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Aula 03 Noções de Direito Processual Penal p/ PRF - Policial - 2016 (com videoaulas) Professor: Renan Araujo !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 1 () 23 AULA 03: JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA SUMÁRIO 1. JURISDIÇÃO ................................................................................................ 3 1.1. Conceito ................................................................................................... 3 1.2. Características da Jurisdição .................................................................... 3 1.2.1. Inércia .................................................................................................... 3 1.2.2. Caráter substitutivo .................................................................................. 5 1.2.3. Definitividade ........................................................................................... 5 1.3. Princípios da Jurisdição ............................................................................ 5 1.3.1. Investidura .............................................................................................. 5 1.3.2. Indelegabilidade ....................................................................................... 6 1.3.3. Inevitabilidade da jurisdição ....................................................................... 6 1.3.4. Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) ...................................... 6 1.3.5. Princípio do Juiz natural ............................................................................ 7 1.3.6. Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) ........................................ 7 1.4. Espécies de Jurisdição .............................................................................. 7 2. DA COMPETÊNCIA ....................................................................................... 8 2.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de Jurisdição ou competência de Justiça. ............................................................... 9 2.2. Competência em razão da pessoa (ratione personae) ............................ 12 2.3. Competência Territorial (ratione loci) .................................................... 14 2.3.1. Em razão do local da infração ................................................................... 14 2.3.2. Em razão do domicílio do réu ................................................................... 17 2.4. Da Conexão e da Continência ................................................................. 17 2.5. Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela conexão ou continência ................................................................................... 20 2.6. Separação de processos em hipóteses de conexão e continência ........... 21 2.7. Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais ............................................................. 24 2.7.1. Da competência criminal do STF ............................................................... 24 2.7.2. Competência Criminal do STJ ................................................................... 29 2.7.3. Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e Juizados Especiais Federais) ........................................................................................................... 31 2.7.4. Pontos polêmicos ................................................................................... 35 2.8. Tópicos jurisprudenciais relevantes ....................................................... 36 3. EXERCÍCIOS DA AULA ............................................................................... 39 !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 3 () 23 4. QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................... 47 5. GABARITO ................................................................................................. 72 Olá, meus amigos! Hoje vamos estudar um tema MUITO relevante, que costuma ser muito cobrado em provas de concursos públicos, que é a competência. Antes, daremos uma passada pela Jurisdição, pois é fundamental para a perfeita compreensão da competência no processo penal. Bons estudos! Prof. Renan Araujo !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4 () 23 1. JURISDIÇÃO 1.1. Conceito O Estado, enquanto poder soberano, exerce três grandes funções: Administrativa, legislativa e jurisdicional. A primeira é exercida pelo Executivo, a segunda pelo Legislativo e a terceira pelo Judiciário. Nas aulas de Direito Constitucional vocês verão que, na verdade, cada um dos Poderes da República exerce primordialmente uma função, e não exclusivamente. Entretanto, para o nosso estudo, basta que vocês saibam isso. Dentre estas funções, como eu disse acima, ao Judiciário cabe a função jurisdicional. Mas em que consiste a função jurisdicional? Para entendermos, vamos à etimologia da palavra. Jurisdição deriva do latim, iuris dictio, que significa DIZER O DIREITO. Partindo desta premissa, podemos conceituar a Jurisdição como: A atuação do Estado consistente na aplicação do Direito vigente a um caso concreto, resolvendo-o de maneira definitiva, cujo objetivo é sanar uma crise jurídica e trazer a paz social. A finalidade da jurisdição, ou seu escopo, é trazer a paz social. Entretanto, essa é sua finalidade social. Ela possui, ainda, pelo menos duas outras finalidades. A jurisdição possui um escopo jurídico, que é resolver o imbróglio jurídico que perdura, dizer quem tem o direito no caso concreto, segundo o sistema jurídico vigente. O fortalecimento do senso de democracia participativa também se insere nesse escopo da jurisdição, quando falamos, por exemplo, da Ação Popular (que também possui previsão para o a seara penal). Possui também, uma finalidade política, que é a de fortalecer a imagem do Estado como entidade soberana, que tem o poder de dizer quem está certo e fazer valer essa decisão. Por fim, a jurisdição possui um escopo educacional ou pedagógico, que, no processo penal, tem por finalidade transmitir à população a aplicação prática do Direito, fazendo com que a população se torne cada vez mais consciente daquelas condutas que são penalmente tuteladas (parte da Doutrina entende como sendo integrante do escopo social). 1.2. Características da Jurisdição 1.2.1. Inércia !