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ARTIGO - PCO II

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O DIREITO PROCESSUAL CIVIL BRASILEIRO À LUZ DO 
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO: A NOVA DINÂMICA ENTRE OS 
SUJEITOS DO PROCESSO 
 
Erick Silva de Oliveira 
 
SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 A visão tradicionalista do processo civil; 3 A 
cooperação no processo civil brasileiro; 4 A atuação das partes e do juiz no processo 
cooperativo; 5 A efetividade processual pelo processo cooperativo; Conclusão; 
Referências 
 
RESUMO 
 
O presente artigo propõe um entendimento acerca do processo civil brasileiro tomando como 
parâmetro o princípio da cooperação ou princípio da colaboração. O princípio da cooperação, 
decerto provocará relevantes alterações no exercício da função jurisdicional, sobretudo na 
atuação das partes e do juiz. É fulcro ora expor no que diz respeito à visão tradicional de 
processo civil, bem como as peculiaridades do hodierno processo quando presente a 
cooperação processual. É imprescindível, desta feita, descrever a atuação dos sujeitos 
processuais - partes e juiz - e levantar alguns benefícios oriundos da atuação cooperativa dos 
que compõe os sujeitos processuais, compreendendo-se, pois, a própria dinâmica do processo 
e a efetividade processual no tocante aos seus benefícios. 
 
Palavras-chave: Processo Civil Brasileiro. Princípio da Cooperação. Sujeitos processuais. 
Efetividade processual. 
 
1 Introdução 
 
O Processo Civil, como todo e qualquer ramo do Direito, sofre, com o decorrer do 
tempo, alterações significativas no que se refere ao exercício da Jurisdição Civil. Mudanças 
estas que modificam o modo de aplicação da jurisdição pelo juiz-magistrado, bem como o 
exercício das formalidades processuais pelas partes que compõem o litígio, de modo a 
transgredir paradigmas processuais do processo civil tradicional. 
A princípio, tendo por base as primárias lições de Teoria Geral do Processo, a 
atuação do Estado-juiz precisa de um caráter de imparcialidade e de neutralidade. No campo 
prático do desenvolver da atividade jurisdicional, todavia, há uma notória necessidade de 
aproximação do julgador para que este possa efetivamente permitir um processo útil e que 
traga resultados indubitavelmente efetivos. 
A efetividade, ora aqui apresentada, diz respeito à possibilidade de exercício da 
garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório (Artigo 5°, inciso LV, CF), uma 
vez que o princípio da cooperação possibilitaria, por intermédio da dialética dos sujeitos do 
processo, um exercício maior de suas razões e fundamentações, sendo o processo, portanto, 
um caminho útil e efetivo para a solução dos conflitos. 
A cooperação, abstratamente oriunda do princípio da cooperação, apresenta-se ora 
como princípio norteador para a aplicação da jurisdição. Se outrora presava-se pelo 
distanciamento do juiz para com as partes, no processo civil moderno, busca-se a 
aproximação entre ambos, para que se possa exercer a aplicação de um direito justo e de viés 
corretivo, além de se promover a plena efetividade do processo e da jurisdição. 
A atuação das partes e do juiz no âmbito do processo cooperativo traz à baila a 
concretização dos anseios norteadores do processo, em que a efetividade, o direito justo, o 
contraditório e a ampla defesa, e o ideal de correção, tem seu conteúdo de materialização 
ampliado no campo prático, chegando-se, pois, a uma jurisdição e a um processo devidamente 
efetivo, que trazem benefícios, sobretudo aos jurisdicionados. 
Desta feita, a compreensão desse novo paradigma é essencial para a apreensão das 
benesses, bem como das maleficências que podem aflorar diante da composição desse novo 
viés principiológico, que irradiará por todo o campo processualístico civil pátrio, causando 
relevantes alterações no exercício das atividades dos sujeitos que compõem o processo. 
 
