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Relatório Psicodiagnóstico Final Corrigido

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CENTRO UNIVERSITÁRIO PAULISTANO – UNIPAULISTANA
PSICOLOGIA
RELATÓRIO FINAL DE PSICODIAGNÓSTICO
JÔFRAN PALMEIRA DE OLIVEIRA
VÂNIA DAS GRAÇAS FREITAS
SÃO PAULO
2014
�
CENTRO UNIVERSITÁRIO PAULISTANO – UNIPAULISTANA
PSICOLOGIA
 JÔFRAN PALMEIRA DE OLIVEIRA
VÂNIA DAS GRAÇAS FREITAS
RELATÓRIO FINAL DE PSICODIAGNÓSTICO
Relatório apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia do Centro Universitário Paulistano – UNIPAULISTANA como exigência para o estágio da disciplina Psicodiagnóstico. Orientadora: Profa. Dra. Eliete de Fátima R.R. dos Santos.
SÃO PAULO
2014
I- Introdução
O presente relatório de estágio enquadra-se no 9º semestre do curso do Curso de Graduação em Psicologia do Centro Universitário Paulistano – UNIPAULISTANA apresentado como exigência para o estágio da disciplina Psicodiagnóstico.
Considerando o estágio um processo de aprendizagem indispensável para os profissionais estarem preparados para enfrentar os desafios da profissão. Assim, o estágio teve como objetivo aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso, contribuir para a aquisição de experiências e competências profissionais, refletir sobre as práticas e as aprendizagens no contato com a realidade do indivíduo e promover a formação ética alicerçada com a componente teórica. 
O Processo Psicodiagnóstico:
O psicodiagnóstico se estabeleceu no Brasil como prática clínica pautado no modelo médico de atuação. Seus procedimentos visavam a ações observáveis e quantitativas, devido a sua ênfase na Psicometria, que buscava resultados mais fiéis para aquele momento histórico. Com o desenvolvimento científico e histórico, o psicodiagnóstico passou a ser percebido dentro de um referencial terapêutico, associando a investigação à possibilidade de entendimento dos mecanismos que possivelmente produzem as doenças, dando origem a uma proposta investigativa e interventiva que propicie mudanças terapêuticas. O psicodiagnóstico teve sua origem na conscientização de que as doenças mentais não eram advindas de castigos divinos ou possessões, mas análogas às doenças físicas (ANCONA-LOPEZ, 1984). Nasceu da psicologia clínica, que foi iniciada por Linghter Witmer em 1896, e se fundamentou na tradição médica, produzindo efeitos marcantes na identidade profissional do psicólogo (CUNHA, 2003). 
Influenciado pelo modelo médico, o psicodiagnóstico era realizado por meio de avaliações psicométricas, que valorizavam os aspectos técnicos da testagem. Foi um período em que, apenas, utilizavam testes para obter dados que revelassem uma série de traços ou descrições da capacidade de uma pessoa, desconsiderando suas características peculiares relacionadas ao contexto total (CUNHA, 2003). O psicólogo atuava de modo “objetivo”, visando, apenas, ao contato com aspectos parciais da personalidade humana, não estabelecendo compromissos com suas características pessoais e afetivas (TRINCA 1984). 
Por muito tempo, o psicodiagnóstico foi percebido como um processo que envolvia a aplicação de testes como forma de satisfazer a solicitação de outros profissionais, tais como psiquiatras, neurologistas, pediatras, etc. (OCAMPO & COLABORADORES, 1981). Nesse contexto, o processo psicodiagnóstico era visto, somente, como meio de investigação e levantamento de demandas a serem tratadas posteriormente por outros profissionais. 
Ainda hoje, o psicodiagnóstico é considerado por muitos profissionais como um meio somente de investigação de sintomas físicos, psíquicos e suas causas. Entretanto é relevante considerar que esse processo não envolve somente a investigação, mas também oferece espaço de acolhimento, escuta compreensiva dos problemas e dificuldades do paciente, além de outras intervenções também consideradas terapêuticas. Contudo, Paulo (2004) pontua que o psicodiagnóstico permite uma intervenção eficaz quando possibilita a apreensão da dinâmica intrapsíquica do paciente, compreensão de sua problemática e intervenção nos aspectos determinantes dos desajustamentos responsáveis por seu sofrimento psíquico.
