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Ética e sigilo profissional na questão do
Depoimento Sem Dano
 
 
Desde a suspensão, em 2013, da Resolução do CFESS que determina como não atribuição ou
competência de assistentes sociais a aplicação do Depoimento Sem Dano (DSD), o tema tem
ganhado mais visibilidade dentro e fora da categoria e envolve posicionamentos polêmicos sobre
a ética profissional.No mês passado, a 8ª Semana de Direitos Humanos de Minas Gerais,
promovida em BH, pelo governo estadual, teve em sua programação a oficina “Perspectivas e
desafios do Depoimento sem Dano”. A atividade teve a presença da assistente social da Vara
Cível da Infância e Juventude de Belo Horizonte (TJMG), Márcia Jacinto, que falou ao CRESS-
MG sobre como anda essa discussão em Minas Gerais.O Depoimento Especial ou Depoimento
Sem Dano se trata da inquirição de crianças e adolescentes em processos judiciais sobre abuso
sexual e é atualmente feita por psicólogos e assistentes sociais. A metodologia fere os direitos da
vítima, uma vez que não leva em consideração sua idade, desenvolvimento emocional e o próprio
trauma que lhe foi causado quando do abuso sofrido.A violação dos direitos humanos da vítima
também se dá a partir da prerrogativa de que ela “deve depor que foi abusada e acusar seu
algoz”, como comenta Márcia.“Ora, e se ela não tiver sido abusada? Se for um caso de falsa
denúncia e a criança estiver sendo manipulada a falar algo que não vivenciou, como em
situações de alienação parental? Nesses casos, o suposto réu ou abusador, poderá ser julgado
indevidamente, violando o seu direito e também o da criança que é posta como aquela que vai
indicar o réu, um papel que cabe à Justiça”, afirma.Sigilo profissionalNão são todas as
profissões que devem a obrigação do sigilo e, para Márcia, isso já seria revelador da disposição
social que é atribuída a algumas profissões de terem o dever e o direito de mantê-lo. É consenso
que o profissional conheça todos os elementos necessários para o bom cumprimento de seu
trabalho, desde as condições institucionais até as informações obtidas na sua relação com o
usuário.O sigilo profissional não é absoluto, no caso do Serviço Social, esse elemento abre a
possibilidade de o assistente social avaliar, subjetivamente, se deve manter ou divulgar o fato
sigiloso, devendo prevalecer o disposto no Código de Ética Profissional do Assistente Social e
atentando para o conteúdo ético-político dos princípios que o regem, destaca Márcia.“A análise
do sigilo profissional a partir da ética mostra que se está diante de algo complexo, que não se
limita a um preceito legal. Ou seja, o seu entendimento remete às questões: para quem?; com
qual necessidade?; para quê? e em que condições? Essas questões não podem ser pensadas
abstratamente, mas sim a partir das situações concretas nas quais estão inseridas, pois
interrogam a multiplicidade de demandas que lhe são colocadas na comunicação de uma
informação.”De acordo com a assistente social do TJMG, o sigilo profissional não pode vir
separado da reflexão ética, como se fosse uma simples questão técnica ou mesmo
procedimental.“As questões que despertam e os dilemas que apresentam ao cotidiano do
exercício profissional impelem a necessidade de uma postura analítica da realidade, da clareza
do objetivo profissional, que não se deixe burocratizar ou tecnificar, de ações norteadas por
princípios éticos no lugar de preconceitos, e de uma competência que não reforce a
subalternidade dos usuários do Serviço Social, ao contrário, construa possibilidades de
reconhecimento de direitos”, pontua Márcia.A quebra do sigilo profissional por imposição, traz
consequências funestas ao profissional, configurando-se em infração grave prevista no Código de
Ética profissional do assistente social. Portanto quem infringi-lo, diante de denúncia ao CRESS,
poderá responder processo ético e sofrer as sanções previstas no Código, que vão desde
advertência reservada até à cassação do registro profissional.Suspensão judicialEm 2013, a
Resolução do CFESS 554/09, que versa sobre o não reconhecimento do Depoimento Sem Dano
como atribuição ou competência do assistente social, foi suspensa por ordem judicial em todo o
território nacional. Para Márcia, a decisão levou assistentes sociais do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais a se inteirarem mais e se posicionarem de forma crítica sobre o tema, visto que a
instituição que a suspendeu é parte interessada na implantação do método.“A categoria toma o
seguinte posicionamento: se faz necessário sim, um meio para punir os abusadores. Contudo,
não é a criança ou adolescente que deve fazer o papel do juiz, como propõe a metodologia. A
justiça deve ser feita com responsabilidade e não a qualquer custo. Assim, é urgente e necessária
uma mudança no fluxo dos encaminhamentos da rede, para o atendimento dessas vítimas
quando ocorre uma denúncia”, avalia.Interesse socialO debate sobre o DSD é importante não
apenas no seio da categoria de assistentes sociais, como das demais profissões que lidam
diariamente com vítimas de abuso sexual contra crianças e adolescentes, tais como médicos,
enfermeiros, agentes de saúde, psicólogos, advogados, juízes, promotores, sociólogos,
antropólogos, aponta Márcia.“Trata-se de um tema que interessa a toda a sociedade, uma vez
que o abuso sexual pode ser vivenciado em qualquer esfera social. Por isso, é preciso educar as
pessoas para que elas saibam lidar com o assunto e aprendam a direcionar uma possível
denúncia”, pontua.Já os assistentes sociais, por atuarem com diversas demandas de violação de
direitos, devem ter um olhar crítico frente à questão do DSD. Para Márcia, não se pode tratar
essa metodologia como uma solução para a diminuição dos casos de abuso sexual, pois isso não
vai acontecer. O fato de se julgar e sentenciar alguém que cometeu o abuso, não fará com que o
índice de casos diminua.“Assim, os profissionais de Serviço Social necessitam estar esclarecidos
e promover debates mais amplos sobre esta questão. Também é preciso debater com o próprio
Tribunal de Justiça que quer implantar essa metodologia à revelia, sem conhecimento prévio do
trabalho que já é realizado por psicólogos e assistentes sociais nos processos que envolvem
abuso”, completa Márcia. 
 
CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL DE MINAS GERAIS – CRESS 6ª Região
www.cress-mg.org.br | www.facebook.com/cressmg | cress@cress-mg.org.br | 31 . 3226-2083 (sede)

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