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Arquitetura da casa da família Samsa e a superestrutura econômica marxista

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Janayna Yumi Fugita Abrahão - 31459528
João Paulo Velkis Bio - 31461557
Mariah Peçanha de V. Pereira - 31433065
Vítor Fernandes Marinho Curia - 31464246
A metamorfose e a alienação segundo Marx: a solidão do indivíduo, indefeso diante do poder.
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
São Paulo
2014
Janayna Yumi Fugita Abrahão
João Paulo Velkis Bio 
Mariah Peçanha de V. Pereira 
Vítor Fernandes Marinho Curia 
A metamorfose e a alienação segundo Marx: a solidão do indivíduo, indefeso diante do poder.
Trabalho apresentado para avaliação parcial do segundo semestre na disciplina de Sociologia. Universidade Presbiteriana Mackenzie. Faculdade de Direito.
São Paulo
2014
Resumo da Obra
 A narrativa fantástica de Franz Kafka (1883-1924) conta a história do protagonista, Gregor Samsa, um caixeiro-viajante que, após uma noite intranquila de sono, encontra-se transformado em um grande inseto. Logo após essa surpresa inicial, Gregor, que tinha o papel de provedor econômico da casa, perde sua função e torna-se o mais dependente, econômica e fisicamente, de toda a sua família. Após inúmeros conflitos com a mãe, o pai e a irmã, sua situação torna-se insustentável, até o ponto de ser abandonado pela sua família e entregar-se a morte.
Arquitetura da casa da família Samsa e a superestrutura econômica marxista
	Logo nas primeiras páginas da obra, Franz Kafka apresenta, de forma indireta, a arquitetura da casa da família Samsa. O quarto de Gregor Samsa, encontra-se no centro, o que pode ser intimamente relacionado com a ideia de superestrutura e infraestrutura proposta por Karl Marx. 
	De acordo com Marx, a infraestrutura (meios de produção, força de trabalho; em suma, o modelo econômico vigente) influencia de modo direto a superestrutura (pensamento religioso, jurídico, político etc.) e é a partir disso que será feita a relação proposta. 
“A construção das ideias, das formas de consciência, da própria religião, das instâncias políticas e jurídicas, tudo isso é fruto, historicamente, das relações concretas dos homens, envolvidos no sistema produtivo. [...] A produção concreta da vida social produz certa forma de ideias.” (MASCARO, 2013, p. 277)
Gregor Samsa, primogênito da família Samsa, é o encarregado por suprir as necessidades econômicas de sua família burguesa (falida, pois não é mais proprietária do capital, tornando-se assalariada), ou seja, ele é a fonte de renda da família. Mascaro expõe de forma objetiva essa ideia no pensamento ao dizer que: “a produção condiciona as demais relações sociais do homem”. Logo, por representar o individuo que dá unicidade à família Samsa, seu quarto localiza-se no centro da casa; ele é o centro arquitetônico e narrativo da obra e aparece cercado por sua família. Na narrativa de Kafka: “... bateram com cautela a porta, na cabeceira de sua cama [...] e o pai já batia em uma das portas laterais [...] Na outra porta lateral, a irmã lamentava em voz baixa” 
 Comparando a estrutura arquitetônica proposta por Kafka e a infraestrutura e superestrutura propostas por Marx, há de se observar semelhanças. Assim como no modelo marxista, no qual a economia é o elo, ou melhor, aquilo que une e dá validade para todas as outras ciências, na obra de Kafka, o elo da família Samsa é justamente o suporte/base econômica que Gregor representa. Isso dá base para outras considerações. 
