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FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO. Aula 06 – Filosofia moderna - II. - René Descartes - (1596 – 1650) - Viveu em um tempo de profunda crise da sociedade, tempo de transição entre uma tradição que sobrevivia e outra que estava surgindo, resultando em uma nova visão de mundo. Ele acompanhou as grandes transformações da sua época. * O início das grandes navegações e a descoberta das Américas. * As teorias científicas de Copérnico e Galileu, que revolucionaram a maneira de se considerar o mundo físico. * A escolástica medieval, que estava longe de desaparecer. * A decadência do sistema feudal, substituído por uma nova ordem econômica baseada no comércio livre e no individualismo. * A Reforma de Lutero, que abalou a autoridade universal da Igreja Católica no Ocidente, e a Contra Reforma, reação ao Protestantismo, que teve como consequência a Guerra dos Trinta Anos, na qual o próprio Descartes participou. * A arte retomando os valores da antiguidade clássica, impondo uma cultura leiga, às vezes, de inspiração pagã. - É possível considerar Descartes como um dos iniciadores da modernidade, doravante, influenciará o desenvolvimento do pensamento filosófico. Com Descartes, a necessidade de contextualização do pensamento e o sujeito pensante entram em cena: “terei a satisfação de mostrar os caminhos que segui e apresentar minha vida como em um quadro”. Descartes sempre escreveu na primeira pessoa do singular. - Descartes foi excelente aluno, sobretudo interessado pela Matemática; viajou por diversos países da Europa; descobriu sua vocação filosófica decidindo dedicar-se a “descobrir os fundamentos dessa ciência admirável”. Ele considerou a Matemática como modelo de sua reflexão filosófica e, com isso, pretendia elaborar uma matemática universal para todos os assuntos. - Nesse tempo de conflitos, crises e incertezas, Galileu foi proibido de lecionar. Ao tomar conhecimento da condenação de Galileu, Descartes desistiu de publicar a sua obra - O tratado do mundo. Em 1637, Descartes publicou, em francês, seus tratados científicos que têm como introdução o discurso do método. Descarte adquiriu fama e sua obra foi condenada. - O homem da época de Descartes viveu uma grande diversidade de experiências. Devemos compreender o pensamento filosófico de Descartes como o resultado da reflexão sobre a experiência de vida. - O MÉTODO - Segundo Descartes, se no início do discurso do método, o bom senso (isto é, a racionalidade) é natural ao homem, o erro resulta na realidade de mau uso da razão. A finalidade do método é: por a razão no bom caminho. Portanto, o método visa o conhecimento, a elaboração de uma teoria científica. Este é o sentido das regras que Descartes formula. - AS REGRAS – As regras de Descartes se inspiram na geometria, são simples, mas devem ser seguidas à risca. Jamais devemos deixar de observá-las. * REGRA 01 - Jamais aceitar como exata coisa alguma que eu não conheça evidentemente. * REGRA 02 - Dividir cada dificuldade a ser examinada em tantas partes quantas possíveis e necessárias para resolvê-las. * REGRA 03 - Impor ordem nos meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples de serem conhecidos. * REGRA 04 - Fazer para cada caso enumerações tão exatas que esteja certo de não ter esquecido nada, assim nunca se confundirá o falso com o verdadeiro, chegando ao verdadeiro conhecimento. Utilizando esse método saberemos como usar da intuição. - O conflito entre os dois modelos de ciência, o antigo e o moderno, fazia com que alguns pensadores céticos se perguntassem se as futuras gerações não descobririam as teorias da ciência nova também de forma errônea. Então, Descartes assume a missão de legitimar e fundamentar essa ciência demonstrando de forma conclusiva que o homem pode conhecer o real de modo verdadeiro e definitivo. Assim, Descartes nega o ceticismo. Descartes se propõe a encontrar um certeza básica, imune ás - Descartes deixa bem claro que não se pode confiar na tradição, nos ensinamentos do saber adquirido, e constata que a tradição, ao contrário do que pretendia, estava muito longe de ter encontrado a verdade e de ter constituído um sistema sólido e coerente que lhe desse autoridade. A única alternativa possível parecia ser a interioridade, a própria razão humana, a luz natural que o homem possui em si mesmo, a sua racionalidade. Portanto, o homem traz dentro de si a possibilidade do conhecimento. - “Penso logo existo”, uma das mais célebres expressões filosóficas que existe. Com esse argumento, Descartes busca uma certeza imune ao questionamento cético. * A etapa inicial da argumentação cartesiana é a formulação de uma dúvida metódica, colocando tudo em questão. Começa-se duvidando de tudo: senso comum, argumento de autoridade, testemunho dos sentidos, das informações da consciência, da realidade do exterior e do próprio corpo. A cadeia de dúvidas se interrompe diante do seu próprio ser que duvida. Se duvido, penso: “Penso logo existo”. * Assim, Descartes introduz uma grande modificação no pensamento moderno: “A crença na autonomia do pensamento, a ideia de que a razão bem dirigida basta para encontrar a verdade sem precisar dos livros e dos dogmas”. * Para Descartes, o espírito humano tem em si os meios de alcançar a verdade, se souber cultivar sua independência e conduzir-se com método. A certeza é possível porque o espírito humano já possui ideias gerais, claras e distintas que são inatas (inerentes à capacidade de pensar), portanto, não estão sujeitas ao erro. A primeira ideia inata é o cogito pelo qual nos descobrimos como seres pensantes. - Mesmo hoje, o argumento do cogito e suas consequências suscitam grandes interesses. O objetivo de Descartes, contudo, é fundamental para a possibilidade do conhecimento científico. É necessário, portanto, encontrar um caminho de superação desse idealismo radical, no qual a única realidade certa é a existência do puro pensamento. No entanto, é fundamental encontrar uma ponte entre o pensamento subjetivo e a realidade objetiva. OBSERVAÇÕES: EMPIRISMO. Na filosofia, empirismo é uma teoria do conhecimento que