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Dos Efeitos da Condenação Criminal

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Penal II GQ – Aula 02 – 16.10.2014
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Flávio Augusto Monteiro de Barros - bibliografia
	Foram estudas três espécies de pena, as penas privativas de liberdade, as restritivas de direitos e a pena de multa. Antes mesmo da entrada na universidade, é sabido por meio da mídia, que transmite, muitas vezes, com sensacionalismo, mas também mostrando a realidade, algumas vezes, do que é o efeito da condenação, especialmente quando se trata das penas privativas de liberdade.
	A primeira ideia que a gente tem com penas privativas de liberdade é de uma pessoa atrás das grades e daí todas as consequências que o cárcere propicia, impõe. Os efeitos da condenação vão muito além desse encarceramento, muito além da cela. Uma sentença penal condenatória – expressão contundente e marcante - não se aplica exclusivamente no cárcere, ela vai muito além, vai em muitos âmbitos do Direito.
	Uma pessoa que é condenada a uma pena privativa de liberdade poderá, dependendo do crime que ela cometeu, perder o poder familiar, poderá ter sua tutela ou sua curatela atingida, poderá perder ser cargo, sua função pública, seu mandato eletivo.
	A condenação criminal tem repercussão no Direito Civil, poderá ter no Direito Tributário, no Direito Trabalhista e por aí vai.
	Imagine que uma pessoa é funcionária exemplar de uma determinada empresa e ela comete o crime de homicídio, ela é condenada, fica clara a sua culpa e, portanto, é encarcerada. Basta esse título executivo dessa sentença homologada para que aquela empresa com este título executivo – a prova da condenação – requerer a homologação, na Justiça do Trabalho, da demissão por justa causa, mesmo que o crime não tenha nenhuma relação com a atividade que se exerce, isso é um efeito da condenação e, dificilmente, esse pedido da empresa será negado porque cabe à empresa, diante de tal fato, decidir quem quer no seu quadro, ela não vai querer um criminoso, com tendência de voltar a cometer delitos dentro do seu quadro profissional.
	É possível afirmar que, a partir da preocupação com efeitos da condenação ocorre o in dubio pro reu.
	A condenação é chamada de TÍTULO EXECUTIVO porque é como se disséssemos que é um título líquido certo; no momento em que o juiz condena, toda sentença homologada deve ser executada. É considerada título executivo por dever ser, literalmente, executada. A condenação já é instrumento necessário para a execução da sentença. Por isso que no final de toda sentença condenatória o juiz escreve: “registre-se, intime-se, cumpra-se”.
	TÍTULO EXECUTIVO = TODA SENTENÇA HOMOLOGADA DEVE SER CUMPRIDA.
Ex.: Imaginem que um jovem é modelo de passarela, tem vários contratos firmados, como capa de revistas, aniversários, capas de revistas. Este jovem modelo sofreu uma lesão corporal dolosa, especificamente no rosto. A partir daí, vários contratos foram desfeitos porque ele não poderia aparecer em público com o rosto machucado. Este que foi vítima de crime de lesão corporal, que só a perícia vai determinar a área e a gravidade da lesão, vai dizer se há incapacidade para o trabalho e etc. Isso é Direito Penal, mais propriamente, Direito