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CHAPTER 2 Sequeˆncias 1. Aula 25/8/2014: Sequeˆncias de Cauchy Uma sequeˆncia e´ chamada de Cauchy se seus termos de ordem grande esta˜o cada vez mais pro´ximos entre s´ı. A acuidade deste conceito e´ traduzida rigorosa- mente pela seguinte sentenc¸a: Para cada � > 0 e´ poss´ıvel encontrar um ı´ndice n0 tal que |xn − xm| < � para ı´ndices m, n ≥ n0. As sequeˆncias de Cauchy carac- terizam as sequeˆncias convergentes e nos da˜o crite´rios importantes para fazermos construc¸o˜es matema´ticas. Veremos como isto aplica-se a construc¸a˜o da func¸a˜o ex- ponencial na reta e no plano complexo. Desse modo podemos estabeler a equac¸a˜o de Euler e assim mostrar o relacionamento que existe entre a exponencial e as func¸o˜es trigonome´tricas. Primeiro vamos estabelecer a equivaleˆncia entre sequeˆncias con- vergentes e de Cauchy. Depois aplicaremos este conceito na construc¸a˜o de func¸o˜es. As squeˆncias convergentes possuem os seus valores grandes pro´ximos um dos outros pois se acumulam em seu limite. Isto nos induz a deduzir que toda sequeˆncia convergente e´ tambe´m uma sequeˆncia de Cauchy. Este fato e´ fa´cil de estabelecer. A convergeˆncia nos garante que escolhido � > 0 e´ poss´ıvel encontrar um ı´ndice n0 tal que |xn − L| < �/2 para todo n ≥ n0 onde L = limxn. Se m,n ≥ n0 teremos |xn − xm| = |xn − L− (xm − L)|(1) ≤ |xn − L|+ |xm − L|(2) < � 2 + � 2 = �, m, n ≥ n0.(3) Seria poss´ıvel existir uma sequeˆncia de Cauchy que na˜o e´ convergente? Veremos a seguir que isto na˜o e´ poss´ıvel. As sequeˆncias convergentes sa˜o sempre limitadas. Com efeito, se limxn = L enta˜o (tomando � = 1) existe n0 tal que se n ≥ n0 teremos |xn − L| < 1. Segue-se de |xn|− |L| ≤ |xn − L| < 1, ou |xn| < |L|+ 1, n ≥ n0, que o nu´mero C = max{|x1|, · · · , |xn0 |, |L| + 1} satisfaz |xn| ≤ C para todo n = 1, 2, · · · . As sequeˆncias de Cauchy tambe´m sa˜o limitadas. Basta tomar � = 1 e encontrar n0 satisfazendo |xn − xm| < 1 para todo m,n ≥ n0. Tomando C = max{|x1|, · · · , |xn0−1|, |xn)|+ 1} encontramos que |xn| ≤ C n = 1, 2, · · · Vamos aprender um pouco mais sobre sequeˆncias limitadas. Isto nos ajudara´ a entender melhor as sequeˆncias de Cauchy. Um valor de adereˆncia de uma sequeˆncia (xn) e´ qualquer nu´mero a que e´ limite de uma subsequeˆncia. Por exemplo, se xn = (−1)n + 1/n existem dois valores de adereˆncia que sa˜o 1 e −1. Sequeˆncias ilimitadas podem na˜o ter valores de adereˆncia como mostra yn = n. Entretanto as limitadas obrigatoriamente possuem valores de adereˆncia segundo veremos agora. 5 6 2. SEQUEˆNCIAS Lema 1. Toda sequeˆncia limitada possui subsequeˆncia convergente, ou seja, possui pelo menos um valor de adereˆncia. Prova. Fixemos um nu´mero C > 0 tal que |xn| ≤ C para todo n ∈ N. SejaX o conjunto dos k ∈ N tais que xn ≥ xk para todo n ≥ k. SeX e´ infinito enta˜o podemos ordenar X = {n1 < n2 < · · · < nk < · · · } e a subsequeˆncia (xnk) e´ crescente e limitada superiormente por C. Logo (xnk) converge para a = sup{xn1 , xn2 , · · · } e a e´ um valor de adereˆncia. Caso X seja finito ou vazio podemos