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José Virgílio Prata_2017 1 ALDEÍDOS E CETONAS -II Anelação de Robinson na síntese de esteróides. Os esteróides são uma classe importante de compostos fisiologicamente activos OH H H H OH C C H 17αααα-etinilestradiol (contraceptivo oral) Sir Robert Robinson (1886-1975). Prémio Nobel da Química em 1947, pelas investigações em compostos com importância biológica provenientes de plantas. O OH H H H CH2OH O O Cortisona (anti-inflamatório potente) OH H H H H H Colesterol (esteróide mais abundante de origem animal) O OCH3 OCH3 OH OOCH3 O José Virgílio Prata_2017 2 Enolização Os H(s) dos carbonos adjacentes (α) ao grupo carbonilo de aldeídos e cetonas são acídicos Razão: quando ao composto carbonilo é removido o Hα, o anião resultante é estabilizado por ressonância (carga negativa deslocalizada pela estrutura) αααα αααα pKa = 19-20 pKa = 25 pKa = 44 pKa = 50 R1 O H R3 R2 H H H H H H H H H H H H Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 3 O H :B- O C O .. :: .. + BH O δ - δ - enolato (estrutura híbrida) estruturas de ressonância do anião enolato Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 4 Equilíbrio ceto-enólico Os compostos de carbonilo apresentam uma forma de isomerismo constitucional designada por tautomerismo, sendo os isómeros facilmente interconvertíveis O processo de interconversão designa-se por tautomerização ceto-enólica A forma ceto é normalmente favorecida; a maior energia da ligação C=O (ca 179 kcal mol-1) comparada com a energia da ligação C=C (ca 142 kcal mol-1), é um factor determinante H O O H forma ceto ∆Htautomerização ~ 16 kcalmol -1 forma enol Tabela Constantes de equilíbrio ( K= [enol] / [cetona] ) # Cetona K acetaldeído 2.0x10-5 dimetilcetona 1.5x10-7 ciclo-hexanona 5.0x10-5 #- adaptado de Streitwieser, A. et al., loc cit.; p. 422. Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 5 A interconversão ceto-enol (enolato) é catalisada por ácidos e bases (Brönsted ou Lewis) Catálise ácida H O H C O + H H C + O H O H : :: : ..H+ p.d.v. (lento) H++ rápido Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 6 Catálise básica H O O H : : p.d.v. (lento) + (rápido) :B :B H B + C C O C C O : .. H B + .. .. Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 7 Formação de enolatos 1- Enolatos gerados com bases moderadamente fortes (OH- /H2O, RO - /ROH) Nestas condições os enolatos são sempre formados de modo reversível e a sua concentração na m.r. é sempre baixa 2- Enolatos gerados com bases muito fortes (NaH, NaNH2, diisopropilamida de lítio #) Nestas condições a utilização de 1 eq. molar de uma base forte converte o composto de carbonilo, de forma irreversível, no enolato correspondente ⇒ vide, adiante, aplicações em síntese H O O + + H2O- :OH.. .. .. :: pKa = 15.7 pKa ~ 20 H O O + .. :: pKa = 40pKa ~ 20 N:: Li+ LDA, THF - 78ºC N H: Li+ +N:: Li+ THF - 78ºC N H: n-BuLi n-BuH+ #- preparação da diisopropilamida de lítio (LDA) Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 8 4- Reactividade de enóis e enolatos Os enóis e enolatos são nucleófilos ambidentados; podem reagir com electrófilos (E+) quer no C quer no O Enóis O H .. -H+ O + E H E+ E+ a) a) b) b) b)E C O + H: E C O O E -H+ .. .. Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 9 Enolatos O E+ E+ a) a) b) b) b) : E C O O E.. .. Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 10 Na adição de enolatos (gerados de forma irreversível) a electrófilos, o curso da adição (via C ou via O ou ambas) depende normalmente da natureza do electrófilo ⇒ electrófilos duros (possuindo normalmente uma carga positiva ou fortemente polarizados, e.g.: H+, carbocatiões, R-OSO2CF3) têm tendência a adicionar-se ao O, resultado da maior interacção electrostática Ex.: ⇒ electrófilos macios (possuindo normalmente pouca carga, e.g. X2, R-X) têm tendência a adicionar-se ao C, resultado da maior interacção orbital Ex.: : O CH3O:.. + CH3-OSO2-CF3 δ+ δ - enoléter - O3S-CF3+ SN2 :O:.. + δ+ δ - + SN2CH3 I O CH3 I - Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 11 Reacções via enóis e enolatos 1- Racemização de aldeídos e cetonas quirais Sempre que um aldeído /cetona quiral possua, no centro estereogénico de quiralidade, um Hα , ocorrerá racemização por tratamento do composto em meio básico ou ácido ⇒ a racemização ocorre devido a que o intermediário formado (enol /enolato) é aquiral R1 R2 H O R3 R1 R2 O R3 H : : + R1=R2=H a)a) b) b) H+ H+ H O + R3 R1 R2 H H O + R3 R1 R2 Hα α H3O + ou OH - aquiral racemato (50 % R + 50 % S) Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 12 Ex.: C2H5 O H CH3 C2H5 O H CH3 C2H5 O CH3 H + H3O + (R)-2-metil-1-fenil-butanona-1 (R)-2-metil-1-fenil-butanona-1 (S)-2-metil-1-fenil-butanona-1 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 13 Halogenação de cetonas Os aldeídos e cetonas sofrem halogenação no Cαααα A reacção pode ser catalisada por ácidos ou bases 1) mec. com catálise ácida ⇒ a lei cinética é v = k [cetona] [H+] (não depende da [X2] ) R1 R2 H O R3 R1 R2 H C O + R3 H R1 R2 O R3 H : :: H+ p.d.v. (lenta) H++ rápida X X (rápida) : .. : R1 R2 X O + R3 H: + X -H ++ R1 R2 X O R3 : (rápido)Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 14 2) mec. com catálise básica ⇒ a lei cinética é v = k [cetona] [OH-] (não depende da [X2] ) ⇒ utilização de 1 eq. molar de base por cada adição de X R1 R2 H O R3 R1 R2 O R3 : : p.d.v. (lento) H2O+ X X (rápido) : .. R1 R2 X O R3 : + X - - :OH .. ..+ : : Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 15 São possíveis di e tri-halogenações em cetonas com 2 ou 3 Hαααα, prosseguindo de modo diferenciado consoante se use catálise ácida ou básica Com catálise ácida a halogenação é progressivamente mais lenta 3ª halogenação >lenta 2ª halogenação > lenta 1º halogenação ⇒ é, por isso, normalmente possível obter mono-haloderivados usando 1 eq. molar de X2 Ex.: O + Cl2 H2O / H + HCl 60 % O Cl + Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 16 Com catálise básica a halogenação é progressivamente acelerada, devido à acidez crescente do Hα, provocada pelo efeito electroatractor de X nos intermediários mono e di-halogenados ⇒ não é normalmente possível obter mono-haloderivados com catálise básica Ex.: O CH3 + 3 X2 3 OH - 3 X - 3 H2O+ ++ O CX3 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 17 Quando a halogenação é efectuada com X2 /OH - (vide exemplo acima) ocorre uma reacção posterior Ex.: ⇒ a transformação é designada por reacção do halofórmio (CHX3 = CHCl3, CHBr3, CHI3) ⇒ a reacção tem utilidade sintética na conversão de metilcetonas em ácidos carboxílicos ⇒ tratamento de metilcetonas com I2 /OH - origina a formação do iodofórmio (CHI3; sólido amarelo, p.f.: 119ºC); a sua formação era utilizada como teste à detecção de metilcetonas 3 :OH - 3 X - 3 H2O+ ++ O CX3 O CX3 OH :: .. .. .. O OH H-CX3 O O - :CX3++ Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 18 Adição de enolatos a compostos de carbonilo 1- Adição de enolatos gerados com bases moderadamente fortes (OH- /H2O, RO - /ROH) Genericamente, a adição de um enolato (derivado de aldeído /cetona) a outra molécula de aldeído /cetona designa-se por adição aldólica # Mec. (com acetaldeído) 1) formação do enolato H H H O H H C H C O H H C H C O H : : : .. .. .. :B - :B - :B - : HO -, RO - + H-B Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 19 2) adição ao carbonilo ⇒ processo muito importante de formação de nova ligação C-C ______________ #- Historicamente a designação "aldol" provém do nome dado a um aldeído contendo um álcool na posição β, obtido quando o acetaldeído é tratado com OH- /H2O (cf. reacção acima). H H H C O H H C H C O H : H H H C O C H HH O H H H H C OH C H HH O H : : .. + : : .. aldolato H-B : .. aldol α β+B: - p.d.v. .. Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 20 Formação de compostos αααα,ββββ-insaturados Em condições vigorosas (>[:B-], temperatura elevada) ocorre a eliminação do grupo OH- Mec. ⇒ dado ocorrer a eliminação de uma molécula de água (desidratação) o processo global designa-se por condensação aldólica ⇒ a driving-force para a formação do composto α,β-insaturado é o aumento da conjugação (vide adiante) H H H C OH C H HH O H C C H H O H CH3 +H-B : αβ + B: - .. B: - .. .. HO: - aldeído α,β-insaturado Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 21 Na prática, a reacção só é útil quando puder ser quimiosselectiva Ex.1 reacção não quimiosselectiva R1 C H2 O H R1 C H2 C H C H O H R1OH R2 C H2 O H R1 C H2 C H C H O H R2OH R2 C H2 C H C H O H R1OH R2 C H2 C H C H O H R2OH + (A) (B) R1=R2 (2A) (A+B) (B+A) (2B) NaOH H2O Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 22 Ex.2 reacção quimiosselectiva Quando a reacção decorre entre cetonas, a K é desfavorável à formação do produto de adição; consegue- se, eventualmente, a transformação completa dos materiais de partida por remoção do produto formado Ex.: CH3 CH2 O H O H O H H CH3NaOH H2O, ∆ não tem H enolizáveis tem apenas 1 tipo de H enolizável O O OH BaO 4-hidróxi-4-metilpentanona-2 80 % (removido à medida que se forma) Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 23 A condensação aldólica intramolecular é um método sinteticamente útil na formação de anéis de 5 a 7 membros Ex.: Exercício: Escreva o mecanismo para a reacção; indique o nome do reagente e produto. O O O NaOH H2O, 100 ºC Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 24 Devido à reactividade diferenciada do grupo carbonilo de aldeídos e cetonas é possível realizar a reacção aldólica de forma inequívoca entre aldeídos não enolizáveis e cetonas; designa-se por adição aldólica cruzada Ex.: ⇒ não ocorre auto-condensação da cetona ⇒ quando um dos componentes é um aldeído aromático, o aldol resultante desidrata facilmente, obtendo-se o composto α,β-insaturado conjugado com o anel aromático (extensão da conjugação ⇔ maior estabilidade) ⇒ a condensação aldólica cruzada (entre aldeído e cetona) designa-se por condensação de Claisen-Schmidt O CHO O OH O+ 100 % 76 % NaOH, H2O 25 ºC, 4h NaOH, H2O 25 ºC, 10 dias Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 25 Adição de enolatos gerados com bases muito fortes 1) Geral H H H O CH3 H C H C O CH3 : N H CH3CH2 O H CH3 O O CH3CH3 O OH CH3 : : .. ..LDA, THF - 78ºC + Li+ pKa ~ 20 pKa = 40 Li+ H2O w-up 4-hidróxi-hexanona-2 85 % Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 26 2) Regioselectividade na formação de enolatos e subsequente adiçãoa espécies eletrófilas (E+) Com cetonas assimétricas possuindo Hα e Hα' surge o problema da regioselectividade, i.e., qual dos H (α ou α') será removido? ⇒ com bases muito fortes (e não nucleófilas) o protão é removido da posição menos impedida (via b) originando o enolato (B), formado por controlo cinético ⇒ o enolato formado nestas condições adiciona-se a E+ de forma selectiva, dado que a adição é mais rápida que o equilíbrio que poderia ocorrer entre os enolatos (B) e (A) ⇒ LDA é a base normalmente utilizada O H H H O O E O O E α α ' α ' :B - :B - b) b) a) a) k1 k2 lenta k1 >> k2 rápida E+ E+ (A) (B) Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 27 3) Exemplos de adições de enolatos de cetonas assimétricas a vários electrófilos i) a aldeídos e cetonas (E+ ≡ C=O) ii) a halogenetos de alquilo (alquilação de enolatos) O OO OOH H O CH3 , THF - 78 ºC Li+ H2O Li+ Li+ H3O + t.a. + + O O CH3-I , THF - 78 ºC LiI Li+ t.a. + Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 28 iii) a clorotrimetilsilano ⇒ a adição do enolato ocorre via O e não via C Razão: formação de uma ligação muito forte, Si-O (ca 125 kcal mol-1); mais forte que uma ligação Si-C (ca 90 kcal mol-1) ⇒ enolsililéteres são intermediários úteis em síntese O O Si(CH3)3 Cl-Si(CH3)3 , THF - 78 ºC LiCl Li+ t.a. + enolsililéter Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 29 iv) a compostos de carbonilo α,β-insaturados O O OO OO H OH2 THF - 78 ºC Li+ t.a. + :: .. + Li+ H2O Li ++ :: .. + Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 30 Tópico especial: Reactividade de compostos de carbonilo α,β-insaturados Os compostos de carbonilo α,β-insaturados são reagentes electrodeficientes O R O R +δ + δ - centros electrófilos Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 31 Os compostos de carbonilo αααα,ββββ-insaturados podem reagir com nucleófilos de duas formas 1) adição ao carbonilo 2) adição conjugada A adição decorre via 1,2 ou 1,4 consoante a natureza do nucleófilo (de forma geral) O R 1 2 Nü adição 1,2 O R 1 2 Nü adição 1,4 (adição de Michael) 3 4 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 32 Exemplos de alguns tipos de adição 1) alquillítios preferem adição 1,2 2) organomagnesianos dão origem maioritariamente a produtos de adição 1,2 O R OH R n-Bu n-BuLi + O R2 OH R2 R1 O R2 R1 R1-Mg-X + adição 1,2 adição 1,4 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 33 3) enolatos de lítio (gerados cineticamente) adicionam-se selectivamente de modo 1,4 O R2 O R2 O R1 O R1 + Li+ .. :: Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ José Virgílio Prata_2017 34 Caso para Estudo: a anelação de Robinson # ⇒ providencia um método para a formação de um anel carbonado de 6 membros ______________ #- Sequência usada por Robert Robinson na síntese total do colesterol. O O O OO O O O O O OH O :B - :B - produto de adição 1,4 (aduto de Michael) enolato (gerado cineticamente) H+ Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Rapson, W. S.; Robinson, R. J. Chem. Soc. 1935, 1285. José Virgílio Prata_2017 35 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Reacções envolvendo o Cαααα de compostos de acilo Geral Os H(s) dos carbonos adjacentes (α) dos grupos acilo são moderadamente acídicos Y pKa Cl ≈ 16 OCH3 25 N(CH3)2 ≈ 30 R1 C H O Y H R1 C H O R2 H R1 = H, alquilo ou arilo R1 = H, alquilo ou arilo R2 = alquilo, arilo pKa ~ 20 José Virgílio Prata_2017 36 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Razão: quando ao composto de acilo é