode dar a toda comunidade a chance de se 
beneficiar de suas mudanças. Para tanto, acesso ao código-fonte é um 
pré-requisito. 
 
Portanto, um programa é dito como SL, quando o usuário se beneficia de todas 
essas liberdades sem a necessidade de pedir ou pagar por uma permissão (FSF, 
2013). 
 
Figura 6 - Diagrama das quatro liberdades do Software Livre. Fonte: FARIAS (2011) 
 
5.2 OS DEZ CRITÉRIOS PARA DEFINIÇÃO DE OPEN SOURCE 
Para um software ser considerado com Open Source este não apenas deve 
dar acesso ao seu código fonte, mas também atender a dez critérios conforme a 
autora acrescenta de acordo com (OPENSOURCE, 2011), os quais cito abaixo: 
 
Critério 1: Distribuição livre (Free Redistribuition) 
 A licença não deve restringir de nenhuma maneira a venda ou distribuição do 
33 
 
programa gratuitamente, como componente de outro programa ou não. 
Critério 2: Código fonte 
 O programa deve incluir seu código fonte e deve permitir a sua distribuição 
também na forma compilada. Se o programa não for distribuído com seu código 
fonte, deve haver algum meio de se obter o mesmo seja via rede ou com custo 
apenas de reprodução. O código deve ser legível e inteligível por qualquer 
programador. 
 
Critério 3: Trabalhos Derivados 
 A licença deve permitir modificações e trabalhos derivados, e deve permitir 
que eles sejam distribuídos sobre os mesmos termos da licença original. 
 
Critério 4: Integridade do autor do código fonte 
 A licença pode restringir o código fonte de ser distribuído em uma forma 
modificada apenas se a licença permitir a distribuição de arquivos patch (de 
atualização) com o código fonte para o propósito de modificar o programa no 
momento de sua construção. A licença deve explicitamente permitir a distribuição 
do programa construído a partir do código fonte modificado. Contudo, a licença 
pode ainda requerer que programas derivados tenham um nome ou número de 
versão diferentes do programa original. 
 
Critério 5: Não discriminação contra pessoas ou grupos 
 A licença não pode ser discriminatória contra qualquer pessoa ou grupo de 
pessoas. 
 
Critério 6: Não discriminação contra áreas de atuação 
 A licença não deve restringir qualquer pessoa de usar o programa em um 
ramo específico de atuação. Por exemplo, ela não deve proibir que o programa seja 
usado em um empresa, ou de ser usado para pesquisa genética. 
 
Critério 7: Distribuição da Licença 
 Os direitos associados ao programa devem ser aplicáveis para todos aqueles 
cujo o programa é redistribuído, sem a necessidade da execução de uma licença 
adicional para estas partes. 
34 
 
 
Critério 8: Licença não específica a um produto 
 Os direitos associados ao programa não devem depender que o programa 
seja parte de uma distribuição específica de programas. Se o programa é extraído 
desta distribuição e usado ou distribuído dentro dos termos da licença do 
programa, todas as partes para quem o programaé redistribuído devem ter os 
mesmos direitos que aqueles que são garantidos em conjunção com a distribuição 
de programas original. 
 
Critério 9: Licença não restrinja outros programas 
 A licença não pode colocar restrições em outros programas que são 
distribuídos juntos com o programa licenciado. Isto é, a licença não pode especificar 
que todos os programas distribuídos na mesma mídia de armazenamento sejam 
programas de código aberto. 
 
Critério 10: Licença neutra em relação à tecnologia 
 Nenhuma cláusula da licença pode estabelecer uma tecnologia individual, 
estilo ou interface a ser aplicada no programa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 
 