2 A visão tradicionalista do processo civil 
 
A concepção tradicional de processo, que o presente artigo ora se ocupará, advém 
de uma análise com um viés principiológico do Direito Processual Civil. Uma visão 
tradicionalista do processo é, em suma, uma construção teórica que se pauta em determinados 
princípios, com específicas conceituações e âmbito jurídico de produção de efeitos, que 
determinam o itinerário ideal para a realização das atividades referentes à função jurisdicional 
dos sujeitos do processo (partes e juiz), sem utilização do princípio da cooperação. 
A princípio, tem-se como fundamento basilar da concepção tradicional do 
processo civil o princípio dispositivo. Carlos Cintra, Ada Pellegrini e Cândido Dinamarco 
elucidam que: 
 
o princípio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende, na instrução da 
causa, da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em que se 
fundamentará a decisão: judex secundum allegata et probata partium iudicare debet. 
O princípio é de inegável sentido liberal, porque a cada um dos sujeitos envolvidos 
no conflito sub judice é que deve caber o primeiro e mais relevante juízo sobre a 
conveniência ou inconveniência de demonstrar a veracidade dos fatos alegados. 
(2012, p.73) 
 
O que se percebe é que o juiz deve abster-se de iniciar, por meio da atividade 
jurisdicional, das produções probatórias, devendo tão somente deferir ou indeferir provas 
pertinentes as alegações das partes do processo (autor e réu). Não cabe ao magistrado, 
portanto, produzir esforços para a construção da veracidade dos fatos alegados, mas sim 
realizar uma atividade cognitiva sobre os materiais apresentados pelo autor ou réu, de modo 
que a estes cabe o ônus de provar ou deixar de provar um fato específico. 
Outro aspecto importante é que, além da inércia do magistrado preconizada pelo 
princípio dispositivo, o juiz deve manter-se equidistante e imparcial às partes processuais, a 
fim de garantir a efetivação do princípio da imparcialidade, imparcialidade, aqui, como 
sinônimo de neutralidade. Conforme entendimento de José de Albuquerque Rocha: 
 
uma das características apontadas como idônea a tipificar a jurisdição é a 
imparcialidade do juiz, entendida em dois sentidos: no sentido objetivo, de 
indiferença do juiz a respeito das situações jurídicas objeto do processo; e no sentido 
subjetivo, de equidistância a respeito das partes em relação às quais a sentença opera 
efeitos. (2002, p.92) 
 
O magistrado deve, portanto, ocupar uma posição acima das partes, porém em 
ponto de equivalente distância para com o autor e o réu, para que as atividades de sua 
competência sejam efetivamente validas. Assim, a subjetividade do juiz deve ser composta de 
aspectos lógico-racionais e isenta de parâmetros psicológicos emotivos e passionais, a fim de 
“purificar” o teor constituinte das decisões judiciais. 
O tradicional processo civil comporta, ainda, uma observação no tocante ao 
exercício da jurisdição civil. Preleciona Alexandre Mandelli e Christian Chaves que: 
 
Em geral, o órgão judiciário abstém-se de conduzir mais firmemente o processo ou 
de envolver-se na pesquisa do material de fato. Importante trazer à baila a ideia da 
jurisdição como regulação de uma relação interpessoal por um terceiro imparcial. O 
conteúdo jurisdicional compreende-se na jurisdição civil, em que o magistrado 
regula e determina os direitos e deveres entre as pessoas. Assim, pode-se apontar, 
como elemento formal da jurisdição, a circunstância de emanar tal regulação de um 
órgão independente e imparcial. Frisa-se que este requisito formal é a essência da 
Jurisdição. (p. 81) 
 
A configuração de um juiz imparcial (e neutro) é imprescindível, bem como 
representa um pressuposto de concretização e validação da jurisdição civil. Ou seja, o juiz 
imparcial promove o exercício efetivo da jurisdição imparcial, sendo a imparcialidade, pois, 
umrequisito formal e essencial à jurisdição. 
A concepção tradicional do processo civil, bem como do exercício da jurisdição 
civil perpassa precipuamente por um viés no campo da imparcialidade e do princípio 
dispositivo, em que se presa, em princípio, pelo afastamento e inércia do magistrado, e pela 
imparcialidade e neutralidade deste - também da jurisdição. 
 