removido o Hα, o anião resultante é estabilizado por ressonância (carga negativa deslocalizada pela estrutura; cf. formação de enolatos de aldeídos e cetonas) ⇒ a estabilização do carbanião é menos eficaz do que em aldeídos e cetonas devido à participação da forma contributora (III) que "impõe" a "fixação" da carga no carbono R H H O Y R C H O Y R H O Y R C H O Y + :B - :B - :B - = RO -, LDA .. - .. ba,b b) a) : : .. : : .. .. - (III) (II)(I) > peso a + BH >> HOMO José Virgílio Prata_2017 37 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ O carbanião formado pode adicionar-se a vários electrófilos ⇒ normalmente os m.p. são ésteres ou anidridos R H E O Y R H O Y : : .. E+ E+ José Virgílio Prata_2017 38 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Adição a halogenetos de alquilo- alquilação de ésteres na posição αααα Geral Ex.: O OR2R1CH2 R1 H R3 O OR2 i) :B - ii) R3X + +HB X - O O-CH3 O O-CH3 N H O O-CH3 CH3 LDA /THF - 78 ºC + .. :: Li+ pKa ~ 40 pKa ~ 25 CH3- (SN2) hexanoato de metilo + LiI 83 % José Virgílio Prata_2017 39 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Adição a aldeídos e cetonas- formação de ββββ-hidróxi-ésteres e ésteres αααα,ββββ-insaturados Geral O OR2R1CH2 R1 H C O OR2 R3 R4 OH R3 O R4 i) :B - ii) + +HB H2O iii) H3O+ José Virgílio Prata_2017 40 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: O CH3 O-C(CH3)3 O O-C(CH3)3 N-H O O-C(CH3)3 O O O O-CH3 HO LDA /THF - 78 ºC + .. :: Li+ 93 % Li+ H3O + Li+++H2O :.. .. José Virgílio Prata_2017 41 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Adição a ésteres- formação de ββββ-ceto-ésteres Geral ⇒a adição é designada por condensação de Claisen ⇒ pode ocorrer pela adição do carbanião derivado do éster a outra molécula do mesmo éster- condensação de Claisen simples- ou a uma molécula de outro éster- condensação de Claisen cruzada O OR2R1CH2 R1 H O OR2 O CH2R1 i) :B - ii) H3O + + +HB R2OH2 Claisen, R. L.; Lowman, O. Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1887, 20, 651. José Virgílio Prata_2017 42 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: (condensação de Claisen simples) O CH3 O-C2H5 O O-C2H5 O CH3 O-C2H5 O O-C2H5 O CH3 C2H5O -Na+ /EtOH .. :: Na+ i) ii) H3O + 3-oxo-butanoato de etilo (nome trivial:acetoacetato de etilo) José Virgílio Prata_2017 43 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ A condensação Claisen cruzada só tem interesse sintético quando um dos ésteres não possui Hα; caso contrário obtêm-se 4 produtos (cf. condensação aldólica cruzada) Ex.: O CH3 O-C2H5 O O-C2H5 O O-C2H5 O O-C2H5 O C2H5O -Na+ /EtOH .. :: Na+ i) ii) H3O + 60 % José Virgílio Prata_2017 44 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Mec. O CH2 O-C2H5 H O O-C2H5 O O-C2H5 O O-C2H5 O C2H5O C2H5O O O O-C2H5 O H H O O-C2H5 O H C2H5O -Na+ /EtOH .. :: Na+ C2H5O -:.. .. Na+ : :.. -C2H5O - : : .. C2H5O - C2H5O -:.. .. 1 2 3 +C2H5OH pKa ~ 16 pKa ~ 11 José Virgílio Prata_2017 45 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ ⇒ nos compostos 1,3-dicarbonílicos, o H do C2 é bastante mais acídico (pKa ≈ 11) do que em compostos de carbonilo normais (pKa ≈ 20) ⇒ por esse facto, o equilíbrio do último passo está fortemente deslocado para produtos, tornando a reacção praticamente irreversível ⇒ procedimento sintético muito útil Exercício: Explique a maior acidez encontrada em compostos 1,3-dicarbonílicos. José Virgílio Prata_2017 46 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ciclização de Dieckmann ⇒ é uma variante da condensação de Claisen, na versão intramolecular ⇒ ocorre quando há a possibilidade de formação de anéis de 5 e 6 membros Exercício: Escreva o mecanismo para a reacção O OC2H5 O OC2H5 O O OC2H5 NaOC2H5 /EtOH Dieckmann, W. Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1894, 27, 102. José Virgílio Prata_2017 47 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ COMPOSTOS AROMÁTICOS Síntese industrial (Monsanto) da L-DOPA (S-3,4-di-hidróxifenilalanina) utilizando um catalisador quiral. A L-DOPA é um dos poucos fármacos activos contra a doença de Parkinson. Geoffrey Wilkinson (1921-1996). Prémio Nobel da Química em 1973, pelo trabalho pioneiro na química dos compostos organometálicos OH OH COOH NH2 AcO CH3O H COOH NHCOCH3 AcO CH3O COOH NHCOCH3 H2, cat. 95 % e.e. L- DOPA cat. = O Rh PP O CH3 CH3 H José Virgílio Prata_2017 48 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Nomenclatura de compostos formalmente derivados do benzeno Designações IUPAC e triviais regra 1: os nomes são atribuídos combinando o prefixo do substituinte com a palavra benzeno NO2 C(CH3)3 Cl nitrobenzeno t-butilbenzeno clorobenzeno José Virgílio Prata_2017 49 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ regra 2: alguns derivados são normalmente designados pelos nomes triviais (sancionados pela IUPAC) CH3 OH OMe CH=CH2 NH2 CHO CO2H O CH3 tolueno fenol anisol estireno anilina benzaldeído ác. benzóico acetofenona José Virgílio Prata_2017 50 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ regra 3: a) quando existem 2 ou mais substituintes, a posição de substituição é indicada por números b) para benzenos disubstituídos, os três possíveis isómeros são designados por orto, meta e para (o, m, p) Br BrBr NO2 NO2 NO2 sistema de numeração 1,3,5-tribromobenzeno 1,2,4-trinitrobenzeno 1 2 3 4 5 6 X Y X Y X Y orto meta para José Virgílio Prata_2017 51 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: c) para benzenos substituídos, em que à estrutura base corresponda um nome trivial, o nome do composto é dado como um derivado do nome da estrutura base Cl Cl Br NO2 o-diclorobenzeno m-bromonitrobenzeno (ordenação alfabética dos substituintes) CH3 NO2 OH Cl CO2 Br p-nitrotolueno o-clorofenol ác. m-bromobenzóico José Virgílio Prata_2017 52 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Os hidrocarbonetos aromáticos designam-se genericamente por arenos; como substituintes, tomam o nome genérico de arilo (R = Ar) regra 4: em compostos contendo substituintes arilo, a designação do composto é dada tomando o resíduo aromático como substituinte CH2 fenil benzilR = Ar = José Virgílio Prata_2017 53 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: O H OH Cl OH O trans-2-fenilciclo-hexanol 3-fenilpropanal ác. fenilacético cloreto de benzilo José Virgílio Prata_2017 54 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Reactividade de compostos aromáticos O benzeno é bastante mais inerte (cineticamente mais estável) que outros compostos contendo ligações múltiplas C-C (eg. alcenos simples, alcenos conjugados e alcinos), face a vários reagentes Br2 CCl4, t.a. não ocorre reacção H2SO4 conc., t.a. ou HNO3 conc., t.a. não ocorre reacção KMnO4 /H2O t.a. não ocorre reacção José Virgílio Prata_2017 55 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ ⇒ recorde-se que alcenos, alcinos, dienos e polienos conjugados reagem vigorosamente com todos os reagentes acima mencionados, à t. ambiente ⇒ a menor reactividade do