Winnicott esclarece que, aliado ao valor diagnostico, há um ganho terapêutico na medida em que esse procedimento proporciona à criança a vivencia de experiências profundas, muitas vezes temidas. Acompanhado pelo psicólogo, esse contato pode permitir que a criança integre aspectos de sua vida emocional tendo assim a possibilidade de se ver livre de bloqueios que paralisavam seu desenvolvimento.
Assim, dentro do processo realizou-se: Entrevistas com a mãe, entrevista de anamnese, entrevista com a criança (observação lúdica), entrevista devolutiva, aplicação dos testes BENDER, HTP, WISC-III e R2. 
Inicialmente foi estabelecido um rapport com a mãe, através das entrevistas, procurou-se compreender o comportamento de L utilizando técnicas e instrumentos ajustados para o psicodiagnóstico. Percebemos informações importantes fornecidas pela mãe com relação desenvolvimento psicomotor de L. Ela informa que ele balbuciou as primeiras palavras com dois anos e apenas aos 07 anos começou a falar algumas palavras com maior clareza, atualmente L não tem uma comunicação “clara” e prefere não falar, engatinhou até os 02 anos quando começou a dar os primeiros passos. A criança é destra, até os 07 anos não tinha controle dos esfíncteres. Com relação à sociabilidade de L não gosta de brincar com outras crianças, preferindo cantar e dançar sozinho. Não tem ou teve amigos imaginários. A mãe reconhece que L não foi estimulado adequadamente até o presente momento. A criança gosta de assistir desenhos na TV e não pratica nenhum esporte. A mãe trouxe como queixa principal “ele é respondão e não acompanha a turma na escola”. 
A entrevista verbal com a criança possibilitou observar que L é uma criança solitária, com dificuldades para interagir com o meio, entende-se aqui que cada indivíduo aprende a ser constituir nas relações com os outros. Segundo Vygotsky, É através da atividade que o homem se apropria do mundo, ou seja, é a atividade que propicia a transição daquilo que está fora do homem para dentro dele, processo de internalização. No caso de L percebemos que ele não se apropria adequadamente das experiências que pode vivenciar com o meio. Entendendo que para existirmos, precisamos atuar sobre o mundo, transformando-o de acordo com nossas necessidades. Ao fazer isso, estamos construindo a nós mesmo.
De acordo com Vygotsky, o desenvolvimento do sujeito esta relacionado à interação a mediação social e cultural. Dessa maneira os movimentos construídos pelo sujeito também dependem dos recursos biológicos, psicológicos e das condições do ambiente em que ela vive.
Observando o seu comportamento, pode-se perceber que ele apresenta dificuldade em interagir com o meio, apresentando um comportamento ansioso em determinados momentos. Pode-se inferir que a falta de apoio com relação à educação informal e formal, parece ter afetado algumas etapas importantes de seu desenvolvimento, fazendo com que enfrente muitas dificuldades para adquirir novas capacidades cognitivas, afetivas e sociais.
Durante os atendimentos utilizou-se uma linguagem simples de acordo com a idade e capacidade de compreensão da criança. Procurou-se estimular a verbalização, fazendo-lhe perguntas sobre o que faz o que gosta sua rotina, e assim por diante, como se fosse uma entrevista dirigida.
Foi possível observar que demonstra em suas ações ansiedade frente as atividades propostas, pois sabe o que outro espera e não consegue entender, mesmo estando atento as instruções e demonstrando cooperativo e interessado.
Quando L adentrou o consultório, pela primeira vez, a terapeuta manifesta, de forma breve e numa linguagem compreensível uma série de informações que configuram as instruções: definição de papeis, limitação do tempo e do espaço, material a ser utilizado e objetivos esperados. Enfim esclarece de forma simples para a criança como será o tratamento. L demonstra entenderas instruções.
Dando continuidade a hora do jogo diagnóstica, com a finalidade conhecer a realidade da criança e entendendo a atividade lúdica como uma forma de expressão L tem a possibilidade de brincar em um contexto particular, dentro de um enquadramento adequado.
Foi utilizada a hora de jogo diagnóstica, técnica que permite à criança estruturar, através de brinquedos e jogos, a representação de seus conflitos básicos, suas principais defesas e fantasias de doença e cura, permitindo o aparecimento de uma perspectiva ampla a respeito de seu funcionamento mental.