afirma que o conhecimento vem apenas ou principalmente, a partir da experiência sensorial. Um dos vários pontos de vista da epistemologia, o estudo do conhecimento humano, juntamente com o racionalismo, o idealismo e historicismo, o empirismo enfatiza o papel da experiência e da evidência, experiência sensorial, especialmente, na formação de ideias, sobre a noção de ideias inatas ou tradições; empiristas podem argumentar, porém, que as tradições (ou costumes) surgem devido às relações de experiências sensoriais anteriores. Empirismo na filosofia da ciência enfatiza a evidência, especialmente porque foi descoberta em experiências. É uma parte fundamental do método científico que todas as hipóteses e teorias devem ser testadas contra observações do mundo natural, em vez de descansar apenas em um raciocínio a priori, a intuição ou revelação. Filósofos associados com o empirismo incluem Aristóteles, Alhazen, Avicena, Ibn Tufail, Robert Grosseteste, Guilherme de Ockham, Francis Bacon, Thomas Hobbes, Robert Boyle, John Locke, George Berkeley, Hermann von Helmholtz, David Hume, Leopold von Ranke, e John Stuart Mill. LIBERALISMO O liberalismo é a filosofia política que tem como fundamento a defesa da liberdade individual nos campos econômico, político, religioso e intelectual, da não-agressão, do direito de propriedade privada e da supremacia do indivíduo contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal. Suas raízes remontam ao taoísmo na China antiga, ao pensamento Aristotélico grego e ao renascimento e iluminismo. As influências literárias do liberalismo incluem John Locke, Frédéric Bastiat, David Hume, Martin Luther King, Alexis de Tocqueville,Adam Smith, David Ricardo, John Stuart Mill, Rose Wilder Lane, Lysander Spooner, Milton Friedman, David Friedman, Ayn Rand, Joseph Schumpeter, Friedrich von Hayek, Ludwig von Mises, Murray Rothbard e John Rawls . Seus principais conceitos incluem individualismo metodológico e jurídico, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, direitos fundamentais, estado de direito, governo limitado, ordem espontânea, propriedade privada, e livre mercado.8 . MÈTODO EXPERIMENTAL. O método experimental é um método das Ciências Naturais aplicado às Ciências Sociais e Humanas, que tem quatro etapas: hipótese prévia, controle e manipulação de variáveis, técnicas de observação e registo e generalização de resultados. Em relação à segunda etapa temos alguns conceitos fundamentais: Variável dependente significa a variável cuja alteração vai ser estudada, como consequência da manipulação da variável independente. É aquela que flutua e que permite tirar conclusões dessa flutuação. Variável independente é a que o investigador manipula para verificar as modificações provocadas na variável dependente. Variável externa ou parasita são aspectos alheios à experiência, que, se não forem controlados pelo investigador, podem interferir e alterar os resultados, pondo, assim, em causa a fiabilidade da experiência. Estas variáveis devem ser, dentro do possível, neutralizadas. O grupo experimental é aquele em que o experimentador manipula a variável independente. O grupo testemunha é aquele que tem as mesmas características do grupo experimental exceto no que diz respeito à manipulação da variável independente. Permite comparar resultados, para verificar quais as alterações efetivamente provocadas pela manipulação da variável. O grupo amostra representativa é uma parte, um subgrupo da população (conjunto total de pessoas acerca das quais se pretende tirar conclusões), que consiste no grupo de elementos em relação aos quais se recolhem dados e que devem ser os mais representativos possíveis da população. Ler mais: http://psicdesenv.webnode.com.pt/temas/metodos-em- psicologia/metodo-experimental/ EXERCÍCIO: 1. Marque a opção que correlaciona corretamente os números com as letras. 1 – Empirismo 2 - Método experimental 3 - Empirismo e Racionalismo 4 – Locke 5 - Liberalismo Político A - O conhecimento resulta da contribuição das faculdades da sensibilidade e do entendimento que constituem o sujeito do conhecimento. B - Significa posição filosófica que toma a experiência como critério de validade de suas afirmações, sobretudo nos campos da teoria do conhecimento. C - Tem como preocupação fundamental a formulação de um método que evite o erro e coloque o homem no caminho do conhecimento correto. Seu método é o da indução, que, com base em observações, permite o conhecimento do funcionamento da natureza; a observação de regularidade entre os fenômenos e o estabelecimento de relações entre eles, permite formular leis científicas que são generalizações indutivas. D - Otimista com relação à natureza humana e o convívio entre os indivíduos, considerando como princípio básico da existência da sociedade o entendimento racional entre os homens. Para ele, a mente é como uma “folha em branco” tabula rasa, na qual a experiência deixa suas marcas. E - Valoriza a livre iniciativa e a liberdade individual, no campo da política e da economia; no campo do conhecimento, valoriza a experiência individual, tanto intelectual (racionalismo), quanto sensível (empirismo). 1) 1D, 2C, 3E, 4A, 5B 2) 1A, 2E, 3C, 4B, 5D 3) 1C, 2B, 3C, 4D, 5E 4) 1B, 2C, 3A, 4D, 5E Aula 07 – Filosofia moderna - III. - EMPIRISMO - A corrente empirista desenvolveu-se, sobretudo, na Inglaterra e entre os filósofos de língua inglesa, estando diretamente ligada à criação da Real Sociedade de Londres para o Progresso do Conhecimento Natural. Essa sociedade foi fundada em 1660 e patrocinada pelos ricos comerciantes de Londres, que tinham interesse nas possíveis aplicações técnicas desses conhecimentos, desde as questões de navegação até os estudos sobre linguagem que permitiam a comunicação com os povos das novas terras com que negociavam. Contudo, o empirismo não se restringiu ao contexto de língua inglesa, encontrando repercussão também na França e em outros países. O empirismo e o racionalismo (pensamento cartesiano) constituíram conjuntamente algumas das principais correntes do pensamento moderno na sua fase inicial. - A palavra empirismo, deriva da palavra grega “empeiria”, que