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AVI- PSICODIAGNÓSTICO Psicodiagnóstico: É um processo científico limitado no tempo, que utiliza métodos e técnicas psicológicas (input), a nível individual ou não, entendo à luz de princípios teóricos, os problemas, identificando e avaliando aspectos específicos, classificando o caso e prevendo seu curso possível, para comunicar resultados (output). Configura uma situação com papéis bem definidos e com um contrato no qual uma pessoa (o paciente) pede que a ajudem, e outra (o psicólogo) aceita o pedido e se compromete a satisfazê-lo na medida de suas possibilidades. Avaliação Psicológica: é um procedimento que visa avaliar, através de instrumentos previamente validados para determinada função, os diversos processos psicológicos que compõe o indivíduo, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta função. A avaliação diagnóstica é mais ampla que o psicodiagnóstico, e seus objetos de estudo podem ser um sujeito, um grupo, uma instituição, uma comunidade; daí a importância da interdisciplinaridade já que o objeto a avaliar é sempre um sistema complexo, integrado por subsistemas diversos: como o biológico, psicológico, social, cultural, em interação permanente. É uma situação bi-pessoal (psicólogo – paciente ou psicólogo – grupo familiar), de duração limitada, cujo objetivo é conseguir uma descrição e compreensão, o mais profunda possível, da personalidade. Enfatiza também a investigação de algum aspecto em particular, segundo a sintomatologia e as características da indicação (se houver). Abrange os aspectos passados, presentes (diagnóstico) e futuros (prognóstico) desta personalidade, utilizando para alcançar tais objetivos certas técnicas. Ética e Avaliação Psicológica O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, que lhe são conferidas pela Lei no 5.766, de 20 de dezembro de 1971; CONSIDERANDO que o psicólogo, no seu exercício profissional, tem sido solicitado a apresentar informações documentais com objetivos diversos; CONSIDERANDO a necessidade de referências para subsidiar o psicólogo na produção qualificada de documentos escritos decorrentes de avaliação psicológica; CONSIDERANDO a frequência com que representações éticas são desencadeadas a partir de queixas que colocam em questão a qualidade dos documentos escritos, decorrentes de avaliação psicológica, produzidos pelos psicólogos; CONSIDERANDO os princípios éticos fundamentais que norteiam a atividade profissional do psicólogo e os dispositivos sobre avaliação psicológica contidos no Código de Ética Profissional do Psicólogo; CONSIDERANDO as implicações sociais decorrentes da finalidade do uso dos documentos escritos pelos psicólogos a partir de avaliações psicológicas; CONSIDERANDO as propostas encaminhadas no I FORUM NACIONAL DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, ocorrido em dezembro de 2000; CONSIDERANDO a deliberação da Assembléia das Políticas Administrativas e Financeiras, em reunião realizada em 14 de dezembro de 2002, para tratar da revisão do Manual de Elaboração de Documentos produzidos pelos psicólogos, decorrentes de avaliações psicológicas; CONSIDERANDO a decisão deste Plenário em sessão realizada no dia 14 de junho de 2003, RESOLVE: Art. 1º - Instituir o Manual de Elaboração de Documentos Escritos, produzidos por psicólogos, decorrentes de avaliações psicológicas. Art. 2º - O Manual de Elaboração de Documentos Escritos, referido no artigo anterior, dispõe sobre os seguintes itens: I. Princípios norteadores; II. Modalidades de documentos; III. Conceito / finalidade / estrutura; IV. Validade dos documentos; V. Guarda dos documentos. Art. 3º - Toda e qualquer comunicação por escrito decorrente de avaliação psicológica deverá seguir as diretrizes descritas neste manual. Parágrafo único – A não observância da presente norma constitui falta éticodisciplinar, passível de capitulação nos dispositivos referentes ao exercício profissional do Código de Ética Profissional do Psicólogo, sem prejuízo de outros que possam ser argüidos. Art. 4º - Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário. Objetivos O diagnóstico psicológico poderá ter principalmente, os seguintes objetivos: Simples: classificar dados resultantes da administração de técnicas