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81POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
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Denise Lucena Cavalcante142 
 Pós-Doutora pela Universidade de Lisboa. 
Doutora pela PUC/SP. 
Professora de Direito Tributário e Financeiro da UFC
SUMARIO: 1. Considerações iniciais. 2. Sustentabilidade inanceira com foco na 
proteção ambiental. 3. Perspectivas da tributação ambiental no Brasil. 4. Estímu-
los iscais ecológicos nos tributos tradicionais no âmbito brasileiro. 4.1. Incentivos 
no setor de transportes. 4.2. Incentivos no setor imobiliário. 4.3. ICMS ecológico. 
5. Projetos de lei relevantes em matéria de tributação ambiental. 6. Considerações 
inais. 7. Referências.
142
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Esse artigo tem por objetivo apresentar alguns pontos relevantes do 
desenvolvimento da tributação ambiental no contexto brasileiro, desta-
cando a doutrina como também, os avanços da legislação que se instaura 
no país nos últimos anos.
142. Líder do Grupo de Pesquisa em Tributação Ambiental UFC/CNPq. Procuradora da Fazenda 
Nacional/Ministério da Fazenda/Brasil. E-mail: deniluc@fortalnet.com.br.
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Ressalta-se que, sendo o Brasil um país de proporções continentais, 
muito ainda tem o que ser feito no âmbito da tributação ambiental, prin-
cipalmente em relação a necessidade de uniformização legislativa entre os 
entes federativos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) que, em 
alguns casos, têm tido posicionamentos diferentes e, em alguns momen-
tos até antagônicos.
Contudo, mesmo diante das diiculdades em harmonizar a legislação 
no Brasil, não se pode deixar de reconhecer que os primeiros passos já 
foram dados e já se observa um processo de redirecionamento do sistema 
tributário nacional para a proteção ambiental.
O Direito Tributário brasileiro deve ampliar seu foco para dar diretri-
zes à sustentabilidade inanceira, que deverá atuar em prol da sustentabi-
lidade ambiental com a máxima urgência que o caso requer.
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Trataremos aqui da sustentabilidade no sentido utilizado na área ju-
rídica, que é diferente da concepção da área econômica. Na teoria eco-
nômica a sustentabilidade inanceira refere-se à questão da solvabilidade 
inanceira do governo em relação à dívida pública. Na área jurídica a sus-
tentabilidade está diretamente relacionada com a boa governança focada 
no desenvolvimento econômico comprometido com o meio ambiente143. 
Não se pode mais permitir que o crescimento econômico descontro-
lado das nações ponha em risco todo o Planeta. Isso seria admitir um 
assassinato consensual das futuras gerações. Daí por que a palavra de 
ordem deste novo milênio é sustentabilidade, mesmo cientes de que não 
será fácil a assimilação das novas diretrizes exigidas por essa nova era, 
143. Sobre essa questão ver: CAVALCANTE, Denise Lucena. Sustentabilidade inanceira em prol da 
sustentabilidade ambiental. In: Novos horizontes da tributação: um diálogo luso-brasileiro. 
Cadernos IDEFF Internacional, n. 2, Coimbra: Almedina, p. 95-208, 2012.
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
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uma vez que, em alguns casos, representam mudanças drásticas do com-
portamento de toda uma civilização.
Para a promoção do desenvolvimento sustentável o mundo contem-
porâneo tem de deinir diretrizes claras e promover medidas diretas, dei-
xando de lado as tradicionais formas de desenvolvimento econômico que 
só visam ao im, sem se preocuparem com os meios utilizados e as con-
sequentes formas de deterioração dos recursos ambientais para alcançar 
suas metas.
No âmbito mundial, o alerta para a questão do desenvolvimento sus-
tentável144 foi formalmente consagrado pela ONU por intermédio da Co-
missão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ao expressar, 
em 1987, no documento Our Common Future, conhecido também como 
Relatório Brundtland, que o desenvolvimento sustentável é o que satisfaz 
as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações 
futuras de suprir suas próprias necessidades.
O grande desaio, contudo, ainda é a deinição de metas para os paí-
ses em desenvolvimento que necessitam crescer, mas, paralelamente, têm 
que se adequar às novas diretrizes da chamada economia verde, sendo 
este um dos objetivos do Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento (PNUD), quando formulou um guia para auxiliar os países 
na elaboração de políticas de inanciamento da luta contra a mudança 
climática.
O desenvolvimento acelerado e desgovernado nas últimas décadas 
trouxe como consequência a insegurança na preservação da raça humana 
ante os desequilíbrios ambientais hoje predominantes em todos os cantos 
do Planeta. Vivemos na era da «sociedade de risco», como bem denomi-
nou Ulrich BECK, na qual os processos de modernização de um lado dis-
144. «As raízes dessa expressão estão na constatação da impossibilidade de continuidade do 
desenvolvimento econômico, nos moldes até então compreendidos, por causarem um, ace-
larado e, muitas vezes, irreversível declínio dos recursos naturais. [...] Desenvolvimento 
sustentável implica, então, o ideal de um desenvolvimento harmônico da economia e eco-
logia que deve ser ajustado numa correlação de valores em que o máximo econômico relita 
igualmente em máximo ecológico.» (DERANI, Cristiane. Direito ambiental econômico. 3. ed. 
São Paulo: Saraiva, p. 112-113).
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tribuem riquezas e de outro repartem riscos: modernização como causa, 
dano como efeito colateral.145
É momento de uma séria mobilidade internacional com vistas a con-
ter os avanços da devastação ambiental, sob pena de submeter a risco 
todo o futuro da humanidade. E não adianta uma «política de camula-
gem» das atividades exercidas por alguns países desenvolvidos, que têm 
um discurso em seu território e uma prática bem diferente nos países de 
Terceiro Mundo, onde comumente exercem suas atividades industriais e 
poluentes146. Todas as nações precisam ter consciência de que, agora, ante 
a fragilidade da natureza e dos tantos abusos praticados pelo homem, o 
risco é global.
No caso dos países em desenvolvimento, como muitos da América 
Latina, a adequada noção de desenvolvimento sustentável é de enorme 
relevância, pois não se pode ter uma visão estreita, no sentido de travar 
o desenvolvimento ou, demasiadamente elástica, ao ponto de causar da-
nos ambientais irreversíveis. Políticas públicas adequadas podem e de-
vem equacionar a fórmula ideal do que se pretende efetivamente descrever 
145. «O conteúdo teórico e o referencial axiológico dos riscos condicionam outros componen-
tes: a conlitiva pluralização e diversidade deinitória de riscos civilizacionais observável. 
Atinge-se, por assim dizer, uma superprodução de riscos, que em parte se relativizam, em 
parte se complementam, em parte invadem o terreno um dos outros. Cada ponto de vista 
interessado procura armar-se com deinições de risco, para poder dessa maneira rechaçar os 
riscos que ameacem seu bolso. Ameaças ao solo, à lora, ao ar, à água e à fauna ocupam uma 
posição especial nessa luta de todos contra todos em torno das deinições mais lucrativas, 
na medida em que dão espaço ao bem comum e às vozes daqueles que não têm voz própria 
(talvezsó mesmo direitos eleitorais ativos e passivos estendidos às gramíneas e minhocas 
serão capazes de trazer as pessoas à razão). No que diz respeito aos referenciais dos riscos em 
termos de valores e interesses, tal pluralização é evidente: alcance, urgência e existência de 
riscos oscilam com a diversidade de valores e interesses. É menos claro se isto também afeta 
a interpretação do conteúdo dos riscos.» (BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma 
outra modernidade. Tradução de Sebastião Nascimento. Título original: Risikogesellschaft. 
São Paulo: 34, 2010, p. 37).
146. «As indústrias de risco foram transferidas para os países com mão de obra barata. Isto não 
aconteceu por acaso. Existe uma sistemática ‘força de atração’ entre pobreza extrema e riscos 
extremos. [...] Em escala mundial, isto ocorre de forma particularmente eloquente: miséria 
material e cegueira diante do risco coincidem.» (BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a 
uma outra modernidade. Tradução de Sebastião Nascimento. Título original: Risikogesells-
chaft. São Paulo: 34, 2010, p. 49-50). 
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como desenvolvimento sustentável. E esta fórmula há de considerar os 
elementos que a integram, sendo tradicionalmente citados o desenvolvi-
mento econômico, a equidade social e o equilíbrio ambiental.