significa basicamente uma forma de saber derivado da experiência sensível, e de informações acumuladas com base nesta experiência, permitindo a realização de fins práticos. - Podemos dizer que o empirismo é a posição filosófica que toma a experiência como guia e critério de validade de suas afirmações, especialmente nos campos da teoria do conhecimento e da filosofia da ciência. - O grito de guerra do empirismo é a frase de inspiração aristotélica: “Nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos”. Ou seja, todo conhecimento resulta de uma base empírica, de percepções ou impressões sensíveis sobre o real, elaborando-se e desenvolvendo-se a partir desses dados da realidade sensorial. Os empiristas, portanto, rejeitam a noção de ideias inatas ou de um conhecimento anterior à experiência ou independente desta. - Bacon e o método experimental - Podemos distinguir dois aspectos inter-relacionados da contribuição de filosófica de Bacon: 1) A concepção de pensamento crítico contida na teoria dos ídolos - A filosofia de Bacon, assim como a de Descartes, caracteriza-se por uma ruptura bastante explícita em relação à tradição anterior, sobretudo a escolástica de inspiração aristotélica. A preocupação fundamental de Bacon é com formulação de um método que evite o erro e coloque o homem no caminho do conhecimento correto. É nesse contexto que encontramos a sua teoria dos ídolos. Os ídolos são ilusões ou distorções que, segundo Bacon, “bloqueiam a mente humana”, impedindo o verdadeiro conhecimento. Os ídolos podem ser de quatro tipos: ídolos da tribo, ídolos da caverna, ídolos do foro e ídolos do teatro. 2) A defesa do método indutivo no conhecimento científico e de um modelo de ciência antiespeculativo e integrado com a técnica. Bacon propõe um modelo para a nova ciência. Segundo ele, o homem deve despir-se de seus preconceitos, tornando-se “uma criança diante da natureza”, somente assim alcançará o verdadeiro saber. O novo método científico é o da indução que, a partir da observação atenta da natureza, permite formular leis científicas que são generalizações indutivas, a partir das quais se pode controlar a natureza e dela tirar benefícios para o homem. Bacon é um pensador que acredita no progresso. Para ele, o conhecimento se desenvolve na medida em que adotamos o método correto e a experiência como guia. Ele teve uma importância fundamental no sentido da ruptura com a tradição. - A teoria das ideias de Locke e a crítica ao inatismo - Locke vê a filosofia como uma tarefa crítica e preparatória para a construção da ciência. Ele desenvolve um modelo empirista, antiespeculativo e antimetafísico de conhecimento. - Locke afirma que todas as nossas representações do real são derivadas de percepções sensíveis, não havendo outra fonte para o conhecimento. Portanto, não existem ideias inatas. Isto é, o conhecimento não é inato, mas resulta da maneira como elaboramos os dados que nos vêm da sensibilidade por meio da experiência. - Para Locke, a mente é como uma folha em branco, a “tábula rasa”, na qual a experiência deixa as suas marcas. Desta forma, para processarmos o conhecimento em nossa mente, precisamos da reflexão, assim como distinguir entre asqualidades primárias e as secundárias das substâncias. - Locke é considerado como um dos primeiros filósofos do período moderno a desenvolver uma filosofia da linguagem, mais especificamente uma teoria do significado. Ou seja, para esse filósofo, o significado das palavras é a ideia correspondente a elas em nossa mente, e é por meio das ideias que as palavras se referem às coisas. Esta é para Locke a semântica ideacional. A Linguagem é, assim, a expressão de um pensamento, criado anteriormente à linguagem e independente dela. - O ceticismo de David Hume – David Hume foi, sob muitos aspectos, o mais radical dos empiristas, levando essas teses às suas últimas consequências e assumindo uma posição filosófica cética. - O ceticismo de Hume pode ser interpretado a partir do questionamento que dirige a dois princípios ou pressupostos fundamentais da tradição filosófica: a causalidade e a identidade pessoal. * Casualidade - Segundo Hume, a causalidade é uma forma nossa (humana) de perceber o real, uma ideia derivada da reflexão sobe as operações de nossa própria mente, e não uma conexão necessária entre causa e efeito, uma característica do mundo natural. * Identidade pessoal - Para Hume, jamais podemos apreender a nós mesmos sem algum tipo de percepção. O “eu” (self) é um feixe de percepções que temos em um determinado momento e que varia na medida em que essas percepções variam. Estamos, assim, em constante mudança, pois a cada momento novas percepções são acrescentadas ao feixe, e outras empalidecem ou desaparecem. A única coisa que assegura o nosso “eu” , o que somos e temos, é a força do hábito, do costume e da memória que conseguimos. Portanto, para esse filósofo, jamais temos um conhecimento certo e definitivo; toda a ciência é apenas resultado da indução, e o único critério de certeza que podemos ter é a probabilidade. É neste sentido e por esses motivos que ele é considerado um cético. Por outro lado, Hume também afirma que a maneira pela qual conhecemos e pela qual agimos no real depende apenas de nossa natureza, de nossos costumes e de nossos hábitos. Por esta razão ainda não se chegou a definir se ele é mais cético ou mais naturalista. - A contribuição valiosa de Jean-Jacques Rousseau - Rousseau (1712-78) nasceu em Genebra e foi um dos mais importantes pensadores franceses do século XVIII no campo da política, da moral e da educação, influenciando os ideais do Iluminismo e da Revolução Francesa (1789). - O ponto de partida da filosofia de Rousseau é uma concepção de natureza humana representada pela famosa ideia: “O homem nasce bom, a sociedade o corrompe” (Contrato Social, livro I, cap. 1), à qual se acrescenta a ideia de que “o homem nasce livre e por toda parte se encontra acorrentado”. - Para Rousseau, é possível, portanto, formular um ideal de sociedade em que os homens sejam livres e iguais, ideal este que servirá de inspiração à Revolução Francesa. - A grande questão para Rousseau