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Aula 9 Resumo

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13/06/2018 Disciplina Portal
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HISTÓRIA DOS POVOS
INDÍGENAS E
AFRODESCENDENTES
Aula 9 - Movimento Negro e a Busca de Outra
Memória Afrodescendente
INTRODUÇÃO
Nessa aula serão estudados diferentes momentos da trajetória da luta dos afrodescendentes na construção de outra
memória brasileira. O objetivo é recuperar questões levantadas desde o começo do século XX por atores
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reconhecidamente afrodescendentes, analisando as muitas direções que tais movimentos tomaram durante cem anos
de luta.
OBJETIVOS
Reconhecer as diferentes facetas do Movimento Negro;
Analisar os diferentes momentos da trajetória da luta dos afrodescendentes na construção de outra memória brasileira;
Analisar as lutas enfrentadas por afrodescendentes na busca por igualdade socioeconômica no Brasil República.
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João Cândido
O ano de 1910 foi marcado pela luta dos marinheiros brasileiros pelo �m dos castigos corporais. Embora o uso da
chibata como castigo na Armada brasileira já houvesse sido abolido em um dos primeiros atos do regime republicano,
na prática, os marinheiros, cuja grande maioria era formada por homens negros e mestiços, continuavam a receber as
punições. Era um claro resquício da escravidão.
O estopim da Revolta ocorreu no dia 16 de novembro de 1910, quando foi publicado em diferentes jornais brasileiros
que o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes havia sido punido com 250 chibatadas aplicadas na frente de toda a
tripulação do Encouraçado Minas Gerais. Seis dias depois, lideradas pelo marinheiro e �lho de ex-escravos, João
Cândido, tripulações de diferentes embarcações em todo Brasil �zeram um levante por meio do qual reivindicavam a
abolição da chibata na marinha, com o lema:
“nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não
podemos mais suportar a escravidão na Marinha
brasileira”.
Foram quatro dias de muita tensão. A cidade do Rio de
Janeiro estava sob a mira dos canhões da marinha e, caso
as reivindicações não fossem atendidas, a cidade seria
atacada. Todavia, após inúmeras negociações, os
marinheiros conseguiram fazer com que as autoridades
brasileiras se comprometessem a acabar com as punições
e terminaram o levante.
Porém, a história não acabou aí. Ainda que o Congresso brasileiro tenha votado pela anistia dos marinheiros
envolvidos, logo depois de se entregarem, grande parte dos sublevados foi presa ou morta pelas próprias autoridades.
O líder, João Cândido, passou alguns anos preso na Ilha das Cobras e depois foi expulso da marinha. Ele faleceu em
janeiro de 1969, aos 89 anos, esquecido por seus contemporâneos.
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A trágica história de João Cândido é uma das tantas que demonstra a luta que milhares de afrodescendentes tiveram
que experimentar em busca de melhores condições de vida em um país marcado pelas diferenças raciais.
O movimento abolicionista no Brasil
Existe uma vertente historiográ�ca que defende que o Movimento Negro surgiu ainda sob a égide da escravidão, por
meio da participação negra no movimento abolicionista. Fundado na Inglaterra, no início do século XIX, o abolicionismo
foi um movimento que pregava o �m do cativeiro. Tal movimento existiu em diferentes partes do mundo e foi
fundamental para a abolição da escravidão em diversos países americanos. No Brasil não foi diferente.
No caso brasileiro, a manutenção da escravidão e do trá�co, mesmo após a independência em 1822, fez com que o
movimento abolicionista só ganhasse força dentre as classes dirigentes do Império a partir da década de 1860. Neste
período, o trá�co já havia sido extinto — por meio da Lei Euzébio de Queiroz, aprovada em 1850 — e debates sobre o
futuro da escravidão, que eram pautas de praticamente todos os jornais do país.
A incerteza quanto à manutenção da escravidão facilitou a propagação dos ideais e práticas abolicionistas.