Daí a concordância com a airmação de que o desenvolvimento não 
precisa ser contraditório em relação à sustentabilidade147, ao contrário, 
a introdução da variável ambiental nas atividades econômicas tende a 
criar mercados e oportunidades. As diretrizes a serem impostas com 
fulcro no desenvolvimento sustentável não podem ser vistas como blo-
queio ao crescimento econômico148, mas sim como possibilidades de 
novos e diferenciados mercados. Alguns setores já anteciparam este 
«mercado verde», como, por exemplo, a construção civil, por meio do 
Green Building e o setor automobilístico, com a fabricação dos veículos 
não poluentes149, o setor energético quando parte para a produção de 
energia limpa etc.
147. Assim airma Juarez Freitas: «Quando alguns autores, como é o caso de Anthony Giddens, 
opõem reservas à expressão desenvolvimento sustentável, vendo-a como oximoro (contra-
dição em termos), estão a cogitar de acepção demasiadamente convencional do desenvolvi-
mento, isto é, aquela que o embaralha com o crescimento econômico e se exprime no velho 
PIB. Entretanto, o desenvolvimento não precisa ser contraditório com a sustentabilidade. 
Claro que não. Desde que se converta num deixar de se envolver com tudo aquilo que apri-
siona e bloqueia o lorescimento integral dos seres vivos, o desenvolvimento pode-deve ser 
plenamente sustentável e homeostático. [...]. Superam-se, a pouco e pouco, os graves enga-
nos induzidos pelo PIB, que não mede qualidade de vida, minimamente. Avança-se, rumo 
à avaliação líquida da atividade econômica.» (FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: direito ao 
futuro. Belo Horizonte: Fórum, 2011, p. 43).
148. O comentário a seguir destaca esse receio da perda de competitividade: «The key issue to 
which those countries which have implemented Green tax reform have been confronted is the pos-
sible loss of international competitiveness. Since the bulk of environmentally related taxes deal with 
energy and transport issues, there is a risk that the competitiveness of some industries could be hurt. 
This is why some industry sectors (in particular energy intensive industries) are strongly opposed 
to environmental taxes and tends to promote other instruments, such as voluntary approaches.» 
(BARDE, Jean-Philippe. Implementing green tax reforms in OECD Countries: progress and 
barriers. In: ASHIABOR, Hope et al (Ed). Critical issues in environmental taxation: interna-
tional and comparative perspectives. V. II, United KINGdom: Richmond Law & Tax, 2005, 
p. 14).
149. Sobre esta questão no Brasil ver: CAVALCANTE, Denise Lucena. Políticas públicas ambientais 
no setor automobilístico. In: SCAFF, Fernando Facury; ATHIAS, Jorge Alex (Org.). Direito 
tributário e econômico aplicado ao meio ambiente e à mineração. São Paulo: Quartier Latin, 
2009, p. 216-230.
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Para alcançar esses objetivos globais temos defendido a criação de 
uma teoria geral da tributação ambiental transnacional150, com o objetivo 
de adequar os conceitos universais do Direito Ambiental às inanças pú-
blicas, viabilizando, na medida do possível, a elaboração de normas volta-
das para as políticas públicas ambientais, principalmente as referentes às 
atividades estatais regulatórias.
Nesse contexto, é importante que o Brasil, juntamento com os demais 
países, adequem suas normas iscais dando ênfase a questão ecológica, 
ainal, da mesma forma que o ambiente não tem fronteiras, também não 
poderão ser divergentes as diretrizes do Direito Tributário Ambiental. As 
nações devem buscar soluções comuns para o bem-estar mundial. Impor-
tante é chegar a um consenso mínimo para a elaboração de uma teoria 
transnacional, com o necessário intercâmbio de experiências dos modelos 
que já estão sendo utilizados e os que dão certo.
Apresentaremos aqui, sinteticamente, uma descrição geral de algumas 
medidas ambientais de caráter iscal já introduzidas no Brasil, esperando 
contribuir para o necessário estudo comparado da legislação isco-ambien-
tal, tema dos mais recentes e relevantes no ordenamento jurídico mundial.
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Embora a crise ambiental seja universal, cada país está em momento 
muito diferente no grau de evolução desta crise. Enquanto no âmbito da 
União Europeia, por exemplo, avançam as discussões e aperfeiçoamento 
da cobrança de tributos sobre a poluição, como o carbon tax, já buscando 
deinir preços sobre as emissões do gás carbônico – CO
2
, países como o 
Brasil e muitos outros da América Latina ainda lutam para inserir em sua 
150. Ver CAVALCANTE, Denise Lucena. Perspectivas da tributação ambiental na contemporanei-
dade. In: WACHOWICZ, MARCOS; MATIAS, João Luis Nogueira (Coord.). Propriedade e meio 
ambiente – da inconciliação à convergência. Florianópolis: Fundação Boiteaux, 2011, p. 
83-96.
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
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cultura a reciclagem do lixo doméstico, utilizando a redução de tributos 
para fomentar a educação ambiental, como é o exemplo da redução do 
imposto predial e territorial urbano (IPTU) da cidade brasileira de Forta-
leza que, mediante uma lei, concedeu um desconto de 5% aos condomí-
nios residenciais que reciclassem o seu lixo.151 
Os instrumentos iscais ambientais contemporâneos estão se dissemi-
nando no país neste momento e fortalecendo a deinição e os contornos 
da tributação ambiental152
A sistematização das diretrizes isco-ambientais deve ser meta gover-
namental, bem como, a contraposição da perspectiva contemporânea da 
tributação com a proteção do meio ambiente, considerando o fato de que 
a tributação ambiental tem papel fundamental na promoção da sustenta-
bilidade ambiental.
O momento é de permitir a inovação iscal na adequação dos tributos às 
atuais exigências ambientais e esta deve ser necessariamente por meio de uma 
diretriz governamental. Esperasse que o Estado assuma seu papel de sujeito 
ativo nesta fase de transição para novos modelos econômicos ditos verdes.
Não se trata simplesmente de reduzir a discussão ao tributo ecológico. 
Na verdade, sequerse defende um conceito próprio de tributo ambiental, 
pois entendemos que não se trata de uma espécie tributária distinta das 
151. Lei Complementar nº 0073, de 28 de dezembro de 2009: Art. 2º. Será concedido desconto 
de 5% (cinco por cento) no valor do IPTU, nos casos de imóveis que instituam separação 
de resíduos sólidos e que destinem sua coleta para associações e/ou cooperativas de cata-
dores de lixo. Disponível em: <http://www.sein.fortaleza.ce.gov.br/legislacao/gerados/leis/
LEI_N73_2009.pdf>. Acesso em: 29 de jul. 2012.
152. «Experience over the last decades has proven that environmentally related taxes can be effective and 
efficient instruments for environmental policy. They introduce a price signal that helps ensure that 
polluters take into account the cost of pollution on environmentally related taxes contribute to envi-
ronmental improvements by causing price increases that reduce the demand for the environmentally 
harmful products in questions. All OECD member countries apply several environmentally related 
taxes. A database operated in co-operation between OECD and the Europe Environment Agency 
(EEA), currently details about 375 such taxes in OECD countries – plus i.a. some 250 environmen-
tally related fees and charges. The taxes raise revenues in the order of 2-2,5% of GDP. About 90% 
of this revenue stem from taxes on motor vehicle fuel and motor vehicles, whereas revenue-raising 
is not a prime motivation for many other taxes applied.» (OECD. The political economy of en-
vironmentally related taxes. 2006, p. 10).
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que estão em curso. Ao contrário, a tributação ambiental não preconiza 
uma espécie tributária nova, mas, sim, uma reordenação do sistema tri-
butário com foco na sustentabilidade ambiental.
O que se constata hoje é o surgimento de um novo critério global para o 
redirecionamento dos sistemas iscais, qual seja, o critério ambiental, sendo 
a epistemologia ambiental153 o ponto de partido neste redirecionamento. 
De fato, o mundo que se apresenta hoje é completamente diferente dos 
modelos que tínhamos nas últimas décadas. Outras realidades surgem e 
nos impõem novas formas de tratar o próprio Direito. E um mundo em 
transformação exige também transformação do sistema tributário global. 
Cada país deve analisar as necessidades de sua sociedade e identiicar os 
problemas locais, inclusive considerando os recursos naturais em seu terri-
tório, com a consciência de que suas soluções terão consequências globais, 
levando em conta o fato de que um dos grandes desaios do século XXI é 
exatamente uma deinição global sobre a gestão dos recursos naturais.
