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APOSTILA 1 Parte 2

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APOSTILA 1 – DIREITO PENAL (PARTE II). 
CAP. 21 – CONCEITO E EVOLUÇÃO DA TEORIA DO CRIME:
Infração Penal: O sistema jurídico penal brasileiro adotou, de um lado, os termos “crime” e “delito” como sinônimos, e do outro, as contravenções penais. Infração penal é, como gênero, a forma abrangente de crimes/delitos e contravenções penais (este último, como espécie). 
Teoria do Delito: é a parte do direito penal que se ocupa de explicar o que é o delito em geral, quais as características que devem ter qualquer delito. Ainda que o crime seja insuscetível de fragmentação – pois é um todo unitário –, faz-se uma análise de cada uma de suas características (fato típico, antijuridicidade e culpabilidade). São três elementos que convertem uma ação/conduta em um delito. 
Tipicidade: antijuridicidade e culpabilidade estão relacionadas logicamente de tal modo que, cada elemento posterior do delito pressupõe o anterior.
Antijuridicidade: deve estar concretizada em tipos legais.
Culpabilidade: responsabilidade pessoal por um fato antijurídico.
Quando o fato é típico? Quando for comprovado que o agente atuou de forma dolosa ou culposamente, que em virtude de sua conduta adveio o resultado, e, por fim, que seu comportamento se adapta perfeitamente ao modelo abstrato previsto na lei penal. 
Conceito de Crime: 
Conceito analítico de Crime: 
Compreende as estruturas do delito. Atualmente, prevalece sob este enfoque analítico de que o crime é composto de três substratos:
	FATO TÍPICO
	ANTIJURÍDICO
	CULPABILIDADE
	Conduta:
Dolosa/Culposa;
Comissiva/Omissiva.
	Quando o agente não atua em:
	
Imputabilidade.
	Resultado.
	Legítima Defesa;
	Potencial Consciência de Ilicitude.
	Nexo de Causalidade.
	Estado de Necessidade;
	Exigibilidade de Conduta diversa.
	Tipicidade:
Formal;
Material/Conglobante.
	Estrito cumprimento do Dever Legal;
	
	
	Exercício regular de direito;
	
	
	Causa Supralegal de excludente de ilicitude: 
Consentimento do ofendido.
	
ATENÇÃO1! Tipicidade Penal (formal, e material/conglobante) ≠ Tipo Penal (tipificação).
Dogmática do Delito:
	SISTEMA CLÁSSICO (Causal Naturalista).
	Von Liszt/Von Beling.
	SISTEMA NEOCLÁSSICO (Causal Normativo).
	
Frank/Mezger.
	SISTEMA FINALISTA.
	Hans Welzel.
	FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO (Moderado).
	
Roxin.
	FUNCIONALISMO SISTÊMICO (Radical).
	
