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CS DE CONSUMIDOR 1 CADERNO DE CONSUMIDOR APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 10 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS ........................................................................................................ 11 1. ORIGEM DO DIREITO DO CONSUMIDOR .................................................................... 11 2. FINALIDADE DO DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................. 11 3. DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................................... 11 O DIREITO DO CONSUMIDOR E A CF/88 .................................................................................. 12 1. DIREITO FUNDAMENTAL.............................................................................................. 12 1.1. EFEITOS DO STATUS DE DIREITO FUNDAMENTAL ............................................... 12 2. PRINCÍPIO DA ORDEM ECONÔNICA ........................................................................... 12 3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA ...................................................................................... 13 4. PROTEÇÃO INFRACONSTITUCIONAL ......................................................................... 13 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR .................................................................................. 15 1. INFLUÊNCIAS ................................................................................................................ 15 2. MICROSSISTEMA JURÍDICO ........................................................................................ 15 3. LEI PRINCIPIOLÓGICA .................................................................................................. 15 3.1. NORMA DE ORDEM PÚBLICA ................................................................................... 15 3.2. NORMA DE INTERESSE SOCIAL .............................................................................. 16 4. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO .............................................. 16 5. DIÁLOGO DAS FONTES ................................................................................................ 17 5.1. CRITÉRIOS TRADICIONAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS DE NORMAS ............. 17 5.1.1. Critério cronológico .............................................................................................. 17 5.1.2. Critério da especialidade ...................................................................................... 17 5.1.3. Critério da hierarquia ............................................................................................ 18 5.2. CRITÉRIO ATUAL ....................................................................................................... 18 5.3. DIÁLOGO ENTRE O CDC E O CC ................................................................................. 18 5.3.1. Diálogo sistemático de coerência ......................................................................... 18 5.3.2. Diálogo sistemático de complementaridade ......................................................... 18 5.3.3. Diálogo das influências recíprocas sistemáticas ................................................... 19 6. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR ............................................... 19 6.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................... 19 6.2. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE .......................................................................... 19 6.2.1. Vulnerabilidade técnica ........................................................................................ 20 6.2.2. Vulnerabilidade jurídica ........................................................................................ 20 CS DE CONSUMIDOR 2 6.2.3. Vulnerabilidade econômica .................................................................................. 20 6.2.4. Vulnerabilidade informacional .............................................................................. 21 6.3. PRINCÍPIO DA BOA-FE OBJETIVA ............................................................................ 21 6.3.1. Conceito e fundamento ........................................................................................ 21 6.3.2. Boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva ........................................................................ 22 6.3.3. Funções da boa-fé ............................................................................................... 22 6.4. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ...................................................................................... 23 6.5. PRINCÍPIO DA DEFESA DO CONSUMIDOR PELO ESTADO ................................... 23 6.6. PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO .............................................................................. 23 6.7. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA ............................................................................. 23 6.8. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA ...................................................................................... 24 6.9. PRINCÍPIO DO COMBATE AO ABUSO ...................................................................... 24 6.10. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO E DA INFORMAÇÃO ..................................................... 24 6.11. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO..................................................................................... 25 7. DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES ............................................................... 25 7.1. CONSIDERAÇOES INICIAIS ...................................................................................... 25 7.2. DIREITO À VIDA, À SAÚDE E À SEGURANÇA (I) ..................................................... 26 7.3. DIREITO À EFUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL (II) .................................................. 26 7.4. DIREITO À LIBERDADE DE ESCOLHA (II) ................................................................ 26 7.5. DIREITO À IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES (II) ................................................. 26 7.6. DIREITO À INFORMAÇÃO (III) ................................................................................... 26 7.7. DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (IV) ........ 27 7.8. DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS (V)......... 27 7.8.1. Modificação das cláusulas contratuais ................................................................. 27 7.8.2. Revisão das cláusulas contratuais: ...................................................................... 28 7.9. DIREITO À EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS, INDIVIDUAIS, COLETIVOS E DIFUOS (VI) ......................................................... 29 7.9.1. Reparação por dano moral ................................................................................... 29 7.9.2. Reparação por dano moral coletivo ...................................................................... 30 7.9.3. Reparação por dano social................................................................................... 31 7.10. DIREITO DE ACESSO À JUSTIÇA (VII) ..................................................................... 31 7.11. DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA .......................................................... 31 7.12. DIREITO À PRESTAÇÃO ADEQUADA E EFICAZ DO SERVIÇO PÚBLICO .............. 31 CAMPO DE INCIDÊNCIA DO CDC .............................................................................................. 32 1. RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO ............................................................................ 32 CS DE CONSUMIDOR 3 2. CONSUMIDOR ...............................................................................................................32 2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 32 2.2. CONSUMIDOR EM SENTIDO ESTRITO .................................................................... 32 2.3. CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO ........................................................................ 