tomar um nu´mero n0 tal que xn /∈ X para todo n ≥ n0. Portanto existe n1 > n0 tal que xn1 < xn0 . Tambe´m existe n2 > n1 tal que xn2 < xn1 e assim por diante. A subsequeˆncia obtida assim e´ decrescente e limitada inferiormente por −C, e portanto convergente. Podemos concluir entaˆo que em todos os casos existe subsequeˆncia convergente e pelo menos um valor de adreeˆncia. � TEOREMA 1. Toda sequeˆncia de Cauchy formada por nu´meros reais (ou complexos) e´ sempre convergente. Prova. Ja´ sabemos que toda sequeˆncia (xn) de Cauchy e´ limitada e portanto possui uma subsequeˆncia convergente limxnk = L. Escolhido � > 0 existe K0 tal que se k ≥ k0 teremos |xnk − L| < �/2, k ≥ k0 Sendo (xn) de Cauchy tambe´m existe um n0 tal que |xn − xm| < �/2, m, n ≥ n0 . Fixemos um k ≥ k0 tal que nk ≥ n0 e fac¸amos m = nk. Enta˜o se n ≥ n0 obtemos |xn − L| ≤ |xn − xnk |+ |xnk − L| < � 2 + � 2 = � n ≥ n0. Se (zn) e´ uma sequeˆncia de Cauchy em C escrevendo zn = xn + iyn obtemos duas sequeˆncias reais (xn) e (yn). Como max{|xn − xm|, |yn − ym|} ≤ |zn − zn| ≤ |xn − xm|+ |yn − ym| segue-se que (zn) e´ de cauchy se e so´ se (xn) e (yn) tambe´m o sa˜o. Tomando o limite em m no lado direito desta u´ltima desigualdade concluimos que se (zn) e´ de Cauchy enta˜o lim zn = limxn + i lim yn. � 2. Aplicac¸a˜o: Existeˆncia de � aj Consideremos uma srie � aj , por exemplo � 1/n�, ou outra qualquer como� λn, |λ| < 1, que ja´ apareceram em outras situac¸o˜es. Quando podemos dizer que existe �∞ j=0 aj? O que falamos antes foi que faz sentido dizer que o somato´rio existe desda que exista o limite lim sn das somas parciais sn definidas por sn = n� j=0 aj . Precisamos de um crite´rio que nos garanta a existeˆncia deste limite. Observe que se a se´rie de nu´meros positivos � |aj | converge, ou equivalentemente, e´ limitada, 2. APLICAC¸A˜O: EXISTEˆNCIA DE � aj 7 enta˜o existe lim sn. Com efeito, tome um � > 0. A convergeˆncia de � |aj | garante a existeˆncia de um n0 tal que ∞� j=n0 |aj | < �. Enta˜o se m e n satisfazem n ≥ m ≥ n0 temos |sn − sm| = ������ n� j=0 aj − m� j=0 aj ������ = ������ n� j=m+1 aj ������ ≤ n� j=m+1 |aj | ≤ ∞� j=n0 |aj | ≤ �, m, n ≥ n0 Portanto (sn) e´ de Cauchy e converge o que garante a existeˆncia do limite lim sn = ∞� j=0 aj . As se´ries � aj tais que � |aj | converge ou e´ limitado sa˜o cnamadas de se´ries ab- solutamente convergentes. Ja´ sabemos que se 0 < λ < 1 enta˜o a se´rie � λn e´ convergente (absolutamente) e vale ∞� j=0 λn = 1 1− λ . Portanto podemos fazer comparac¸o˜es com esta se´rie para decidir quando � aj existe. Lema 2 (Crite´rio de Comparac¸a˜o). Seja � aj uma se´rie com a seguinte pro- priedade: Existem C > 0, λ ∈ R, 0 < λ < 1 e n0 tais que |an| ≤ Cλn para todo n ≥ n0. Enta˜o � aj converge absolutamente e existe ∞� j=0 aj = lim n� j=0 aj . 