O trabalho foi realizado em uma sala preparada para se brincar e jogar. Os brinquedos mais usados foram: bonecos, animais domésticos e selvagens, carrinhos, caminhões, aviões, bolas, tintas de diversas cores, papel, lápis preto e colorido, pincel, tesoura, cola, argila, massas de modelar, etc. Estavam guardados em uma caixa onde L pode utiliza-los na brincadeira e guardá-los ao final da sessão.
É importante ressaltar que na hora do jogo procurou-se avaliar através da observação do brincar, se L evidencia uma discriminação e uma manipulação da realidade que estão ou não de acordo com sua idade evolutiva. Podemos observar que L não manifestou conhecimento das cores, números demonstrando, assim, dificuldades em manifestar sua capacidade de expressão de maneira mais significante no âmbito social, cuja manifestação é, por excelência, a linguagem.
Aqui podemos inferir, segundo (Ocampos), um dos primeiros elementos a ser levada em conta ao se analisar uma hora de jogo, é a capacidade da criança de se adequar à realidade. Manifesta-se, neste primeiro momento, pela impossibilidade de se desprender da mãe e atuar de acordo com sua idade cronológica. Tal adequação à realidade permite avaliar possibilidades egóicas, embora ela possa adaptar-se ou não aos limites que esta situação lhe impõe: Aceitação ou não do enquadramento espaço-temporal com as limitações que isto implica; possibilidade de colocar-se em seu papel e aceitar o papel do outro.
Durante a sessão L manifestou ter dificuldades em aceitar regras, quando solicita levar um brinquedo da caixa lúdica para casa, nesse momento a terapeuta agiu conforme coloca Aberastury, A. (1982). O psicólogo deve estabelecer limites caso o paciente tenda romper o enquadramento objetivando criar condições para que a criança venha brincar com a maior espontaneidade possível. No começo da hora de jogo podem aparecer condutas pouco adequadas, por ser o primeiro contato que estabelece com o psicólogo; necessitará, então, de um tempo de adaptação, que será diferente para cada indivíduo. Além dos aspectos formais descritos acima, deverá ser feita uma análise do conteúdo das brincadeiras da criança durante a hora lúdica, com base em pressupostos psicodinâmicos, sempre correlacionando as hipóteses.
Nesse momento L teve a possibilidade de brincar em um contexto particular, dentro de um enquadramento adequado criou-se um ambiente apropriado em função das variáveis internas de sua personalidade.
Entendendo que a hora do jogo, no psicodiagnóstico, engloba um processo que tem começo em si mesmo, opera como uma unidade e deve ser compreendida como tal. Observou-se que L depositou parte de seus sentimentos representantes de diferentes vínculos com objetos de seu mundo interno. L, brincando demonstrou sua carência afetiva e uma relação familiar conflituosa. Demonstrou também disponibilidade e imaginação para expor seu mundo interno.
Na visão de Wechsler e Guzzo (2005), o uso dos instrumentos psicológicos proporciona dados importantes e a avaliação fornece significado aos resultados, considerando o contexto em que o examinando está inserido. Nesse sentido, verifica-se a importância da utilização de instrumentos psicológicos na avaliação psicológica infantil. Assim, continuando o processo optou-se pela aplicação dos testes. Iniciou-se com a aplicação do Bender, por ser uma proposta de copia e ao mesmo tempo com possibilidades de observarmos a presença ou não de indicadores neurológicos para as suas dificuldades. 
Considerando importante entender a proposta maturacional do Bender: O Teste Gestáltico Visomotor de Bender São Cartelas com estímulos formados por linhas contínuas ou pontos, curvas sinuosas ou ângulos, que tem por objetivo a avaliação da maturação neuromotora. Sabemos que a percepção e a reprodução de figuras geométricas são determinadas por princípios biológicos e de ação sensório motriz, os quais variam em função do padrão de desenvolvimento e nível maturacional de cada indivíduo e de seu estado patológico funcional.