benzeno, comparativamente a alcenos, pode ser ultrapassada, sob o ponto de vista sintético, criando as condições reaccionais adequadas ⇒ uma forma de o conseguir consiste na activação do reagente atacante (normalmente pela utilização de um catalisador) José Virgílio Prata_2017 56 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: Adição de Br2 ao benzeno, catalisada por FeBr3 ⇒ o produto obtido resulta da substituição (formal) de H por Br Br Br2, FeBr3 ∆ HBr+ José Virgílio Prata_2017 57Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Da reacção de Br2 /CCl4 com um alceno resulta a formação de um produto de adição (composto dibromado vicinal) Br + Br Br + Br-Br + Br - CCl4 t.a. José Virgílio Prata_2017 58 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Fazendo a analogia para o benzeno, da adição inicial de Br2 formar-se-ia um ião bromónio cíclico (I) ou um carbocatião (II); a formação de (II) é mais favorável energeticamente, por poder deslocalizar a carga positiva pelo anel Br + H H Br H H Br H H Br H H "Br+" ou + + + (I) (II) José Virgílio Prata_2017 59 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ O intermediário assim formado poderia ter dois destinos 1) sofrer o ataque nucleófilo de Br-, originando um produto de adição 2) o Br- (ou o seu complexo com FeBr3) actuar como base, abstraindo o protão e originando, globalmente, um produto de substituição ⇒ verifica-se, experimentalmente, que é esta última sequência (2) que toma lugar Br H H Br Br H H "Br -"+ Br -:: .. .. H Br H Br HBr+"Br -"+ Br -:.. : José Virgílio Prata_2017 60 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Os perfis energéticos para os diferentes percursos reaccionais, atrás indicados, serão do tipo Figura 1 Perfis energéticos comparativos para a bromação de um alceno e benzeno Br Br Br H H Br + Br Br Br H H HBr+ coordenada reaccional ∆G + Br-Br + Br - + + Br2 E.T.2 E.T.2 E.T.2 E.T.1 E.T.1 José Virgílio Prata_2017 61 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Em resumo, ⇒ o benzeno possui uma grande energia de estabilização, devido à aromaticidade, que está ausente no alceno (justificando assim, em parte, a inferior energia potencial para o benzeno) ⇒ o electrófilo "Br+" adiciona-se a ambos (alceno e benzeno) por interacção com os electrões do sistema π; a adição ao núcleo benzénico implica a perda de aromaticidade ⇒ o intermediário formado, no caso do alceno, sofre um ataque nucleófilo de Br- ⇒ o intermediário formado, no caso do benzeno, sofre uma abtracção de H+ por parte de Br- (comportando-se como base), devido à possibilidade de restabelecimento da aromaticidade do sistema José Virgílio Prata_2017 62 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Substituição electrófila aromática Mec. geral da substituição electrófila aromática (SEA) 1º passo- ataque ao E+; formação do intermediário catiónico ciclo-hexadienilo (ião arénio) ⇒ a elevada densidade electrónica do anel determina o comportamento nucleófilo ⇒ na formação do ião arénio ocorre perda da aromaticidade do sistema H EH E H E H E + E+ ++ + + ião arénio (complexo σ ou intermediário de Wheland) E+ = "X+", "NO2 +", SO3, "RC(O) +", "R+" José Virgílio Prata_2017 63 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2º passo- eliminação de H+; formação do produto de substituição ⇒ regeneração do sistema aromático ⇒ a adição de qualquer nucleófilo (presente no meio) ao ião arénio não ocorre; nesse caso obter-se- iam produtos de adição, resultando na perda (definitiva) da aromaticidade H E E + + H+ José Virgílio Prata_2017 64 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Perfil energético da SEA Figura 2 Perfil energético geral da substituição electrófila aromática H E E H+ E + E.T.1 E.T.2 ião arénio ∆H coordenada reaccional + + + José Virgílio Prata_2017 65 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Assim, ⇒ o E.T.1 possui maior energia que o E.T.2; como resultado, o 1º passo, fortemente endotérmico, é normalmente o p.d.v. da SEA; (razão: perda da aromaticidade) ⇒ os E.T.1 e E.T.2 são semelhantes (energética e estruturalmente) com o ião arénio (postulado de Hammond) ⇒ o 2º passo é fortemente exotérmico (razão: regeneração da aromaticidade) José Virgílio Prata_2017 66 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Halogenação A halogenação do benzeno (com Br2 ou Cl2) # ocorre rapidamente quando catalisada com ácidos de Lewis (e.g. FeBr3, FeCl3) O objectivo do catalisador é activar o electrófilo, i.e., aumentar a sua electrofilia Mec. 1) activação do electrófilo ______________ #- com F2 a reacção é muito rápida e pouco selectiva (polifluoração); com I2 é muito lenta; a activação de I2 (⇒ I +) pode ser feita por oxidantes (e.g. HNO3). :X-X: + FeX3 :X ........ X-FeX3 .. .. .. .. .. .. .. .. -+ : José Virgílio Prata_2017 67 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) adição 3) eliminação de H+ H X X + + HXX3Fe-X:.. ..- rápida FeX3++ H X H X H X + + + + :X ........ X-FeX3.. .. .. .. -+ : lento + FeX4 - José Virgílio Prata_2017 68 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: Cl Br + Cl2 FeCl3 25 ºC FeBr3 ∆ + HCl 90 % + Br2 + HBr 75 % José Virgílio Prata_2017 69 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Nitração A nitração do benzeno ocorre na presença de HNO3 (lenta) ou numa mistura de H2SO4/HNO3 (mais rápida) Em ambos os casos, o electrófilo atacante é a espécie NO2 + -ião nitrónio Formação de NO2 + Apenas com HNO3 HO-NO2 H-NO3 O + H H NO2 O + H H NO2 + .. .. .. + NO3 - .. + HNO3 H3O+ + NO2+ + NO3 - José Virgílio Prata_2017 70 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Com uma mistura de H2SO4/HNO3 ⇒ quando o agente nitrante é, apenas, HNO3, a conc. de ião nitrónio na m.r. é baixa (ca 3-4 %); o p.d.v. da nitração pode, neste caso, ser a formação do electrófilo ⇒ quando o agente nitrante é H2SO4/HNO3 a conc. de ião nitrónio na m.r. é bastante mais elevada; o p.d.v. é a adição do electrófilo ao anel O ião nitrónio (ou catião nitroílo) tem uma estrutura planar O N + O.. .. .. .. HO-NO2 H-O-SO3H O + H H NO2 O + H H NO2 + .. .. .. + HSO4 - .. + H2SO4 H3O+ + NO2+ + HSO4 - .. .. José Virgílio Prata_2017 71 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Mec. 1) formação de NO2 + (e.g. com H2SO4) 2) adição + 2 H2SO4 H3O+ + NO2+ + 2 HSO4 -HNO3 H N + O O H N+ O O H N + O O N + O O + + + +lento :: :: José Virgílio Prata_2017 72 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 3) eliminação de H+ ⇒ reacção muito importante em síntese ⇒ permite a obtenção de outros derivados do benzeno (e.g. aminas aromáticas, por redução) H N + O O NO2 OH S O O O + + H2SO4.. .. rápida : + José Virgílio Prata_2017 73 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: NO2 + HNO3 H2SO4 50 ºC + H2O 85 % José Virgílio Prata_2017 74 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Sulfonação O tratamento do benzeno com H2SO4 conc. (≈ 97 % m/m) ou com H2SO4 fumante # (contendo 8-25 % de SO3), origina a formação de ác. benzenosulfónico