34 2.3.1. Em sentindo coletivo ............................................................................................ 34 2.3.2. Bystander ............................................................................................................. 34 2.3.3. Potencial ou virtual ............................................................................................... 36 2.4. ESQUEMATIZANDO: ESPÉCIES DE CONSUMIDOR ................................................ 36 3. FORNECEDOR .............................................................................................................. 36 3.1. CONCEITO ................................................................................................................. 36 3.2. ELEMENTO NUCLEAR............................................................................................... 37 3.3. MERCADO DE CONSUMO ........................................................................................ 38 4. PRODUTO ...................................................................................................................... 38 5. SERVIÇO ....................................................................................................................... 38 5.1. REMUNERAÇÃO ........................................................................................................ 38 5.2. SERVIÇOS BANCÁRIOS, FINANCEIROS, DE CRÉDITO E SECURITÁRIOS ........... 39 5.3. SERVIÇOS PÚBLICOS ............................................................................................... 39 5.3.1. Uti singuli e uti universi ......................................................................................... 39 5.3.2. Natureza da remuneração .................................................................................... 40 5.4. SERVIÇOS NOTARIAIS .............................................................................................. 40 RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES DE CONSUMO .................................................. 41 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 41 1.1. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA X OBJETIVA ............................................. 41 1.2. FUNDAMENTO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA NO CDC ............................... 41 1.3. JUSTIÇA DISTRIBUTIVA ............................................................................................ 41 2. SISTEMÁTICA DO CDC ................................................................................................. 41 3. TEORIA DA QUALIDADE ............................................................................................... 42 3.1. QUALIDADE-SEGURANÇA ........................................................................................ 42 3.2. QUALIDADE-ADEQUAÇÃO ........................................................................................ 42 4. DEFEITO X VÍCIO .......................................................................................................... 43 5. RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO PRODUTO ............................................ 43 5.1. PREVISÃO LEGAL E NOÇÕES GERAIS ................................................................... 43 5.2. ESPÉCIES DE FORNECEDORES ............................................................................. 44 5.2.1. Fornecedor real .................................................................................................... 44 CS DE CONSUMIDOR 4 5.2.2. Fornecedor presumido ......................................................................................... 44 5.2.3. Fornecedor aparente ............................................................................................ 44 5.3. PRESSUPOSTOS ....................................................................................................... 45 5.3.1. Conduta ............................................................................................................... 45 5.3.2. Dano .................................................................................................................... 45 5.3.3. Nexo causal ......................................................................................................... 45 5.3.4. Defeito.................................................................................................................. 45 5.4. PRODUTOS DEFEITUOSOS...................................................................................... 45 5.4.1. Defeito de concepção ou de criação .................................................................... 46 5.4.2. Defeito de fabricação ........................................................................................... 46 5.4.3. Defeito de comercialização .................................................................................. 46 5.5. RESPONSABILIDADE DO COMERCIANTE ............................................................... 46 5.6. DIREITO DE REGRESSO E DENUNCIAÇÃO DA LIDE .............................................. 47 5.7. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADES .............................................. 48 5.7.1. Não colocou o produto no mercado ...................................................................... 48 5.7.2. Defeito inexiste ..................................................................................................... 48 5.7.3. Culpa exclusiva .................................................................................................... 49 5.7.4. Caso fortuito e força maior ................................................................................... 49 5.7.5. Risco de desenvolvimento.................................................................................... 50 5.7.6. Sistematizando ..................................................................................................... 50 6. RESPONSABILIDADE CIVIL PELO FATO DO SERVIÇO .............................................. 51 6.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................. 51 6.2. FORNECEDORES RESPONSÁVEIS ......................................................................... 51 6.3. SERVIÇO DEFEITUOSO ............................................................................................ 52 6.3.1. Defeito na concepção ........................................................................................... 52 6.3.2. Defeito na prestação ............................................................................................ 52 6.3.3. Defeito na comercialização .................................................................................. 52 6.4. CAUSAS EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE ................................................ 52 6.4.1. Ausência de defeito .............................................................................................. 52 6.4.2. Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros .................................................... 53 6.4.3. Caso fortuito ou força maior ................................................................................. 53 6.5. RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL ............................................... 53 6.5.1. Obrigação de meio e obrigação de resultado ....................................................... 54 6.5.2. Responsabilidadede médicos e de hospitais ....................................................... 54 CS DE CONSUMIDOR 5 7. RESPONSABILIDADE CIVIL PELO VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ................. 55 7.1. FATO GERADOR ........................................................................................................ 55 7.2. RESPONSABILIDADE OBJETIVA .............................................................................. 55 7.3. RESPONSABILIDADE SOLIDARIA ............................................................................ 56 7.3.1. Jurisprudência do STJ e Solidariedade ................................................................ 57 7.3.2. Exceções à solidariedade .................................................................................... 58 8. VÍCIO DE QUALIDADE DO PRODUTO .......................................................................... 58 8.1. PREVISÃO LEGAL ..................................................................................................... 