De acordo com a idade de L (09 anos), a forma com que ele desenhou as figuras demonstrou tendência à dificuldade de integração, problemas na aquisição da integridade visomotora, sem nenhuma orientação espacial, pois a tendência de L é executar a cópia não prestando atenção à posição da figura. Foi possível avaliar com a apresentação do teste que existe um comprometimento em sua capacidade visomotora para copiar desenhos que apresentam figuras regidas por três princípios básicos da Gestalt: Princípio do Fechamento, da Proximidade e da Continuidade e indicação para uma avaliação neurológica.
Bender (1955) salienta que a criança em idade escolar (a partir dos seis anos) possui a capacidade de ler e escrever, já que suas funções visomotoras estão mais amadurecidas, ou seja, similares às funções de um adulto. Contudo, é a partir dos 12 anos que essa capacidade se torna consolidada. É importante notar que L (09 anos), ainda não esta alfabetizado, não consegue ler nem escrever, demonstrando dificuldade frente a relações espaciais, maturação percepto-motora, memória, coordenação viso-motora, planejamento e motivação.
Continuando o processo aplicou-se o teste (WISC-III). Segundo os critérios estabelecidos no manual (Figueiredo, 20020).
 A aplicação do teste não se prendeu só a finalidade principal de avaliar o QI do paciente, e sim e mais importante, foi utilizado como instrumento de compreensão das possibilidades e dificuldades de L.
 Considerando necessária a avaliação psicológica é recomendada em qualquer caso onde exista suspeita de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de origem neurológica. Ele pode auxiliar no diagnóstico e tratamento de diversas enfermidades neurológicas, problemas de desenvolvimento infantil, comprometimentos psiquiátricos, alterações de conduta, entre outros.
O conjunto dos instrumentos utilizados nos possibilita uma avaliação global das capacidades de L, bem como das dificuldades encontradas em seu desempenho dia a dia. Não se trata de "rotular" ou "enquadrar" o paciente como integrante de grupos problemáticos, e sim de evitar que tais dificuldades possam impedir o desenvolvimento saudável da criança. 
Ainda quanto à avaliação de L, torna-se importante salientar algumas questões, entre elas o fato de o desenvolvimento cerebral ter características próprias a cada faixa etária. Portanto, dentro desse padrão de funcionamento cerebral, é importante a elaboração de provas de acordo com o processo maturacional do cérebro. Por exemplo, "quando se fala de imaturidade na infância, não deve ser entendida unicamente como deficiência”, devido às peculiaridades do desenvolvimento cerebral. Diferentemente do adulto, o cérebro da criança está ainda em desenvolvimento, tendo características próprias que garantem uma diferenciação e especificidade de funções. 
Segundo Antinha, as baterias de testes neuropsicológicos adaptados para crianças são em número bastante reduzido. Devem contemplar: A organização e o desenvolvimento do sistema nervoso da criança, a variabilidade dos parâmetros de desenvolvimento entre crianças da mesma idade, a estreita ligação entre o desenvolvimento físico, neurológico e a emergência progressiva de funções corticais superiores.
No teste (HTP) Casa, Árvore, Pessoa, observou-se que o examinado demonstra ser uma criança reprimida, pressionada pelo ambiente, apresentando assim, necessidade de aceitação e apoio. Denota traços de ansiedadee insegurança, o que pode dificultar os relacionamentos afetivos. Apresenta regressão, o que significa dificuldade para aceitar mudanças. Foram localizados indicadores regressivos em todos os desenhos, apresenta comportamento de fuga ou baixo contato com a realidade, preferindo realização na fantasia.
Mostrou boa capacidade de avaliar criticamente o ambiente, porém, não encontra recursos internos para reagir.
 O desenho da pessoa apresentou indicadores de dificuldade grave. 
O teste R2, foi aplicado por se tratar de um instrumento muito utilizado na área educacional, uma vez que avalia a inteligência a partir dos padrões brasileiros, diferente dos demais testes disponíveis no mercado, como afirma Oliveira (2000, p. 11 e 12). Considerando que L apresentou problemas de aprendizagem, procurou-se adicionar o R2 à bateria de testes.