 SOFTWARES UTILIZADOS NA RECONSTRUÇÃO FACIAL EM UM AMBIENTE 
OPEN SOURCE 
Na reconstrução facial forense em ambiente Open Source os softwares usados 
se dividem de acordo com a sua participação em cada etapa realizada no processo 
da metodologia, sendo que, na primeira etapa, são utilizados os que fazem a 
obtenção dos dados para processá-los e, na segunda, o que realiza a modelagem 
por meio desses dados gerados. 
Para a obtenção dos dados do crânio seco podem ser utilizados o PPT em 
conjunto com o Mashlab (no caso dados por fotografias) e o InVesalius (no caso de 
dados por meio de RM ou TC) e para a segunda etapa, que é onde é realizada a 
modelagem a partir desses dados obtidos por esses softwares, o Blender 3D. 
6.1 PYTHON PHOTOGRAMMETRY TOOLBOX (PPT) 
O PPT é um Software Livre que implementa um pipeline para a execução da 
reconstrução 3D a partir de um conjunto de fotos, seguindo o processo de 
reconstrução clássico. O pipeline é projetado como um módulo python juntamente 
com uma API de alto nível, resultando em uma aplicação em três níveis sendo elas 
interface, módulos python e software. 
Ele recebe como entrada um conjunto de fotos e quando os registos destas 
possibilitam, realiza de maneira automática a reconstrução 3D e a realização desse 
processo é feito de maneira que o usuário é poupado da tarefa de conversão de 
dados e dos arquivos necessários para a comunicação dos componentes do 
software da cadeia. 
Este software é usado para reconstrução por fotometria que atua juntamente 
com softwares que auxiliam na parte intensiva da computação e de processamento, 
o Bundler para a estimativa de pose para a câmera e CMVS/PMVS para o cálculo 
denso da computação em nuvem (MOULON; BEZZI, 2006). 
Shell scripts autorizam e fornecem inicialmente o Bundler e CMVS/PMVS, 
entretanto a desvantagem do shell é que ele não é multiplataforma, não sendo 
utilizado para Windows. Outra questão é que a compilação dos softwares não é 
igualmente gerenciada para a mesma interface básica, sendo que para o Linux é 
utilizada Makefile e para Windows vcproj, necessitando assim de uma dupla 
36 
 
manutenção de compilação para ambas plataformas. 
Uma função wrapper gráfico foi desenvolvida com intuito de ocultar as 
chamadas de linha de comando que são necessárias para execução das cadeias 
por meio de módulos python, fazendo com que o fluxo de trabalho para o processo 
de reconstrução seja realizado em duas etapas. 
A manutenção do PPT se torna fácil devido ser um software multinível, assim o 
módulo inferior pode ser facilmente atualizado, porém respeitando a API de alto nível 
projetada tornando também a interface extensível. 
Todos os dados necessários para processar a reconstrução 3D estão 
localizados em um diretório temporário, onde é organizado o fluxo de dados que é 
criado no início do processo (MOULON; BEZZI, 2006). 
 
 
Figura 7 - Tela do PPT-GUI. Fonte: MORAES (2012) 
 
6.2 INVESALIUS 
O InVesalius trata-se de um software livre, cuja a licença é da GNU General 
Public License (GPL) versão 2, com isso, permitindo que pesquisadores e 
37 
 
desenvolvedores universitários e de centros de pesquisas de todas a partes do 
Brasil e do mundo colaborem com o desenvolvimento aplicando também seus temas 
de pesquisa no desenvolvimento. 
O seu desenvolvimento é na linguagem de programação python, que refere-se 
a uma linguagem multi-paradigma, na qual permite o uso dos paradigmas orientados 
a objetos, procedural e funcional. Para o InVesalius o paradigma orientado a objetos 
foi usado em sua maior parte, somente em partes específicas que fez-se uso dos 
paradigmas funcional e procedural. 
A ação inicial do software se dá no carregamento dos dados de entradas que 
são os arquivos de imagens médicas podendo ser no formato DICOM ou Analyse. 
Esses formatos correspondem aos dos gerados por TC e RM. 
Para o formato DICOM, a biblioteca utilizada foi GDCM (MALATERRE, 2011) e 
para o formato Analyse a biblioteca Nibabel (NIBABEL, 2011), salientando que a 
biblioteca GDCM admitiu que os arquivos DICOM com alteração do padrão e 
também arquivos compactados, que atualmente vem se tornando muito comuns 
devido ao seu menor tamanho. 
Na entrada, as imagens enviadas são convertidas para uma matriz em três 
dimensões, matriz essa, que é mantida numa estrutura memmap em arquivo em 
disco e mapeada em memória RAM através da camada de sistema mmap, no qual 
apenas os dados da matriz necessários são mantidos em memória, e assim, quando 
outros dados se fizerem necessários são transportados do arquivo em disco para a 
memória RAM. Tática essa que admite que arquivos de exames médicos com 
grande volume de fatias ocupem menos memória ao invés de do que se todas 
fossem carregadas. 
O mmap tem uma estrutura que é fornecida pela biblioteca Numby (KINSER, 
2009), biblioteca numérica para o python que fornece matrizes, vetores e operações 
matemáticas. Sendo de fácil utilização, essa biblioteca facilita o acesso aos dados 
de uma matriz, pois ele utiliza índices ao invés de chamadas detalhadas dos funções 
ou métodos. 
A interface gráfica foi construída com a utilização da biblioteca multi-plataforma 
wxpython, sendo esta biblioteca padrão do sistema operacional em que se está 
sendo rodada, mantendo uma aparência de uma aplicação nativa necessitando 
apenas de alguns ajustes (AMORIM; MORAES; AZEVEDO; SILVA, 2011). 
 