Jackobs.
CAP. 22 – CLASSIFICAÇÃO DAS INFRAÇÕES PENAIS/CRIMES: 
Quanto à qualidade do sujeito ativo/réu: 
Crimes comuns ou gerais: São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa, nãos e exigindo condição especial. Exemplo: homicídio.
OBS1! Fala-se em crimes bicomuns, que são aqueles que não se exigem qualquer condição especial – tanto para o sujeito ativo (quem os pratica), quanto para quem seja suspeito passivo. Ou seja, o autor, o réu e a vítima são pessoas comuns – onde, qualquer pessoa pode cometer esse crime. 
Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Isto é, apenas a própria pessoa/funcionário público pode cometer, admitindo coautoria a participação. Exemplo: peculato (somente praticado por funcionário público). 
OBS2! Existem ainda, os crimes bipróprios, que exigem condição especial tanto do sujeito ativo quanto do sujeito passivo. Exemplo: infanticídio (somente a mãe pode cometer o infanticídio, e só pode cometê-lo contra um recém-nascido – porque tem que ser logo após o parto; não podendo esta cometer infanticídio contra um filho de 15 anos, somente contra um filho recém-nascido).
Crimes de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível: são aqueles que somente podem ser praticados pela pessoa expressamente indicada no tipo penal. Apenas admitem a participação, não aceitando coautoria, pois não se delega a prática da conduta infracional a terceira pessoa (ou seja, não há a possibilidade de uma pessoa mandar outra fazer no seu lugar o falso testemunho, de ser uma autoria mediata). Exemplo: falso testemunho (só pode ser cometido pela pessoa que seja testemunha).
Quanto à estrutura da conduta delineada pelo tipo penal (como o tipo penal é formado):
Crime simples: é aquele que se amolda em um único tipo penal. Exemplo: o furto, ameaça, lesão corporal.
Crime Complexo: resulta da união de dois ou mais tipos penais. Exemplo: roubo (furto + ameaça; furto + lesão corporal).
Quanto à relação entre a conduta e o resultado naturalístico (é uma conduta do sujeito no resultado por ele praticado): 
Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em seu interior uma conduta e um resultado necessário, cuja consumação reclama esse resultado. Exemplo: homicídio (necessita da morte; para que o crime ocorra, é necessário que A tenha matado B, e B precisa ter morrido).
Crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado: o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação – somente a simples ação do sujeito já é o crime. Exemplo: extorsão mediante sequestro (não necessita a efetiva vantagem sobre a extorsão), ameaça, extorsão comum/pura/simples; outro exemplo, suponhamos que X tenha fotos constrangedoras de W, e para não divulgá-las, X pede 100 mil reais de W (crime de extorsão simples).
Crimes de mera conduta ou de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta sem resultado algum (diferentemente dos anteriores, não há um resultado, mas sim uma simples descrição de uma conduta). Exemplo: ato obsceno. 
Quanto ao momento em que se consuma o crime:
Crime instantâneo ou de estado: a consumação se verifica em um momento determinado, não se prolongando no tempo. Exemplo: furto, homicídio.
Crime permanente: a consumação se prolonga no tempo, por vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente (dia após dia o crime está sendo cometido novamente). Subdividem-se em:
Necessariamente permanentes: que exige, para consumação, a manutenção da ação contrária ao Direito por tempo relevante. Exemplo: sequestro.
Eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas a ofensa ao bem jurídico tutelado se prolongando no tempo. Exemplo: furto de energia elétrica (são pequenos furtos ao longo do tempo).
Crime instantâneo de efeitos permanentes: os efeitos de delito subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente. Exemplo: homicídio. 
Crime a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período. Exemplo: sequestro, em que a privação de liberdade dura mais de 15 dias (existe uma modalidade especial prevista no art. 148, §1º, III - C.P: o sequestro qualificado, que tem como reflexo o aumento da pena do sujeito – caso dure mais de 15 dias).
Quanto ao número de vítimas/sujeito passivo:
Crimes de subjetividade passiva única: corresponde ao tipo penal que, com a ação do sujeito ativo/réu, possui apenas uma única vítima. Exemplo: estupro.
Crimes de dupla subjetividade passiva: é o tipo penal que prevê a existência de duas ou mais vítimas. Exemplo: violação de correspondência (remetente e destinatário – um Presidente da República, que ao enviar uma carta confidencial, esta acaba por sendo interceptada).
Quanto ao grau de intensidade do resultado:
Crime de dano ou de lesão (o resultado – material – causa algum dano ou lesão): a consumação só se efetiva com a lesão do bem jurídico tutelado. Exemplo: lesões corporais.
Crime de perigo (o resultado expõe alguém a algum perigo): consumam-se com a mera exposição do bem jurídico tutelado a uma situação de perigo. Subdividem-se em: 
Crime de perigo abstrato: basta a prática da conduta, havendo a presunção iuris et de yuri (presunção absoluta – ou seja, não se tem como reverter/provar essa presunção) de exposição a perigo, dano; a conduta por si só já causa um perigo. Exemplo: tráfico de drogas.
De perigo concreto: consuma-se com efetiva comprovação da exposição a perigo. Exemplo: crime de perigo para a vida ou saúde de outrem (art. 132 - C.P).De perigo individual: atinge uma pessoa ou um determinado número de pessoas. Exemplo: perigo de contágio venéreo.
De perigo comum ou coletivo: o perigo já está ocorrendo. Exemplo: abandono de incapaz.
De perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer. 
De perigo futuro ou mediato: o perigo se projeta para o futuro. Exemplo: porte ilegal de armas (pois, a arma pode ser utilizada futuramente).
Quanto ao número de atos executórios que integram a conduta:
Crime unissubsistente: a conduta se revela mediante um único ato de execução, capaz, por si só, de produzir a consumação – não admite-se tentativa. Exemplo: crimes contra a honra praticados com o emprego da palavra (A xinga B utilizando termos pejorativos). 
Crime plurissubsistente: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem somar-se para produzir a consumação – admite-se tentativa. Exemplo: homicídio praticado com golpes de faca.
Com relação à forma como é praticado o crime:
Crime comissivo ou de ação: é praticado mediante conduta positiva, ou seja, através de uma ação do agente/sujeito. Exemplo: roubo, tráfico de drogas, furto, lesão, dano, etc.
Crime omissivo ou de omissão: cometido por meio de uma conduta negativa, uma inação – isto é, o agente/sujeito deixa de fazer algo. Irá se subdividir em:
Crime omissivo próprio ou puro: a omissão está contida no tipo penal, prevendo a conduta negativa como forma de praticar o delito; não há dever jurídico de agir (ao contrário, por exemplo, do bombeiro que tem o dever jurídico de enfrentar o perigo – mesmo que este se exponha ao perigo), portanto, qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo penal responderá apenas pela omissão, e não pelo resultado naturalístico. Exemplo: omissão de socorro (art. 135 - C.P).
Crime omissivo impróprio, espúrio ou comissivo por omissão: o tipo penal aloja uma conduta positiva, e o agente, que tem o dever jurídico de evitar o resultado, realiza uma conduta negativa, respondendo penalmente pelo resultado naturalístico. Exemplo: a mãe (o agente) tem o “dever jurídico” de cuidar do filho (conduta positiva); porém, ela mata o filho por não amamentá-lo (conduta negativa). 
Crime omissivo por comissão: nesse caso, há uma ação provocadora da omissão. No entanto, grande parte da doutrina não reconhece essa subcategoria de delito. 
Crime omissivo “quase-impróprio”: essa classificação, é ignorada pelo direito penal brasileiro, diz respeito à omissão que não produz lesão ao bem jurídico, mas apenas um perigo de lesão, abstrato ou concreto. 
Crime de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial positiva, e outra final, omissiva. Exemplo: apropriação de coisa achada e a omissão em devolvê-la (art. 169, § único, II - C.P).
Quanto ao modo de execução: 
Crime de forma livre: admitem qualquer meio de execução. Exemplo: ameaça (usando como meio uma carta, gestos, pode xingar a pessoa, pode utilizar de uma arma e aponta-la para essa pessoa, etc.; tem previsão legal no art. 147 - C.P).
Crime de forma vinculada: somente pode ser praticado através dos meios indicados pelo tipo penal. Exemplo: perigo de contágio venéreo (art. 130 - C.P).
CLASSIFICAÇÃO EXTRA! 
Crime consumado: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal. Exemplo: no homicídio o crime se consuma com a morte da vítima. Irá percorrer diversas fases até a sua consumação (iter criminis): 
Cogitação: o agente está pensando em cometer o crime (não sendo passível de punição).
Preparação: prática de atos necessários ao início da execução do crime (ex.: comprar uma arma para matar; conseguir um carro para assaltar um banco) – este também não é passível de punição, no entanto, há casos em que o ato preparatório, por si só, já constitui crime. Exemplo: diversas pessoas se reúnem para cometer um assalto (é um ato preparatório para o roubo, porém a lei já a considera como crime de quadrilha/bando).
Execução: inicia-se a execução de um crime com a prática do primeiro ato idôneo e inequívoco que pode levar à consumação. Exemplo: assaltantes entram em um banco e, armados, anunciam o assalto; se iniciada a execução e o agente não conseguir consumá-la por circunstâncias alheias a sua vontade, pune-se a tentativa. 
Consumação: todos os elementos do tipo foram realizados.
Crime tentado: quando o agente inicia a execução, mas não pode consumá-lo por circunstâncias alheias à sua vontade. Possui dois requisitos: 1) a execução do crime se iniciou, e 2) não houve a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. Sua consequência: pune-se a tentativa com a mesma pena do crime consumado, reduzida de 1/3 a 2/3 – o critério usado pelo juiz para a diminuição é a maior ou menor proximidade da consumação (quanto mais próxima a consumação, menor será a sua redução). Subdivide-se em:
Tentativa imperfeita (ou inacabada): quando o agente não pratica todos os atos executórios. Exemplo: o agente atira na vítima, mas e impedido por terceiros de efetuar novos disparos.
Tentativa perfeita (ou acabada, ou crime falho): quando o agente pratica todos os atos executórios e não consegue consumar o crime. Exemplo: o agente descarrega sua arma contra a vítima, mas esta consegue se salvar.
Tentativa branca: quando o golpe desferido não atinge o corpo da vítima. Exemplo: o agente descarrega sua arma contra a vítima, mas não acerta um disparo sequer.