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 5 () 23 O Princípio da inércia da jurisdição significa que o Estado-Juiz só se movimenta, só presta a tutela jurisdicional se for provocado, se a parte que alega ter o direito lesado ou ameaçado acioná-lo, requerendo que exerça seu Poder jurisdicional. Entretanto, existem exceções. Vocês não precisam saber todas. O que vocês precisam saber é que há exceções, e isso basta. Uma delas é a possibilidade que o Juiz tem de, ex officio (sem provocação), conceder a ordem de Habeas Corpus, sempre que a pessoa estiver presa mediante abuso de poder ou ilegalidade. Nos termos do art. 654,§ 2° do CPP: § 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal. A jurisdição é inerte por alguns motivos, dentre eles: Um conflito jurídico pode não ser um conflito social, e não cabe ao Juiz criar um; Um Juiz que dá início a um processo, mal ou bem, está a indicar para qual lado tende a julgar, e isso violaria o princípio da imparcialidade de Juiz. Assim, não pode um Juiz dar início a um processo (salvo as raríssimas exceções legais), sob pena de violação a este princípio da Jurisdição.1 Depois de ajuizada a ação, e consequentemente, provocado o Judiciário, a inércia da jurisdição tem fim, e o processo é conduzido por impulso oficial (sem que haja necessidade de provocação das partes). Entretanto, embora não haja necessidade de provocação das partes para que o processo tramite, em algumas situações, o desenvolvimento dependerá da colaboração das partes. Tanto é que a inércia do querelante, nas ações penais privadas, por determinado lapso temporal, gera o fenômeno da perempção, já estudado. Fato é que, embora a parte deva, em alguns casos, colaborar para o trâmite do processo, após a movimentação do Estado-Juiz, a parte SEMPRE TERÁ UMA SENTENÇA. Entretanto, a simples provocação do 1 Um Juiz não pode dar início a um processo sem que haja provocação, nem julgar um pedido que não foi feito, porque isso seria uma burla ao princípio da inércia. Suponhamos que Pedro tenha sido denunciado pela prática de um crime de homicídio. Não pode o Juiz, valendo-se da denúncia oferecida, condená-lo, ainda, por um roubo cometido em outro momento, e que não fora objeto da denúncia, SIMPLESMENTE PORQUE ISSO NÃO FOI OBJETO DA AÇÃO. Isso é o que se chama de princípio da adstrição, ou congruência, que é um dos corolários da inércia da jurisdição. !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 6 () 23 Estado-Juiz não garante ao autor uma SENTENÇA DE MÉRITO (Mais à frente estudaremos as diferenças entre ambas). 1.2.2. Caráter substitutivo Diz-se que a jurisdição possui caráter substitutivo porque a vontade do Estado (vontade da lei) substitui a vontade das partes. Entretanto, nem sempre isso ocorre, visto que, como já dissemos, existem ações em que a vontade do Estado ao prestar a tutela jurisdicional não substituirá a das partes, por coincidirem. Ex: Imaginem que o MP denuncia A, por homicídio em face de B. A, no entanto, concorda com a punição e a reconhece como merecida e justa, não se importando em ser preso, pois matara o assassino de seu irmão. 1.2.3. Definitividade Como o próprio nome indica, meus caros alunos, a jurisdição é dotada de definitividade, ou seja, em um dado momento, a decisão prestada pelo Estado-Juiz será definitiva, imodificável. Claro que essa definitividade só ocorrerá se a demanda for apreciada no mérito. Se estivermos diante de uma sentença meramente terminativa (que não aprecia o mérito da demanda), esta não fará coisa julgada material, logo, a tutela jurisdicional prestada não será definitiva. POR ISSO SE DIZ QUE AS SENTENÇAS DE MÉRITO SÃO DEFINITIVAS. Entretanto, alguns doutrinadores entendem que no caso de não haver sentença de mérito, NÃO HÁ JURISDIÇÃO! CUIDADO! Nos processos em que há sentença condenatória, esta nunca faz coisa julgada material, pois, a qualquer tempo, pode ser promovida a revisão criminal, desde que preenchidos alguns requisitos, nos termos do art. 621 e 622 do CPP. 1.3. Princípios da Jurisdição 1.3.1. Investidura Para se exercer a Jurisdição, deve-se estar investido do Poder jurisdicional. Como esse Poder pertence ao Estado, ele é quem delega esse Poder aos seus agentes. Essa delegação do Poder jurisdicional se dá através da posse no cargo de magistrado, que, no Brasil, pode ser por concurso público (art. 93, I da CF/88), ou pelo quinto constitucional (art. 94 da CF/88). !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 7 () 23 1.3.2. Indelegabilidade Aqueles que foram investidos do Poder jurisdicional não podem delegá-lo a terceiros. Possui duas vertentes: Externa e Interna. Na sua vertente externa, significa que não pode o Poder Judiciário (a quem a CF/88 conferiu a função jurisdicional) delegá-la a outros órgãos ou a outro Poder. Na vertente interna, significa que, após fixadas as regras de competência para julgamento de um processo, não pode um órgão do Judiciário delegar sua função para outro órgão jurisdicional. 1.3.3. Inevitabilidade da jurisdição Esse princípio é aplicado em dois momentos distintos. Um é a vinculação obrigatória ao processo, e o outro é a vinculação obrigatória aos efeitos da jurisdição (ou estado de sujeição). No primeiro caso, obrigatória ou não a utilização do Poder Judiciário (a depender do tipo de ação penal), iniciado o processo, as partes estão vinculadas à relação processual. No caso do réu, em momento algum ele teve opção. No segundo caso, após obrigatoriamente vinculados a participar do processo, estes sujeitos estão obrigados a suportar a decisão (tutela jurisdicional), gostem ou não. Esse estado de sujeição torna os efeitos da jurisdição inevitável para as partes envolvidas. 1.3.4. Inafastabilidade da jurisdição (ou indeclinabilidade) Estabelece a constituição, em seu art. 5°, inciso xxxv, que: Art. 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Esse princípio também possui duas vertentes. A primeira refere-se à possibilidade que todo cidadão tem, de levar à apreciação do Poder Judiciário uma demanda (nos casos de a demanda ser uma ação penal, somente os legitimados podem oferecê-la), e de ter a prestação de uma tutela jurisdicional (Isso não garante uma sentença de mérito, lembre-se!). A segunda vertente é a de que o processo deve garantir o acesso do cidadão à ordem jurídica justa, na visão de que o Estado só cumpre efetivamente seu papel quando efetivamente tutele o interesse da parte. Assim, se o Judiciário demora 15 anos para julgar um processo criminal, não está oferecendo à sociedade uma ordem jurídica justa. Quando nos referimos ao acesso à ordem jurídica justa, especificamente no processo penal, estamos falando em acesso à tutela jurisdicional adequada, que se materializa através: !