8 2. SEQUEˆNCIAS Prova. Admita que � aj tem a propriedade citada acima. Para n > n0 obtemos n� j=0 |aj | = n0−1� j=0 |aj |+ n� j=n0 |aj | ≤ n0−1� j=0 |aj |+ C n� j=n0 λj ≤ n0−1� j=0 |aj |+ C 1− λ o que garante a limitac¸a˜o de � |aj | e por conseguinte a sua convergeˆncia. � Teste da Raiz 1. A t´ıtulo de curiosidade apresentamos aqui o teste da raiz, uma ferramenta que usamos para decidir quando uma se´rie e´ absolutamente con- vergente. Na˜o usaremos este crite´rio no que vamos fazer mas me parece um bom momento para ilustrar como trabalhamos com este assunto, a t´ıtulo de motivac¸a˜o. Alguns certamente ira˜o precisar deste crite´rio para dominar algumas ferramentas matemı´ticas. Dada uma sequeˆncia limitada (xn) definimos o seu limite superior chamado de lim supxn como o maior dos seus valores de adereˆncia. Podemos en- contrar o lim supxn do seguinte modo. Definimos uma outra sequeˆncia decrescente (αn) por αn := sup{xn, xn+1, xn+2, · · · }. Observe que αn+1 ≤ αn, ou seja, e´ decrescente e e´ limitada pois xn ≥ C = inf{xj |j = 1, 2, · · · }. Enta˜o (αn) e converge e lim sup cn = limαn. O leitor pode verificar facilmente que dado λ > lim supxn existem no ma´ximo um nu´mero finito de ı´ndices n tais que xn ≥ λ. O seguinte crite´rio e´ conhecido como teste da raiz. Lema 3 (TESTE DA RAIZ). Dado a se´rie � aj e lim sup |an|1/n < 1 enta˜o� aj converge absolutamente. Se lim sup |an|1/n > 1 a se´rie na˜o converge, ou seja,� aj na˜o converge e na˜o faz sentido, na˜o define um nu´mero. Prova. Sendo lim sup |an|1/n < 1 podemos tomar um nu´mero λ tal que lim sup |an|1/n < λ < 1. Sabemos que existe um n0 tal que |an|1/n < λ para todo n ≥ n0 pois existem no ma´ximo um nu´mero finito de valores acima de λ. Portanto |an|1/n < λ ou |an| < λn, n ≥ n0. Enta˜ose n ≥ n0 obtemos n� j=0 |aj | = n0−1� j=0 |aj |+ n� j=n0 |aj | ≤ n0−1� j=0 |aj |+ n� j=n0 λn ≤ n0−1� j=0 |aj |+ 1 1− λ 3. CONSTRUC¸A˜O DA FUNC¸A˜O EXPONENCIAL 9 o que garante a limitac¸a˜o e por conseguinte a converbeˆncia abdoluta da se´rie. No caso em que lim sup |an|1/n > 1 existem infinitos termos ank tais que |ank | > 1 para todo k. Se supomos que � aj converge as somas parciais formara˜o uma sequeˆncia de Cauchy. Tomando � = 1/2 deveria existir n0 tal que |sn − sm| < 1/2 para todo n,m ≥ n0. Escolhendo para cada n ≥ n0 + 1 o nu´mero m = n − 1 encontramos |an| = |sn − sm| < 1/2, n ≥ n0 + 1, o que e´ imposs´ıvel pois para n = nk > n0 temos |an| > 1. Portanto � aj na˜o converge e na˜o define um nu´mero. � 3. Construc¸a˜o da Func¸a˜o Exponencial 3.1. Existeˆncia da Exponencial. Seja x ∈ R(ou x ∈ C) um nu´mero real(complexo). Fixemos R ≥ 1 + |x| e um nu´mero inteiro n0 > 0 tal que λ = R/n0 < 1. Observe que se n ≥ n0 teremos R/n ≤ λ. Enta˜o se n > n0 temos n� j=0 |x|j j! = n0−1� j=0 |x|j j! + n� j=n0 |x|j j! ≤ n0−1� j=0 Rj j! + Rn0 n0! � 1 + R n0 + 1 + · · ·+ R n−n0 (n0 + 1) · · · (n− 1)n � ≤ n0−1� j=0 Rj j! + Rn0 n0! � 1 + λ+ · · ·+ λn−n0� ≤ n0−1� j=0 Rj j! + Rn0 n0!