58 8.2. ESPÉCIES DE VÍCIO .................................................................................................. 58 8.3. PONTA DE ESTOQUE................................................................................................ 59 8.4. PRODUTO USADO ..................................................................................................... 59 8.5. PRAZOS PARA SANAR O VÍCIO ............................................................................... 59 8.6. ALTERNATIVAS REPARATÓRIAS ............................................................................. 60 8.7. UTILIZAÇÃO IMEDIATA DAS ALTERNATIVAS REPARATÓRIAS ............................. 60 9. VÍCIO DE QUANTIDADE DO PRODUTO ....................................................................... 61 9.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................. 61 9.2. DIMINUIÇÃO DO VOLUME DO PRODUTO ................................................................ 61 9.3. PRAZO PARA SANAR O VÍCIO .................................................................................. 62 9.4. ALTERNATIVAS REPARATÓRIAS ............................................................................. 63 10. VÍCIO DE QUALIDADE DO SERVIÇO ........................................................................... 63 10.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................. 63 10.2. ESPÉCIES DE VÍCIOS ............................................................................................... 63 10.3. PRAZO PARA SANAR O VÍCIO .................................................................................. 64 10.4. RESPONSABILIDADE DOS PROFISSIONAIS LIBERAIS .......................................... 64 10.5. ALTERNATIVAS REPARATÓRIAS ............................................................................. 64 11. VÍCIO DE QUANTIDADE DO SERVIÇO ......................................................................... 64 11.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................. 64 11.2. PRAZO PARA SANAR O VÍCIO .................................................................................. 64 11.3. ALTERNATIVAS REPARATÓRIAS ............................................................................. 64 11.4. SERVIÇO PÚBLICO ................................................................................................... 64 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA ..................................................................................................... 1 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 67 2. DECADÊNCIA ................................................................................................................ 67 2.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................... 67 CS DE CONSUMIDOR 6 2.2. PRODUTO OU SERVIÇO DURÁVEL ........................................................................... 67 2.3. CONCEITOS IMPORTANTES ...................................................................................... 68 2.4. CONTAGEM DO PRAZO .............................................................................................. 68 2.5. CAUSAS QUE OBSTAM A DECADÊNCIA ................................................................... 69 2.6. GARANTIA LEGAL E GARANTIA CONTRUTUAL ........................................................ 69 3. PRESCRIÇÃO ................................................................................................................ 70 3.1. PREVISÃO LEGAL ....................................................................................................... 70 3.2. CONTAGEM DO PRAZO .............................................................................................. 70 3.3. CAUSAS DE INTERRUPÇÃO E SUSPENSÃO ............................................................ 70 3.4. PRESCRIÇÃO DE OUTRAS PRETENSÕES REPARATÓRIAS ................................... 71 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ........................................................... 73 1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÃO ........................................................................ 73 2. HIPÓSES DE DESCONSIDERAÇÃO ............................................................................. 73 3. TEORIAS SOBRE A DESCONSIDERAÇÃO .................................................................. 74 2.1. TEORIA MAIOR ............................................................................................................ 74 2.2. TEORIA MENOR .......................................................................................................... 74 4. DESCONSIDERAÇÃO DO CC X DESCONSIDERAÇÃO DO CDC ................................ 74 5. NCPC E DESCONSIDERAÇÃO ..................................................................................... 75 PRÁTICAS COMERCIAIS ............................................................................................................ 76 1. PUBLICIDADE ................................................................................................................ 76 1.1. CONCEITO ................................................................................................................... 76 1.2. DIFERENCIAÇÕES ...................................................................................................... 76 1.3. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO PUBLICITÁRIA ............................................................. 76 1.3.1. Princípio da identificação da publicidade .............................................................. 76 1.3.2. Princípio da vinculação contratual da publicidade ................................................ 76 1.3.3. Princípio da transparência da fundamentação da publicidade .............................. 77 1.3.4. Princípio da inversão do ônus da prova................................................................ 77 2. PUBLICIDADE ENGANOSA ........................................................................................... 78 2.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................... 78 2.2. RESPONSABILIDADE .................................................................................................. 78 2.3. FORMAS DE PUBLICIDADE ENGANOSA ................................................................... 78 2.3.1. Comissiva ............................................................................................................ 78 2.3.2. Omissiva ..............................................................................................................78 2.3. SUJEITOS RESPONSÁVEIS ........................................................................................ 79 CS DE CONSUMIDOR 7 2.4. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA E DO VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO ............... 79 3. PUBLICIDADE ABUSIVA ............................................................................................... 79 3.1. PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES .................................................................... 79 3.2. HIPÓTES DE PUBLICIDADE ABUSIVA NO CDC ........................................................ 80 3.3. RESPONSABILIDADE .................................................................................................. 80 3.4. SUJEITOS RESPONSÁVEIS ........................................................................................ 80 4. PRÁTICAS ABUSIVAS ................................................................................................... 80 COBRANÇA DE DÍVIDAS ............................................................................................................ 84 1. REPETIÇÃO DO INDÉBITO ........................................................................................... 84 1.1. PREVISÃO LEGAL ....................................................................................................... 84 1.2. PRESSUPOSTOS ........................................................................................................ 84 1.3. JURISPRUDÊNCIA DO STJ E REPETIÇÃO DO INDÉBITO ........................................ 84 1.4. CC x CDC ..................................................................................................................... 84 2. ARQUIVO DE CONSUMO .............................................................................................. 