38 
 
 
Figura 8 - Tela do InVesalius. Fonte: MORAES (2012) 
6.3 BLENDER 3D 
O Blender 3D consiste em uma suíte Open Source para computação gráfica 
distribuído sob a licença GPL contendo vários recursos. No início, por volta dos anos 
90, o Blender era um projeto proprietário, pertencente a uma empresa chamada NaN 
(Not a Number) de Ton Rosendaal. Essa empresa era especializada em animação e 
produção de mídia e comunicação visual. Mas, devido a uma grande crise, a 
empresa teve que se desfazer de seu produto, que na época era proprietário, o 
Blender. 
Mas, devido a uma grande comoção dos usuários do Blender, estes 
começaram a levantar o valor necessário para adquirir o software e assim poder 
lançá-lo para uma licença livre. O capital levantado com as doações chegou a R$ 
1.000.000,00 e com isso foi possível comprar o software e posteriormente doá-lo 
para uma comunidade do Software Livre. 
Nos dias de hoje, o Blender é mantido por uma fundação Dinamarquesa, 
Blender Fundation, sendo usado profissionalmente para curta metragem, filmes, 
agências de publicidade e comunicação e também é recomendado pala Peugeot 
para seu próprio concurso de modelagem de carros, o Peugeot Design Contest 
(ANDRADE, 2008). 
39 
 
Atualmente, o Blender além de suportar a modelagem 3D, montagem, 
animação, simulação, criação de jogos, renderização, composição e rastreamento 
de movimento, também faz edição de vídeos e imagens. E para os usuários mais 
avançados, pode ser empregada a API do Blender para python script e com isso 
tornar possível a personalização da aplicação quepoderá ser acrescentada para 
futuras versões do Blender. 
Sendo uma aplicação multi-plataforma, ele funciona semelhantemente tanto 
para Windows, Linux e Macintosh e sua interface utiliza-se do OpenGL, que consiste 
em uma biblioteca gráfica para o desenvolvimento de aplicativos gráficos, ambientes 
3D, jogos, entre outros (BLENDER, 2013). 
 
 
Figura 9 - Tela do Blender 3D. Fonte: (AUTOR, 2013) 
 
 
 
40 
 
 SOFTWARE LIVRE VS SOFTWARE PROPRIETÁRIO: VANTAGENS E 
DESVANTAGENS 
Segundo Bressan e Giacomini (2008) a análise das vantagens e desvantagens 
do Software Livre em relação ao Software Proprietário, podem ser feitas de acordo 
com quinze variáveis (figura 10), das quais a cinco primeiras são sobre custos totais 
de propriedade e as dez restantes sobre aspectos técnicos e difusão. 
 
Figura 10 - As 15 variáveis referentes ao SL e SP. Fonte: (FARIAS, 2011) 
 
1. CLI (Custo de Licença): Refere-se ao valor derivado do direito para 
utilização do software. Pode-se dizer que para o SL o custo de licenciamento 
é zero ou menor do que o para o licenciamento do SP (IWASAKI, 2008; 
DIDIO, 2005). 
2. CPA (Custo de Aquisição): Refere-se ao custo para obtenção do software 
ou de seu pleno fornecimento (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). Pode haver 
fornecimentos que encarecem o SL, caso dos que incluem a documentação 
em papel e manuais detalhados de instalação e administração do sistema, 
mas que praticamente cobrem custos e, mesmo assim, tornam-se menos 
dispendiosos que o SP, como mostram os procedimentos de fornecimento da 
Debian, Conectiva e Red Hat (HEXSEL, 2002; TONG, 2004 e IWASAKI, 
2008). 
41 
 