A primeira delas, diz respeito à função de Gregor perante sua família. Ele é visto, a priori, como o único apto ao trabalho, ou seja, toda a responsabilidade econômica recai sobre ele – a irmã é considerada muito nova, o pai muito velho e a mãe muito frágil por conta da asma – dessa forma, é sua responsabilidade manter o padrão de vida burguês de sua família, mesmo que de forma assalariada. Entretanto, ao se metamorfosear, ele perde todo seu potencial de trabalho, então há uma quebra total desse elo. Ocorre uma inversão de “papeis” na situação: ele, que antes era o provedor, precisa ser sustentado pelos demais, o que gera grande incômodo. Ironicamente, quando o contrário acontecia, não gerava incômodo algum a Gregor. A alienação que ele sofreu por conta do trabalho e da responsabilidade de ser o provedor de sua família fez com que ele internalizasse tudo isso e se preocupasse única e somente com o sustento econômico de seus familiares, mesmo metamorfoseado. [1: Nota-se ao longo da obra que em momento algum a família pensa em “descer” de classe social]
“Por que ele não se levantava e deixava o gerente entrar? Por que ele estava a perigo de perder seu emprego e por que aí o chefe voltaria a perseguir seus pais com as velhas exigências? [...] Gregor ainda estava ali e não cogitava o mínimo que fosse deixar a sua família. É claro que no momento estava deitado sobre o tapete e ninguém que tivesse conhecido sua situação seria capaz de lhe pedir a sério que deixasse o gerente entrar. Mas por causa dessa pequena indelicadeza, para a qual mais tarde com certeza acharia uma desculpa adequada, Gregor não poderia ser mandado embora assim no mais, de pronto” “Senhor gerente! Poupe meus pais!” (KAFKA, 1915, p.27). 
Ao perder todo seu potencial de trabalho, Gregor acaba por quebrar o “sistema” econômico do qual era fator indispensável para sua existência. No momento em que a estrutura desmorona, o mesmo acontece com a superestrutura. Analogamente, ao analisar o sistema marxista, há de se chegar a conclusão de que, retirando o modelo econômico vigente (capitalismo, no caso) que seria o elo, o ciclo que antes era sustentado por ele, se quebra. Surge então a necessidade de se construir outro ciclo com um elo diferente mas que desempenhe as mesmas funções. 
Superestrutura em Kafka:
Superestrutura em Marx:
A Alienação, a Desumanização e a Inversão dos Papéis nos Samsa.
Seguindo o conceito de alienação de Marx, Gregor Samsa é um sujeito totalmente alienado e desumanizado mesmo antes de sua metamorfose. A alienação verifica-se, em primeiro lugar, pelo fato de Gregor não ser dono de seu próprio trabalho, pois trabalha para sanar uma dívida de família. O indivíduo, quando alienado, é desumanizado, não se envolve mentalmente com a atividade que exerce e usa apenas sua força física em detrimento do intelecto. Gregor é um sujeito com mentalidade conformista e, mesmo após sua transformação, seus primeiros pensamentos são apenas sobre o trabalho, a dívida, o fato de desapontar seu chefe e de como prover a casa.
Mesmo se dando conta de sua condição de inseto, são esses os pensamentos de Gregor:
“Quando eu tiver reunido a quantidade necessária para pagar a dívida de meus pais – uns cinco ou seis anos ainda – não há dúvida de que o faço! E então, sim, que me arrumo! 
Bem, mas por enquanto o que eu tenho a fazer é levantar-me, que o trem sai às cinco.” (KAFKA, 1915, p.12)
Gregor é um símbolo do sujeito sufocado em meio ao desenvolvimento da indústria e do capitalismo.
Sobre Gregor e sua condição, é interessante a colocação de Vladmir Nobokov (escritor russo, autor de clássicos como Lolita), que estudou e lecionou sobre a obra de Kafka:
“[Samsa] tem uma enorme barriga convexa dividida em segmentos e costas duras e redondas sugerindo um abrigo para asas. Em besouros esses abrigos escondem pequenas e frágeis asas que podem ser expandidas e então podem levá-lo por quilômetros e quilômetros em um voo errático. Curiosamente, Gregor o besouro nunca descobriu que possuía asas sob a carapaça dura de suas costas.” (NABOKOV, Vladimir).
O que torna o homem diferente de outros seres vivos é a capacidade de raciocínio e a consciência. A metamorfose de Gregor mostra uma alienção de sua condição humana, pois ao dedicar-se integralmente ao trabalho, ele passa a ter somente uma vida produtiva sendo privado de sua liberdade e perdendo, inclusive, sua consciência e a capacidade de pensar, devido ao fato de estar preso ao que o patrão o mandafazer. Isso não só o aproxima, mas torna Gregor um animal.
Aos alienados falta consciência de vida, Nabokov ainda diz: “Esta é uma observação muito boa de minha parte para ser apreciada por todas suas vidas, Alguns Gregors, alguns Joãos e Marias não sabem que possuem asas.” 
 Ao não saber que possuem asas, os alienados se predem à condições mesmo que degradantes. No caso de Gregor, em um primeiro momento vivia em função de sua dívida e do patrão. Após a metamorfose, passou a viver alheio à família, pois estava sempre embaixo da cama e comia coisas podres.