85 2.1. CONCEITO ................................................................................................................... 85 2.2. ESPÉCIES .................................................................................................................... 85 2.3. NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................. 85 3. BANCO DE DADOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO ...................................................... 85 3.1. AÇÕES ......................................................................................................................... 85 3.2. FINALIDADE ................................................................................................................. 86 3.3. NEGATIVAÇÃO ............................................................................................................ 86 3.4. QUALIDADE DAS INFORMAÇÕES .............................................................................. 86 3.5. RESPONSABILIDADE POR INFORMAÇÃO INVERÍDICA ........................................... 86 4. DIREITOS DOS CONSUMIDORES PERANTE OS ARQUIVOS DE CONSUMO ........... 86 4.1. DIREITO À COMUNICAÇÃO POR ESCRITO DO ASSENTO (ART. 43, §2º) ............... 86 4.2. DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO (ART. 43, CAPUT) ....................................... 87 4.3. DIREITO À CORREÇÃO DA INFORMAÇÃO (ART. 43, § 3º) ....................................... 87 5. RESPONSABILIDADE PELO CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO ................................ 88 5.1. RESPONSÁVEL ........................................................................................................... 88 5.2. PRAZO ......................................................................................................................... 88 6. RESPONSABILIDADE PELO ARQUIVAMENTO INDEVIDO .......................................... 88 7. LIMITES TEMPORAIS DOS REGISTROS NEGATIVOS ................................................ 88 PROTEÇÃO CONTRATUAL ......................................................................................................... 90 1. PRINCÍPIOS NORTEADORES DA PROTEÇÃO CONTRATUAL ................................... 90 CS DE CONSUMIDOR 8 1.1. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA ............................................................................... 90 1.2. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO FAVORÁVEL ........................................................ 90 1.3. PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO DO FORNECEDOR ..................................................... 90 1.4. PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO DOS CONTRATOS .................................................. 90 2. DIREITO DE ARREPENDIMENTO ................................................................................. 91 3. TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL ............................................................. 91 4. CLÁUSULAS ABUSIVAS ................................................................................................ 92 4.1. DEFINIÇÃO .................................................................................................................. 92 4.2. AFERIÇÃO OBJETIVA ................................................................................................. 94 4.3. NULIDADE DE PLENO DIREITO ................................................................................. 94 4.4. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO ................................................................................. 94 4.5. IMPRESCRITIBILIDADE ............................................................................................... 94 4.6. INTEGRAÇÃO DE CONTRATO ................................................................................... 94 4.6. ESPÉCIES DE CLÁUSULAS ABUSIVAS ..................................................................... 94 5. CRÉDITOS E FINANCIAMENTOS AO CONSUMIDOR .................................................. 97 5.1. SUPERENDIVIDAMENTO ............................................................................................ 97 5.2. MULTA MORATÓRIA ................................................................................................... 98 5.3. LIQUIDAÇÃO ANTECIPADA DO DÉBITO .................................................................... 98 6. CONTRATO DE COMPRA E VENDA À PRESTAÇÃO E ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA ................................................................................................................................ 99 7. CONTRATO DE ADESSÃO ............................................................................................ 99 7.1. CARACTERÍSTIVAS................................................................................................... 100 7.2. CLÁUSULA RESOLUTÓRIA ....................................................................................... 100 7.3. FORMA ....................................................................................................................... 100 7.4. CLÁUSULAS RESTRITIVAS DE DIREITOS DO CONSUMIDOR ............................... 100 DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO .................................................................................... 101 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 101 2. TUTELA ESPECÍFICA .................................................................................................. 101 2.1. IMPACTOS DO NCPC NA TUTELA ESPECÍFICA DO DIREITO DO CONSUMIDOR 102 2.1.1. Adiantamento da tutela específica – CDC, art. 84, §3º ....................................... 102 2.1.2. Multa coercitiva (astreintes) – CDC, art. 84, §4º: ................................................ 103 3. COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO DO CONSUMIDOR .............................................. 103 4. DIREITO À INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ............................................................ 104 4.1. PREVISÃO LEGAL .....................................................................................................104 4.2. REQUISITOS .............................................................................................................. 104 CS DE CONSUMIDOR 9 4.2.1. Verossimilhança das alegações ......................................................................... 104 4.2.2. Hipossuficiência do consumidor ......................................................................... 104 4.3. MOMENTO DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA ................................................... 104 4.4. CUSTEIO DA PROVA ................................................................................................. 105 4.5. EFEITOS DA INVERSÃO ........................................................................................... 105 CS DE CONSUMIDOR 10 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. A grande maioria dos concurseiros possui o hábito de trocar o material de estudo constantemente, principalmente, em razão da variedade que se tem hoje, cada dia surge algo novo. Porém, o ideal é você utilizar sempre a mesma fonte, fazendo a complementação necessária, eis que quanto mais contato temos com determinada fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que se torna primordial na hora da prova. O Caderno Sistematizado de Direito do Consumidor possui como base as aulas do Prof. Leonardo Garcia (CERS) e Landolfo Andrade (G7), com o intuito de deixar o material mais completo, utilizados as seguintes fontes complementares: a) Interesses Difusos e Coletivos Esquematizados, 2017, (Cleber Masson, Landolfo Andrade.); b) Código de Defesa do Consumidor Comentado artigo por artigo, 2017, (Leonardo de Medeiros Garcia). Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! Equipe Cadernos Sistematizados. CS DE CONSUMIDOR 11 NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 1. ORIGEM DO DIREITO DO CONSUMIDOR Inicialmente, destaca-se que o ser humano realiza atos de consumo desde sempre, há, inclusive, menção no Código de Hamurabi. Contudo, focaremos o estudo a partir da história mais recente da humanidade, especialmente à época que surgiu a sociedade em consumo em massa. Pós revolução industrial, muitas pessoas que viviam no campo migraram para as cidades em busca de empregos, causando, consequentemente, a insuficiência de serviços públicos, bem como o surgimento de dois grandes grupos: fornecedores (controlam os meios de produção) e os consumidores. Estava formada a sociedade de consumo em massa, levada por técnicas eficientes de marketing a consumir de modo impulsivo e sem reflexão. Neste cenário, o direito privado tradicional mostrou-se ineficaz para tutelar os agentes econômicos vulneráveis: os consumidores. Atribui-se a um discurso do Presidente norte-americano John F. Kennedy, no ano de 1962 – no qual foram referidos como direitos básicos o direito à segurança, o direito à informação, o direito de escolha e o direito de ser ouvido –, o despertar para uma reflexão mais profunda sobre a importância da proteção dos direitos dos consumidores. No ano de 1972 realizou-se, em Estocolmo, a Conferência Mundial do Consumidor. A Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 1985, por meio da Resolução 39/248, estabeleceu diretrizes para o direito do consumidor, reconhecendo a necessidade de proteção desse agente econômico vulnerável, em suas relações frente aos fornecedores. No Brasil, a CF/88 erigiu o Direito do Consumidor à categoria de direito fundamental. Em 1990, editou-se o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990). 2. FINALIDADE DO DIREITO DO CONSUMIDOR Basicamente, visa proteger o consumidor, reduzindo a desigualdade existente entre consumidor e fornecedor na relação de consumo. 3. DEFINIÇÃO DE DIREITO DO CONSUMIDOR Direito do Consumidor é o conjunto de normas e princípios que regula a tutela de um sujeito especial de direitos, a saber, o consumidor, como agente privado vulnerável, nas suas relações frente a fornecedores. Destaca-se que o enfoque, no Brasil, é a tutela do sujeito vulnerável, por isso tutela-se o consumidor. Na França, diferentemente, tutela-se o consumo, ou seja, o objeto. CS DE CONSUMIDOR 12 O DIREITO DO CONSUMIDOR E A CF/88 1. DIREITO FUNDAMENTAL A CF/88 consagrou a defesa do consumidor como um direito fundamental, nos termos do art. 5º, XXXII, in verbis: Art. 5º XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. É um direito de terceira geração/dimensão, está dentro dos direitos difusos. 1.1. EFEITOS DO STATUS DE DIREITO FUNDAMENTAL A doutrina aponta três consequências da consagração do Direito do Consumidor como um direito fundamenta, quais sejam: a) Proteção como parte do núcleo imodificável da CF – trata-se, portanto, de uma cláusula pétrea (art. 60, §4º); b) Eficácia horizontal (direta ou indireta) do direito fundamental – o Estado deverá garantir que os fornecedores respeitem o direito do consumidor. Será direta, quando utilizar o texto constitucional para proteção dos direitos dos consumidores; será indireta, quando se utilizar norma infraconstitucional para proteção, por exemplo as normas do CDC. c) Garantia constitucional deste novo ramo do direito, tendo em vista a força normativa da Constituição. Significa que nenhuma lei poderá desrespeitar a normatividade do CDC, pois está lastreado na força normativa da Constituição, o que garante a eficácia de suas normas. OBS.: Para alguns, aplica-se aqui a Teoria da Proibição do Retrocesso, segundo a qual, qualquer norma que tente diminuir ou suprimir direitos dos consumidores deve ser considerada inconstitucional. 2. PRINCÍPIO DA ORDEM ECONÔNICA A CF, em seu art. 170, V, consagra o direito do consumidor como um princípio da ordem econômica. Desta forma, o Estado poderá intervir na economia para a defesa dos consumidores. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor Para a doutrina, este princípio possui um caráter conformador, pois autoriza a intervenção do Estado na economia – decorrência do Estado Social de Direito -, bem como conforma a atuação do fornecedor, garantindo a sua livre iniciativa, mas garantindo a proteção do consumidor. É uma forma de harmonizar o sistema, evitando o desequilíbrio na relação consumerista. CS DE CONSUMIDOR 13 3. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA Nos termos do art. 24 da CF, a competência para legislar sobre produção e consumo (inciso V), bem como sobre responsabilidade por danos ao consumidor (inciso VIII) é concorrente entre a União,os Estados e o DF. A União possui competência para legislar sobre as normas gerais, ao passo que os Estados e o DF podem legislar de forma suplementar, ou seja, com o intuito de adequar a legislação federal às peculiaridades locais. Destaca-se que havendo inércia da União, poderá ser exercida a competência plena, nos termos dos §§ 3º e 4º, do art. 24 da CF. Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) V - produção e consumo; (...) VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; (...) § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Igualmente, os Municípios possuem competência para legislar sobre direito do consumidor, tratando-se de interesse local, nos termos do art. 30 da CF. Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; Cita-se, como exemplo, a lei municipal que obrigue agências bancárias a disponibilizarem bebedouros ou banheiros aos clientes; lei municipal que regule o tempo de espera em filas. Recurso extraordinário. Constitucional. Consumidor. Instituição bancária. Atendimento ao público. Fila. Tempo de espera. Lei municipal. Norma de interesse local, legitimidade. Lei municipal 4.188/01. Banco. Atendimento ao público e tempo máximo de espera na fila. Matéria que não se confunde com a atinente às atividades bancárias. Matéria de interesse local e de proteção ao consumidor. Competência legislativa do município. Recurso extraordinário conhecido e provido. (STF, RE 432.789) 4. PROTEÇÃO INFRACONSTITUCIONAL O legislador constituinte, no art. 48 do ADCT, determinou que em 120 dias, após a promulgação da CF/88, o Congresso Nacional deveria editar um Código de Defesa do Consumidor, confirmando a grande importância deste ramo do direito na tutela dos vulneráveis. Art. 48 ADCT - O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. CS DE CONSUMIDOR 14 Em 1990, editou-se a Lei 8.078/90, Código de Defesa do Consumidor (CDC) que organizou, sistematicamente, as normas de proteção a este sujeito especial de direitos, a partir de princípios e regras específicos, que serão analisados ao longo do nosso Caderno Sistematizado. OBS.: De acordo com STF e STJ, o CDC não pode ser aplicado em situações anteriores a sua vigência. Salvo nos casos de prestações sucessivas, em que o contrato é por prazo indeterminado, a exemplo dos contratos de plano de saúde CS DE CONSUMIDOR 15 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR 1. INFLUÊNCIAS O Código de Defesa do Consumidor foi inspirado em vários modelos legislativos estrangeiros, mas foi o Código de Consumo francês nossa principal influência. Salienta-se que o CDC foi uma norma extremamente revolucionária, servindo, hoje, como modelo para outros países da América Latina. 2. MICROSSISTEMA JURÍDICO O CDC inaugurou um microssistema jurídico, pois trouxe princípios gerais que devem orientar a aplicação das normas consumeristas em todas as relações jurídicas de consumo. Instituiu uma base principiológica sólida que confere coesão ao sistema, sem ter a preocupação de exaurir o sistema. Por exemplo, não trata de cada espécie de relação jurídica, mas trouxe uma base sólida de princípios que devem ser observadas em todas e quaisquer relações jurídicas que envolvam fornecedor e consumidor. STJ - O microssistema jurídico criado pela legislação consumerista busca dotar o consumidor de instrumentos que permitam um real exercício dos direitos a ele assegurados e, entre os direitos básicos do consumidor, previstos no art. 6.º, VIII, está a facilitação da defesa dos direitos privados Podemos citar, ainda, a multidisciplinariedade como outra característica do CDC, visto que cuida de questões que se acham inseridas nos Direitos Constitucional, Civil, Penal, Processual e Administrativo, sempre com o intuito de promover a efetiva tutela dos interesses dos consumidores. 3. LEI PRINCIPIOLÓGICA O CDC é uma lei principiológica, tendo em vista que consagras os princípios que devem ser seguidos em todas as relações de consumo. É, nos termos do seu art. 1º, uma norma de ordem pública e de interesse social, inserida (como já vimos), no microssistema. Art. 1º CDC - O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. 