Processual Penal. De outro lado, esse jovem pode ingressar também no Direito Civil pedindo indenização por danos morais, materiais e lucros cessantes – tudo o que deixou de receber, de produzir a respeito desse evento. Então, são duas ações voltadas para o mesmo fato. Os efeitos da condenação sobre ações paralelas voltadas para o mesmo fato ocorrem de modo que, primeiro o juiz criminal decide, condenando, o juiz cível condena, absolvendo, fica facultado ao juiz cível condenar ou não. A única exceção está elencada no artigo 236, CP – erro. A decisão no criminal é título executivo no cível.
	A divisão doutrinária mais completa é essa:
			 Primários
Divisão doutrinária 			 Penais
			 Secundários			Genéricos (artigo 91)
							 Extrapenais		 
								 Específicos (artigo 92)
DOS EFEITOS PRIMÁRIOS DA CONDENAÇÃO
	Flávio Augusto e outros diz que o efeito primário da condenação é a própria condenação – uma condenação a pena privativa de liberdade, uma condenação a pena restritiva de direitos, pena de multa, condenação a medidas de segurança. AQUELE QUE É SUBMETIDO À MEDIDA DE SEGURANÇA É CHAMADO DE PACIENTE E NÃO DE DETENTO OU RECLUSO.
	Quando se fala que o efeito primário da condenação envolve a medida de segurança é com respaldo no CPP. Os processualistas penais consideram a sentença que aplica medida de segurança no Brasil como condenatória. A professora discorda, ela acredita que essa sentença é declaratória de insanidade mental e não condenatória. Por isso que os penalistas colocam como efeito primário, também, a medida de segurança. CONDENA-SE A UMA INTERNAÇÃO OU A TRATAMENTO AMBULATORIAL.
	OS EFEITOS SECUNDÁRIOS PENAIS DA CONDENAÇÃO
Inclusão do nome do réu no rol dos culpados;
Quando se condena se insere num livro o nome de todos os condenados. No processo penal a uma forte crítica a essa inserção, os processualistas acreditam que ela estigmatiza os indivíduos. O respaldo da crítica se encontra no instituto da ressocialização. Acredita-se que a dita inserção impede o retorno ou a tentativa de retorno à vida social dos indivíduos que foram condenados, mas que desejam melhorar de condição, melhorar de vida.
O sursis e o livramento condicional;
Quando se tratou do sursis – suspensão condicional da pena privativa de liberdade – falou-se das hipóteses de revogação obrigatória e facultativa. Considera-se como efeito penal da condenação a revogação no período de prova do sursis ou do livramento condicional. Por quê? Quando se aplica o sursis o juiz primeiro condena – Sistema franco-belga –, a sentença é suspensa, agenda-se uma audiência admonitória - audiência em que os magistrados estabelecem condições para o cumprimento do regime aberto as quais, se desobedecidas, podem provocar a regressão de regime. Estarão presentes o magistrado, representante do ministério público, condenado e seu advogado. As condições são dadas ou anunciadas ao condenado e o advogado nesta audiência não poderá estar só (datas e condições do período de prova) –, por isso que se diz que corresponde a um efeito da condenação, porque todo efeito corresponde a uma causa e não existe revogação do período de prova, no sursis, sem prévia condenação; ninguém terá o período de prova revogado no sursis se não for condenado primeiro. Da mesma forma com o livramento condicional.
	