3 A cooperação no processo civil brasileiro 
 
A cooperação no processo civil brasileiro constitui-se como uma transgressão de 
um paradigma referente à dinâmica do processo civil brasileiro. Se outrora, na concepção 
tradicional do processo civil, a inércia, a imparcialidade e a neutralidade do juiz formavam o 
arcabouço teórico da jurisdição civil, ora a cooperação torna-se fulcro na existência e 
aplicação desta, em que se busca a concretização dos anseios dos jurisdicionados de forma 
efetiva e justa. 
O modelo processual constituído com base no princípio da cooperação apresenta-
se, em verdade, como uma diretriz de atuação do magistrado-juiz, em que este se apresenta 
isonômico e assimétrico tão somente quando vai proferir suas decisões. Deve, de fato, exercer 
um dúplice papel de permitir um diálogo paritário e proferir, ademais, uma decisão 
assimétrica. (MITIDIERO, 2012) 
Profere Laura Fernandes Parchen que: 
 
o diálogo do juiz com as partes é, na verdade, uma garantia de democratização do 
processo, porquanto exige a aplicação do iura novit curia com olhos na efetiva e 
correta aplicação do direito e na justiça do caso. A colaboração das partes com o juiz 
e deste com aquelas é uma decorrência lógica da concretização do princípio do 
contraditório. Isso porque o conteúdo do contraditório, como dito alhures, não se 
esgota na ciência bilateral dos atos do processo e na possibilidade de contraditá-los; 
ao invés, vai mais além, consiste também na faculdade de as partes contribuírem 
efetivamente na formação do provimento judicial. Impõe-se, por conseguinte, alçar o 
princípio da cooperação como baliza mestra do processo civil brasileiro, ou, nas 
palavras de ALVARO DE OLIVEIRA, como “pedra angular e exponencial do 
processo civil”. (p.10) 
 
A cooperação surge, a princípio, de uma modificação da concepção finalística do 
diálogo. No processo civil moderno, em que surge a necessidade cooperativa, o diálogo não 
pode ser visto tão somente como uma regra de aplicação para o exercício do contraditório ou 
do cumprimento do formalismo prático jurídico, mas sim como a aplicação da democratização 
do processo civil, de modo que o diálogo consequentemente amplie as possibilidades e 
probabilidades de aplicação do direito de forma justa e igualitária. 
Esse princípio incide inicialmente na postura de atuação do magistrado. 
Preleciona Érika de Sá Marinho: 
 
nesse diapasão, o juiz tem o poder-dever de incitar as partes a complementarem as 
informações ou ainda produzir novas provas para que, com base nessas informações 
ou ainda produzir novas provas para que, com base nessas informações, para 
solucionar o litígio. Cabe ainda ao juiz esclarecer os fatos associados ao litígio o que 
se expressa no poder de nomear advogado , quando as partes não estiverem 
devidamente representadas, colaborando dessa forma para que se solucione de forma 
correta o conflito, principalmente nas hipóteses, em que as partes não tenham 
produzido as provas necessárias para poder atingir os objetivos efetivos no processo. 
(2007, p.36) 
 
A atuação do magistrado na aplicação da jurisdição civil em conformidade com o 
princípio da colaboração permite a atuação das partes de forma também cooperativa, em que 
sobretudo na intenção de convencimento do juiz, a estes são viabilizados campos maiores 
para a realização das suas atividades. Daniel Mitidiero, todavia, asserta que: 
 
a colaboração impõe a organização de processo cooperativo – em que haja 
colaboração entre os seus participantes. O legislador tem o dever de perfilar o 
processo a partir de sua normatividade, densificando a colaboração no tecido 
processual. E aqui importa desde logo deixar claro: a colaboração no processo não 
implica colaboração entre as partes. As partes não querem colaborar. A colaboração 
no processo que é devida no Estado Constitucional é a colaboração do juiz para com 
as partes. Gize-se: não se trata de colaboração entre as partes. As partes não 
colaboram e não devem colaborar entre si simplesmente porque obedecem a 
diferentes interesses no que tange à sorte do litígio. (2012, p.71) 
 