psicométricas, conforme tabelas normativas, com um mínimo de pensamento inferencial de parte dos psicólogos. Um exemplo seria a avaliação de nível intelectual. Descritivo: Determinar a presença de alterações psicopatológicas, com base em observação e exame clínico das funções do ego, geralmente sem administração de testes que exijam a utilização de tabelas de normas estatísticas. Exploração de sinais e sintomas com provas simples não padronizadas. Preventivo: Identificar problemas precocemente, avaliar riscos, fazer uma estimativa de forças e fraquezas das funções do ego, bem como da capacidade de enfrentar situações novas, difíceis, conflitivas ou ansiógenas. Entendimento dinâmico: Investigar o funcionamento do ego, identificar conflitos, determinar causas primárias, realizar interpretações inclusivas, integrando os dados com base em princípios teóricos de personalidade, para a compreensão dinâmica do caso. Classificação nosológica: Identificar a categoria nosológica do caso, conforme classificação adotada e, eventualmente, fornecer dados para fins de pesquisa epidemiológica (CID X e DSMIV-TR). Diferencial: Investigar a natureza de irregularidades ou inconsistências no quadro sintomático ou em resultados de testes, para diferenciar níveis de funcionamento, quadros psicopatológicos, tipos de emergência, etc. Este tipo é a tendência atual em avaliação. Forense: Resolver questões de natureza pericial, principalmente relacionadas com “insanidade”, competência para o exercício de funções de cidadão, avaliação de incapacidade ou comprometimentos psicopatológicos etiologicamente associados com acidentes ou violência sofrida, etc. Prognóstico: Fazer uma estimativa do curso possível do caso, sob circunstâncias previstas, com base em dados do exame psicológico, à luz da experiência clínica e de dados estatísticos que o caso envolve. Histórico O psicodiagnóstico surgiu como consequência do advento da psicanálise que ofereceu novo enfoque para o entendimento e a classificação das doenças mentais. Anteriormente o modelo para estudo da doença mental remontava ao trabalho de Kraepelin e outros e suas tentativas para a definição de critérios diferenciais para diagnóstico da esquizofrenia. De acordo com Ocampo (1981) o psicodiagnóstico pode ser explicado por diferentes modelos: Modelo Médico: aqui é sintetizada a distância do paciente, a falta de identidade do psicólogo, onde o mais importante seria aplicar testes e mandar relato a outro profissional. Modelo da Psicanálise: marco de referência, influência no estudo da personalidade, mas é diferente pela sua metodologia própria. Diagnóstico de tipo compreensivo: o importante aqui seria encontrar sentido, relevância e significativo e entrar em contato. Diagnóstico interventivo: aqui, segundo Ancona-Lopes (1984), seria enfatizada a impossibilidade de separação entre as fases de avaliação e intervenção. Psicodiagnóstico na perspectiva Dinâmica Mediação: Indivíduo que se interpõe entre o organismo avaliado e o estímulo e entre o estímulo e a resposta, a fim de ativar as funções mentais. Estática Dinâmica Natureza da inteligência Produto de uma doação genética Um estado, mais que um traço. Sujeito propenso a modificar-se Objetivo da avaliação Predizer o funcionamento individual; categorizar Avaliar a modificabilidade Tipos de mudanças produzidas Escolher condições para minimizar mudanças no desempenho pra preservar validade e confiança Produzir amostras de mudanças estruturais Princípios para produzir mudanças Não há preocupação com mudança Uso da mediação, focando em outrasáreas para além daquela que requer mudanças Estática Dinâmica Papel do avaliador Neutro, passivo, atento a preservar estabilidade e consistência. Facilitação e eliciação do processo e reforçamento da modificabilidade. Natureza das intervenções Passiva, excessivamente neutro, estandartização e prescrição Atividades inovadoras, ativas e intencionais Critérios de Mediação Intencionalidade e reciprocidade Transcendência Significado Sentimento de competência Busca, planificação e alcance de objetivos Individualização e diferenciação psicológica Sentimento de pertinência Busca da novidade e complexidade Consciência da mudança estrutural Otimismo Auto-regulação e controle do comportamento Comportamento de