OBS3! A lei brasileira não faz diferença entre as espécies de tentativa – todas recebem igual tratamento penal no que tange a aplicação da pena. 
ATENÇÃO2! Dentre os crimes que não admitem tentativa, temos: crimes culposos, preterdolosos, omissivos próprios, contravenções penais, etc.
Crimes dolosos: também chamado de crime ou dano comissivo ou intencional, é aquele em que o agente prevê o resultado lesivo de sua conduta e, mesmo assim, leva-a adiante, produzindo o resultado. Classifica-se em direto (quando há a previsão do resultado lesivo mais à vontade livre e consciente de produzi-lo), e indireto (quando há a previsão do resultado lesivo mais a aceitação de sua ocorrência).
Crimes culposos: classifica-se em:
Culpa Inconsciente/Pré-consciente: é uma conduta voluntária, sem intenção de produzir o resultado ilícito, porém, previsível, que poderia ser evitado; a conduta deve ser resultado de negligência (quando uma pessoa que esquece filho recém-nascido no interior do carro, resultando em morte por asfixiamento; art. 121, § 3º - CP – homicídio culposo), imperícia (quando uma pessoa iniciante na prática de artes marciais, durante o treinamento, causa lesão corporal em alguém, ao manejar incorretamente arma cortante; art. 129, § 6º - CP – lesão corporal culposa) ou imprudência (quando uma pessoa que dirige em estrada, com sono, resultando em acidente fatal a outrem; art. 121, § 3º - CP – homicídio culposo).
Crimes continuados: previsto no art. 71 - C.P, segundo o caput do artigo, constitui um favor legal ao delinquente que comete vários delitos – tendo cumprida as condições, os fatos serão considerados crime único por razoes de política criminal, sendo apenas agravada a pena de um deles, se idênticos; ou do mais grave, se diversos, a fração de 1/6 a 2/3. O reconhecimento dessa modalidade exige uma pluralidade de condutas sucessiva no tempo, que ocorrem de forma periódica e se constituem em delitos da mesma espécie (que ofendem o mesmo bem jurídico tutelado pela norma – não se exigindo a prática de crimes idênticos). Nesses delitos, as condições de tempo/lugar/maneira ou outras semelhantes, devem dar a entender que os delitos posteriores retratariam continuação do primeiro. No seu § único, temos a hipótese do que a doutrina denomina como crime continuado específico (prática de crime doloso, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa), que autoriza o aumento da pena até o triplo, exigindo-se, para tanto, que sejam consideradas a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente.
Crimes qualificados: aquele em que ao tipo básico a lei acrescentacircunstância que agrava a sua natureza, elevando os limites da pena. Não surge a formação de um novo tipo penal, mas apenas uma forma mais grave de ilícito. Chama-se homicídio qualificado, por exemplo, aquele praticado “mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe” (art. 121, § 2º, I - C.P); denomina-se furto qualificado o praticado “com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa” (art. 155, § 4º, I - C.P); considera-se qualificado o delito de injúria consistente em violência ou vias de fato (art. 140, § 2º, primeira parte - C.P), etc. 
Crimes privilegiados: quando ao tipo básico a lei acrescentada circunstância que o torna menos grave, diminuindo, em consequência, suas sanções. São crimes privilegiados, por exemplo, o homicídio praticado por relevante valor moral (eutanásia, por exemplo), previsto no art. 121, § 1º - C.P, o furto de pequeno valor praticado por agente primário (art. 155, § 2º - C.P); o estelionato que causa pequeno prejuízo, desde que primário o autor (art. 171, § 1º - C.P), etc. Nessas hipóteses, as circunstancias que envolvem o fato típico fazem com que o crime seja menos severamente apenado. Os tipos qualificados e privilegiados são, em contraposição aos tipos básicos, tipos derivados.
Crime de bagatela: é o crime de menor conteúdo ofensivo; é aquele de ínfima relevância penal, seja por haver desvalor na conduta do agente, seja por haver desvalor no resultado. Para sua caracterização, é necessário que se verifique a incidência de dois princípios: da irrelevância ou da insignificância - e, para isto, leva-se em consideração se o crime é de pequeno valor ou de valor insignificante. 
Aplicação do princípio da insignificância: é imprescindível a distinção entre o valor ínfimo (ninharia, desprezível) e o pequeno valor. De acordo com a opinião dominante, o pequeno valor da coisa subtraída é algo em torno de um salário mínimo. Abaixo disto seria valor insignificante, ínfimo. No crime previsto no art. 155, §2º - C.P (furto de coisa de pequeno valor), a lei penal confere ao legislador a faculdade de escolher a sanção que melhor atenda aos interesses de política criminal, considerando-se a finalidade atribuída à pena, a qual deve ser suficiente para a reprovação e prevenção de crimes. Embora haja crime, não há exigibilidade da aplicação da pena. 
O princípio da insignificância é aquele que permite invalidar a tipicidade de condutas que, por sua inexpressividade, constituem ações de bagatela, desprovidas de reprovabilidade, de modo que não merecem valoração da norma penal. Tal princípio tem como critério fundamental o desvalor da ação e/ou do resultado jurídico. A aplicação deste princípio exclui a tipicidade, ou seja, exclui o crime. Considera-se atípico o fato que, por sua insignificância, sequer ofende o bem jurídico protegido. 
Desta forma, o que importa é o fato e não o agente. Exemplo: a lesão corporal leve culposa que tem por resultado um arranhão. Esta conduta é materialmente atípica aplica-se o princípio da insignificância. O princípio da insignificância está profundamente ligado ao princípio da proporcionalidade, pois deve haver um equilíbrio entre o resultado do delito, ou seja, a gravidade do fato ilícito praticado e a pena cominada. Sendo ínfimo o valor e não havendo nenhum abalo no patrimônio da vítima, determina-se o reconhecimento da atipicidade material.
Aplicação do princípio da irrelevância: é necessário que haja desvalor da conduta do agente, do resultado dessa conduta e da culpabilidade do agente. Este princípio é causa excludente da punição concreta do fato, ou seja, não aplica-se a pena em razão da sua desnecessidade de acordo com o caso concreto. O princípio da irrelevância encontra assento legal no art. 59 - C.P: “O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime”. Exemplo: furto de um boné. 
Para que se aplique o princípio da irrelevância, o objeto (boné) tem de ser de pequeno valor, a conduta não deve ser violenta e o agente não pode ser reincidente, precisa ter bons antecedentes etc. Este princípio tem pertinência no momento da aplicação da pena - em que terá influência no tipo e quantum de pena que será determinado pelo juiz - necessária à reprovação e prevenção do delito. Todavia, quando a coisa subtraída não gozar da importância exigida pelo direito Penal, em virtude de sua insignificância, deverá o agente ser absolvido. 
Crimes habituais: crimes cuja realização pressupõe a prática de um conjunto de atos sucessivos, de modo que cada conduta isoladamente considerada constitui um indiferente penal, ou seja, são delitos que reclamam habitualidade, por traduzirem em geral um modo de vido do autor. Exemplo: a casa de prostituição (art. 229), o exercício ilegal da medicina (art. 282), o curandeirismo (art. 284) e a associação criminosa (art. 288). De acordo com a doutrina, ao lado dessa forma de crime habitual (próprio), haveria também um tipo habitual impróprio ou acidentalmente habitual. Impróprio, pois, um único ato é capaz de consumá-lo; apesar disso, a reiteração de atos não constituiria delito autônomo, e sim mero desdobramento da habitualidade. Exemplo (crime habitual impróprio): gestão fraudulenta (art. 4º, Lei nº. 7.492/86 – que dispõe sobre os crimes contra o sistema financeiro nacional – pois uma única conduta típica seria suficiente para consumá-lo, mas a eventual reiteração dessa ação não caracterizaria concurso de delitos (formal/material/continuidade delitiva), mas sim um simples exaurimento).
É característico do delito habitual a necessidade de reiteração de atos que são irrelevantes isoladamente, mas relevantes (típicos) globalmente, segue-se que, uma vez eliminado esse elemento essencial, o conceito de habitualidade já não faz sentido algum. O que a doutrina pretende como tipo habitual impróprio é, pois, um tipo instantâneo, cuja reiteração de condutas, se e quando houver, caracterizará, a depender do caso, unidade ou pluralidade de crimes.
Crimes exauridos: não se confundindo com o crime consumado, o exaurimento ocorre em relação aos acontecimentos típicos posteriores à consumação do crime. Exemplo: obtenção da vantagem ilícita na extorsão (no momento em que o agente constrange a vítima, o crime já se consuma; quando o agente obtém a vantagem o crime está se exaurindo). Pode ser denominado também crime esgotado plenamente (quando da verificação de acontecimentos posteriores ao término do iter criminis – como exemplo, o auferimento da vantagem ou enriquecimento no crime de concussão; o recebimento do valor do resgate no crime de extorsão mediante sequestro).
Crimes de ação múltipla (crime de conteúdo variado ou plurinuclear): previsto no art. 122 - C.P, é aquele em que a lei descreve várias condutas (vários verbos), que são separadas pela conjunção alternativa "ou". Assim, nestes casos, a prática de mais de uma conduta pelo agente, em relação à mesma vítima, constitui crime único. Exemplo: crime de participação em suicídio (previsto no aludido artigo; ocorre quando o agente induz/instiga/auxilia outem a cometer suicídio). 
PSIU1! Nessa hipótese, se o agente praticar os três verbos contra a mesma vítima, terá praticado apenas um delito.
CAP. 23 – CONDUTA:
Conceito: ação, ou conduta, compreende qualquer comportamento humano comissivo (positivo) ou omissivo (negativo), podendo ser ainda doloso (quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado) ou culposo (quando o agente infringe o seu dever de cuidado, atuando com negligência, imprudência ou imperícia). É o primeiro elemento integrante do fato típico, e é sinônimo de ação e de comportamento. O autor da prática do fato pode ser imputado dois tipos de condutas: a dolosa e a culposa. A regra é de que todo crime seja doloso, somente sendo punida a conduta culposa quando houver previsão legal expressanesse sentido – conforme diz o art. 18, § único - C.P. Além disso, o agente pode praticar uma infração penal fazendo ou deixando de fazer alguma coisa a que estava obrigado – dessa forma, as condutas podem ser comissivas ou omissivas. 
	CONDUTA
	
