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Uso Progressivo da Força

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Uso progressivo da força – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
 Página 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uso Progressivo da Força 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créditos 
 
Marcelo Vladimir Corrêa – Major da PMMG 
 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
 Página 2 
 
 
Este curso está dividido em 4 módulos: 
 
Módulo 1 – Uso da força pela polícia 
 
Módulo 2 – Modelos de uso progressivo da força 
 
Módulo 3 – Princípios básicos do uso da força 
 
Módulo 4 – O uso progressivo da força 
 
 
 
 
Módulo 1 - Uso da força pela polícia 
 
Conhecer a teoria não é suficiente para se ter um controle efetivo diante de situações adversas 
que implicam na atuação do policial, é preciso também prática, isto é, saber agir. A proposta aqui 
apresentada tem como objetivo principal, apresentar a vocês, policiais, “caminhos norteadores”, 
isto é, posturas adequadas de como fazer uso da força em variadas situações, aplicando-a de 
modo eficaz sem romper com o princípio ético e moral da corporação pertencente, bem como os 
seus próprios direitos e deveres não apenas como policial a serviço da sociedade, mas também 
como pessoa, cidadão. 
 
 
 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Conceituar o significado do uso da força e arma de fogo pela Polícia; 
 
Identificar a legislação internacional e nacional que trata do uso da força e arma de fogo; 
 
Apontar as atitudes adequadas do profissional da área de segurança pública ao realizar uma 
abordagem policial em uma dada circunstância; 
 
Aplicar, em situações-problema, de maneira correta, o uso progressivo da força nas intervenções 
policiais; e 
 
Listar os procedimentos policiais a serem seguidos antes, durante e depois do uso da força e 
arma de fogo. 
 
Você, como policial, tem uma opinião clara sobre o uso legítimo da força? Como você vê os 
limites do uso da força? 
 
 
 
 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
 Página 3 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 3 aulas: 
 
Aula 1 - Uso da força: conceitos e definições 
 
Aula 2 - Uso da força e a polícia 
 
Aula 3 - Legislação sobre o uso da força 
 
 
 
 
 
Aula 1 - Uso da força: conceitos e definições 
 
Conheça alguns conceitos básicos:: 
 
Força é toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, reduzindo ou 
eliminando sua capacidade de autodecisão. 
 
Nível do uso da força é entendido desde a simples presença policial em uma intervenção até a 
utilização da arma de fogo, em seu uso extremo (uso letal). 
 
Ética é o conjunto de princípios morais ou valores que governam a conduta de um indivíduo ou 
de membros de uma mesma profissão. 
 
Uso progressivo da força consiste na seleção adequada de opções de força pelo policial em 
resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito ou infrator a ser controlado. 
 
 
 
 
O Estado investe na seleção de um cidadão, dando-lhe formação e treinamento de forma a 
outorgar-lhe autoridade e poder para que possa ser reconhecido como um encarregado de 
aplicação da lei. A autoridade e o poder dados a este cidadão e agora policial são muito grandes, 
e em nome de uma vida, um policial, no desempenho de suas atividades, poderá até retirar a vida 
de outro cidadão. 
Nas sociedades mais democráticas, observa-se que a autoridade dos representantes do poder 
público está intimamente relacionada às suas obrigações, evidenciando que o uso da força está 
cada vez mais subordinado ao interesse coletivo, servindo até mesmo como medidor de 
desenvolvimento social. 
 
Segue abaixo uma série de autores e estudiosos do assunto em pauta, como fonte de referência 
bibliográfica: 
 
Toda intervenção compulsória sobre o indivíduo ou grupos de indivíduos, quando reduz ou 
elimina sua capacidade de autodecisão. (BARBOSA & ANGELO 2001, p.107) 
 
Os países outorgam suas organizações de aplicação da lei à autoridade legal para usarem a força, 
se necessário, para servirem aos propósitos legais de aplicação da lei. (ROVER 2000, p. 275) 
 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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O Estado intervém, com violência legítima, quando um cidadão usa a violência para ferir, 
humilhar, torturar, matar outros cidadãos, de forma a garantir a tranqüilidade. É a lógica da 
violência legítima contendo a violência ilegítima. (SILVA 1994, p. 48) 
 
 
 
 
Comentário 
 
Entende-se, assim como Vianna (2000), que o termo utilizado por Silva (1994), violência 
legítima não é o mais adequado. Por isso, é importante você empregar e conhecer o seguinte 
termo: “uso legítimo da força”. Termo que melhor atende ao assunto, pois este exige padrões 
legais e éticos, enquanto a expressão violência não se coaduna, no mínimo, com padrões éticos. 
 
Portanto, se a polícia deixar de cumprir tais requisitos, o uso da força se caracterizará como 
ilegítimo, sendo então, apontado como violência, truculência, abuso de poder entre outras formas 
de desvios de procedimentos não concebíveis ao policial profissional, integrante de uma 
organização que promove a paz social e como tal deve seguir os parâmetros legais. 
 
 
 
 
Aula 2 - Uso da força e a polícia 
 
Parte dos problemas enfrentados hoje com relação ao abuso da autoridade policial, e sua 
expressão última que é a brutalidade e a violência policial resultam da ausência de uma reflexão 
substantiva sobre o emprego qualificado e comedido da força. A polícia é justamente um meio 
de força comedida, que atua na legalidade e na legitimidade dadas pela conciliação na prática 
dos requisitos do consentimento público. Não se pode pensar polícia que não seja neste intervalo, 
senão não é polícia, é outra coisa qualquer que vigia, que bate, que oprime. Trecho de entrevista 
extraído do site Consciência. 
 
(Na sua experiência e na sua vivencia como policial você acredita que os policiais que estão na 
ativa têm consciência da importância do legítimo uso da força? Do contrário, a que você 
atribuiria o uso indevido da força no desempenho da função policial?) 
 
 
 
 
 
As organizações policiais brasileiras recebem uma série de meios legais para capacitar seus 
integrantes a cumprir seus deveres de aplicação da lei e preservação da ordem, sempre em busca 
da paz. Sem estes e outros poderes, tal como aquele de privar as pessoas de sua liberdade, você 
não conseguiria desempenhar a sua missão constitucional em defesa da sociedade. É bom estar 
atento às palavras de Vianna (2000), quando afirma que embora a atividade policial possa ser 
descrita como uma série de funções, como, por exemplo, fazer aplicar a lei ou preservar a ordem, 
ela pode também ser definida como sendo uma função só, ou seja, responder a qualquer situação 
que aconteça no seio da sociedade, em que a força deve ser usada, de modo a restabelecer uma 
situação de normalidade temporária. 
 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
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Você recebe do Estado a autorização para fazer uso da força e quando age, está fazendo-o em 
nome dele. Sobre esse pensamento Rover (2000) lembra que: 
 
Os Estados não negam a sua responsabilidade na proteção do direito à vida, liberdade e 
segurança pessoal quando outorgam aos seus encarregados de aplicação da lei a autoridade 
legal para a força e arma de fogo. 
 
 
 
 
 
O policial tem o dever de aplicar a lei e de reprimir com energia a sua transgressão em 
defesa da sociedade. A mesma sociedade da qual ele faz parte e de onde elefoi escolhido para 
se juntar à força policial. 
 
A tarefa da polícia é delicada na medida em que se reconhece como inteiramente legítimo o 
uso de força, para resolução de conflitos, desde que esgotadas todas as possibilidades de 
negociação, persuasão e mediação (FARIA, 1999). 
 
A polícia existe para servir à sociedade e para proteger os seus direitos mais fundamentais. 
Cerqueira (1994, p. 1), acrescenta essa idéia ao relatar que “O sistema de justiça criminal, no 
qual se inclui a polícia, atua fundamentalmente para garantir os direitos humanos, em 
sentido estrito, e, portanto, a lógica de uso da força para conter a violência é perfeitamente 
compreensível”. 
 
A Força Policial por intermédio da sua atuação existe para assegurar que os direitos 
fundamentais dos cidadãos, individual e coletivamente, sejam protegidos. O direito à vida 
deve ter a mais alta prioridade. Rover (2000) afirma que o uso de força, principalmente o 
uso intencional e letal de armas de fogo, deve ser limitado em absoluto aos casos de 
circunstâncias excepcionais. Ao atuar dentro desse parâmetro de “proteger e socorrer”, você 
está amparado por uma série de legislações, seja no âmbito internacional como nacional. 
 
 
 
 
 
Aula 3 - Legislação sobre o uso da força 
 
É importante que você conheça os dois instrumentos internacionais mais importantes sobre o 
uso da força e arma de fogo. São eles: Código de Conduta para Encarregados da Aplicação 
da Lei – CCEAL e Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo – PBUFAF. 
Conheça-os a seguir: 
 
Código de Conduta para Encarregados da Aplicação da Lei – CCEAL 
 
É o Código adotado através da resolução 34/169 da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 17 
de dezembro de 1979. É um instrumento internacional, com o objetivo de orientar os Estados 
membros quanto à conduta dos policias. 
 
Esse código não tem força de tratado e busca criar padrões para que as práticas de aplicação da 
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lei estejam de acordo com as disposições básicas dos direitos e liberdades humanas. É um código 
de conduta ética e se baseia no exercício do policiamento ético e legal. Consiste em oito artigos, 
cada um acompanhado de comentários explicativos. 
 
