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DIREITO PREVIDENCIÁRIO Professor (a): Simone Magalhães Abreu DIREITO PREVIDENCIÁRIO 1111 Índice Professor (a): Simone Magalhães Abreu ....................................................................................... 0 Apresentação ................................................................................................................................ 8 Aula 1: Seguridade Social .............................................................................................................. 9 Introdução ............................................................................................................................. 9 Conteúdo .............................................................................................................................. 10 Noções históricas ................................................................................................................ 10 Conceito de seguridade social ...................................................................................... 11 Saúde, previdência social e assistência social. ........................................................... 12 Da assistência social ........................................................................................................ 13 Não contributiva e contributiva .................................................................................... 13 LOAS ou BPC .................................................................................................................... 14 Dois requisitos: um subjetivo e outro objetivo .......................................................... 14 Programas de assistência social: .................................................................................... 15 INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária. .......................... 16 Sete regras de ouro ......................................................................................................... 17 Princípios da seguridade social ..................................................................................... 18 Atividade proposta .......................................................................................................... 19 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 22 Referências........................................................................................................................... 22 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 22 Aula 1 ..................................................................................................................................... 25 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 25 Aula 2: Regime Geral de Previdência .......................................................................................... 27 Introdução ........................................................................................................................... 27 Conteúdo .............................................................................................................................. 28 Regime Previdenciário (conceito e benefícios essenciais) ...................................... 28 Recapitulando ................................................................................................................... 28 Existem hoje dois sistemas públicos de previdência ................................................ 29 Regime Geral de Previdência Social ............................................................................. 29 Regimes Próprios de Previdência Social ..................................................................... 30 Regime previdenciário próprio: ....................................................................................... 31 Artigo 1º da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999. ................................................. 34 Regime previdenciário próprio continuação: ............................................................. 35 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 2222 Espécies de aposentadoria no serviço público, no âmbito do Regime Próprio. . 39 Aposentadoria por invalidez permanente .................................................................. 41 A Relação Jurídica Previdenciária e os Sujeitos Protegidos .................................... 42 Segurado Obrigatório ..................................................................................................... 43 Empregado (Artigo 11 I, Lei nº 8.213) ........................................................................... 43 Empregado doméstico (Artigo 11 II, Lei nº 8.213) ..................................................... 48 Contribuinte individual ................................................................................................... 48 IV. Trabalhador avulso .................................................................................................... 50 V. Segurado especial ....................................................................................................... 50 Dependentes..................................................................................................................... 53 Dependentes de cada uma das classes ....................................................................... 54 Relação jurídica previdenciária ..................................................................................... 59 Filiação ao regime geral de previdência social .......................................................... 59 Carência: benefícios com e sem carência. ................................................................. 60 Manutenção e perda da qualidade do segurado ....................................................... 61 Os dependentes ............................................................................................................... 62 Carlos Alberto Pereira Castro e João Batista Lazzari (14ª edição, p. 211) ............. 63 Atividade proposta .......................................................................................................... 63 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 88 Referências........................................................................................................................... 89 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 89 Notas ........................................................................................................................................... 93 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 93 Aula 2 ..................................................................................................................................... 93 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 93 Aula 3: Aposentadoria e desaposentação ................................................................................... 95 Introdução ........................................................................................................................... 95 Conteúdo .............................................................................................................................. 96 Aposentadoria e direito à desaposentação ................................................................96 Artigo 201, § 7º, da Constituição da República........................................................... 96 Irreversíveis e irrenunciáveis ......................................................................................... 96 Exemplo ............................................................................................................................. 97 Pecúlio ............................................................................................................................... 97 Sistema previdenciário na sua globalidade ................................................................ 98 Fator previdenciário ........................................................................................................ 99 Derrogação ..................................................................................................................... 100 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 3333 Aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social ........................................... 101 Desaposentação defendida pelo STJ ......................................................................... 101 Informativo nº 535 ........................................................................................................ 