	Dolosa.
	Quando o agente quer diretamente o resultado ou assume o risco de produzi-lo. 
	Culposa.
	Quando o agente dá causa ao resultado em virtude de sua imprudência, imperícia ou negligência.
	Comissiva (positiva).
	O agente direciona sua conduta a uma finalidade ilícita; exemplo: furto, homicídio. Nessas hipóteses, a conduta praticada pelo agente é positiva.
	
Omissiva (negativa).
	Há uma abstenção de uma atividade que era imposta pela lei do agente, como, por exemplo: omissão de socorro (art. 135 - C.P). Isto é, a abstenção da atividade juridicamente exigida; uma atitude psicológica e física de não atendimento da “ação esperada”, que devia e podia ser praticada; é um conceito puramente normativo – e, neste caso, a conduta é negativa. Podem ser classificadas em:
Omissiva Própria (Puro/Simples): o agente não faz o que a lei determina, consistindo a omissão na transgressão da norma jurídica e não sendo necessário qualquer resultado naturalístico. Ou seja, são delitos nos quais existe o chamado “dever genérico de proteção”.
Omissiva Imprópria (Comissiva por Omissão/Omissivo Qualificado): somente as pessoas referidas no art. 13, §2º - C.P podem praticá-los; para elas, existe um “dever especial de proteção”. Logo, para que se possa mencioná-la, é preciso que o agente encontre-se na posição de garante ou garantidor – isto é, tenha ele a obrigação legal de cuidado, proteção ou vigilância; de outro modo, assuma a responsabilidade de impedir o resultado; ou ainda, com o seu comportamento, tenha criado o risco da ocorrência do resultado.
As teorias que irão explicar a ação/conduta, temos:
Clássica: movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo exterior.
Neoclássica: corresponde ao sentido normativo; é um comportamento humano, voluntário, manifestado no mundo exterior.
Welzel: é o exercício de uma atividade final; um comportamento voluntário, dirigido a uma finalidade qualquer. 
OBS4! O C.P adotou, segundo a doutrina, a teoria finalista da conduta de Hans Welzel.
Concepção Clássica (Positivista-Naturalista de Von Liszt & Beling): 
Influência do positivismo, monismo metodológico; 
O dolo e a culpa estavam na culpabilidade; 
A conduta é apenas um processo causal.
Teoria Causal-Valorativa ou Neocentrista (concepção neoclássica; normativista): 
Surge como superação, e não negação ao positivismo;
Tem-se um retorno a metafísica;
E, segundo esta, a tipicidade não é concebida apenas como descrição formal/externa, mas materialmente como unidade de sentido danoso.
Teoria Finalista (concepção finalista; ôntico-fenomenológica):
Toda consciência é intencional (pensamento fenomenológico);
Traz a teoria do Ser (consideração ontológica);
A ação típica dever ser concebida como um “ato de vontade com conteúdo” (finalidade/um querer interno);
O dolo e a culpa são retirados da culpabilidade;
Tipo subjetivo: dolo ou culpa.
Ausência de Conduta: se o agente não atua dolosa ou culposamente, não há ação. Pode acontecer quando o sujeito se vir impedido de atuar, como nos casos de: 
Força irresistível: praticadas por terceiros (ou seja pelo Homem), temos como exemplos: a coação física (vis absoluta), quando o agente é jogado por uma terceira pessoa de encontro a objetos ou a outras pessoas – vindo a danificá-los ou lesioná-los. Nessas hipóteses, o agente não responde pelos danos ou pelas lesões que vier a causar a outras pessoas. Neste caso, aquele que causa o dano ou lesão em terceira pessoa nada mais é do que um instrumento nas mãos do agente coator.
Movimentos reflexos: há situações em que o organismo reage a determinados impulsos, e podem advir lesões ou danos. Exemplo: ao colocar-se o fio de um aparelho de som em uma tomada recebe uma pequena descarga elétrica, e num efeito reflexo, ao movimentar o corpo, atinge outra pessoa, causando-lhe lesões. Sem a conduta humana, dolosa ou culposa, não há fato típico –, e sem o fato típico não se pode falar em crime. 
Estados de inconsciência: existem os casos de total inconsciência, que têm o condão de eliminar a conduta do agente, como: sonambulismo, ataques epiléticos, hipnose, etc. Porém, de acordo com o art. 28, II - C.P: “Não excluem a imputabilidade penal: I – (...); II – a embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substancia de efeitos análogos”. Aqui, o agente é responsabilizado pelos resultados ocorridos em virtude do ato de querer embriagar-se (voluntariamente), ou mesmo em razão de ter, culposamente, chegado ao estado de embriaguez – prevalece nessa hipótese, a teoria da actio libera in causa, visto que a ação foi livre na causa, o agente será responsabilizado pelos resultados dela decorrentes.
CAP. 24 – TIPO PENAL: 
Conceito: “é um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes” (Zaffaroni). Tipo é o modelo de conduta que o Estado, por meio da lei (seu único instrumento), visa a impedir que seja praticada, ou determina que seja levada a efeito por todos nós. O legislador, quando quer impor ou proibir condutas sob a ameaça de sanção, deve obrigatoriamente valer-se de uma lei; quando a lei em stricto sensu descreve a conduta (como visto anteriormente), com o fim de proteger determinado bem cuja tutela mostrou-se insuficiente pelos demais ramos do direito, surge o chamado “tipo penal”.
Tipicidade penal = Tipicidade formal + Tipicidade conglobante:
É preciso que a conduta também se amolde a um modelo abstrato previsto em lei (tipo). Tipicidade é a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador. A adequação da conduta do agente a esse modelo, faz surgir a tipicidade formal/legal. Essa adequação deve ser perfeita, caso contrário, o fato será considerado formalmente atípico. 
Esta é formada pela conjuração da tipicidade formal (ou legal) com a tipicidade conglobante.
Tipicidade Formal/Legal: se a conduta do agente subsume-se a um modelo abstrato previsto pela lei penal. 
Tipicidade Conglobante: para que se possa falar em tipicidade conglobante, é preciso que: 1) A conduta do agente seja antinormativa (contrária a norma penal, e não imposta ou fomentada por ela, bem como ofensiva a bens de relevo para o direito penal – tipicidade material); 2) Haja tipicidade material, ou seja, que ocorra um critério material de seleção do bem a ser protegido; e, 3) O fato seja materialmente típico.
RESUMINDO!
TIPO PENAL: princípio da legalidade; é a descrição precisa do comportamento humano, feita pela lei penal.
TIPICIDADE PENAL: subsunção da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto em lei. Divide-se em:
FORMAL: subsunção do fato à norma, ou seja, É A ADEQUAÇÃO DO FATO AO TIPO PENAL; 
ELEMENTO SUBJETIVO GERAL (DOLO): O AGENTE QUIS OU ASSUME O RISCO DE PRODUZIR O RESULTADO.
MATERIAL: é a conduta que provoca uma lesão ou ameaça de lesão intolerável ao bem jurídico protegido (condições mínimas de convivência), isto é, uma VALORAÇÃO DA CONDUTA E DO RESULTADO;
TIPICIDADE = TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE MATERIAL.
CONGLOBANTE: antinormativa e material. Para a teoria da tipicidade conglobante a legítima defesa passa a integrar a tipicidade, constituindo uma causa de exclusão de antinormatividade. Enquanto na tipicidade formal à legítima defesa constitui uma causa de exclusão da ilicitude – antijuridicidade (Zaffaroni),
OBS5! No conceito de antinormatividade, os casos que hoje são tratados quando da verificação da sua ilicitude, podem ser resolvidos já durante o fato típico.
Elementares: 
São dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta ou uma atipicidade relativa. 
Atipicidade absoluta:quando, por faltar um elementar indispensável ao tipo, o fato praticado pelo agente torna-se um indiferente penal. Exemplo: se alguém subtrai o próprio guarda-chuva, supondo-o de outrem (que não pratica o delito de furto) – uma vez que encontra-se ausente a elementar coisa alheia móvel, a fim de caracterizar aquela infração.
Atipicidade relativa: pela ausência de um elementar, ocorre a desclassificação do fato para outra figura típica. Exemplo: crime de peculato (caso um funcionário público que, subtrai um computador de sua repartição. Embora não seja considerado “crime de peculato-furto” (previsto no art. 312, §1º - C.P), pois, para que possa ser caracterizá-lo, o funcionário, quando da subtração, deve valer-se da facilidade que sua especial condição lhe proporciona – o fato não poderá ser considerado um indiferente penal. Aqui, o agente responderá pela subtração a título de furto (art. 155 - C.P) – embora, afastado o peculato-furto (art. 312, §1º - C.P).
Então, uma vez abstraída a elementar, ocorrerá uma total atipicidade ou uma atipicidade relativa (uma desclassificação). Exemplo: homicídio, infanticídio, furto, crime de peculato.
CAP. 25 – DOLO (art. 18º, I - C.P):
Segundo o qual: “Diz-se o crime: I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”. O agente irá cometer esse crime, porque ele quer cometê-lo, ou assume o risco de produzir esse crime. Dentre as primeiras implicações, está previsto no § único do artigo, que: “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. Isto é, o dolo/crime doloso é a regra; todos os crimes existentes no C.P, é regra eles serem dolosos – matar alguém, subtrair coisa alheia, etc., tudo é doloso – sendo necessário ter a vontade de cometer o crime.
Exemplo: homicídio (é considerado um crime doloso, porém, há previsão legal - art. 121 - C.P – do homicídio culposo. Portanto, “expressamente em lei” tem-se a configuração do crime culposo para o homicídio – respondendo o agente pelo crime a título de culpa). No caso de um crime de dano: este é considerado crime doloso – porém, o aludido artigo não trouxe-nos expressamente que o dano pode ser cometido por imprudência/negligência/imperícia; ou seja, o “dano culposo” só possui relevância/importância para o C.C (código civil), e não para o C.P (apenas o dano doloso possui relevância para o C.P).
PSIU2! O dano só vai ser respondido com o título de dolo, nunca a título culposo.
OBS6! Todo crime começa sendo doloso; se não estiver expresso em lei que aquilo pode ser culposo, não há crime culposo àquele caso. 
Conceito: é a soma de dois elementos: VONTADE + CONSCIÊNCIA do agente, dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo penal. Então, se temos o art. 121 - C.P (homicídio), é preciso ter a VONTADE de se cometer esse tipo de conduta e a CONSCIÊNCIA de que se está cometendo tal ato – somando esses dois elementos, temos o dolo. Para uma melhor compreensão, define-se: 
Vontade: também denominada de momento volitivo, é a decisão do agente a respeito de querer realizar aquela conduta – diferentemente do desejo (não basta somente desejar, deve-se ter uma vontade de realizar a conduta – atribuindo-se uma influência no resultado). 
Consciência: o agente deve saber exatamente aquilo que faz, para que possa ser lhe atribuído o resultado doloso (o agente deve ter a “consciência” de que está cometendo aquele crime) – mas, isso não quer dizer que o agente tenha que conhecer o tipo penal. 
Exemplo: se durante uma caçada, A confunde B com um animal e atira em B (o matando); A não vai atuar com o dolo do crime previsto no art.121, ou seja, A não vai atuar com o dolo do homicídio – uma vez que não tinha consciência de que atirava contra B (humano) – logo, o dolo é afastado, pois o agente incorre no que denomina-se de “erro de tipo” (art. 20 - C.P; vai sempre afastar o dolo e a consciência do agente, pois falta para ele a vontade e a consciência do ato que estava sendo realizado). Como não há consciência, não há o que se falar em dolo, pois tem-se a perda de um dos dois elementos. 
Teorias: além disso, o dolo nos traz 4 teorias de destaque. 
OBS7! O C.P brasileiro adotou a teoria da vontade e a teoria do assentimento.
Teoria da Vontade: irá definir o dolo, onde, segundo ela, o dolo é a vontade livre e consciente de querer praticar a ação penal (“(...) quis o resultado (...)”). Se essa vontade não for livre, mas sim através de uma coação física, não se tem a vontade do agente de se cometer aquela conduta. Exemplo: quando põe-se a mão/dedo do agente na arma/gatilho, e ajuda-se a este apertar o gatilho (o agente não comente homicídio, porque teve-se uma coação física). 
Teoria do Assentimento: aquele agente que prevê o resultado como possível, e mesmo não o querendo, não se importa com a sua ocorrência assumindo o risco de produzi-lo (“(...) assumiu o risco de produzi-lo”). Isto é, o agente que prevê aquele resultado, ele sabe que aquilo pode acontecer – mesmo não querendo que aconteça –, este não se importa nem um pouco que aquilo ocorra, assumindo o risco de produzir. Isso, segundo essa teoria, é dolo, mas não culpa. Exemplo: X fura um sinal vermelho de pedestres. 
DICA1! Dolo Eventual e Culpa Consciente.
Dolo Eventual: corresponde a teoria do assentimento; quando o agente não se importa e assume o risco de produzir o resultado; é considerado um crime doloso segundo essa teoria.
Culpa Consciente: é quando o agente prevê o resultado daquele crime, porém, o agente acha que com a sua habilidade pode evitá-lo; é considerado um crime culposo, segundo a teoria do assentimento.
 
Teoria da Representação: quando o agente prevê o resultado como possível, e assim prossegue com a conduta. Para essa teoria, o agente não precisa não se importar com a ocorrência do resultado e assumir o risco de produzir – basta apenas que o resultado seja previsto como possível. A partir disso, tem-se o dolo. Para essa teoria, não existe dicotomia/diferença entre dolo eventual e culpa consciente (sendo apenas necessário prever o resultado).
Teoria da Probabilidade: se houver uma grande probabilidade do resultado, haverá dolo; atua com probabilidade – se não haver essa “grande probabilidade” e só for uma “probabilidade pequena”, vai ser considerado como culpa.
Espécies de Dolo:
	
Dolo Direto: 
Dolo Direto:
	É aquele em que o agente quer efetivamente cometer o delito (“quando o agente quis o resultado (...)”). Exemplo: A saca o revólver e atira em B, querendo mata-lo. Este, ainda, pode ser subdividido em: dolo direto de 1º grau, e dolo direto de 2º grau. Essa separação é feita por dois critérios, que irão definir se o dolo é de 1º ou de 2º grau: o fim proposto (qual é o fim/finalidade que o agente deseja?) e o meio proposto (qual foi o meio escolhido por esse agente?).
Primeiro Grau: quando a conduta é dirigida finalisticamente a causar o resultado. No caso do exemplo dado anteriormente, temos um dolo direto de 1º grau (a conduta de A era dirigida finalisticamente a causar um resultado – a morte de B).
Segundo Grau: é aquele onde os efeitos colaterais necessários são causados pelo meio escolhido. Exemplo: aeronave que transporta algumas autoridades, e um terrorista quer a morte de uma autoridade específica; e, para isso, este planta uma bomba (meio escolhido) dentro da aeronave; o dolo do terrorista: é em relação a essa autoridade, um dolo de 1º grau (a conduta é dirigida à autoridade); e, em relação aos demais passageiros/tripulantes, um dolo de 2º grau (pois, além de matar a autoridade, acaba por matar também os demais que estão dentro da aeronave).
	
