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Reprodução em Equinos - Resumo

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Reprodução em Eqüinos 
Texto elaborado para complementação didática do tema Reprodução em Eqüinos 
pela acadêmica do curso de Medicina Veterinária e monitora da disciplina de 
Equideocultura Louise Bousfield de Lorenzi Tezza, sob orientação do Prof. João Ricardo 
Dittrich 
Introdução 
A indústria equina mundial exerce importante papel como fonte geradora de 
renda e empregos. No Brasil, o rebanho efetivo é de cerca de 8,5 milhões de 
equinos e 1,2 milhões de muares e jumentos. A equideocultura no país é 
responsável pela geração de 600 mil empregos diretos e 3,2 milhões de 
empregos indiretos (CNA, 2006). Não há equideocultura sem reprodução, por 
isso a importância da mesma na criação de equinos. 
A espécie equina apresenta algumas peculiaridades em relação às demais 
espécies domésticas, apresentando baixo índice de fertilidade (SULLIVAN et al, 
1975; VOSS,1993) e sendo pouco prolífica. Como fatores que corroboram esse 
fato, pode-se citar a reprodução apenas ao redor dos 3 anos, 11 meses de 
gestação, apenas um produto por gestação e a ocorrência comum de 
reabsorção e abortos, ultrapassando 15% em alguns casos. Em parte, a 
dificuldade de emprenhar e levar a gestação à termo se deve à pouca 
seleção para fertilidade na espécie, pois os animais vencedores de 
competições e provas é que são escolhidos para a reprodução, por mais que 
sejam subférteis. 
É importante lembrar que cada animal do plantel é registrado com nome e 
número, tendo um valor e tratamento individual. Cada potro é muito 
importante para o criador. Outra característica da reprodução em equinos é o 
uso de técnicas avançadas de forma corriqueira, como o uso de 
ultrassonografia (US) no acompanhamento dos folículos ovarianos, 
determinando o momento exato da ovulação, inseminação aritifical (IA) com 
sêmen resfriado ou congelado, tranferência de embrião (TE). É preciso 
profissionais capacitados para trabalharem com reprodução de equinos. 
Anatomia e Fisiologia 
O sistema genital da égua é composto por 2 ovários, 2 ovidutos (composto por 
fímbrias, infundíbulo, ampola e istmo), 2 cornos uterinos, corpo do útero, cérvix, 
vagina e vulva. A glândula mamária também faz parte do sistema reprodutivo. 
 
O sistema genital do garanhão é composto pelos testículos, epidídimo, canal 
deferente, uretra (pélvica e peniana), pênis e prepúcio. O garanhão possui 
três glândulas acessórias importantes: as vesículas seminais, com função de 
produzir a maior parte do sêmen, servindo para o transporte e nutrição dos 
espermatozóides; a próstata, com função de neutralizar o pH ácido da 
vagina; e as glândulas bulbouretrais, que limpam a uretra e ao final da 
ejaculação secretam uma espécie de “tampão”, que é espermicida e serve 
para dificultar a fecundação por outros machos. 
 
No macho, a produção de espermatozóides se dá com a produção de GnRH 
(hormônio liberador de gonadotrofina) pelo hipotálamo, que atua na hipófise 
provocando a liberação de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio 
estimulante do folículo). O LH vai atuar nas células de Leydig, estimulando a 
produção de testosterona, enquanto que o FSH irá atuar nas células de Sertoli, 
que liberam proteínas importantes na produção e diferenciação dos 
espermatozóides. A testosterona é responsável pelo comportamento de 
garanhão, libido, e manutenção dos caracteres sexuais secundários. 
Na fêmea, é fundamental para a estimulação do hipotálamo que haja 
diminuição da produção de melatonina pela glândula pineal, em resposta ao 
aumento da luminosidade e fotoperíodo. Portanto, a égua é considerada 
poliéstrica estacional de primavera/verão. O hipotálamo secreta GnRH 
(hormônio liberador de gonadotrofina), que atua na hipófise provocando a 
liberação de LH (hormônio luteinizante) e FSH (hormônio estimulante do 
folículo). O FSH atua estimulando o desenvolvimento dos folículos ovarianos, 
que abrigam os oócitos. Os folículos produzem estrogênio, de acordo com seu 
tamanho, sendo que o pico de estrogênio coincide com o desenvolvimento 
máximo do folículo, próximo da ovulação, provocando o cio. O estrogênio é 
responsável pelo comportamento sexual na fêmea e manutenção dos 
caracteres sexuais secundários. O LH atua no corpo hemorrágico (formado no 
ovário após a ovulação do folículo), estimulando a produção de 
progesterona. A progesterona é o principal hormônio responsável pela 
manutenção da gestação. 