104 Despensão ....................................................................................................................... 105 Caráter personalíssimo ................................................................................................. 106 TRF da 4ª Região ............................................................................................................ 107 Aposentadoria e vinculo de emprego ....................................................................... 108 Congresso Nacional rejeita em 14/04/1994 a Medida Provisória 446 ................. 108 Atividade proposta ........................................................................................................ 109 Aprenda Mais ..................................................................................................................... 121 Referências......................................................................................................................... 121 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 121 Aula 3 ................................................................................................................................... 124 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 124 Aula 4: Aposentadoria por tempo de contribuição .................................................................. 126 Introdução ......................................................................................................................... 126 Conteúdo ............................................................................................................................ 127 Atividade proposta ........................................................................................................ 127 Aposentadoria por tempo de contribuição .............................................................. 131 Qualidade de segurado - Lei nº 10.666, de 2003 .................................................... 131 Artigo 18, da Lei nº 8.213 .............................................................................................. 132 Para o professor ............................................................................................................. 134 Renda Mensal Inicial- RMI ............................................................................................ 135 Salário de benefício ....................................................................................................... 135 Fator previdenciário ...................................................................................................... 138 Tempo de contribuição para fins previdenciários .................................................. 139 Prova material ................................................................................................................ 142 Aposentadoria e certidão de tempo de serviço como aluno-aprendiz .............. 144 Contagem recíproca do tempo de contribuição .................................................... 145 Justificação administrativa .......................................................................................... 146 Cabimento da ação declaratória para reconhecimento de tempo de contribuição .................................................................................................................... 146 Referências......................................................................................................................... 147 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 147 Chaves de resposta ................................................................................................................... 150 Aula 4 ................................................................................................................................... 150 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 4444 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 150 Aula 5: Aposentadorias especiais .............................................................................................. 151 Introdução ......................................................................................................................... 151 Conteúdo ............................................................................................................................ 152 Aposentadoria especial ................................................................................................ 152 Aposentadoria especial, mais informações. ............................................................. 152 Reconhecimento do tempo especial ......................................................................... 153 Lei nº 9.528/97 ................................................................................................................ 155 Aposentadoria do professor ........................................................................................ 161 Professores ...................................................................................................................... 162 Ato normativo ................................................................................................................ 162 Aposentadoria da pessoa com deficiência ............................................................... 163 O Decreto 3.048 ............................................................................................................. 164 Por tempo de contribuição .......................................................................................... 164 Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência ............................................. 165 Aposentadoria por idade .............................................................................................. 168 Aposentadoria por idade urbana ................................................................................ 168 Qualidade de segurado ................................................................................................ 169 Aposentadoria por idade rural .................................................................................... 170 Mais informações sobre aposentadoria por idade rural ........................................ 170 Aposentadoriapor invalidez - requisitos necessários ............................................ 172 Aposentadoria por invalidez ........................................................................................ 173 Auxílio-doença ............................................................................................................... 175 Auxílio-doença - Mais informações ........................................................................... 178 Atividade proposta ........................................................................................................ 181 Aprenda Mais ..................................................................................................................... 181 Referências......................................................................................................................... 182 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 182 Chaves de resposta ................................................................................................................... 186 Aula 5 ................................................................................................................................... 186 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 186 Aula 6: Pensão por morte e benefícios ..................................................................................... 188 Introdução ......................................................................................................................... 188 Conteúdo ............................................................................................................................ 189 Pensão por morte .......................................................................................................... 189 Correntes, visão de alguns pensadores. .................................................................... 190 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 5555 Óbito ................................................................................................................................ 191 Quanto à prova de ser dependente ........................................................................... 192 Cônjuge divorciado ou separado ............................................................................... 192 Se o dependente for incapaz ....................................................................................... 