3. CAT (Custo para Atualização): Diz respeito ao custo para novas versões e 
inovações (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). As atualizações do SL geralmente 
são obtidas da mesma maneira da qual foram adquiridas e assim também 
igualmente distribuídas de forma livre, tornando-se assim menos onerosas 
que a do software proprietário (TONG, 2004; IWASAKI, 2008). A Justificativa 
desse menor custo dar-se em função do seu caráter socializador de 
conhecimentos, algo proporcionado pela contribuição de desenvolvedores 
(IWASAKI, 2008) 
4. CSM (Custo de Suporte/Manutenção e Operação de Sistemas): São os 
custos decorrentes do suporte técnico, manutenção e operação do sistema 
(BRESSAN; GIACOMINI, 2008). Devido a menor difusão do SL a boa oferta 
de técnicos que tenham conhecimento em tal sistema no mercado é pouca, 
tornando-se assim os serviços mais onerosos pela própria lei da oferta e 
demanda (HEXSEL, 2002). Por outro lado, o custo de manutenção do 
software livre seria menor do que o do software proprietário devido a uma 
qualidade mais durável do SL (EUROPEAN..., 2000). Existem extimativas de 
que o custo com a manutenção para o SL e SP sejam semelhantes devido a 
esse suporte ser oferecido gratuitamente pela internet (IWASAKI, 2008). 
5. CCO (Custo de Customização): Denomina-se customização a liberdade que 
o usuário possui para modificar o software para suas necessidades; neste 
item consideram-se os custos decorrentes desta atividade (BRESSAN; 
GIACOMINI, 2008). O SP em relação ao SL nesse quesito é desvantajoso, 
pois a sua customização só é realizada em casos especiais e os custos para 
tal são elevados (HEXSEL, 2002; EUROPEAN..., 2000) enquanto que para o 
SL é gratúito devido o seu código-fonte ser aberto para modificações, 
aprimoramentos e reparações sem limitações legais. 
6. RCF (Rapidez na Correção de Falhas): Segundo Bressan e Giacomini 
(2008) "Significa a agilidade na correção das falhas, caso de problemas 
oriundos de defeitos do software, como bugs ou defeitos de programação". 
Os desenvolvedores assim como também os usuários que contribuem para o 
desenvolvimento de software livre, produzem pequenos correções que são 
disponibilizados publicamente por meio de lista de e-mail e web sites, 
possibilitando aos usuários dos softwares afetados facilidade na 
comunicação. O SP se torna desvantajoso em relação ao SL neste quesito 
42 
 
devido ao seu código-fonte ser fechado onde somente o indivíduo ou grupo 
ter o controle sobre seu código, suas funções, melhoramentos e correções 
(SALEH, 2004) podendo resultar na demora nas correções, pois há uma 
espera no acumulo para assim criar um pacote com as soluções das falas, 
enquanto que o SL os próprios usuários podem fazer o download, atualizar e 
redesenvolver o sistema operacional gerando vantagens competitivas ao 
mesmo (RAYMOND, 1999). O fator principal que possibilita a maior 
velocidade na correções das falhas do SL em relação ao SP é a inteligência 
coletiva empregada na rede mundial de computadores (SILVEIRA, 2007). 
7. QTD (Qualidade técnica do sistema/ Desempenho): É um conjunto de 
características que o software deve possuir e que atenda às necessidades de 
seus usuários, caso do desempenho do software e qualidade no processo de 
revisão e correção (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). Devido ao 
desenvolvimento do SL ser por diversos indivíduos conectados ou online, o 
processo de revisão, correção e implementação do software se torna mais 
rápido Acarretando na qualidade maior em relação ao SP 
(KRISHNAMURTHY 2002).O Sistema GNU Linux se torna de qualidade 
devido ao seu modo de produção com muitos desenvolvedores voluntários e 
essa qualidade atrai mais usuários que podem também contribui cada vez 
mais no aperfeiçoamento do software e assim melhorando mais a qualidade 
do produto (IWASAKI, 2008 e HEXSEL, 2002). Moon e Sproull (2000) e 
Raymond (1999) concluem BRESSAN; GIACOMINI, 2008que dessa maneira 
fica quase que impossível uma empresa de SP competir com as inovações 
incrementais do software livre, visto que a capacidade de inovação do Open 
Source é superior a do SP. 
8. SOC (Socialização de Conhecimento): Significa compartilhamento de 
conhecimento, quanto da participação dos indivíduos no processo de 
conhecimento e desenvolvimento do SL. O SL possibilita a participação dos 
indivíduos no processo de conhecimento e desenvolvimento do software e 
não só simplesmente da utilização (VILLATE, 2006). Porém o SP contém 
laços fortes com o lucro para o seu fabricante (HESXEL, 2002) e não 
propriamente com sua apropriação pela sociedade. 
9. DRF (Dependência em relação aos fornecedores): Refere-se a 
dependência em relação a um único fornecedor para o usuário de um sistema 
43 
 
