Buscar

Sustentabilidade da madeira

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Alternativas sustentáveis de uso da madeira na construção civil 
Um dos assuntos mais falados hoje em dia, e sobre a sustentabilidade, mas o conhecimento e a prática sobre esse assunto hoje é pouca. Mas o conceito de sustentabilidade tem a origem na expressão “desenvolvimento sustentável”, que nada mais é que algo que consiga suprir todas as necessidades da geração dos dias de hoje, sem prejudicar as necessidades das gerações do futuro. 
Ao longo dos últimos 20 anos, em razão da dificuldade de transformar este conceito em ações e políticas públicas e diante da reduzida interseção entre as ideias desenvolvimentistas – em que o maior valor é o crescimento econômico e de sustentabilidade --que pressupõe os limites da Biosfera para efetivar os projetos humanos passou-se a utilizar de forma mais global o termo sustentabilidade, incorporando também a dimensão cultural.
Diante da evidência da fragilidade humana no quadro atual de degradação e riscos provocados por estilos de vida e de produção incompatíveis com a permanência dos recursos naturais, a sustentabilidade passou a ser o principal desafio para o desenvolvimento social. Desafio de caráter político, além de técnico, pois está na base dos processos decisórios em vários campos.
É importante destacar também que na dimensão ambiental deste conceito qualquer ação humana deve: respeitar os ciclos naturais, o tempo de recomposição dos recursos e os limites que os regem; conservar a integridade do ambiente; consumir sem ultrapassar a capacidade de renovação dos recursos e respeitar a diversidade humana que produz formas diferentes de existência.
A concepção de sustentabilidade pressupõe uma relação equilibrada com o ambiente em sua totalidade, considerando que todos os elementos afetam e são afetados reciprocamente pela ação humana. A sustentabilidade, portanto, diz respeito às escolhas sobre as formas de produção, consumo, habitação, comunicação, alimentação, transporte e também nos relacionamentos entre as pessoas e delas com o ambiente, considerando os valores éticos, solidários e democráticos.
	
Na vida moderna, todos os setores da economia dependem de um fluxo constante de materiais, em um ciclo que começa na extração de matérias-primas naturais, e segue em sucessivas etapas de transformações industriais, transporte, montagem, manutenção e desmontagem final. 
A madeira é um produto presente em quase todas as etapas das obras de construção civil. Seja em fôrmas, estruturas, escoramentos, esquadrias, pisos, forros, revestimentos até a mobília final, o uso da madeira ainda é indispensável para muitos arquitetos e engenheiros, por ser um diferencial de beleza e sofisticação. A questão é: como aliar o uso da madeira com a sustentabilidade? 
Na tentativa de poupar o corte de árvores, buscam-se alternativas que muitas vezes são mais prejudiciais ao meio-ambiente. Optar pelo uso de alumínio, plástico ou outros derivados do petróleo, por exemplo, é um grande engano, pois estes produtos não são renováveis e nem biodegradáveis. 
A devastação das florestas traz não só a perda da biodiversidade e outros danos à fauna e à flora, mas reduz as áreas do planeta com grande potencial para contribuir com o combate ao aquecimento global. Uma das formas de devastação da floresta é a extração de madeira ilegal. Estima-se, através de imagens de satélite, que para cada hectare de madeira extraída segundo um plano de manejo sustentável, outros 100 são desmatados ilegalmente. 
Além da questão do aquecimento global é importante garantir que na sua cadeia produtiva a madeira seja extraída de forma sustentável, com respeito aos direitos dos trabalhadores e a identidade das comunidades. Em outras palavras, existe a responsabilidade de garantir que a madeira exista sempre, que a riqueza que ela produz não empobreça as comunidades de onde ela é extraída e que haja sustentabilidade em toda a cadeia produtiva. 
Na região norte do Brasil, ainda é muito comum a utilização de madeira de lei, proveniente de árvores centenárias da floresta. Pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA indicam que entre 43% e 80% da produção madeireira da região amazônica seja ilegal, advinda de áreas desmatadas ou exploradas de forma predatória, sem o manejo adequado das áreas nativas. 
Isso faz com que a produção de madeira no estado tenha um perfil bastante semelhante ao dos demais estados da região: é oriunda, principalmente, do desmatamento e do corte seletivo não sustentável, e desconhece-se quanto dela é produzido legalmente. 
Ao se optar pela escolha de um produto, deve-se levar em conta várias características que comprovam seu respeito ao meio-ambiente: disponibilidade da matéria-prima, impacto ambiental na extração, transporte, utilização e demolição, eficiência na energia embutida, durabilidade, manutenção, reutilização, reciclabilidade e os aspectos humanos. O arquiteto desenvolvendo um comportamento coerente com suas obras, teve a preocupação em aproveitar a potencialidade da região, considerando as técnicas contemporâneas para buscar alternativas tecnológicas mais adaptadas ecológica e socialmente à realidade regional. 
Enfim, a sustentabilidade é a forma de promover uma busca de maior igualdade social, valorização dos aspectos culturais, maior eficiência econômica e um menor impacto ambiental, nas soluções adotadas nas fases de projeto, construção, utilização, reutilização e reciclagem da edificação, visando à distribuição equitativa da matéria-prima, garantindo a competitividade do homem e das cidades. 
A madeira na construção civil 
A madeira é um recurso insubstituível. Desde os primórdios da civilização ela sempre desempenhou papel decisivo em todos os aspectos da vida. Através da construção de casas, silos, estradas, pontes, teatros, templos e barragens, a humanidade desde a antiguidade vem moldando a natureza de forma a desenvolver sua capacidade em edificar. 
As características únicas de beleza, charme, conforto térmico e acústico, fácil manuseio e usinagem, leveza, fonte renovável, grande resistência mecânica, estabilidade e durabilidade que só a madeira proporciona, fazem desde recurso uma opção indispensável em qualquer projeto. A tradição em arquitetura pode ser descrita como um conjunto de precedentes conhecidos e de uso consagrado, parcialmente repetidos, parcialmente modificados, dos quais o arquiteto se utiliza quando projeta um edifício. (...) que torna possível a quem projeta ir direto às prioridades, poupando-lhe o trabalho de reinventar o que já foi inventado. (STROETER, 1986, p.109) Várias civilizações fizeram da madeira uma referência de sua história. Temos como exemplo a arquitetura japonesa, com seus tradicionais pagodes e templos que fazem amplo uso desse recurso. O templo budista Horyu-ji construído no ano 607 é considerado a construção de madeira mais antiga do mundo.
A arquitetura dos países europeus também apresenta um vasto repertório. Fazia-se uso da arquitetura vernacular, com madeira extraída dos vastos bosques da região. Tinham por característica uma estrutura maciça e robusta, sem transparências, com a junção de troncos empilhados. 
Nos Estados Unidos é quase unânime o uso do wood frame em residências. Trata-se de um método construtivo industrializado que utiliza perfis de madeira reflorestada em sua estrutura e destaca-se pela rapidez na sua execução. 
No Brasil, os primeiros relatos de construções em madeira referem-se às malocas indígenas. A arquitetura evoluiu para o uso predominante do concreto e aço e com isso criou-se a cultura do preconceito com as casas de madeira, remetendo à populações de baixa renda, sendo bem comum o seu uso em favelas da região sudeste, nos sertões do nordeste ou em casas ribeirinhas no norte do país.

Outros materiais