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 2 () 23 ! Do acesso ao processo – Minimizando-se os obstáculos à propositura da demanda (principalmente quando estivermos tratando de ação penal privada). ! Defesa Satisfatória dos hipossuficientes no processo – Notadamente com a ampliação e fortalecimento da Defensoria Pública. ! Eficácia da tutela – Com o desenvolvimento das medidas cautelares assecuratórias, a razoável duração do processo e fortalecimento dos poderes do magistrado para fazer valer a decisão. 1.3.5. Princípio do Juiz natural Esse princípio visa a evitar que a parte escolha o magistrado que irá julgar a sua causa ou, sob a ótica inversa, que o Estado determine quem será o Juiz de uma causa após a propositura desta, conforme já vimos na aula 00. 1.3.6. Territorialidade (Aderência ou improrrogabilidade) Significa que a Jurisdição possui um limite territorial. Esse limite é o território brasileiro,as fronteiras onde o país exerce seu poder soberano. Isso implica dizer que TODO JUIZ TEM JURISDIÇÃO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL. Entretanto, por questão de organização funcional, a competência de cada (forma pela qual exercerá seu poder jurisdicional) é delimitada de várias formas. Falaremos mais no tópico sobre COMPETÊNCIA. Assim, se uma questão afirmar que quando um Juiz de São Paulo solicita a outro, do Rio de Janeiro, a prática de um ato processual (carta precatória) porque não tem jurisdição no Rio de Janeiro, está ERRADA! O Juiz de São Paulo tem jurisdição em todo o território nacional, o que ele não tem é competência fora de sua base territorial. 1.4. Espécies de Jurisdição A doutrina enumera várias espécies de “jurisdições”, baseada nos mais diversos critérios. Entretanto, apenas duas nos serão úteis: ! Jurisdição superior e inferior – A inferior é exercida pelo órgão que atua no processo desde o início. Já a superior é exercida em grau recursal. Frise-se que os Tribunais podem atuar TANTO COMO JURISDIÇÃO INFERIOR COMO SUPERIOR, a depender da demanda, pois existem demandas cuja competência originária para processo e julgamento é dos Tribunais, como no caso de pessoas com prerrogativa de foro. !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 8 () 23 ! Jurisdição comum e especial – A jurisdição especial, no processo penal, é formada pelas 02 “Justiças especiais” estabelecidas na Constituição, em razão da matéria: Justiça Eleitoral (art. 118 a 121 da CF/88) e Militar (122 a 125). Já a jurisdição comum é exercida residualmente. Tudo que não for jurisdição especial será jurisdição comum, que se divide em estadual e federal. OBS: A Justiça do trabalho não possui competência criminal. 2. DA COMPETÊNCIA Conforme estudamos, a Jurisdição é o Poder conferido ao Estado, para através dos órgãos Jurisdicionais, dizer, no caso concreto, quem tem o Direito. A Competência, por sua vez, é a medida da Jurisdição, ou, para outros, o limite da Jurisdição. Trocando em miúdos, a Competência é o conjunto de regras que estabelecem os limites em que cada Juiz pode exercer, de maneira válida, o seu Poder Jurisdicional.2 A Competência pode ser de três ordens: • Competência em razão da matéria (ratione materiae) – É aquela definida com base no fato a ser julgado. • Competência em razão da pessoa (ratione personae) – É definida tendo por base determinadas condições relativas às pessoas que se encontram no polo passivo do processo criminal (os acusados). • Competência territorial (ratione loci) – Considera o local onde ocorreu a infração (ou outros critérios territoriais) para que seja definida a competência. O CPP, no entanto, em seu art. 69, traz sete critérios para a fixação da competência: Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: I - o lugar da infração: II - o domicílio ou residência do réu; III - a natureza da infração; IV - a distribuição; V - a conexão ou continência; VI - a prevenção; VII - a prerrogativa de função. ∗ NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. 12.º edição. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 205 !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 9 () 23 Porém, doutrinariamente, entende-se que somente os itens I, II, III, e VII são verdadeiros critérios de fixação de competência criminal. Os demais itens são critérios utilizados para consolidação da competência após a ocorrência do fato a ser julgado, em razão da existência de mais de um órgão jurisdicional previamente competente para julgar o caso. Estes critérios de consolidação da competência também são chamados de critérios de modificação da competência. Vamos estudar, desta forma, cada uma das espécies de competência. 2.1. Competência em razão da matéria (ratione materiae) ou competência de Jurisdição ou competência de Justiça. Embora os termos “competência de jurisdição” e “competência de Justiça” não me agradem, eles são usados por alguns doutrinadores, portanto, vocês devem conhecer estes termos. Esta espécie de competência é a primeira que deve ser analisada para que possamos, no caso concreto, definir qual o órgão Jurisdicional é competente para julgar o processo. Esta espécie leva em consideração a natureza do fato criminoso para definir qual a “Justiça” competente (Justiça Eleitoral, Comum, Militar, etc.). Assim, a competência em razão da matéria se divide da seguinte forma: Assim, existem basicamente duas ordens de competência criminal em razão da matéria: Comum e especial. A Justiça comum se divide em Federal e Estadual. Já a Justiça Especial se divide em Eleitoral e Militar. Desta maneira, o primeiro passo na fixação da competência é definir à qual “Justiça” cabe julgar o fato. COMPETÊNCIA CRIMINAL EM RAZÃO DA MATÉRIA JUSTIÇA COMUM JUSTIÇA ESPECIAL ELEITORAL MILITAR FEDERAL ESTADUAL !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 1: () 23 A Justiça Especial (Eleitoral e Militar) julga somente os crimes que sejam eleitorais e militares. Todos os outros crimes são de competência da Justiça Comum. Dizemos, assim, que a Justiça comum possui competência residual. Mas como saber quando um crime será julgado pela Justiça Comum Federal e quando será julgado pela Justiça Comum Estadual? Nesses casos, somente será competente a Justiça Comum Federal se estivermos diante de uma das hipóteses previstas no art. 109 da Constituição: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, apósa homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. § 1º - As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra parte. § 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. § 3º - Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 11 () 23 previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual. § 4º - Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. § 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador- Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) Todas as causas