194 Renda Mensal Inicial (RMI) ........................................................................................... 195 Legislação ........................................................................................................................ 195 STJ .................................................................................................................................... 199 Auxílio-reclusão ............................................................................................................. 199 Salário-família ................................................................................................................. 203 Salário-família - renda mensal .................................................................................... 204 Salário-maternidade ...................................................................................................... 206 Salário-maternidade - mais informações ................................................................. 207 Renda mensal do benefício ......................................................................................... 211 Empregos concomitantes ou de atividade simultânea .......................................... 211 Renda mensal do benefício - mais informações ..................................................... 212 Atividade proposta ........................................................................................................ 213 Referências......................................................................................................................... 213 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 213 Chaves de resposta ................................................................................................................... 217 Aula 6 ................................................................................................................................... 217 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 217 Aula 7: Custeio da Seguridade Social ........................................................................................ 219 Introdução ......................................................................................................................... 219 Conteúdo ............................................................................................................................ 220 Sistemas de custeio ....................................................................................................... 220 Regra importante ........................................................................................................... 221 Tripartite .......................................................................................................................... 222 Natureza jurídica ............................................................................................................ 225 Contribuições sociais destinadas à Previdência Social .......................................... 225 Lei nº 8.212/91 ................................................................................................................ 226 Lei 8212: ................................................................................................................................ 227 Prazo para recolhimento .............................................................................................. 231 A questão da contribuição da empresa sobre remuneração de trabalhadores sem vínculo empregatício já foi palco de controvérsia ......................................... 233 Adicional das instituições financeiras ........................................................................ 234 Cooperativas de trabalho ............................................................................................. 235 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 6666 Empregador doméstico ................................................................................................ 235 Contribuição dos trabalhadores e incidentes sobre seu salário-de-contribuição ........................................................................................................................................... 236 Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico .................................... 236 Incidência das alíquotas ............................................................................................... 237 O empregador é diretamente responsável ............................................................... 238 Parte da jurisprudência ................................................................................................. 239 Contribuinte individual e segurado facultativo ....................................................... 239 Segurado especial .......................................................................................................... 240 Atividade proposta ........................................................................................................ 242 Referências.........................................................................................................................242 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 242 Chaves de resposta ................................................................................................................... 245 Aula 7 ................................................................................................................................... 245 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 245 Aula 8: Acidente de Trabalho .................................................................................................... 246 Introdução ......................................................................................................................... 246 Conteúdo ............................................................................................................................ 247 Atividade proposta ........................................................................................................ 247 Acidente de trabalho – conceito ................................................................................ 248 Caracterização do acidente de trabalho ................................................................... 249 Doenças profissionais e do trabalho .......................................................................... 250 Artigo 20 .......................................................................................................................... 251 Nexo causal e concausalidade .................................................................................... 252 Perícia médica do INSS ................................................................................................. 252 Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário ......................................................... 253 Comunicação da empresa ........................................................................................... 253 Lei nº 8.213 ...................................................................................................................... 255 CAT ................................................................................................................................... 255 Acidente de trabalho ..................................................................................................... 256 Artigo 21: ............................................................................................................................... 257 Auxílio-doença Acidentário (B-91) ............................................................................. 259 Cessação do benefício .................................................................................................. 260 Auxílio-acidente (B-94) ................................................................................................. 260 Regra importante ........................................................................................................... 262 Requisitos de concessão .............................................................................................. 263 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 7777 Suspensão e cessação do benefício ........................................................................... 264 Atividade proposta ........................................................................................................ 264 Aprenda Mais ..................................................................................................................... 