consiste em saber como preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar que a vida em sociedade pode lhe oferecer. Sua resposta se encontra fundamentalmente no “Contrato Social”, mas também é possível observá-la em outros textos. - Segundo a teoria do contrato social, a soberania política pertence ao conjunto dos membros da sociedade. O fundamento dessa soberania é a vontade geral, que não resulta apenas na soma da vontade de cada um. A vontade particular e individual de cada um diz respeito a seus interesses específicos, porém, enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o indivíduo deve possuir também uma vontade que se caracteriza pela defesa do interesse coletivo, do bem comum. - Segundo a teoria do contrato social, é papel da educação a formação da vontade geral dos membros da sociedade transformando, assim, o indivíduo em cidadão, em membro de uma comunidade. - O processo educativo pressupõe o conhecimento profundo e deve dar a devida importância às leis psicológicas do desenvolvimento do educando. Essas leis devem orientar todo o processo educativo, deixando de lado todas as especulações teóricas a esse respeito. - Na proposta de Rousseau, para que o processo educativo não degenere num exercício estéril e até nocivo, é indispensável partir da estrutura específica do educando. Não se deve ver na criança um adulto em miniatura, como era costume na época, uma etapa passageira, provisória, da existência humana, pois a criança tem uma existência própria e acarreta direitos específicos. EXERCÌCIO: Marque a opção que correlaciona corretamente os números com as letras. 1 – Locke 2 – Rousseau 3 – Hume 4 – Bacon A - Sua grande questão consistia em saber preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar que a vida em sociedade pode lhe dar. B - O ceticismo desse filósofo pode ser interpretado a partir do questionamento que dirige a dois princípios ou pressupostos fundamentais da tradição filosófica: a causalidade e a identidade pessoal. C - Sua preocupação fundamental é com formulação de um método que evite o erro e coloque o homem no caminho do conhecimento correto. D - Otimista com relação à natureza humana e o convívio entre os indivíduos, considerando como princípio básico da existência da sociedade o entendimento racional entre os homens. Para ele, a mente é como uma “folha em branco” tabula rasa, na qual a experiência deixa suas marcas. 1) 1D, 2A, 3B, 4C 2) 1C, 2B, 3A, 4D 3) 1A, 2C, 3B, 4D 4) 1B, 2D, 3C, 4A Aula 08 – Filosofia moderna - IV. - O ILUMINISMO - O Iluminismo foi um movimento de grande importância a partir da segunda metade do século XVIII. - Abrange não só o pensamento filosófico, mas também as artes, as ciências, a teoria política, as teorias pedagógicas e a doutrina jurídica. - Reflete a necessidade de tornar transparente à razão. O pressuposto básico do iluminismo afirma que todos os homens são dotados de racionalidade que é uma espécie de luz natural. - Possui caráter pedagógico. O pensamento iluminista é fortemente voltado para o laico e o secular. - Volta-se contra toda autoridade que não esteja submetida à razão e a experiência. O homem poderá atingir o que Kant chama de sua maioridade, quer dizer pensar por si mesmo. Por isso o Iluminismo tem caráter ético e emancipador. - O pano de fundo do Iluminismo é a filosofia crítica, que tem como características três pressupostos básicos: a liberdade; o individualismo e a igualdade jurídica. Nesse sentido a Revolução Francesa (1789) pode ser considerada uma tentativa de concretização desses ideais: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Os homens nascem e permanecem livres, é o artigo primeiro da Declaração dos Direitos do Homem. A Enciclopédia é um projeto monumental pedagógico que pretendeu ser uma espécie de grande síntese do saber da época, sua publicação teve grande influência na Revolução Francesa e contribuiu para a contestação da monarquia absoluta, e do poder da Igreja. - Vamos conhecer as propostas do alemão Immanuel Kant, nosso último expoente deste bloco empírico-racionalista e fazer um amálgama entre as duas correntes. - A obra de Kant pode ser vista como um marco na filosofia moderna e se notabiliza por duas obras clássicas, em especial: a “Crítica da Razão Pura”, na qual desenvolve a crítica do conhecimento, e “Crítica da Razão Prática”, em que analisa a moralidade. - Entre os neo-humanistas, foi o principal que proclamou a saída do homem do estado de incapacidade, em que jazia sob o peso da tradição da autoridade. Ele desafiou o homem a se atrever servir da razão. - Kant define a filosofia como “a ciência da relação de todo conhecimento e de todo uso da razão como fim último da razão humana”, caracterizando-se pelo tratamento de quatro questões fundamentais: * O que posso saber? - Diz respeito à metafísica, no sentido kantiano de investigação sobre a possibilidade de legitimidade do conhecimento. * O que devo fazer? - Cuja resposta é dada pela moral. * O que posso esperar? - O problema da esperança, de que trata a religião. * O que é o homem? - Objeto da antropologia, à qual em última análise se reduzem as outras três e que é na verdade a mais importante das quatro. - Tendo em vista estas questões, o filósofo deve determinar: as fontes do saber humano, a extensão do uso possível e útil de todo saber e os limites da razão. - O pensamento de Kant também se insere dentro do movimento de crítica à educação dogmática. Embora não concebesse as normas e os modelos conforme a própria existência concreta e variável (mas de um sujeito universal), nem por isso admite o modelo tradicional de ideal, que se impôs exteriormente ao indivíduo. Para ele, são as leis inflexíveis e universais da razão pura e da razão prática que constroem o conhecimento e a lei moral, o que significa a valorização definitiva do sujeito como ser autônomo e livre, para o qual tanto o conhecimento como a conduta são obras suas. - A importância atribuída por Kant à educação encontra-se fundamentada nas obras mais clássicas, como a Crítica da Razão Pura e Crítica da Razão Prática. A Crítica da Razão Pura visa investigar as condições de possibilidade do