Tanto no macho quanto na fêmea, esses sistemas são regulados 
principalmente por feedback (retroalimentação). 
Manejo Reprodutivo 
O garanhão ideal seria aquele com 3 anos ou mais, com bom temperamento, 
saudável, com aparelho reprodutor funcional, apresentando sêmen de 
qualidade (análise quantitativa e qualitativa), boa genética e morfologia e 
com bom desempenho competitivo. 
A égua ideal entraria na reprodução a partir dos 3 aos 5 anos, tendo de 
preferência 18 anos no máximo, saudável, aparelho reprodutor funcional e 
boa conformação de vulva, boa habilidade materna, boa genética e 
morfologia e bom desempenho competitivo. 
Mesmo que ambos os reprodutores sejam bons animais, é preciso ver se o 
acasalamento é indicado. Os animais devem ser semelhantes quanto ao porte 
e morfologicamente, evitando endogamia (incesto). Se produto anterior for 
bom, é recomendado repetir o cruzamento. Se dentro da raça houver uma 
pelagem mais valorizada, é importante procurar conhecer a genética de 
pelagens de forma a aumentar a probabilidade de se obter o animal 
desejado. Deve-se evitar cruzamentos conhecidamente perigosos, como 
Overo x Overo dentro da raça Paint Horse, pois a chance de se obter um 
produto portador do gene branco letal é muito alta. 
A estação de monta nos equinos vai de setembro a fevereiro na maioria das 
raças, que é exatamente onde ocorre a maior parte dos cios férteis. No caso 
do puro sangue inglês (PSI), a estação de monta se inicia em 15 de agosto 
indo até 15 de janeiro, para acompanhar o calendário das corridas. Os 
cavalos fazem “aniversário” todos ao mesmo tempo quando o ano muda, 
independente do mês de nascimento, isso é chamado de ano hípico. Isso quer 
dizer que dois potros podem competir juntos na mesma categoria mesmo 
tendo meses de diferença. Por isso é tão importante na equideocultura obter 
potros “do cedo”, ou seja, aqueles que nascem de éguas cobertas logo no 
início da estação de monta. Além dos produtos terem vantagem de 
desenvolvimento sobre os concorrentes, a égua possui mais tempo para 
emprenhar antes que a estação de monta acabe. 
As éguas são poliéstricas estacionais de primavera/verão, isso é, apresentam 
vários cios mas somente em uma época do ano, nas estações mais quentes. 
Para que a égua entre no cio, é essencial que ela tenha idade adequada e 
boa condição nutricional, além da presença de fotoperíodo longo (16h/dia) e 
temperaturas mais quentes. Essas condições estão interrelacionadas, pois é 
exatamente quando os dias se tornam mais longos e a temperatura aumenta 
que a pastagem se torna mais exuberante, melhorando o escore nutricional 
dos animais que tiverem acesso à ela. Em haras onde as éguas estão com 
dificuldade de entrar no cio, pode-se estabelecer um programa de luz 
(20wts/m2) nas cocheiras, a fim de completar as 16 horas de luminosidade 
necessárias por dia. A estabulagem à noite também evita que as éguas 
passem frio, o que também é desfavorável ao estro. Esses programas devem 
começar meses antes da estação de monta para serem efetivos. Pode ser 
necessário suplementar a alimentação com concentrados se o escore 
corporal das reprodutoras não for adequado. Se mesmo assim houver 
problemas e parte das éguas não apresentar cio, é necessário 
acompanhamento veterinário. 
O ciclo estral nas éguas dura de 20 a 23 dias, com média de 21 dias. As fases 
são o Proestro (preparação para o estro), Estro (5-8 dias – influência do 
estrógeno), metaestro (fase de transição)e diestro (15-17 dias – influência da 
progesterona). Fora da estação de monta, a maioria das éguas entra em 
anestro, com exceção daquelas em áreas tropicais com luminosidade e calor 
durante todo o ano. As éguas ovulam 24-48 horas antes do final do cio (pico 
de LH). 