Pro�ssionais e intelectuais que eram contrários à escravidão no Brasil organizaram associações e jornais por meio dos
quais pudessem divulgar suas ideias. Conforme mencionado, muitos descendentes diretos da escravidão �zeram parte
deste movimento.
Periódicos como A Gazeta da Tarde, cujo editor era José do Patrocínio, e A Redenção foram instrumentos importantes
na luta abolicionista. Em pouco tempo, o número de associações abolicionistas cresceu. Tais organizações não
apenas faziam denúncias contra a escravidão por meio dos artigos escritos nos jornais, dos discursos feitos em praça
pública e das peças teatrais encenadas em importantes teatros do Brasil, realizavam também festas e reuniões nas
quais arrecadam dinheiro que seria usado na compra da alforria de alguns escravos.
Lei nº 2040 - A Lei do Ventre Livre
No ano de 1871, o Senado brasileiro aprovou a Lei nº 2040, mais conhecida como a Lei do Ventre Livre, determinando
que a partir daquela data (28\09\1871) todas as crianças nascidas de ventre escravo seriam livres.
Para garantir que receberiam bons cuidados e que não seriam separados das mães, todos os senhores deveriam �car
com os recém-nascidos até eles completarem oito anos de idade. Depois disso, o senhor de sua mãe poderia escolher
receber 600 mil réis do governo e dar a liberdade total para a criança ou então utilizar os serviços dessa criança até ela
completar vinte e um anos.
A Lei nº 2040 ainda reconheceu que todo escravo que
tivesse o dinheiro necessário poderia comprar sua
liberdade, independentemente da vontade senhorial de
conceder ou não a carta.
Ainda que as condições de liberdade garantidas pela lei fossem de médio prazo e que permitissem aos senhores
utilizar os �lhos de suas escravas durante o período em que eles tinham grande potencial de trabalho, a garantia do
Estado brasileiro sobre a liberdade de todos aqueles que nasceram após 28 de setembro de 1871 deu mais força para
os abolicionistas.
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A abolição da escravidão
A abolição da escravidão causou uma verdadeira comoção na população brasileira. Missas e festas foram realizadas
para comemorar o feito que, além de acabar com o escravismo, não ressarciu nenhum proprietário. Estava totalmente
extinta uma instituição que vigorou por mais de trezentos e cinquenta anos.
A luta por igualdades sociorraciais no Brasil
A abolição da escravidão era apenas uma das etapas na luta por igualdades sociorraciais no Brasil. Conforme visto nas
aulas 6 e 7, junto com a República brasileira nasceu a busca por uma identidade que a diferenciasse do Império
escravista, mas que, ao mesmo tempo, desse conta do debate racialista internacional.
A �m de combater práticas racistas, ou de lutar por melhores condições de vida e de trabalho, entre o �nal do século
XIX e começo do século XX, trabalhadores e intelectuais negros de diferentes localidades do Brasil começaram a se
organizar para discutir a discriminação sofrida, pensar alternativas para a melhoria da condição de vida dos afro-
brasileiros e proporcionar momentos de lazer que até então eram negados para essa parcela da população.
Associações e Grêmios
Um dos primeiro movimentos foi criar associações e grêmios que permitissem não só o encontro, mas o debate.  Em
São Paulo, que na época já era o principalcentro econômico do país, foram fundados o Centro Cultural Henrique Dias, a
Associação Protetora dos Brasileiros Pretos e o Grêmio Dramático Recreativo e Literário “Elite da Liberdade”.
Associações e grêmios semelhantes foram criados nas demais cidades brasileiras. Nessas organizações eram
realizados diversos tipos de atividades como festas, bailes e reuniões ¯ ocasiões em que havia diversão, discussão e
diversas redes de solidariedades e amizade eram estabelecidas.