operacional (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). O usuário do SP é dependente 
de um único fornecedor o que faz com que o mesmo fique a mercê de 
mudanças como: descontinuidade do produto ou dependência para 
atualizações e insumos.Já no caso do SL não existe nenhuma empresa que 
detenha os direitos de propriedade muitos fornecedores podem ser 
adicionados (IWASAKI, 2008 e HEXSEL, 2002).As quatro liberdade básicas 
(estudo, alteração, distribuição e cópia) são sintetizadas para o SL, dando ao 
usuário individual/empresa a liberdade de escolha de seu provedor para 
soluções, uma vez que seu código estará disponível para a comunidade, 
sendo assim não havendo nenhuma entidade da qual o futuro do SL 
dependa(VILLATE, 2006; EUROPEAN..., 2000). 
10. CUS (Customização): Customização é a liberdade que o usuário possui para 
modificar o software para suas necessidades (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). 
Por possuir o código-fonte aberto, o SL pode ser modificado, customizado, 
aprimorado e reparado pelos usuários satisfazendo assim as suas 
necessidades (HEXSEL, 2002), sendo assim, a personalização do centro do 
núcleo do SO é possível no caso do Linux (DIDIO, 2005). A grade maioria dos 
aplicativos que sejam SL possibilitam a configuração de maneira distinta e 
após sua distribuição novas funcionalidades podem ser adicionadase 
redistribuídas (HEXSEL, 2002). 
11. OBS (Obsolescência do hardware): Baseia-se na compatibilidade de uso do 
software mesmo em hardware desatualizado (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). 
Usuários do SL utilizam máquinas que seriam consideradas como obsoletas 
para usuários do SP (HEXSEL, 2002), pois os SL pode ser customizado para 
um hardware considerado como velho (EUROPEAN..., 2000). Desta forma, o 
SL teria um melhor aproveitamento do hardware tendo como principal motivo 
não ter pressão de proprietários no que se refere a obsolescência para o 
mercado (IWASAKI, 2008). 
12. ESS (Estabilidade/ Segurança): A estabilidade e a confiabilidade significam 
segurança do software em sua operação, qualidade, implementação e 
correção de falhas (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). Frente ao SP o SL tem 
como vantagem a estabilidade e a segurança (IWASAKI, 2008), devido está 
em seu processo de desenvolvimento que é coletivo, o que gera maior 
confiabilidade em relação ao SP. O uso em massa do SP acarreta ao mesmo 
44 
 
frequentes problemas operacionais envolvendo segurança a exemplo de 
proliferação de vírus (HEXSEL, 2002). 
13. ATM (Assistência Técnica e Manutenção): Refere-se à quantidade e 
qualidade de manutenção (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). Se comparado ao 
SP o SL possui menor suporte devido a quantidade de técnicos qualificados 
ser menor que a sua demanda, visto que no caso do Windows já existem 
mais técnicos possuindo assim um maior suporte por já ter atingido um 
grande número de usuários há alguns anos (HEXSEL, 2002). Já para Alencar 
(2007) o suporte ao Linux é maior que o proprietário sendo este abundante, 
rápido e de boa qualidade já que esté é feito publicamente via online com 
atendimento 24 horas por dia sendo sete dias por semana e que pode ser 
comporvado pelo premio de “Melhor Suporte Técnico”, da revista Infoworld 
recebido pela comunidade Linux na Internet no ano 1998 e 1999. 
14. CIU (Consistência na interface do usuário): Refere-se à conexão e 
interação entre hardware, software e usuário (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). 
A interface do usuário com os vários aplicativos do SL muitas vezes é 
inconsistente, o que é uma das consequencias do seu desenvolvimento 
descentralizado; já no caso do SP é o contrário devido ser de 
desenvolvimento centralizado, o que caracteriza ele em um estilo de 
formatação uniforme na interface para o usuário (EUROPEAN..., 2000; 
HEXSEL, 2002). 
15. FIC (Facilidade na Instalação e Configuração): Consiste no trabalho para 
instalar e configurar o software para uso (BRESSAN; GIACOMINI, 2008). 
Devido a menor variedade de programas e a pouca complexidade o SP se 
sobresalta, visto que no caso do SL há uma grande variedade de programas 
similares, estes sendo também mais complexos, podem confundir o usuários 
que fica sem saber qual o mais apropriado para a sua rela necessidade 
(HEXSEL, 2002). Segundo Alencar (2007) a instalação do SL pode ser feita 
por qualquer usuário final, visto que o procedimento pode ser auto-explicativo 
e a obtenção de informações para a realização que qualquer tarefa que se 
deseja no Linux pode serfeita na Web por meio de apostilas, guias, listas de 
discussões, etc. 
 