Cio do Potro: cio que ocorre de 5 a 9 dias após o parto, e possui a função 
fisiológica de “limpar” o útero e provocar a involução do mesmo, pois com a 
presença de estrogênio aumenta a irrigação sanguínea, trazendo mais células 
de defesa e preparando assim o útero para uma nova gestação dali a 21 dias. 
Porém, dentro de uma visão comercial, normalmente esse cio é utilizado para 
a cobertura da égua, a fim de emprenhá-la o quanto antes. O correto seria 
avaliar os animais caso a caso e nunca cobrir ou inseminar éguas que 
sofreram dificuldades no parto ou cujos úteros ainda não regrediram. 
A detecção do cio é de extrema importância, para identificar o momento 
correto para a cobertura. Algumas éguas apresentam o chamado “cio 
silencioso”, que é quando elas não demonstram sinais típicos de cio. Nesses 
casos, se faz o acompanhamento folicular para se determinar o momento da 
cobertura. Além do controle folicular, a rufiação é muito utilizada para se 
determinar quais éguas estão no cio. O animal para rufiação é um garanhão 
apto à reprodução e deve ser calmo e experiente. Não se usam fêmeas 
androgenizadas ou modificações cirúrgicas como desvio de pênis em equinos. 
Pode-se utilizar a observação do temperamento da égua no cio e 
acompanhamento do ciclo estral para auxiliar na identificação, mas esses 
dados não devem ser observados isoladamente. 
Os sinais de que a égua está no cio são: inquietação, égua se torna indócil, 
temperamental, relincha, apresenta hiporexia. Na presença do reprodutor, ela 
se aproxima/permite aproximação; apresenta orelhas eretas, olhos brilhantes; 
eleva a cauda, deslocando para o lado; assume posição receptiva, 
afastando os membros posteriores; micção frequente; vulva edemaciada e 
hiperêmica; contração e abertura da vulva (“piscando”); sinais se tornam mais 
claros com o avanço do cio. 
Para cobrir a égua, é preciso ter certeza de que ela está no cio 
(rufiação/controle folicular), caso contrário além do desperdício de sêmen ou 
desgaste do garanhão ela poderá desenvolver lesões e infecção uterina, pois 
a cérvix estará fechada e o endométrio com poucas células de defesa. Se a 
égua for rufiada diariamente, cobrir 48h após a identificação do cio, se rufiada 
em dias alternados, cobrir 24 horas após a identificação. Deve-se repetir a 
cobertura ou inseminação a cada 48 horas, enquanto durar o cio, pois a égua 
ovula de 24 a 48 hora antes do final do cio; e os espermatozóides resistem por 
48h no trato genital da égua. O óvulo resiste por apenas 6 horas. Se houver um 
controle folicular, apenas uma cobertura/inseminação pode ser necessária, 
reduzindo custos e diminuindo contaminação com sêmen no trato genital da 
égua. 
O local para cobertura deve ser gramado, pois se houver areia ou terra, essas 
partículas podem se aderir ao pênis e acabar lesionando ou contaminando o 
trato genital da égua. A égua deve estar preparada, com a cauda enfaixada 
e contida. O comportamento normal do garanhão na cobertura é: 
aproximação; garanhão corteja égua, com encontro de focinhos e cheirando 
a região perivulvar, relincha, reflexo de Flehmen; garanhão expõe o pênis e 
inicia ereção; ocorre a monta; garanhão introduz o pênis; ejaculação 
(sapateia no mesmo local, cauda em bandeira); relaxamento e descida. 
Existem três sistemas de monta na equideocultura: 
Na monta à campo, um grupo de éguas (harém) são soltas com um garanhão 
durante toda a estação de monta. Cada garanhão pode cobrir de 15 a 25 
éguas. As vantagens são a alta taxa de fecundação – 80% a 100%, pouca 
mão-de-obra, bem estar animal (mais próximo ao natural). As desvantagens 
são: não se sabe data correta da cobertura, há risco de acidentes, é preciso 
um controle sanitário bom para não disseminar doenças pelo plantel, pode 
ocorrer exaustão do garanhão. Esse sistema é utilizado para animais rústicos e 
experientes. É comum nas raças crioulo, lusitano, pantaneiro, mangalarga 
marchador, mangalarga paulista. 