conhecimento, ou seja, o modo pelo qual, na experiência de conhecimento, sujeito e objeto se relacionam e em que condições. Esta relação pode ser considerada legítima, sujeito e objeto são termos relacionais que só podem ser considerados como partes da relação de conhecimento. - Kant elabora uma teoria que investiga o valor dos nossos conhecimentos. Condena os empiristas, para quem tudo o que conhecemos vem dos sentidos e também não concorda com os racionalistas, para quem tudo o que pensamos vem de nós. Para ele, a razão não é capaz de conhecer as realidades que não se oferecem à nossa experiência sensível, tal como Deus. O filósofo mostra que além do ato do conhecimento, o indivíduo é capaz de outra atividade espiritual, o exercício da consciência moral. Kant concluiu que só o ser humano é moral e agir moralmente é agir pelo dever. Desse raciocínio decorre que a pessoa não realiza espontaneamente a lei moral, mas a moralidade resulta da luta interior. Neste sentido, a verdadeira ação moral tem por fundamento a autonomia e a liberdade. - Para Kant, cabe à educação formar o caráter moral - “o homem só pode tornar-se homem pela educação”, “ele é tão somente o que a educação fez dele”, e ainda “mandamos em primeiro lugar, as crianças à escola, não na intenção de que nela aprenda alguma coisa, mas a fim de que se habitue a observar pontualmente o que se lhes ordena”. - Kant redefine a relação pedagógica, reforçando a atividade do aluno que deve aprender “pensar por si mesmo”. O saber é ato de liberdade. O princípio kantiano foi reexaminado no século XX, por diversos autores na área da moral e da educação, como Piaget ou ainda Habermas. EXERCÍCIO: Marque a alternativa que correlaciona corretamente os números com as letras. A) Crítica da razão pura B) Crítica da razão prática C) Enciclopédia D) Três pressupostos básicos do Iluminismo E) Caráter pedagógico do iluminismo F) Iluminismo G) Immanuel Kant 1) O posso saber? O que devo fazer? O que posso esperar? O que o home? 2) A liberdade, exemplificada pela defesa da livre iniciativa no comércio; o individualismo, que baseia na existência do indivíduo livre e autônomo e 3) a igualdade jurídica, que visa garantir a liberdade do indivíduo contra os privilégios. 3) Seu caráter pedagógico visa o projeto de formação do individuo, podendo se visto também como herdeiro do humanismo iniciado no Renascimento. Considera que todos os homens são dotados de uma espécie de luz natural, de uma racionalidade, uma capacidade natural de aprender, capaz de permitir que conheçam o real e ajam livre e adequadamente para a realização de seus fins. 4) Movimento do pensamento europeu característico basicamente da segunda metade do séc.XVIII. Abrange o pensamento filosófico, as artes, a literatura, as ciências, a teoria política e jurídica. 5) Obra que trata da ética no sentido no sentido puro e seus princípios são leis universais que definem os nossos deveres. Portanto princípios morais resultando da razão prática e se aplicam a todos os indivíduos em qualquer circunstância. 6) Obra mais representativa do Iluminismo e de sua concepção do papel da filosofia, das artes e da ciência, isto é do saber em geral. Representou um monumental projeto editorial e pedagógico, sendo a grande síntese do saber da época. 7) Contém a teoria do conhecimento de Kant, ou seja, sua análise das condições de possibilidade do conhecimento, por meio do qual se pode delimitar a ciência da pseudociência. Consiste de um lado no exame da constituição interna da razão; por outro lado, no exame de seu funcionamento. 1) 1F, 2A, 3E, 4B, 5C, 6D e 7G 2) 1G, 2B, 3A, 4F, 5D, 6C e 7E 3) 1G, 2D, 3E, 4F, 5B, 6C e 7A 4) 1E, 2A, 3B, 4F, 5G, 6C e 7D Aula 09 – Filosofia moderna - V. A urbanização acelerada do século XIX, proveniente do capitalismo industrial, criou forte expectativa com respeito á educação, pois a complexidade de trabalho exigia melhor qualificação da mão-de-obra. - Augusto Comte (1798-1857) - Primeiro pensador positivista, para Comte, a humanidade (e o próprio indivíduo na sua trajetória pessoal), passa por diversos estágios até alcançar o estado “positivo”, que se caracteriza pela maturidade do espírito humano. - O positivismo de Comte exprime a exaltação provocada no século XIX pelo avanço da ciência moderna, capaz de revolucionar o mundo com uma tecnologia cada vez mais eficaz: “Saber é poder”. Esse entusiasmo desembocou em várias correntes de pensamento, dentre elas destacamos o cientificismo. - Segundo Comte, o método das ciências da natureza (baseado na observação, experimentação e matematização), deveria ser estendido a todos os campos de indagação e a todas as atividades humanas, inclusive a educação como veremos a seguir. - Augusto Comte estava convencido de que a educação deveria levar em conta, em cada indivíduo, as etapas que a humanidade percorrera: o pensamento fetichista da criança seria superado pela concepção metafísica, e esta, finalmente, pela positivista, no momento em que atingisse a idade madura. - O positivismo passou, então, a permear de maneira eficaz a pedagogia, ora de maneira explícita, ora implícita. Essa doutrina também atuou de maneira marcante no conteúdo e na forma de educar das escolas estatais, sobretudo, na luta a favor do ensino laico das ciências e contra a escola tradicional humanista religiosa. - No século XX, ainda permaneceu viva a influência do positivismo. Por exemplo, a psicologia comportamental de Watson e Skiner serviu de base a muitas teorias pedagógicas. No Brasil, o positivismo influenciou as medidas governamentais do início da República e, na década de 1970, a tentativa de implantação da escola tecnicista. - Johann F. Herbart (1776-1841) - Herbart trouxe grande contribuição para a pedagogia como ciência, buscando o maior rigor de método. Ele também é considerado o precursor de uma psicologia experimental aplicada à pedagogia, mesmo que essa psicologia conservasse alguns sinais de metafísica e ainda utilizasse uma avaliação matemática de valor discutível, ela se tornou um avanço em relação às teorias anteriores. - Segundo Herbart, a conduta pedagógica deve seguir três procedimentos básicos: o governo, a instrução e a disciplina.