 
45 
 
Também, segundo pesquisa realizada com 222 especialistas em informática 
(GARCIA; SANTOS; PEREIRA; ROSSI, 2010), objetivando a valorização da 
percepção dos mesmos a respeito das vantagens e desvantagens do SL em relação 
ao SP, obteve-se resultados que foram apresentados de acordo com o quadro a 
seguir. 
 
Quadro 1: Vantagens e desvantagens dos softwares livres e proprietários 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (GARCIA; SANTOS; PEREIRA; ROSSI, 2010) 
 
46 
 
Nesta pesquisa também buscou-se isolar as opiniões acerca das vantagens e 
desvantagens do SL, pois anteriormente essas opiniões foram ressaltadas em um 
comparativo com os SP. 
 
Tabela 1: Aspectos favoráveis indicados pelos especialistas por categoria, porcentagem de 
frequência e percentagem por categoria. 
 Fonte: (GARCIA; SANTOS; PEREIRA; ROSSI, 2010) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
Tabela 1: Aspectos favoráveis indicados pelos especialistas por categoria, porcentagem de 
frequência e percentagem por categoria 
Fonte: (GARCIA; SANTOS; PEREIRA; ROSSI, 2010) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 
 
 
 
Tabela 2: Aspectos desfavoráveis indicados pelos especialistas. 
Fonte: (GARCIA; SANTOS; PEREIRA; ROSSI, 2010) 
 
7.1 DISCUSSÃO ACERCA DOS RESULTADOS EXPOSTOS 
Com base nas informações obtidas e apresentadas na forma de quadro e 
tabela, pôde-se notar que o SL se sobressai em relação ao SP, não só em relação a 
49 
 
categoria custo, mas também nas categorias customização, facilidades e 
praticidades, liberdade de ação, segurança e no aspecto social. 
Explanando cada uma dessas categorias percebe-se que quanto ao: 
Custo: categoria com maior indicação (41,7%) está relacionada ao custo baixo 
ou até mesmo nenhum custo para o usuário do SL. 
Customização: refere-se na preocupação com o atendimento das 
necessidades dos usuários considerando também o atendimento das especificações 
do SL para esses usuários, categoria essa com o percentual de 6,7% de 
representação na opinião dos especialistas consultados. 
Facilidades de Praticidades: com 4,5% categoria essa que representa a 
facilidade com que os usuários possuem acerca do sistema e dos aplicativos, assim 
como, a praticidade de se obter informações online sobre instalações, atualizações e 
correções de erros. 
Liberdade de Ação: com 14,8%, esta refere-se a liberdade que o usuário 
possui em ter acesso ao código fonte e assim possibilitar ao mesmo realizar 
mudanças de acordo com as sua necessidades, também a quebra do monopólio e 
também a redução da pirataria. 
Segurança: (23,4%) está relacionado a segurança e qualidade dos SL dos 
quais pode-se destacar a segurança em um âmbito relevante e o menor índice de 
vulnerabilidade a invasão por vírus. 
Social: refere-se a cooperação de comunidades e grupos de usuários no 
compartilhamento do conhecimento aos usuários que tem menor conhecimento dos 
SL, ajudando a resolver problemas e disponibilizando tutoriais para instalação de 
aplicativos, beneficiando a sociedade em geral. 
50 
 
 TRABALHOS DESENVOLVIDOS NO CAMPO DA ARQUEOLOGIA 
8.1 AUSTRALOPITHECUS AFARENSIS: O DIÁRIO DE UMA RECONSTRUÇÃO 
Neste trabalho foi realizada a reconstrução facial do Australopithecus afarensis, 
um primata que ganhou este nome devido ao local onde foi descoberto, a Depressão 
de Afar, hoje já extinto, tendo sua existência entre 3,9 a 3 milhões de anos no 
período do Plioceno, que atualmente se chama Etiópia. 
A obtenção dos dados para a reconstrução se deu por meio de fotografias que 
foram convertidas em 3D, onde inicialmente utilizou o software StereosScan da 
Agisoft, propietário, mas logo depois, esses mesmos dados foram obtidos por meio 
do programa PPT, um software Open Source, que gerou uma malha 3D do conjunto 
dessas fotografias. 
Na utilização do StereosScan notou-se a limitação de que o software só 
poderia gerar uma malha de cada 2 fotografias o que fez com que tivesse de ser 
geradas 46 malhas formando uma espécie de quebra-cabeça para realizar a 
reconstrução. Porém ao contrário do StereosScan, o PPT gera a malha completa 
pois nesse software é viável o uso do conjunto das fotografias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 - Malhas obtidas no StereosScan. Fonte: (MORAES, 2013) 
 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12 - Malhas obtidas no PPT. Fonte: (MORAES, 2013)Com a malha obtida em mãos, essa foi importada para o Blender 3D, um 
software de modelagem 3D Open Source, e assim iniciou a reconstrução usando 
como base o crânio e a malha de pele de outros primatas já reconstruídos 
(MORAES, 2013b). 
 