 
 
 
 
Resumidamente os artigos dizem que numa conduta adequada os policiais devem: 
 
1º - Cumprir sempre o dever que a lei lhes impõe; 
 
2º - Demonstrar respeito e proteção à dignidade humana, mantendo e defendendo os 
direitos humanos; 
 
3º - Limitar o emprego da força; 
 
4º - Tratar com informações confidenciais; 
 
5º - Reiterar a proibição da tortura ou outro tratamento ou pena cruel, desumano ou 
degradante; 
 
6º - Cuidar e proteger a saúde das pessoas privadas de sua liberdade; 
 
7º - Proibir o cometimento de qualquer ato de corrupção. Também devem opor-se e 
combater rigorosamente esses atos; e 
 
8º - Respeito às leis e ao CCEAL e convoca a prevenir e se opor a quaisquer violações 
destes instrumentos. 
 
 
 
 
O artigo 3º do CCEAL trata diretamente do uso da força pela polícia. Ele estipula que os 
encarregados da aplicação da lei só podem empregar a força, quando estritamente 
necessário e na medida exigida para o cumprimento do seu dever. 
 
É enfatizado pelo documento que o uso da força deve ser excepcional e nunca ultrapassar o 
nível razoavelmente necessário para se atingir os objetivos legítimos de aplicação da lei. 
Neste sentido, entende-se que o uso da arma de fogo é uma medida extrema. 
 
Tendo em vista o contido no Código de Conduta sobre o uso de arma de fogo, qual é sua 
idéia a respeito? Pensando em sua realidade e na sua experiência profissional, você 
acredita que o uso da arma de fogo é uma medida extrema? 
 
 
 
 
 
 
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Objetivo do Código 
 
O código tem por objetivo sensibilizar os integrantes das Organizações responsáveis pela 
Aplicação da Lei, ou seja, sensibilizar você, policial, para a enorme responsabilidade que o 
Estado lhes outorga. 
 
Você é um sujeito de autoridade do Estado e como tal está investido de poder de grande alcance, 
e a natureza de seus deveres coloca-o em situações de corrupção e violência policial, em 
potencial. O documento afirma ainda que, expor abertamente esses perigos escondidos é o 
primeiro passo para combatê-los efetivamente. A atitude policial tem uma forte relação com a 
imagem e percepção da organização como um todo, carregando assim, alta expectativa com 
relação aos padrões éticos mantidos dentro da Força Policial. 
 
Um policial que excede no uso da força ou que seja corrupto, pode fazer com que todos os 
policiais sejam vistos como violentos ou corruptos, porque o ato individual reflete como ato 
coletivo da organização. 
 
O policial protege e socorre a sociedade, e nesse sentido exige-se um grau de confiança muito 
grande entre a Força Policial e a comunidade como um todo. Os padrões estabelecidos pelo 
código devem fazer parte da crença de todo policial, e isto significa que esses valores devem 
estar conscientemente incorporados na sua atuação policial do dia-a-dia. 
 
 
 
 
 
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo – PBUFAF 
 
É o segundo instrumento internacional mais importante sobre o uso da força e arma de 
fogo. Esses princípios foram adotados no oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a 
“Prevenção do Crime e o Tratamento dos Infratores”, realizado em Havana, Cuba, de 27 de 
agosto a 7 de setembro de 1990. 
 
Também não é um tratado, porém, objetiva proporcionar normas orientadoras aos Estados 
membros na tarefa de assegurar e promover o papel adequado dos policiais, sendo que neste 
curso, será tratado somente da Força Policial com relação ao uso da força. 
 
Os PBUFAF estabelecem que os princípios contidos no documento devem ser considerados e 
respeitados pelos governos no contexto da legislação e da prática nacional, e levados ao 
conhecimento dos policiais, assim como de magistrados, promotores, advogados, membros do 
executivo, legislativo e do público em geral. 
 
O preâmbulo dos PBUFAF reconhece a importância e complexidade do trabalho dos policiais, 
além de destacar seu papel de vital importância na proteção da vida, liberdade e segurança de 
todas as pessoas. Acrescenta que ênfase especial deve ser dada à eminência da manutenção da 
ordem pública e paz social, bem como da importância das qualificações, treinamento e conduta 
dos encarregados da aplicação da lei. 
 
 
 
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Em suma, o presente instrumento destaca os seguintes pontos: 
 
Os governos deverão equipar os policiais com vários tipos de armas e munições, permitindo um 
uso diferenciado de força e armas de fogo; 
 
A necessidade de desenvolvimento de armas incapacitantes não-letais para restringir a aplicação 
de meios capazes de causar morte ou ferimentos; 
 
O uso de armas de fogo com o intuito de atingir fins legítimos de aplicação da lei deve ser 
considerado uma medida extrema; 
 
Os policiais não usarão armas de fogo contra indivíduos, exceto em casos de legítima defesa de 
outrem contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave, para impedir a perpetração de 
crime particularmente grave que envolva séria ameaça à vida, para efetuar a prisão de alguém 
que resista à autoridade, ou para impedir a fuga de alguém que represente risco de vida. 
 
Para efetuar o uso da arma de fogo, os policiais deverão identificar-se como tal, avisar prévia e 
claramente a sua intenção de usar armas de fogo; 
 
Para o uso indevido da forçae armas de fogo, os governos deverão assegurar que o uso arbitrário 
ou abusivo da força e armas de fogo pelo policial, seja punido como delito criminal, de acordo 
com a legislação; 
 
A responsabilidade de governos, superiores e o próprio policial quanto ao uso indevido da força. 
Fique atento a isto! 
 
 
 
 
Os dois instrumentos, embora não estejam sob forma de tratados, permitem o uso da força para 
qualquer propósito policial legítimo, reforçando o ponto de vista segundo o qual a 
atividade policial pode ser vista como a busca para resolver qualquer situação na sociedade 
na qual a força pode ser usada. 
 
Mas, além destes instrumentos internacionais existem os instrumentos nacionais que 
corroboram com esses e devem ser de conhecimento de todos os policiais. 
 
É bom que você como policial profissional esteja ciente da existência destes documentos e como 
colocá-los em prática conforme as suas recomendações e orientações, sob pena de você estar 
entre os policiais amadores, arbitrários e que só agem na ilegalidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Legislação brasileira 
 
São vários os instrumentos nacionais que regulam o uso da força e arma de fogo pela Força 
Policial. Veja: 
 
Código Penal 
 
O Código Penal contém justificativas ou causas de exclusão da antijuridicidade relacionadas no 
artigo 23, ou seja, estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e 
exercício regular de direito, como se vê: 
 
Exclusão de ilicitude 
 
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I – em estado de necessidade; 
II – em legítima defesa; 
III – em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito. 
 
 
 
 
Código de Processo Penal 
 
O Código de Processo Penal contém em seu teor dois artigos que permitem o emprego de força 
por policiais no exercício profissional, são eles: 
 
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de resistência ou 
tentativa de fuga do preso.(...) 
 
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se encontra 
em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for 
obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força 
na casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao 
morador, se não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e logo 
que amanheça, arrombará as portas e efetuará a prisão. 
 
 
 
 
Código Penal Militar 
 
O Código Penal Militar contém em seu teor, o artigo 42 relacionado com a polícia, no tocante ao 
emprego de força, como se vê: 
 
Exclusão de crime 
 
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
 
I – em estado de necessidade; 
II – em legítima defesa; 
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III – em estrito cumprimento do dever legal; 
IV – em exercício regular de direito. 
 
Código de Processo Penal Militar 
 
O Código de Processo Penal Militar contém, em seu teor, artigos relacionados com o emprego 
de força na ação policial. Veja estes artigos na página seguinte. 
 
Artigo 231 - Captura em domicílio 
 
Se o executor verificar que o capturando se encontra em alguma casa, ordenará ao dono dela que 
o entregue, exibindo-lhe o mandado de prisão. Parágrafo único. Se o executor não tiver certeza 
da presença do capturando na casa poderá proceder a busca, para a qual, entretanto, será 
necessária a expedição do respectivo mandado, a menos que o executor seja a própria autoridade 
competente para expedi-la. 
 
Artigo 232 - Caso de busca 
 
Se não for atendido, o executor convocará duas testemunhas e procederá da seguinte forma: 
sendo dia, entrará à força na casa, arrombando-lhe a porta, se necessário; sendo noite, fará 
guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e, logo que amanheça, arrombar-lhe-á a 
porta e efetuará a prisão. 
 
Artigo 234 - Emprego de força 
 
O emprego da força só é permitido quando indispensável, no caso de desobediência, resistência 
ou tentativa de fuga. Se houver resistência da parte de terceiros, poderão ser usados os meios 
necessários para vencê-la ou para defesa do executor e seus auxiliares, inclusive a prisão do 
ofensor. De tudo se lavrará auto subscrito pelo executor e por duas testemunhas. 
 