* O governo - É a forma de controle da agitação infantil, levado a efeito inicialmente pelos pais e depois pelos mestres, a fim de submeter a criança às regras do mundo adulto e tornar possível o início da instrução. * A instrução - É o processo principal da educação, supõe o desenvolvimento dos interesses. Para Herbart, interesse tem um sentido bem específico de poder ativo que determina quais ideias e experiências receberão atenção. Herbart compreende a instrução como construção, o que leva a não separar a instrução intelectual da moral, já que uma é condição da outra. * A disciplina - É aquilo que mantém firme a vontade educada no propósito da virtude. Enquanto o governo é exterior e heterônomo, mais usado com crianças pequenas, a disciplina supõe a autodeterminação característica do amadurecimento moral, que leva à formação do caráter proposto. - Herbart, insatisfeito com a precária assimilação do que se ensinava nas escolas, afirmava que sua ineficiência se devia aos métodos mal aplicados, que em nada se relacionavam com os conhecimentos adquiridos na prática dos alunos, e que só geravam uma memorização superficial que logo era esquecida. - Herbart, insatisfeito com a precária assimilação do que se ensinava nas escolas, afirmava que sua ineficiência se devia aos métodos mal aplicados, que em nada se relacionavam com os conhecimentos adquiridos na prática dos alunos, e que só geravam uma memorização superficial que logo era esquecida. - O caráter de objetividade de análise, a tentativa de psicometria, o rigor dos passos seguidos e a sistematização são aspectos característicos do pensamento de Herbart que determinam a sua grande influência no pensamento pedagógico. - Além dos seus cinco passos formais que marcaram de maneira vigorosa o ensino expositivo da escola tradicional, que adquiriu um caráter de rigor por emprestar do método científico a indução, Herbert afirma que o caminho do raciocínio vai do concreto para o abstrato. - Para Herbert, o conhecimento é oferecido pelo mestre ao aluno, que só depois vai aplicá-lo na sua experiência de vida. - Friedrich Froebel (1782-1852) - Froebel também trouxe valiosa contribuição para a educação. - A principal contribuição pedagógica de Froebel resulta da atenção para com as crianças na fase anterior ao ensino elementar, ou seja, a educação da primeira infância. Foi pioneiro na fundação do “jardim de infância”, em alusão ao jardineiro cuidando da planta desde pequenina para que cresça bem, pressupondo que os primeiros anos são básicos para a formação humana. - Froebel valorizou as atividades lúdicas no trabalho com as crianças, por perceber o significado funcional do jogo e do brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor, e inventou métodos para aperfeiçoar as habilidades. Ele estava convencido de que a alegria do jogo levaria a criança a aceitar o trabalho de forma mais tranquila. - Para estimular os impulsos criadores da atividade lúdica, Froebel inventou cuidadosos equipamentos, de acordo com a fase em que se encontravam as crianças. As construções da primeira série foram por ele chamadas de “dons”, como se fossem “dádivas divinas”. - Além dos dons, Froebel destaca as ocupações: tecelagem, dobradura, recorte e, também, o canto e a poesia como instrumentos importantes para facilitar, sobretudo, a educação moral e religiosa. - Embora a fundamentação teórica de sua psicologia tenha sido objeto de críticas severas, é inegável a influência da pedagogia de Froebel expressa na difusão dos jardins de infância espalhados pelo mundo. - Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) - Estudioso de Rousseau, Pestalozzi sempre se interessou pela educação elementar, especialmente das crianças pobres, e fez algumas tentativas educacionais inéditas e audaciosas ao trabalhar com crianças em situação social bem precária. Por isso, ele é considerado um dos defensores da escola popular extensiva a todos. - Pestalozzi reconhecia firmemente a função social do ensino, sem restringi-lo à formação do homem-gentil. Além disso, alertava que não bastava a simples instrução do povo, mas, sobretudo, a formação completa, pela qual o indivíduo é levado à plenitude do seu ser. - Para Pestalozzi, o indivíduo é um todo cujas partes devem ser cultivadas: a unidade espírito-coração-mão corresponde ao importante desenvolvimento da tríplice atividade conhecer-querer-agir, por meio da qual se dá o aprimoramento da inteligência, da moral e da técnica. Daí a importância dos métodos para a organização do trabalho manual e intelectual. Segundo Pestalozzi, deve-se partir sempre da vivência intuitiva, para só depois introduzir os conceitos. - Em outras palavras, o método de Pestalozzi para educar se funda em um princípio simples: seguir a natureza. A família constitui a base de toda a educação por ser o lugar do afeto e do trabalho comum. Também é positiva a experiência religiosa, contudo não confessional. EXERCÍCIO: Marque a alternativa que correlaciona corretamente os números com as letras. 1 – Froebel 2 – Iluminismo 3 – Herbart 4 – Positivismo 5 – Augusto Comte 6 – Pestalozzi A. O progresso no campo da ciência é ilimitado, sob condição de emancipar a razão de todos os entraves que a tradição lhe opõe. Aquilo que não se justifica à luz da razão não pode ser julgado real. B. Exprime a exaltação provocada no século XIX pelo avanço da ciência moderna, capaz de revolucionar o mundo com uma tecnologia cada vez mais eficaz: “Saber é poder”. C. O processo educativo deve iniciar-se desde a primeira infância. O educando deve receber cuidados e alimentação adequados para esse desenvolvimento se realizar num processo contínuo e propício. D. O processo educativo só alcança seus fins mediante a instrução, a disciplina e o governo. E. A dimensão social deve ocupar o primeiro lugar no processo educativo, na formação do educando, pois o objetivo da educação é prepará-lo para o que deve ser na sociedade. F. Estava convencido de que a educação deveria levar em conta, em cada indivíduo, as etapas que a humanidade percorrera: o pensamento fetichista da criança seria superado pela concepção metafísica, e esta, finalmente, pela positivista, no momento em que atingisse a idade madura. 