Na monta controlada em piquete, a égua com sinais claros de cio e garanhão 
são colocados juntos em um piquete pequeno, sob observação (após 
rufiação à distância). Nesse sistema, um garanhão pode fazer de 1 a 2 
coberturas por dia, com descanso de um dia na semana. As vantagens são: 
controle das datas de cobertura, possibilidade de intervenção em caso de 
brigas, possibilidade de realizar higiene prévia, utilização racional do 
garanhão. A desvantagem seria o maior risco de acidentes. Esse sistema 
funciona para animais experientes e não agressivos. 
Na monta dirigida, a égua é preparada para a monta: limpeza da vulva com 
papel toalha, a cauda é enfaixada, imobilização com peia, uso de cabresto e 
cachimbo, se necessário. O garanhão é levado até a égua para realizar o 
salto, com cabresto ou cabeçada. As vantagens são o controle das datas de 
cobertura, possibilidade de intervenção, uso racional do garanhão, segurança 
para funcionários e animais. A desvantagem seria maior utilização de mão-de-
obra e baixo grau de bem estar animal, principalmente para a égua, que 
muitas vezes é contida de forma dolorosa. 
Biotecnologia de Reprodução 
Inseminação artificial (IA): É realizada a colheita do sêmen do garanhão com 
uso de vagina artificial, análise quanto à qualidade e quantidade, 
processamento, fracionamento e deposição no trato reprodutor da égua. As 
vantagens são: maior número de produtos/garanhão, menor risco de 
transmissão de doenças, animais incapazes de realizar a cobertura podem se 
reproduzir, não há necessidade de transporte dos animais, menor risco de 
acidentes, é possível obter descendentes após a morte do garanhão. As 
desvantagens são a necessidade de mão de obra especializada, maior custo 
e menor índice de prenhez. A colheita é realizada com um manequim (ou 
égua). O sêmen à fresco apresenta maior índice de prenhez – com técnica 
correta, chega a ser a mesma de monta natural (BRISKO & VARNER, 1992). A 
cada 48h, deve-se inseminar, se o cio continuar. É de uso imediato, não 
podendo ser armazenado. O sêmen resfriado/refrigerado é mantido de 15-
20ºC (12 horas) ou 4 – 6 ºC (máximo por 48 horas), porém apresenta menor 
índice de prenhez. O sêmen congelado é mantido a mantido a -196ºC, por 
tempo indefinido, porém apresenta baixo índice de prenhez: 20 a 60%, mesmo 
quando inseminado no máximo 6h após a ovulação (Squires et al., 2000). 
Transferência de Embrião (TE): os óvulos são fecundados dentro do trato 
genital da égua doadora. Nos dias 7 ou 8 pós-ovulação, os embriões são 
transferidos para o útero da receptora, que deve estar com ciclo sincronizado 
(ovulando 2 dias depois da doadora). As vantagens são: maior número de 
produtos/égua, éguas incapazes de manterem a gestação podem se 
reproduzir, assim como éguas com baixa habilidade materna; não há 
desgaste de doadoras ou afastamento prolongado do esporte para 
reprodução. As desvantagens são a necessidade de mão de obra 
especializada, o maior custo e a necessidade de manter éguas receptoras e 
sincronizá-las. 
Fertilização “in vitro” (FIV): óvulo e espermatozóide são maturados e ocorre 
fecundação em laboratório. Não é realizada com sucesso em equinos por 
enquanto, apresentando alto custo e resultado ruim. 
Tranferência de oócito (TO): é utilizado para éguas que não possuem 
condições de fecundação do oócito no próprio trato reprodutivo. Apresenta 
resultado ruim, especialmente para éguas velhas, com índice de sucesso 
abaixo de 20%. É utilizado apenas excepcionalmente ou de forma 
experimental. 
A maioria das associações de criadores das raças aceita inseminação artificial 
(inclusive com sêmen congelado): 54 das60 associações dos Estados Unidos e 
6 das 10 maiores associações brasileiras (BOCHIO - ABQM). Algumas 
associações, como a do Brasileiro de Hipismo (BH), não apresenta restrições ao 
uso de biotecnologia, enquanto que outras, como a do Puro Sangue Inglês 
(PSI), não aceita nenhum tipo de biotecnologia na reprodução. No entanto, a 
maioria das associações aceita o uso com restrições, por exemplo: 
� Mangalarga Marchador: receptora deve ser MM 
� Quarto de milha: sêmen só pode ser utilizado até o ano hípico da 
morte do reprodutor 
� Crioulo: somente sêmen fresco, na propriedade; em casos de 
incapacidade adquirida de monta natural, com autorização da 
associação. Transferência de embrião: égua doadora só registra 
um produto/ano 
 Controle Reprodutivo 
O controle reprodutivo é realizado de forma individual, com o uso de tabelas 
onde se anota todos os acontecimentos da vida reprodutiva do animal. Por 
exemplo, quando ocorreu o último cio, quando a égua foi rufiada, quando foi 
coberta, quando foi confirmada a gestação e quando foi o último parto. 