 
 
 
Comentário 
 
Uma boa estrutura jurídica pode proporcionar uma orientação para o uso da força, embora não 
ofereça uma solução implementável para um conflito a ser resolvido. O Sistema Jurídico 
Brasileiro apresenta lacunas e imprecisões quanto à legalidade e limites permitidos do uso da 
força (BARBOSA & ANGELO 2001). É necessário, portanto, que a Legislação Brasileira 
absorva em sua legislação uma norma única que trate do assunto e oriente tanto a sociedade 
quanto os policiais brasileiros. 
 
Documentos sobre uso da força 
 
A Polícia Militar de Minas Gerais publicou no ano de 1984 a Nota de Instrução nº 001/84 – que 
trata de maneira bem objetiva e clara “O uso de força no exercício do poder de polícia”. Este 
documento apresenta um rol de orientações ao policial em suas intervenções legítimas com o 
emprego de força e as conseqüências do excesso, senão veja: 
 
“O policial militar pode e deve fazer uso da força, no desempenho de sua missão, de forma 
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tal que esse uso não vá além do necessário e chegue a configurar o excesso ou uma ação 
policial violenta”. (PMMG, 1984). 
 
Outro documento produzido pela PMMG de importância para o uso da força são as “Diretrizes 
Auxiliares de Operações nº 1” de 1994, nos seus itens “4. m. 2)” descreve doze orientações aos 
policiais sobre o uso da força, na verdade são orientações dirigidas aos policiais militares do 
Estado de Minas Gerais, mas podem e devem ser aplicadas por todos policiais brasileiros. 
 
Veja nas próximas páginas as orientações específicas referentes ao Uso da Força. 
 
 
 
 
Orientações específicas referentes ao Uso da Força, princípios gerais: 
 
O policial deve respeitar a pessoa humana, qualquer que seja a sua condição; 
 
A condição de policial não exime do cumprimento da norma legal; 
 
Os excessos cometidos serão punidos, criminais e disciplinarmente; 
 
A violência desnecessária gera outras violências que podem desencadear-se, inclusive, com 
conseqüências maiores e incontroláveis; 
 
A violência arbitrária revolta a vítima e os assistentes, projetando assim uma imagem negativa e 
falsa da Polícia , por aquele fato isolado; 
 
A ação policial bem-sucedida, sem excessos, projeta a Corporação e dignifica os autores da 
ocorrência; 
 
O policial deve estar apto, adestrado e preparado para enfrentar todas as situações, sem omissões, 
indisciplina, pânico, corrupção ou excessos; 
 
Não basta estar hígido, equipado e acompanhado para uma ação eficaz; é preciso estar instruído 
e preparado para o desempenho das missões, evitando as surpresas e improvisações, causas 
freqüentes das falhas e dos excessos; 
 
A prática da violência, isolada ou em público, deve ser prontamente coibida, para não servir de 
exemplo e estímulo a outras ações, em situações semelhantes; 
 
Os fatos concretos que exigirem a ação pronta, enérgica e eficaz do policial-militar, sem 
excessos, devem ser explorados imediatamente como exemplos para a tropa; 
 
A observância dos princípios de abordagem, incluindo o planejamento prévio das ações, aliada à 
execução correta das táticas de observaçãoe de aproximação, supremacia de força, postura e 
entonação de voz, atuação imparcial e isenta na condução das ações/operações policiais, 
constituem-se em medidas preventivas que inibem a reação e a resistência; 
 
A utilização da técnica de abordagem com imobilização não deve ser executada de maneira 
indiscriminada, face ao constrangimento que causa, sendo justificável apenas nas circunstâncias 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
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em que houver possibilidade de reação ou resistência à ação policial. (PMMG, 1994). 
 
 
 
Ao analisar a legislação como instrumento do policial para o emprego do uso da força faz-se 
necessário entender esta relação entre o policial e o uso da força, como verá na próxima página. 
 
 
 
 
O policial e o uso da força 
 
Ao fazer uso da força, o policial deve ter conhecimento da lei, deve estar preparado 
tecnicamente, através da formação e do treinamento, bem como ter princípios éticos 
solidificados que possam nortear sua ação. Ao ultrapassar qualquer desses limites não se 
esqueça de que você estará igualando-se às ações de criminosos. Você deixa de fazer o uso 
legítimo da força para usar a violência e se tornar um criminoso. 
 
O policial é um cidadão que porta a singular permissão para o uso da força e das armas, no 
âmbito da lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a construção social ou para 
sua devastação (Ricardo Balestreri). 
 
Quando o policial está envolvido na solução de uma ocorrência policial, se outra medida não 
restar, o uso devido e legal da força ou das armas estará submissa às situações de estrito 
cumprimento do dever legal, estado de necessidade, ou à legítima defesa própria, de terceiros ou 
putativa, conforme ressalta. 
 
O uso legítimo da força não se confunde com truculência. Como assevera Balestreri: 
A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo racional 
pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia de 
policiais e criminosos. 
 
A aplicação da lei não é uma profissão em que se possa utilizar soluções padronizadas para 
problemas padronizados que ocorrem em intervalos regulares. (ROVER 2000, p. 274). 
 
Espera-se que você tenha a compreensão do espírito e a forma da lei, bem como saiba como 
resolver as circunstâncias únicas de um problema particular. Trata-se de uma arte na aplicação de 
palavras como negociação, mediação, persuasão e resolução de conflitos. No entanto, existem 
situações em que para se obter os objetivos da legítima aplicação da lei, ou você deixa como está 
e o objetivo não será atingido, ou você decide usar a força para alcançá-los. 
 
Seja profissional e decida adequadamente conforme a ocorrência, partindo sempre de sua 
conduta legal. 
 
Em algumas ocorrências, o policial tem o dever de fazer o uso da força para que os objetivos da 
aplicação da lei sejam alcançados, desde que não haja outro modo de atingi-los. Um caso típico é 
quando um cidadão infrator coloca em risco a vida de pessoas atirando em suas direções. Nessa 
situação o policial deve fazer o uso da força para neutralizar a ação do infrator. 
 
Os países não apenas autorizaram seus encarregados da aplicação da lei a usar a força, 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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mas alguns chegaram a obrigar os encarregados a usá-la”. (ROVER 2000, p. 275) 
 
As dificuldades que os chefes e dirigentes das Organizações Policiais enfrentam se referem ao 
desenvolvimento de atitudes pessoais dos policiais que demonstrem a incorporação de valores 
éticos, morais e legais, fazendo diminuir o comportamento impulsivo, substituído por reações 
tecnicamente sustentadas que não colocarão em risco a população atendida, a imagem pública da 
organização policial e do próprio policial. 
 
É importante que você faça uma avaliação individualmente quando houver uma situação em que 
surja a opção de uso da força. O policial somente recorrerá ao uso da força, quando todos os 
outros meios para atingir um objetivo legítimo tenham falhado, justificando o seu uso. 
 
O quinto princípio dos PBUFAF diz que o policial deve ser moderado no uso da força e arma de 
fogo e a agir proporcionalmente à gravidade do delito cometido e o objetivo legítimo a ser 
alcançado. Somente será permitido ao policial empregar a quantidade de força necessária para 
alcançar um objetivo legítimo. O policial pode chegar à conclusão de que as implicações 
negativas do uso da força em uma determinada situação não são equiparadas à importância do 
objetivo legítimo a ser alcançado, recomendando-se, neste caso, que os policiais se abstenham de 
prosseguir. 
 
A autoridade legal para empregar a força, incluindo o uso letal de armas de fogo em situações 
em que se torna necessário e inevitável para os propósitos legais da aplicação da lei, ROVER 
(2000, p. 271) lembra que isso cria uma situação na qual o policial e membros da comunidade se 
encontram em lados opostos o que pode influenciar na qualidade do relacionamento entre a 
Força Policial e a comunidade como um todo. No caso de uso da força ilegal e indevida, este 
relacionamento será ainda mais prejudicado. 
 
 
 
 
Uso indevido da força 
 
O uso legítimo da força evidencia-se quando o policial aplica os princípios da legalidade, 
necessidade, proporcionalidade e ética: 
 
O princípio da legalidade é a observação das normas legais vigentes no Estado; 
O princípio da necessidade verifica se o uso da força foi feito de forma imperiosa; 
O princípio da proporcionalidade é a utilização da força na medida exigida para o 
cumprimento de seu dever; 
A ética dita os parâmetros morais para a utilização da força. 
 
O não-atendimento a qualquer desses princípios caracteriza uso indevido da força pela 
polícia. Não esqueça disto, policial! 
 
Fica fácil concluir que o uso da força é uma das atividades desempenhadas pela polícia. Mas, 
cada policial deve estar cônscio da importância da sua atividade para as políticas de 
segurança pública. É necessário que a Força Policial tenha mecanismos de controle da 
atuação de seus integrantes para evitar dissabores quanto ao abuso de poder. 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
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Os PBUFAF relatam que os governos deverão assegurar que o uso arbitrário ou abusivo da força 
e armas de fogo pelos policiais seja punido como delito criminal, de acordo com a legislação 
internacional e nacional. 
 
O uso arbitrário da força e arma de fogo pelos policiais constitui violação do direito penal, bem 
como violações dos direitos humanos, cometidos por aqueles que são chamados a manter e 
preservar esses direitos. O abuso do uso da força pode ser visto como uma violação da dignidade 
e integridade humana. Caso aconteçam, as violações prejudicarão o frágil relacionamento entre a 
Polícia e toda a comunidade a que serve. 
 