Figura 13 - Resultado da reconstrução. Fonte: (MORAES, 2013) 
52 
 
8.2 A RECONSTRUÇÃO DE TOTHMEA 
Para este trabalho foi realizada a Reconstrução Facial da múmia Tothmea, 
múmia essa que se encontra conservada no Museu Egípcio e Rosacruz em Curitiba, 
Paraná. 
Para o processo de reconstrução da face dessa múmia foi necessária antes 
uma restauração, pois no período entre 1919 e 1972 em que ela ainda se 
encontrava no museu nos Estados Unidos, a face foi quebrada por algum objeto e 
os fragmentos dos ossos, tecidos, globos oculares com as pálpebras e os dois 
tampões que vedaram as narinas durante o processo de mumificação 
permaneceram dentro da caixa craniana, o que permitiu a identificação do conteúdo 
e relocação, assim ocorrendo a restauração. 
Para a obtenção dos dados foi realizado de duas formas, por meio de 
fotografias e tomografia axial computadorizada, que em conjunto possibilitaram a 
gerar o modelo para ser utilizado na modelagem da face em três dimensões. Para 
facilitar o processo de reconstrução, devido a boca da múmia encontrar-se aberta, 
foi necessário com o auxílio da ferramenta de edição de faces do Blender 3D para 
fechá-la. 
As fotografias permitiram a criação da face e o crânio foi recriado a partir de 
medidas obtidas por meio dos cortes tomográficos que foram transformados em 
desenhos e assim dispostos na mesma escala. Após esse processo foi criada uma 
malha de referência para posteriormente ser importada e assim avaliar a 
compatibilidade com a face que foi gerada da Tothmea e uma vez que todos os 
dados estavam completos, foram traçadas as linhas de projeção do nariz e aplicado 
os marcadores de espessura de tecidos moles (pontos craniométricos) e assim 
iniciou-se a modelagem na qual aos poucos a anatomia da boca foi reconstruída. 
 
 
 
 
 
 
 
 
53 
 
Figura 14 - Reconstrução da Thotmea. Fonte: (SANTOS; MOARES, 2013) 
 
 
 
Figura 15 - Imagem da Thotmea renderizada. Fonte: (SANTOS; MOARES, 2013) 
54 
 
8.3 FORENSIC 3D FACIAL APROXIMATION FROM A CT SCAN VIDEO OF A 
MUMMIFIED EGYPTIAN-ROMAN CHILD 
No seguinte trabalho foi realizada uma Aproximação Facial da múmia do 
menino egípcio-romano, na qual para a realização da reconstrução fez-se 
necessário reconstruir as imagens de uma tomografia que pode ser acessada por 
meio do link erl.wustl.edu/research/imseg/mummy.html (LOUIS, 2013), entre os 
quadros 1m55s e 2m01s. 
Neste intervalo são exibidas fatias de uma TC que no total resultam em 190 
quadros convertidos para o formato PNG por meio do software Ffmpeg (FFMPEG, 
2013), após esse processo, essas imagens foram convertidas para um arquivo do 
tipo DICOM com o software img2dcm (IMG2DCM, 2013), visto que o InVesalius não 
reconstroí imagens do tipo PNG. 
Com posse da sequência DICOM, sendo esta aberta no software InVesalius, 
reconstruída tridimensionalmente e exportada para o formato STL (Stere-
oLithography) em duas malhas (MORAES; AMORIM; MORAES; SILVA; SANTOS, 
2013). 
A primeira malha correspondente a parte externa com as faixas e a pele 
desidratada (Figura 16) e a segunda correspondente apenas aos ossos necessários 
para a reconstrução facial forense (Figura 17). 
 