Dolo Indireto:
	Pode ser:
Dolo Eventual: o agente prevê o resultado, e, embora não o queira, não se importa com a sua eventual produção do resultado, assumindo o risco de produzi-lo (“(...) assumiu o risco de produzi-lo”). Exemplo: motorista avança um sinal vermelho de pedestres, e embora não queira atropelar ninguém, este não se importaem atropelar.
Dolo Alternativo: quando a vontade do agente é direcionada de maneira alternativa em relação a: ao resultado (alternatividade objetiva – está ligado ao objeto que se ataca; dolo eventual + dolo direto) e à pessoa (alternatividade subjetiva – está ligado a uma pessoa ou coisa imaterial). 
	
Dolo Geral:
	Quando o agente, achando que obteve o resultado, pratica uma segunda ação com outra finalidade e só então ocorre o resultado inicialmente pretendido. Exemplo: X (agente) efetua 7 facadas em W (vítima); porém, W não morre no momento do ataque; vendo isso, X pega W e o joga dentro de um rio, e W morre por afogamento. Neste caso, o agente responde pelo dolo genérico de homicídio, não respondendo por dois crimes – mas por um único crime de homicídio doloso (independente da ocorrência do resultado anterior no exemplo, se for uma tentativa ou não).
	
Dolo Subsequente:
	É a aprovação retroativa de um resultado já produzido. Exemplo: quando A estava limpando sua arma, sem querer atira em B (A não sabia que a arma iria disparar no momento da limpeza, e que iria acertar seu vizinho B – A não tinha a intensão de matar B); porém, como A não gostava de seu vizinho B, quando A sai e se depara com a situação, este aprova o resultado (a morte de B). O agente (que é A) responde a título culposo (pois estava limpando a arma de maneira imprudente) ou a título doloso? Como tal situação não constitui dolo, o A responde – se ele teve culpa – por homicídio culposo, e nunca por doloso (mesmo tendo “gostado” do resultado; no entanto, se B estivesse vivo e A omite socorro, trata-se de um dolo por omissão). 
ATENÇÃO3! Não constitui dolo.
	Dolo Genérico:
	O agente tem a consciência e vontade de realizar os elementos objetivos descritos anteriormente no tipo penal.
	Dolo Específico:
	“Para si ou para outrem”.
	Dolo Natural:
	É um aspecto da conduta.
	Dolo Normativo:
	Integra a culpabilidade.
	
Dolo Geral:
	O agente pratica uma conduta, e imagina que alcançou o resultado; em seguida, pratica uma nova conduta, sendo que esta é a causadora do resultado inicialmente pretendido.
CAP. 26 – CRIME CULPOSO (art. 18º, II - C.P):
Prevê que: “Diz-se o crime: I – (...); II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”. Em outras palavras: o agente não quer o resultado, mas, por um ato imprudente ou por alguma atitude culposa dele, este comete uma imprudência/negligência/imperícia. A conduta humana que interessa para o direito penal só pode ocorrer de duas formas: dolosa ou culposa; se essa conduta não comporta nenhuma das duas formas, esta não interessa para o direito penal (não sendo considerada como crime). 
Conceito e elementos do delito culposo: é um ato humano voluntário, dirigido a um fim lícito, mas que por imprudência/negligência/imperícia, dá causa a um resultado não querido e nem mesmo assumido pelo agente, tipificado previamente em lei. 
É o somatório de: 
CONDUTA (comissiva/ação ou omissiva/omissão);
INOBSERVÂNCIA (de um dever de cuidado; negligência/imprudência/imperícia; exemplo: um motorista em excessiva velocidade);
RESULTADO LESVIVO (não querido e nem assumido pelo agente);
PREVISIBILIDADE (o agente deve ter a previsibilidade de que aquele fato pode vir ocorrer; se o agente não a tiver, vai ocorrer apenas uma fatalidade e nunca um crime culposo);
CRIME TÍPICO (previsão legal expressa – exceção: art. 18, § único - C.P; exemplo: não há dano culposo, apenas dano na forma dolosa); 
NEXO DE CAUSALIDADE incorpora esses 4 elementos – necessários para que ocorra o crime culposo.
O crime culposo é um tipo aberto, isto é, por não haver uma descrição completa e perfeita da figura típica, é preciso que o tipo seja completado pelo julgador. Exemplo: homicídio – existe a previsão legal do homicídio culposo (art. 121, §3º - C.P); não está dito textualmente como se dá o crime (por imprudência, negligência ou imperícia); se o homicídio é culposo, o juiz irá ter que complementar essa “espaço” – se o crime foi por imprudência, negligência ou por imperícia.
Imprudência, imperícia e negligência:
Imperícia (atividade profissional): sempre é uma atividade profissional; é a inaptidão do agente para o exercício de arte, profissão ou ofício. Exemplo: um cirurgião que comete um erro técnico no momento da cirurgia.
Imprudência: é um “fazer algo”; quando o agente pratica um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer. Exemplo: um motorista que anda em alta velocidade; ou, um pai que limpa uma arma ao lado do filho.
Negligência: é um “não fazer”; quando o agente deixa de fazer algo que a diligência normal impunha. Exemplo: um motorista que não concertou os freios do seu veículo, e por conta disso, veio a causar um acidente (conduta tipificada/prevista em lei como crime culposo); ou, um pai que deixa a arma ao alcance do filho – não observando o dever de cuidado que era retirar o objeto daquele lugar.
PSIU3! Em muitos casos, a imprudência e a negligência se interligam e, juntas, são consideradas como causa do resultado. Exemplo: como visto anteriormente, o motorista que sabe que não concertou os freios e imprime uma velocidade alta na via (este foi negligente e imprudente).
Culpa consciente e Culpa inconsciente:
	Culpa Consciente:
	O resultado é previsível para o agente, foi previsto por ele, mas o agente acredita sinceramente que ele não irá ocorrer. Exemplo: um sujeito que fura o sinal de vermelho.
	Culpa Inconsciente:
	É aquela culpa comum, sendo seu resultado previsível para o agente (previsibilidade), mas não foi previsto. 
Culpa consciente ≠ Dolo eventual (questão de prova!!): 
	Culpa Consciente
	Dolo Eventual
	É quando o agente prevê o resultado daquele crime, porém, o agente acha que com a sua habilidade pode evitá-lo. Traduzindo: o agente prevê que o fato pode ocorrer, acreditava que não iria fazê-lo, mas mesmo assim ele comete a “besteira”.
	
Quando o agente não se importa e nem quer o resultado, mas assume o risco de produzir o resultado (mesmo tendo previsto que o fato podia ocorrer). 
Culpa Inconsciente → CULPA CONSCIENTE || DOLO EVENTUAL ← Dolo.
SUPER DICA!!!
	
	O agente quer cometer o delito?
	Ele previu que aquilo poderia ocorrer?
	
Ele assumiu o risco?
	Dolo Direto
	SIM
	SIM
	SIM
	Dolo Eventual
	NÃO
	SIM
	SIM
	Culpa Consciente
	NÃO
	SIM
	NÃO, pois acredita que pode evitá-lo.
	Culpa Inconsciente
	
NÃO
	NÃO, mas era previsível, e não previsto pelo agente.
	