Diagnóstico de gestação: quando a égua não repete cio em 15-16 dias após 
a ovulação, é um indicativo importante. Outro sinal é a melhora no estado 
geral do animal, que pode ser observado ao redor dos 30 dias. O exame 
ginecológico permite identificar com precisão se a égua está gestando, a 
partir dos 12 dias: 
� Palpação retal com ultrassom + vaginoscopia (12 dias) 
� Palpação retal simples + vaginoscopia (20 dias) 
Porém, como o índice de reabsorção embrionária e aborto é relativamente 
alto, acompanhar a gestação é essencial na equideocultura. 
Gestação Gemelar: quando mais de um oócito viável é ovulado e ambos são 
fertilizados, ocorre a gestação gemelar. A ovulação múltipla é relativamente 
comum nos equinos: chega a 20% em PSI (GOBESSO-USP). Entretanto, a 
gestação gemelar é altamente indesejável, pois normalmente ocorre aborto 
ou então os potros nascem fracos e normalmente morrem alguns dias após o 
nascimento, além de existir risco para a mãe. Na maior parte das vezes, 
felizmente, um dos embriões é absorvido (80% dos casos quando no mesmo 
corno uterino) e a gestação ocorre de maneira normal com apenas um feto. 
Em éguas de alto valor, porém, há intervenção veterinária em casos de 
gestação gemelar, com dieta ou crushing. 
Gestação: 
O período de gestação irá variar conforme uma série de fatores: 
� Espécie - eqüinos: 11 meses (336 dias), muares: 12 meses, asininos: 13 
meses 
� Raça – há pequenas variações entre as raças. 
� Sexo – machos demorariam mais, mas não há comprovação científica 
em eqüinos. 
� Idade – éguas jovens que ainda não completaram o seu 
desenvolvimento podem demorar mais para parir porque utilizam parte 
dos nutrientes para seu próprio desenvolvimento, atrasando o 
desenvolvimento do feto. Se a égua for jovem, porém bem nutrida, 
pode ser que nasça antes porque há menos espaço no útero do que 
em um animal com mais idade, o que provoca estímulo para o 
nascimento do feto. 
� Número de partos – se uma égua já teve vários partos, o útero estará 
mais dilatado e o feto demorará mais para nascer, já no caso de uma 
nulípara irá nascer antes porque há menos espaço. 
� Número de fetos: potros gêmeos nascem antes, muitas vezes até 
prematuros, pois não há espaço suficiente, o que desencadeia o parto. 
� Nutrição: se a égua estiver bem nutrida, seu potro irá completar o 
desenvolvimento antes do que o potro de uma égua desnutrida. 
� Época do ano: está ligada diretamente à nutrição e disponibilidade de 
forragem. 
O hormônio que mantém a gestação na égua é a progesterona (PG4). Até os 
35 dias, o corpo lúteo primário (originado a partir do folículo que ovulou) 
produz progesterona. Dos 35 aos 120 dias, são os corpos lúteos secundários 
(decorrentes de uma nova onda folicular) que mantem a gestação. Esses 
corpos lúteos secundários se originam a partir do hormônio PMSG produzido 
nos cálices endometriais. A partir dos 120 dias, a placenta produz 
progesterona de forma independente, o que difere da maioria das outras 
espécies, que continuam dependendo do corpo lúteo para manter a 
gestação. Não por acaso, é exatamente nesses períodos de transição que 
ocorre, respectivamente, grande parte das reabsorções embrionárias e 
abortos. 
A placenta nos eqüinos é epitelio-corial, do tipo difusa, o que impede a 
passagem de anticorpos e permite o fácil descolamento da placenta 
(abortos). 