Figura 16 - Reconstrução 3D da pele e das bandagens no software InVesalius. Fonte: (MORAES; 
SILVA; SANTOS, 2013) 
55 
 
 
Figura 17 - Reconstrução 3D da parte óssea no software InVesalius. Fonte: (MORAES; SILVA; 
SANTOS, 2013) 
 
Para essa reconstrução a técnica adotada foi a de Manchester (PRAG & 
NEAVE, 1997), sendo aplicada em um ambiente totalmente digital e os arquivos do 
tipo STL foram importados para o Blender 3D (FOUNDATION, 2013), software de 
modelagem e animação, e assim iniciado o processo de modelagem para a 
reconstrução com os marcadores de profundidade de tecido mole por todo o crânio. 
A tabela de dados de pontos craniométricos que optou por ser utilizada foi 
Ultrasonic facial tissue measurements from White North American children aged 3-10 
year (MANHEIN et al. 2000) (WILKINSON, 2008), devido a ausência de uma tabela 
específica para a idade da múmia bebê, tendo as medidas adimitidas de acordo com 
a faixa de 3-8 anos. 
 
Figura 18 - Modelagem dos músculos e do nariz finalizadas. Fonte: (MORAES; SILVA; 
SANTOS, 2013) 
56 
 
A seguinte etapa baseou-se na reconstrução dos músculos de acordo com as 
designações anatômicas descritas segundo o trabalho de Madeira et al. (1997) como 
podem ser vistas na figura 18. Para que as malhas reproduzissem um aspecto de 
uma textura orgânica utilizou-se deformação interativa de primitivas 3D como cubos 
e posterior uso do modificador Subdivision Surface (KERLOW, 2004) na modelagem 
dos músculos e na modelagem do nariz utilizou-se técnica relatada no trabalho de 
Prokopec & Ubelaker (2002) (Figura 19). 
 
Figura 19 - Linhas de projeção do nariz. Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) 
 
Com a musculatura e nariz finalizados, a modelagem da pele foi iniciada com a 
utilização da técnica conhecida como poly-by-poly, que consiste em uma série de 
planes que são criados e conectados seguindo um padrão, sendo neste caso a linha 
de marcadores de profundidade de tecido em conjunto com diversas imagens de 
bebês com a mesma idade, no final obtendo uma superfície com a forma de um 
rosto, porém devido a sua baixa resolução foi necessária a aplicação do modificador 
Subdivision Surface para que assim tomasse um aspecto curso e orgânico. 
Com a criação de materiais de virtuais com configurações de brilho, cor e 
translucência (sub surface scattering), pode-se obter um aspecto real de pele como 
apresentados na figura 20. 
 
 
 
 
 
57 
 
 
 
 
Figura 20 - Projeção da imagem da textura da face do bebê. Fonte: (MORAES; SILVA; 
SANTOS, 2013) 
 
 
Na finalização no processo de Reconstrução Facial Forense, foram coletados 
dados a partir de fotografias da própria múmia, de exemplares conservados em 
diversos museus, assim como também de artefatos relacionados aos corpos 
embalsamados na época Ptolomaica e do período Romano. Para os cabelos foram 
coletados a partir de vestígios contidos na própria múmia e a cor é correspondente 
com os restos do cabelo original. 
Com pesquisa a partir da iconografia do período Romano, tendo como base os 
retratos do Fayum (ROBERTS, 2008) foi possível saber sobre as vestes que de 
acordo com a idade da criança consistia em uma pequena túnica seguindo o modelo 
dos adultos conforme a referência obtida em Croom (2010), visto que a mesma já 
conseguia movimentar-se (figura 21). Acompanhado de um colar que era um 
amuleto apotropaico do olho de Hórus, devido a influência da religião egípcia. 
 
 
 
 
 
58 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 21 - Visualização do modelo já finalizado com cabelos e indumentária na janela 3D do 
software Blender. Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) 
 
 
Após todos esse cuidado na construção dos detalhes, o modelo passou pelo 
processo de renderização, e assim pôde-se obter a possível imagem da 
reconstrução (Figura 22). 
 
 
Figura 22 - Renderização final da reconstrução facial forense, já com os cabelos e a indumentária a 
moda da época. Fonte: (MORAES; SILVA; SANTOS, 2013) 
 
59 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Diante de tantos avanços no campo da ciência forense, em principal, 
a Reconstrução Facial Forense, como apresentado neste trabalho, vem sendo 
estudada

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