NÃO
	Fatalidade
	NÃO
	NÃO, pois não era previsível.
	 NÃO
Mas, qual é a regra do C.P: o crime culposo ou o crime doloso? A resposta para tal questionamento encontra-se previsto no § único do art. 18 - C.P: “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”. Na parte inicial do artigo (“Salvo os casos expressos em lei, (...)”), este deixa como exceção o crime culposo; portanto, o C.P brasileiro adota como regra o crime doloso – a exemplo, o dano. Independente se está no C.P ou em uma lei excepcional, deve estar expresso em lei (previu um crime → tem que ver se é ou não culposo; se não falar nada, o crime só é respondido a título de dolo e nunca de culpa).
É possível haver tentativa em crime culposo? Em regra, não, pois o iter criminis só existe nos crimes dolosos (quando há vontade). Portanto, não se pode cogitar, não se preparar e não se executar um crime culposo. A exceção é: a doutrina admite a possibilidade de tentativa nos crimes culposos quando se trata de crimes impróprios.
Culpa imprópria: ocorre nas hipóteses das descriminantes putativas (art. 20, §1º - C.P) em que, o agente, em virtude de um erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um delito culposo. Também denominada de culpa por assimilação, por extensão ou por equiparação, ocorre quando o agente, embora tenha agido com o dolo, nos casos de erro evitável/descriminantesputativas, o sujeito só vai responder por crime culposo. Então, pelo erro ser evitável, no final do §1º do art. 20: “não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”. 
A descriminante putativa é quando o sujeito imagina uma situação em que ele não está, por exemplo: A está sentado dentro de um bar, e este visualiza B (que ele sequer conhecia) fora do bar → B entra dentro do bar aparentando estar apressado, e vai em direção ao A → o A (imaginando que iria ser agredido), achando que vai ser agredido, saca um revólver e atira contra B, causando sua morte; só que, nesse caso, B não iria fazer nada, pois estava somente caminhando em direção ao balcão do bar, e não em direção à A. O caso de A é uma situação evitável, pois daria para ele esperar mais um “tempinho” para ver se seria agredido ou não por B. 
Como é uma atitude dolosa, e o sujeito irá responde a título de culpa (art. 20, §1º - C.P), a doutrina vislumbra a possibilidade da tentativa nesse caso – porque, a conduta é, em princípio dolosa (o agente quer matar – achando que está acobertado pela legítima defesa, mas não está). Tal como a lei prescreve, sendo um caso evitável (o agente responde por culpa), existindo a possibilidade tentativa (vai que A não consegue matar B) – respondendo por uma tentativa de homicídio culposo.
Compensação e Concorrência de culpas: 
É possível a compensação de culpas? Não, porque os dois agentes irão responder pelo delito culposo. No entanto, existe uma previsão no C.C no seu art. 368, que dita o seguinte: se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credora e devedora uma da outra, ambas as obrigações extinguem-se até onde se compensarem.
Para entender se é possível a compensação no direito penal, tomamos como exemplo: dois agentes (cada qual na direção de seus veículos automotores de forma imprudente) → colisão dos veículos → nesse acidente, somente os agentes (motoristas/condutores do veículo) saíram levemente feridos → nesse caso, irá haver a possibilidade de compensação de culpa, deixando a lei penal de punir, em virtude disso, os agentes que se envolveram no acidente? → Não, pois não se admite compensação de culpa no direito penal (no exemplo dado, ambos os agentes serão réus e vítimas, de dois processos –, pois agiram com culpa).
É possível a concorrência de culpas? Sim, sendo analisada em umas das fases previstas no art. 59 - C.P, isto é, na fase de aplicação da pena – o juiz levará em conta a culpa da vítima. Utilizando do exemplo anteriormente visto, ambos os agentes agiram com culpa → o juiz irá olhar se a vítima concorreu para o crime (vai ser levado em conta na aplicação do aludido artigo; ou seja, quando dois ou mais agentes estiverem agindo juntos, com comunhão de vontades, para a prática de um mesmo delito) → é possível que a pena do agente fique menor/mínima por conta da vítima ter concorrido → então, se ambos agiram de forma imprudente, os dois ocasionaram o crime.
Mas, e se a culpa for exclusiva da vítima? Se for exclusiva da vítima, subentende-se que ela sozinha deu causa ao resultado – e, para o direito penal, esta não seria uma vítima (e, então, entraríamos na questão da fatalidade).
PSIU4! O art. 29 - CP diz que “quem de qualquer forma concorrer para a prática de um crime responderá por este delito, na medida de sua culpabilidade”. Todos os agentes respondem pelo mesmo crime, mas a pena de cada um será adequada a sua culpabilidade. Para caracterizar o concurso de pessoas é preciso reconhecer no caso concreto a existência de um liame subjetivo (comunhão consciente de vontades/interesses entre os envolvidos na prática do delito) entre os envolvidos na prática do crime (é preciso que um agente saiba o que o outro irá fazer, e é preciso haver uma concordância mútua e consciente entre a ação desses agentes). É indispensável a identificação desse nexo subjetivo entre os agentes, pois se não houver, não haverá concurso de pessoas naquele caso. Existem em duas modalidades: coautoria e a participação.
Culpa presumida:
Existe a culpa presumida (fazer uma presunção de culpa)? Não, pois culpa é um tipo aberto – isto é, não há uma previsão no código que diz “a culpa ocorre por isso”. Normalmente, a redação do artigo utiliza a seguinte expressão: “SE o crime é culposo” – por exemplo, se o crime de homicídio é culposo, se o crime de lesão é culposo – por isso, é preciso que o juiz complemente esse ato, vendo se o agente agiu com imprudência, negligência ou imperícia. E, se assemelha ao direito penal do autor.
CAP. 27 – RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (art. 13º - C.P):
Relação de Causalidade ou Nexo Causal (art. 13º, caput - C.P): “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”.
Conceito: é o vínculo/ligação do qual se utiliza para saber se uma conduta em específico, causou um resultado (e, se esse último é crime) – resumindo, essa relação investiga se a conduta é causa de um resultado, e se isto for considerado um crime, o sujeito irá responder.
CONDUTA ← NEXO CAUSAL → RESULTADO.
Existem 3 teorias acerca dessa relação de causalidade, que irão dizer o que faz essa liga/nexo causal e como funciona esse nexo. O C.P brasileiro adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais. São elas:
Teoria da Causalidade Adequada: define causa como a condição necessária e adequada que determina a produção de um resultado/evento. A conduta é adequada quando é idônea a gerar um efeito. Exemplo: não há nexo causal entre acender uma lareira e o incêndio na casa, pois para incendiar uma casa, não basta que se acenda uma lareira.
Teoria da Relevância Jurídica: traz o necessário para que uma conduta seja a causa de um resultado. Define causa como a condição relevante para o resultado; o juízo de relevância deve ser compreendido, a princípio, como englobador da adequação; e, irrelevante é tudo o que é imprevisível para o Homem prudente, situado no momento da prática da ação. Só é causa relevante o objetivamente previsível. Exemplo: se uma pessoa jogar um balde de água em uma represa completamente cheia, fazendo romper o dique e causando uma inundação, não poderia ser penalmente responsabilizado, pois sua conduta não pode ser considerada relevante ao ponto de ser-lhe imputada uma infração penal.
Teoria da Equivalência dos Antecedentes Causais (conditio sine qua non): “condição sem a qual não” (“Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”), indica circunstâncias indispensáveis à validade ou existência de um ato. Segundo sua denominação, se considera causa/concausa do resultado delituoso qualquer fator (humano ou natural) que haja contribuído para a produção do mesmo. Por um processo hipotético de eliminação (desenvolvido pelo professor sueco Thyrén), tem como finalidade encontrar as causas do resultado lesivo, onde, por exemplo:
HOMICÍDIO: 
→ qual causa deu resultado ao homicídio? 
→ para isso, precisamos voltar no tempo...
→ olhar todos os fatos antecedentes 
→ suprimir esses fatos antecedentes ao crime
→ eliminar fatos não necessários para o resultado 
→ deixar somente os fatos relevantes para a ocorrência do resultado/homicídio, e
→ suprimido o fato + se o fato modificar = sinal de que deve ser considerado causa do resultado.
ATENÇÃO4! A crítica a essa teoria diz que: esta geraria uma regressão ao infinito (atinge injustamente indivíduos que não possuem nenhuma relação de causalidade com o crime; a exemplo, o pai e a mãe do sujeito que cometeu o crime de homicídio). Em decorrência disso, o C.P traz como solução para essa injustiça um limitador dessa regressão, que é o dolo e a culpa (então, além do agente ter participado e causado uma sine qua non, este tem que ter uma vontade ou ter cometido um ato culposo/participado de alguma forma para que aquele crime – no caso, o homicídio – ter sido consumado). Como não pode ocorrer essa regressão “ao infinito”, esses indivíduos atingidos por ela não podem responderpelo crime. 
Superveniência de causa independente (art. 13º, §1º - C.P*): “A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou”. A fim de um melhor entendimento do §1º do aludido artigo, vejamos:
CAUSAS (do resultado): há duas espécies de causas, ligadas à conduta do agente (réu).
Absolutamente Independentes: não possui relação nenhuma com a conduta do agente; é aquela situação que teria acontecido, vindo a produzir um resultado; logo, não importando a conduta do agente, o resultado ocorre do mesmo jeito, e o agente responde apenas pela conduta que praticou, mas não pelo resultado. Para, então, se descobrir a consequência, utiliza-se o processo hipotético de eliminação (a questão é: se eliminarmos a conduta do agente, ainda sim o resultado ocorreria? Sim, mesmo eliminando a conduta do agente, o resultado ocorre assim mesmo – nos três casos abaixo). Subdivide-se em: 
Preexistentes: a causa acontece antes da conduta do agente. Exemplo: A ingere veneno, querendo se suicidar → posteriormente, B quer matar A e dá-lhe um tiro → A morre; neste caso, A morreria de qualquer jeito por ter tomado o veneno; já B, responde pela conduta (tentativa de homicídio) e não pelo resultado (homicídio consumado)
Concomitantes: a causa ocorre juntamente à conduta do agente. Exemplo: B e C – que não possuem ligação nenhuma → têm um desafeto com A → “preparam” a morte de A, que cai no mesmo dia; B e C –sem concurso de agente → sacam um revólver → atiram em A → B acerta uma área vital e C acerta de raspão A → A vem a óbito; no exemplo dado, B é que acerta o tiro fatal → que é a causa concomitante que levou ao resultado.
Supervenientes: a causa se dá depois da conduta do agente. Exemplo: antes que A morra em decorrência do tiro dado por B, o prédio em que mora desaba – e A morre não pelo tiro, mas sim pelo desabamento. 
Nos três casos de homicídio, o agente só responde pelo resultado que os seus atos, até então praticados, produziram – ele queria matar, mas não conseguiu pela sua conduta (como são circunstâncias alheias à vontade, configura-se tentativa de homicídio).
Relativamente Independentes (causa + conduta do agente): possui uma relação relativa com a conduta do agente; em regra o agente responde pelo resultado (se a conduta do agente não tivesse ocorrido, o resultado também deixaria de ocorrer), devendo-se analisar se a causa é anterior, concomitante ou posterior aos fatos – excluindo a imputação quando, por si só, produzir o resultado. Tal como a anterior, ela pode ser: 
Preexistentes: exemplo – X dá uma facada em Z → Z morre por ser hemofílico; aqui, ser hemofílico é uma condição pré-existente, ou seja, anterior à facada. Porém, se Z não tivesse sido esfaqueado, continuaria a viver, mesmo com a sua hemofilia. Portanto, a hemofilia é uma causa relativamente independente, anterior – e X responderá pelo resultado (homicídio consumado).
Concomitantes: exemplo – A dá um tiro em B → só que A erra → no mesmo instante, B fica assustado → tem um ataque cardíaco → e morre. Nesse caso, o ataque cardíaco é uma causa relativamente independente concomitante, pois; e A responde pelo resultado (homicídio consumado).
Supervenientes*: exemplo – A atropela B → B é levado ao hospital → porém, B contrai uma infecção hospitalar → e morre da infecção, mas não do atropelamento. A infecção é uma causa relativamente independente superveniente – que se encontra na linha evolutiva dos acontecimentos (que naturalmente podem se desdobrar) –, mas que NÃO produziu por si só o resultado; e A acaba por responder pelo resultado produzido, de acordo com a sua vontade (dolo/homicídio). Outro exemplo: P atira em R → R é levado de ambulância ao hospital → durante o caminho, a ambulância colide com outro veículo → R morre prensada; a colisão de veículos é uma causa relativamente independente superveniente – mas que, não se encontra na linha evolutiva dos acontecimentos – e, SIM, produziu por si só o resultado; e P responde só responde pelo resultado que os seus atos, até então praticados, produziram (lesão corporal); o que exclui a imputação, “livrando” o sujeito do crime, porém, imputa-se os fatos anteriores.
Nas duas primeiras (preexistente e concomitante), o agente responde pelo resultado produzido, de acordo com a sua vontade (dolo) – se o agente queria a morte e o indivíduo morreu, é homicídio; se ele queria somente lesionar, mas o indivíduo morreu, é lesão seguida de morte.
Relevância da Omissão (art. 13º, §2º - C.P): “A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado”. O artigo trata da relevância da omissão, valendo somente no crime omissivo impróprio (tem-se uma ação através de uma omissão).
Segundo esse artigo, temos dois tipos de omissão:
	
OMISSIVO PRÓPRIO (Puro/Simples):
	Também chamado de “omissivo puro” ou “omissivo simples”, corresponde à uma conduta negativa, o “não fazer”. Exemplo: omissão de socorro (art. 135 - C.P). É o tipo penal descreve a omissão, não admitindo tentativa, e são sempre dolosos (não se admitindo negligência/imprudência/imperícia; deve haver a vontade do agente de cometer o crime omissivo próprio). Exemplo: abandono material, intelectual, omissão de notificação de doença e a prevaricação.
	