1) 1C, 2A, 3D, 4B, 5F e 6E 2) 1D, 2A, 3F, 4B, 5C e 6E 3) 1A, 2B, 3D, 4F, 5E e 6C 4) 1D, 2A, 3F, 4E, 5B e 6C Aula 10 – Questões Filosóficas Atuais e Desafios à Prática Educacional. - Qual foi o significado da transição do pensamento moderno para o contemporâneo com relação à educação? No século XX, a filosofia contemporânea é em grande parte o resultado da crise do pensamento moderno do século XIX. Este pensamento entra em crise a partir das críticas de Hegel, que aponta para a necessidade de se levar em conta o processo histórico de formação da consciência, e de Marx, que questiona seus pressupostos idealistas. Essa ruptura já vinha se manifestando tanto com relação ao racionalismo quanto ao empirismo, no que se referia ao conhecimento e à ciência como modelos privilegiados de relação do homem com a realidade. No campo da educação, surge a necessidade de uma teoria educacional indissociável de um saber prático. A ação pedagógica deve integrar-se na experiência concreta, nos interesses e nas necessidades do educando, tornando-se um processo individualizado. Os educadores que pensam a educação concebem-na como um processo que permite ao educando recriar e reconstruir o conhecimento da realidade através da experimentação. - Em que consiste o processo educativo contemporâneo? O processo educativo contemporâneo é influenciado pela crise e a instabilidade às quais o mundo está sujeito desde o início do século XX, tanto no campo social, político e econômico, como também no campo da educação. - O importantenessa aula é compreender a fundamentação da complexidade da época contemporânea e analisar as ideias básicas dos educadores que marcaram o século XX e o início desse novo século. Não resta dúvida de que o século XX foi bastante rico em experiências educacionais e no pluralismo de teorias pedagógicas. Constatamos notáveis transformações tanto no campo, quanto na cidade e na mentalidade, de tal forma que podemos identificar a crise que a humanidade passa na transição do milênio. Há a constatação do envelhecimento de alguma coisa que não serve mais, e ao mesmo tempo o esforço no sentido de encontrar novos caminhos de saídas. A crise estando generalizada, é claro que a educação também será profundamente afetada. Na busca de novos caminhos, a educação passa a ter um caráter político, devido à importância que exerce na sociedade, sendo instrumento de transmissão da cultura e formação da cidadania. A sociedade contemporânea marcada profundamente pela mentalidade utilitarista e pragmática em que tudo gira em torno do que dá retorno imediato, status e poder, precisa com urgência encontrar soluções. - John Dewey (1859-1952) - John Dewey, defensor do pragmatismo, trouxe para a educação uma contribuição com avanços em termos de preocupação com a realidade do aluno, mas que ficou limitado ao conhecimento da dimensão psicológica deste, não conseguindo envolvê-lo num projeto maior que garantisse a transformação da mesma. Para Dewey o processo educativo depende essencialmente da ligação da escola ao lar e à comunidade que o educando faz parte. - O processo educativo deve integrar-se na experiência concreta, nos interesses e necessidades do educando, deve também se tornar processo individualizado. Nesse processo, as atividades manuais, práticas, assumem a mesma importância que desempenham na vida real. - O processo educativo agrupará os educandos não por idade ou nível de instrução, e sim, por interesses reais, por tipo psicológico ou grau de capacidade intelectual. - Nessa visão do processo educativo, o educador vem a ser o animador dentro de um processo de autoeducação. A melhor educação será aquela em que o educador menos intervém. Trata-se de imagem-ideal como energia ativa e criativa. - A verdade do conhecimento não se considera mais como função relacional objetiva da mente com o objeto, mas sim, com aquilo que é eficaz na prática, aquilo que serve efetivamente como guia e orientador da ação concreta. - Dewey, apoiando-se em Willian James, afirma que o essencial no processo educativo consiste na educação pela ação manual e intelectual, bases da própria experiência. O processo educativo consiste, portanto, na constante reconstrução da experiência. Mas essa reconstrução depende da ação responsável e consciente do educando. - Para cumprir essa função, o processo educativo deve evitar toda a aprendizagem mecânica e formal; deve evitar tudo que é rotina ou repressão, sem, no entanto cair no anarquismo. - A eficácia de todo o processo educativo depende do interesse produtivo do educando, que se mostra em um ambiente propício à liberdade e iniciativa. Trata-se de desenvolver o processo educativo dentro de um ambiente natural, onde o educando aprende a viver, e não num ambiente onde só se aprende informações, que só se referem à vida real de uma maneira oblíqua e indireta, ou que dizem respeito a um futuro remoto, que talvez o educando nunca venha a viver. Em outras palavras, a escola deve ser a réplica em miniatura da própria comunidade. - O processo educativo deve levar o educando a assumir, de acordo com os interesses, os valores culturais da comunidade, a integrar a sua experiência na experiência da comunidade, pois são as forças da comunidade que atuam na sua vida e com estas ele terá que operar. O educador deve levar o processo de tal maneira que não haja conflito entre esforço e interesse. - Concretizar o ideal da socialização do processo educativo implica na sua crescente individualização, com o objetivo de aproximar-se melhor do meio em que o educando deve desempenhar suas aptidões e capacidades. Portanto, deve fundamentar-se nas características individuais do educando, principal agente do processo educativo. - Anísio Teixeira (1900-1971) - O Pragmatismo de Dewey e a Escola Nova serão trazidos para o Brasil, através do educador Anísio Teixeira que foi aluno e seu admirador nos Estados Unidos. - O universo educacional de Anísio Teixeira aponta para uma íntima relação entre escola e sociedade, o que traz como consequência a concepção de uma escola ativa, baseada na