3.1. NORMA DE ORDEM PÚBLICA De acordo com o Prof. Landolfo de Andrade, as normas de ordem pública ou cogentes são aquelas que, por estabelecerem valores básicos e fundamentais de nossa ordem jurídica, transcendem o interesse das partes, prevalecendo sobre a vontade destas. CS DE CONSUMIDOR 16 São normas que permitem a intervenção do juiz de ofício, a fim de que seja preservado o interesse do consumidor e o interesse social. Por exemplo, em tese, o juiz pode inverter o ônus da prova de ofício, declarar a nulidade de cláusulas abusivas. ATENÇÃO! A Súmula 381 do STJ proíbe que o juiz declare de ofício as cláusulas abusivas nos contratos bancários. De acordo com o Professor, esta súmula poderá ser aplicada para outras espécies de contratos de consumo, sendo a atual posição do STJ. Súmula 381 STJ – Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade da cláusula. Cláudia Lima Marques, em entendimento minoritário, afirma que o CDC poderá retroagir e ser aplicado a relações que tenham ocorrido antes de sua vigência, justamente por ser considerado uma norma de ordem pública. Como visto acima, nem o STF e nem o STJ aceitam esta tese. 3.2. NORMA DE INTERESSE SOCIAL Para Landolfo Andrade, o CDC é uma norma de interesse social, pois interessa mais diretamente à sociedade do que aos particulares. O CDC visa proteger a relação de consumo. Ou seja, o combate aos abusos não interessa apenas as partes, mas sim toda a coletividade, pois estas relações são disseminadas. 4. POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO O art. 4º do CDC é considerado uma norma narrativa, pois traz os objetivos e os princípios da relação de consumo, não se limitando a estabelecer um programa. Funciona como um guia para a aplicação das demais normas do CDC. Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor coma necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; CS DE CONSUMIDOR 17 V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. Objetivos da política nacional das relações de consumo: • Defesa dos interesses dos consumidores; • Transparência nas relações de consumo; • Harmonia entre consumidores e fornecedores. Por fim, destaca-se que embora inspirada na reconhecida necessidade de proteger o consumidor, agente vulnerável nas relações de consumo, não tem caráter paternalista, ou seja, não visa a favorecer ilimitada e injustificadamente este especial sujeito de direitos. Ao contrário, quando se fala em “política nacional de relações de consumo”, o que se busca é a propalada harmonia que deve regê-las a todo o momento 5. DIÁLOGO DAS FONTES É uma técnica utilizada para solucionar princípios de interesses. Por ser uma norma principiológica, os princípios do direito do consumidor alcançam as relações consumeristas em todo o ordenamento jurídico. Para melhor entendimento, o Professor usa o exemplo de uma laranja afirmando que por ser uma norma principiológica, o CDC faz um corte transversal na laranja, alcançando todos os seus gomos. Desta forma, será aplicado aos planos de saúde, às relações hoteleiras, às mensalidades escolares, ao transporte de passageiros, enfim todos os ramos da atividade econômica. Há leis setoriais, as quais regulam cada atividade econômica. Haverá, com isso, uma relação de convivência entre o CDC e estas leis. Consequentemente, há casos em que pode ocorrer um conflito aparente de normas. 5.1. CRITÉRIOS TRADICIONAIS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS DE NORMAS Os critérios tradicionais excluem uma das normas do ordenamento jurídico, verdadeiro monólogo. Atualmente, são insuficientes para a solução de conflitos entre normas. 5.1.1. Critério cronológico A lei mais nova revoga a lei antiga. 5.1.2. Critério da especialidade CS DE CONSUMIDOR 18 Lei especial prevalece sobre lei geral. 5.1.3. Critério da hierarquia Lei superior revoga lei inferior. 5.2. CRITÉRIO ATUAL Como visto acima, o diálogo das fontes é um novo critério de solução de conflitos entre normas. Por este critério, as duas leis serão aplicadas uma em caráter principal e a outra de forma complementar/subsidiária. O STF reconhece o uso da teoria do diálogo das fontes, vejamos: A Emenda Constitucional 40, na medida em que conferiu maior vagueza à disciplina constitucional do sistema financeiro (dando nova redação ao art. 192), tornou ainda maior esse campo que a professora Claudia Lima Marques denominou “diálogo entre fontes” – no caso, entre a lei ordinária (que disciplina as relações consumeristas) e as leis complementares (que disciplinam o sistema financeiro nacional). (STF, ADI 2.591/DF). OBS.: O CDC será sempre aplicado em caráter primário e as outras normas serão aplicadas subsidiariamente, desde que compatíveis com a principiologia do CDC. 5.3. DIÁLOGO ENTRE O CDC E O CC Identifica-se três espécies de diálogos entre o CDC e o CC (Cláudia Lima Marques), a seguir analisaremos cada um deles. 5.3.1. Diálogo sistemático de coerência Consiste no aproveitamento da base conceitual de uma lei pela outra. Conceitos gerais do CC (pessoa jurídica, nulidades, provas, contratos) podem ser aproveitados na aplicação do CDC, que deles não se ocupou. Percebe-se que o CDC se preocupou apenas com a construção de conceitos específicos, considerados importantes para a sistemática de defesa dos sujeitos consumidores (ex.: consumidor, fornecedor, produto, serviço). 5.3.2. Diálogo sistemático de complementaridade É a adoção de princípios e normas, em caráter complementar, por um dos sistemas, quando se fizer necessário para a solução de um caso concreto. Na relação de consumo, aplica-se prioritariamente o CDC, e só subsidiariamente, no que couber e for complementarmente necessário, o CC. Por exemplo, o CDC, em seu art. 42, parágrafo único, dispõe que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso. Porém, não estabelece o prazo para o consumidor buscar a satisfação dessa pretensão CS DE CONSUMIDOR 19 em juízo. Nesse caso, como não há norma específica a reger a hipótese, aplica-se, complementarmente, o prazo prescricional de dez anos, estabelecido pela regra geral do Código Civil de 2002 (art. 205). 5.3.3. Diálogo das influências recíprocas sistemáticas É a influência do sistema especial no geral e do sistema geral no especial (diálogo de coordenação e adaptação sistemática). Por exemplo, o CC tornou-se suficiente para harmonizar as relações entre iguais, a aplicação do CDC foi direcionada apenas para a proteção do vulnerável, o que explica a atual opção do STJ pela teoria finalista (simples ou mitigada), na definição do conceito de consumidor. 6. PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO DO CONSUMIDOR 6.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Para a escola jusnaturalista, os princípios gerais do direito não possuíam força de lei. Sua aplicação era feita em caráter suplementar. Havendo lacuna, utilizavam-se os princípios, extraídos do direito natural. Para escola positivista, os princípios são extraídos do próprio ordenamento jurídico, mas não possuem força normativa. Para a escola pós-positivista, os princípios o estão previstos expressa ou implicitamente no próprio ordenamento jurídico e possuem força normativa. Entendem que se diferem das normas quanto à forma e quanto ao conteúdo. OBS.: As cláusulas gerais são disposições normativas que utilizam, no enunciado, uma linguagem aberta, fluída ou vaga, a ser preenchida pelo magistrado quando da análise de um caso concreto. As cláusulas gerais constituem uma moderna técnica legislativa que possibilita ao intérprete determinar, previamente, qual a norma de conduta que deveria ter sido observada naquele caso. E, para alcançar tal objetivo, poderá aproveitar-se de princípios positivados ou não positivados no ordenamento jurídico, concretizando seus valores na solução dos casos concretos. 6.2. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE É o principal princípio do direito do consumidor, traz a ideia de que o consumidor se encontra em uma posição de inferioridade em relação ao fornecedor. Possui fundamento na CF, tendo em vista que a defesa do consumidor é um direito fundamental, bem como um princípio que rege a ordem econômica, conforme vimos acima. Encontra-se expressamente previsto no art. 4º, I do CDC. Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmoniadas relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: CS DE CONSUMIDOR 20 I - Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo OBS.: a vulnerabilidade, aqui, possui presunção absoluta e decorre da própria lei. A doutrina (Cláudia Lima Marques) aponta três espécies de vulnerabilidade, as quais diversas vezes já foram mencionadas em decisões proferidas pelo STJ. 6.2.1. Vulnerabilidade técnica Desconhecimento, por parte do consumidor, das características do produto/serviço. Desta forma, a vulnerabilidade decorre da não participação do consumidor na produção do bem. Eventualmente, o consumidor profissional poderá ser considerado um vulnerável técnico, nos casos em que o produto ou o serviço adquirido não tiver relação com a sua formação, competência ou área de atuação. 