O electrófilo atacante, em qualquer dos casos, é o SO3 (trióxido de enxofre) Com H2SO4 conc., o SO3 existente é o que resulta da concentração de equilíbrio ______________ #- preparado por adição de SO3 a H2SO4 conc.; conc. variáveis. OH S O O OH H-O S O O O H H OS O O OH S O O O + +-.. .. : .. + +H3O+ HSO4 -2 José Virgílio Prata_2017 75 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Mec. 1) adição 2) eliminação de H+ H S O O O H S O O O H S O O O S O OO + + + +k1 k-1 SO3 OH S O O O H S O O O SO3H + + H2SO4.. .. : k2+ + HSO4 - - José Virgílio Prata_2017 76 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Notar que, ⇒ o p.d.v. é o 2º passo, dado que foi determinado experimentalmente que k2 < k -1 ⇒ reacções reversíveis em todos os passos ⇒ a baixa temperatura, a reacção de sulfonação é praticamente irreversível (reacção inversa muito lenta; vide adiante) Ex.: SO3H + SO3 H2SO4 conc. 25 ºC 56 % ác. benzenosulfónico José Virgílio Prata_2017 77 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ A reacção inversa -dessulfonação- ocorre por um mec. simétrico; pode utilizar-se vapor de água ou H2SO4 aq. e aquecimento ⇒ quando o produto da dessulfonação é volátil (e.g. benzeno) a reacção pode ser deslocada para produtos por destilação azeotrópica (PhH;H2O) SO3H + H3O +, ∆ + H2SO4 H+ José Virgílio Prata_2017 78 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Acilação de Friedel-Crafts É a reacção usada para introdução de um grupo acilo no anel aromático A espécie electrófila (grupo acilante) formal é R-C +=O; pode ser gerada a partir de halogenetos de acilo ou de anidridos de ácido, na presença de um ácido de Lewis Formação do agente acilante 1) A partir de halogenetos de acilo R O Cl R O + Cl AlCl3 R C O Cl AlCl3 R C + O R C O + R Cl + AlCl3 O + AlCl3 : : : .. .. .. + - - - .. : ::.. .. ião acílio complexo I AlCl4 - Friedel, C.; Crafts, J. M. Compt. Rend. 1877, 84, 1392. José Virgílio Prata_2017 79 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) A partir de anidridos A espécie efectiva da acilação pode ser o ião acílio (que existe na forma de par iónico) ou o complexo polarizado (complexo I), dependendo do tipo de solvente e do composto de acilo R O O O R R O + O AlCl3 O R R C O O AlCl3 O R R C + O R C O + + AlCl3 : : : .. .. + - - .. .. .. ião acíliocomplexo I + AlCl3 RCO2 - José Virgílio Prata_2017 80 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Mec. (com intervenção de R-C+=O) 1) adição do electrófilo H C R O H C R O H C R O R C + O+ + + + José Virgílio Prata_2017 81 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) eliminação de H+ ⇒ a quantidade de AlCl3 a usar terá de ser superior à estequeométrica (i.e., não é uma quantidade catalítica; v = k [Ar] [R-C+=O] [AlCl3] ), devido ao último equilíbrio H C R O C R O C R O + AlCl3C R O + + HClAlCl3-Cl - + + AlCl3 - H2O w-up +AlCl3 aq. José Virgílio Prata_2017 82 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: ⇒ método sintéticamente importante na obtenção de derivados do benzeno; o grupo acilo introduzido permite posteriores transformações O CH3CH3 O Cl O CH3 CH3 O O O CH3 + AlCl3 80 ºC 97 % HCl+ + AlCl3 80 ºC 85 % CH3CO2H+ José Virgílio Prata_2017 83 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Alquilação de Friedel-Crafts Da interacção de um halogeneto de alquilo, de um alceno ou de um álcool #, com o núcleo aromático, na presença de catalisador (ác. de Lewis, normalmente), resulta a formação de um alquilbenzeno Activação /formação do electrófilo 1) Com halogenetos de alquilo ⇒ com R = alquilo primário, o electrófilo atacante é o complexo I (razão: a formação de R+ é energeticamente muito exigente-Ea elevado) ⇒ com R = alquilo terciário, o electrófilo atacante poderá ser o carbocatião R+ R X R X + AlX3 R X AlX3.. .. + AlX3 -- + complexo I R++ AlX4 -: José Virgílio Prata_2017 84 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) alcenos e álcoois A activação é feita com recurso à catálise por ác. de Lewis (e.g. BF3) ou ác. de Brönsted C C C + C H C H OH C H O + H H C + H .... .. - + H+ (BF3) (BF3) - + H+ (BF3) (BF3) + H2O José Virgílio Prata_2017 85 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Mec. (utilizando RX) 1) activação do E+ (R ≠ alquilo primário) 2) adição 3) eliminação de H+ R X + AlX3 R+ + AlX4 - H R R + + HXAlX3-X - + + AlX3 H R H R H R R ++ + + + José Virgílio Prata_2017 86 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: CH3 CH3 H Cl CH3 CH3 H + 80 % + AlCl3 HCl AlCl3+ 1) CH3 CH3 H CH3 H H H 84 % + HF / 0 ºC 2) OH 56 % + BF3 60 ºC 3) José Virgílio Prata_2017 87 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ A alquilação de Friedel-Crafts tem duas grandes limitações ao seuuso: 1) após a introdução do 1º R, o núcleo aromático fica mais activado face à substituição electrófila (vide adiante), resultando na obtenção de misturas de produtos alquilados (mono, di, tri e polialquilbenzenos); a polialquilação pode ser minimizada usando benzeno em largo excesso 2) a espécie electrófila pode sofrer isomerização (⇒ obtenção do "carbocatião" mais estável); como resultado podem obter-se misturas isoméricas de alquilbenzenos Ex.: ⇒ se o objectivo for a síntese de (II), o melhor método será a acilação seguida de redução de Wolff-Kishner CH3CH2CH2-Cl CH3 C H H C Cl AlCl3 H H AlCl3 δ+ δ − ~ 0 % (II)(I) ~ 100 % José Virgílio Prata_2017 88 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Reactividade e orientação em anéis benzénicos monosubstituídos A introdução de um novo substituinte (por SEA) num derivado do benzeno monosubstituído (C6H5Y) pode ter lugar nas posições orto, meta ou para Y Y E Y E Y E E+ E+ E+ orto meta para José Virgílio Prata_2017 89 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Verifica-se experimentalmente que, consoante a natureza de Y (vide adiante), ⇒ a substituição ocorre originando, predominantemente, uma mistura dos isómeros orto/para ou, predominantemente, o isómero meta ⇒ quando a mistura obtida é orto/para, a vel. global da reacção é normalmente maior que a vel. da reacção correspondente com o benzeno ⇒ quando o isómero meta é obtido, a vel. global da reacção é sempre menor que a vel. da reacção correspondente com o benzeno Os substituintes Y são classificados em orto/para-directores ou meta- directores ⇒ se conduzirem a um ataque mais rápido ao E+, comparativamente ao benzeno, dizem-se activadores ⇒ se a reacção com E+ for mais lenta que com benzeno, dizem-se desactivadores José Virgílio Prata_2017 90 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.: 1) ⇒ o grupo nitro é meta-director 2) ⇒ o grupo metóxi é orto/para-director NO2 NO2 NO2 NO2 NO2 NO2 NO2 "NO2 +" meta : orto : para =93:6:1 + + OMe NO2 OMe NO2 OMe NO2 OMe "NO2 +" para :orto:meta =56:43:1 + + José Virgílio Prata_2017 91 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Análise dos efeitos electrónicos de Y na SEA Geral Na análise seguinte considera-se que a proporção dos isómeros formados na reacção, resulta