Considerando, o teste R-2 de grande valia para a população brasileira, ele baseia-se nos mesmos princípios teóricos do Teste de Raven, isto é, pretende aferir o Fator G da inteligência, proposto por Spearman. A partir do método estatístico da análise fatorial desenvolveram-se diferentes teorias acerca da inteligência, que partem da hipótese de que ela seria integrada por um conjunto de capacidades e estas, por sua vez, por fatores. A postulação desses fatores resultaria de um processo de dedução lógica, baseado na correlação estatística entre as diferentes capacidades que estariam sendo avaliadas, mais do que da observação e da mensuração diretas (Bernstein, 1961).
Avaliando os resultados do teste R-2 qualitativamente, percebemos que L demonstrou dificuldade de concentração na atividade realizada, uma vez que olhava constantemente para a terapeuta, ou demonstrava agitado, e expressava movimentos de não estar compreendendo a atividade, como por exemplo, se movimentar demasiadamente na cadeira. Assim, obteve uma pontuação fraca, comparando com a sua idade.
No aspecto quantitativo L obteve 1 como Percentil por idade para a população geral, tendo realizado 05 pontos de acerto. Classificação da inteligência através de Percentis - 2 ou menos - Intelectualmente deficiente.
A bateria de testes foi escolhida em função das entrevistas, de observações clinicas e dos resultados do uso de procedimentos menos estruturados. 
Finalizando a avaliação, além da devolutiva, com a mãe e a criança outros elementos participam no processo encaminhamentos, informes psicológicos e entrevistas com outros profissionais interessados.
II- Identificação do Cliente
L tem 10 anos de idade, nasceu em 21/06/2014 em São Paulo-Capital, é do sexo masculino e, atualmente, frequenta o 4º ano do ensino fundamental numa escola pública do município de São Paulo. O paciente é o filho mais novo, do casal, possui dois irmãos, e vive com a mãe e o padrasto. A mãe trabalha como empregada doméstica, o pai Wellington Melo Alves é mecânico, o mesmo não habita a mesma residência que a criança. 
III- Descrição da demanda 
Em decorrência de dificuldade encontrada em acompanhar o ensino escolar, L foi submetido à avaliação psicológica. A família tem total conhecimento do comportamento da criança, afirmando que desde bebê o mesmo apresentava dificuldade no seu desenvolvimento normal. Ainda em relação à família, particularmente em relação aos genitores, detectou-se na figura paterna ausência por longo período. Na figura materna, observou-se um comportamento ambivalente nos métodos disciplinares utilizados com o filho, ficando evidenciado o caráter conflituoso na interação familiar.
 IV- Procedimento utilizado
 Forem realizadas entrevistas e aplicação de testes psicológicos em 14 encontros de 50 minutos de duração em dias alternados. Sendo três entrevistas com a mãe, entrevista de anamnese, entrevista com a criança (observação lúdica), aplicação dos testes BENDER, HTP, WISC-III e R2. E finalizando foi feita a entrevista devolutiva com a criança e a mãe.
V- Histórico de vida - Descrição do grupo familiar 
Com a anamnese procuramos conhecer o desenvolvimento biopsicossocial da criança. Sobre desenvolvimento psicomotor de L foi relatado que balbuciou as primeiras palavras com dois anos e apenas aos o7 anos começou a falar algumas palavras com maior clareza, engatinhou até os 02 anos quando começou a dar os primeiros passos, A criança é destra, até os 07 anos não tinha controle dos esfíncteres no período diurno e não fazia sua higiene pessoal até os 08 anos. Com relação à sociabilidade de L a mãe relatou que L não gosta de brincar com outras crianças, preferindo cantar e dançar sozinho. Não tem ou teve amigos imaginários. Segundo foi relatado L não foi estimulado adequadamente até o presente momento. A criança não pratica nenhum esporte. 
A família de L e composta por: mãe, padrasto e dois irmãos. L é o mais jovem da família, o pai biológico é praticamente ausente, pois apenas visita o filho uma vez ao ano, segundo relato da mãe. As crianças ficam em casa sem acompanhamento de um responsável durante o período de trabalho da mãe, diurno, o padrasto viaja a trabalho e fica em casa apenas duas vezes no mês.
VI- Síntese dos resultados
No teste (HTP) Casa, Árvore, Pessoa, observou-se que o examinado demonstra ser uma criança reprimida, pressionada pelo ambiente, apresentando assim, necessidade de aceitação e apoio. Denota ansiedade e insegurança, o que pode dificultar os relacionamentos afetivos. Apresenta regressão, o que significa dificuldade para aceitar mudanças.