266 Referências......................................................................................................................... 266 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 266 Notas ......................................................................................................................................... 270 Chaves de resposta ................................................................................................................... 270 Aula 8 ................................................................................................................................... 270 Exercícios de fixação ..................................................................................................... 270 Conteudista ............................................................................................................................... 272 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 8888 Direito Previdenciário apostila Apresentação Nesta disciplina, analisaremos a legislação sobre o Regime Geral de Previdência Social, bem como os elementos dos Regimes Próprios dos servidores públicos, sob um filtro constitucional. Discutiremos as decisões recentes da jurisprudência dos tribunais superiores e resolveremos casos práticos enfrentados pelos profissionais do Direito no dia a dia. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Apontar as principais categorias jurídicas do Direito Previdenciário; 2. Resolver casos práticos; 3. Analisar a legislação, doutrina e jurisprudência sobre a matéria; 4. Construir uma visão crítica acerca dos principais problemas enfrentados pela Previdência Social. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 9999 Aula 1: Seguridade Social Introdução Hoje é nossa primeira aula e iniciaremos nossos estudos de Direito Previdenciário com o tema Seguridade Social, cujo um dos temas refere-se à Seguridade Social. Objetivo: 1. Conhecer o benefício assistencial – LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social). DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11110000 Conteúdo Noções históricas A formação de um sistema de proteção social no Brasil partiu do reconhecimento do Estado de que este deveria intervir para suprir as deficiências do liberalismo econômico, sendo que as primeiras formas de proteção social tinham caráter assistencial. Na legislação nacional, o marco inicial da Previdência Social aconteceu com a publicação do Decreto Legislativo nº 4.682 de 24/01/1923 (Lei Eloy Chaves). Esta lei criou as caixas de Aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferro existentes à época mediante contribuição dos trabalhadores das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado. A formação de um sistema de proteção social no Brasil partiu do reconhecimento do Estado de que este deveria intervir para suprir as deficiências do liberalismo econômico, sendo que as primeiras formas de proteção social tinham caráter assistencial. Na legislação nacional, o marco inicial da Previdência Social aconteceu com a publicação do Decreto Legislativo nº 4.682 de 24/01/1923 (Lei Eloy Chaves). Esta lei criou as caixas de Aposentadoria e Pensões nas empresas de estradas de ferro existentes à época mediante contribuição dos trabalhadores das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11111111 Conceito de seguridade social A Seguridade Social é um direito social, que podemos corroborar por meio da leitura do Artigo 6º da Constituição da República de 1988 (CRFB/88). “Artigo 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,na forma desta Constituição.” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64 de 2010). A seguridade social, como direito social, traduz-se num conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. Este conceito está insculpido no Artigo 194 da CFRB: “Artigo 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Os três ramos da seguridade social A seguridade social é um gênero composto por três ramos: saúde, previdência social e assistência social. Segundo Fábio Zambitte, a seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuição de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes e trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11112222 Saúde, previdência social e assistência social. A manutenção de um padrão mínimo de vida digna traduz o conceito de “mínimo existencial”. Então, podemos afirmar que a seguridade social é um meio para se atingir a justiça social. A justiça, por sua vez, é o fim da ordem social. A saúde é direito de todos e dever do Estado (Artigo 196 da CRFB), ou seja, independe de contribuição e, sendo assim, qualquer pessoa tem o direito de obter atendimento na rede pública de saúde. A previdência social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A assistência social será prestada a quem dela necessitar (Artigo 203 da CRFB/88), ou seja, aqueles que não têm condições de manutenção própria. Assim como a saúde, a assistência social independe de contribuição direta do beneficiário. Conforme menciona Marcelo Leonardo Tavares, “a assistência social é um plano de prestações sociais mínimas e gratuitas a cargo do Estado para prover pessoas necessitadas de condições dignas de vida. É um direito social fundamental e, para o Estado, um dever a ser realizado por meio de ações diversas que visem atender às necessidades básicas do indivíduo em situações críticas de existência humana, tais como maternidade, infância, adolescência, velhice, e de pessoas portadoras de limitações físicas. As prestações de assistência social são destinadas aos indivíduos sem condições de prover o próprio sustento de forma permanente ou provisória, independentemente da exigência de contribuição para o sistema de seguridade social”. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11113333 Da assistência social Artigo 203 – A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice. A promoção da integração ao mercado de trabalho. O amparo a crianças e adolescentes carentes. A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária. Não contributiva e contributiva Uma característica que vocês devem guardar no estudo da assistência social é que ela não é contributiva. Isto a diferencia da previdência social (outro ramo da seguridade social), que é contributiva, por expressa previsão constitucional. Assistência social Previdência Social Não é contributiva Contributiva A lei regente é a Lei nº 8.742/93 (Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS), cujos objetivos são: a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo a crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho, além de habilitação e DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11114444 reabilitação, de pessoas portadoras de deficiência; e a promoção de sua integração à vida comunitária e a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso (a partir de 65 anos) que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou tê-la provida por sua família (Artigo 2º) e cuja renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. LOAS ou BPC Chegamos ao momento mais importante desta aula: o benefício assistencial de prestação continuada, também denominado LOAS ou BPC. O benefício assistencial LOAS tem por fonte constitucional a norma prevista no Artigo 203, V, da CRFB/88, que garante um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei e, por fontes infraconstitucionais, o Artigo 20 da Lei nº 8.742/93. O Artigo 20, portanto, traz a regulamentação do benefício assistencial LOAS, já que a norma constitucional é eficazmente limitada. Dois requisitos: um subjetivo e outro objetivo O benefício assistencial tem dois requisitos: um subjetivo e outro objetivo. Requisito subjetivo Requisito subjetivo Ser o requerente portador de deficiência de longo prazo ou ser idoso. Que a família do requerente tenha renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11115555 Num primeiro momento, o STF, julgando a ADI nº 1.232-DF, considerou constitucional o disposto na legislação sobre o requisito financeiro. Todavia, o STJ vinha decidindo que o limite de ¼ do salário mínimo não era um critério absoluto e, por isto, deveria o juiz analisar as peculiaridades do caso concreto (AGRESP nº 523.864). Leia o texto do Supremo Tribunal Federal sobre a Reclamação nº 4374 (julgado em: 18/04/2013; DJ 03/09/2013). Programas de assistência social: O Supremo Tribunal Federal voltou a se manifestar sobre o tema recentemente e através da Reclamação nº 4374 (j. 18/04/2013, DJ 03/09/2013) revisou a ADI 1232, reinterpretando a norma contida no Artigo 20§ 3º da lei 8742, e declarou a inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do