Para restaurar com sucesso a confiança em um relacionamento abalado, deverá haver um esforço 
genuíno por parte da Organização Policial. Sempre que existir uma situação de abuso alegado ou 
suspeitado, deve haver uma investigação imediata, imparcial e total, com punição aos policiais 
responsáveis. 
 
 
 
 
Necessidade do uso da força 
 
Quando você perceber a necessidade de usar a força para atender o objetivo legítimo da 
aplicação da lei e manutenção da ordem pública, responda a algumas questões importantes que 
lhe serão como guias. 
 
A primeira é se a aplicação da força é necessária. 
 
Para responder, o policial precisa identificar o objetivo a ser atingido. A resposta adequada 
atende aos limitesconsiderados mínimos para que se torne justa e legal a ação. Caso contrário, o 
policial cometerá um abuso e poderá ser responsabilizado. 
 
A segunda refere-se a um questionamento se o nível de força a ser utilizado é proporcional 
ao nível de resistência oferecida. 
 
Este questionamento sugere verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem 
outros meios menos danosos para se atingir o objetivo desejado. Neste momento, verifica-se a 
proporcionalidade do uso da força, e caso não haja, estará caracterizado o abuso de poder. 
 
O terceiro e último questionamento verifica se a força a ser empregada será por motivos 
sádicos ou maléficos. 
 
Busca-se verificar a boa fé por parte do policial e os seus princípios éticos. A boa fé demonstra a 
intenção do policial, embora ele possa errar ao adotar uma opção equivocada, decorrente de uma 
análise também equivocada. 
 
Como já foi exposto anteriormente, vale ressaltar as conseqüências drásticas que a violência 
policial ilegítima pode acarretar, levando-a a uma séria desordem pública, a qual a polícia tem, 
então, que responder, podendo assim expô-la a situações perigosas e desnecessárias, fazendo 
com que ela se torne mais vulnerável aos contra-ataques, conduzindo a uma falta de confiança na 
própria polícia por parte da comunidade. E ainda, o policial será responsabilizado civil e 
criminalmente pelo uso abusivo da força. 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
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Responsabilidades pelo uso da força 
 
Na rotina da Força Policial, os policiais agem individualmente ou em pequenos grupos. Para 
cada intervenção policial existe o potencial de se fazer necessário o exercício de sua autoridade e 
poderes. Procedimentos adequados de supervisão e revisão servem para garantir a existência de 
um equilíbrio apropriado entre o poder discricionário exercido individualmente pelos policiais e 
a necessária responsabilidade legal e política das Organizações Policiais como um todo (ROVER 
2000, p. 272). 
 
A responsabilidade cabe tanto aos policiais envolvidos em um incidente particular com o uso da 
força e armas de fogo, como a seus superiores. Os chefes têm o dever de zelo, o que não retira a 
responsabilidade individual dos encarregados por suas ações. (ROVER, 2000, p. 286). 
 
É importante a compreensão de que o reconhecimento, pelo Estado, de sua responsabilidade, 
apontando o erro de seu representante, não implica postura subalterna ou desvalorização do 
agente da polícia( BARBOSA & ANGELO (2001). Mas sim, assume a mais nobre das suas 
funções, que é a proteção da pessoa, célula essencial de sua existência abstrata, além de cumprir 
importante papel exemplificador, fator de transformação e solidificação. 
 
 
 
 
Conclusão 
 
Neste primeiro módulo você estudou os principais conceitos relacionados ao uso da força e os 
aspectos legais, internacional e nacional, que devem nortear a ação do policial. No próximo 
módulo você estudará sobre os principais modelos existentes, utilizados pelas diversas polícias 
do mundo, sobre gradação do uso da força. 
 
 
 
 
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1. Você está no patrulhamento (deslocamento) motorizado, às 7:30h, com seu companheiro e 
ouve pelo rádio da viatura, que nas proximidades do local onde você encontra-se há dois homens 
portando susbstância semelhante à maconha. Ao abordar os suspeitos eles são positivos, 
submissos às suas determinações e não oferecem resistência. 
 
a) Liste as ações policiais que você adotaria em relação aos suspeitos e ao nível de força 
utilizado. 
 
b) Avalie seu desempenho profissional para a solução da ocorrência, tendo como parâmetro os 
conceitos dos textos estudados até aqui. 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 1 
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2. Você viu neste módulo, dois importantes documentos internacionais sobre o uso da força. Para 
facilitar a compreensão de seu conteúdo, faça uma síntese dos documentos, elencando três 
aspectos que você julga importante de cada um. 
 
 
 
 
3. Durante um deslocamento motorizado você e seu companheiro deparam-se com um grupo de 
pessoas solicitando sua intervenção policial para coibir a ação de um homem com uma faca na 
mão, que ameaça ferir uma senhora daquele grupo. Quando a sua equipe aborda verbalmente o 
suspeito, ele mantém-se passivo, não oferece resistência física, contudo não acata às suas 
determinações, fica simplismente parado. Ele resiste, mas sem reagir, sem agredir. 
 
a) Descreva seu procedimento policial para solucionar a ocorrência. Utilize como embasamento 
as legislações internacionais e nacionais estudadas até aqui. 
 
b) Avalie seu desempenho profissional para solucionar a ocorrência, tendo como parâmetro as 
legislações estudas. 
 
 
 
 
4. Faça um paralelo entre a legislação internacional e nacional sobre o uso da força. 
 
 
 
 
5. Liste as responsabilidades do policial ao fazer uso inadequado da força. 
 
 
 
 
Este é o final do módulo 1 
 
Uso da força pela polícia 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
 
 
 
 
 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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Módulo 2 – Modelos de uso progressivo da força 
 
O que é um modelo? 
 
Um modelo é um esquema que contém linhas gerais sobre determinado assunto, sobre 
determinadas ações, sobre determinados procedimentos e, que pode quando utilizado, 
orientar a execução de algo. 
 
Os modelos de uso progressivo da força surgiram para orientar o policial sobre a ação a ser 
tomada a partir das reações da pessoa flagrada cometendo um delito, ou até mesmo em atitude 
suspeita quando questionada. 
 
Alguns países e estudiosos sobre o assunto criaram diversos modelos que explicam e 
exemplificam a escala de gradação necessária à utilização da força. Estudá-los será sua tarefa 
nesta aula. 
 
 
 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Identificar os modelos que orientam o uso progressivo da força; 
 
Identificar os componentes que compõem cada escala e a forma que estão relacionados; 
 
Analisar o modelo proposto para a utilização do uso progressivo da força; e 
 
Elaborar sugestões para aplicação de um modelo de uso progressivo da força em sua organização 
policial. 
 
 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 4 aulas: 
 
Aula 1 - Propostas de modelos de uso progressivo da força 
 
Aula 2 - Descrição dos modelos 
 
Aula 3 - Análise comparativa dos modelos apresentados 
 
Aula 4 - Proposta de um modelo básico do uso progressivo da força 
 
 
 
 
Aula 1 - Propostas de modelos de uso progressivo da força 
 
Cada modelo criado possui um nome que geralmente está associado ao nome do autor que o 
apresentou ou à sua origem, como se vê a seguir: 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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Modelo FLETC: Aplicado pelo Centro de Treinamento da Polícia Federal de Glynco (Federal 
Law Enforcement Training Center), Georgia, Estados Unidos da América (EUA). 
 
Modelo GILIESPIE: Apresentado no livro Police – Use of force – A Line Officer’s Guide”, 
1998. 
 
Modelo REMSBERG: Apresentado no livro: The Tactical Edge – Surviving High – Risk 
Patrol” – 1999. 
 
Modelo CANADENSE: Utilizado pela Polícia Canadense. 
 
Modelo NASHVILLE: Utilizado pela Polícia Metropolitana de Nashville, EUA.Modelo PHOENIX: Utilizado pelo Departamento de Polícia de Phoenix, EUA. 
 
 
Nas próximas páginas você irá estudar, especificamente, cada um deles. 
 
 
 
 
Aula 2 - Descrição dos modelos 
 
Modelo FLETC 
 
É um modelo gráfico em degraus com cinco camadas e três painéis. Em um dos painéis está a 
percepção do policial em relação à atitude do suspeito. Em outro painel, a percepção de risco 
para o policial, simbolizado por números em algarismos romanos e cores, que também 
correspondem às camadas. No terceiro painel, encontramos as respostas (reação) de força 
possíveis em relação à atitude dos suspeitos e percepção de riscos. 
 
As setas duplas descrevem o processo de avaliação e seleção de alternativas. De acordo com a 
atitude do suspeito e percepção de risco, haverá uma reação do policial, na respectiva camada. 
Os níveis são crescentes de baixo para cima. 
 
Comentário 
 
O autor não considera a “presença policial” como um nível de força, vinculando o primeiro nível 
com comandos verbais.Trata-se de um modelo de fácil adaptação a todas as organizações 
policiais e pode ser utilizado perfeitamente pela policia. 
 
Veja na próxima página, a figura 1, que mostra o modelo FLETC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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Modelo FLETC 
 
Figura 1 - Modelo "FLETC de uso progressivo da força. 
 