Se for preciso transportar a égua, a melhor época é entre os 4 e 8 meses de 
gestação. A égua prenhe deve ser mantida à pasto com outras éguas, pela 
tranqüilidade e oportunidade de se exercitar. A alimentação até os 8 meses é 
de manutenção e apenas no terço final se faz necessário uma suplementação 
especial, especialmente em proteína, cálcio e fósforo. 
Parto 
O parto fisiológico é aquele em que as fases do parto ocorrem de maneira 
normal e dentro do tempo esperado. A distocia, dificuldade no parto, é menos 
comum em equinos do que em bovinos, graças à cérvix muscular que facilita 
a dilatação, e que é cartilaginosa nos bovinos. Outro fator que auxilia no parto 
é que os equinos são mesatipélvicos, ou seja, a largura e altura da pelve são 
semelhantes. 
A via fetal, caminho por onde passa o feto, é dividida em mole e dura. A mole 
é composta pela cérvix, vagina, vestíbulo vaginal, ligg. Sacroisquiáticos e 
vulva; enquanto que a dura é representada pelo íleo, ísquio, pube, sacro e 
vértebras coccígeas. Existem três pontos de constrição principais: cérvix, anel 
himenal e vulva. 
As fases do parto são: 
Preparação: de 3 semanas antes do parto até primeiras contrações 
• Preparação da glândula mamária 
• Descida do abdome 
• Relaxamento dos ligamentos pélvicos 
• Alteração de comportamento: se afasta do grupo ou fica na 
companhia de uma amiga 
Dilatação: contrações até rompimento dos anexos fetais – dura 2 horas no 
máximo. 
• Auxilia na lubrificação 
Expulsão: rompimento dos anexos fetais até saída completa do feto 
• Deve durar no máximo 30 minutos 
Fisiologia do parto: o momento do parto fisiológico é determinado pelo feto, 
que se sente pressionado e desconfortável no útero quando seu 
desenvolvimento está completo. Esse estímulo externo chega ao hipotálamo, 
que libera hormônio liberador de corticotrofina (CRH), que atua na hipófise 
provocando a liberação de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que atua 
na adrenal provocando liberação de cortisol. O cortisol irá atuar na placenta, 
diminuindo a progesterona e aumentando o estrógeno, além de aumentar a 
concentração de prostaglandina e relaxina, importantes para o parto. Com a 
abertura da cérvix (estrógeno, relaxina) e contração do útero (prostaglandina, 
estrógeno), o feto se insinua no canal do parto, provocando o reflexo de 
Ferguson na mãe, que estimula o hipotálamo da mãe a liberar ocitocina, 
importante para a contração do miométrio. O útero também libera mais 
prostaglandina. Esse processo culmina na expulsão fetal. 
Cuidados no parto: NÃO se deve interferir no parto normal, porém esse deve 
ser observado. Normalmente os partos ocorrem à noite: 75-85% (Anderson, 
2008). A égua pode estar em estação ou decúbito, porém é mais comum que 
se deite quando a fase de expulsão tem início. O ambiente dvee ser tranqüilo, 
sem outros animais ou pessoas estranhas. O melhor local é um piquete 
maternidade, pois permite à égua caminhar e é menos contaminado. Por 
comodidade ou condições climáticas, muitas vezes o parto é realizado em 
baias-maternidade, o que facilita a observação, porém é mais contaminado. 
Só se deve interferir no parto se alguma das fases passar do tempo normal ou 
a estática fetal estiver anormal. A estática fetal normal do potro é 
apresentação longitudinal anterior, posição superior e atitude flexionada. 
 
O parto distócico é considerado emergência.Não se faz cesárea 
rotineiramente nas éguas, pois estas são muito sensíveis à infecção e a taxa de 
mortalidade é muito alta para os potros e relativamente alta para as éguas, 
que mesmo quando sobrevivem podem apresentar problemas reprodutivos. 
Pode-se verificar se feto está vivo pressionando os olhos (ele irá afastar a 
cabeça) ou colocando a mão na boca do mesmo (reflexo de sucção). Se ele 
estiver morto, algumas vezes é melhor realizar uma fetotomia do que tentar 
reposicionar o feto ou realizar cesárea. 