(1− λ) Portanto a se´rie � |x|j/j! converge absolutamente e existe o limite que chamaremos de E(x), ou seja, existe E(x) := ∞� j=0 xj j! x ∈ R (ou C). Precisamos de outra maneira de calcular a func¸a˜o E(x). Conseguimos isto com o seguinte lema. Lema 4. E(x) = lim � 1 + xn �n Prova. Seja sn a soma partial de � xj/j!. Temos sn = 1 + x+ x2 2! + · · ·+ x n n! (1 + x n )n = 1 + x+ x2 2! (1− 1 n ) + · · ·+ x n n! (1− 1 n ) · · · (1− n− 1 n ) 10 2. SEQUEˆNCIAS Enta˜o teremos |sn − (1 + x n )n| = ������ n� j=2 xj j! � 1− (1− 1 n ) · · · (1− j − 1 n ) ������� ≤ n� j=2 |x|j j! ����1− (1− 1n ) · · · (1− j − 1n ) ���� Observe que a quantidade Ajn multiplicando |x|j/j! e´ menor do que 1, ou seja, Ajn = ����1− (1− 1n ) · · · (1− j − 1n ) ���� < 1 e que limnAjn = 0. Dado � > 0 sabemos que existe n0 tal que � k≥n0 |x|k/k! < �/4 pois � xj/j! e´ absolutamente converbente. Para cada j, 2 ≤ j ≤ n0, existe nj tal que Ajn < � 2B , B = n0� k=0 |x|k k! , n ≥ nj Portanto se tomarmos n1 = max{n0, n2, · · · , nn0} obtemos para n ≥ n1 que |E(x)− (1 + x n )n| ≤ |E(x)− sn|+ |sn − (1 + x n )n| ≤ � 4 + n0� j=2 |x|j j! Ajn + � k≥n0 |x|k k! ≤ � 4 + � 2 + � 4 = �, n ≥ n1 como queriamos demonstrar. � Lema 5. E(x+ y) = E(x)E(y) Prova. Escolha n0 tal que |xy|/n0 ≤ 1/2. Para todo n ≥ n0 obtemos 1 ≤ (1 + |x+ y|+ |xy|/n n )n−j ≤ (1 + 1 + |x+ y| n )n−j ≤ E(1 + |x+ y|), desde que 0 ≤ j ≤ n, e n ≥ n0. Enta˜o se n ≥ n0 obtemos����(1 + xn )n(1 + yn )n − (1 + x+ yn )n ���� = ����(1 + x+ yn + xyn2 )n − (1 + x+ yn )n ���� ≤ |xy| n2 n−1� j=0 (1 + 1 + |x+ y| n )n−j−1(1 + |x+ y| n )j ≤ |xy| n2 nE(1 + |x+ y|)2 = |xy|E(1 + |x+ y|)2 n . Tomando o limite de ambos os lados encontramos a igualdade anunciada. � Segue-se da demonstrac¸a˜o acima que Lema 6. (4) |E(x)− E(y)| ≤ |x− y|E(|x|)E(|y|) 3. CONSTRUC¸A˜O DA FUNC¸A˜O EXPONENCIAL 11 Prova. A demonstrac¸a˜o e´ semelhante a` anterior. Temos |(1 + x n )n − (1 + y n )n| ≤ |x− y| n n−1� j=0 (1 + |x| n ))n−1−j(1 + |y| n )j ≤ |x− y| n nE(|x|)E(|y|) = |x− y|E(|x|)E(|y|) � 3.2. Propriedades da Exponencial. Agora podemos deduzir algumas pro- priedades da func¸a˜o exponencial. Primeiro temos E(0) = 1, E(1) = e, E(n) = E(1)n = en. Temos tambe´m (5) en = E(n) = E(m n m ) = E( n m )m, m, n ∈ Z Portanto E( nm ) = e n m , ou seja, E(x) = ex se x ∈ Q. Tomando x ∈ Q, e y ∈ R temos E(x) = ex e o lema (6) nos garante que ex − |x− y|E(|x|)E(|y|) < E(y) < ex + |x− y|E(|x|)E(|y|), x ∈ Q, y ∈ R. Se restringirmos x ∈ (y − 1, y + 1) obtemos ex− |x−y|E(1+ |y|)2 < E(y) < ex+E(1+ |y|)2, y ∈ R, x ∈ (y−1, y+1)∩Q. Se a e´ um nu´mero real positivo custuma-se definir ay como o supremo de {ax|x ∈ Q, x < y}. Se substituirmos x por uma sequeˆncia crescente (xn) com limxn = y obtemos das propriedades de limite que lim exn − lim |xn − y|E(1 + |y|)2 < E(y) < lim exn + lim |y − xn|E(1 + |y|)2 o que nos da´ E(y) = lim exn = sup{ex | ∈ Q, x < y} Portanto E(x) = ex para todo x ∈ R. Segue-se de E(x)E(−x) = E(0) = 1 que E(−x) = 1 E(x) . Como E(x) e´ crescente para x ≥ 0 obtemos que E(x) e´ uma func¸a˜o crescente e positiva. Para x > 0 temos E(x) = 1 + x+ x2 2! + x3 3! + · · · ≥ 1 + x, x > 0. o que mostra que sua imagem e´ ilimitada. E se x < 0 segue-se de E(x)E(|x|) = E(x+ |x|) = E(0) = 1 que E(x) = 1 E(|x|) ≤ 1 1 + |x| , x < 0. Portanto a imagem de E(x) e´ (0,∞)(isto ficara´ totalmente estabelecido quando mostrarmos que uma func¸a˜o cont´ınua leva intervalo em intervalo). 