A obra mostra a alienação como um ciclo, já que após a morte de Gregor, o pai e a mãe despertam para o fato de que a filha já pode casar, logo, a “responsabilidade” de manter a família será transferida à menina.
“E enquanto assim conversavam perceberam quase simultaneamente, o senhor e a senhora Samsa, que sua filha não obstante todos os cuidados perdesse a cor nos últimos tempos, tinha-se desenvolvido e convertido em uma linda jovem cheia de vida. Sem trocar já palavra, entendendo-se quase instintivamente com olhares, disseram-se um ao outro que já era tempo de encontrar um bom marido para ela.” (KAFKA,1915, p.70).
A família, após a transformação, também se aliena:
“A mãe, inclinada muito perto da luz, costurava roupa branca fina para uma loja, e a irmã, que se tinha colocado num emprego, estudava às noites estenografia e francês, a fim de conseguir talvez com o tempo um posto melhor do que o atual (...)
O pai negava-se obstinadamente a tirar mesmo em casa o seu uniforme de criado. E enquanto a blusa já inútil pendia do cabide, dormia perfeitamente uniformizado, como se quisesse encontrar-se sempre disposto a prestar serviço ou esperasse ouvir em sua casa a voz de algum de seus chefes.” (KAFKA, 1915, p. 50).
Segundo Mascaro, a alienação para Marx, se dá quando: “[o homem] se encontra apartado de si próprio pelas estruturas das relações de produção capitalistas”. No começo da narrativa de Kafka, como já foi dito, apenas Gregor é “apartado de si próprio”, não sendo dono do próprio trabalho, pois trabalha para sanar uma dívida. Com o transcorrer da narração, a família inteira se torna alienada, chegando ao ponto de não possuírem sequer a própria casa (três hóspedes) e de viverem em função de manter o mínimo padrão de vida burguês que possuem.[2: Ibid.]
O interessante na obra de Kafka é que a família Samsa não é uma família genuinamente proletária, mas sim uma família burguesa falida, que, mesmo assim, se aliena para manter seu mínimo padrão de vida, tornando-se assalariada, ou seja, proletária.
Dentre os tipos de alienação, destaca-se a alienação cultural, que ocorre quando a estrutura de produção penetra à própria casa do indivíduo. O ser humano se torna escravo em sua própria morada e não só no local de trabalho. A figura do pai de Gregor, que nega-se a tirar o uniforme de trabalho quando está em casa e que dormia “como se quisesse encontrar-se sempre disposto a prestar serviço ou esperasse ouvir em sua casa a voz de algum de seus chefes” exemplifica tal alienação.
A alienação na sociedade capitalista torna as relações entre os homens desumanas. As relações familiares entre os Samsa são sempre pensadas financeiramente. Nota-se que na obra ocorre uma inversão de papéis. Gregor, que se torna um monstro, com o passar do tempo, é o único da família a não pensar somente na sobrevivência financeira. Ao final do texto e quando Gregor já está confinado há mais de dois meses, o “monstro” é impressionado pela música e mesmo com sua forma asquerosa, mostra sentimentos genuinamente humanos: “se era uma fera, por que a música tanto o impressionava?”
Ainda, no momento da morte de Gregor:
“É certo que todo o corpo lhe doía, mas parecia-lhe que estas dores iam enfraquecendo sempre mais, e por fim terminariam. Mas notava já a maçã podre que tinha na espádua e a inflamação recoberta de branco pelo pó. Pensava com emoção e carinho nos seus. Achava-se, se era possível, ainda mais firmemente que sua irmã de que tinha de desaparecer.” (KAFKA, 1915, p. 64)
Paralelamente à “humanização” de Gregor (que, em uma interpretação livre, pode ter se dado pelo seu afastamento do trabalho), sua família, quanto mais alienada se torna, mais desumana se mostra (fato que pode ter ocorrido em razão de todos os membros terem começado a trabalhar em virtude da metamorfose). Desta maneira, ao final, a família minimamente burguesa se desumaniza, e a “fera” se torna a mais humana das personagens da obra.
Bibliografia
KAFKA, Franz. A metamorfose. Tradução Torrieri Guimarães. Ed. Especial. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2011.
MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do Direito. 3ª ed. Atlas, 2013.
http://scienceblogs.com.br/100nexos/2009/10/o_segredo_de_gregor_samsa/
(Acesso em: 07 de nov. 2014)

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