OMISSIVO IMPRÓPRIO (Comissivo por omissão/Omissivo qualificado):
	Diferentemente do omissivo próprio, este não é mais um “não fazer”, mas corresponde a uma conduta positiva (comissiva ↔ ação), que só é praticada via omissão por quem tinha o dever de agir para evitar o resultado (doloso ou culposo).
Essas pessoas que têm esse “dever de agir”, podem cometer um crime não por terem uma ação, mas sim por não terem socorrido. Portanto, é o tipo penal que descreve a ação, admitindo tentativa (pois, tem também a nomenclatura de comissivo por omissão – responde como se fosse uma atitude comissiva/ação, como se o agente tivesse feito algo proibido em lei), e podem ser dolosos ou culposos. Exemplo: um salva vidas que se omite em salvar uma pessoa que está se afogando (respondendo pela tentativa de homicídio).
Mas, o que se deve ter para que essa omissão seja relevante? O crime omissivo próprio, por exemplo a omissão de socorro, já é relevante em si, porque o próprio artigo diz que “não fazer algo” é relevante. No omissivo impróprio, é preciso ter-se uma relevância dessa omissão, e essa relevância corresponde a soma de dois fatores: dever de agir + poder de agir. 
	Dever de Agir
	Poder de Agir
	É algo normativo (previsto em lei); corresponde no artigo às alíneas a, b e c.
	Se deve ter uma possibilidade real e efetiva/física de agir;
Exemplo: um indivíduo que não sabe nadar, mesmo que tenha o dever de agir, não precisaria salvar alguém que está se afogando, porque provavelmente iria se afogar junto – então, este tem uma impossibilidade física de agir; e, por mais que se encaixe em uma das regras (que serão vistas mais à frente), ele estaria isento desse dever, não respondendo pelo crime.
Quais são as condições da lei para que alguém fique ou tenha esse dever agir? É o que a doutrina chama de “posição de garantidor” (só irá responder pelo crime omissivo impróprio, quem assume essa posição). As condições são: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância (obrigação legal). Exemplo: o salva vidas tem que fazer de tudo para que a pessoa não morra (art. 144, V – CF/88); os pais em relação aos filhos (art. 1.634 - C.C).
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado (outra forma que não a obrigação legal – o agente assume por conta própria, e mesmo sem qualquer retribuição, esse encargo de garantidor). Exemplo: um pai na praia, pede para um desconhecidoolhar o filho, enquanto vai dar um mergulho → esse alguém assume a responsabilidade de impedir que qualquer coisa aconteça com a criança; caso a criança se afogue, e essa pessoa não faz nada – sendo uma atitude dolosa ou culposa – esse alguém responde pelo crime de homicídio, e não de omissão de socorro.
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (ou seja, o dever de agir incube a quem, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado). Exemplo: alguém está fumando dentro de uma sala de cinema → joga a “bituca” de cigarro no acento → o acento começa a pegar fogo; essa pessoa, com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência de um incêndio, e pôr fim a morte das pessoas presentes na sala de cinema. Ela teria o dever legal de assumir a posição de garantidor, e evitar ou tentar evitar que esse resultado ocorresse.
CAP. 28 – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA (art. 14º - C.P): “Diz-se o crime: I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. § único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.
Iter Criminis: é o conjunto de etapas que se sucedem, cronologicamente, no desenvolvimento do delito (só existe nos dolosos). Tais fases se dividem em: fase interna, e fase externa. Dentre as etapas do iter criminis, temos: 
Cogitação → Preparação → Execução → Consumação → Recebimento.
ETAPA DA COGITAÇÃO (cogitatio): corresponde a fase que se passa na mente do agente – isto é, é o que ele está imaginando fazer. É onde o agente irá definir a infração penal que deseja praticar, antecipando mentalmente o resultado que este vai buscar alcançar (“vai ser tal crime... em tal lugar...”).
ETAPA DE PREPARAÇÃO (atos preparatórios → não é crime → não é punível): Uma vez escolhida a infração penal a qual deseja realizar, este começa a preparar com a finalidade de obter o êxito na empreitada criminosa – de conseguir alcançar o objetivo dele –, selecionando os meios aptos a chegar no resultado, procurando um lugar mais “apropriado”, realiza alguns atos, etc. O agente prepara tudo para que possa, efetivamente, ingressar na terceira fase. 
ETAPA DE EXECUÇÃO (atos de execução → já é crime → é punível): ao adentrar nessa fase, duas coisas podem ocorrer: a) ele pode entrar na quarta etapa, e consumar realmente o crime; ou, b) ele pode ficar na esfera da tentativa – não adentrando na quarta etapa.
ETAPA DE CONSUMAÇÃO (summatum opus).
OBS8! *Há uma “polêmica” entre os doutrinadores: a existência de uma quinta etapa (etapa de exaurimento), e se é ou não uma etapa do iter criminis. Alguns entendem que somente existe quatro fases (cogitação → preparação → execução → consumação); já outros compreendem que o crime ainda continua por uma quinta etapa (cogitação → preparação → execução → consumação → exaurimento). 
PSIU5! Fase Interna ≠ Fase Externa. 
Fase Interna: localiza-se na etapa de cogitação.
Fase Externa: inicia-se nos atos de preparação, e vai até a etapa de consumação do delito –, ou, até a etapa de exaurimento (segundo alguns doutrinadores).
No entanto, algumas etapas do iter criminis não são punidas pela lei penal (após os atos de execução, ou o crime é consumado, ou ele não é consumado por circunstâncias alheias à vontade – ficando na esfera da tentativa; ele é tentado, quando, iniciada a execução). Pela regra geral, a primeira e a segunda etapa (cogitação e preparação) não são puníveis pela lei penal; porém, há uma exceção a essa regra: quando o legislador definir como crime, sendo possível, então, a punição por parte do C.P. Por exemplo, o art. 288 - C.P (crime de quadrilha ou bando). O próprio legislador disse que, a quadrilha ou bando é crime, ou seja, quando se reúnem mais de quatro pessoas para o fim de cometer crimes (o que seria um ato de preparação), isso é punido pela lei penal – fora isso, nenhum ato de cogitação ou preparação é punido. 
Essa não punibilidade da cogitação e dos atos preparatórios gera um grande problema dentro do direito penal, pois, é preciso saber qual que é a linha que se passa para o lado da execução, e qual que é a linha que se passa para o lado do ato preparatório – entre esses dois, tem-se uma “zona cinzenta” (Cogitação → Preparação < Zona Cinzenta > Execução → Consumação → Recebimento.). Tendo em vista tal situação, sabemos que, na cogitação não tem-se como punir; mas, e nos atos preparatórios? Para isso, o direito penal trouxe-nos algumas teorias e seus aspectos de definir o que é ato de execução e o que é ato preparatório:
Teoria Subjetiva: o agente, de modo inequívoco, exterioriza sua conduta no sentido de praticar a infração penal. Isto é, o sujeito já exterioriza por meio do seu comportamento que ele quer cometer, por exemplo, um homicídio – respondendo penalmente por um homicídio tentado. Porém, é considerada uma teoria muito radical.
Teoria Objetiva: 
Objetiva-formal: quando o agente já tenha praticado a conduta descrita no tipo penal. Exemplo: em um crime de homicídio, X puxa o gatilho do revólver; X estaria, então, cometendo o crime na sua forma tentada, ou seja, passando da fase de preparação para a fase de execução, quando puxa o gatilho.
Objetivo-material: complementa a teoria anterior; é quando o agente já tenha praticado a conduta descrita no tipo penal, ou tenha praticado algum ato imediatamente anteriores ao início da conduta (isso já seria um ato de execução), de acordo com a visão de uma terceira pessoa alheia aos fatos. Exemplo: um sujeito põe uma escada no muro de uma casa → começa a subi-la com um pé de cabra na mão; por essa teoria, o agente ainda não praticou a conduta descrita no tipo penal, pois, não subtraiu nada; ele está apenas começando um ato preparatório para adentrar na residência; a partir do ângulo de visão de uma 3ª pessoa alheia aos fatos, presumisse que esse sujeito vai furtar.
Da hostilidade ao bem jurídico: é o que ataca efetiva e imediatamente o bem jurídico. Essa teoria diz que, o ato de execução ocorre quando o bem jurídico é, efetiva e imediatamente, atacado. Já o ato preparatório seria o que possibilita ocorrer, mas não é ainda, sob o prisma objetivo, o que ataca (efetiva e imediatamente) o bem jurídico. 
OBS9! Há uma certa confusão entre essas teorias (vide ATENÇÃO5! e ATENÇÃO6!). 
ATENÇÃO5! "O simples fato de o apelante ter aberto o portão, ingressado no quintal e colocado o corpo para dentro da janela da moradia não pode significar começo de execução de um crime de furto, cujo núcleo é 'subtrair'. E preciso um começo típico de execução, para que haja delito tentado” (JUTACRIM-SP 99/ 151). Ou seja, o fato do sujeito entrar dentro da casa e colocar a cabeça na janela, não configuraria furto – poderia configurar, no máximo, uma violação de domicílio → objetivo-formal.