12 2. SEQUEˆNCIAS 3.3. Exponencial e func¸o˜es trigonome´tricas. Vimos que a func¸a˜o expo- nencial existe naturalmente no plano comoplexo, ou seja, existe E : C → C dada por E(z) = � zn n! , z ∈ C(6) = lim(1 + z n )n,(7) onde z = x+iy ∈ C. Valem tambe´m as propriedades aritme´ticas como E(z)E(w) = E(z + w). Tomando um nu´mero imagina´rio puro iy obtemos E(iy)E(−iy) = E(0) = 1, y ∈ R. Usando que E(iy) = lim(1 + iy/n)n e´ fa´cil concluir que E(−iy) = E(iy) pois vale que lim zn = lim zn. Portanto |E(iy)|2 = E(iy)E(iy) = E(iy)E(−iy) = 1, ou seja, E(iy) esta´ no c´ırculo unita´rio com centro na origem S1 = {z ∈ C| |z| = 1} e E(−iy) = 1 E(y) = E(iy). Enta˜o y �→ S1 e´ uma parametrizac¸a˜o do S1. Mais tarde, quando estudarmos comprimento de curvas veremos que esta parametrizac¸a˜o e´ por comprimento de arco. Como E(0) = 1 o parametro y representa o comprimento do arco de S1 que liga o ponto 1 ∈ S1 ao ponto E(iy) ∈ S1. Em suma, y e´ o aˆngulo entre o ponto E(iy) e o eixo − x medido em radianos, mo´dulo 2π. Portanto adota-se a notac¸a˜o E(iy) = eiy e temos 1/eiy = e−iy. Em geral temos ez = ex+iy = exeiy e todas as regras da potenciac¸a˜o sa˜o va´lidas. Por outro lado, um ponto eiy do S1 tem coordenadas (cos y, sin y). Usando a notac¸a˜o complexa obtemos a equac¸a˜o de Euler, EQUAC¸A˜O DE EULER: eix = cos(x) + i sin(x), x ∈ R A primeira observac¸a˜o e´ que (8) cos2(x) + sin2(x) = 1, x ∈ R Em segundo lugar segue-se de ei(x+y) = eixeiy que cos(x+ y) = cos(x) cos(y)− sin(x) sin(y)(9) sin(x+ y) = cos(x) sin(y) + cos(y) sin(x)(10) Com efeito, cos(x+ y) + i sin(x+ y) = (cos(x) + i sin(x)) (cos(y) + i sin(y))(11) = cos(x)cos(y)− sin(x) sin(y) + i (cos(x) sin(y) + cos(y) sin(x))(12) EXERCI´CIOS 13 Em particular temos cos(2x) = cos2(x)− sin2(x). Usando esta equac¸a˜o juntamente com a equac¸a˜o (8) obtemos cos2(x) = 1 + cos(2x) 2 (13) sin2(x) = 1− cos(2x) 2 (14) Um dos fatos mais importantes que segue-se da equac¸a˜o de Euler e´ a expansa˜o em se´ries de poteˆncias do seno e consseno. As poteˆncias do nu´mero complexo i satisfazem i1 = i, i2 = −1, i3 = −i, i4 = i0 = 1. Em geral temos in = ij , j = 0, 1, 2, 3, onde j e´ determinado por n = uk + j, 0 ≤ j ≤ 3, ou seja, n ≡ j mo´dulo 4. Segue-se enta˜o eix = � (ix)n n! = ∞� k=0 (−1)k x 2k (2k)! + i ∞� k=0 (−1)k x 2k+1 (2k + 1)! = cos(x) + i sin(x) Portanto cos(x) = ∞� k=0 (−1)k x 2k (2k)! = 1− x 2 2 + x4 4! − x 6 6! + · · ·(15) sin(x) = ∞� k=0 (−1)k x 2k+1 (2k + 1)! = x− x 3 3! + x5 5! − x 7 7! + · · ·(16) Exerc´ıcios 1 Encontre os valores de sin(x) e cos(x) quando x = kπ+ π/2, para k um inteiro qualquer. 2 O aˆngulo π/4 correspondea quantos graus? Calcule o seu seno e cosseno. 3 Dividindo o comprimento do arco do c´ırculo S1 no primeiro quadrante por 3 qual o aˆngulo em graus obtidio? Usando iguladade de triaˆnguos retaˆngulos e o fato que π/3 = π/6 + π/6 calcule os senos e cossenos de π/3 e π/6. 4 Deduza as equac¸o˜es (13) e (14). 5 Fac¸a um desenho utilizando regua e compasso do c´ırculo S1 e dos eixos. Marque os aˆngulos correspondentes a 0, π/6, π/4, π/3 e π/2. Agora localize o ponto ei. Em qual arco do S1 ele se localiza? De qual extremo deste arco ele encontra-se mais pro´ximo? Voceˆ consegue calcular as suas coordenadas cos(1) e sin(1)?
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