Mesmo que os países estejam em fases distintas, porém, cada qual no 
seu ritmo, não se deve relaxar na implementação das necessárias e urgen-
tes medidas de proteção ambiental. Instrumentos econômicos diferentes 
deverão ser utilizados em cada caso. Há a necessidade de estreitar este 
diálogo entre os âmbitos iscal e ambiental, proporcionando as mudanças 
necessárias aos modelos produtivos154. 
153. «O saber ambiental vai derrubando certezas e abrindo os raciocíonios fechados que expulsam 
o ambiente dos círculos concêntricos do conhecimento. A epistemologia ambiental confronta 
o projeto positivista (universal, objetivo) do conhecimento e deslinda as estratégias de poder 
que se entrelaçam nos paradigmas cientíicos e na racionalidade da modernidade. Esta é sua 
coerência estratégica. A epistemologia ambiental é uma política do saber que busca a sustenta-
bilidade da vida. Para além do propósito de internalizar o ambiente externalizado da centrali-
dade do conhecimento e do assédio do poder da ciência; para além do acoplamento da teoria 
e do pensamento com uma realidade dada, a epistemologia ambiental muda as formas de ser 
do mundo na relação que o ser estabelece com o pensar, com o saber e o conhecer. É uma epis-
temologia política da vida e da existência humana.» (LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. 
Tradução de Sandra Valenzuela. 4. Ed., São Paulo: Cortez, 2007 , p. 13-14). Ver também: BEL-
CHIOR, Germana Parente Neiva. Hermenêutica jurídica ambiental. São Paulo: Saraiva, 2011.
154. César Garcia Novoa informa que para superar os efeitos da crise a Espanha aprovou em 2009 
um Projeto de Lei de Economia Sustentável que tem por objeto introduzir no ordenamento 
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Para os países emergentes, este raciocínio aufere mais força a cada 
dia. Ao contrário do que se pensava até bem pouco tempo, no sentido 
de que as soluções e diretrizes referentes às grandes questões ambientais 
partiriam exclusivamente dos países desenvolvidos e dos grandes polui-
dores, a história dos últimos anos é surpreendente quando constata um 
crescimento acelerado das economias emergentes, destacando-se nesse 
contexto o Brasil. Estes países começam a buscar suas vozes nas decisões 
globais e a reagir quando diretrizes unilaterais estão sendo impostas pelas 
grandes nações que, por vezes, estabelecem linhas diretivas que são ver-
dadeiros óbices ao próprio desenvolvimento.
No Brasil não seria viável se falar nesse momento num novo tributo, 
ainda que verde, por mais relevante que fosse a sua destinação, conside-
rando a elevada carga tributária incidente sobre os cidadãos brasileiros. 
Daí a importância hoje de novas perspectivas da tributação ambiental sob 
o aspecto estrutural, que vai muito além da mera imposição tributária, 
alcançando necessariamente os incentivos iscais. 
Enfatizamos, porém, o fato de que os benefícios e incentivos iscais 
em matéria ambiental devem ser acompanhados sempre com a previsão 
dos seus efeitos relativamente à questão ambiental que se busca proteger 
e, ainda, com o relatório da renúncia de receita para que não ocorra um 
desequilíbrio no sistema iscal155. 
Nessa perspectiva, o Brasil também tem estabelecido novas diretri-
zes nos mais diversos setores, mesmo que ainda produza uma legislação 
jurídico reformas estruturais necessárias para o desenvolvimento sustentável. (NOVOA, Cés-
ar Garcia. Medidas iscales para hacer frente a la crisis económica en España. In: MONTEIRO, 
Sónia; COSTA, Suzana; PEREIRA, Liliana (Coord.). A iscalidade como instrumento de recu-
peração econômica. Porto: Vida Económica, 2011, p. 167-192). Ver também: RUIZ GALDÓN, 
Juan Manuel; JIMÉNEZ FERNÁNDEZ, Angel. El município español ante la tributación ambi-
ental en momentos de crisis económica. In: SERRANO ANTÓN, Fernando (Org.). Tributación 
ambiental y haciendas locales. Navarra: Aranzadi, 2011, p. 159-173.
155. No Brasil, assim está previsto na Lei Complementar n. 101/2000: «Art. 14. A concessão 
ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia 
de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-inanceiro no 
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao dispositivo na lei 
de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições....».
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DENISE LUCENA CAVALCANTE PARTE PRIMERA TRIBUTOS Y PROTECCIÓN AMBIENTAL
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isco-ambiental voltada para questões setoriais e sem uma uniformida-
de nacional, tais diretrizes tem relevância histórica no atual contexto de 
mudanças, por isso devem ser enaltecidas e divulgadas, aguardando o 
momento certo deixá-las compatíveis entre si.
No cenário mundial, é importante destacar o papel do Brasil com seu 
grandepotencial de recursos naturais, motivo pelo qual este é um dos prin-
cipais países que deve efetivar medidas pontuais na proteção ambiental. 
Com efeito, bem airma Juarez Freitas quando diz que o Brasil, por moti-
vos geopolíticos altamente favoráveis, tem tudo para se converter numa das 
grandes lideranças mundiais no paradigma da sustentabilidade.156 
No Brasil há autorização constitucional para a utilização de instru-
mentos iscais como indutores de atividades econômicas, por intermédio 
de tratamento diferenciado que se exprime por estímulos ou desestímulos 
iscais, nos termos do art. 170, inc. VI, da Constituição da República:
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por im assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios:
(...);
VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferen-
ciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação.
Essa diretriz foi introduzida no ordenamento brasileiro pela Emenda 
Constitucional n. 42/2003, ou seja, após a aprovação do Protocolo de Kyo-
to (1997). O Brasil, desde que aprovou o texto do Protocolo de Kyoto, pelo 
do Decreto Legislativo n. 144, de 20 de junho de 2002, destaca sua parti-
156. «Para isso, mais do que de reformas cosméticas, carece simultaneamente de inovação pessoal 
e institucional, na abertura de campos promissores para empreendimentos ligados à econo-
mia verde, sem o engano de supor que o desenvolvimento sustentável precise gerar inevita-
velmente decréscimo recessivo. Bem ao contrário. Oportunidades brilhantes estão a frente. 
Força realizar a transição para uma cultura do desenvolvimento (de baixo carbono, alta in-
clusão, trabalho seguro e decente), em substituição à calçada na economia dos combustíveis 
fósseis e nos vícios da política.» (FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: direito ao futuro. Belo 
Horizonte: Forúm, 2011, p. 29-30).
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
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cipação mundial na diminuição do efeito estufa157. O compromisso brasi-
leiro na redução das emissões dos gases efeito estufa se formalizou através 
da Lei nº 12.187/2009158, que institui a Política Nacional sobre Mudança 
do Clima. Estima-se que parte da redução das emissões brasileiras virá do 
im do desmatamento, principalmente na Amazônia. Os planos de ação 
em curso no Brasil pretendem principalmente conter o desmatamento na 
Amazônia, que é o bioma mais ameaçado do País. 
Muitas outras metas estão sendo implantadas no Brasil de modo a 
integrar o país nas metas internacionais desse novo século, que deve ser 
marcado como a era da responsabilidade isco-ambiental, devendo as 
157. Foi implantado no Brasil o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na 
Agricultura – Programa ABC, para o Ano Safra 2012/2013. Disponível em: www.bndes.gov.
br. Acesso em 10 out. 2012. 
158. Esta lei foi alterada recentemente pela Lei n. 12.727, de 17/10/12, que prevê: 
«Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Pre-
servação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração lorestal, o suprimento de 
matéria-prima lorestal, o controle da origem dos produtos lorestais e o controle e preven-
ção dos incêndios lorestais, e prevê instrumentos econômicos e inanceiros para o alcance 
de seus objetivos.
Parágrafo único.  Tendo como objetivo o desenvolvimento sustentável, esta Lei atenderá aos 
seguintes princípios:
I – airmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação das suas lorestas e de-
mais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídri-
cos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras;
II – reairmação da importância da função estratégica da atividade agropecuária e do papel 
das lorestas e demais formas de vegetação nativa na sustentabilidade, no crescimento eco-
nômico, na melhoria da qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos 
mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia;     
III – ação governamental de proteção e uso sustentável de lorestas, consagrando o compro-
misso do País com a compatibilização e harmonização entre o uso produtivo da terra e a 
preservação da água, do solo e da vegetação;    
IV – responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, em cola-
boração com a sociedade civil, na criação de políticas para a preservação e restauração da 
vegetação nativa e de suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais;      
V – fomento à pesquisa cientíica e tecnológica na busca da inovação para o uso sustentável do 
solo e da água, a recuperação e a preservação das lorestas e demais formas de vegetação nativa;  
VI – criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a preservação e a recu-
peração da vegetação nativa e para promover o desenvolvimento de atividades produtivas 
sustentáveis.    