que não se enquadrem na competência da Justiça Comum Federal, serão de competência da Justiça Comum Estadual. Assim, a Justiça comum estadual possui competência duplamente residual: 1) primeiro, é residual porque a Justiça Comum é residual em relação à Justiça Especial; 2) é residual em relação à Justiça Comum Federal. Analisando mais especificamente o CPP, verificamos que ele “passa batido” pela definição da competência em razão da matéria (que ele chama de “natureza da infração”), limitando-se a dizer que esta será definida conforme as Leis de Organização Judiciária. Por “Leis de Organização Judiciária” entenda-se, atualmente, “Constituição Federal”, pois quando do advento do CPP (1941), a definição destas normas era mera questão de organização judiciária, e não uma questão de índole constitucional como hoje. No entanto, o CPP trata de uma hipótese de competência em razão da natureza da infração: A competência do Tribunal do Júri. Nos termos do art. 74 do CPP: Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. § 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1o e 2o, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) § 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada. § 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o). A competência do Tribunal do Júri está prevista, ainda, na própria Constituição Federal, em seu art. 5°, XXXVIII, d: !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 13 () 23 XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: (...) d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Mas quais seriam os crimes dolosos contra a vida? Estes são os previstos no capítulo I do Título I da parte especial do CP, compreendendo os crimes de homicídio, instigação ou induzimento ao suicídio, infanticídio e aborto3. Com relação a estes crimes, entende-se que a Constituição estabeleceu uma cláusula pétrea, ou seja, cláusula que não pode ser modificada pelo constituinte derivado. Assim, a Doutrina entende que as hipóteses de competência do Tribunal do Júri podem ser ampliadas, mas nunca reduzidas! 2.2. Competência em razão da pessoa (ratione personae) Após definida qual “Justiça” irá julgar o processo, devemos definir a competência do órgão Jurisdicional verificando as condições pessoais dos acusados. Em regra, os processos criminais são julgados pelos órgãos jurisdicionais mais baixos, inferiores, quais sejam, os Juízes de primeiro grau. No entanto, pode ocorrer de, em determinados casos, considerando a presença de determinadas autoridades no polo passivo (acusados), que essa competência pertença originariamente aos Tribunais. Essa é a chamada prerrogativa de função (vulgarmente conhecida como “foro privilegiado”). EXEMPLO: O art. 96, III da Constituição Federal estabelece que cabe aos Tribunais de Justiça dos Estados e do DF, julgar os Juízes estaduais de primeiro grau, bem como os membros do MP que atuem na primeira instância, tanto nos crimes comuns quanto nos crimes de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (hipótese na qual serão julgados pelo TRE local): Art. 96. Compete privativamente: (...) III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral. Existem inúmeras outras hipóteses previstas na Constituição Federal, nas quais há prerrogativa de foro em razão da função exercida pelo 3 Existem, ainda, crimes dolosos contra a vida previstos, por exemplo, na Lei de Genocídio (Lei 2.889/56). Neste caso, a competência também será do Tribunal do Júri (STF, RE 351.487/RR). !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 14 () 23 acusado. Para facilitar a compreensão de vocês, reuni estas hipóteses no quadro abaixo: TRIBUNAL COMPETENTE DESTINATÁRIO DA NORMA CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIA EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL ∀#∃%&∋(∃) ∗+ ,&)−∃.( +)−(∗&(∃) + ∗/ 0∃)−#∃−/ 1+∗+#(2 3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+ #+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 ∀#∃%&∋ &∋()∗#)+∋ & ∗, −+∋(.+(, ∗, /+0+∋(1.+, 2345+6,7 0,∋ 6.+8&∋ 6,8#0∋ & ∗& .&∋9,0∋)4+5+∗)∗&7 .&∋∋)5:)∗) ) 6,89&(;06+) ∗) ∀#∋(+<) =5&+(,.)5>? ≅.(> ΑΒ7 ΧΧΧ7 ∗) ∆Ε 3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+ #+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 2.&Φ&+(, /#0+6+9)5>Γ ≅.(> ΗΑ7 Ι7 ∗) ∆Ε TRIBUNAL COMPETENTE 0:;∀3<=∀>?3≅ 0= <≅?Α= Β≅<;∀3∀ΧΒ3≅<=∆ 0: Β≅ΑΕ:∀Φ<Β3= EMBASAMENTO CONSTITUCIONAL ∀#∃%&∋(∃) ?+Γ∃/∋(∃) 1+∗+#(∃) 3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+ #+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 ∀#∃%&∋ Φ&∗&.)+∋ ∗) ϑ.&) ∗& ∋#) Κ#.+∋∗+<Λ,7 +065#∃∗,∋ ,∋ ∗) ∀#∋(+<) /+5+(). & ∗) ∀#∋(+<) ∗, Μ.)4)5Ν,7 0,∋ 6.+8&∋ 6,8#0∋ & ∗& .&∋9,0∋)4+5+∗)∗&7 ,∋ 8&84.,∋ ∗, /+0+∋(1.+, 2345+6, ∗) Ο0+Λ, Π.&∋∋)5:) ) 6,89&(;06+) ∗) ∀#∋(+<) =5&+(,.)5ΘΒ & 2.&Φ&+(,∋ /#0+6+9)+∋7 ∋& 9.)(+6).&8 6.+8&∋ 0) Ρ.4+() Φ&∗&.)5> ≅.(> ΣΤΥ7 Χ7 ς)Ω7 ∗) ∆Ε ;/8+∋−+ ∋() 3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋)9 2.&∋+∗&0(& ∗) Ξ&9345+6)7 , Ψ+6&Ζ2.&∋+∗&0(&7 ,∋ 8&84.,∋ ∗, ∆,0[.&∋∋, ∴)6+,0)57 ∋&#∋ 9.Ρ9.+,∋ /+0+∋(.,∋ & , 2.,6#.)∗,.Ζ]&.)5 ∗) Ξ&9345+6)> ≅.(> ΣΤΗ7 Χ7 ς4Ω7 ∗) ∆Ε4 Mesmo em se tratando de CRIME FEDERAL, cabe ao TJ o julgamento, e não ao TRF. A ressalva constitucional é apenas em relação à Justiça ELEITORAL. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 214/215 5 Nos crimes de responsabilidade PRÓPRIOS a competência para julgar o prefeito municipal é da CÂMARA DE VEREADORES. (STF, RE 192.527/PR, bem como HC 71.991- 1/MG). 6 Em relação aos magistrados e membros do MPF, o TRF a que estão vinculados será competente, mesmo em se tratando de crime que seria de competência da Justiça Estadual. Ver, por todos, PACELLI, Eugênio. Op. cit., p. 214 !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 15 () 23 ;&6#+8/ ∀#∃%&∋(2 1+∗+#(2 3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+ #+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 ,∋ /+0+∋(.,∋ ∗& =∋()∗, & ,∋ ∆,8)0∗)0(&∋ ∗) /).+0Ν)7 ∗, =⊥1.6+(, & ∗) ≅&.,0ϑ#(+6)7 .&∋∋)5:)∗, , ∗+∋9,∋(, 0, ).(> ΓΗ7 Χ Π&∋()4&5&6&0∗, ) 6,89&(;06+) ∗, _&0)∗, Ε&∗&.)5 9).) Κ#5[). ,∋ 6,8)0∗)0(&∋ ∗)∋ Φ,.<)∋ ).8)∗)∋ &8 6.+8&∋ ∗& .&∋9,0∋)4+5+∗)∗& 6,0&⊥,∋ 6,8 ,∋ ∗, 2.&∋+∗&0(& ∗) Ξ&9345+6) & Ψ+6&Θ7 ,∋ 8&84.,∋ ∗,∋ Μ.+4#0)+∋ _#9&.+,.&∋7 ,∋ ∗, ∀#∃%&∋(2 ∗+ 7/∋−() ∗( Χ∋∃Η/ + /) 7Ι+4+) ∗+ 8∃))Η/ ∗∃62/8ϑ−∃7( ∗+ 7(#ϑ−+# 6+#8(∋+∋−+Κ ≅.(> ΣΤΗ7 Χ7 ς6Ω7 ∗) ∆Ε ;&6+#∃/# ∀#∃%&∋(2 ∗+ ,&)−∃.( ;/8+∋−+ ∋() ∃∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋)9 ],:&.0)∗,.&∋ ∗,∋ =∋()∗,∋ & ∗, −+∋(.+(, Ε&∗&.)5> ≅.(> ΣΤΓ7 Χ7 ς)Ω7 ∗) ∆Ε 3∋4#(.5+) 6+∋(∃) 7/8&∋) + ∗+ #+)6/∋)(%∃2∃∗(∗+9 −&∋&84).[)∗,.&∋ ∗,∋ Μ.+4#0)+∋ ∗& ∀#∋(+<) ∗,∋ =∋()∗,∋ & ∗, −+∋(.+(, Ε&∗&.)57 ,∋ 8&84.,∋ ∗,∋ Μ.+4#0)+∋ ∗& ∆,0()∋ ∗,∋ =∋()∗,∋ & ∗, −+∋(.