ATENÇÃO6! “O arrombamento constitui ato típico de início de execução da subtração patrimonial, de sorte a responder por furto tentando com o agente que, após estourar a fechadura de um portão e de duas portas, acaba sendo preso em flagrante no jardim da casa da vítima, embora não houvesse penetrado no interior da residência” → objetivo-material. 
Com isso, paira uma dúvida no direito penal, relacionada à zona cinzenta – ao qual já foi mencionado. E, quando têm-se essa dúvida, usamos o chamado in dubio pro reo, ou seja, na dúvida, dá-se o direito da dúvida para o réu (um voto de confiança). Assim sendo, se estivermos muito incertos se essa zona é ato de execução ou de preparação, deve-se tratá-lo como ato de preparação.
CONSUMAÇÃO (art. 14º, I - C.P): “Diz-se o crime: I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (...)”. Conforme a classificação doutrinária, cada crime vai ter a sua particularidade, assim, nem todos os delitos possuem o mesmo instante de consumação – variando de acordo com a infração. Logo, a consumação se dá nos crimes:
Materiaise culposos: quando se verifica a produção do resultado (homicídio);
Omissivos próprios: com a abstenção do comportamento imposto (omissão de socorro);
Mera conduta: com o simples comportamento previsto no tipo (violação de domicílio);
Formais: com a prática da conduta típica, independente do resultado (extorsão mediante sequestro);
Qualificados pelo resultado: com a ocorrência do resultado (lesão corporal → aborto);
Permanentes: enquanto durar a permanência (sequestro e cárcere de privado).
TENTATIVA (art. 14º, II - C.P): “Diz-se o crime: II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente”.
Conceito: é uma norma de extensão, tal como o concurso de pessoas (art. 29 - CP), servindo para ampliar a figura típica (se iniciada a execução, mas não se consumar, o agente responde assim mesmo) – isto é, deve-se ter um crime definido em lei/norma penal (art. 121 - CP). Amplia, pois abrange situações não previstas no tipo penal; portanto, ela define o que é o crime tentado. Caso não exista essa norma de extensão (ou seja, caso não houvesse previsão da lei penal), não haveria crime na tentativa, logo, a tentativa não seria punida – a exemplo, no art. 4º – L.C.P, “não existe tentativa na contravenção penal”, não sendo punível a tentativa em contravenção penal.
Elementos Caracterizadores:
Conduta Dolosa: tem que haver a vontade de praticar o crime, pois, a conduta culposa (imprudência, negligência ou imperícia) não admite tentativa – não se pode consumar um crime, “por circunstâncias alheias à vontade do agente”, se este não tem a intenção de praticá-lo, ou seja, o dolo.
Ingressar nos Atos de Execução: se o agente encontra-se no ato de preparação, não é considerado crime, logo, não são puníveis – a não ser nos casos excepcionais já mencionados; é preciso adentrar no ato de execução, para ser considerado tentativa. O crime admite a tentativa, quando puder fracionar/dividir o iter criminis em fases/etapas – quando não houver a possibilidade dessa divisão em etapas, não existirá a tentativa*.
Não consumação do Crime (“por circunstâncias alheias à vontade do agente”): essas circunstâncias alheias são, qualquer fato externo que, de qualquer modo, influencie na interrupção da execução – não importando se o agente tiver esgotado todos os meios que estavam à sua disposição e foi impedido por alguém, ou foi interrompido durante a execução do crime. Entretanto, isso não se aplica aos casos em que, o agente voluntariamente interrompe a execução, desistindo de prosseguir (a chamada desistência voluntária); ou, então, quando este venha a impedir a produção do resultado, mesmo após ter praticado tudo o que estava ao seu alcance para chegar à consumação do delito (o chamado arrependimento eficaz). Portanto, nesses dois casos, não configura-se tentativa.
Crimes que não admitem tentativa*:
Crimes Culposos (ao contrário da culpa imprópria que admite a tentativa, pois, é uma ação dolosa do agente, que é vista por uma política criminal como um ato culposo);
Crimes Preterdolosos (a conduta do agente vem com dolo, mas ao final, a conduta torna-se culposa; exemplo: lesão seguida de morte);
Contravenções Penais (art. 4º – L.C.P);
Crimes que preveem a tentativa com a mesma pena do crime consumado (se temos tanto a pena de tentativa como a de consumação no mesmo delito, não se tem porque aplicar a tentativa – o agente vai ser punido da mesma forma; o artigo já prevê a tentativa com a mesma pena do crime consumado);
Crimes Unissubsistente (a conduta do agente é exaurida, ou seja, ela termina em um único ato, não podendo fracionar o iter criminis); 
Crimes Omissivos Próprios (art. 135 - C.P – omissão de socorro);
Crimes em que só há uma punição quando ocorre o resultado (crimes condicionados - art. 122 - C.P);
Crimes Habituais (rufianismo (art. 230 - C.P), prostituição, curandeirismo (art. 284 - C.P), etc.);
Crimes de Atentado (art. 352 - C.P).
Classificação Doutrinária: para a tentativa, não importa se o agente esgotou todos os meios disponíveis. Em decorrência disso, a tentativa é classificada, a partir da perspectiva do agente, em: 
Tentativa Perfeita (Acabada ou Crime falho): quando o agente faz tudo que pode, mas, mesmo assim, por uma circunstância alheia à sua vontade, esgota todos os meios disponíveis que possui – não se consumando o delito. 
Tentativa Imperfeita (Inacabada): quando o agente é interrompido durante do ato de execução. Exemplo: alguém impede de A efetuar disparos contra o seu desafeto B.
Tentativa em Crimes Complexos: como foi visto anteriormente, crime complexo é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos penais (exemplo: roubo = furto + ameaça + lesão) – desse modo, ocorre a tentativa quando não são preenchidos todos os elementos que o compõe. A exceção é, em casos de crime de latrocínio (súmula nº. 610 – STF: segunda esta, primeiramente deve-se olhar o homicídio, que irá ditar o que acontece com esse crime – se foi consumado, o latrocínio foi também; se o homicídio foi tentado/não consumado, o latrocínio também foi – independente do crime de roubo).
Tentativa Branca (Incruenta): é quando o agente, depois de utilizar os meios que possuía, não consegue atingir a pessoa ou a coisa da qual almejava. Exemplo: X tenta matar Y → porém, X não acerta nenhum tiro em Y (este último, não sofre nenhum arranhão); ou: M quer danificar um carro → lança um martelo em direção ao carro → o martelo não atinge o veículo (configura-se tentativa de dano).
Tentativa Vermelha (Cruenta): o agente, depois de utilizar os meios que possuía, atingir o objeto material do qual almejava (e, consequentemente, acaba sofrendo um dano), ou quando a pessoa/vítima é atingida.
DICA!! Deve-se sempre olhar o dolo do agente (o que ele queria fazer), porque, sem identificar o dolo do agente, não pode-se concluir se ele desejava matar (art. 121 - C.P) ou só ferir/lesionar (art. 129 - C.P), ou tão somente expor a vida de terceiro em perigo (art. 132 - C.P).
Punibilidade da Tentativa (“§ único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”): como a tentativa é punida? Existem duas teorias que definiram como deve ser punida: a teoria subjetiva (pena da tentativa = pena do crime consumado) e a teoria objetiva (pena da tentativa < pena do crime consumado). O C.P brasileiro adotou como regra, a teoria objetiva. 
Teoria Subjetiva: a pena da tentativa vai ser igual a pena do crime consumado, não havendo uma diferenciação (basta a vontade do agente de produzir o resultado, e este respondendo pelo delito com a mesma pena do crime consumado). 
Teoria Objetiva (Temperada, Moderada ou Matizada): traz o oposto da anterior, onde, a pena da tentativa vai ser menor que a pena do crime consumado, não podendo ser a mesma pena.
No entanto, há uma exceção quanto a teoria objetiva. Assim, como previsto no § único do aludido artigo, salvo disposição em contrário, não vai se punir a tentativa com uma pena menor que a pena do crime consumado. Dentre essas exceções, temos:
Tentativa como Crime Autônomo: quando o C.P define a própria tentativa como um crime. Exemplo: art. 352 - C.P. 
Pena da Tentativa = Pena do delito Consumado. 
Aplicação da Pena:
Pena do Crime Consumado: diminui de 1/3 a 2/3, a critério do juiz (critérios doutrinários: ver quanto do iter criminis o sujeito já percorreu – se está no início da execução ou próximo da consumação). Se estiver próximo da consumação, o juiz aplica o mínimo (1/3) e a pena do sujeito fica maior; ou, se estiver no início da execução, o juiz aplica o máximo (2/3) e a pena do sujeito fica menor. 
Exemplo: em uma pena de 3 anos se for diminuído o mínimo – ou seja, 1 ano –, o resultado é 2 anos de pena; se for diminuído o máximo – ou seja, 2 anos – o resultado é 1 ano de pena. É o caso da tentativa branca.
ATENÇÃO7! Quando maior a proximidade da consumação, menor será a diminuição.
CAP. 29 – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ (art. 15º - C.P): “O

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