OS EFEITOS SECUNDÁRIOS EXTRAPENAIS DA CONDENAÇÃO
	As pessoas que são condenadas em âmbito penal poderão ter essa condenação repercutidas em outras áreas do direito, como:
Perda do poder familiar;
Perda da tutela;
Perda da curatela;
Perda de mandato eletivo;
Perda de cargo...
EFEITOS DA CONDENAÇÃO GENÉRICOS E ESPECÍFICOS
(artigos 91 e 92, CP)
Rubrica do legislador	
GenéricosCAPÍTULO VI
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Efeitos genéricos e específicos
        Art. 91 - São efeitos da condenação: 
 
        I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; 
 Exemplo do modelo de passarela. Se o juiz criminal condenar pela lesão corporal no exemplo dado, tornará certa a indenização para o agente do crime. A vítima é que vai receber – será indenizada.O doutrinador deixou muito claro: mesmo que o a gente do crime arcar com os custos de uma cirurgia reparatória não vai ser isentado de pena, ocorrerá a consideração no momento da dosimetria de pena.
        II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé: dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
        b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato criminoso.
Situação em que A roubou de B barras de ouro, buscou em C – artesão -, entregou as ele para que as transformasse em joias. No momento em que recebia as barras de ouro, C perguntoua A a respeito da procedência. Indagado, A respondeu que eram produto de roubo. Mesmo assim C começou a produzir as joias – já caracterizou o concurso de pessoas. C, enquanto artesão experiente teve a ideia de levar as peças fabricadas a D; para tal falou com E para que este forjasse documentações que mostrassem que as joias tinham boa procedência, que o negócio era lícito. Enganado, D comprou toda a cartela de joias e, sendo ele um joalheiro, as revendeu. Quando o legislador diz que a perda em favor da União, ressalvado o direito lesado ou o terceiro de boa fé, quer dizer que o produto do crime deverá ser confiscado para a União, a favor do Estado, cabendo ao terceiro de boa fé uma indenização. A vítima deve ser indenizada pelo autor do crime. O legislador protege os que agiram de boa fé.
§ 1o  Poderá ser decretada a perda de bens ou valores equivalentes ao produto ou proveito do crime quando estes não forem encontrados ou quando se localizarem no exterior.
§ 2o  Na hipótese do § 1o, as medidas assecuratórias previstas na legislação processual poderão abranger bens ou valores equivalentes do investigado ou acusado para posterior decretação de perda.
Muitas vezes, o objeto produto do crime não pode mais ser devolvido, as pessoas o repassam de modo que chega a sair do país. Daí se torna impossível a devolução ao verdadeiro dono, nesse caso, o legislador inovou em 2012, colocando como medida assecuratória, como medida cautelar, que se faça o leilão de bens daquele que causou todo esse dano. Que se leve à hasta pública no valor do dano e que se indenize àquelas vítimas.
Específicos        Art. 92 - São também efeitos da condenação:
       I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: 
Cargo = todo aquele criado por lei, pago pelos cofres públicos, com número certo de vagas, pode ser atribuído via concurso, a seleção pode ser temporária, pode ser por seleção simplificada, pode ser estagiário, comissionado – cargo de confiança -, um voluntário, etc.
Função pública = toda atividade que se cumpre em decorrência de um cargo. Uma pessoa, muitas vezes, presta concurso para uma atividade e exerce outra, fica à disposição de outro órgão, mas a atividade é em decorrência do cargo que foi de origem da investidura naquela administração pública.
Mandato eletivo = cargo político.
        a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública; 
Aqui o legislador deixa claro que a perda de cargo, função pública ou cargo eletivo quando o crime for praticado contra a administração pública. Quando se praticar um crime, na condição de funcionário público, em decorrência desse cargo, mandato ou função pública, vem como efeito da condenação a sua perda. Ex.: Funcionário público que comete o crime de peculato, é o primeiro dos crimes contra a administração pública previsto no CP. Ele poderá, tendo em vista esse crime de peculato – crime contra a administração pública – ser exonerado do cargo.
        b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 (quatro) anos nos demais casos. 
Esses demais casos têm a ver com crimes que não dizem respeito com o cargo, a função pública ou mandato eletivo, é qualquer outra ação particular dele, do agente público. Ex.: Imaginemos que ele matou alguém. Não tem nada a ver com a atividade que ele exerce, mas poderá também perder o cargo, tendo em vista o crime.
       II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado ou curatelado; 
   
      III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 
Veículo como meio – exemplo = indivíduo se utiliza de veículo automotor para levar vítima para cativeiro. É um meio para a consumação do crime.
A jurisprudência, há muito tempo, coloca o veículo automotor como instrumento do crime. 
        Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença.
Para que os efeitos do artigo 92 ocorram, de fato, é preciso que o juiz diga, expressamente, na sentença, o que não acontece com os efeitos constantes no artigo 91, que são todos automáticos.
Pátrio poder = poder familiar.
Tutela = envolve incapazes (menores).
Curatela = envolve incapazes (maiores).

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