Artigo 20, § 3º, da Lei 8.742/1993, conforme excertos do voto da lavra do Ministro Gilmar Mendes que passo a transcrever: “os programas de assistência social no Brasil utilizam, atualmente, o valor de ½ salário mínimo como referencial econômico para a concessão dos respectivos benefícios. Tal fato representa, em primeiro lugar, um indicador bastante razoável de que o critério de ¼ do salário mínimo utilizado pela LOAS está completamente defasado e mostra-se atualmente inadequado para aferir a miserabilidade das famílias que, de acordo com o Artigo 203, V, da Constituição, possuem o direito ao benefício assistencial. Em segundo lugar, constitui um fato revelador de que o próprio legislador vem reinterpretando o Artigo 203 da Constituição da República segundo parâmetros econômico-sociais distintos daqueles que serviram de base para a edição da LOAS no início da década de 1990. Esses são fatores que razoavelmente indicam que, ao longo dos vários anos desde a sua promulgação, o § 3º do Artigo 20 da LOAS passou por um processo de inconstitucionalização. Portanto,além do já constatado estado de omissão inconstitucional, estado este que é originário em relação à edição da LOAS em 1993 (uma inconstitucionalidade originária, portanto), hoje se pode verificar também a inconstitucionalidade (superveniente) do próprio critério definido pelo § 3º do Artigo 20 da LOAS. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11116666 Trata-se de uma inconstitucionalidade que é resultado de um processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). É certo que não cabe ao Supremo Tribunal Federal avaliar a conveniência política e econômica de valores que podem ou devem servir de base para a aferição de pobreza. Tais valores devem ser o resultado de complexas equações econômico-financeiras que levem em conta, sobretudo, seus reflexos orçamentários e macroeconômicos e que, por isso, devem ficar a cargo dos setores competentes dos Poderes Executivo e Legislativo na implementação das políticas de assistencialismo definidas na Constituição.”. INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária. Verificados os requisitos do benefício assistencial, importante dizer quem tem atribuição para conceder o benefício, ou seja, onde o beneficiário deve buscar seus direitos. Em que pese o LOAS ser um benefício de natureza assistencial, a sua concessão é feita pelo INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária. Isso acontece por questões práticas, pois a autarquia já possui estrutura própria espalhada por todo o país, em condições de atender à clientela assistida. Em razão de o Artigo 12, I, da Lei nº 8.742 estabelecer que compete à União responder pela concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada, incluindo o financiamento, já houve controvérsia acerca da legitimidade passiva nas ações que se pleiteava tal benefício. No sentido da legitimidade exclusiva da União, que é responsável pela manutenção da assistência social, cabendo ao INSS somente a execução, temos a doutrina do Prof. Fábio Zambitte. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11117777 Contudo, a corrente majoritária (STJ-ERESP nº 204.974, 3ª Seção, João Batista Lazzari, Marcelo Leonardo Tavares), apoiando-se no parágrafo único do Artigo 29 da lei citada, entende pela legitimidade do INSS, haja vista que os recursos de responsabilidade da União destinados ao pagamento do benefício assistencial são repassados ao INSS, órgão responsável pela sua manutenção e execução. O Decreto nº 6.214, ao regulamentar o benefício assistencial, estabelece ser o INSS o responsável pela operacionalização do benefício, nos termos do Artigo 3º: “Artigo 3º – O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é o responsável pela operacionalização do benefício de prestação continuada, nos termos deste Regulamento”. Sete regras de ouro Ainda sobre o LOAS, importante saber sete regras de ouro: Não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. O benefício de prestação continuada deve ser revisto a cada 2 (dois) anos para avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem. O pagamento do benefício cessa no momento em que forem superadas as condições referidas no caput ou em caso de morte do beneficiário, e será cancelado quando se constatar irregularidade na sua concessão ou utilização. O benefício de prestação continuada será suspenso pelo órgão concedente quando a pessoa com deficiência exercer atividade remunerada, inclusive na condição de microempreendedor individual. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11118888 A concessão do benefício de prestação continuada independe da interdição judicial do idoso ou da pessoa com deficiência. O Benefício de Prestação Continuada não está sujeito a desconto de qualquer contribuição e não gera direito ao pagamento de abono anual. O Benefício de Prestação Continuada é intransferível, não gerando direito à pensão por morte aos herdeiros ou sucessores. Princípios da seguridade social Os princípios da seguridade social estão previstos no parágrafo único do Artigo 194 da CRFB/88, e são os seguintes: Universalidade da cobertura e do atendimento Significa que as prestações decorrentes do sistema da seguridade social serão destinadas a quem necessitar da forma mais abrangente possível. Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais Consiste na superação das diferenças de tratamento às populações urbanas e rurais no Brasil, de forma a garantir uma abordagem equânime. Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços Com a aplicação desse princípio, há uma ponderação dos critérios de atendimento pela necessidade, dando vantagem aos mais necessitados. Irredutibilidade do valor dos benefícios Tem por objetivo assegurar a manutenção do poder aquisitivo das prestações pecuniárias. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11119999 Equidade na forma de participação no custeio Consiste na igualdade de cobrança quando os financiadores se encontrarem sob a mesma condição fática. Diversidade da base de financiamento Significa que o ingresso nos cofres públicos de valores em favor da seguridade social são obtidos com arrecadação de contribuições sociais a cargo de trabalhadores e empregadores, bem como do orçamento dos entes da Federação. Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação de trabalhadores, empregadores, aposentados e do Governo, nos órgãos colegiados Trata-se de participação dos representantes do governo, dos trabalhadores ativos e inativos e das empresas em órgãos colegiados da administração. Atividade proposta Reflita sobre o texto “Sujeito processual e deficiência social: as ‘condições peculiares do indivíduo’ como fatores determinantes da análise da deficiência nos processos previdenciários para fins de benefício assistencial”. Autora: Bianca Georgia Arenhart Munhoz da Cunha. Judicialização de conflitos indígenas Esta nova edição da Revista de Doutrina da 4ª Região apresenta o artigo “Judicialização de conflitos indígenas veiculados por meio de ações possessórias em face do cacique: possibilidade jurídica e limites da atuação judicial”. O trabalho, de autoria da Juíza Federal Substituta Priscilla Mielke Wickert Piva, aborda as restrições que usos, costumes e tradições impõem à intervenção da Justiça nessas disputas. Analisa a divergência entre um cacique e outro índio, ao qual é infligida a pena de expulsão da aldeia, e avalia a viabilidade jurídica de ajuizamento de ação possessória nesse caso. A magistrada examina a natureza jurídica da posse sobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22220000 povos nativos – posse coletiva contraposta à pretensão de posse individual – e questiona: “Até que ponto o Poder Judiciário pode interferir na cultura indígena?”. A autora observa que, no Brasil, constituído como Estado multiétnico e multicultural é plenamente possível e conciliável a existência, paralelamente ao ordenamento jurídico sustentado pela Constituição Federal, de “uma enorme gama de regras que organizam centenas de formações indígenas ocupantes de toda a extensão do território nacional”. Elarecorda que a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) determina o respeito aos métodos pelos quais os índios recorrem tradicionalmente para a repressão dos delitos cometidos pelos seus membros, desde que não se contraponham à ordem jurídica nacional e aos direitos humanos internacionalmente consagrados. A aplicação das normas da comunidade esclarece a juíza, não representa o reconhecimento de um sistema jurídico próprio. A Constituição, destaca, assegura a esses grupos étnicos o direito à sua organização social, aos seus usos e aos seus costumes. Priscilla salienta que o Estatuto do Índio “possibilita à própria comunidade tribal aplicar as penalidades que entender necessárias à disciplina e à punição de seus membros, desde que tais penas não sejam de morte nem possuam caráter infamante ou cruel”. Ela aponta que há “um questionamento natural: se durante séculos os conflitos entre indígenas ocorreram sem que houvesse a necessidade de intervenção de um terceiro, teria o Poder Judiciário legitimidade para intervir nesses conflitos? Crê-se que há legitimidade, e a legitimidade emana da própria escolha do indígena atingido em acorrer ao Poder Judiciário”. Segundo ela, a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas traduz muito bem a dicotomia direito do Estado versus normas tribais e a aparente contradição entre esses termos. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22221111 Acesso à Justiça em questões previdenciárias Esta edição traz ainda como destaque o artigo “Prévio requerimento administrativo como condição para acesso ao Judiciário em matéria previdenciária: RE 631240-MG – repercussão geral”. O trabalho foi redigido em coautoria pelo Desembargador Paulo Afonso Brum Vaz, Corregedor Regional da Justiça Federal da 4ª Região, Mestre em Poder Judiciário pela FGV e Doutorando em Direito Público pela Unisinos; e pelo Juiz Federal José Antonio Savaris, Mestre em Direito Econômico e Social pela PUCPR, Doutor em Direito da Seguridade Social pela USP e Professor da Univali. O novo número totaliza 20 textos doutrinários, entre eles os de outros 16 magistrados: os Juízes Federais Gerson Godinho da Costa, Andréia Castro Dias, Adriano Enivaldo de Oliveira (em parceria com o Advogado Fabrício Cagol), Gustavo Schneider Alves, Marcelo Adriano Micheloti, Fabio Nunes De Martino e Eduardo Correia da Silva; e os Juízes Federais Substitutos Graziela Cristine Bündchen Torres, Érico Sanches Ferreira dos Santos, Ricardo Alessandro Kern, Guilherme Gehlen Walcher, Christiaan Allessandro Lopes de Oliveira, Raquel Kunzler Batista, Stefan Espirito Santo Hartmann, Gabriele Sant’Anna Oliveira Brum e Raphael de Barros Petersen. Brasil e Haia O periódico apresenta também “A Conferência da Haia de Direito Internacional Privado: reaproximação do Brasil e análise das convenções processuais”, das Doutoras em Direito Nádia de Araújo e Daniela Vargas, ambas as Professoras do Programa de Pós-Graduação em Direito da PUC-RJ. A coautora Nádia foi conferencista do Curso sobre Sequestro Internacional de Crianças, promovido pela Escola da Magistratura (Emagis) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região no final de abril, em Florianópolis. Fonte: http://www.revistadoutrina.trf4.jus.br/ DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22222222 Chave de resposta: A partir da leitura do artigo, pretende-se instigar o aluno a analisar criticamente a deficiência social, levando-se em consideração não só a limitação de saúde da pessoa, mas, também, a limitação imposta pela história de vida e pelo universo social. Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária, leia a Reclamação 4.374 Pernambuco de 26 de setembro de 2007, disponível em nossa biblioteca virtual. Referências IBRAHIM, Zambitte Fabio. Curso de direito previdenciário. Niterói: Impetus, 2013. p. 5. TAVARES, Marcelo Leonardo. Previdência e assistência social: Legitimação e fundamentação constitucional brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. p. 215. Exercícios de fixação Questão 1 Igor, portador de alienação mental, acarretando impedimento de longo prazo, ajuíza ação em face do INSS pleiteando a concessão de benefício assistencial com base no Artigo 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Alega que mora com sua mãe, desempregada, e seu pai, já idoso, que recebe aposentadoria do INSS no valor de um salário mínimo, porém, tal valor é insuficiente para seu pai arcar com despesas de remédios e da manutenção da família. Para fins de concessão do benefício de prestação continuada LOAS, assinale a alternativa correta. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22223333 a) Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. Esse critério, de acordo com entendimento recente do STF, não é absoluto, podendo ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduo e de sua família. b) Igor, além de ser incapaz, precisa comprovar a idade mínima de 65 anos para fazer jus ao benefício assistencial LOAS. c) O requisito da miserabilidade não pode ser comprovado por exclusivamente prova testemunhal. Questão 2 Américo está tetraplégico, exigindo cuidados permanentes da mulher. Seus dois filhos, maiores de idade, moram com eles, trabalham na cidade, e cada um ganha um salário mínimo mensal. Nessa situação, por estar incapacitado para o trabalho, Américo procura seu advogado para saber se tem direito a receber o benefício de prestação continuada previsto na LOAS. Marque a opção correta. a) Américo tem direito a receber LOAS por ser a incapacidade para o trabalho requisito único para concessão do benefício assistencial. b) A renda de seus filhos maiores deve ser excluída do conceito de renda familiar por expressa disposição legal. c) Américo não tem direito ao benefício assistencial LOAS, porque precisa recolher contribuições sociais, já que a assistência social depende de contribuição direta do beneficiário. d) Américo, ainda que tetraplégico, deve comprovar que possui impedimento de longo prazo a fim de cumprir o requisito subjetivo. Questão 3 Jurema, idosa, ex-esposa de Jorge, ao saber do óbito deste, procura um escritório de advocacia para saber sobre a possibilidade de buscar, junto ao INSS, pensão por morte. Na consulta, é informada que é beneficiária do LOAS e recebe valor de um salário mínimo. Marque a opção correta. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22224444 a) Não há possibilidade de ser concedida pensão por morte à Jurema, haja vista existir regra vedando a acumulação na percepção de LOAS com pensão por morte. b) Há possibilidade de receber conjuntamente LOAS e pensão por morte, pois ambos têm natureza jurídica diversa. c) Sendo o LOAS benefício pago a qualquer idoso, conforme Estatuto do Idoso, não há impedimento para a percepção da pensão por morte. Questão 4 Jorge, menor impúbere e portador de Síndrome de Down, necessita de cuidados constantes de sua mãe, que não trabalha para cuidar do menino. Seu pai, João, trabalha como pedreiro e aufere a renda bruta de R$ 642,88, valor este que, com os descontos de contribuição previdenciária e sindical, decresce para R$ 572,81. Os três moram num imóvel não próprio, sendo que João custeia despesas fixas de aluguel (contrato de locação), suprimento de água e energia elétrica, além das despesas com o sustento da esposa e do filho, ressaltando que este se submete a um tratamentoespecial em razão da doença de que é portador. Marque a opção correta. a) A realidade do núcleo familiar do requerente permite que se conclua pelo atendimento do requisito da hipossuficiência financeira, haja vista que se trata de família de 03 (três) pessoas, em que somente o cônjuge varão exerce atividade laborativa, havendo presunção absoluta de miserabilidade. b) A renda familiar per capita de até ¼ do salário mínimo gera presunção absoluta de miserabilidade, sendo critério absoluto, de forma que a renda superior a esse patamar afasta o direito ao benefício. c) A despeito de o núcleo familiar não se encontrar na linha de extrema pobreza, os sinais de condições socioeconômicas do requerente afiguram-se insuficientes para afastar a presunção de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) delineada pelo legislador. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22225555 Questão 5 Juanita recebe benefício assistencial por ser idosa e miserável. No segundo semestre de 2013, conhece Mário e com ele se casa no dia 02/01/2014. Em lua de mel, proporcionada por amigos de Mário, Juanita sofre um acidente e vem a falecer. Juanita deixou dois filhos maiores de pai desconhecido. Marque a alternativa correta. a) O benefício de Juanita se transmite a Mário pela inexistência de filhos menores. b) O benefício de Juanita é intransferível. c) O benefício de Juanita é intransferível, porque não foi realizado testamento. d) O benefício de Juanita é transferível somente para os filhos, independentemente da idade. Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: STF, Reclamação nº 4.374-PE. Questão 2 - D Justificativa: Artigo 20, caput, e Artigo 2º da Lei nº 8.742. Questão 3 - A Justificativa: Artigo 20, § 4º, da Lei nº 8.742 – O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22226666 Questão 4 - C Justificativa: trf2 – 201302010002159 - previdenciário. Processual civil. Restabelecimento de benefício assistencial – loas. Menor impúbere com síndrome de down que necessita de cuidados constantes. Incontroversa em relação à incapacidade. Condições socioeconômicas do núcleo familiar que confirmam a necessidade do benefício. Questão 5 - B Justificativa: Conforme Artigo 48, II, do Decreto nº 6.214, de 2007, o pagamento do benefício cessa em caso de morte do beneficiário. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22227777 Aula 2: Regime Geral de Previdência Introdução Hoje é a nossa segunda aula! O Direito Previdenciário é uma matéria interessante e vocês perceberão, no decorrer do curso, que é muito importante conhecermos tal disciplina, pois em muitas relações jurídicas do dia a dia precisaremos do Direito Previdenciário! Hoje iremos falar sobre os regimes previdenciários básicos e complementares, bem como estudar a relação jurídica previdenciária e os sujeitos protegidos nesta relação. Objetivo: 1. Identificar os sujeitos protegidos na relação jurídica previdenciária do regime geral de previdência social. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22228888 Conteúdo Regime Previdenciário (conceito e benefícios essenciais) Regime previdenciário é aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si, em virtude da relação de trabalho ou da categoria profissional a que está submetida. Garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo o sistema de seguro social – aposentadoria e pensão por falecimento do segurado. Recapitulando No conceito, vimos que são benefícios essenciais a aposentadoria e a pensão por morte. Por quê? Vamos voltar ao que foi dito na aula passada sobre os princípios. Vimos que o Estado deve garantir o mínimo existencial por conta do postulado da dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF, Artigo 1º, III). E por conta da dignidade da pessoa humana, que pressupõe consideração pela vida e pela integridade do ser humano, o Estado deve garantir condições básicas para uma existência na qual se possa exercer a liberdade e receber respeito como pessoa dotada de razão. Portanto, cabe ao Estado criar mecanismos de proteção do homem. Qual seria então a configuração mínima de previdência suficiente para garantir a dignidade humana? O que seria previdência como direito fundamental? Para a maioria da doutrina, previdência social, como direito social fundamental, deve ter uma configuração mínima de garantia da dignidade da pessoa humana, devendo oferecer dois benefícios essenciais: a aposentadoria ao segurado e a pensão por morte dependente do segurado falecido. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22229999 Assegurada essa configuração mínima (mínimo existencial), da qual o Estado não pode se furtar, a proteção perde o caráter de fundamentalidade e passa a ser merecedora de proteção na medida das possibilidades orçamentárias do Estado. Existem hoje dois sistemas públicos de previdência Existem hoje dois sistemas públicos de previdência, veja quais são estes sistemas: Regime próprio Um destinado aos servidores com vínculo efetivo com a Administração e mantido pelas entidades federativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), intitulado de regime próprio de previdência social; Regime Geral de Previdência Social E outro, instituído em benefício dos trabalhadores da iniciativa privada, gerido por uma autarquia federal - o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), denominado Regime Geral de Previdência Social. Ambos caracterizam-se por serem administrados pelo Estado, pela natureza institucional do vínculo mantido com os segurados, pela obrigatoriedade de filiação e pelo custeio obtido mediante cobrança de contribuições sociais. Regime Geral de Previdência Social Artigo 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, à: I. Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante; III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33330000 IV. Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2o. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é um seguro social público gerido pelo INSS, autarquia federal responsável pela concessão de serviços e benefícios do RGPS. O RGPS que abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: trabalhadores que possuem relação de emprego regida pela CLT, pela Lei nº 5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei nº 5.859/72 (empregados domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários, titulares de firma individual ou sócios gestores e prestadores de serviços;trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de economia familiar. O RGPS é regido pela Lei nº 8.213/91, sendo de filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios, permitindo ainda que pessoas que não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regime próprio de previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando também a serem filiados ao RGPS. É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade do atendimento (Artigo 194, I). Regimes Próprios de Previdência Social Artigo 40, caput, da CF, estabelece que para os agentes públicos titulares de cargos efetivos, bem como para os ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunal de Contas) deve haver Regimes Previdenciários Próprios. Portanto, há um estatuto próprio dispondo sobre direitos previdenciários e regras de participação no custeio do regime diferenciado. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33331111 Artigo 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. No que tange aos Regimes Próprios de Previdência Social, os sujeitos protegidos nesta relação jurídica são os agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios, sendo que as regras de aposentadoria sempre foram diferenciadas dos trabalhadores de iniciativa privada, sendo traços marcantes até a reforma constitucional: Fixação de base de cálculo da aposentadoria com base na última remuneração (integralidade), e não uma média de remunerações auferidas como no RGPS; Regra de paridade em que se estabelecia o reajuste dos proventos de aposentadoria e pensões no mesmo índice e na mesma data em que fossem reajustados os servidores públicos na atividade. O Artigo 40, caput, estabeleceu que para os agentes públicos ocupantes de cargos efetivos, bem como para os ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunal de Contas) deve haver Regimes Previdenciários Próprios. Portanto, há um estatuto próprio dispondo sobre direitos previdenciários e regras de participação no custeio do regime diferenciado. Regime previdenciário próprio: (A aposentadoria do servidor, ao contrario do que ocorre na iniciativa privada, ROMPE a relação laborativa entre o servidor publico e o ente da federação, pois a aposentadoria é caso de vacância do cargo publico (lei 8112, Artigo 33, VII)). Com a reforma, Os servidores que tiverem preenchido os requisitos para DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33332222 aposentadoria sob as regras anteriores à aprovação da reforma continuarão a ter os proventos calculados com base na última remuneração recebida em atividade (integralidade). E as aposentadorias e pensões assim garantidas serão reajustadas na mesma época e pelos mesmos índices aplicados às remunerações dos funcionários ativos (paridade). A matéria foi regulamentada pela Lei 10.887, de 18.06-2004, no Artigo 1º: § 1o As remunerações consideradas no cálculo do valor inicial dos proventos terão os seus valores atualizados mês a mês de acordo com a variação integral do índice fixado para a atualização dos salários-de-contribuição considerados no cálculo dos benefícios do regime geral de previdência social. § 2o A base de cálculo dos proventos será a remuneração do servidor no cargo efetivo nas competências a partir de julho de 1994 em que não tenha havido contribuição para regime próprio. § 3o Os valores das remunerações a serem utilizadas no cálculo de que trata este artigo serão comprovados mediante documento fornecido pelos órgãos e entidades gestoras dos regimes de previdência aos quais o servidor esteve vinculado ou por outro documento público, na forma do regulamento. § 4o Para os fins deste artigo, as remunerações consideradas no cálculo da aposentadoria, atualizadas na forma do § 1o deste artigo, não poderão ser: I. Inferiores ao valor do salário-mínimo; II. Superiores ao limite máximo do salário-de-contribuição, quanto aos meses em que o servidor esteve vinculado ao regime geral de previdência social. § 5o Os proventos, calculados de acordo com o caput deste artigo, por ocasião de sua concessão, não poderão ser inferiores ao valor do salário-mínimo nem exceder a remuneração