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atividades estatais de arrecadação e as programações orçamentárias de 
despesa se voltarem para ações econômicas que promovam o estímulo ao 
desenvolvimento econômico para resguardo do meio ambiente. 
O conceito de gestão iscal responsável no Brasil deve ser ajustado 
às necessidades ambientais contemporâneas, motivo pelo qual sugeri-
mos a alteração da Lei de Responsabilidade Fiscal –Lei Complementar n. 
101/2000– no sentido de incluir em seus princípios o critério ambiental 
como condição de boa gestão e, ainda, acrescentar em seu texto uma 
análise diferenciada para as renúncias de receita quando decorrentes de 
medidas voltadas à proteção ambiental.
Resta claro, também, que muitas das atuais leis que tenham por base a 
tributação ambiental não são deinitivas; ao contrário, serão úteis somente 
enquanto perdurar a necessidade de sua adoção, principalmente quando 
se tratar de incentivo iscal, que não poderá ser eterno. Em alguns casos, 
a eiciência da lei será inversamente proporcional a sua durabilidade.
Isso signiica que a interferência do Estado passa sofrer gradualmen-
te por diversas alterações, hoje incentivando determinadas condutas nas 
atividades econômicas159 com redução ou extinção de tributos; num fu-
turo próximo, eliminando os incentivos que não forem mais necessários 
e, inalmente, chegando à fase em que as atividades prejudiciais ao meio 
ambiente sejam punidas. Portanto, o que se prevê é um caminho rápido 
que irá do prêmio à sanção, de acordo com o grau de consciência socio-
ambiental de cada povo160. 
159. «La política subvencional es ahora una de las funciones principales de nuestro Estado Social. Además, 
las subvenciones ya no son medidas discrecionales absolutas. Puede existir cierto margen de libertad 
en la selección de las actividades, fines o ámbitos que se pretenden subvencionar, pero ahora responden 
a una actividad programada, planificada, constante, indefinida en el tiempo y sólo resta cierta margen 
de apreciación en los criterios específicos de selección de los beneficiarios.» (SESMA SÁNCHEZ, Begora. 
Disposiciones generales de la ley general de subvenciones y de su reglamento. In: MARTÍNEZ 
GINER, Luis Alfonso; NAVARRO FAURE, Amparo (Coord.). Régimen jurídico-inanciero de las 
subvenciones públicas. Valencia: Tirant lo Blanch, 2010, p. 20).
160. «Sem dúvida que o prêmio se encontra mais presente no Estado intervencionista e a su-
gestão, estanque, de força e coação, represália e punição, do Direito,não mais representa o 
único meio de orientação social. Norberto Bobbio, citado nos primeiros capítulos, distinguia 
ordenamento repressivo de ordenamento promocional. Para o primeiro, existiam três formas 
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Vive-se uma fase de transição do princípio do poluidor-pagador, pas-
sando atualmente pelo protetor-recebedor, até que se estabilizará o con-
ceito de sustentabilidade para inalmente concluir com o processo no 
não-protetor-infrator.
Novas políticas iscais ambientais devem se somar aos programas de 
governos, para que sejam desenvolvidos cada vez mais projetos que vi-
sem, de um lado, a garantir segurança, qualidade e economia no desen-
volvimento econômico e, de outro, mitigar o impacto desses projetos no 
meio ambiente. Por exemplo, o estímulo à execução de medidas, como 
a utilização de aquecedores solares em residências, alia economia e res-
peito ao meio ambiente e necessita de um tratamento diferenciado para 
o Estado mediante benefícios e incentivos iscais. Junto a ela deveriam se 
somar outras ações eicazes como a utilização de materiais recicláveis que 
causem menos impactos, além de técnicas e processos na construção civil 
que evitem o desperdício de energia e matérias-primas161. 
de impedir uma ação: a) torná-la impossível; b) torná-la difícil; e c) torná-la desvantajosa. 
No segundo caso, de um ordenamento promocional, as formas de impedir a ação eram: a) 
torná-la necessária; b) torná-la fácil; e c) torná-la vantajosa. É neste último exemplo que 
certamente são encontradas as leis de incentivos iscais. Os contribuintes devem poder usar 
técnicas e meios para reduzir ou eliminar o encargo tributário. Mas para que isso aconteça 
o Poder Público tem que proporcionar caminhos, mais fáceis e vantajosos, para empregar a 
terminologia de Bobbio. [...] Os incentivos iscais são tratamentos diferenciados para estimu-
lar condutas e nortear diretrizes políticas e econômicas. Representam supressão ou redução 
da carga tributária. A doutrina estrangeira reconhece serem mais eicazes os incentivos para 
o controle da poluição, enaltecendo a desoneração em detrimento da imposição tributária, 
pois a mudança de comportamentos se dá antes de qualquer evento danoso, enquanto a 
punição sempre ocorre posteriormente, depois do prejuízo já consumado.» (TRENNEPOHL, 
Terence Dornelles. Incentivos iscais no direito ambiental. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 110-
111.)
161. «O que hoje é opcional em termos de utilização ambientalmente adequada da propriedade 
urbana, num futuro próximo será uma obrigação. Consequentemente caminha-se para o 
momento em que a utilização da propriedade fora das adequações ambientais será punida 
através de sanções severas. Contudo, até que este momento chegue, muito ainda tem que ser 
feito, principalmente em matéria legislativa, que ainda carece de fundamentação ecológica e 
de coerência sistemática. Daí porque se defende hoje a adoção da sanção premial no âmbito 
da tributação ambiental. [...] Analisando a atuação da sociedade contemporânea observa-se 
que, infelizmente, somente os princípios éticos não são suicientes para proporcionar as 
mudanças necessárias. É preciso mais. É preciso incentivos econômicos, daí a importân-
cia do Estado nesta fase de mudanças de paradigmas relativos à propriedade. Proporcionar 
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Interessante também destacar no Brasil a introdução do lucro ambien-
tal que recompensa diretamente em dinheiro quem está protegendo o meio 
ambiente. O Decreto n. 7.572, de 28/09/2011, regulamenta dispositivos da 
Medida Provisória n. 535, de 2 de junho de 2011, que tratam do Programa 
de Apoio à Conservação Ambiental – Programa Bolsa Verde. Essa política 
pretende levar às classes mais baixas uma forma de educação ambiental, pa-
gando valores anuais para as famílias mantenham preservada a loresta da 
área onde moram no Interior do Amazonas em troca do dinheiro recebido.
Outro ponto a esclarecer é sobre a vinculação do Direito Tributário com 
as questões ambientais, que não pode ser vista meramente como meio do 
Estado aumentar sua arrecadação. Ao contrário, nesse momento, o Estado 
em algumas situações terá que renunciar a parte de sua receita tributária 
por meio de incentivos iscais destinados às atividades não poluentes, po-
rém, numa análise a longo prazo, reduzirá despesas futuras decorrentes do 
dano ambiental evitado. Assim já foi discutido no texto abaixo162:
Não se trata aqui de defender uma competência iscal negativa ad in-
finitum, com benefícios abusivos e sem a devida fundamentação, mas 
sim, incentivos iscais pontuais e com prazos determinados, com o 
objetivo de atrair investimentos em atividades e projetos não poluen-
tes que trarão benefícios imediatos para toda humanidade. Ressalta-
se o rigor que deve ser tratado este tema de benefícios para que não 
se corra o risco de criar benefícios iscais decorrentes de mero lobby 
político e pressões econômicas, prática tão usual em diversos sistema 
jurídicos, principalmente o brasileiro. Os benefícios iscais na área 
de produtos e atividades não poluentes se justiicariam na medida da 
comprovação do favorecimento de todos.
incentivos iscais que viabilizem uma educação ambiental com a utilização adequada da 
propriedade urbana pode ser um excelente começo para uma mudança de comportamento 
social.» (CAVALCANTE, Denise Lucena; DANTAS, Eric de Moraes e. Novas perspectivas para 
o imposto sobre a propriedade territorial urbana – da mitigação dos impactos ambientais 
decorrentes dos resíduos sólidos: do panorama local para o nacional. In: WACHOWICZ, MAR-
COS; MATIAS, João Luis Nogueira (Org.). Direto de propriedade e meio ambiente: novos 
desaios para o século XXI. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2010, p. 312).
