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METABOLISMO E BALANÇO ENERGÉTICO Profª. Vanessa Barreto Energia “Capacidade de realizar trabalho” A energia não pode ser criada ou destruída, mas apenas transformada, e particularmente aplicada à nutrição, transformada em quilocalorias pela combustão dos alimentos para produzir calor (Leverne, 2006). Energia Animais e Seres humanos obtêm esses nutrientes e a energia consumindo vegetais e carnes de outros animais. Metabolismo Energético São todas as vias utilizadas pelo organismo para obter e usar energia química oriunda do rompimento das ligações químicas presentes nos nutrientes que compõe os alimentos; O nosso corpo usa a energia dos carboidratos, proteínas e gordura da dieta; A energia deve ser fornecida regularmente para atingir as necessidades energéticas para a sobrevivência do corpo. Liberadores de energia: Aminoácido Ácido graxo + Glicerol Glicose Catabolismo Liberação de ATP Produtos finais: CO2 H2O NH3 Figura 1 – Vias metabólicas que envolvem liberação e consumo de energia Armazenadores de energia: Proteínas Triglicerídeos Glicogênio Consumo de ATP Moléculas precursoras: Aminoácido Ácido graxo + Glicerol Glicose Anabolismo Qual a sua necessidade energética? Conselho de Especialistas em Necessidades de Energia e proteína da FAO “A necessidade de energia de um indivíduo é o nível de ingestão de energia a partir do alimento que irá equilibrar o gasto de energia, quando o indivíduo possui um tamanho, composição corporal e nível de atividade física consistentes com boa saúde a longo prazo; WHO, 1985 Peso corporal Adequação ou inadequação na ingestão de energia entrada < saída Balanço energético negativo entrada > saída Balanço energético positivo entrada = saída Equilíbrio Balanço Energético Consequências de uma ingestão energética inadequada. Por longo prazo (semanas ou meses) Alterações nos estoques corpóreos de energia Consequentemente no peso e na composição corporal; Ingestão energética Inferior Peso corporal Ingestão energética superior ↑ Peso corporal Peso corporal Peso corporal reflete a adequação da ingestão de energia mas não é um indicador confiável da adequação de macronutrientes ou micronutrientes; Saudável?? Quais os componentes do gasto energético? Componentes do Gasto Energético Total (GET) Gasto Energético Total (GET) Gasto Energético Basal (GEB) Gasto energético mínimo necessário para sobreviver em repouso (processos vitais). Representa de 60 à 75% do GET. Efeito térmico dos alimentos (ETA) Valor da digestão, absorção, metabolismo e armazenamento dos nutrientes. Representa mais ou menos 10% do GET. Gasto Energético com Atividade Física (GEAF) Energia gasta em exercícios físicos e atividades físicas voluntárias ou involuntárias. Avaliação da atividade e do exercício físico (15-30%). GET é composto pela GEB, ETA e GEAF. Fatores que afetam o Gasto Energético Basal (GEB) Tamanho corporal - Pessoas maiores tem ↑ GEB que as pessoas de tamanho menor. Composição corporal - MLG (massa livre de gordura) é principal determinante do GEB; Contribui com aproximadamente 80% na variação do GEB. Sexo – homens possuem um GEB maior, atribuído às diferenças no tamanho e composição corporal; Fatores que afetam o Gasto Energético Basal (GEB) Idade - GEB é mais alto durante o período de crescimento rápido (infância e adolescência). Com o envelhecimento há um declínio na Massa Magra (sarcopenia) - redução do GEB. Estado hormonal - Distúrbios endócrinos – hiper e hipotireoidismo; Com o ciclo menstrual (fase lútea) - GEB aumenta levemente; Gravidez - a GEB é aumentada pelos processos de crescimento uterino, placentário e fetal. Fatores que afetam o Gasto Energético Basal (GEB) Cafeína, nicotina e álcool – estimula a GEB Febre ↑ em 13% a taxa metabólica para cada grau acima de 37 ºC GEB é afetada pelos extremos na temperatura ambiente Exercício em temperaturas acima de 30ºC aumenta 5% GEB devido ao aumento da atividade das glândulas sudoríparas Ambientes extremamente frios depende do isolamento disponível a partir da gordura corporal e roupas de proteção; Efeito Termogênico do Alimento (ETA) ETA também é chamado de termogênese induzida pela dieta (TID); ação dinâmica especifica (ADE) e efeito específico do alimento (EEA); Termogênese Obrigatória é a energia necessária