do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria. Portanto, também no tocante ao valor da aposentadoria, as regras da EC. 41, de 2003, DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33333333 limitam o seu valor máximo à remuneração do cargo efetivo do próprio servidor requerente (Artigo 40 § 2º). Regras importantes Se o servidor público ocupante de cargo efetivo (procurador federal) exerce atividade paralelamente na iniciativa privada (professor da Estácio), sujeita-se à filiação em dois regimes de previdência social, pois há filiação obrigatória em relação a cada uma das atividades desempenhadas. Artigo 201. § 5o. É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. Por fim, vamos trazer uma inovação da EC. 41 em relação ao regime previdenciário próprio do servidor público, que foi palco de muitas polêmicas, culminando em ADI no STF: Obrigatoriedade de contribuição previdenciária tanto para os servidores na ativa quanto para uma parte de inativos, haja vista que o regime próprio tem caráter contributivo e solidário. Vamos ilustrar o tema com uma história bem conhecida: Quando um servidor público federal se aposenta, ele sempre terá em seus proventos desconto proveniente de recolhimento de contribuição previdenciária? Tudo vai depender do momento em que houve a cobrança. Portanto, a resposta mais correta é aquela que aborda a evolução da legislação sobre o assunto, haja vista que a questão não traz a época em que foram efetuados os descontos previdenciários no contracheque do servidor aposentado. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33334444 E, nesse ponto, é fundamental saber o princípio da solidariedade como fundamento de ordem constitucional em nosso ordenamento jurídico com a publicação da EC. 41/2003. Artigo 1º da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999. Primeiramente, devemos trazer à baila o disposto no Artigo 1º, da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999, em sua redação original: Artigo 1º. A contribuição social do servidor público civil, ativo e inativo, e dos pensionistas dos três poderes da União, para a manutenção do regime de previdência social dos seus servidores, será de onze por cento, incidente sobre a totalidade da remuneração de contribuição, do provento ou da pensão. O STF, diante da existência de efetiva controvérsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, se pronunciou em ADC 8, no sentido de que a Lei nº 9.783/99 (Artigo 1º), ao dispor sobre a contribuição de seguridade social relativamente a pensionistas e a servidores inativos da União, regulou, indevidamente, matéria não autorizada pelo texto da Carta Política, eis que, não obstante as substanciais modificações introduzidas pela EC 20/98 no regime de previdência dos servidores públicos, o CongressoNacional absteve-se, conscientemente, no contexto da reforma do modelo previdenciário, de fixar a necessária matriz constitucional, cuja instituição se revelava indispensável para legitimar, em bases válidas, a criação e a incidência dessa exação tributária sobre o valor das aposentadorias e das pensões. O regime de previdência de caráter contributivo, a que se refere o Artigo 40, caput, da Constituição, na redação dada pela EC 20/98, foi instituído, unicamente, em relação "Aos servidores titulares de cargos efetivos...", inexistindo, desse modo, qualquer possibilidade jurídico-constitucional de se atribuir, a inativos e a pensionistas da União, a condição de contribuintes da exação prevista na Lei nº 9.783/99. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33335555 Interpretação do Artigo 40, §§ 8º e 12, c/c o Artigo 195, II, da Constituição, todos com a redação que lhes deu a EC 20/98. Leia mais sobre este assunto: Regime previdenciário próprio continuação: Artigo 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. Surgiu então a matriz constitucional dando respaldo para que a legislação ordinária instituísse a contribuição previdenciária sobre inativos e pensionistas. Só que como já analisamos o Artigo 1º da lei 9.783 já continha vicio de origem. E aí veio a lei 10.887, de 2004 trazendo o respaldo legal para a cobrança, porém obedecendo ao previsto no Artigo 40, § 12 da CF (Ao regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social), institui a contribuição previdenciária sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões que supere o limite máximo (teto) imposto pelo RGPS. Artigo 5° Os aposentados e os pensionistas de qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, contribuirão com 11% (onze por cento), incidentes sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões concedidas de acordo com os critérios estabelecidos no art. 40 da Constituição Federal e nos Artigos 2° e 6° da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social. O fato é que: DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33336666 A cobrança de contribuição dos já aposentados e pensionistas não agride a regra constitucional da irredutibilidade de remuneração (Artigo 37, XV), tendo em vista que a proteção somente resguarda o valor bruto do estipêndio, que não será alterado (irredutibilidade nominal). Tampouco há desrespeito a eventual direito adquirido (Artigo 5º, XXXVI), porquanto não há garantia à manutenção de determinado regime jurídico contra incidência nova de tributo cuja cobrança é permitida pela Constituição. O STF, com base nesses argumentos, julgou constitucional a cobrança da contribuição previdenciária sobre proventos de aposentadorias e pensões concedidas no regime próprio de previdência, conforme ementas das Adins 3105 e 3128. 1. Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Emenda Constitucional nº 41/2003 (Artigo 4º, caput). Regra não retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência. Precedentes da Corte. Inteligência dos Artigos 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, da CF, e Artigo 4º, caput, da EC nº 41/2003. No ordenamento jurídico vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a percepção dos respectivos proventos e pensões à incidência de lei tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à incidência de contribuição previdência. Noutras palavras, não há, em nosso ordenamento, nenhuma norma jurídica válida que, como efeito específico do fato jurídico da aposentadoria, lhe imunize os proventos e as pensões, de modo absoluto, à tributação de ordem DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33337777 constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento. 2. Inconstitucionalidade. Ação direta. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária, por força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros direitos e garantias individuais. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Regra não retroativa. Instrumento de atuação do Estado na área da previdência social. Obediência aos princípios da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos objetivos constitucionais de universalidade, equidade na forma de participação no custeio e diversidade da base de financiamento. Ação julgada improcedente em relação ao Artigo 4º, caput, da EC nº 41/2003. Votos vencidos. Aplicação dos Artigos 149, caput, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, e 201, caput, da CF. Não é inconstitucional o art. 4º, caput, da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, que instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria e as pensões dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. 3. Inconstitucionalidade. Ação direta. Emenda Constitucional (EC nº 41/2003, Artigo 4º, § único, I e II). Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade. Ação julgada procedente para declarar inconstitucionais as expressões "cinquenta por cento do" e "sessenta por cento do", constante do Artigo 4º, § único, I e II, da EC nº 41/2003. Aplicação dos DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33338888 Artigos 145, § 1º, e 150, II, cc. Artigo 5º, caput e § 1º, e 60, § 4º, IV, da CF, com restabelecimento do caráter geral da regra do Artigo 40, § 18. São inconstitucionais as expressões "cinquenta por cento do" e "sessenta por cento do", constantes do § único, incisos I e II, do Artigo 4º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e tal pronúncia restabelece o caráter geral da regra do Artigo 40, § 18, da Constituição da República, com a redação dada por essa mesma Emenda”. (ADC 8 MC / DF - DISTRITO FEDERAL, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 13/10/1999, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação DJ 04- 04-2003). Artigo 40 da CF, com a redação da EC.20, de 16-12-2008.
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