As manobras realizadas para auxiliar o parto são a tração e o 
reposicionamento fetal. Durante a tração, é importante respeitar o ângulo 
correto. Até a saída da escápula (paleta), deve-se tracionar 45° para cima 
(em direção à coluna da mãe), após a paleta deve-se tracionar 
horizontalmente e após a pelve a tração deve ser feita 45º para baixo. Deve-
se tracionar um dois membros anteriores à frente do outro, para diminuir o 
diâmetro dos “ombros”, que é o ponto mais difícil de passar pelo canal do 
parto. No máximo 2 a 3 pessoas podem tracionar ao mesmo tempo, sempre 
acompanhando as contrações e após conferir que o potro está com estática 
normal. O reposicionamento fetal é realizado com mucilagem (lubrificante), 
luvas e uso de cordas obstetrícias, sempre que o feto estiver vivo e com 
estática fetal anormal. Deve-se devolver o feto ao útero e reposicioná-lo, 
prendendo a mandíbula e os membros que estavam para fora com as cordas 
para facilitar o reposicionamento. Para devolver o feto ao útero, empurrá-lo 
sempre nos intervalos entre as contrações uterinas. 
Puerpério e cuidados com o potro 
Após a expulsão, a mãe reconhece o potro (reconhecimento materno-fetal), 
encostando os focinhos e cheirando o potro. Essa etapa é muito importante 
para que a mãe cuide bem do neonato, evitando machucá-lo e facilitando 
as mamadas. A égua deve limpar o potro, comer a placenta (se desejar) e 
romper o cordão umbilical ao se levantar. O ambiente deve estar tranquilo e 
ao ar livre, ficando apenas a égua com o potro nos primeiros dias. Depois é 
recomendável reuni-los a outras éguas com potro ao pé. A expulsão da 
placenta se dá em até 30 minutos, enquanto que a expulsão do lóquio pode 
demorar até 4 dias. 
O comportamento normal do potro é se levantar em cerca de 10 minutos até 
2 horas no máximo, porém em raças grandes como o Brasileiro de Hipismo (BH) 
é aceitável que demore cerca de 24 horas. O potro deve mamar colostro em 
até 2 horas, caso contrário não irá absorver anticorpos suficientes para a sua 
defesa, já que este nasce completamente vulnerável a infecções. Se ele não 
estiver de pé e mamando até 2 horas após o nascimento, deve-se levantá-lo 
com auxílio e fazer com que ele mame. Caso a égua não tenha colostro em 
quantidade e qualidade suficiente, um banco de colostro deve ser usado. O 
banco de colostro é formado no haras com o colostro excedente de éguas 
que pariram no ano anterior. Outra opção mais custosa é a transfusão de 
plasma, em casos onde o potro não mamou colostro antes de 2 horas. Após 
esse período, a absorção de anticorpos pelo intestino do potro é muito 
reduzida. A expulsão do mecônio (fezes fetais) deve ocorrer nas primeiras 4-5 
horas, se isso não acontecer é necessário intervir, com enemas ou remoção 
manual das fezes (se estas estiverem muito secas, esse último procedimento 
pode ocasionar lesões). É necessário também curar umbigo, com Iodo ao 
redor de 8% de concentração, repetindo nos primeiros dias até que ele seque. 
Se égua não rompeu cordão umbilical, é possível romper com as mãos sem 
necessidade de ligadura, pois nos equinos existe uma zona de constrição. Se 
esta zona não for encontrada, realizar ligadura a um palmo do abdome do 
potro. Este deve permanecer em um local limpo e com temperatura amena. 
Se mãe não cuidar do potro, por inexperiência ou morte, deve-se secar o 
neonato com uma toalha caudo-cranialmente para estimular a respiração, 
retirando os líquidos das vias aéreas e limpar as narinas. Se ele não respirar, 
deve-se espalmar o abdome, com o potro sendo segurado pelos membros 
traseiros e molhar a cabeça do potro com água fria, que também estimula a 
respiração. Se mãe morrer, além do fornecimento de colostro de um banco 
de colostro, é preciso cuidar da alimentação. Se for possível, deve-se arrumar 
uma ama de leite, normalmente uma égua que perdeu a cria, porém deve-se 
tomar cuidado para verificar se ela não irá rejeitá-lo. Outra opção é a 
alimentação com sucedâneo comercial ou caseiro, à base de leite de vaca 
desnatado. O potro deve ser amamentado de hora em hora, nunca mais que 
10% do peso vivo/dia, inicialmente com uma madadeira e posteriormente 
com o uso de um balde. O potro órfão ou rejeitado deve ser reunido a outros 
animais de sua idade assim que for possível.

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