A colaboração, desta feita, é uma cooperação entre juiz e partes, não entre as 
partes em si mesmas, uma vez que a relação jurídica estabelecida é pautada em interesses 
diferentes, em que autor e réu almejam provimentos judiciais diversos. Ou seja, o juiz 
colabora com as partes, porém é prescindível que as partes colaborem entre sim, mas que 
também respondam de maneira positiva às possibilidades afloradas a partir da atuação do juiz. 
Pode se concluir, portanto, que o princípio da cooperação irradia na aplicação do 
direito pelo juiz, bem como na busca de provimentos pelas partes que compõem o processo 
civil, fato que merece, ora, a devida compreensão, de modo a entender-se como tal princípio 
define o itinerário a ser seguido. 
 
4 A atuação das partes e do juiz no processo cooperativo 
 
Como já se pôde perceber, a atuação do juiz é equivalente a das partes, sendo 
importante frisar que a cooperação advinda dessa relação tríplice deve ser genuinamente em 
prol da celeridade e transparência, desmistificando a ideia de que o magistrado está acima das 
partes. 
Para melhor entender como funciona a atuação do magistrado frente ao princípio 
da cooperação, relevante é sua distribuição em quatro partes, quais sejam: dever de 
esclarecimento, dever de consulta, dever de prevenção e dever de auxílio. Pois bem, para 
melhor entender esses tangentes, interessante analisá-las de forma apartada. 
Diante do dever de esclarecimento a atuação do magistrado muda no que diz 
respeito à sua comunicação com as partes, haja vista tal tangente consistir no “dever de o juiz 
ou Tribunal esclarecer-se junto às partes acerca das dúvidas que tenham em relação a 
alegações, pedidos, fatos, de modo a evitar que a decisão tenha por base a falta de informação 
no lugar da verdade apurada”1. O corolário desse dever é o favorecimento da paridade de 
armas no processo civil. 
O dever de consulta, por sua vez, diz respeito à atuação ex officio do magistrado, 
sendo interessante ressaltar que a mudança fornecida pela cooperação se relaciona com a ideia 
de que o juiz não pode sentenciar com fundamento em questão de fato ou de direito sem que 
sobre tais questões as partes tenham sido intimadas a se manifestar
2
. Com relação a isso, 
interessante é o ensinamento de Lúcio Grassi de Gouvea (p. 190 apud PARCHEN, p. 10): 
 
O dever de consultar as partes é uma manifestação do princípio do contraditório, o 
qual assegura aos litigantes o direito de tentar influenciar o julgador na solução da 
controvérsia. Tal dever consiste, então, na necessidade de o juiz cientificar as partes 
da orientação jurídica a ser adotada antes mesmo da prolação da decisão, para que as 
partes tenham chance de influir diretamente, evitando-se, assim, que sejam 
surpreendidas por argumentos até então inesperados. 
 
Mais à frente, no que concerne ao dever de prevenção, tem-se que é obrigação do 
juiz indicar as partes os prováveis erros, isto é, as deficiências das postulações das partes, 
afim de que possam ser sanadas, supridas
3
. A importância de tal dever é enorme, haja vista ser 
possibilitada às partes a “sobrevivência” no processo frente a um erro, sendo interessante 
chamar atenção ao fato de que desta maneiraestá se evitando o ajuizamento de uma outra 
ação, contento as mesmas partes, os mesmos fundamentos, etc., isto é, os atores serão os 
mesmos, a diferença é que o vício seria sanado neste processo autônomo. Observa-se, desta 
maneira, que o princípio da celeridade, bem como da economia processual estão sendo 
primados, além do próprio princípio da cooperação. 
 