Imprensa Negra
Todavia, as questões experimentadas pela população negra não �caram restritas às associações e grêmios. Como os
meios de comunicação da época apenas reproduziam os padrões de beleza europeus e estampavam a população
negra como “criminosas em potencial” ― reforçando, assim, o racismo ―, diversas das organizações negras que
compunham as associações e grêmios se articularam e fundaram jornais voltados para a população negra. Não por
acaso tais jornais �caram conhecidos como: imprensa negra.
Esses jornais, em parte in�uenciados pelos periódicos escritos pelos e para os imigrantes, eram direcionados a uma
elite de homens e mulheres negros e mestiços, que, mesmo pequena, tinha representantes em diferentes localidades
do Brasil. Alguns deles eram jornais muito semelhantes aos produzidos no restante do país e pouco, ou quase nunca,
tocavam na problemática do racismo. Nesses casos, os periódicos traziam ofertas de emprego, anúncios de
concursos de beleza e outras notícias cotidianas.
No entanto, em periódicos como O Clarim d´Alvorada, A Liberdade, a Sentinela, O Al�nete, e O Baluarte, jornalistas e
intelectuais negros não só denunciavam situações de preconceito racial, como também usavam o jornal para ajudar na
educação e aumentar a autovalorização da população negra e mestiça ¯ questões que não tinham espaço nos outros
jornais brasileiros. Alguns periódicos chegaram a abrir espaços para que seus leitores publicassem poemas e contos.
E não foi por acaso que muitos jornais da imprensa negra faziam menção constante aos abolicionistas brasileiros.
Jornal A Voz da Raça
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Em geral, havia uma grande preocupação em transmitir mensagens morais que pregavam contra a vadiagem e
enalteciam o trabalho e o trabalhador negro. Produzidos em pequenas grá�cas e muitas vezes contando unicamente
com o �nanciamento de seus editores ou com o dinheiro angariado em rifas, a grande parte desses jornais tinha uma
pequena tiragem e era distribuída gratuitamente ou então vendida a custos baixos nas organizações e agremiações
frequentadas pela população negra. Porém, uma vez mais, a solidariedade entre os membros da comunidade negra se
fez sentir.
Frente Negra Brasileira (FBN)
Em 1931, foi fundada em São Paulo a Frente Negra Brasileira. A FNB, como �cou conhecida, era uma organização que
objetivava integrar a população negra na sociedade, seguindo os padrões vigentes.
Tal organização se empenhou em criar as condições necessárias para que a população negra pudesse ingressar no
competitivo mercado de trabalho. Em pouco tempo, outras �liais dessa organização foram criadas em todo país.
A FNB proporcionou a alfabetização de centenas de negros e criou cursos de costura para que as mulheres negras
pudessem se inserir no mercado de trabalho. Era lá que operários negros se encontravam para debater assuntos
referentes a seu trabalho e à discriminação que sofriam e ainda recebiam assistência médica a preços acessíveis.
A Frente Negra Brasileira teve papel fundamental na ampliação de redes de solidariedades entre negros de todo o
Brasil e no combate contra o racismo, provando a capacidade intelectual da população negra. Todavia, graças a sua
vertente partidária, a FNB, assim como os jornais da imprensa negra, foi fechada a mando de Getúlio Vargas em 1938.
Teatro Experimental do Negro (TEN)
Porém, o fechamento da FNB e dos jornais da imprensa negra não representou o �m da luta da população negra. Em
1944, Abdias do Nascimento fundou o Teatro Experimental do Negro. Além de recuperar heranças africanas como o
candomblé, o TEN promoveu congressos e, principalmente, provou que o Brasil tinha talentosos atores, poetas,
bailarinos e músicos negros, incomodando muitas emissoras de televisão e jornais do Brasil.
Jornal Quilombo
Quatro anos depois, Abdias do Nascimento e outros intelectuais negros fundaram um dos jornais mais famosos da
imprensa negra: o Quilombo, publicado entre 1948 e 1950. Diferentemente dos outros periódicos, o Quilombo contava
com a participação de jornalistas negros e brancos, tinha forte diálogo com intelectuais negros do Caribe, África e
Estados Unidos e dava especial atenção à cultura afro-brasileira, sobretudo às manifestações artísticas e culturais
realizadas pelos negros do Brasil.