162. CAVALCANTE, Denise Lucena. Políticas públicas ambientais no setor automobilístico. In: 
SCAFF, Fernando Facury; ATHIAS, Jorge Alex (Coord.). Direito tributário e econômico apli-
cado ao meio ambiente e à mineração. São Paulo: Quartier Latin, 2009, p. 221.
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
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No que se refere à política iscal, a situação ainda é mais agravante, 
uma vez que o Estado quase sempre foca somente na arrecadação imedia-
ta, sem levar em consideração as conseqüências a longo e médio prazos163. 
Então, é fundamental para a proteção do meio ambiente que as po-
líticas iscais intervencionistas, regulatórias e promocionais sejam parte 
da política econômica geral do País, devendo estar coordenadas entre si e 
com as demais políticas estatais, como a monetária, a do comércio exte-
rior, dos preços e salários, entre outras.
A gestão isco-ambiental passa a ser tema relevante posto no âmbito 
contemporâneo, devendo, muito em breve, ser uma característica indis-
pensável a todos os gestores públicos brasileiros, como está devidamen-
te previsto no Projeto de Lei Complementar n. 493/2009164, art. 2o, ao 
prever que em todos os contratos, compras, obras, serviços e aquisições 
governamentais deverá ser considerado o impacto ambiental.
O papel dos governos locais é fundamental nesta transição, tanto nos in-
vestimentos públicos, como na institucionalização de hábitos de consumo e de 
produção mais sustentáveis. Ainal, o governo tem que ser o primeiro a mudar.
No Brasil, seguindo essa diretriz, podemos indicar como bom exem-
plo a Lei n. 12.462, de 5 de agosto de 2011, que ao instituir o Regime Di-ferenciado de Contratações Públicas (RDC), passou a exigir a obrigatorie-
dade de observância ao desenvolvimento nacional sustentável165 aplicável 
163. «Política fiscal o tributaria – para las finanzas modernas, la importancia principal de los tributos 
no sólo debe tenerse en cuenta desde el punto de vista de los ingresos que proporciona al fisco, sino 
también desde el aspecto del intervencionismo. El impuesto, cuya finalidad es obtener fondos para 
cubrir las erogaciones estatales, puede ser, además, un instrumento que permita al Estado tomar 
injerencia en la actividad nacional, orientándola. Desde el punto de vista económico, cabe asignar a 
la política fiscal o tributaria importantes objetivos, como el de favorecer o frenar determinada forma 
de explotación, la fabricación de ciertos bienes, la realización de determinadas negociaciones, o más 
generalmente, también se le atribuyen a esta política las importantes misiones de actuar sobre la 
coyuntura y promover el desarrollo económico.» (VILLEGAS, Héctor B. Curso de inanzas, dere-
cho inanciero y tributario. 5. ed. Buenos Aires: Depalma, 1995, p. 818).
164. Projeto em tramitação na Câmara dos Deputados, com a Comissão de Trabalho, de Adminis-
tração e Serviço Público (CTASP) desde 17/03/2011.
165. Lei n. 12.462/2011: «Art. 3o. As licitações e contratações realizadas em conformidade com 
o RDC deverão observar os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da 
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às licitações e contratos necessários à realização dos Jogos Olímpicos e 
Paraolímpicos de 2016 e da Copa das Confederações da Federação Inter-
nacional de Futebol Associação –FIFA 2013 e da Copa do Mundo– FIFA 
2014166.
Também relevante no panorama brasileiro é a crítica relativa à tributa-
ção indistinta no consumo de energia elétrica, que não identiica a origem 
da energia, ou seja, se é produzida por meio de energias renováveis ou 
não. Essa prática não estimula a substituição dos combustíveis fósseis e, 
consequentemente, não se está trabalhando para a redução das emissões 
dos gases poluentes, conforme previsto nas últimas negociações interna-
cionais. 
No que concerne à questão energética apontada pela ONU, constata-
se que, no Brasil, também há esse problema, uma vez que as contas de 
energia cobradas dos consumidores não diferencia e nem indica no seu 
consumo a proveniência da fonte energética. Ressaltamos, ainda, o fato 
de a principal fonte de energia no Brasil ser a hidráulica, que representa 
74% da oferta interna167, não justiicando o elevado valor pago pelo con-
sumidor inal.
igualdade, da publicidade, da eiciência, da probidade administrativa, da economicidade, 
do desenvolvimento nacional sustentável, da vinculação ao instrumento convocatório e do 
julgamento objetivo». 
166. Sobre esta questão comenta Juarez Freitas: «Força vestir, para tanto, nos certames licita-
tórios, as lentes da sustentabilidade social, ambiental, econômica, com todas as correlações 
éticas e jurídico-políticas. Não se trata de simples faculdade, tampouco de modismo pas-
sageiro, como costuma objetivar o conservadorismo redutor. Trata-se de assumir, vez por 
todas, que, em qualquer processo administrativo, o Estado tem de implementar políticas 
públicas, com o desempenho da função indutora de práticas sustentáveis, ao lado da fun-
ção isonômica de oferecer igualação formal e substancial de oportunidades. Vale dizer; as 
licitações e as contratações públicas, nos próximos tempos, obrigatoriamente terão de 
ser examinadas num horizonte intertemporal dilatado, mais responsável e conseqüente. 
(Licitações e sustentabilidade: ponderação obrigatória dos custos e benefícios sociais, am-
bientais e econômicos. Revista Interesse Público, Belo Horizonte: Fórum, ano 13, n. 70, 
nov. dez., 2011, p. 15). 
167. Fonte: Balanço energético nacional (2011). Ministério de Minas e Energia/Brasil. Disponí-
vel em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2011.pdf>. Acesso em: 12 
jan. 2012.
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
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No Brasil alguns tributos já estão direcionando parte de sua inalidade 
para a proteção ambiental, da mesma forma que importantes benefícios e 
incentivos têm iniciado sua parceria com as políticas públicas ambientais. 
Evidente que os resultados ainda não podem ser dimensionados nesse pri-
meiro momento, mas certamente mudanças relevantes estão previstas para mé-
dio e longo prazos, principalmente no que se refere à criação de estímulos que 
visam a propiciar uma mudança no comportamento do cidadão brasileiro.
Vejamos a seguir alguns exemplos relevantes na legislação brasileira.
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Considerando o elevado índice de poluição decorrente do setor de 
transportes no Brasil, que apesar de sua dimensão continental, pouco 
infraestrutura tem no âmbito do transporte coletivo ferroviário e luvial, 
perceber-se-á que a maioria das medidas atualmente implantadas estão 
voltadas para o veículo particular.
Algumas medidas de incentivos iscais já existem no âmbito da inci-
dência do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), 
que tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor de qual-
quer espécie. Em relação a sua aplicação voltada à proteção ambiental, 
destaca-se, dentre elas, o tratamento diferenciado pelos estados brasileiros 
em relação à tributação de veículos elétricos ou menos poluentes, repre-
sentando esta redução de alíquota um estímulo à diminuição da poluição 
causada pela emissão de gases oriundos dos veículos tradicionais. 
No caso da isenção para veículos elétricos ela está em vigor em sete 
estados brasileiros168 que concedem isenção total do imposto nesses ca-
168. Ceará (Lei n. 12.023 – art. 4, IX – veículos movidos a motor elétrico); Maranhão (Lei n. 
5.594 – art. 9º, XI – veículos movidos a força motiz elétrica); Pernambuco (Lei n. 10.849 
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DENISE LUCENA CAVALCANTE PARTE PRIMERA TRIBUTOS Y PROTECCIÓN AMBIENTAL
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sos. São eles: Ceará, Maranhão, Pernambuco, Piaui, Rio Grande do Nor-
te, Rio Grande do Sul, Sergipe. Outros estados como Rio de Janeiro169 e 
São Paulo170, aplicam uma alíquota reduzida para os veículos movidos a 
– art. 5, XI – veículo movido a motor elétrico); Piauí (Lei n. 4.548 – art. 5, VII – veículo 
movido a motor elétrico); Rio Grande do Norte (Lei n. 6.967 – art. 8, XI – veículos movidos 
a motor elétrico); Rio Grande do Sul (Lei n. 8.115 – art. 4, II – [...] de força motriz elétrica); 
Sergipe (Lei n. 3.287 – art. 4, XI – veículos movidos a motor elétrico).