compartilhar Introdução a Psicopatologia O que o paciente pretende quando submete-se ao psicodiagnóstico? SINAIS- São comportamentos observáveis. SINTOMAS- São sentidos pelo sujeito De acordo com o DSMIV-TR: Eixo 1: Transtorno de humor, Transtorno ansioso, Transtorno alimentar, Transtorno sexual, Dependência química, Demências, Esquizofrenias, Psicoses. Eixo 2: Transtornos de Personalidade: anti-social, borderline, narcisista, histriônico, esquizóide, esquizotípico, esquiva e dependente. Eixo 3: Condição médica geral Eixo 4: Aspectos sócio-ambientais Transtornos de Humor e Ansiosos: Depressão, Distimia, Transtorno afetivo bipolar, TAG, Fobia específica, Fobia social, TOC, TEPT, Estresse agudo, Pânico com e sem agorafobia. Transtorno Alimentar e Sexual: Anorexia Nervosa, Bulimia Nervosa, Obesidade, Vigorexia, Vaginismo , Ejaculação precoce, Anorgasmia, Disfunção erétil, Dispaurenia. Transtornos de Personalidade Borderline: é um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos, e acentuada impulsividade. Fazem esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginário. A percepção da separação ou rejeição iminente ou a perda da estrutura externa podem ocasionar profundas alterações na auto-imagem, afeto, cognição e comportamento. Histriônico: consiste de um padrão invasivo de emocionalidade excessiva e comportamento de busca de atenção. Os indivíduos sentem-se desconfortáveis ou desconsiderados quando não são o centro das atenções. Frequentemente animados e dramáticos, tendem a chamar a atenção sobre si mesmos e podem, de início, encantar as pessoas com quem travam conhecimento por seu entusiasmo, aparente franqueza ou capacidade de sedução. Narcisista: é um padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. Os indivíduos com este transtorno têm um sentimento grandioso de sua própria importância. Eles rotineiramente superestimam suas capacidades e exageram suas realizações, frequentemente parecendo presunçosos ou arrogantes. Eles podem presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e surpreender-se quando não recebem o louvor que esperam e julgam merecer. Anti-social: é um padrão invasivo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que inicia na infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta. Paranóide: é um padrão invasivo de desconfiança e suspeita quanto aos outros, de modo que seus motivos são interpretados como malévolos. Os indivíduos com o transtorno supõem que as outras pessoas os exploram, prejudicam ou enganam, ainda que não exista qualquer evidência apoiando esta ideia. Esquizóide: é um padrão invasivo de distanciamento de relacionamentos sociais e uma faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais. Os indivíduos com Transtorno da Personalidade Esquizóide parecem não possuir um desejo de intimidade, mostram-se indiferentes às oportunidades de desenvolver relacionamentos íntimos, e parecem não obter muita satisfação do fato de fazerem parte de uma família ou de outro grupo social; Esquizotipia: é um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, marcado por agudo desconforto e reduzida capacidade para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico. Esquiva: é um padrão invasivo de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade à avaliação negativa, que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos. Evitam atividades profissionais ou escolares que envolvam contato interpessoal significativo por medo de críticas, desaprovação ou rejeição; Dependente: é uma necessidade invasiva e excessiva de ser cuidado, que leva a um comportamento submisso e aderente e ao medo da separação. Os comportamentos dependentes e submissos visam a obter atenção e cuidados e surgem de uma percepção de si mesmo como incapaz de funcionar adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. ETAPAS DO PROCESSO Aspectos a serem considerados no primeiro contato Empatia, Discrição, Tolerância, Isenção, Ética Entrevista Inicial Define-se como: A entrevista clínica é um conjunto de técnicas de investigação, de tempo delimitado, dirigido por um entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos psicológicos, em uma relação profissional, com o objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais, relacionais ou