1
 PARCHEN, p. 10. 
2
 DIDIER JR, 2007, p. 57-58 apud PARCHEN, p. 10. 
3
 PARCHEN, p. 12. 
Por fim, tem-se o dever de auxílio no que concerne às mudanças no 
comportamento do magistrado com o advento do princípio da cooperação. Tal dever consiste 
no auxílio que deve ser fornecido pelo magistrado às partes no que concerne à remoção de 
dificuldades ao exercício dos seus direitos ou no cumprimento de ônus ou deveres 
processuais.
4
 
Já no que diz respeito às modificações no comportamento das partes, encontra-se 
um viés totalmente subjetivo, haja vista tais mudanças ocorrerem no que diz respeito à boa-fé 
e à verdade. O princípio da cooperação, por conseguinte, vem para estimular as partes a serem 
mais sinceras, tornando o processo um instrumento extremamente eficiente. No entanto, estas 
duas tangentes se demonstram como uma problemática gigantesca, como bem assevera Daniel 
Mitidiero: 
 
A propósito do problema da obtenção da verdade no processo (ainda que adjetivada 
como verdade processual, já que a verdade no processo sempre se resolve num juízo 
de verossimilhança), impede observar desde logo que a colocação dessa como um 
dos objetivos ideiais da prova judiciária oferece-se como uma condição insuprimível 
para que o processo cumpra a contento o seu desiderato maior de lograr a justiça do 
caso decidendo. Dois assuntos aqui interessam de perto para composição dos 
modelos processuais civis: a possibilidade ou não de investigação oficial das 
alegações processuais e a valoração do material probatório pelo magistrado. 
 
É sabido que, nesse diapasão, existe uma série de tabus que devem ser quebrados, 
haja vista ainda ser muito ruim pleitear algo através da máquina do Poder Judiciário. Poucas 
pessoas estão preparadas para um embate judicial, e é por isso que o princípio da cooperação 
surgiu, sendo decisivo na diminuição de problemas como abuso de poder dos magistrados, 
decisões arbitrárias, fraudes, desconforto em tratar de temas íntimos judicialmente, enfim, 
para se evitar transtornos comuns no âmago dos processos tradicionalistas. 
Em conclusão, interessante foi a colocação de Érika Sá Marinho sobre o assunto 
em pauta: 
 
Cabe observar, portanto, que a realização de um direito mediante a utilização de uma 
prestação jurisdicional rápida e eficiente passa por procedimentos com caráter 
eminentemente dialético, ou seja, que prioriza o diálogo, a contraposição e a 
contradição de ideias com uma ampla participação das partes, que devem colaborar 
com o juiz na busca da “verdade provável”, devendo a atuação deste ser marcada 
pelo ativismo processual. (2007, p. 22) 
 
Entende-se, dessa maneira, que o princípio da cooperação surge como um 
poderoso remédio para a má gestão do processo judicial, sendo interessante deixar claro que a 
 
4
 GOUVEA, Lúcio Grassi, p. 190 apud PARCHEN, p. 10 
colaboração deve ser efetivada por todos os sujeitos processuais, quais sejam: o juiz, o autor e 
o réu. 
 
5 A efetividade processual pelo processo cooperativo 
 
Todo esse estudo anterior mostra a dependência do processo eficiente aos seus 
sujeitos, dando uma ressalva no papel do magistrado, ente que mais se modifica com o 
advento do princípio da cooperação. No entanto, “o ordenamento processual não pode regular 
a instituição probatória concentrando esta responsabilidade exclusivamente do juiz ou nas 
partes”, sendo necessário, por conseguinte, conceder espaço para que tanto o juiz quanto as 
partes atuem de forma eficiente no processo, no sentido de participarem ativamente na 
instrução deste e, por essa razão, gerando com corolário um resultado satisfatório na 
realização efetiva do direito pretendido.
5
 
Os pesquisadores compatibilizam com a ideia de que é ultrapassado o 
entendimento de que o juiz deve se mostrar passivo, construindo sua convicção unicamente 
com base nas provas e fatos trazidos em juízo. Na verdade, é imprescindível para um processo 
efetivo e eficiente que o juiz profira sentença amparado, em grande parte, de racionalidade, 
isto é, é necessário outorgar ao magistrado amplas faculdades de controle de atividade 
probatória.
6
 