ciência, na democracia e no trabalho. Se a sociedade passava por mudanças era preciso que a escola preparasse o novo homem, o homem moderno, para integrar-se à nova sociedade que deveria ser essencialmente democrática. É o fazer, através do método experimental, que deve definir a escola ativa e democrática. - Os nossos sistemas de educação abrigam eternos vícios do intelectualismo, do dogmatismo e de uma burocracia que impede enveredar por caminhos mais eficazes, portanto teóricos educadores tentaram buscar soluções para essa situação. - A concepção da escola nova, de um lado, resgatou a importância do sujeito da aprendizagem, mas de outro, acabou dando margem para chegar a uma visão intimista, individualista do tipo “cada um é cada um”, mas na verdade cada um é um pouco do outro, do grupo ao qual pertence. - Anísio Teixeira, sendo aluno de John Dewey nos Estados Unidos, compartilha com seu professor dessa nova visão de trabalhar a educação. Anísio traz e implanta a tendência da Escola Nova para a educação brasileira. - Paulo Freire (1921-1997) - Outro educador que trouxe perspectivas diferentes para a educação foi Paulo Freire. - Ele introduziu uma nova visão e apresentou uma proposta muito mais profunda do que Dewey, pois via na educação a possibilidade da transformação da sociedade. Acreditava que isto seria possível por meio da conscientização que o educando tinha de si próprio e dos problemas que afetam a sociedade. - A proposta de educação de Paulo Freire está voltada para a transformação da realidade não só educacional, como a social em um sentido amplo. - Freire parte da análise da realidade vivida pelo povo brasileiro, aposta em um processo educativo que reconheça os direitos das massas populares a uma educação popular; reconhece a urgência da democratização da cultura nacional. - Para Freire, o sucesso do processo educativo depende essencialmente da liberdade do educando. É tendo liberdade que este será motivado para uma participação crítica no processo educativo e, consequentemente, social. - A visão de Freire o leva a substituir a escola tradicional, monoliticamente estruturada, por outro veículo educativo mais maleável, mais participativo e baseado no diálogo: o círculo de cultura. - No círculo de cultura, o próprio educando se coloca em primeiro plano, desde a primeira etapa da programação do processo. Desde o início, ele é orientado pelo educador, que procura esclarecer e despertar sua consciência para perceber e compreender a realidade em que vive. - O processo educativo não é transmissão, tampouco doação, mas sim, participação em uma situação concreta desafiadora de onde brota significação para o educando. - A alfabetização e a conscientização são inseparáveis das situações desafiadoras e de relevância social e política. Todo o processo educativo deve levar à conscientização quanto à significação real dessas situações vividas pelo educando. É fundamental que ele tome consciência dos seus interesses e lute para defendê-los, em prol de um bem maior: a sociedade. Seguindo esse caminho, ele terá uma visão mais ampla de suas possibilidades de se afirmar como sujeito e não mais como objeto na história. Desta forma, o processo educativo levará o sujeito ase libertar do peso da exclusão e da expulsão da órbita de decisões que lhe foi imposto. - Paulo Freire conseguiu chegar até onde chegou graças à sua abertura, esperança, sonho. Isto se concretizou através de suas experiências e caminhada ao longo de sua vida, sempre disposto a aprender, pesquisador de sua prática e leitor curioso dos grandes filósofos e educadores. - Ao ser banido do Brasil no Golpe Militar, Paulo Freire levou consigo aquilo em que mais acreditava: suas esperanças com a educação. - No exílio, teve oportunidade de diálogos com outras culturas, confrontos, novas experiências e trocas e não restam dúvidas de que isso somado à novas leituras, aportou contribuições que possibilitaram enriquecer mais a sua prática e avançar saindo da visão escolanovista para uma visão de transformação da sociedade. EXERCÌCIO: Marque a alternativa que correlaciona corretamente os números com as letras. 1 – Pragmatismo 2 – Pedagogia do Oprimido 3 – John Dewey 4 – Princípios da Escola Nova 5 – Anísio Teixeira 6 – Filosofia Contemporânea 7 – Paulo Freire A. O processo educativo depende essencialmente da ligação da escola ao lar e à comunidade de que o educando faz parte. O processo educativo deve integrar-se na experiência concreta, nos interesses e necessidades do educando, deve tornar-se processo individualizado. B. Com atuação sempre marcante desde a década de 1920, trouxe para o Brasil, a teoria da Escola Nova. C. Uma proposição é verdadeira quando “funciona”, isto é, permite que nos orientemos na realidade, levando-nos de uma experiência a outra. A verdade não é, desse modo, rigidamente estabelecida de uma vez por todas, mas está em constante movimento. D. Educador brasileiro que revolucionou a educação, e refere-se a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes e a pedagogia do oprimido. E. É em grande parte o resultado da crise do pensamento moderno no século XIX, que entra em crise a partir das críticas de Hegel que aponta para a necessidade de levar em conta o processo histórico de formação da consciência e de Marx que questiona seus pressupostos idealistas. F. O processo educativo deve evitar toda a aprendizagem mecânica e formal; deve evitar todo que é rotina ou repressão, sem, no entanto cair no anarquismo. A eficácia de todo o processo educativo depende do interesse produtivo do educando, o qual, se mostra tão somente num ambiente propício à liberdade e iniciativa. G. Sua proposta de educação está voltada para a transformação da realidade não só educacional como a da sociedade. Ele parte da análise da realidade vivida pelo povo brasileiro, aposta num processo educativo que reconheça os direitos das massas populares a uma educação popular; reconhece a urgência da democratização da cultura nacional. 1) 1G, 2F, 3B, 4C, 5A, 6E, 7D 2) 1C, 2G, 3B, 4E, 5A, 6F, 7D 3) 1C, 2F, 3D, 4A, 5B, 6E, 7G 4) 1C, 2G, 3A, 4F, 5B, 6E, 7D
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