Foram localizados indicadores regressivos em todos os desenhos, apresenta comportamento de fuga ou baixo contato com a realidade, preferindo realização na fantasia. Mostrou boa capacidade de avaliar criticamente o ambiente, porém, não encontra recursos internos para reagir.
O desenho da pessoa apresentou indicadores de dificuldade grave. 
Na aplicação do BENDER foi possível observar que existe um comprometimento em sua capacidade vasomotora para copiar desenhos que apresentam figuras regidas por três princípios básicos da Gestalt: Princípio do Fechamento, da Proximidade e da Continuidade. Neste teste o examinado não pontuou.
 O resultado obtido com o teste R-2 em relação à classificação da inteligência. Nos aspectos qualitativos pode-se perceber que o examinado demonstrou dificuldade em se concentrar, na atividade realizada, estava agitado e expressava movimento de não estar compreendendo a atividade. Assim, obteve uma pontuação fraca, comparando com a sua idade.
 L. foi avaliado com a Escala de Inteligência de Wechsler para crianças (WISC-III).
Durante a aplicação do teste apresentou um comportamento ansioso e dificuldade de concentração. Com este instrumento foi possível avaliar as funções: Raciocínio, Percepção, Atenção, Linguagem, Destreza Motora, Memória, Execução e Visuo-Construção. 
Analise Qualitativa das funções avaliadas:
Raciocínio: Com o subteste Semelhanças foi possível examinar a capacidade de estabelecer relações lógicas e a formação de conceitos verbais ou de categorias, bem como a capacidade de síntese e de integração de conhecimentos. Foi observado que o examinado demonstrou dificuldade do ponto de vista da avaliação das funções executivas. Com o subteste Aritmética foi avaliada a capacidade de cálculo mental, a compreensão de enunciados verbais de certa complexidade e a capacidade de raciocínio. Durante a execução o examinado demonstrou sensível a um déficit de atenção (e à falta de controlo da impulsividade). 
Percepção: Durante a aplicação de o subteste Completar Figuras. Pode se aferir que por se tratar do primeiro subteste da escala a ser aplicado pode-se, por isso, esperar-se que o resultado obtido seja influenciado pelo efeito de novidade, o examinado apresentou uma tendência para utilizar termos vagos, em vez de evocar o termo exato evidenciando uma fraca escolarização, podendo explicar a pobreza do vocabulário utilizado pelo examinado.
Atenção: Com o subteste Procurar Símbolos foi possível avaliar a capacidade de discriminação perceptiva. Observou-se que o examinado apresentoudificuldades na capacidade de atenção visual e de memória de trabalho. Pode-se entender tal dificuldade considerando a ansiedade demonstrada pelo examinado na execução do subteste obtendo um resultado relativamente baixo.
Com o subteste Código obteve um resultado fraco, o que pode ser interpretado como uma dificuldade dos seguintes domínios cognitivos: velocidade de processamento; capacidade de seguir instruções, sob pressão de tempo, atenção seletiva, concentração e persistência motora numa tarefa sequencial, flexibilidade mental e memória de curto prazo.
Na execução do subteste Dígitos o examinado teve um desempenho fraco demonstrando dificuldade em manter a atenção, concentração e os domínios cognitivos específicos para retenção da memória imediata e capacidade de reversibilidade flexibilidade.
Linguagem: O subteste Compreensão. Possibilitou examinar a capacidade do examinado de exprimir as suas experiências, bem como seu conhecimento de regras de relacionamento social. O examinado demonstrou dificuldade de argumentação (quando é pedido ao examinado para justificar as suas respostas), também revelou desconhecimento das regras sociais, falta de empatia e de julgamento.
Destreza Motora: Para avaliar esta função o subteste Códigos demonstrou que o examinado teve dificuldade com a reprodução dos símbolos apresentando uma caligrafia aquém, considerando a sua idade, obteve um resultado fraco que também pode estar relacionado à dificuldade da memória.
Memória: Considerando que o subteste Informação mede o nível dos conhecimentos adquiridos a partir da educação na escola e na família. Foi possível observar que o examinado demonstrou dificuldade em lidar com símbolos abstratos, raciocínio abstrato, informação de conteúdos da educação formal, as estimulações ambientais, compreensão, memória e fluência verbal estão em desacordo com a sua idade.