das suas velocidades de formação relativas, i.e., assume-se que o controlo da reacção é cinético; para uma correlação correcta das vel. de formação dos três isómeros deveriam conhecer-se as energias (∆G #) dos E.T. que dão origem aos intermediários de Wheland (admitindo que o p.d.v. é a adição ao E+), informação nem sempre disponível # Toda a análise que se segue será baseada na utilização das "estabilidades" relativas dos intermediários de Wheland formados após a adição, como modelo para o E.T. (por aplicação do postulado de Hammond) _____________ #- actualmente é possível aceder com rigor às energias e estruturas de E.T., baseadas em cálculos teóricos. José Virgílio Prata_2017 92 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ N + R1 R2 R3 N + O O N + O O N + O O N + O O O OH O OH O OH O OH C X X X efeito polar inductivo (-I) efeito polar inductivo (-I)efeito de ressonância (-R) efeito polar inductivo (-I)efeito de ressonância (-R) ++ ++ + + δ+ δ − efeito polar inductivo (-I) Substituintes meta-directores com desactivação (Y = N+R3, CX3, NO2, SO3H, CN, CHO, COR, CO2H, CO2R) Reactividade São substituintes electroatractores relativamente ao anel benzénico EHOMO(PhNO2)= -10.56 eV ⇒ retiram densidade electrónica do anel; a nucleófilia do anel decresce face ao ataque do E+; a sua reactividade será menor que a do benzeno (efeito desactivador) José Virgílio Prata_2017 93 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Orientação Ex.: nitração do nitrobenzeno orto meta para O N + O + + - 1a + + - 1b + + - 1c NO2 + + - 2a + + - 2b + + - 2c + + - 3a + + - 3b + + - 3c N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 N OO H NO2 ⇒ a presença do substituinte electroatractor (-I e -R) "desestabiliza" o intermediário de Wheland formado, em qualquer das posições ⇒ os intermediários originados por ataque orto/para são mais desestabilizados comparativamente ao meta, por possuirem uma forma canónica com cargas positivas adjacentes (1a e 3b) ⇒ a substituição ocorrerá preferencialmente na posição meta (meta-director) José Virgílio Prata_2017 94 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Perfil energético comparativo Figura 3 Perfil energético da reacção de um anel benzénico, possuindo um grupo desactivador, com um electrófilo; comparação com o benzeno E.T. int. de Wheland ataque orto/para ataque meta benzeno ∆G coordenada reaccional reagentes José Virgílio Prata_2017 95 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Substituintes orto/para-directores (Y= NH2, NHR, NR2, OH, O -, OR, NHCOR, alquilo, Ph, X) Podem agrupar-se em três tipos de substituintes: 1) substituintes electrodoadores apenas por efeito polar indutivo (+ I) Y = alquilo ou fenilo Reactividade ⇒ a densidade electrónica do anel aumenta (EHOMO tolueno= -9.33 eV) comparativamente à do benzeno (EHOMO benzeno= -9.65 eV), resultando numa maior reactividade (efeito activador) Ex.: para a cloração do tolueno k(C6H5CH3) /k(C6H6) = 3.4x10 2 CH3 José Virgílio Prata_2017 96 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Orientação Ex.: cloração do tolueno orto meta para + 1a + 1b + 1c CH3 + 2a + 2b + 2c + 3a + 3b + 3c H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 H Cl CH3 "Cl+" ⇒ nos intermediários resultantes do ataque orto e para, as formas canónicas 1a e 3b contribuem para a estabilização dos intermediários, comparativamente ao ataque em meta, onde essa possibilidade não existe ⇒ a substituição ocorrerá preferencialmente nas posições orto e para (orto/para-director) José Virgílio Prata_2017 97 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Perfil energético comparativo Figura 4 Perfil energético da reacção de um anel benzénico, possuindo um grupo activador (+I), com um electrófilo;comparação com o benzeno E.T. int. de Wheland ataque orto/para ataque meta benzeno ∆G coordenada reaccional reagentes José Virgílio Prata_2017 98 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) substituintes electroatractores por efeito polar indutivo (- I) e electrodoadores por ressonância (+ R) Y = NH2, NHR, NR2, OH, O -, OR, NHC(O)R, OC(O)R Reactividade Ex.: para anisol ⇒ o efeito electrodoador por ressonância (+ R) sobrepõe-se ao efeito indutivo electroatractor (- I) ⇒ a densidade electrónica do anel aumenta (EHOMO= -9.00eV), sendo a sua reactividade maior que a do benzeno (efeito activador) Ex.: para a cloração do anisol k(C6H5OCH3) /k(C6H6) = 7.0x10 5 O CH3 O CH3 O CH3 O CH3 .... .. - - - .. .... : .. + + + (-I) (+R) José Virgílio Prata_2017 99 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Orientação Ex.: cloração do anisol orto meta para + 1a + 1c + 1d O-CH3 + 2a + 2b + 2c + 3a + 3b + 3d H Cl O-CH3 H Cl O-CH3 H Cl O-CH3 O-CH3 H Cl H Cl O-CH3 H Cl O-CH3 H Cl O-CH3 H Cl O-CH3 H Cl O-CH3 O-CH3 H Cl H Cl O-CH3 "Cl+" .. : : : :: .. ...... ...... .. .... ::: : + + 3c 1b > peso > peso ⇒ os intermediários resultantes do ataque orto e para possuem formas canónicas, 1b e 3c, que contribuem para a estabilização da carga positiva dos intermediários, através do efeito electrodoador de ressonância do substituinte, comparativamente ao ataque meta onde essa possibilidade não existe ⇒ a substituição ocorrerá preferencialmente nas posições orto e para (orto/para- director) José Virgílio Prata_2017 100 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Perfil energético comparativo Figura 5 Perfil energético da reacção de um anel benzénico, possuindo um grupo activador (+R), com um electrófilo; comparação com o benzeno E.T. int. de Wheland ataque orto/para ataque meta benzeno ∆G coordenada reaccional reagentes José Virgílio Prata_2017 101 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 3) substituintes electroatractores por efeito polar indutivo (- I) e electrodoadores por ressonância (+ R) Y = halogénios Reactividade Ex.: para clorobenzeno ⇒ o efeito electroatractor por indução (- I) sobrepõe-se, neste caso, ao efeito electrodoador por ressonância (+ R) ⇒ ao predominar o efeito - I, a densidade electrónica do anel diminui , sendo a sua reactividade menor que a do benzeno (efeito desactivador) Ex.: para a nitração do clorobenzeno k(C6H5Cl) /k(C6H6) = 3.0x10 -2 Cl Cl Cl Cl .... .. - - - .. .... : .. + + + (-I) (+R) : ::: José Virgílio Prata_2017 102 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Orientação Ex.: nitração do clorobenzeno orto meta para + 1a + 1c + 1d Cl + 2a + 2b + 2c + 3a + 3b + 3d H Cl NO2 H Cl NO2 H Cl NO2 Cl H NO2 H Cl NO2 H Cl NO2 H Cl NO2 H Cl NO2 H Cl NO2 Cl H NO2 H Cl NO2 .. : : : :: .. ...... ...... .. .... ::: : + + 3c 1b O N + O ::: ::: ::: : > peso > peso : ⇒ a presença do substituinte (-I), "desestabiliza" o intermediário de Wheland formado, em qualquer das posições ⇒ os intermediários provenientes do ataque orto e para têm a possibilidade de estabilização da carga positiva, através do efeito electrodoador de ressonância (+R) de X (1b e 3c); no ataque à posição meta não é possível qualquer estabilização ⇒ a substituição