+(, Ε&∗&.)57 ,∋ ∗,∋ Ξ&[+,0)+∋ =5&+(,.)+∋ & ∗, Μ.)4)5Ν,7 ∗,∋ 8&84.,∋ ∗,∋ ∆,0∋&5Ν,∋ ,# Μ.+4#0)+∋ ∗& ∆,0()∋ ∗,∋ /#0+6∃9+,∋ & ,∋ ∗, /+0+∋(1.+, 2345+6, ∗) Ο0+Λ, #& ,Φ+6+&8 9&.)0(& (.+4#0)+∋> ≅.(> ΣΤΓ7 Χ7 ς)Ω7 ∗) ∆Ε 2.3. Competência Territorial (ratione loci) 2.3.1. Em razão do local da infração A terceira e última fase para a definição da competência para julgamento de um processo criminal, compreende a análise do local de ocorrência da infração (ou, em alguns casos, o local do domicílio do réu), que irá determinar em que base territorial será o processo julgado (comarca, na Justiça Estadual, e Seção Judiciária, quando for da competência da Justiça Federal). Para definirmos a competência territorial devemos, primeiramente, saber onde o crime foi praticado. Mas, para isso, precisamos saber qual o critério para definição do “lugar do crime”. Nos crimes plurilocais, aplica-se, em regra, a teoria do resultado, considerando-se como local do crime o lugar onde o !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 16 () 23 resultado se consuma7. A exceção são os crimes plurilocais dolosos contra a vida, onde se aplica a teoria da atividade.8 Existem ainda alguns regramentos específicos, como nos crimes de competência dos Juizados Especiais e nos atos infracionais, em que se aplica a teoria da atividade, e nos crimes falimentares, em que se considera lugar do crime o local em que foi decretada a falência. Assim: Crimes plurilocais comuns Teoria do resultado Crimes plurilocais dolosos contra a vida Teoria da atividade Juizados Especiais Teoria da atividade Crimes falimentares Local onde foi decretada a falência Atos infracionais Teoria da atividade E se o crime for praticado no exterior e se consumar no exterior? Ou, ainda, se o crime for praticado a bordo de aeronaves ou embarcações, mas, por determinação da Lei Penal, estejam sujeitos à Lei Brasileira? Qual o órgão jurisdicional competente para julgar estas causas? Existem casos em que, mesmo ocorrendo fora do território nacional, determinados crimes estão sujeitos à Lei Penal brasileira, conforme estudamos no curso de Direito Penal. Nesses casos, a 7 Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. § 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. § 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. § 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 8 Trata-se de entendimento jurisprudencial consolidado, para facilitar a produção probatória, na busca pela verdade real. Ver, por todos, NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 209 !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 17 () 23 fixação da competência se dá na capital do estado em que o réu (acusado), no Brasil, tenha fixado seu último domicílio, ou, caso nunca tenha sido domiciliado no Brasil, na capital federal. Nos casos de crimes cometidos a bordo de aeronaves e embarcações, a competência será fixada no local em que primeiro aportar ou pousar a embarcação ou aeronave, ou, ainda, no último local em que tenha aportado ou pousado.9 Mas, e no caso de o crime não se consumar, sendo, portanto, um crime tentado (art. 14, II do CP)? Nessa hipótese, aplica-se o disposto art. 70, segunda parte, do CPP, considerando-se como lugar do crime o local onde ocorreu o último ato de execução. O § 3° e o art. 71 tratam do fenômeno da prevenção. O que isso significa? Quando dois ou mais órgãos jurisdicionais são competentes para apreciar determinada demanda, a competência será fixada naquele que primeiro atuar no caso. Assim, a competência será fixada naquele Juízo que primeiro praticar algum ato no processo ou algum ato pré-processual (prisão pré-processual, por exemplo), relativo ao processo. Essa é a definição de competência fixada por prevenção. Nos termos do art. 83 do CPP: Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c). Se dois ou mais Juízes, na mesma comarca, forem competentes para julgar a demanda, a competência será fixada pelo critério da distribuição, ou seja, a competência será fixada naquele órgão 9 Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao territóriobrasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela prevenção. (Redação dada pela Lei nº 4.893, de 9.12.1965) !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 12 () 23 jurisdicional ao qual fora distribuída a ação penal. Nos termos do art. 75 do CPP: Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. Entretanto, conforme disse a vocês, tanto o critério da prevenção quanto o critério da distribuição não passam de critérios de consolidação da competência territorial, pois a competência daquele Juiz já existia antes da prevenção ou distribuição, tendo apenas se consolidado quando da ocorrência de um destes fenômenos. 2.3.2. Em razão do domicílio do réu Existem casos em que a competência territorial poderá ser fixada levando-se em conta o domicílio do réu. Estas hipóteses estão previstas nos arts. 72 e 73 do CP: Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. § 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. § 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Gostaria de chamar a atenção de vocês para um fato: O art. 73 fala em “casos de exclusiva ação privada”. Assim, no caso de ação penal privada subsidiária da pública, não pode o querelante optar pela comarca do domicílio do réu em detrimento da comarca do local da infração, caso este local seja conhecido, pois esta ação não é exclusivamente privada, mas, na verdade, é pública. Muito cuidado com isso!! 2.4. Da Conexão e da Continência A conexão e a continência são fenômenos que importam na modificação da competência previamente estabelecida. !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 18 () 23 A conexão está prevista no art. 76 do CPP: Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. A Doutrina, em sua maioria, classifica a conexão em10: • Intersubjetiva por simultaneidade ocasional (art. 76, I do CPP) – Ocorre quando pessoas diversas cometem infrações diversas no mesmo local, na mesma época, mas desde que não estejam ligadas por nenhum vínculo subjetivo. • Intersubjetiva por concurso (art. 76, I do CPP) – Nesta hipótese não importa o local e o momento da infração, desde que os agentes tenham atuado em concurso de pessoas. Assim, exige-se para esta hipótese de conexão que os agentes tenham agido unidos por um vínculo subjetivo, uma comunhão de esforços para a prática das infrações penais. • Intersubjetiva por reciprocidade (art. 76, I do CPP) – Traduz a hipótese de conexão de infrações praticadas no mesmo tempo e no mesmo lugar, mas os agentes praticaram as infrações uns contra os outros. Exemplo: Dois crimes de lesões corporais praticados reciprocamente entre fulano e beltrano. • Conexão objetiva teleológica (art. 76, II do CPP) – Uma infração deve ter sido praticada para “facilitar” a outra. Assim, imaginem que um assassino tenha espancado um vigia para entrar na casa e assassinar o dono da residência. • Conexão objetiva consequencial (art. 76, II do CPP) – Nesta hipótese uma infração é cometida para ocultar a outra, ou, ainda para garantir a impunidade do infrator ou garantir a vantagem da outra infração. Imaginem o caso de alguém que comete homicídio e, logo após, mata também a única testemunha, para garantir que ninguém poderá provar sua culpa, garantindo, assim, a impunidade do fato. • Conexão instrumental (art. 76, III do CPP) – Exige-se, nesse caso, que a prova da ocorrência de uma infração e de sua autoria influencie na caracterização da outra infração. Exemplo clássico é a conexão entre o crime de furto e de receptação, no , NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 241/243 !