 
Fonte - GRAVES & CONNOR (1994, p.8); BARBOSA & ANGELO (2001, p.126) 
 
Modelo GILlESPIE 
 
É um modelo gráfico em forma de tabela, com cinco colunas graduadas por cor e seis linhas 
básicas, divididas em comportamento do agente e ação-resposta do policial. A atitude do 
suspeito é dividida em quatro colunas que estão subdivididas respectivamente em situações 
diferentes sobre a percepção do policial em relação a ele. Para a progressão de força, possui 
cinco níveis, com subdivisões crescentes de respostas pelo policial, que interagem entre si. O 
modelo correlaciona a atitude do suspeito com a avaliação de risco, condição mental do policial 
e resposta de força a ser utilizada. 
 
Comentário 
 
Para o autor, a verbalização é uma graduação de força que se interage com outros níveis. Inicia-
se no segundo nível de força e prossegue até o penúltimo, antes de se usar a força letal. É um 
modelo complexo, porém bem completo em suas opções de ação e reação. O policial que 
compreende a sua dinâmica está apto a fazer o uso correto da força. Pode ser adaptado para uso 
na Polícia Brasileira, com o devido treinamento, dada a sua complexidade. 
 
Veja o modelo GILIESPIE (Anexo 1) 
 
Modelo REMSBERG 
 
Este modelo é concebido em forma de degraus em elevação. Os degraus mais baixos simbolizam 
os níveis de força mais baixos e os mais altos, os níveis de força mais altos. O modelo não faz 
correlações do nível de força com a ação do suspeito ou percepção de risco por parte do policial, 
embora o autor observe este fato na sua teoria explicativa. São cinco níveis de força e cada um é 
subdividido em sub-níveis que também estão em ordem crescente de baixo para cima. Para 
utilizar esse modelo, o policial utiliza o degrau correspondente ao nível de força de resposta que 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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julgar melhor para a situação vivida. Em caso de mudanças de situação, deve-se subir ou descer 
os níveis. 
 
Comentário 
 
É muito simples e de fácil assimilação pelos policiais. No entanto, não é um modelo completo. 
Faz apenas o escalonamento do uso da força. 
 
Modelo REMSBERG 
 
ARMA DE FOGO 
 
 ATIRAR 
 
 APONTAR 
 
 SACAR 
 
 MÃO NA ARMA 
 
 COMANDO VERBAL 
 
INSTRUMENTO DE IMPACTO 
 
 USAR O BASTÃO 
 
 AMEAÇA COM BASTÃO 
 
 MOSTRAR O BASTÃO 
 
 APRESENTAR O BASTÃO 
 
 MÃO NO BASTÃO 
 
 AVISO VERBAL 
 
MÃOS LIVRES 
 
 CHAVE DE PESCOÇO 
 
 MEDIDAS DE CONTENÇÃO ATIVA 
 
 MEDIDAS DE CONTENÇÃO PASSIVA 
 
 PONTO DE PRESSÃO 
 
 PEGADA CONDUÇÃO 
 
VERBALIZAÇÃO 
 
 AVISO 
 
 ACONSELHAMENTO 
 
 PERSUASÃO 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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 ENTREVISTA 
 
PRESENÇA 
 
 POSTURA DEFENSIVA 
 
 POSTURA ALERTA 
 
 POSTURA ABERTA 
 
Figura 2 - Modelo "REMBERG" de uso progressivo da força. 
Fonte - REMSBERG (1999, p.433) 
 
 
 
 
Modelo CANADENSE 
 
É composto por círculos sobrepostos e subdivididos em níveis diferentes. O círculo interno 
corresponde ao comportamento do suspeito e o círculo externo à ação de resposta do policial. 
No círculo interno, existem cinco subdivisões, para cada situação de ação do suspeito. É utilizada 
uma graduação de tonalidades que vai da cor branca para a ação de menor ameaça do suspeito, 
até a cor preta, para a ação de maior ameaça. O círculo externo corresponde à ação de resposta 
do policial que está graduada em sete níveis diferentes. Cada nível interage com o outro através 
da mudança de cores. A mudança não é estanque, ou seja, onde termina um nível de força, outros 
ainda estão disponíveis. São usadas sete cores para cada uma das graduações de força. 
 
Comentário 
 
É um modelo muito prático, de fácil entendimento e memorização por parte do policial. Pode ser 
facilmente adaptado pela Polícia Brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Modelo CANADENSE 
 
Figura 3 - Modelo "CANADENSE" de uso progressivo da força. 
 
 
 
 
Modelo NASHVILLE 
 
Este modelo possui um formato gráfico em forma de “eixo de coordenadas”. O eixo “x” 
corresponde à atitude dos suspeitos e é dividido em cinco níveis. O eixo “y” corresponde aos 
quatro níveis de força. A utilização do modelo é feita através da análise do gráfico formado pelo 
cruzamento dos dois eixos “x e y”, que pode ser feita de duas formas. Uma mais severa e outra 
menos severa. Fazendo parte do gráfico, como orientação, são colocados os fatores e 
circunstâncias que podem influenciar o policial para a escolha do nível de força a ser utilizado. 
 
Comentário 
 
É um modelo simples. Possui duas variáveis para o uso da força, não estando presente a 
avaliação do risco para o policial. 
 
 
 
Modelo NASHVILLE 
 
Polícia Metropolitana de Nashville 
 
Gráfico de uso de força 
 
 
 
 
 
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Figura 4 – Modelo “NASHVILLE” de uso progressivo da força. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte - Metropolitan Nashville Police (1996) 
 
 
Modelo PHOENIX 
 
É o mais simples dos modelos estudados. Foi elaborado no formato de tabela, com duas colunas. 
A primeira coluna corresponde à ação do policial e a segunda coluna à atitude do suspeito. O 
modelo divide os níveis de força e atitude dos suspeitos em sete graduações diferentes. O 
primeiro nível é a ausência de força e a ausência de resistência pelo suspeito. 
 
Comentário 
 
É de fácil assimilação por parte dos policiais e pode ser adaptado por qualquer organização 
policial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Circunstâncias Especiais 
Proximidade de Arma 
Fadiga/Exaustão 
Incapacidade 
Posição no Solo 
Iminente Perigo 
Fatores de Sujeição 
Idade 
Sexo 
Tamanho 
Habilidade 
Estado Mental 
 
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Modelo PHOENIX 
 
Figura 6 -Modelo "PHOENIX" de uso progressivo da força. 
 
 
Fonte - Phoenix Department Police (1996) 
 
 
 
 
Aula 3 - Análise comparativa dos modelos apresentados 
 
Em essência, os modelos estudados são semelhantes entre si. Eles relacionam o uso progressivo 
da força pela polícia à atitude demonstrada pelo suspeito. 
 
Veja o quadro comparativo dos modelos apresentados (Anexo 2). 
 
Alguns como os modelos “FLETC”, “GILIESPIE”, colocam uma avaliação de risco como parte 
integrante do gráfico e outros não. Dos modelos estudados, três são interessantes para serem 
utilizados pela Polícia Brasileira, por terem um conteúdo mais completo e reproduzirem bem a 
realidade operacional da polícia: modelos “FLETC”, “GILIESPIE” e “CANADENSE”. 
Considera-se, porém, o modelo “CANADENSE”, o mais indicado, por apresentar facilidade de 
aprendizagem e riqueza de conteúdo de forma gráfica. 
 
A adoção de um modelo pela Polícia é perfeitamente viável. Servirá para orientar os policiais em 
seu dia-a-dia operacional, dando-lhes um parâmetro mais perceptivo sobre quando, onde, como e 
porque fazer o uso da força. Além do mais, uma vez utilizada a força, fornece um bom 
fundamento para a avaliação e acompanhamento do processo por parte da organização policial, 
facilitando o planejamento, treinamento, supervisão e a revisão sobre o assunto. 
 
A divulgação ampla do modelo escolhido é o segredo para o sucesso de seu emprego. Na prática, 
o uso de um modelo é realizado através da distribuição de cartões plastificados para policiais, 
através de cartazes colocados em locais de reuniões, em salas de aula, durante o treinamento de 
abordagens, estudos de casos, dentre outros. 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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Aula 4 - Proposta de um modelo básico do uso progressivo da força 
 
Sabendo que um “modelo de uso da força” é um recurso visual, destinado a auxiliar na 
conceituação, planejamento, treinamento e na comunicação dos critérios sobre o uso da força 
utilizado pelos policiais, deve-se seguir um modelo básico: 
 
Figura 6 - Modelo básico do uso progressivo da força 
 
O modelo apresentado é um gráfico em forma de trapézio com degraus em seis níveis, 
representados por cores. De um lado (esquerdo) há a percepção do policial em relação a atitude 
do suspeito. Do outro lado (direito) as respostas (reação) de forças possíveis em relação à atitude 
do suspeito. 
 
A seta, que é dupla, descreve o processo de avaliação e seleção de alternativas. De acordo com a 
atitude do suspeito, haverá uma reação do policial, na respectiva camada. Os níveis são 
crescentes de baixo para cima. 
 
Relembrando que o uso efetivo da força depende da compreensão sobre as relações de causa e 
efeito entre o policial e o suspeito, gerando uma avaliação prática e conseqüente resposta. 
Observando as ações do suspeito dentro de um contexto de confrontação, o policial escolhe o 
nível mais adequado de força a ser usado, ou não. 
 