ocorrerá preferencialmente nas posições orto e para (orto/para-director) José Virgílio Prata_2017 103 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Perfil energético comparativo Figura 6 Perfil energético da reacção de um halogenobenzeno, com um electrófilo; comparação com o benzeno E.T. int. de Wheland ataque orto/para ataque meta benzeno ∆G coordenada reaccional reagentes José Virgílio Prata_2017 104 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Regiosselectividade; razão orto/para Estatisticamente, a proporção de produtos orto:para originados na SEA de benzenos monosubstituídos é 2:1 (ou 66.6 % orto: 33.3 % para); raramente esta proporção é obtida A proporção orto/para depende essencialmente de quatro factores, 1) Dos efeitos electrónicos dos substituintes, ao gerar diferentes densidades electrónicas nas posições orto e para; a posição de maior densidade electrónica originará o ataque preferencial do E+ a essa posição Ex.: Y Y NO2 Y NO2 Y NO2 "NO2 +" + + José Virgílio Prata_2017 105 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Tabela 1 Proporções orto/para; efeitos electrónicos Y % orto % meta % para OCH3 17 - 83 CO2C2H5 28 68 3 ⇒ substratos contendo grupos - I, + R têm, em geral, maior densidade electrónica na posição para (e.g. Y= OCH3); substratos contendo grupos - I, - R têm, depois da posição meta, maior densidade electrónica na posição orto (e.g. Y= CO2C2H5) José Virgílio Prata_2017 106 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) Da natureza do E+ Ex.: OH OH NO2 OH NO2 OH N N OH N N OH N N "NO2 +" 60 % 40 %# # 90 % 10% + # % muito dependentes das condições reaccionais + + ⇒ quanto mais reactivo for o electrófilo menor a regiosselectividade na SEA ELUMO NO2+ = - 8.81 eV ELUMO PhNN+ = - 6.36 eV José Virgílio Prata_2017 107 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 3) Dos efeitos estereoquímicos dos substituintes e/ou do E+ atacante Ex.1 Y Y NO2 Y NO2 "NO2 +" + ⇒⇒⇒⇒ Substituintes ou E+ com grupos volumosos diminuem a % de ataque à posição orto Tabela 2 Proporções orto/para; efeitos estereoquímicos dos substituintes Y % orto % para CH3 58 37 C(CH3)3 16 73 José Virgílio Prata_2017 108 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.2 4) Do efeito do solvente; influência ao nível da distribuição da densidade electrónica nas várias posições do anel e ao nível da solvatação do substrato e do E+ Cl Cl E Cl E "E +" + Tabela 3 Proporções orto/para; efeitos estereoquímicos do E + E+ % orto % para Cl 39 55 NO2 30 70 SO3 1 99 José Virgílio Prata_2017 109 Química OrgânicaII ___________________________________________________________________________________________________ Regiosselectividade na síntese de compostos aromáticos dissubtituídos Na preparação de compostos aromáticos dissubstituídos, a ordem de introdução dos substituintes deve ser planeada cuidadosamente, dado que a posição do ataque electrofílico é controlada pelo substituinte já presente no anel Ex. 1 substituinte meta-director introduzido em 1º lugar O CH3 O CH3 Br AlCl3 CH3 O O O CH3 AlCl3 Br2 η=80% η=59% José Virgílio Prata_2017 110 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex. 2 substituinte orto-para-director introduzido em 1º lugar O CH3 CH3 O O O CH3 BrBr AlCl3 AlCl3 Br2 + orto isómero η=75% η=79% José Virgílio Prata_2017 111 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex. 3 Como se poderia preparar ? Hipótese 1: a partir de acetofenona O CH3 O CH3 NO2 AlCl3 CH3 O O O CH3 H2SO4 HNO3 η=80% η=55% O CH3 NO2 Dado que são ambos meta- directores, em princípio o resultado seria idêntico! José Virgílio Prata_2017 112 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Hipótese 2: A partir de nitro benzeno ⇒ O grupo nitro é fortemente desactivador ⇒ O nitrobenzeno não sofre alquilação nem acilação de Friedel-Crafts ⇒ Na prática, substratos mais desactivados que mono-halogenobenzenos, não sofrem alquilação ou acilação de Friedel-Crafts CH3 O O O CH3 H2SO4 AlCl3 HNO3 Não ocorre reacção!! NO2 η=95% José Virgílio Prata_2017 113 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Orientação e Reactividade em substratos com 2 ou mais substituintes ⇒ A orientação e reactividade podem ser previstas com base na análise dos efeitos cumulativos dos substituintes Ex. 1 Os locais disponíveis para a entrada do electrófilo são equivalentes CH3 CH3 CH3 O O O CH3 CH3 CH3 O CH3 AlCl3 η=99% Os substituintes presentes são orto-para directores José Virgílio Prata_2017 114 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex.2 Os efeitos orientadores dos substituintes são complementares ⇒ Os efeitos orientadores são mutuamente reforçados O grupo CH3 é orto-para director e o grupo NO2 é meta-director CH3 NO2 CH3 NO2 Br FeBr3 η=90% Br2 José Virgílio Prata_2017 115 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex. 3 NHCH3 Cl NHCH3 Cl Br CH3COOH η=87% Br2 Os grupos NHCH3 e Cl são orto-para directores Em regra, incluindo os casos em que os efeitos orientadores de cada substituinte se opõem um ao outro, o controlo da regiosselectividade é realizado pelo substituinte mais activador da SEA José Virgílio Prata_2017 116 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex. 4 Quando duas posições são comparativamente activadas por grupos alquilo, a substituição ocorre na posição menos impedida CH3 C(CH3)3 CH3 C(CH3)3 NO2 H2SO4 η=88% HNO3 menor impedimento estéreo José Virgílio Prata_2017 117 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ SEA em Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAP) Ex. Naftaleno EHOMO C10H8 = - 8.71 eV Em regra, os HAP são mais reactivos que o benzeno e sofrem o mesmo tipo de substituição que o PhH quando tratados com os mesmos reagentes O CH3 1 2 1-acetilnaftaleno CH3 O Cl AlCl3 η=90% ⇒ Posição C-1 é mais reactiva (maior densidade electrónica); O ião arénio formado por ataque em C-1 tem maior estabilidade » » José Virgílio Prata_2017 118 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Formação e estabilidade do ião arénio E H E H E H E H E H Ataque em C-1 Ataque em C-2 + + + + + Carácter benzenóide é mantido em um dos anéis, enquanto que a carga positiva é deslocalizada por ressonância (alílica) Aquando da estabilização da carga positiva por deslocalização por ressonância (alílica), o carácter benzenóide do intermediário é perdido! E=Br » » E=226.99 kcalmol-1 E=Br » » E=230.35 kcalmol-1 José Virgílio Prata_2017 119 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Controlo cinético vs controlo termodinâmico na sulfonação do naftaleno Controlo cinético E= -76.12 kcalmol-1 SO3H SO3H H2SO4 t.amb. 160ºC SO3 H2SO4SO3 H H Controlo termodinâmico E= -78.40 kcalmol-1 José Virgílio Prata_2017 120 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ SEA em Compostos Aromáticos Heterocíclicos (CAH) Piridina Reactividade: Muito menos reactiva que o PhH Não é possível generalizar sobre a reactividade dos CAH comparativamente ao PhH Há compostos muito mais reactivos e outros praticamente