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 19 () 23 qual a prova da existência do furto, e de sua autoria, influencia na caracterização do crime de receptação. A continência, por sua vez, está prevista no art. 77 do CP; Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. Os mencionados arts. 51, § 1°, 53 e 54 do CP, referiam-se ao texto original da parte geral do Código penal, que foi totalmente alterado pela Lei 7.209/84. Assim, atualmente, estes dispositivos se referem às hipóteses de concurso formal e suas aplicações no caso de erro na execução (aberratio ictus e aberratio delicti), atualmente previstos nos arts. 70, 73 e 74 do CP. Assim, por questões didáticas, a doutrina divide a continência em: • Continência por cumulação subjetiva (art. 77, I do CPP) – É o caso no qual duas ou mais pessoas são acusadas pela mesma infração (concurso de pessoas). Diferentemente da hipótese de conexão, aqui há apenas um fato criminoso, e não vários.11 • Continência por concurso formal (art. 77, II do CP, c/c art. 70 do CP) – Aqui, mediante uma só conduta, o agente pratica dois ou mais crimes, sem que tenha tido a intenção de praticá- los. As hipóteses de continência e conexão podem ser melhor explicadas através do gráfico abaixo: NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 244 !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 3: () 23 2.5. Regras aplicáveis nos casos de determinação da competência pela conexão ou continência O CPP prevê algumas regras que devem ser observadas quando da consolidação da competência pela conexão ou continência. Nos termos do seu art. 78: Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum,prevalecerá a competência do júri; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948) Assim, em resumo: 1. Havendo conexão ou continência entre um crime de competência do Tribunal do Júri e outro crime, de competência do Juiz singular, a competência deverá ser fixada naquele. HIPÓTESES DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA CONEXÃO CONTINÊNCIA CUMULAÇÃO SUBJETIVA EM RAZÃO DE CONCURSO FORMAL DE CRIMES INTERSUBJETIVA OBJETIVA INSTRUMENTAL OU PROBATÓRIA SIMULTANEIDADE OCASIONAL CONCURSO RECIPROCIDADE TELEOLÓGICA CONSEQUENCIAL !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 31 () 23 2. No caso de Jurisdições da mesma categoria, primeiro se utiliza o critério de fixação da competência territorial com base na local em que ocorreu o crime que possuir pena mais grave. Se as penas forem idênticas, utiliza-se o critério do lugar onde ocorreu o maior número de infrações penais. Caso as penas sejam idênticas e tenha sido cometido o mesmo número de infrações penais, ou, ainda, em qualquer outro caso, aplica-se a fixação da competência pela prevenção (Lembram-se da prevenção, não é?) 3. Se as Jurisdições forrem de graus diferentes (Um Tribunal Superior e um Juiz singular, por exemplo), a competência será fixada no órgão de Jurisdição superior. 4. Se houver conexão entre uma causa de competência da Justiça Comum e outra da Justiça Especial, será fixada a competência nesta. Ex.: Imaginem um crime eleitoral conexo com um crime comum. Será da competência da Justiça Eleitoral o julgamento de ambos os processos. Inclusive, o STF editou o verbete n° 704 da súmula de sua Jurisprudência, afirmando que a atração de um processo por conexão ou continência, no caso de correu, por prerrogativa de função do outro réu, não viola a Constituição: SÚMULA Nº 704 NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO PROCESSO DO CO- RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS DENUNCIADOS. 2.6. Separação de processos em hipóteses de conexão e continência Embora a regra seja a de que, havendo conexão ou continência, todos os processos conexos ou continentes sejam julgados pelo mesmo órgão jurisdicional, existem algumas exceções, ou seja, existem casos em que mesmo ocorrendo conexão ou continência, não haverá reunião de processos. Estas hipóteses estão previstas no art. 79 do CPP: Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152. § 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 33 () 23 prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Vamos analisar as hipóteses isoladamente: • Concurso entre a Jurisdição comum e militar – A única ressalva que deve ser feita é a de que, no caso de militar que comete crime doloso contra a vida de um civil, responde perante o Tribunal do Júri, e não perante a Justiça Militar, nos termos do art. 82, § 2° do Código de Processo Penal Militar – CPPM. • Concurso entre crime e infração de competência do Juizado da Infância e da Juventude – Nestas hipóteses (por exemplo, um crime cometido em concurso de pessoas por um menor, que responde perante o ECA, e um adulto), não pode haver reunião de processos. • Insanidade mental de um dos corréus (art. 152 do CPP) – Nesse caso, havendo a insanidade mental do correu sido regularmente apurada em incidente de insanidade mental, os processos devem ser separados, pois o processo, em relação ao correu declarado mentalmente insano, será suspenso, nos termos do art. 152 do CPP. Frise-se que essa insanidade mental do réu deve ser posterior ao fato criminoso (art. 151 do CPP). • Impossibilidade de formação do conselho de sentença no Tribunal do Júri – Embora o § 2° do art. 79 mencione o “art. 461”, com as alterações promovidas pela Lei 11.689/08, vocês devem entender como “art. 469, § 1° do CPP”. Este artigo trata da impossibilidade de, no julgamento pelo Tribunal do Júri, formar-se o conselho de sentença (mínimo de sete jurados), em razão das recusas legalmente permitidas realizadas pelos advogados dos acusados. Assim, se houver, no Tribunal do Júri, dois ou mais réus, e sendo diferentes os advogados, as recusas aos Jurados (Direito de recusar algum jurado) impossibilitarem a formação do conselho de sentença, o processo deverá ser desmembrado. • Separação facultativa quando os fatos criminosos tenham sido praticados em circunstâncias de tempo e lugar diferentes, ou o Juiz entender que a reunião de processos pode ser prejudicial ao Julgamento da causa ou puder implicar em retardamento do processo (art. 80 do CPP) – O importante é saber que, nestas hipóteses, a separação dos processos é discricionária, ou seja, o Juiz pode, ou não, a seu critério, decidir pela separação dos processos. ATENÇÃO! Existe uma outra hipótese de separação de processos, no !