para digerir, absorver e metabolizar nutrientes, inclusive a síntese e armazenamento da proteínas, gorduras e carboidratos. A contribuição da atividade física (AF) para o GET é muito variável. No paciente hospitalizado, acamado, oscila entre 5 e 10%. No entanto, para uma pessoa que vive em condições normais, a AF pode corresponder a 15 a 30% de seu GET. GEAF varia de acordo com a natureza e a duração das diferentes atividades exercidas durante o período de 24 h. Inclui a energia gasta em: Exercício voluntário; Atividades involuntárias: calafrios, agitação contínua e manutenção do controle postural; Gasto Energético com Atividade Física (GEAF) Gasto Energético com Atividade Física (GEAF) Tende a ↓ com a idade – pelo declínio de massa magra e aumento de massa gorda. Homens geralmente possuem maior GEAF – devido tamanho corporal e massa magra maiores. Verificação do Gasto Energético Unidade de Medida Uma caloria é definida como a quantidade de calor necessária para elevar em 1C a temperatura de 1mL de água a 15°C; A quilocaloria pode ser abreviada como kcal ou Cal, embora essa última abreviatura encontre-se em desuso; O joule é a unidade métrica internacional de energia; Para converter quilocalorias para quilojoules utiliza-se o fator 4,18 1 kcal = 4,18 kJ Conteúdo energético do alimento ENERGIA BRUTA DO ALIMENTO ENERGIA DIGERÍVEL ENERGIA METABOLIZÁVEL (energia fisiologicamente disponível) Perda fecal de energia Perda urinária de energia CHO, PTN, GOR, ETOH Vitaminas, minerais, fibras NÃO fornecem energia CHO GOR PTN ETOH (kcal/g) 4,1 9,45 5,65 7,1 CHO GOR PTN ETOH (kcal/g) 4,0 9,0 4,0 7,0 CHO GOR PTN ETOH (kcal/g) 4,0 9,0 5,2 7,1 COMO VERIFICAR A NECESSIDADE ENERGÉTICA DE UM INDIVIDUO? Verificação da necessidade energética 1. Mensurações direta e/ou indireta da energia produzida (produção de calor). 2. Emprego de fórmulas preditivas que se traduzirão em estimativas do gasto energético total (GET) - mais de 200 publicadas. Calorimetria Direta Calorimetria Indireta Calorimetria Direta É empregado um calorímetro, que mensura a quantidade de calor dissipada por um indivíduo para o ambiente no repouso ou na realização de qualquer atividade física, por meio da diferença de temperatura da água que circula pelos tubos na câmara. Fornece uma medida de energia gasta na forma de calor, porém não fornece informação sobre o tipo de combustível que está sendo oxidado. Desvantagens: não é representativa de um ambiente de vida normal, nem refletea atividade física usual do indivíduo, engenharia complexa e alto custo. Calorimetria Direta Calorimetria Indireta Padrão-ouro para determinação do gasto energético (GE). Método seguro, prático e não invasivo, que pode ser utilizado à beira do leito em pacientes com ventilação normal (espontânea) ou submetidos à ventilação mecânica. Determina o GE por meio de medidas das trocas dos gases (CO2 e O2) nos pulmões. Calorimetria Indireta O calorímetro básico é composto de coletores de gases que se adaptam ao paciente e pelo sistema de medida de volume e concentração de O2 e CO2. O paciente inspira e expira um volume de ar conhecido e, coletam-se amostras do ar expirado para quantificar o volume e a concentração de O2 e CO2 em analisadores específicos. Conhecidos esses volumes, calcula-se o GE por meio de fórmulas. Apesar do alto custo e da demanda de pessoal treinado para uso e manutenção adequados, este método de medição ainda é considerado o padrão de referência. Calorimetria Indireta Calorimetria Indireta: Verificando o Gasto Energético Basal (GEB) O GEB é a energia gasta: Indivíduo ao acordar pela manhã; Estado pós-absortivo (jejum de 10 a 12 h); Em estado de vigília, na posição de decúbito dorsal, em ambiente confortável e termoneutro. O GEB normalmente varia de 0,8 a 1,43 kcal/min, no homem e na mulher saudável. Considerando que as condições basais nem sempre são encontradas nas situações clínicas rotineiras, o gasto energético de repouso (GER) é comumente utilizado e difere um pouco do GEB. O GER refere-se à energia utilizada: Repouso de no mínimo 30 min; Ambiente que não é termicamente neutro; Realizado a qualquer hora do dia, em geral 3 a 4 h após a última refeição; GER - resultará em valor aproximado 10% > GEB em razão do efeito do ETA e/ou atividade física (AF) (realizada antes da