sistêmicos (indivíduo, casal, família, rede social), em um processo que visa a fazer recomendações, encaminhamentos ou propor algum tipo de intervenção em benefício das pessoas entrevistadas” Deve-se considerar: estado de humor, nível de orientação, vestimenta, linguagem, coerência, dentre outros aspectos. Entrevista Inicial Enquadramento: definir os padrões do processo (o que é?, como é?, quando é? e onde é?) Criação de vínculos: autoconfiança, segurança e credibilidade. Levantamento da queixa (implícita e/ou explícita): motivo da consulta Cuidados ao entrevistar Segundo Eriksson (apud Scheeffer, 1977), existem algumas recomendações para o processo de entrevista psicológica: O entrevistador deve ter cuidado para não transformar a entrevista numa conversa social; O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado, e evitar perguntas que tenham respostas do tipo sim/não. Não deve interromper também o fluxo de pensamentos do entrevistado; Classificação da entrevista Entrevista de anamnese: Na ficha de anamnese deverão conter dados sobre toda a vida deste paciente, desde seu nascimento, desenvolvimento, infância, adolescência e vida adulta quando for o caso. É uma recuperação da memória, o processamento de informações preestabelecidas que são informadas pelo paciente, um resumo de todo um histórico de seu processo saúde-doença. Entrevista Lúdica: Segundo Werlang (2000), é um tipo de entrevista de importante papel no atendimento de crianças. É uma técnica de avaliação muito rica, que permite compreender a natureza do pensamento infantil, fornecendo informações significativas do ponto de vista evolutivo, psicopatológico e psicodinâmico, possibilitando formular conclusões diagnósticas, prognósticas e indicações terapêuticas. Entrevista de Devolução: Constitui-se em uma das formas de comunicação dos resultados do psicodiagnóstico. É a forma verbal de comunicação. Principais técnicas de avaliação em Psicologia Observação: Caracteriza-se pelo olhar diferenciado direcionado ao outro considerando aspectos evidentes ou não. Pode ser direta ou indireta = de acordo com a presença ou não do avaliador no local de observação; Pode ser participativa = de acordo com a interação ou não do avaliador; Pode ser sistemática ou assistemática = de acordo com a definição ou não dos objetivos da observação. Instrumentos associados à observação: Relato ou registro de observação = anedotário Inquirição: Caracteriza-se pelo questionamento investigativo. Utiliza como instrumentos: Inventários, Questionários, Entrevistas Testagem: Caracteriza-se pela estrutura organizada e objetivos específicos considerando idade, sexo e escolaridade. Quanto ao objetivo: Psicométricos : medem habilidades específicas Projetivos: medem aspectos da personalidadeQuanto a modalidade: Verbal, Gráfico, Gráfico – verbal, Execução Quanto a forma de aplicação: Individual, Grupo Quanto a organização: Isolado, Bateria Documentos psicológicos Parecer: é um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma “questãoproblema”, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto. O parecer é composto de 4 (quatro) itens: Identificação, Exposição de motivos , Análise , Conclusão Laudo: Apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão. Exames Complementares Definição: São aqueles exames solicitados pelo psicólogo avaliador, a outros profissionais a fim de esclarecer dúvidas acerca do caso em questão. Ex: Uma criança com dificuldades de aprendizagem. Quais os motivos que podem estar afetando seus processos de aquisição do conhecimento? Após utilizar os instrumentos necessários não se encontra nada que justifique a referida dificuldade. Pode-se solicitar teste visual, audiometria, exames laboratoriais dentre outros. Profissionais a quem podemos recorrer Fonoaudiólogos – queixas associadas à linguagem (desordens no cálculo, na ortografia, na leitura dentre outras); Psicopedagogos – queixas associadas à aprendizagem (provas operatórias de Piaget, a fim de averiguar o estágio de desenvolvimento cognitivo no qual o sujeito se encontra); Psicomotricistas – queixas associadas à motricidade e implicações emocionais associadas; Médicos (pediatras, psiquiatras, neurologistas, clínicos gerais, geriatras).
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