No subteste Vocabulário o examinado obteve uma pontuação relativamente maior, em relação aos demais subtestes, contudo considerando a idade do examinado pode-se considerar seu desempenho baixo o que pode traduzir falta de familiarização com o contexto educativo ou ausência de experiência escolar.
Execução: Iniciou-se a avaliação desta função com a aplicação do subteste Dígitos, com a intensão de medir a capacidade de associar números a símbolos e de memorizar corretamente essas associações, a fim de executar a tarefa o mais rapidamente possível. Neste subteste o examinado demonstrou um fraco desempenho.
Em seguida foi aplicado o subteste Arranjo de Figuras, ficaram evidenciadas dificuldades na percepção do tempo e do espaço, que podem ser detectadas nesta tarefa. 
Dentro da análise foi aplicado o subteste labirinto, com o intuito de avaliar a capacidade do examinado no que tange ao planejamento e antecipação (previsão), atenção, rapidez e a coordenação visomotora. O examinado demonstrou dificuldades na realização desta tarefa.
Visuo-Construção: Com o subteste Cubos examinou-se a capacidade de organização e processamento viso-espacial/não-verbal, a capacidade para decompor mentalmente os elementos constituintes do modelo a reproduzir, bem como supõe o recurso a um funcionamento viso-perceptivo, capacidades construtivas, coordenação, rapidez psicomotora. Neste subteste o examinado apresentou dificuldade em sua execução apresentando um resultado fraco.
Na execução do subteste Armar Objetos o examinado demonstrou dificuldade nos seguintes domínios cognitivos: Capacidade de síntese de um conjunto integrado, capacidade de reconhecer configurações familiares e de reconhecer relações parte-todo (organização visuo-espacial), processamento visual, velocidade perceptual e manipulativa.
As técnicas e instrumentos utilizados serviram como um meio de acesso à criança foi muito útil para conhecê-la. Uma vez que dificilmente alcançaríamos os resultados somente através do diálogo.
Finalizando o atendimento é de suma importância transmitir o resultado da comunicação estabelecida entre o paciente e a família, bem como as considerações sobre o que ocorreu durante as sessões. Segundo Ocampo et al (2001), a entrevista de devolução aos pais e ao paciente é fundamental já que tem por objetivo informar o que se pensa e o que se passa com o sujeito em avaliação. Além disso, é também uma oportunidade de orientá-los sobre a atitude recomendável a ser tomada após as considerações realizadas. Dessa maneira, uma boa devolução depende de um bom planejamento do processo, bem como da integração dos dados coletados. 
Nesse sentido, a finalização dos atendimentos contribui para que L tenha uma percepção dele. Ressalta-se que a orientação dada no momento da devolução pode ajudar na construção de novas formas de agir gerando um sentimento de comprometimento no paciente. 
 Dessa forma, para que ocorra uma boa devolução, é preciso compreender o caso e os aspectos envolvidos. Após as entrevistas iniciais e aplicação de testes deve-se estudar o material levantado para elaborar hipóteses sobre o que as informações trazem acerca do caso. Nesse sentido, fica evidente que é preciso ter clareza de todo o processo e que uma boa devolução vai depender de como foi realizado todas as etapas do psicodiagnóstico. 
Outra observação importante é que se deve buscar uma maneira adequada para a devolução com a criança facilitando assim que ela entenda o que aconteceu durante o período do psicodiagnóstico. No caso L, foi o momento mais marcante de todo o processo, pois se constatou que, a sua maneira, a criança compreendeu o que foi trabalhado. A importância da devolução não é só para a criança, mas também para o terapeuta que encerra o atendimento de forma clara e objetiva, possibilitando um maior entendimento do caso para ele e para o paciente em questão. 
VII- Conclusão diagnóstica
Os resultados obtidos indicam pouco investimento emocional no âmbito familiar e, consequentemente, diminuição da disponibilidade para o conhecimento geral. Detectou-se uma melhor orientação para a ação verbal do que para a reflexão, conforme avaliação do WISC-III, bem como dificuldades escolares, associadas a uma atitude resistente em temas que podem suscitar ansiedade.