169. Lei n. 2.877, de 22 de dezembro de 1997 – Rio de Janeiro: Art. 10. A alíquota do imposto 
é de: 
I – [...];II – 4% (quatro por cento) para automóveis de passeio e camionetas, exceto utilitários;
II-A – 3% (três por cento) para automóveis de passeio e camionetas bi-combustíveis, movi-
dos a álcool e/ou gasolina; (Redação acrescentada pela Lei n.º 5.635/2010).
III – 3% (três por cento) para utilitários;
IV – 2% (dois por cento) para ônibus, microônibus, motocicletas e ciclomotores;
V – 1% (um por cento) para caminhões, caminhões-tratores e veículos de transporte de 
passageiros a taxímetro pertencentes a pessoas jurídicas;
VI – 2% (dois por cento) para automóveis movidos a álcool;
VII – 1% (um por cento) para veículos que utilizem gás naturalou energia elétrica;
VIII – 0,5% (meio por cento) para veículos destinados exclusivamente à locação, de pro-
priedade de pessoa jurídica com atividade de locação devidamente comprovada nos termos 
da legislação aplicável, ou na sua posse em virtude de contrato formal de arrendamento 
mercantil ou propriedade iduciária.
IX – 4% (quatro por cento) para demais veículos não alcançados pelos incisos anteriores, in-
clusive os veículos de procedência estrangeira. (Disponível em:<http://www.fazenda.rj.gov.
br>. Acesso em: 25 set. 2012.
170. Lei n. 13.296, de 23 de dezembro de 2008 – São Paulo: Artigo 9º – A alíquota do imposto, 
aplicada sobre a base de cálculo atribuída ao veículo, será de: 
I – 1,5% (um inteiro e cinqüenta centésimos por cento) para veículos de carga, tipo cami-
nhão;
II – 2% (dois por cento) para:
a) ônibus e microônibus;
b) caminhonetes cabine simples;
c) motocicletas, ciclomotores, motonetas, triciclos e quadriciclos;
d) máquinas de terraplenagem, empilhadeiras, guindastes, locomotivas, tratores e similares;
III – 3% (três por cento) para veículos que utilizarem motor especiicado para funcionar, 
exclusivamente, com os seguintes combustíveis: álcool, gás natural veicular ou eletricidade, 
ainda que combinados entre si;
IV – 4% (quatro por cento) para qualquer veículo automotor não incluído nos incisos I a 
III deste artigo. (Disponível em: <http://info.fazenda.sp.gov.br>. Acesso em: 25 set. 2012.
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álcool, gás natural ou energia elétrica, contribuindo para a diminuição da 
poluição.
Quanto aos veículos elétricos a utilização no Brasil ainda é muito re-
duzida, principalmente pelo alto custo dos tributos incidentes quando 
esse tipo de veículo ingressa no país171, mas, mesmo assim é importante 
estímular a sua utilização para induzir uma mudança futura no compor-
tamento da população.
Merece destaque a medida pioneira a ser adotada em 2013 no Estado 
do Rio de Janeiro denominada de IPVA VERDE. Com a criação da Nota 
Verde para os carros novos mais eicientes no controle da emissão de 
gases terão desconto no pagamento do imposto devido (IPVA) de acordo 
com a classiicação dos carros pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente. Os percentuais deverão variar entre 10% e 20% para mais ou 
para menos no valor total do IPVA, dependendo da situação do automóvel. 
Em relação aos incentivos na utilização de gás natural veicular (GNV), 
medidas inovadoras tem se alastrado no país. O Conselho Nacional de 
Política Fazendária (Confaz) publicou no Diário Oicial da União de 04 
de outubro de 2012 a prorrogação de disposições de convênios que conce-
dem benefícios, entre eles a isenção de ICMS sobre parcela de serviço de 
171. «Produção de carro elétrico no país depende do governo. Fabricantes de carros elétricos di-
zem que o caminho para a produção e venda desse tipo de veículo no País depende da ação 
do governo. «Enquanto não houver indicativo de políticas do governo não vamos trazer a 
tecnologia para o Brasil», airma o diretor de relações institucionais e governamentais da Re-
nault Nissan, Antônio Calcagnotto. Durante mesa redonda no 8º Salão Latino-Americano de 
Veículos Elétricos e Componentes, representantes de fabricantes de veículos elétricos pedi-
ram apoio do governo e redução de impostos para o setor. Segundo Calcagnotto, a tecnolo-
gia funciona bem e os carros já estão sendo produzidos em massa. «Não são mais protótipos 
ou testes. Estamos prontos para trazer essa tecnologia se houver incentivo para isso.» Ele 
explica que o governo brasileiro tem de criar políticas públicas para gerar uma rede de infra-
estrutura, envolver mais pessoas e atrair fábricas de veículos elétricos. «Não é a população 
que vai começar a comprar o veículo elétrico. O uso dessa desse tipo de carro começa pelo 
Estado. Ocorre que os incentivos para municípios e Estados entrarem nesse mercado ainda 
são muito pequenos», airma. «Não há como convencer taxistas e a população a pagar R$ 
200 mil por um carro elétrico.» Segundo Calcagnotto, o mesmo carro nos Estados Unidos 
custa em torno de US$ 21 mil(cerca de R$ 42 mil). «O elevado custo no Brasil é provocado 
pelos impostos», critica. (Fontes: Terra | Valor Econômico, 13/08/2012. (Disponível em: 
<http://www.abve.org.br/destaques/2012/destaque12025.asp>. Acesso em: 02 out. 2012.
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transporte do gás natural. No Estado de Pernambuco haverá isenção de 
ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias sobre prestações de ser-
viços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação) para 
os taxistas utilizarem gás natural e, ainda, a produção de novos veículos 
movidos a gás.
No âmbito federal destaca o recente Decreto n. 7.819/2012 que regula-
menta o novo regime automotivo brasileiro, conhecido como INOVAR AUTO, 
que será válido entre 2013 e 2017. O benefício da redução do Imposto sobre 
a Propriedade Industrial (IPI) é um incentivo para que as empresas invistam 
em processos de fabricação e uso de componentes mais eicientes, para redu-
zir o consumo de combustíveis e incentivando a propriedade de carros com 
preços menores, mais eicientes e com menos emissão de carbono.
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O setor imobiliário também vem alterando seu comportamento na 
área ambiental, sendo cada vez mais divulgada a função socio-ambiental 
da propriedade no país.
O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é o tributo que mais se 
visualiza no Brasil as matérias de tributação ambiental. No caso do IPTU 
os resultados dos incentivos ecológicos já são visíveis em muitos municí-
pios brasileiros.
O chamado IPTU Verde trata de benefícios iscais concedidos à popu-
lação, mediante a adoção dos princípios da sustentabilidade nas ediica-
ções. Muitas são as possibilidades de redução do impostos para aqueles 
contribuintes que adotem medidas «verdes» na utilização de sua proprie-
dade urbana. Exemplos são muitos, como os destacados a seguir. 
Na cidade de Guarulhos (São Paulo), a Lei nº 6.793/2010 concedeu 
até 20% de desconto do imposto para imóveis que utilizam energia solar 
ou eólica; que têm telhados feitos de materiais menos agressivos ao meio 
ambiente; que reciclam seu lixo, entre outros. A medida está prevista.
O Município de Guarulhos (Lei 6.793/2011), elenca um rol de ati-
vidades que propiciam a redução de alíquotas, tais como: arborização 
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
101POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
– imóveis com uma ou mais árvores terão desconto de até 2% no valor 
anual do IPTU; sistema de captação de água de chuva – 3% de desconto; 
sistema de aquecimento hidráulico solar – 3% de desconto e sistema de 
aquecimento elétrico solar 3% de desconto; construções com materiais 
sustentáveis – 3% de desconto; utilização de energia eólica – 5% de 
desconto etc. 
A cidade de Porto Alegre, também através da Lei Complementar n. 
482/2002 prevê a isenção de IPTU para área urbana considerada de inte-
resse ecológico. 
Da mesma forma, na cidade de Natal (Lei n. 301/2009) prevê isenção 
de até 50% para propriedades que possuam vegetação arbórea de preser-
vação permantente e integração do meio ambiente artiicial e natural. 