Na prática, sua resposta como policial será orientada pelo procedimento do suspeito. Ele decide 
o que quer de você, e, com suas próprias ações ou pelo modo como se comporta, esse suspeito 
justificará a utilização de certo nível de força pela polícia. Você deve empregar apenas a força 
necessária para controlá-lo. 
 
Da base para o topo, cada nível representa um aumento na intensidade de força. Isto é, a escala 
se move daquelas opções que são mais reversíveis para aquelas que são menos reversíveis; 
daquelas que oferecem menor certeza de controle, para aquelas que oferecem maior certeza. 
Assim, quanto mais você sobe na escala de nível, maior será a necessidade de se justificar 
posteriormente. 
 
Uma vez que existam resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o 
policial terá que adequar sua reação à intensidade da agressão, estabelecendo formas de 
comandar e direcionar o suspeito provendo seu controle. Em contato com um suspeito que está 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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atentando contra sua vida, é claro que você não terá que progredir nível por nível sua escala de 
força até você alcançar alguma forma de fazê-lo parar. O ideal é que você fale antes e use a força 
somente se sua habilidade de negociar falhar. Existem, entretanto, circunstâncias em que você 
poderá dizer nada além de “Pare!”. 
 
Você pode mentalmente percorrer toda a escala de força em menos de um segundo e escolher a 
resposta que lhe parecer mais adequada ao tipo de ameaça que enfrenta. Se sua manobra falha ou 
as circunstâncias mudam, você pode aumentar seu poder, ampliando o nível de força de um 
modo consciente, ao invés de agir com raiva ou medo. Essa avaliação entre as opções para a 
abordagem ajuda você a manter seu equilíbrio tático. 
 
Conclusão 
 
Não se pode falar em melhor modelo e nem em único modelo. Cada modelo apresentado foi 
criado para representar como cada estudioso, ou determinada polícia, observa e orienta a 
gradação do uso da força. Neste módulo você teve a oportunidade de analisá-los. No próxima, 
seu estudo terá como foco os princípios básicos do uso da força. 
 
Este é o final do módulo 2 
 
Os custos da violência e as políticas públicas 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1. Analise os modelos apresentados do uso da força e arma de fogo e proponha um modelo 
básico a ser empregado em sua Organização Policial. 
 
 
 
2. Redesenhe o modelo básico do uso progressivo da força apresentado neste curso. 
 
 
 
3. Elabore um quadro resumo dos principais modelos de Uso Progressivo da Força apresentados 
neste módulo. 
 
FLECT / GILLESPIE / REMSBERG / CANADENSE / NASHVILLE / PHOENIX 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este é o final do módulo 2 
 
Modelos de uso progressivo da força 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
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 Página 28 
 
 
Anexos: 
 
Anexo 1 
 
Comportamento 
do agente 
Cooperativo 
 
Não cooperativo Agente desarmado 
 
Agente armado 
 
 Submete-se à voz 
de prisão: 
Resiste à prisão: 
 
Resiste à prisão: Resiste à prisão: 
Indicativo de 
comportamento 
do Agente 
 
 
- Submissão 
- Cooperativo 
- Segue as 
orientações 
- Não coopera 
- Evasivo no 
interrogatório 
- Resistência 
verbal/física 
-Reage/foge 
Ameaça 
desarmada 
Ataque 
desarmado 
Ameaça 
Armada 
Ataque armado 
(Mortal) 
(Agressão) 
 Distâncias próximas Distâncias próximas 
Indicativos de 
atividade 
criminosa 
 
Ameaça desconhecida - Investigação de atividade criminosa – Atividade de elevado risco 
Indicativos de 
atividade 
criminosa 
 
Alerta 
 
 
Controlada 
 
 
Ativa 
 
 
Sobrevivência 
 Orientações 
verbais 
Persuasão verbal Comandos verbais Advertência 
verbal 
Ação de 
sobrevivência 
Ação da 
polícia 
 
- Autoridade 
- Avaliação 
- Decisão por 
prisão 
- Posicionamento 
- Procedimento 
Técnicas de mãos 
livres 
Avaliação 
- Decidir sobre a 
prisão 
- Avaliação 
 
Controle por: 
- Posição deescolta
- Técnicas de 
distração 
- Condução de 
cooperativo 
- Contenção por 
alavanca 
- Contenção de 
impacto 
 
Agentes químicos 
 
Sacar o bastão 
ou outra arma 
intermediária 
 
Avaliar 
- Cobertura 
- Distância 
- Apoio 
- Retirada 
Usa força 
 
Sacar o bastão 
ou outra arma 
intermediária 
 
- Agentes 
químicos 
- Cães 
Demonstra 
força 
 
Sacar arma 
de fogo 
 
Avaliar: 
- Cobertura 
- Apoio 
-Distância 
-retirada 
 
 
 
 
 
 
 
Cães 
Usa força 
 
 
Usar arma de 
fogo em caso 
de ataque 
 Efetuar prisão Prisão com uso da força e Proc. de controle 
 
 
P 
R 
E 
S 
E 
N 
Ç 
A 
 
Uso progressivo da força – Módulo 2 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
 Página 29 
 
 
Anexo 2 
 
Quadro 1 – Análise comparativa dos modelos estudados 
 
Modelo Sistema de cores 
Níveis de forças 
(alternativas) 
Avaliação da 
atitude do 
suspeito 
Percepção de risco Formato 
FLETC 
Cinco cores 
representando 
níveis 
diferentes do 
gráfico de 
força. 
Cinco níveis 
Comando verbais 
Controle de comantato 
Técnicas de submissão 
Táticas defensivas 
força mortífera 
Cinco níveis 
Submissa 
Resistência passiva 
Resistência ativa 
Ameaça física 
Ameaça morta 
Cinco níveis 
Profissional 
Tática 
Limiar de ameça 
Ameça danosa 
Ameça mortal 
Gráfico em 
forma de 
degrau, com 
cinco níveis e 
três painéis. 
GILIESPIE 
Quatro cores, 
representando 
níveis 
diferentes de 
percepção do 
policial e 
atitude do 
suspeito. 
Cinco níveis que interagem 
entre si: 
Presença 
Verbalização 
técnicas de mão 
Armas de impacto 
Armas de fogo/força letal 
Quatro níveis; 
Cooperativo 
Não-cooperativo 
agressivo 
desarmado 
Agressivo armado 
Três níveis: 
Ameaça esconhecida 
Tipo de atividade 
criminal investigativa 
Alto risco 
Tabela com 
uso de cores. 
REMSBERG Inexistente 
Cinco níveis subdivididos 
em outros níveis: 
Presença 
Verbalização 
Técnicas de mão 
Armas de impacto 
Arma de fogo/ força letal 
Inexistente Inexistente 
Gráfico em 
forma de 
graus. 
CANADENSE 
Sete cores. 
Cada uma está 
relacionada 
com o nível de 
força utilizado 
pelo policial 
Sete níveis: 
Presença policial 
Comandos verbais 
Mãos livres (leve) 
Mãos livres (+severo) 
Aerosóis 
Arma de impacto 
Arma letal 
 
Cinco níveis: 
Cooperativo 
Não-combativo 
Resistente 
Combativo 
Morte ou lesão 
grave 
Não está presente no 
modelo gráfico. É 
colocado como obs. 
Círculos 
sobrepostos 
NASHVILLE Inexistente 
Quatro níveis: 
Total submissão 
Passivo Defensivo 
Agressão ativa 
Agressão ativa agravada 
Inexistente, porém 
insere obs. Sobre 
fatores e 
circunstâncias que 
influenciam a 
avaliação do uso 
da força. 
Inexistente, porém 
insere obs. sobre 
fatores que 
influenciam a 
avaliação do uso da 
força 
Eixo de 
coordenadas 
“x,y” 
PHOENIX Inexistente 
Sete níveis: 
Ausência de resistência 
Itimidação psicológica 
Não-submisso 
Resistência passífica 
Resistência defensiva 
Atitude agressiva 
Arma de fogo 
Inexistente Inexistente Tabela com duas colunas 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
 Página 30 
 
 
Módulo 3 – Princípios básicos do uso da força 
 
Mas quais são estes princípios? 
 
O que é indispensável a um policial saber, saber fazer e fazer em relação à aplicação desses 
princípios? 
 
Neste módulo você estudará sobre estas questões. 
 
 
 
 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Enumerar os princípios básicos que orientam o uso progressivo e legal da força; 
 
Identificar as questões que fundamentam a utilização progressiva da força; e 
 
Empregar, em situações problemas, as técnicas policiais adequadas do uso progressivo da força 
em conformidade com os níveis de submissão dos suspeitos. 
 
O conteúdo deste módulo está distribuído em 1 aula: 
 
Aula 1 - Princípios básicos sobre o uso da força 
 
 
 
 
Aula 1 - Princípios básicos sobre o uso da força 
 
Aspectos gerais 
 
Apesar de não ser um tratado, os Princípios sobre o Uso da Força e Armas de Fogo têm como 
objetivo proporcionar normas orientadoras aos Estados-membros, sendo o Brasil um deles, na 
tarefa de assegurar e promover o papel adequado dos policiais na aplicação da lei. 
 