Observa-se que o Lucas demonstra ansiedade relacionada com impulsividade, e uma falta de interesse por tarefas com características lógicas e abstratas. O examinado demonstra dificuldade de percepção e concentração.
Os resultados sugerem que o Lucas experimenta dificuldades cognitivas e comportamentais, considerando o seu desempenho, de acordo com sua idade cronológica.
L apresentou um comportamento afetuoso, demonstrou habilidade e criatividade com trabalhos manipulativos e em sua maioria demonstrou disposição para executar as tarefas, mesmo quando apresentava dificuldade em executa-las. 
Os resultados apresentados nesta avaliação sugerem um potencial intelectual abaixo de sua idade, revelando dificuldades graves, significativa dificuldade de viso-construção que interfere em sua organização e percepção visual. As dificuldades apresentadas sugerem um quadro de Deficiência Intelectual, que compromete o seu processo de organização e pensamento.
Dentro do estudo apresentado encaminhamos L para psicomotricidade, visando seu desenvolvimento integral, tendo em vista o aspecto cognitivo, psicológico, social, cultural e físico, no qual se acredita que as atividades de psicomotricidade possam ser trabalhadas de forma a auxiliar no processo e favorece a criança uma relação consigo mesma, com o outro e com o mundo que a cerca, possibilitando-a um melhor conhecimento do seu corpo e de suas possibilidades.
Através da análise do caso L, foi possível perceber que o psicodiagnóstico pode funcionar como modelo de atuação terapêutica na medida em que não é utilizado apenas como recurso de avaliação de sinais e sintomas, mas como um processo que envolve a compreensão das dificuldades, acolhimento, esclarecimento e conscientização de comportamentos problemas. Por meio de tais intervenções, que podem ser consideradas terapêuticas, acriança tem a possibilidade de sair da posição passiva de apenas objeto de investigação e tornar-se responsável pelas próprias mudanças, com a mobilização de recursos próprios para busca de transformação. 
VIII- Referências Bibliográficas
ABERASTURY, A. (1982). A psicanálise da criança: Teoria e técnica. Porto Alegre, RS: Artes Médicas.
ANCONA-LOPEZ, M. Diagnóstico Psicológico – A Prática Clínica / Walter Trinca e colaboradores, 9º reimpressão. São Paulo: EPU, 2006.
 BENDER, L. Test Gestaltico Visomotor (B-G) Uso y aplicaciones clínicas. Buenos Aires: Paidós. 1955.
BERNSTEIN, J. (1961). Introdución: El test de Raven. In J. C. Raven, Test de Matrices Progresivas: escala general (4a. ed., pp. 13-46). Buenos Aires: Paidós.
BUCK, J. N. (2003). H-T-P: Casa – Árvore – Pessoa. Técnica Projetiva de Desenho: Manual e Guia de Interpretação. (1ª ed.). São Paulo: Vetor.
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. Porto Alegre: Artmed, 2003. 
FIGUEIREDO, V. L. M. (2002). WISC-III: Escala de Inteligência Wechsler para Crianças - adaptação brasileira da 3ª edição. São Paulo: Casa do Psicólogo.
OCAMPO, M. L. S. & Colaboradores. O Processo Diagnóstico e as técnicas projetivas. São Paulo: Martins Fontes, 1981. 
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WINNICOTT, D. W. (1948). Pediatria e Psiquiatria. In: Da Pediatria à Psicanálise.
IX- Anexos 
	01
	Entrevista com os pais
	02
	Entrevista com os pais
	03
	Entrevista com os pais
	04
	1ª entrevista com a criança: observação lúdica
	05
	1ª entrevista com a criança: aplicação do BENDER e observação lúdica
	06
	2ª entrevista com a criança: Início de aplicação do WISC-III
	07
	3ª entrevista com a criança: continuação da aplicação do WISC-III
	08
	4ª entrevista com a criança: continuação da aplicação do WISC-III
	09
	5ª entrevista com a criança: continuação da aplicação do WISC-III
	10
	6ª entrevista com a criança: finalização da aplicação do WISC-III e aplicação do HTP
	11
	7ª entrevista com a criança: aplicação do R2 e observação Lúdica
	12
	8ª entrevista devolutiva com a criança e a mãe
	12
	Bender
	13
	WISC-III
	14
	HTP
	15 
	R2

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