Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PROVAS O que é a prova? É todo elemento trazido ao processo para contribuir com a formação do convencimento do juiz a respeito da veracidade das alegações concernentes aos fatos da causa (Alexandre Câmara) Do ponto de vista subjetivo, a prova é o convencimento de alguém a respeito da veracidade de uma alegação. É neste sentido que se pode, então, dizer que em um determinado processo existe prova de que o pagamento aconteceu. Quem diz isso está, na verdade, a afirmar que se convenceu de que o pagamento foi feito. Trata-se, pois, de uma percepção subjetiva da prova. De outro lado, em seu sentido objetivo, prova é qualquer elemento trazido ao processo para tentar demonstrar que uma afirmação é verdadeira. Assim, por exemplo, quando uma das partes diz que com o documento trazido aos autos faz prova do alegado, pretende-se afirmar que tal documento é trazido ao processo para demonstrar a veracidade da alegação. Aqui, a prova é percebida como um dado objetivo. (Câmara) Objeto da prova Divergências doutrinárias: Livro didático: A atividade probatória se desenvolve com objetivo de se apurar se a afirmação das partes se confirma ou não. Assim, o principal objeto da prova são os fatos, afirmados por parte e negados por outra. Realiza-se a prova pericial para verificar se determinada assinatura é ou não do réu e assim se certificar de que o contrato é fraudulento ou não. Realiza-se a inquirição de testemunhas para se constatar o período de certa união estável. O objeto da prova é, portanto, o fato. Alexandre Câmara: A prova tem por objeto demonstrar a veracidade de alegações sobre fatos que sejam controvertidas e relevantes. Veja-se, então, que o objeto da prova não é o fato, mas a alegação. (...) A alegação que constitui objeto da prova deve ser a alegação de um fato. Para os doutrinadores que seguem a corrente de que a prova tem como objeto o fato, os fatos se dividem em principal (ou jurídico) e secundário (ou indireto, ou indiciário). Fato principal É aquele que uma parte afirma e a outra nega. Exemplo: Alegação da existência do dano X alegação da inocorrência do dano. Fato secundário É incapaz de demonstrar a ocorrência de um fato debatido em juízo, podendo auxiliar, indiretamente, o convencimento do juiz de que tal fato existiu. Exemplo: Testemunhas que ouviram o estrondo da batida (fato indireto ou prova indiciária), em um caso em que não se tem prova direta do fato principal, ou seja, prova direta da batida. Essas testemunhas podem auxiliar o juiz a reconhecer que houve realmente uma batida. Alguns fatos dispensam provas! Art. 374, CPC: I – Os fatos notórios são aqueles que, pela sua extensão, são do conhecimento de todos. Exemplo: Desastre ambiental que provocou danos atingindo um grande número de pessoas, cuja responsabilidade da empresa causadora do dano foi amplamente divulgada pelos meios de comunicação. O juiz pode dispensar a produção das provas. II - Quando o fato afirmado em juízo pelo autor é confessado expressamente pela parte, dispensa-se a prova em razão da certeza que se formou nos autos do processo. A confissão poderá ocorrer em juízo ou mesmo fora dele. Independentemente da forma como se deu a confissão, o fato que a ensejou dispensará a produção de provas, possibilitando ao juiz o julgamento antecipado do mérito. III – Fatos incontroversos: Se a parte autora afirma a existência de determinado fato e o réu não o nega, resta evidente que não há controvérsia quanto ao fato. Exemplo: quando o réu deixa de impugnar algum ponto narrado pelo autor, como um lucro cessante, ficando este ponto incontroverso. IV – Presunção legal de existência ou veracidade: O fato é registrado por escritura pública, como a paternidade atestada em certidão de nascimento ou uma doação atestada em uma escritura pública. Tais registros públicos geram presunção legal de veracidade do fato que foi levado a registro. A presunção somente será elidida se houver alegação de falsidade do documento público. Neste inciso também se inclui o caso das alegações feitas pelo autor em processo cujo réu tenha sido revel. Alegações sobre o direito (como afirmação de uma lei estar em vigor, ou se determinado ato normativo é inconstitucional) não são objeto de atividade probatória, em regra. Exceção: alegações de direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, deve-se provar o teor e sua vigência, se o juiz determinar. Art. 376, CPC. Destinatário da prova O destinatário da prova é o juiz (observando a ressalva trazida por Alexandre Câmara). Toda a atividade probatória é realizada para convencer o juiz acerca da existência do fato afirmado pelas partes. Em verdade, busca-se, com a atividade probatória, demonstrar para o julgador que o fato afirmado ocorreu. Exemplo: Se a causa posta em juízo versar sobre acidente de carro, a parte que afirma ter sofrido dano deverá convencer o juiz de que a parte contrária lhe causou o dano, avançando o sinal, por exemplo. Art. 371 do CPC: Princípio do livre convencimento motivado do juiz. Este princípio, em resumo, afirma que o juiz está livre para se convencer, a partir das provas produzidas nos autos, da existência ou não do fato afirmado, mas deverá indicar na decisão as razões da formação de seu convencimento. Lembrem-se que as decisões do juiz devem ser motivadas, então as decisõs proferidas a partir das provas também serão motivadas. Prova emprestada (art. 372, CPC) A prova produzida num suposto processo pode ser utilizada também em outro processo, transportando sua força probante. Trata-se da denominada prova “emprestada”, e esse intercâmbio probatório pode ocorrer nos casos em que a parte tenha dificuldades de reproduzir determinada prova novamente em outro processo, seja pela deterioração do documento ou falecimento de uma testemunha, seja para obter maior celeridade na fase instrutória. É perfeitamente possível – desde que observado o contraditório – trazer para um processo, por exemplo, laudo pericial que tenha sido elaborado para outro feito. Ou a cópia de um depoimento de uma testemunha que tenha sido prestado em processo distinto etc. Exemplos do Câmara: Em um processo entre partes A e B se tenha produzido uma determinada prova. Posteriormente, quer-se levar essa prova por empréstimo para outro processo, em que são partes os mesmo sujeitos, A e B. Pois neste caso é perfeitamente admissível a prova emprestada. Produzida a prova naquele processo em que eram partes A e B, pretende-se trazer a prova por empréstimo para outro processo, cujas partes são A e C. Pois é admissível neste caso que C requeira a produção da prova emprestada contra A (já que este participou daquele processo em que a prova foi originariamente produzida e, portanto, atuou em contraditório no momento da colheita da prova). O contrário, porém (A pretender produzir aquela prova emprestada contra C), não é admissível, já que C não participou, em contraditório, da produção da prova que agora contra ele se pretende produzir. Basta pensar que: no caso de ser a prova emprestada de natureza testemunhal, C não terá tido a oportunidade de formular perguntas ao depoente. Do mesmo modo, caso se tratasse do empréstimo de uma prova pericial, C não teria tio a oportunidade de formular quesitos ao perito ou de indicar um assistente técnico para acompanhar a produção da perícia. Por conta disso, não se pode admitir a utilização de prova emprestada contra aquele que não tenha participado, em contraditório, da colheita da prova no processo em que originariamente ela tenha sido produzida.
Compartilhar