Não resta a menor dúvida quanto à importância e complexidade do trabalho dos policiais, onde 
destaca-se seu papel de vital importância na proteção da vida, liberdade e segurança de todas as 
pessoas. Acrescenta-se que ênfase especial deve ser dada à qualificação, treinamento e conduta 
destes policiais, tendo em vista seu contato direto com a sociedade quando das suas intervenções 
operacionais. As organizações policiais recebem uma série de meios legais que as capacitam a 
cumprir seus deveres de aplicação da lei e preservação da ordem. Sem este e outros poderes, tal 
como aquele de privar as pessoas de sua liberdade, não seria possível à polícia desempenhar sua 
missão constitucional. 
 
As organizações policiais devem equipar seus integrantes com vários tipos de armas e munições, 
permitindo um uso diferenciado da força, procurando ainda disponibilizar armas incapacitantes 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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não- letais e equipamentos de autodefesa que possam diminuir a necessidade do uso de armas de 
fogo de qualquer espécie. 
 
 
 
Uso da força: questões antecedentes 
 
Antes de prosseguir, pare e reflita: quais os questionamentos que um policial deve fazer a si 
mesmo antes de fazer o uso da força? 
 
Antes de fazer o uso da força em uma intervenção policial, responda aos seguintes 
questionamentos: 
 
1. O emprego da força é legal? 
Neste primeiro questionamento o policial deve buscar amparar legalmente sua ação, devendo ter 
conhecimento da lei e estar preparado tecnicamente, através da sua formação e do treinamento 
recebidos. Cabe ressaltar que vários são os casos em que ocorrem ações legítimas decorrentes de 
atos ilegais. Como exemplo, podemos citar o caso do policial que durante uma abordagem, tenta 
conseguir uma “confissão” do suspeito, à força, e em virtude disto, este policial é desacatado. A 
prisão por desacato é uma ação legítima, contudo, ela ocorreu em virtude de um ato ilegal, 
portanto o uso da força pela polícia é questionável posto que ela própria provocou a situação. 
 
2. A aplicação da força é necessária? 
Para responder, o policial precisa identificar o objetivo a ser atingido. Se a ação atende aos 
limites considerados mínimos para que se torne justa e legal sua intervenção. Este 
questionamento, ainda, sugere verificar se todas as opções estão sendo consideradas e se existem 
outros meios menos danosos para se atingir o objetivo desejado. 
 
3. O nível de força a ser utilizado é proporcional ao nível de resistência oferecida? 
Está se verificando a proporcionalidade do uso da força, e caso não haja, estará caracterizado o 
abuso de poder. Como exemplo podemos citar a ilegitimidade da ação quando o policial não 
sabe a hora de parar, ou seja, o suspeito já se encontra dominado e ainda assim é submetido ao 
uso da força que naquele momento passará a ser considerada desproporcional. 
 
4. O uso da força é conveniente? 
O aspecto referente à conveniência do uso da força diz respeito ao momento e ao local da 
intervenção policial. Por exemplo, não seria conveniente reagir a uma agressão por arma de fogo, 
se você estivesse em um local de grande movimentação de pessoas, tendo em vista o risco que 
sua reação ocasionarianaquela circunstância, ainda que fosse legal, proporcional e necessário. 
 
 
 
Princípios essenciais para o uso da força: 
 
Legalidade 
 
Necessidade 
 
Proporcionalidade 
 
Conveniência 
 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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Conforme previsto nos “Princípios Básicos para o Uso da Força e Armas de Fogo”, o policial 
NÃO deve USAR arma de fogo, exceto: 
 
Em caso de legítima defesa ou defesa de outra pessoa em situações de ameaça iminente de morte 
ou ferimento grave; 
 
Para impedir que se cometa crime particularmente grave que envolva séria ameaça à vida; 
 
Efetuar prisão ou impedir a fuga de alguém que represente tal risco e resista à autoridade. 
 
 
Os casos citados anteriormente dizem respeito à utilização das armas de fogo por policiais, 
contudo, sem dispará-las com fins letais (sacar, apontar disparos de proteção, fixação pelo fogo 
para evacuação). 
 
Para fazer o uso da arma de fogo você deverá: 
 
Identificar-se como policial 
 
E 
 
Avisar prévia e claramente sua intenção de usar armas de fogo, com tempo suficiente para que o 
aviso seja levado em consideração. 
 
A NÃO SER QUE 
 
Tal procedimento represente risco indevido para os policiais ou acarrete risco de dano grave ou 
morte para terceiros. 
 
OU 
 
Seja totalmente inadequado ou inútil, dadas as circunstâncias da ocorrência. 
 
 
Uso da força: ações indispensáveis 
 
Ao utilizar sua arma de fogo durante uma intervenção operacional o policial deve lembrar-se de: 
 
Verificar se as características técnicas de alcance do armamento e munições utilizados 
enquadram-se nos padrões adequados à situação real em que o tiro está sendo realizado. 
 
Identificar-se como POLÍCIA de forma clara e inequívoca, advertindo o agressor sobre sua 
intenção de disparar, usando o comando verbal: 
 
POLÍCIA! - Solte sua arma! - Se reagir, vou disparar!” 
 
É preciso ainda considerar o tempo necessário ao acatamento do comando de forma que 
seja dada ao agressor a oportunidade de desistir do seu intento criminoso e render-se. 
 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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As providências citadas na página anterior são obrigatórias, desde que, devido às circunstâncias 
reais do caso, não afetem a segurança imediata dos policiais ou de outros envolvidos. O policial 
insiste na ordem de forma firme e imperativa buscando estar sempre protegido e mantendo o 
controle visual sobre o agressor. 
 
Não disparar sua arma de fogo quando o cidadão infrator (agressor) simplesmente desacatou a 
polícia, ou retruca, ou pondera a ordem, ou ainda, quando este tentar empreender fuga. 
 
Prestar imediato socorro médico à pessoa ferida. Procurar minimizar os efeitos lesivos dos 
disparos. 
 
Informar a família e as instituições encarregadas de tutelar os Direitos Humanos sobre o estado 
de saúde da pessoa ferida e onde ela será socorrida. A transparência na ação policial consolida a 
credibilidade e legitimação quando se torna necessário o emprego da força. 
 
Relatar detalhadamente o fato ocorrido registrando as providências adotadas antes e após o uso 
da arma de fogo, mencionando a quantidade de disparos, as armas que atiraram e seus 
detentores. 
 
 
 
Comentário 
 
Assistência psicológica e jurídica 
 
Os dirigentes nos diversos níveis e a instituição policial de forma geral deverão empenhar-se em 
prestar assistência psicológica e jurídica aos servidores que tenham se envolvido em uso letal de 
arma de fogo. O policial não pode vulgarizar os disparos de arma durante o serviço operacional 
invertendo a premissa de que somente deve atirar como último recurso. De igual maneira ele 
deverá contar com o amparo institucional, dando-lhe segurança e confiabilidade para que não se 
intimide diante do confronto operacional sempre que agir dentro dos parâmetros profissionais 
preconizados. 
 
Treinamento prático 
 
O treinamento deve guardar semelhança com as situações vivenciadas na atividade de proteção 
da sociedade e ser mais prático do que estático, devendo ainda ser contínuo e meticuloso, 
colocando os policiais aptos ao desempenho de suas funções. As técnicas e táticas vivenciadas 
no treinamento são os instrumentos que você tem para utilizar e fazer a diferença para tornar o 
confronto desigual a seu favor, ajudando-o a solucionar os mais diversos tipos de intervenções 
policiais. Assim, você deve dominar técnicas que lhe proporcionem o máximo de controle, com 
o mínimo de esforço e dentro de uma estrutura tática e legal que se ajustem (taticamente 
aplicável e legalmente aceita). 
 
Comentário 
 
Questões éticas 
 
É importante salientar as questões de natureza ética, que, juntamente com os princípios dos 
direitos humanos, devem ser parte importante no treinamento, sendo que esta qualificação deve 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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preparar os policiais também para o uso de alternativas de força, incluindo a solução pacífica de 
conflitos, compreensão do comportamento de multidões e métodos de persuasão, que podem 
reduzir consideravelmente a possibilidade de confronto. 
 
Utilização de arma de fogo 
 
Sobre a utilização de arma de fogo, os policiais precisam estar devidamente treinados para tal 
mister, devendo ainda, estarem orientados sob o ponto de vista emocional acerca do estresse que 
envolve situações dessa natureza. O treinamento deve conter ainda aspectos relacionados aos 
fatos ocorridos no cotidiano policial, aspectos estes que servem como exemplos quando da 
realização dessa atividade, facilitando o trabalho dos policiais em novas intervenções de natureza 
semelhante. 
 
Comentário 
 
Uso arbitrário da força: violações 
 
O uso arbitrário da força pelos policiais constitui violações do direito penal. Também constituem 
violações dos direitos humanos, cometidas justamente pelos policiais que são os responsáveis 
por manter e preservar esses mesmos direitos. O abuso da força pode ser visto como uma 
violação da dignidade e integridade humana tanto dos policiais envolvidos como dos próprios 
suspeitos ou infratores (alvos da intervenção), que agora passam a assumir a condição de 
vítimas. No entanto, não importa como as violações sejam vistas, elas prejudicarão de fato o 
sensível relacionamento entre a organização policial e toda a comunidade a que estiver servindo, 
sendo capazes de causar "ferimentos" que levarão muito tempo para “cicatrizar”. É por todas as 
razões expostas acima que o abuso não pode e não deve ser tolerado. 
 