Também o município de Bocaína/SP através da Lei n. 2.209/2008 
concede descontos do IPTU para as propriedades que possuam lixeiras 
suspensas e árvores plantadas.
Recentemente o Rio de Janeiro através do Decreto n. 35.745,de 
06/06/2012, criou o SELO QUALIVERDE, que é uma certiicação con-
cedida pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro com o objetivo de 
incentivar empreendimentos que contemplem ações e práticas sustentá-
veis destinadas a redução dos impactos ambientais. Como consequencia 
dessas medidas há previsão de projetos de lei que concedam benefícios 
iscais para a construção de prédios verdes, com descontos de impos-
tos sobre a propriedade urbana e sobre a transmissão de bens imóveis 
(IPTU e ITBI), além de redução de impostos sobre serviços (ISS) durante 
as obras. 
Em matéria de construção sustentável o Brasil também vem aumen-
tando o percentual de edifícios com certiicação ambiental. Recentemen-
te, em setembro de 2012, o Projeto do Escritório Verde da Universida-
de Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), recebeu reconhecimento da 
ONU (Organização das Nações Unidas) por contribuição na promoção de 
participação comunitária em práticas para a sustentabildade172. 
172. Disponível em: < ecotelhado.blog.br/?tag=cobertura-verde>. Acesso em: 2 out. 2012.
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102 POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
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O denominado ICMS-ecológico173, apesar da denominação, não se 
trata de um tributo, mas, sim, de uma técnica de repasse de receitas dos 
Estados para os Municípios. É um instrumento de incentivo às gestões 
municipais que possibitam a conservação ambiental.
 A legislação brasileira deiniu critérios baseados nas metas ambientais 
para deinir o volume de repasse obrigatório do ICMS pertencente a cada 
município, nos termos previstos na Constituição Federal, art. 158, inciso 
IV e parágrafo único, inciso II.174 
Essa medida é relevância no país para fomentar a gestão ambiental no 
âmbito municipal e tem beneiciado vários municípios brasileiros.
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Nos últimos anos tem aumentado signiicativamente os números de 
projetos de lei que versam sobre incentivos iscais em prol do meio am-
biente175. Apesar de não estarem sistematizados adequadamente, não se 
173. Sobre o tema ver: http://www.icmsecologico.org.br. 
174. Constituição Federal: «Art. 158. Pertencem aos Municípios: 
I – [...]
IV – vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre ope-
rações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte 
interestadual e intermunicipal e de comunicação.
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso 
IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios:
I – três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à 
circulação de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios;
II – até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, 
lei federal.»
175. No estudo realizado em 2009 destacamos projetos relevantes em matéria de tributação am-
biental, porém, até esse ano de 2012, muitos ainda estão presos à lentidão do processo le-
gislativo brasileiro.Ver: CAVALCANTE, Denise Lucena et al. Projetos em trâmite no congresso 
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
103POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
pode deixar de reconhecer que esses projetos sinalizam uma mudança de 
postura na gestão pública.
Entre as medidas que ainda estão no papel, destacamos os exemplos 
abaixo elencados:
t� �1SPKFUP�EF�&NFOEB�$POTUJUVDJPOBM�	1&$
�O��������176: prevê a al-
teração do artigo 150, da Constituição Federal para «instituir imuni-
dade de impostos incidentes sobre produtos elaborados com material 
reciclado ou reaproveitado».
t� �1SPKFUP�EF�&NFOEB�$POTUJUVDJPOBM�	1&$
�O����������177 (foi apensa-
da à PEC 31/2007): dispõe sobre a alteração do art. 153, § 3º, inciso V, 
da Constituição Federal, sugerindo a seguinte redação: «V – [o Imposto 
sobre Produtos Industrializados – IPI] sofrerá uma redução na base de 
cálculo em índice igual à porcentagem de material reciclado utilizado.»
t� �1SPKFUP�EF�-FJ�O����
�EF�����178: dispõe sobre a organização e regu-
lação do mercado de Carbono na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro 
através da geração de Redução Certiicada de Emissão – RCE em pro-
jetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL.
t� �1SPKFUP�EF�-FJ�O���������179: concede incentivos para construção de 
ediicações urbanas que na fase de planejamento, execução das obras 
nacional acerca do direito tributário ambiental. In: MAIA, Alexandre Aguiar (Coord.). Tribu-
tação ambiental. Fortaleza: Tiprogresso, 2009, p. 405-449.
176. O projeto está na COORDENAÇÃO LEGISLATIVA DO SENADO, desde13/09/2012. Dispo-
nível em: <http://www.senado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=104116>. 
Acesso em: 2 nov. 2012.
177. A PEC n. 31/2007 teve varios outros projetos apensados reunindo num só texto diversas ma-
térias referentes à Reforma Tributária. O projeto está no Plenário da Câmara dos Deputados 
desde 14/03/2012. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ichadetra
mitacao?idProposicao=347421>. Acesso em: 2 nov. 2012.
178. O projeto está aguardando Parecer na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) desde 
02/05/2011. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ichadetramitacao
?idProposicao=345329>. Acesso em: 2 nov. 2012.
179. O projeto está pronto para pauta no Plenário da Câmara dos Deputados desde 03/08/2010. 
Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ichadetramitacao?idProposic
ao=340014>. Acesso em: 2 nov. 2012.
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DENISE LUCENA CAVALCANTE PARTE PRIMERA TRIBUTOS Y PROTECCIÓN AMBIENTAL
104 POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
e uso das ediicações utilizem práticas ecologicamente sustentáveis, 
reduzindo o impacto ambiental (CONSTRUÇÃO ECOLÓGICA).
t� �1SPKFUP�EF�-FJ�O������������180 (teve apensados a este os Projetos de 
Lei n. 7.224/2010; n 1.428/2011; n. 3.873/2012): dispõe sobre incenti-
vos iscais para projetos ambientais .
t� �1SPKFUP�EF�-FJ�O����������181 	5FN�BQFOTP�P�QSPKFUP�O����������
: 
dispõe sobre a organização e regulação do mercado de Carbono na 
Bolsa de Valores do Rio de Janeiro através da geração de Redução Cer-
tiicada de Emissão – RCE em projetos de Mecanismo de Desenvolvi-
mento Limpo – MDL.
t� �1SPKFUP�EF�-FJ�$PNQMFNFOUBS�O���������182: propõe uma Reformu-
lação Tributária Ecológica, a im de regulamentar o artigo 146-A, da 
Constituição Federal, instituir os princípios da essencialidade e do 
diferencial tributário pela sustentabilidade ambiental e oneração das 
emissões de gases de efeito estufa, e criar a taxação sobre o carbono 
(«carbon tax»), na forma de Contribuição de Intervenção no Domí-
nio Econômico, para a sustentabilidade ambiental e a mitigação do 
aquecimento global.
Esses e muitos outros projetos que tramitam no Congresso Nacio-
nal sinalizam que o Brasil também está buscando ajustar-se as novas 
diretrizes mundiais voltadas para a economia verde. Espera-se, con-
tudo, que importantes diretrizes não sejam retardadas pelos trâmites 
políticos e burocráticos em detrimento à urgência que a questão am-
biental requer.
180. O projeto está na COORDENAÇÃO DE COMISSÕES PERMANENTES (CCP) desde 
05/06/2012. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ichadetramitacao
?idProposicao=301799>. Acesso em: 2 nov. 2012.
181. O projeto está aguardando Parecer na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) desde 
02/05/2011. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ichadetramitacao?idProposicao=345329&ord=1>. Acesso em: 2 nov. 2012.
182. Aguardando parecer da Comissão de Finanças e Tributação (Câmara dos Deputados) desde 
24/05/2012. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ichadetramitacao
?idProposicao=354998>. Acesso: 2 nov. 2012.
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
105POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
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O Direito Tributário pode ser um importante aliado à causa ambien-
tal. A possibilidade de adaptação do sistema tributário para esse im, tan-
to por meio da arrecadação dos tributos, como por intermédio de medidas 
indutoras de comportamentos ambientalmente sustentáveis, podem pro-
duzir resultados muito positivos na gestão estatal.