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 34 () 23 entendimento jurisprudencial. No caso de CRIMES DOLOSOS contra a vida praticados em concurso de pessoas, quando um dos acusados possui foro por prerrogativa de função fixado na Constituição Federal, ao invés de todos os acusados serem julgados perante o Tribunal (em razão da prerrogativa de foro de um dos comparsas), haverá a separação dos processos, de forma que o detentor de prerrogativa de foro será julgado perante o Tribunal respectivo e os demais pelo Tribunal do Júri. EXEMPLO: José e Valter são contratados por Ricardo Albuquerque, deputado federal, para matarem Lúcio, desafeto de Ricardo. José e Valter executam o crime. No caso em tela, Ricardo de Albuquerque possui foro privilegiado (como é deputado federal, a Constituição prevê que cabe ao STF julgá-lo nos crimes comuns), mas os demais não possuem. Neste caso, Ricardo será julgado pelo STF e os demais serão julgados pelo Tribunal do Júri. Por que, neste caso, não há atração por continência? Não háporque as regras de continência são infraconstitucionais, e tanto a competência do Júri quanto a do STF (por prerrogativa de função) estão previstas na própria Constituição Federal. Assim, normas infraconstitucionais não podem se sobrepor a normas de índole constitucional. O art. 81 trata da hipótese de perpetuação da competência. Vejamos: Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos. Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. O art. 81 diz, em resumo, o seguinte: Se um Juiz recebe dois processos (reunidos por conexão ou continência), e no processo de sua competência originária (e não aquele que lhe foi remetido em razão da conexão ou continência) ele profere sentença absolutória ou desclassifica o fato para outro crime, que não seja de sua competência, mesmo assim ele continua competente para julgar o processo recebido pela conexão. O § 1°, por sua vez, estabelece uma exceção à regra. Se houver reunião de processos para julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo desclassificação, absolvição sumária ou impronúncia, deverá o Juiz !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 35 () 23 remeter o processo conexo ao Juízo competente (que não era o Tribunal do Júri).12 O art. 82, por fim, estabelece que, no caso de haver conexão ou continência, mas terem sido instaurados processos em Juízos diversos, o Juiz cuja competência é prevalente poderá avocar (trazer para si) o julgamento dos demais processos, a qualquer tempo, salvo se já houver sentença definitiva naqueles (já tiverem transitado em julgado). Se já tiver ocorrido o trânsito em julgado, os processos serão reunidos posteriormente para fins de execução de pena: Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas. 2.7. Competência penal do STF, do STJ, doa TRFs, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais Criminais Federais Conforme estudamos, a competência nada mais é que uma divisão funcional para o exercício legítimo da Jurisdição. As normas que definem a competência estão previstas em diversos diplomas legislativos, dentre eles, a própria Constituição. Vamos estudar, mais detalhadamente agora, a competência criminal de cada um dos órgãos do Judiciário citados: 2.7.1. Da competência criminal do STF Nos termos da Constituição Federal, compete ao STF julgar: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador- Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) o "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o "habeas-data" contra atos do 12 Isso não ocorrerá se a desclassificação ocorrer apenas no momento da quesitação formulada aos jurados (art. 492, §1º do CPP). !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 36 () 23 Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999) j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - julgar, em recurso ordinário: a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 37 () 23 Perceba, meu caro aluno, que a competência criminal do STF, segundo a constituição, pode ser de duas ordens: Originária e Recursal. A competênciaoriginária está prevista no inciso I do art. 102, e engloba as seguintes situações: • Nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República. • Nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente. • O "habeas-corpus", sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores (Presidente, Vice, Membros do Congresso, Ministros do STF, dos Tribunais Superiores, PGR, ministros do TCU, Ministros de Estado, Comandantes das Forças Armadas e chefes de missão diplomática de caráter permanente). • O habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância. • A revisão criminal de seus próprios julgados; • A execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais. CUIDADO MASTER! O Presidente do Banco Central e o Advogado-Geral da União possuem status de Ministros de Estado. Na competência originária o processo criminal começa diretamente no STF, sem passar antes por qualquer outro órgão do Judiciário. A competência para a execução dos seus próprios julgados e para julgar a revisão criminal de seus próprios julgados são competências lógicas, pois, considerando ser o STF o Tribunal Máximo do país, não faria sentido submeter a Revisão Criminal, por exemplo, a outro órgão do Judiciário. !