avaliação). Calorimetria Indireta: Verificando o Gasto Energético de Repouso (GER) Equações ou fórmulas preditivas Estimam o GEB e o GET Uso simples; Baixo custo; Específica para idade, sexo, para atletas; Limitações: Podem superestimar ou subestimar o gasto energético; Como calcular? - 1º - CALCULAR A GEB - 2º - MULTIPLICAR A GEB PELO FA (fator atividade) Obs: existe fator atividade específico para cada fórmula. - 3º - COLOCAR A UNIDADE DE MEDIDA DO GET – Kcal/dia Harris Benedict 1. Cálculo do GEB segundo Harris e Benedict (1919) Homens GEB (Kcal/dia) = 66 + (13,7 x P) + (5 x E) – (6,8 x I) Mulheres GEB (Kcal/dia) = 655 + (9,6 x P) + (1,7 x E) – (4,7 x I) P (Kg), E (cm), I (anos) GET = GEB x FA x FI x FT SUPERESTIMA DE 7 A 24% A TMB Mais utilizado para ambiente hospitalar Harris Benedict (1919); Martins et al. (2000); # Fator Atividade (FA): Acamado: 1,2 Acamado + móvel: 1,25 Deambulando: 1,3 # Fator Injúria (lesão) (FI): Paciente não complicado: 1 Pós operatório oncológico: 1,1 Fratura ossos longos: 1,2 Sepse moderada: 1,3 Peritonite: 1,4 Politrauma em reabilitação: 1,5 Politrauma + Sepse: 1,6 Queimadura 30 a 50%: 1,7 Queimadura 50 a 70%: 1,8 Queimadura 70 a 90%: 2 # Fator Térmico (FT): 38°: 1,1 39°: 1,2 40°:1,3 41°: 1,4 Harris Benedict (1919); Martins et al. (2000); Exercício Harris Benedict mulher, 20 anos; 1,60m; 62kg; andando normalmente; Adicionar: quadro de fratura em fêmur e febre de 38ºC. GET = 1.856,66 kcal/dia GET = 2450,79 kcal/dia Schoefield 2. Cálculo do GEB por Schoefield, 1985 SUBESTIMA EM ATÉ 10% GET = GEB x FA 2. Cálculo do GEB por Schoefield, 1985 SUBESTIMA EM ATÉ 10% GET = GEB x FA Fator de Atividade – Schofield 1985 Homem e Mulher Leve = 1,40 – 1,69 Moderada = 1,70 – 1,99 Intensa = 2,00 – 2,40 2. Cálculo do GEB por Schoefield, 1985 Exercício Schofield 1985 Mulher, 24 anos; 1,71m; 61kg; pratica atividade leve. GET = 1946,7 kcal/dia (AF-1,4) FAO/OMS 3. Cálculo do GEB pela FAO/OMS, 1989 GET = GEB x FA 3. Cálculo do GEB pela FAO/OMS, 1989 GET = GEB x FA 3. Cálculo do GEB pela FAO/OMS, 1985 Fator de Atividade Idade Leve Moderada Intensa 18 a 30 anos Homem Mulher 1,55 1,55 1,80 1,65 2,10 1,80 30 a 60 anos Homem Mulher 1,55 1,55 1,80 1,65 2,10 1,80 + de 60 anos Homem Mulher 1,40 1,40 1,60 1,60 1,90 1,80 Exercício FAO/OMS Homem, 22 anos; 1,70m; 72kg; pratica atividade física moderada. GET = 3.205 Kcal/dia DRIs (IOM) 4 . Cálculo do Requerimento Estimado de Energia REE ou EER Homens > 19 anos EER = 662 – (9,53 x idade) + AF x {(15,91 x peso) + (539,6 x estatura [m])} Onde AF é o coeficiente de atividade física: AF = 1,00 se NAF estimado em ≥1,0 <1,4 (sedentário) AF = 1,11 se NAF estimado em ≥1,4 < 1,6 (pouco ativo) AF = 1,25 se NAF estimado em ≥1,6 < 1,9 (ativo) AF = 1,48 se NAF estimado em ≥1,9 < 2,5 (muito ativo) AF: atividade física; NAF: nível de atividade física diário DRI (Dietary Reference Intakes)/IOM, 2001 (Institute of Medicine) 4. Cálculo do Requerimento Estimado de Energia REE ou EER Mulheres > 19 anos EER = 354 – (6,91 x idade) + AF x {(9,36 x peso) + (726 x estatura [m])} Onde PA é o coeficiente de atividade física: AF = 1,00 se NAF estimado em ≥1,0 <1,4 (sedentário) AF = 1,12 se NAF estimado em ≥1,4 <1,6 (pouco ativo) AF = 1,27 se NAF estimado em ≥1,6 <1,9 (ativo) AF = 1,45 se NAF estimado em ≥1,9 <2,5 (muito ativo) AF: atividade física; NAF: nível de atividade física diário *30 a 60 min de atividade moderada/dia *pelo menos, 60 min de atividade moderada/dia *60 min de atividade intensa/dia Ou 120 min de ativ. moderada/dia Exercício IOM Homem, 27 anos; 1,70m; 72kg; pratica atividade física (caminhadas a 6 km/h em média 5 vezes/sem) EER – 2.694,4 Kcal/dia Fórmula de Bolso Mais simples e rápida. Oferta de Kcal/ kg de peso corporal/dia. Utilizar como base o estado nutricional ou condição patológica do paciente. - HIPOCALÓRICA (perda de peso): 20 – 25 Kcal/kg/dia - NORMOCALÓRICA (manutenção do peso): 25 – 30 kcal/kg/dia - HIPERCALÓRICA (ganho de peso): 30 – 35 kcal/kg/dia FÓRMULA DE BOLSO Martins et al (2000) EXERCÍCIO Fórmula de bolso Individuo eutrófico, 20 anos, sexo masculino, 70 kg, 1,7 m, visando manutenção do peso. GET – 1750 a 2100 kcal/dia Para a próxima aula: Iniciar em classe e trazer: Avaliação Nutricional Exercícios Balanço Energético.
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