Insistimos na tese de que não é necessário criar novos tributos, mas 
sim, adequar o sistema para o im ambiental. Concordamos, pois, com a 
airmação de Tulio Rosembuj183 no sentido de que os tributos ambientais 
não comportam, em regra, nenhuma atipicidade e seus elementos essen-
ciais não são diferentes dos que já conhecidos. A sua particularidade é a 
deinição de seus objetivos no sentido de fomentar a busca pelo equilíbrio 
ecológico, como por exemplo, por meio do incentivo à utilização de ener-
gia limpa, preservação e conservação dos recursos naturais, como água, 
ar, solo e desestímulos à utilização e produção de produtos danosos ao 
meio ambiente etc.Desta forma, não há que se criar uma conceituação es-
pecíica de tributo ambiental184, considerando que já há um deinição do 
gênero no art. 3º, do Código Tributário Nacional Brasileiro. Não se trata 
183. «Aquellas figuras tributarias de naturaleza ambiental deben acompañar al conjunto del sistema 
tributario y, para ello, despojarse de cualquier remota que delate su pretendida atipicidad. En 
primer lugar, el tributo ambiental no puede definirse por su finalidad que, como dije, es similar a 
la de los demás, si bien acompañada por un fundamento político, social y económico que lo justifica 
jurídicamente. La finalidad extrafiscal es provisoria, simplemente una cuestión de tiempo, hasta que 
se institucionalice la consolidación de la (prevención) necesidad propuesta por el deterioro del bien 
ambiental, en forma permanente y sistemática: el welfare ecológico es una pieza clave en la socie-
dad del bienestar, tanto que de ello depende la supervivencia del propio ser humano o su entorno, 
donde el proceso de prevención persigue impedir la «no reproducción» del ambiente.» (ROSEMBUJ, 
Tulio. El impuesto ambiental. Barcelona: El Fisco, 2009, p. 76).
184. Em sentido contrário, há quem deina características próprias para o tributo ambiental. 
Neste sentido ver: PIMENTA, Carlos Rocha Ramos e; LOPES, Cidália M. Mota. Os limites da 
tributação ambiental. Um estudo empírico do crédito iscal à defesa e protecção ambiental 
em Portugal. Fiscalidade: Revista de Direito e Gestão Fiscal, n. 25, jan./mar., 2006, p. 72. 
OLIVEIRA, Maria Odette Batista de. Os impostos ambientais: alguns aspectos da sua temática. 
Fiscalidade: Revista de Direito e Gestão Fiscal, n. 19/20, jul./set. e out./dez., 2004, p. 94. 
NABAIS, José Casalta. Por um estado iscal suportável: estudos de direito iscal. V. III, Coim-
bra: Almedina, 2005, p. 191-192.
URQUIZU.indb 105 10/04/13 10:49
DENISE LUCENA CAVALCANTE PARTE PRIMERA TRIBUTOS Y PROTECCIÓN AMBIENTAL
106 POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
de uma espécie nova, mas sim de uma nova motivação. Os tributos com 
ins ambientais, em regra, também não terão exceção à aplicabilidade dos 
princípios constitucionais tributários185. 
O que deve ser considerado é a motivação do tributo com fulcro no 
art. 225, da Constituição da República Federativa do Brasil186, como mui-
to bem explica Heleno Taveira Torres187, airmando que no tributo am-
biental deve estar presente o motivo constitucional, que é a preservação 
do meio ambiente, não se vinculando meramente à inalidade no sentido 
de determinar o destino da receita.
De igual modo, não há que se restringir o tributo com ins ambientais 
a uma só espécie de tributo. A questão da proteção ambiental pode ser 
fomentada por meio de qualquer espécie tributária, bem como por preços 
públicos e demais instrumentos da política iscal, como demonstrada a 
experiência recente de países diversos.
Isso porque não se pode desprezar a importante função de proteção 
ambiental de vários impostos em curso, que não têm na sua hipótese de 
185. Eric de Moraes e Dantas explica: «Evidencia-se que o que se intenta realizar não é a des-
qualiicação dos tributos com natureza ambiental, negando-lhe a natureza tributária; pelo 
contrário, o que se pretende realizar é, sob uma ótica de valorização dos ditames constitucio-
nais relacionado a priori, uma justiicação constitucional desses tributos de modo a que não 
percam a sua natureza tributária, buscando harmonizar possíveis tensões entre liberdades, 
propriedade e meio ambiente por uma releitura da capacidade contributiva aplicada ao fe-
nômeno da inalidade extra(iscal) dos tributos. O problema, portanto, não reside em retirar 
a natureza tributária dos impostos extraiscais, mas em tornar explícito que mesmo os tri-
butos extraiscais possuem natureza tributária. Desta natureza tributária decorre o dever de 
obediência aos limites impostos à tributação, de modo que uma maior margem de atuação 
dos Poderes estatais não autoriza, ainda que para promover direitos fundamentais, relativi-
zações apriorísticas excessivas d‘outros direitos, igualmente fundamentais, do contribuinte». 
(DANTAS, Eric de Moraes e. Impostos extraiscais ambientais e as exigências de respeito à 
capacidade contributiva em busca da harmonização de direitos fundamentais. In: MATIAS, 
João Luis Nogueira; MELO, Alisson José; PEREIRA, Ana Carolina Barbosa (Org). Direitos fun-
damentais, fundamentação e eicácia. Florianópolis: FUNJAB, 2011, p. 339-340).
186. «Art. 225. Todos têm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso 
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à 
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.»
187. TORRES, Heleno Taveira. Desenvolvimento, meio ambiente e extraiscalidade no Brasil. In: 
PIRES, Manuel. Extraiscalidade. Lisboa: Universidade Lusíada, 2011, p. 89.
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AVANÇOS DA TRIBUTAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
107POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
incidência a previsão de fatos que repercutem no meio ambiente, entre-
tanto, têm no critério quantitativo uma variação de alíquota que intervirá 
diretamente na proteção ambiental188, como a alíquota reduzida para os 
veículos elétricos brasileiros, no caso do Imposto sobre a Propriedade de 
Veículos Automotores (IPVA). Não há como negar a relevância deste im-
posto para o fomento à diminuição da poluição. 
Nosso entendimento em relação ao direito brasileiro é no sentido de 
que todas as espécies tributárias podem e devem incluir em sua moti-
vação o critério ambiental, passando esse princípio geral da atividade 
econômica, previsto no art. 170, inciso VI, da Constituição da República 
Federativa do Brasil189, a integrar o rol dos princípios fundamentais do 
Direito Tributário. 
Dessa forma, o que se espera é uma remodelação ecológica190 do siste-
ma tributário nacional, que deve considerar o meio ambiente como uma 
diretriz necessária, inclusive, redirecionando ecologicamente os tributos 
que não tinham na sua origem tal preocupação.
188. Neste sentido, airma: «Com criatividade, é possível adaptar e graduar os tributos conhe-
cidos à inalidade preservacionista, em que o poluidor é levado a nãopoluir ou a reduzir 
a poluição para não ser tributado ou ter a sua carga tributária reduzida e o não-poluidor é 
isentado. (OLIVEIRA, José MARCOS Domingues de. Direito tributário e meio ambiente. 3. ed., 
Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 68).
189. «Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por im assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça 
social, observados os princípios: I – [...]; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante 
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação.»
190. Tipke e Lang utilizam essa expressão com propriedade: «Em princípio há duas vias, a re-
modelação ecológica de impostos existentes e a complementação do sistema tributário por 
novos impostos. Conforme a regra tributária de Canard ‘velhos tributos são bons tributos’ 
devem em primeiro lugar os tributos existentes ser adaptados em concordância com o prin-
cípio da capacidade contributiva. Assim não deve o consumo atual ser por mais tempo 
preferido e impostos, que com o princípio da capacidade contributiva não são justiicáveis, 
podem como os impostos prediais ser ecologicamente redestinados. Novos impostos que 
devem estabelecer um preço ecologicamente justo, necessitam acima de tuda da harmoni-
zação internacional. Esforços nacionais isolados deformam a concorrência internacional tão 
gravosamente, que considerando o mercado de trabalho o princípio da carga ecológica não 
pode persistir.» (TIPKE, Klaus; LANG, Joachim. Direito tributário. Tradução de Luiz Dória 
Furquim. Título original: Steuerrecht. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2008, p. 446).
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DENISE LUCENA CAVALCANTE PARTE PRIMERA TRIBUTOS Y PROTECCIÓN AMBIENTAL
108 POLÍTICAS DE PROTECCIÓN AMBIENTAL EN EL SIGLO XXI: MEDIDAS TRIBUTARIAS, CONTAMINACIÓN AMBIENTAL Y EMPRESA
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