Desta feita: 
 
O juiz deve demonstrar boa vontade em analisar as controvérsias que tem que 
enfrentar, criando mais oportunidades de participação das partes que são os maiores 
interessados na resolução do litígio, sem falar no juiz como representante do órgão 
estatal que tem todo o empenho em realizar o interesse público, o que está 
representado numa decisão resultante de uma repartição de atribuições entre partes e 
juiz na atividade instrutória e, consequentemente, numa atuação conjunta onde tanto 
o juiz quanto as partes participam da construção do ato decisório. (MARINHO, 
Érika Sá, 2007, p. 51) 
 
Observa-se, por conseguinte, que o princípio da cooperação faz vir à tona um 
outro princípio processual, qual seja: o da oralidade. Estes dois princípios juntos trazem 
consigo uma eficiência relevante, que consiste num fator de extrema importância para a 
aceleração do exercício dos atos processuais. 
 
 
5
 MARINHO, Érika Sá, 2007, p. 50-51. 
6
 Idem. 
Conclusão 
 
A seara do processo judicial, no Brasil e no resto do mundo, mostra-se cada vez 
mais exacerbada de demandas. Por essa razão, observa-se a necessidade de efetuar algumas 
mudanças no que diz respeito às resoluções de conflitos. O princípio da cooperação aparece 
nesse cenário como uma boa saída para essa problemática, haja vista possuir caráter de 
celeridade e transparência, deixando as partes, além de confortáveis, satisfeitas. 
No decorrer do presente trabalho de pesquisa, observou-se que com o advento do 
princípio da cooperação, as partes e o próprio magistrado mudam significativamente de 
comportamento, sendo interessante ressaltar que o papel desempenhado pelo juiz no processo 
tradicionalista deve ser esquecido, haja vista a quase totalidade das suas ações pautadas pela 
cooperação fazem jus a aproximação do mesmo com as partes. 
Entende-se, desta maneira, que o princípio da cooperação se demonstra como um 
grande avanço no processo judicial brasileiro, sendo um dos fatores mais relevantes para 
ainda se acreditar na eficiência de tal ferramenta civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios 
jurídicos. 14ª edição. São Paulo: Malheiros Editores. 2013. 
 
CINTRA, Antônio Carlos; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. 
Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros, 2012. 
 
DIDIER, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Direito Processual 
Civil e Processo de Conhecimento. V. 1 Editora JusPovm. 2013. 
 
LIRA, Daniel Ferreira de; CARVALHO, Dimitre Braga Soares de et al. Aspectos teóricos e 
práticos do princípio da cooperação no processo civil brasileiro. Jus Navigandi, 
Teresina, ano 17, n. 3315, 29 jul. 2012. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/22268>. 
Acesso em: 17 fev. 2014. 
 
MANDELLI, Alexandre; CHAVES, Christian. O Dever de Colaboração (entre e das 
partes) no Processo Civil Constitucionale a Efetiva Prestação da Tutela Jurisdicional 
Executiva: o Dever Fundamental do Executado de Nomear Bens Passíveis de Penhora. 
Revista da PGFN. Disponível em:< http://www.pgfn.fazenda.gov.br/>. Acesso em: 22 Abr 
2014. 
 
MARINHO, Érika de Sá. O Princípio da Colaboração Intersubjetiva no Processo Civil 
Brasileiro: uma análise acerca da sua influência no poder geral de cautela do juiz. 
Universidade Católica de Pernambuco, 2007. 
 
MITIDIERO, Daniel. Processo Justo, Colaboração e Ônus da Prova. Rev. TST, 2012. 
 
PARCHEN, Laura Fernandes. Impacto do Princípio da Cooperação no Juiz. Disponível 
em:<www;abdpc.org.br> Acesso em: 22 Abr 2014. 
 
ROCHA, José de Albuquerque. Teoria Geral do Processo. São Paulo: Malheiros, 2012.

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