Por meio da exaltação de importantes personagens negras da história brasileira, o Quilombo permitiu que muitos
negros, especialmente aqueles que estavam na classe média, criassem uma identidade negra que tivesse um respaldo
histórico. Muitos dos intelectuais que �zeram parte do corpo editorial do jornal Quilombo tinham grande diálogo com
os movimentos internacionais que combatiam o racismo, inclusive com o Pan-africanismo, e com importantes
lideranças negras dos Estados Unidos envolvidas na luta pelos direitos civis dos negros estadunidenses.
Panteras Negras
Além de exaltar a cultura negra, esses movimentos passaram a fazer reivindicações constantes contra o racismo e a
favor da igualdade de oportunidade entre negros e brancos. Na década de 1980, foi fundando o Movimento Negro
Uni�cado que, com outras organizações parecidas, inclusive movimentos e ONGs que trabalham com a dupla
discriminação sofrida pelas mulheres negras, tem lutado para que negros e mestiços tenham a mesma oportunidade
que o restante da população brasileira.
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As denúncias e o combate desses movimentos �zeram com que intelectuais negros e brancos tivessem que revisitar a
história brasileira para acabar com a ideia de que o Brasil era um país sem racismo. As provas da discriminação racial
no Brasil serviram de base para a exigência de melhorias urgentes na vida dessa parcela da população e na adequação
do racismo como crime ina�ançável. Mesmo assim, essa luta ainda está longe de terminar.
Outra importante ação desses movimentos foi recuperar importantes �guras negras da história do Brasil, como Zumbi
dos Palmares que, atualmente, é considerado um dos heróis brasileiros.
Vamos testar seus conhecimentos até
aqui...
Atividades
1) Sobre a luta dos afrodescendentes no Brasil república é incorreto a�rmar que:
a) Surgiu na década de 1980, com a formação do Movimento Negro Uni�cado.
b) Foi possível ver seu gérmen ainda no período escravista, com a atuação dos abolicionistas.
c) A Frente Negra e o Teatro Experimental do Negro foram importantes ferramentas.
d) A Imprensa Negra teve papel fundamental nas primeiras décadas do século XX.
e) Teve inúmeras adversidades ao longo do século XX, inclusive advindas das autoridades governamentais do país.
Justi�cativa
2) Com relação à estrutura administrativa da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), tem-se que o departamento ao qual
compete coordenar o desenvolvimento de ações, objetivando a regularização e o registro das áreas indígenas, os
procedimentos de levantamento, indenização e entrosamento das áreas indígenas, emitir certidões e estabelecer
sistemas de controle do Patrimônio Territorial Indígena, denomina-se:
a) De Patrimônio Indígena e Meio Ambiente
b) De Desenvolvimento Comunitário
c) Fundiário
d) De Demarcação
e) De Identi�cação e Delimitação
Justi�cativa
3) Para osefeitos da Lei, índio ou silvícola é:
a) Todo indivíduo de origem brasileira que se identi�ca e é identi�cado como pertencente a um grupo étnico cujas
características culturais o distinguem da sociedade nacional.
b) Todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identi�ca e é identi�cado como pertencente a um grupo
étnico cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional.
c) Todo indivíduo de origem e ascendência sul-americana que se identi�ca como pertencente a um grupo étnico cujas
características culturais o distinguem da sociedade nacional
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características culturais o distinguem da sociedade nacional.
d) Todo indivíduo de origem e ascendência colombiana que se identi�ca e é identi�cado como pertencente a um grupo étnico
cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional.
e) Todo indivíduo de origem e ascendência estrangeira que se identi�ca e é identi�cado como pertencente a um grupo étnico
cujas características culturais o distinguem da sociedade nacional.
Justi�cativa
Glossário

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