Indevido uso da força: responsabilidades 
 
Cabe deixar bem claro que em um incidente particular com o uso indevido da força, a 
responsabilidade recairá tanto sobre os policiais envolvidos quanto sobre seus superiores, pois, 
os chefes têm o dever de zelar pela boa atuação dos policiais sob seu comando, sem que isso 
retire a responsabilidade individual de cada policial por suas ações. 
 
Deverão ser responsabilizados aqueles policiais que tendo o conhecimento de que outros, sob o 
seu comando, estão ou tenham estado, recorrendo ao uso ilegítimo de força e também aqueles 
que não tenham tomado todas as providências a seu alcance a fim de impedir, reprimir ou 
comunicar tal abuso. 
 
Não serão responsabilizados, no entanto, aqueles que se recusarem a cumprir uma ordem ilegal 
para usar força ou armas de fogo ou comunicarem tal uso ilegal realizado por outros policiais. 
Obediência a ordens superiores não será nenhuma justificativa quando os policiais souberem que 
o uso da força era ilegal e tiverem oportunidade razoável para se recusarem a cumpri-la: Nessas 
situações, a responsabilidadecaberá também ao superior que tenha dado as ordens ilegais. 
 
 
 
Justifica-se a conclusão de que o uso da arma de fogo seja visto como o último recurso. Os riscos 
no uso da arma de fogo em termos de danos, ferimentos (graves) ou morte, assim como de não 
apresentar nenhuma opção real após seu uso, transformam-a na última barreira na avaliação dos 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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riscos de uma situação a ser resolvida. 
 
Pois que outros meios os policiais empregarão, se o uso da arma de fogo deixa de assegurar 
que os objetivos da aplicação de lei sejam realmente atingidos? 
 
 
 
 
Disparos de Armas de Fogo como Resposta aos Infratores 
 
Faz-se necessário distinguir claramente, sob o enfoque prático, as diferenças existentes entre os 
disparos de armas de fogo efetuados pelos policiais em resposta aos tiros contra eles realizados 
pelos infratores. Observe atentamente o quadro a seguir: 
 
CATEGORIA OBJETIVOS LOCAL DE ATUAÇÃO 
PREOCUPAÇÃO COM 
TERCEIROS 
POLICIAIS 
Defender a vida das pessoas. 
 
SERVIR E PROTEGER 
Junto à Sociedade 
TOTAL: qualquer pessoa do 
público atingida ou ferida é 
extremamente grave e 
comprometedor. 
CIDADÃOS 
INFRATORES Delinqüir Junto à Sociedade 
NENHUMA: o público 
atingido facilita a fuga, pois 
ocupará a Polícia com 
socorrimento 
 
Conclusão 
 
As implicações do uso (letal) de armas de fogo podem ser, é claro, limitadas nos termos legais. 
No entanto, é bom que as conseqüências pessoais para os policiais envolvidos sejam destacadas. 
Embora existam regras gerais de como os seres humanos reagem a acontecimentos estressantes, 
a reação específica de cada pessoa depende, em primeiro lugar, da própria pessoa, sendo após, 
ditada pelas circunstâncias particulares e únicas do acontecimento. O fato de que haja 
aconselhamento psicológico disponível ao policial quando do acontecimento não elimina a 
profunda experiência emocional que este policial sofre em conseqüência dos disparos de armas 
de fogo por ele realizado, mas deve ser visto como a aceitação da gravidade do incidente. É 
preciso evitar a vulgarização operacional de ações desta natureza. 
 
Nos casos de morte, ferimento grave ou conseqüências sérias, um relatório pormenorizado deve 
ser prontamente enviado às autoridades competentes, responsáveis pelo controle e avaliação 
administrativa e judicial. 
 
O abuso não deve ser tolerado. A atenção deve estar voltada para a prevenção destes atos, 
mediante formação e treinamento regular apropriado e procedimentos de avaliação e supervisão 
adequados. Sempre que existir uma situação de abuso legado ou suspeitado, deve haver uma 
investigação imediata, imparcial e total. Os responsáveis devem ser punidos. As vítimas devem 
receber atenção adequada de acordo com suas necessidades especiais durante toda a 
investigação. Para que se possa restaurar com sucesso a confiança da sociedade pelo 
relacionamento abalado, deverá haver um esforço genuíno por parte da organização policial. 
 
Uso progressivo da força – Módulo 3 
SENASP/MJ - Última atualização em 07/10/2009 
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Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do 
conteúdo. 
 
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas 
anteriores. 
 
1. Quais são as implicações éticas e legais do uso da força e de armas de fogo? 
 
 
 
2. Quais os princípios essenciais para o uso da força? 
 
 
 
3. De que forma o policial pode responder, para si mesmo, se o uso da força é necessário? 
 
 
 
4. Explique o que significa dizer que o uso da força é conveniente. 
 
 
 
5. Quando é permitido o uso da força e de armas de fogo pelo policial? 
 
 
 
6. De que forma o uso da força potencialmente põe em perigo o relacionamento de uma 
organização policial com a comunidade? 
 
 
 
7. Explique a questão da responsabilidade no caso do uso indevido da força. 
 
 
 
 
 
 
Este é o final do módulo 3 
 
Princípios básicos do uso da força 
 
Além das telas apresentadas, o material complementar está disponível para acesso e 
impressão. 
Uso progressivo da força – Módulo 4 
SENASP/MJ - Última atualização em 05/11/2009 
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Módulo 4 – O uso progressivo da força 
 
Espera-se que o encarregado de aplicação da lei tenha a capacidade de distinguir entre inúmeras 
tonalidades de cinza, em vez de apenas fazer a distinção entre o preto e branco, certo ou errado. 
(C.ROVER) 
 
Ao policial exige-se que tenha um alto grau de profissionalismo, inteligência e percepção. Diante 
de uma intervenção, poderá ser exigido a ele que trate com cortesia, dignidade e respeito humano 
todas as pessoas, e, paradoxalmente, ser-lhe exigida precisão ao efetuar um disparo letal de arma 
de fogo para proteger a vida de um cidadão. Este módulo oferece as condições necessárias para 
que você possa discutir sobre este assunto: 
uso progressivo da força. 
 
 
 
 
Ao final deste módulo, você será capaz de: 
 
Identificar os níveis de utilização da força e a ação policial adequada a cada nível; 
 
Utilizar o triângulo da força letal nas decisões a serem tomadas, frente à situação apresentada; 
 
Identificar os níveis de submissão dos suspeitos para exercer melhor controle nas situações que 
exigirem uso da força; e 
 
Enumerar os aspectos que influenciam no nível de força aplicada. 
 
 
 
 
O conteúdo deste módulo está dividido em 7 aulas: 
 
Aula 1 - Uso progressivo da força 
 
Aula 2 - Níveis de força progressiva 
 
Aula 3 - Tiro intimidativo 
 
Aula 4 - Triângulo da força letal 
 
Aula 5 - Estudo das reações fisiológicas 
 
Aula 6 - Utilização dos níveis de força 
 
Aula 7 - Percepção do Risco 
 
 
 
 
Uso progressivo da força – Módulo 4 
SENASP/MJ - Última atualização em 05/11/2009 
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Aula 1 - Uso progressivo da força 
 
Ao trabalhar na rua, o policial necessita trazer consigo um leque de respostas variadas 
para situações de enfrentamento. Ter apenas uma ou duas respostas não será suficiente para 
enfrentar uma agressão. 
 
Uma vez que existam resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o 
policial terá que adequar sua reação à intensidade da agressão, estabelecendo formas de 
comandar e direcionar o suspeito provendo seu controle. (MOREIRA, 2001). 
 
ROVER (2000) afirma que: “Os governos deverão equipar os EAL com uma série de meios que 
permitam uma abordagem diferenciada ao uso da força e armas de fogo”. 
 
Lembre-se 
 
O uso legítimo da força pressupõe, como já foi dito, além dos princípios éticos, que seja baseado 
na legalidade, necessidade e proporcionalidade. 
 
Cada encontro entre o policial e o cidadão deve fluir em uma seqüência lógica e legal de causa e 
efeito, baseada na percepção do risco por parte do policial e na avaliação da atitude daquele que 
é o suspeito. Este fluxo deve ser uma constante, como um medidor de suas ações: aumento ou 
intervenção, assim como de diminuição ou não-intervenção durante um confronto. Esta 
seqüência é chamada de uso progressico da força. 
 
O uso progressivo da força é a seleção adequada de opções de força pelo policial em resposta ao 
nível de submissão do indivíduo suspeito ou infrator a ser controlado. O uso progressivo da força 
pode também ser definido como uma ferramenta para ajudar na determinação de que técnicas ou 
nível de força é apropriado para as várias situações que possam surgir. É uma lista de técnicas 
que possuem uma graduação que vai das mais “fracas” ou menos violentas até as mais “fortes” 
ou mais extremas, como a força letal. WILLIAMS (2001)

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