Aplicação do concept design no processo de design DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Aplicação do concept design no processo de design Applying concept to the design process Pereira, Leandro Lopes; MsC; UFPB lpereira000@gmail.com Silveira, Bibiana; Bel; UNIFRA bibiana.silveira@gmail.com Dorneles, Anna Cláudia; Bel; UNIFRA annaclaudiadorneles@hotmail.com Resumo Este artigo traz como foco principal a aplicação do concept design no processo de design em um projeto acadêmico de redesign. Utilizando a metodologia projetual de Löbach, com ferramentas de Baxter, o projeto visa agregar valor a um produto existente, disponível no mercado internacional. Aplica conceito relevante ao produto e seu uso, busca aprofundar as funções estética e simbólica do mesmo. Busca-se também o aumento da probabilidade de aceitação do produto pelo público brasileiro, considerando o efeito estética/usabilidade, princípio universal do design proposto por Lidwell. Palavras Chave: concept design; metodologia de projeto; redesign. Abstract The article brings as focal point the design process through concept design in an academic redesign project. Using Löbach’s projectual methodology, with tools borrowed from Baxter, the projects seeks to add value to an existing product, available in the international market. A concept relevant to the product and its use is applied, seeking to enrich its aesthetic and symbolic functions. Also seeking to increase the acceptance probability of the product by the Brazilian public, considering the aesthetic/usability effect, a universal principle of design proposed by Lidwell. Keywords: concept design; project methodology; redesign. Aplicação do concept design no processo de design DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN Introdução O artigo relata a fase de geração de alternativas (LÖBACH, 2001) de uma experiência projetual desenvolvida na disciplina Projeto de Produto III sob a orientação de um professor. A disciplina caracteriza-se pela experimentação da prática projetual de alta complexidade por meio de métodos apropriados. Além disso, avalia-se a capacidade de autonomia durante o processo projetual que envolve desde a escolha do método mais adequado até as decisões intermediárias e finais que resultam em um novo produto. A partir do tema sustentabilidade, foi proposto projetar em equipe uma linha de produtos inter-relacionados. Durante o processo de desenvolvimento do projeto apresentado neste artigo, decidiu-se pelo uso do concept design como ferramenta para agregação de valor ao produto, e o projeto é aqui descrito por essa ótica. Considerando-se que cada vez mais as pessoas preocupam-se com a oferta e a qualidade dos alimentos e que isto influencia diretamente a saúde humana, identifica-se também a preocupação com o destino dos detritos produzidos diariamente, já que em muitas cidades estes são depositados em lixões municipais. Assim, decidiu-se pelo desenvolvimento de produtos voltados para a agricultura orgânica residencial, especificamente no contexto urbano. Um dos produtos desenvolvidos foi uma composteria eletrônica anaeróbica, para ser utilizada em residências de grandes cidades, onde não existe a possibilidade de compostagem de lixo orgânico. Optou-se pelo redesign de uma composteira disponível no mercado internacional, enfatizando as funções estética e simbólica (LÖBACH 2001), para agregar valor ao produto e com foco no mercado brasileiro. Metodologia O projeto seguiu a metodologia projetual de Löbach (2001), por ser a que mais enfatiza a função estética e simbólica do produto, com a adição dos painéis semióticos propostos por Baxter (1998). Em consequência, a metodologia projetual seguiu as quatro etapas propostas por Löbach (2001): a fase de preparação, quando são coletadas e analisadas todas as informações pertinentes; a fase de geração, quando alternativas são propostas com base no conhecimento acumulado; a fase de avaliação das soluções encontradas; e a fase de realização da alternativa escolhida, geralmente uma combinação de características de diferentes alternativas, que cumprem todos os objetivos. Design O homem é na natureza o único animal com poder de transformar as coisas, configurando-as de acordo com os seus interesses e necessidades. A produção em série está intimamente relacionada com a profissão do designer visto que, entre as suas funções, está a de propor e projetar novos produtos para esta produção seriada (FORTY, 2007). É difícil restringir o significado de design, por se tratar de uma área de conhecimento ampla e bastante complexa, abrangendo diferentes linhas de trabalho e de pesquisa. Como afirma Niemeyer (1998) a origem da palavra (designo) é latina e significa designar, indicar, representar, projetar. Criaram-se interpretações equivocadas devido às diversas facetas do termo design, confundindo seu significado de forma genérica com a palavra desenho. Como diz Forty, a validade da palavra está no fato de que, Em um sentido, refere-se à aparência das coisas [...] [em outro] refere-se à preparação de instruções para a produção de bens manufaturados [...] a qualidade especial da palavra design é que ela transmite ambos os sentidos […] a aparência Aplicação do concept design no processo de design DESENHANDO O FUTURO 2011 | 1º CONGRESSO NACIONAL DE DESIGN das coisas é, no sentido mais amplo, uma conseqüência das condições de sua produção (FORTY, 2007, p.12). Em síntese, o design nasceu durante a primeira revolução industrial e pretendia solucionar problemas de projeto. É interdisciplinar, e utiliza vários recursos para a resolução de problemas de projeto. Aliado à marca são as armas mais poderosas a disposição da indústria para garantir o sucesso de seus produtos e, por conseqüência, o seu próprio sucesso. Consideremos então design como processo de constatar uma necessidade de qualquer natureza, e encontrar os melhores meios para saná-la, resultando no produto industrial. É um processo que considera diversas facetas da necessidade humana, além das limitações industriais, buscando sucesso mercadológico. O designer é o agente que idealiza e realiza este projeto (LÖBACH, 2001). As pessoas gostam e querem adquirir coisas (DORMER, 1995), embora não tenham necessidade prática de fazê-lo. Esta vontade é o que as faz optar por determinados produtos em detrimento de outros. É o chamado desejo ou aspiração. As necessidades podem ser satisfeitas mediante a aquisição de determinados objetos, e não de outros. É esse hábito de aquisição que mantém a economia mundial e, conseqüentemente, a sociedade capitalista. Concept design Atualmente, fala-se em criar relações emocionais entre objeto e usuário. Uma maneira de estabelecer essa relação é através dos chamados conceitos. Ao evocar um objeto conhecido, é possível induzir o usuário a uma sensação de familiaridade com o produto, solidificando sua relação emocional. Como explica Baxter, os consumidores só estão dispostos a mudar de hábito se tiverem uma boa razão para isso. Um novo produto, com uma clara diferenciação em relação aos existentes e com um evidente acréscimo de valor para o consumidor, pode ser essa razão. Como resultado, tais produtos têm cinco vezes mais chances de sucesso, comparado com aqueles que apresentam pouca diferenciação e um mínimo de valores adicionais. (BAXTER, 2000, p.21) Essa ligação muitas vezes é feita através do design conceitual, também chamado concept design. Um produto sem conceito é apenas um objeto físico que desempenhará alguma função, podendo ser esteticamente agradável ou não. A expressão design conceitual diz respeito à utilização ou ao resgate de idéias originais fundamentada em movimentos culturais, políticos, críticos-sociais etc. (como já aconteceu