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 32 () 23 As hipóteses de competência constitucional originária do STF são, na verdade, TODAS POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO, sendo, portanto, ratione personae. A primeira hipótese trata dos crimes comuns praticados pelo: " Presidente da República " Vice-Presidente da República " Membro do Congresso Nacional " Ministros do STF " Procurador-Geral da República Estas são as cinco “figuras” que possuem prerrogativa de função, devendo ser julgadas, por crimes comuns, no STF. Mas, e quem as julga no caso de crimes de responsabilidade? A resposta está no art. 52, I e II da Constituição, que prevê a competência do SENADO FEDERAL: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) A segunda hipótese de competência criminal originária do STF se refere aos crimes comuns e aos crimes de responsabilidade praticados por algumas autoridades. Vejamos: " Ministros de Estado (ressalvado o disposto no art. 52, I) " Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (ressalvado o disposto no art. 52, I) " Membros dos Tribunais Superiores (STM, TST, TSE, STJ) " Membros do Tribunal de Contas da União " Chefes de missão diplomática de caráter permanente Mas o que seria essa ressalva do artigo 52, I da Constituição? Essa ressalva se refere à possibilidade de o crime de responsabilidade praticado por qualquer destas pessoas ser CONEXO com um crime de responsabilidade praticado pelo Presidente ou pelo Vice-Presidente da República. Neste caso, a competência para julgamento do crime de !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 38 () 23 responsabilidade praticado por alguma destas figurinhas não será do STF, mas do SENADO FEDERAL. Por fim, há ainda a competência originária do STF para processo e julgamento das ações de Habeas Corpus. Como são normas que podem causar confusão, vou explicar através do seguinte gráfico, para que vocês assimilem a matéria: No Habeas Corpus há três sujeitos: Λ,Μ∃,∗ )&#(+∗ ;< =>? ≅ΑΒΧ∆;>∆ Β<Α><Ε Β<Α><Ε <Φ ≅ΑΒΧ∆;>∆ Γ>Α;>< ?ΑΗΙ ≅∋∃%∗ϑ∃−&∃Κ Λ∗+∃Κ Μ∃/0∋,% ϑ, Β,−)∋∃%%,Κ Μ∗−∗%&∋,% ϑ, >ΒΦΚ ϑ,% >∋∗0.−(∗% =.Ν∃∋∗,∋∃%Κ Μ∗−∗%&∋,% ϑ∃ ∆%&(ϑ,Κ ≅ΟΕΚ Β,/(−ϑ(−&∃% ϑ(% ?,∋Π(% Α∋/(ϑ(% ∃ ΒΘ∃Ρ∃% ϑ∃ Μ∗%%Σ, ϑ∗ΝΤ,/Υ&∗+( ϑ∃ +(∋Υ&∃∋ Ν∃∋/(−∃−&∃ >ΕΧςΦ;ΑΩ =Φ≅∆ΕΧ<Ε =&−/#∃∗(∗+ /& 4&∋7∃/∋ϑ#∃/ 7&Λ/) (−/) +)−+Λ(8 )&Λ+∃−/) ∗∃#+−(8+∋−+ Μ Λ&#∃)∗∃.Η/ ∗/ ;&6#+8/ ∀#∃%&∋(2 1+∗+#(2Ν /& )+ −#(−+ ∗+ 7#∃8+ )&Λ+∃−/ Μ 8+)8( Λ&#∃)∗∃.Η/ +8 &8( Ο∋∃7( ∃∋)−Π∋7∃( ≅ΑΒΧ∆;>∆ Β<Α><Ε ΧΜ≅∆>ΕΑ;>∆ ΞΦ∆Μ ΑΨΦΧΗΑ < ΖΑς∆Α= Β<Ε≅Φ= ΞΦ∆Μ ∆=>[ Β<Μ∆>∆;∴< Α ΧΩ∆ΟΑΩΧ∴Α∴∆ ΞΦ∆Μ ∆=>[ =<?Ε∆;∴< Α ≅ΕΧΛΑ]⊥< ∴Α ΩΧς∆Ε∴Α∴∆ !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 39 () 23 Além da competência originária, o STF possui uma competência criminal recursal, que está prevista no inciso II do art. 102, trazendo as seguintes hipóteses, nas quais o STF julgará o Recurso Ordinário interposto: " Crime político " Habeas Corpus, quando o decidido em ÚNICA INSTÂNCIA pelos TRIBUNAIS SUPERIORES Vejam, portanto, que são apenas duas as hipóteses de competência criminal mediante Recurso Ordinário. CUIDADO! Se uma pessoa ajuíza Habeas Corpus perante o STJ, por exemplo, (em razão de uma ilegalidade praticada por um Tribunal de Justiça) e a ordem de Habeas Corpus é denegada (Indeferido o pedido), a pessoa pode optar por: " Interpor Recurso Ordinário perante o STF (pois o HC foi decidido pelo Tribunal Superior em única instância); ou " Ajuizar NOVO HC perante o STF (Pois se entende que o ato do Tribunal Superior, negando o HC, transforma o Tribunal em autoridade coatora)13. Assim, sendo julgado e negado um HC, em única instância por um Tribunal Superior, pode ser que o STF aprecie a matéria em grau de recurso (Recurso Ordinário) ou mediante competência originária (Novo HC). 2.7.2. Competência Criminal do STJ Nos termos do art. 105 da Constituição Federal: Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; − ΒΦΧ∴Α∴<_ . /01 2)3 4)56∋7∋&(8 ∋ 9:%;%<∋7=8 (8 >? 5838 ≅9Α≅:%:9:%28 () 4)594≅8Β ∋9:84%<∋&(8 ∋Χ)&∋≅ )3 5∋≅8≅ )∆5)Χ5%8&∋%≅Ε !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀&0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 4: () 23 b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999) d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;(Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) II - julgar, em recurso ordinário: a) os "habeas-corpus" decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. A competência criminal do STJ, tal qual a do STF, também é dividida em ORIGINÁRIA e RECURSAL. A competência originária se dará nos seguintes casos, conforme o quadro abaixo: !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 41 () 23 Ficou mais fácil de entender assim? A competência recursal criminal do STJ, por sua vez, se dá no caso de Recurso Ordinário em Habeas Corpus, quando a decisão for proferida em ÚNICA OU ÚLTIMA INSTÂNCIA por Tribunal de Justiça ou TRF, quando for DENEGATÓRIA A DECISÃO (indeferido o pedido do HC). 2.7.3. Competência Criminal da Justiça Federal (Juízes, TRFs e Juizados Especiais Federais) A competência criminal da Justiça Federal é também definida na Constituição, possuindo algumas regras de competência ratione personae e outras de competência ratione materiae. Vejamos: Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: Β<Μ≅∆>;ΒΧΑ ΒΕΧΜΧ;ΑΩ ∴< =>Ψ Α]α∆= ≅∆;ΑΧ= ≅<Ε ΒΕΧΜ∆= Β<ΜΦ;= Α]α∆= ≅∆;ΑΧ= ≅<Ε ΒΕΧΜ∆= Β<ΜΦ;= ∆β<Φ ∴∆ Ε∆=≅<Μ=ΑςΧΩΧ∴Α∴∆ ΖΑς∆Α= Β<Ε≅Φ= ∴∆=∆ΜςΑΕΟΑ∴<Ε∆ = ∴<= >Ψ%Κ >Ε?%Κ >Ε>%Κ >Ε∆%Κ Μ∆ΜςΕ<= ∴<= >Β∆ Γ∆=>Α∴<= ∆ ∴?ΙΚ Μ∆ΜςΕ<= ∴<= >ΒΜ ∆ Μ∆ΜςΕ<= Ο<Λ∆Ε;Α∴<Ε∆= ∴<= ∆=>Α∴<= ∆ ∴< ∴? Ε∆ΛΧ=⊥< ΒΕΧΜΧ;ΑΩ ∴<= =∆Φ= ΨΦΩΟΑ∴<= Β<Α><Ε Β<Α><Ε <Φ ≅ΑΒΧ∆;>∆ !∀#∃%&∋( ∗%+,#−. / ∗%∋ +%∀#∗0#12.3 4#&#∗−∀. 0, 5∗−∋0. .% 6.7∋&0∋&−, 0∋∗ 8.∀1∋∗ 9∀7∋0∋∗3 ∀,∗∗∋(:∋0∋ ∋ ;.7<,−=&;#∋ 0∋ >%∗−#1∋ 5(,#−.∀∋( ΞΦΑ;∴< ?<Ε Β<Α><Ε <Φ ≅ΑΒΧ∆;>∆ ΞΦΑΩΞΦ∆Ε ∴Α= ≅∆==<Α= ΞΦ∆ < =>Ψ ΨΦΩΟΑ ;<= ΒΕΧΜ∆= Β<ΜΦ;= !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 43 () 23 (...) IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas. No caso do inciso IV, temos duas hipóteses: a) Crimes políticos – Praticados com motivação política (art. 2° da Lei 7.170/83 – NÃO PRECISA LER A LEI!). b) Crimes praticados contra bens, interesses e serviços da União, suas autarquias e empresas públicas – Nesse caso, serão julgadas pela Justiça Federal (Juízes de primeiro grau) as condutas delituosas que ofendam a União, suas autarquias ou empresas públicas. Imaginem um roubo a uma repartição federal, ou um homicídio praticado contra um agente da Polícia Federal em serviço. Por ofenderem bens jurídicos da União, serão julgados pela Justiça Federal. Temos, ainda, as seguintes hipóteses de julgamento de ações penais, previstas nos incisos V, VI, IX e X: " Crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente " Crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira " Crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar " Crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro; !∀#∃∀%& (#&)∃∗∗+,− (∃.,− / (#0 123456 (&−∀)∀,− #&!&7∀8#∀& 0∃!∃#,− %9:;<= 9 9>9;?≅?<:Α ?:Β9Χ∆=Ε:Α (;:ΦΓ #9Χ=Χ ,;=ΗΙ: / ,Ηϑ= 3Κ (;:ΦΓ#9Χ=Χ ,;=ΗΙ: ∀∀∀#∃%&∋(&∃)∗(+,−+.∋%,%#+,/#0∋ ∀#∃%&∋ 44 () 23 " Crimes envolvendo disputas sobre direitos indígenas Em todas estas cinco hipóteses, a competência para julgamento será da Justiça Federal (em regra, de primeiro grau). Mas, e quando será competente
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