6.2.2. Vulnerabilidade jurídica Desconhecimento, por parte do consumidor, dos seus direitos e deveres, incluindo aspectos econômicos e contábeis. 6.2.3. Vulnerabilidade econômica O consumidor é frágil diante do fornecedor, por uma série de motivos, vejamos: • Em razão do forte poder econômico do fornecedor; • Em razão de o fornecedor deter o monopólio fático ou jurídico da relação, • Em razão de o fornecedor desenvolver uma atividade considerada essencial (ex. provedor de internet). Para fixação, vejamos o quadro sistematizado, retirado do Livro Interesses Difusos e Coletivos, bem como apresentado em aula pelo Prof. Landolfo. VULNERABILIDADE DEFINIÇÃO EXEMPLO TÉCNICA Consiste na ausência de conhecimentos específicos sobre o produto que o consumidor adquire ou utiliza. É o caso do estudante que compra um notebook sem possuir conhecimentos técnicos específicos sobre o produto adquirido. JURÍDICA Consiste na falta de conhecimento, pelo consumidor, dos direitos e deveres inerentes à relação de consumo. É o caso da pessoa que firma um compromisso de compra e venda de um lote, junto a uma incorporadora, sem possuir conhecimento jurídico para compreender todos os aspectos do negócio. ECONÔMICA Consiste na condição de fragilidade do consumidor frente ao fornecedor É o caso do pai de família que contrata serviço de internet banda CS DE CONSUMIDOR 21 que, por sua posição de monopólio, fático ou jurídico, por seu forte poderio econômico ou em razão da essencialidade do serviço que fornece, impõe sua superioridade a todos que com ele contratem. larga fornecido em seu endereço por uma única concessionária de serviço público. 6.2.4. Vulnerabilidade informacional A falta da informação é causa de vulnerabilidade. Aqui o consumidor não detém informações suficientes para realizar o processo decisório de aquisição ou não do produto ou serviço. 6.3. PRINCÍPIO DA BOA-FE OBJETIVA 6.3.1. Conceito e fundamento Representa o padrão de conduta que deve ser observado por todos os fornecedores no mercado de consumo, com base em valores éticos, de modo a respeitar as expectativas do consumidor naquela relação jurídica. O fundamento é constitucional, de modo implícito (art. 1º, III e art. 3º I da CF), decorrente da dignidade da pessoa humana e da do princípio da solidariedade, e legal, de modo expresso (art. 4º, III CDC e arts. 113, 187 e 422, CC). CF Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; CF Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; CDC - Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: (...) III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; CC Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa- fé e os usos do lugar de sua celebração. CS DE CONSUMIDOR 22 CC Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. CC Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. 6.3.2. Boa-fé objetiva e boa-fé subjetiva Boa-fé objetiva trata-se de um princípio, ora estudado. Boa-fé subjetiva trata-se do estado anímico da pessoa, ou seja, a sua intenção ao realizar determinado ato. Não interessa ao direito do consumidor. 6.3.3. Funções da boa-fé a) Função interpretativa ou critério hermenêutico (CC, art. 113 e CDC, art. 4º, III) Quando houver, por exemplo, cláusulas contratuais de interpretação dúbia, a interpretação deve ser orientada de acordo com a boa-fé objetiva. b) Função integrativa ou de criação de deveres jurídicos A boa-fé objetiva cria deveres anexos ao contrato que devem ser respeitados, tais como o dever de cuidado, o dever de informação e o dever de cooperação. • Dever de informação: o fornecedor deve informar ao consumidor todas as características do produto; • Dever de cuidado: impõe ao fornecedor o dever de adotar uma conduta protetiva, voltada à prevenção de danos ao patrimônio e à pessoa do consumidor. • Dever de cooperação: as partes de uma relação jurídica de consumo devem cooperar entre si para que as obrigações sejam satisfeitas. STJ (REsp 595.631/SC) - Aplicação do princípio da boa-fé contratual. Deveres anexos ao contrato. O princípio da boa-fé se aplica às relações contratuais regidas pelo CDC, impondo, por conseguinte, a obediência aos deveres anexos ao contrato, que são decorrência lógica deste princípio. O dever anexo de cooperação pressupõe ações recíprocas de lealdade dentro da relação contratual. A violação a qualquer dos deveres anexos implica em inadimplemento contratual de quem lhe tenha dado causa. O descumprimento dos deveres anexos representa uma violação positiva do contrato ou, ainda, um adimplemento ruim do contrato. c) Função de controle ou limitativa do exercício de direitos subjetivos: A atuação do fornecedor é limitada pelo princípio da boa-fé objetiva. Os seus direitos não podem ser exercidos de modo abusivo. A nulidade das cláusulas incompatíveis com a boa-fé objetiva é uma limitação ao exercício de direito pelo fornecedor. CS DE CONSUMIDOR 23 CDC Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: (...) IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; CC Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 6.4. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO Previsto no art. 4º, III, do CDC. CDC - Art.4º, III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; Deve haver um equilíbrio na relação jurídica entre consumidor e fornecedor, tanto no plano material quanto no pano processual pelo CDC. O equilíbrio no plano material seria, por exemplo, o estabelecimento da responsabilidade objetiva por dano ao consumidor. No plano processual, a inversão do ônus da prova visa equilibrar a relação consumerista. 6.5. PRINCÍPIO DA DEFESA DO CONSUMIDOR PELO ESTADO Traduz a ideia de que o Estado deve intervir nas relações de consumo para defender os interesses dos consumidores. Art. 4º, II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. 6.6. PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO Previsto no art. 4º, III, do CDC. Indica a necessidade de se conciliar os interesses dos participantes das relações de consumo, a saber, consumidor e fornecedor. 6.7. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA Em todas as fases da relação de consumo deve haver transparência, mesmo após a fase contratual. É o que se dá com quando o produto apresenta defeito e o fornecedor realiza o recall. CS DE CONSUMIDOR 24 CDC Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: 6.8. PRINCÍPIO DA CONFIANÇA Não possui previsão expressa, sendo extraído do princípio da boa-fé objetiva. Traduz a ideia de que o fornecedor deve respeitar as legitimas expectativas do consumidor na relação de consumo, tanto as expectativas relacionadas ao conteúdo do contrato quanto as expectativas relacionadas ao bem de consumo. STJ - A empresa que fornece estacionamento aos veículos de seus clientes responde objetivamente pelos furtos, ocorridos no seu interior, uma vez que, em troca dos benefícios financeiros indiretos decorrentes desse acréscimo de conforto aos consumidores, o estabelecimento assume o dever de lealdade e segurança, como aplicação concreta do princípio da confiança. (STJ, AgInt no AREsp 844449/SP, 4ª T. rel. Min. Isabel Galotti, j. 06.09.2016). 6.9. PRINCÍPIO DO COMBATE AO ABUSO Previsto no inciso VI, do art. 4º do CDC. Art. 4º, VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; O fornecedor não pode desrespeitar, de forma abusiva, os direitos do consumidor. Destaca-se que se tutela a relação entre os fornecedores, combatendo, por exemplo, as práticas de concorrência desleal. 6.10. PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO E DA INFORMAÇÃO Os consumidores devem ser devidamente informados, a fim de que a decisão do ato de consumo seja a mais consciente, evitando práticas de consumo irrefletidas, evitando, por exemplo, o superendividamento. A educação pode ser: • Formal, inserindo-se uma educação sobre consumo nas disciplinas do ensino básico; • Informal, ministrada pelos meios de comunicação social, normalmente pelo PROCON, pela promotoria do direito do consumidor ou, ainda, pela imprensa. CS DE CONSUMIDOR 25 Art. 4º (...) IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; 6.11. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO Expressamente previsto em diplomas relativos ao Direito Ambiental. Boa parte da doutrina defende que este princípio também se aplique ao direito do consumidor, sendo extraído de normas constitucionais e CDC (previsão da defesa do consumidor, defesa da vida, saúde e segurança do consumidor). Sempre que houver risco cientifico crível, alguma providência deve ser adotada. Difere-se do princípio da prevenção, pois este visa prevenir dano certo, muito provável. No princípio da precaução, o dano não é provável, mas é possível. 7. DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES 7.1. CONSIDERAÇOES INICIAIS A principal inspiração do CDC é a Resolução 39/248 da ONU, de 1985, que apresenta os direitos básicos dos consumidores, trazendo diretrizes para a cooperação jurídica internacional em matéria de direito do consumidor. O art. 6º do CDC traz os direitos básicos do consumidor, em um exemplificativo, assim não há o exaurimento de tais direitos. Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012) Vigência IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; CS DE CONSUMIDOR 26 VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. Antes de analisarmos as espécies de direitos básicos dos consumidores, importante destacar a cláusula de abertura do microssistema, prevista no art. 7º do CDC, segundo a qual para além dos direitos previstos no CDC, todo direito do consumidor, que esteja expressa em outra espécie normativa vai ser inserido no sistema consumerista. Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dosque derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. 7.2. DIREITO À VIDA, À SAÚDE E À SEGURANÇA (I) Consagra um direito ao consumidor e, ao mesmo tempo, um dever ao fornecedor, devendo colocar à disposição dos consumidores somente produtos que não sejam perigosos ou que possam causar danos. 7.3. DIREITO À EFUCAÇÃO FORMAL E INFORMAL (II) Educação formal é a inserida no currículo básico das escolas, com o intuito de formar um consumidor mais consciente. Educação informal é aquela fornecida pelos 7.4. DIREITO À LIBERDADE DE ESCOLHA (II) Direito ao livre consumo, assegurando a livre iniciativa e a livre concorrência. Aplicação prática: venda casada em cinemas (STJ, REsp 744.602/RJ). 7.5. DIREITO À IGUALDADE NAS CONTRATAÇÕES (II) Não se admite tratamento discriminatório entre os consumidores. 7.6. DIREITO À INFORMAÇÃO (III) Informações sobre o bem de consumo devem ser adequadas e claras. A ofensa a esse direito vem sendo admitida como razão para condenação por dano moral. CS DE CONSUMIDOR 27 O direito à informação visa assegurar ao consumidor uma escolha consciente, permitindo que suas expectativas em relação ao produto ou serviço sejam de fato atingidas, manifestando o que vem sendo denominado de consentimento informado ou vontade qualificada 7.7. DIREITO À PROTEÇÃO CONTRA PRÁTICAS E CLÁUSULAS ABUSIVAS (IV) Em linhas gerais, considera-se abusiva toda a atuação do fornecedor no mercado de consumo que viole a principiologia do Código de Defesa do Consumidor, é dizer, que esteja em desconformidade com o padrão de conduta esperado das partes ou, ainda, que esteja em desacordo com a boa-fé objetiva e com a confiança. Analisaremos de forma detalhada em tópico próprio. 7.8. DIREITO À MODIFICAÇÃO E REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS (V) Visa assegurar o equilíbrio econômico da relação contratual. O CDC inovou ao prever o dirigismo contratual, autorizando o Estado a intervir na economia interna do contrato, quando se identificar um desequilíbrio econômico e financeiro na relação contratual. Assim, o consumidor terá direito de modificar o contrato sempre que houver prestação desproporcional. É feita uma análise objetiva, ou seja, basta que tenha uma cláusula desproporcional para que o contrato seja modificado, a fim de se alcançar o equilíbrio entre as partes. O CC, influenciado pelo CDC, trouxe regras que também admitem a intervenção do Estado na economia interna do contrato. 7.8.1. Modificação das cláusulas contratuais O consumidor possui o direito de modificar cláusulas contratuais quando se verifica o desequilíbrio desde o início. Observe que o contrato já nasce em desequilíbrio, afeta o sinalagma genético do contrato. O art. 51 do CDC prevê que a cláusula contratual que colocar o consumidor em desvantagem exagerada será nula de pleno direito. O consumidor poderá, portanto, solicitar a modificação da cláusula geradora das prestações desproporcionais (com base no art. 6º, V, do CDC) ou a declaração de sua nulidade (art. 51 do CDC). Importante salientar que ocorre, aqui, o instituto da lesão (vício do NJ), o qual não deve se confundir com a lesão prevista no CC, vejamos as diferenças no quadro abaixo: CS DE CONSUMIDOR 28 LESÃO NO CDC LESÃO NO CC Previsão: art. 6º, V Previsão: Art. 157 Caracterização: basta a presença de cláusula que estabeleça prestações desproporcionais, em prejuízo do consumidor. Caracterização: além da desproporção das prestações, exige-se a caracterização da necessidade premente ou de inexperiência da parte. Consequência: a regra é a manutenção do contrato, possibilitando-se ao consumidor (parte não beneficiada) solicitar a modificação (art. 6.º, V) ou a decretação da nulidade da cláusula contratual (art. 51). Consequência: a regra é a invalidade do negócio jurídico. Excepcionalmente, o contrato pode ser salvo, a depender da vontade da parte favorecida (art. 157, § 2.º, do CC). Análise objetiva. Análise subjetiva. 7.8.2. Revisão das cláusulas contratuais: O contrato inicia-se equilibrado, mas por situações supervenientes torna-se desequilibrado, causando um prejuízo ao consumidor. Nestes casos, admite-se a revisão do contrato. Aqui, afeta-se o sinalagma funcional do contrato. Destaca-se que não se exige imprevisibilidade, basta que seja um fato superveniente, tendo em vista que o CDC adotou a TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO. STJ - O preceito insculpido no inciso V do art. 6º do CDC dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumidor. A desvalorização da moeda nacional frente à moeda estrangeira que serviu de parâmetro ao reajuste contratual, por ocasião da crise cambial de janeiro de 1999, apresentou graus expressivo de oscilação, a ponto de caracterizar a onerosidade excessiva que impede o devedor de solver as obrigações pactuadas (STJ, REsp 361.694/RS). O CC adotou a TEORIA DA IMPREVISÃO, segundo a qual além de o fato ser superveniente, deverá ser imprevisível. Vejamos o quadro abaixo, a fim de uma melhor compreensão acerca do tema. TEORIA DA BASE OBJETIVA DO NEGÓCIO JURÍDICO (ART. 6º, V, CDC) TEORIA DA IMPREVISÃO (ART. 478 DO CC) Dispensa a análise da previsibilidade do fato superveniente. Exige a imprevisibilidade do fato superveniente. Basta a onerosidade excessiva para o consumidor. Além da onerosidade excessiva para o devedor, exige “extrema vantagem” para o credor. CS DE CONSUMIDOR 29 Consequência: a regra é a revisão do contrato. Excepcionalmente, acarretará a resolução nos casos em que não for possível salvá-lo. Consequência: a regra é a resolução do contrato. Excepcionalmente, poder revisto, a depender da vontade do credor. 7.9. DIREITO À EFETIVA PREVENÇÃO E REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS E PATRIMONIAIS, INDIVIDUAIS, COLETIVOS E DIFUOS (VI) O CDC adotou, como regra, o princípio da reparação integral (restitutio in integrum) dos danos aos consumidores. Por força desse princípio, não se admite, no microssistema do direito do consumidor, a aplicação das regras de mitigação da responsabilidade (a exemplo da regra prevista no art. 944, parágrafo único, do CC) ou de fixação de quantum indenizatório (tarifação), sendo vedadas, igualmente, as estipulações que exonerem ou atenuem a responsabilidade dos fornecedores. Excepcionalmente, nos casos em que o consumidor for pessoa jurídica será possível minorar a reparação do dado, nos termos do art. 51, I, do CDC. É o caso, por exemplo, de uma Universidade que adquire grande quantidade de produtos de limpeza para a manutenção de suas instalações e, no contrato, estipulam que será reduzido o valor. Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser limitada, em situações justificáveis; 7.9.1. Reparação por dano moral A reparação por dano moral possui fundamento constitucional (art. 5º, V e X) Dano moral é a ofensa a um direito da personalidade, atributo personalíssimo com do consumidor. Importante consignar que a dor, o abalo, são consequências
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