inertes face à SEA A maior electronegatividade do N (comparativamente a CH no PhH) origina que os electrões ππππ sejam menos polarizáveis face ao ataque do E+ A coordenação do N com os ácidos protónicos ou de Lewis (eg. AlCl3, FeBr3), utilizados na activação do electrófilo, desactiva ainda mais o anel (ião piridínio) face à SEA EHOMO C5H5NH+ = - 15.43 eV EHOMO C5H5N = - 9.93 eV EHOMO PhH = - 9.65 eV EHOMO PhNO2 = - 10.56 eV N José Virgílio Prata_2017 121 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Regiosselectividade: Apenas a posição 3 sofre SEA N N N N H E N H E N H E H E N H E N H E H E N H E N H EC-4 C-2 C-3 + + + + + + + + + Intermediários provenientes do ataque em C-2 e C-4 muito desestabilizados (N+) José Virgílio Prata_2017 122 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex. Sulfonação da Piridina Alquilação e Acilação de Friedel-Crafts não ocorrem!! N SO3, H2SO4 Ác. piridina-3-sulfónico η=71% NHgSO4, 230ºC SO3H José Virgílio Prata_2017 123 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________Outros CAHs Furano Pirrole Tiofeno O N H S EHOMO C4H4O = - 9.32 eV EHOMO C4H4NH = - 8.66 eV EHOMO C4H4S = - 9.22 eV Reactividade: Muito mais reactivos que o Benzeno Contêm 6 electrões ππππ, como o PhH, deslocalizados por 5 átomos José Virgílio Prata_2017 124 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Regiosselectividade: Apenas a posição 2 sofre SEA O O EH + O EH + O EH + O E H + O E H + C-2 C-3 E+ E+ Intermediário proveniente do ataque em C-2 é mais estabilizado A regiosselectividade para o Tiofeno e Pirrole é idêntica ao do Furano José Virgílio Prata_2017 125 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Ex. Acetilação do Furano O CH3 O O O CH3 BF3 O O CH3 + CH3COOH 2-Acetilfurano η=75−92% José Virgílio Prata_2017 126 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Reacções de derivados do benzeno Ex.: O OH H H CH3 O OH O O-CH3 NH2 N O H O O-CH3 O O-CH3 NaBH4 /MeOH i) NaNH2 /NH3 líq. ii) CH3-I H+ /MeOH Ac2O /NaHCO3 H2 /Pd MeOH Essas transformações seguem um perfil de reactividade que é, sobretudo, característico da funcionalidade presente no derivado Para além das reacções que envolvem, de modo directo, o núcleo benzénico, existe um grande número de outras transformações nas quais os substituintes do anel tomam parte José Virgílio Prata_2017 127 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Derivados contendo azoto A introdução de N no anel aromático requer uma fonte de "N+"; classicamente é realizada via nitração Obtenção de hidroxilaminas e aminas aromáticas ⇒ os compostos nitrados podem sofrer redução para dar hidroxilaminas, compostos nitrosos ou aminas; a redução do grupo nitro pode ser efectuada - por um metal (eg. Zn, Sn, Fe) em meio ácido - por hidrogenação catalítica ⇒ a escolha criteriosa de condições reaccionais, permite obter, alternativamente, compostos nitrosos, hidroxilaminas e aminas Um outro conjunto de transformações dos derivados do benzeno é aquele em que o anel benzénico tem uma acção determinante na reactividade apresentada pelo substituinte; algumas reacções incluídas nesse conjunto serão apresentadas a seguir José Virgílio Prata_2017 128 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Mec. (metal + ácido) N + O O N + O O N + O O H N O O H N OH N OH N O N O N OH H NH2 M H+ M M H+ M H+ MH+ - H2O nitrosobenzeno (composto nitroso) fenil-hidroxilamina (hidroxilamina) anilina (amina) H2O+ . . .. .. : : :: : : : : : .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. : : : H+ .. .. .. .. .. .. CH3 NO2 NO2 CH3 NH2 NH2 Fe /HCl C2H5OH, ∆ 74 % José Virgílio Prata_2017 129 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Diazotação de aminas aromáticas primárias- formação de sais de diazónio O tratamento de uma amina aromática primária com um agente nitrosante, origina a formação de um sal de diazónio Mec. 1) formação do agente nitrosante NH2 N=N 2 NaNO2 2 HCl, < 5 ºC .. .. + Cl - 2 H2O+ + Na+ Cl - cloreto de benzenodiazónio (sal de diazónio) O + H N=OH O + H N=OH Na+ O-N=O- + H+ Cl - H2O HO-N=O + Na+ Cl - HO-N=O + H+ Cl - + Cl - H2O + N=O + ⇒ são intermediários estáveis (por períodos curtos), quando mantidos a baixa temperatura (< 5 ºC) ⇒ são intermediários muito úteis em síntese (vide adiante) ⇒ o agente nitrosante efectivo pode ser o NO+ (ião nitrosónio ou catião nitrosilo), em meios de acidez elevada, ou a sua forma hidratada (ác. nitroso protonado) José Virgílio Prata_2017 130 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) diazotação (com utilização de NO+) NH2 N + H H N=O N H N=O N + H N O-H N N O-H N N O-H H N + N N N + N=O + + .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. - H+ - H+.. .. .. H+ H+ H+ .. .. .. .. + - H2O .. catião benzeno-diazónio (catião diazónio aromático) José Virgílio Prata_2017 131 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ ⇒ a razoável estabilidade dos catiões diazónios aromáticos, deve-se à possibilidade de deslocalização da carga positiva pelo anel aromático # ⇒ os catiões diazónio alifáticos, não tendo essa possibilidade de estabilização, rapidamente sofrem decomposição: R-N2 + → R+ + N2 N + NN N + N + N N + N N + N.. .. .. .. + .. .. .. + .. .. + José Virgílio Prata_2017 132 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Reacções dos sais de diazónio Reacções envolvendo a substituição do grupo diazónio 1) substituição por Cl, Br e CN- reacções de Sandmeyer Ex.: N + N CH3 CH3 Cl Cl N + N Cl Br N + N NO2 NO2 CN Cl - CuCl 60 ºC + N2 CuBr 100 ºC + N2 Cl - CuCN 100 ºC + N2 Br - 75 % 65 % 60 % ⇒ a reacção de um sal de diazónio com sais de Cu (I), resulta na substituição formal de N2 ⇒ o mecanismo envolvido é radicalar Sandmeyer, T. Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1884, 17, 1633. Química Orgânica II Possível mecanismo José Virgílio Prata_2017 133 N N+ Cl- Cu Cl + N2+ Cu Cl Cl Cl + CuCl José Virgílio Prata_2017 134 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ 2) substituição por flúor e por iodo 3) substituição por OH N + N NO2 NO2 OH + N2 - HSO4 H2SO4 H2O, 100 ºC 75 % N + N I + N2 + KHSO4 KI, t. amb.HSO4 - ⇒ método standard para a introdução de iodo no anel ⇒ método mais geral para a preparação de fenóis N + N F + N2 BF4 - ∆ + BF3 ⇒ principal método para a introdução de flúor no anel Balz, G.; Schiemann. G. Ber. Dtsch. Chem. Ges. 1927, 60, 1186. Reacção de Schiemann José Virgílio Prata_2017 135 Química Orgânica II ___________________________________________________________________________________________________ Reacções de acoplamento diazóico ⇒ Os catiões diazónio são electrófilos fracos (ELUMO= - 6.36 eV) (e.g.,comparativamente a NO2 +, ELUMO= - 8.81 eV) ⇒ Só os substratos aromáticos activados (fenóis, aminas e similares) se adicionam aos catiões diazónio originando compostos azo ⇒ A electrofilia dos catiões diazónio pode ser aumentada pela introdução de grupos electroatractores nas posições orto e para Ex.:
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