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Aula 21 Curso: Direito Administrativo p/ RFB Professor: Cyonil Borges Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 1 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE Oi Pessoal, Esse tópico está no curso, mas é de rara cobrança em concursos públicos. Nunca tinha sido cobrado na Receita Federal. E, em atuais Editais, o tópico sumiu de novo! Dei início à aula de Intervenção, e a coisa começou a ficar monstruosa, por isso, optei por trabalhar de forma mais prática. Reuni as questões sobre a matéria, depois fiz comentários na dose certa, para a integral compreensão da temática. E, por fim, um simulado. O simulado é composto, exclusivamente, por questões de Cespe, afinal a ESAF, como sobredito, não faz menção em seus Editais do conteúdo. Ao longo da aula, postei praticamente todas de ESAF que encontrei...Praticamente todas... Vamos que vamos, Cyonil Borges e Sandro Bernardes. Observação: é recomendável que guardem esta aula para o futuro. Isso mesmo. Não há necessidade de leitura. Na verdade, vedo que leiam a aula, rs. É bem provável que não seja cobrado no próximo concurso. A matéria é muito específica e comumente objeto de cobrança em provas jurídicas. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 2 QUESTÕES EM SEQUÊNCIA 1. (2005/Esaf ± EPPGG ± MP) Em decorrência do denominado regime jurídico-administrativo, o Poder Público apresenta-se em posição de supremacia em relação ao administrado. Tal posição de supremacia ampara a existência de diversos institutos jurídicos de intervenção na propriedade privada, de forma a atender ao interesse público. No rol abaixo, assinale o instituto que não se enquadra neste conceito. a) desapropriação b) interdição c) tombamento d) servidão administrativa e) requisição administrativa 2. (2010/Cespe - TRF/2R/Juiz) Quanto ao direito de propriedade e à desapropriação, assinale a opção correta. A. A CF contempla hipótese de desapropriação de imóvel urbano não edificado mediante pagamento em títulos da dívida pública municipal. B. De acordo com a jurisprudência do STF, a justa indenização na desapropriação de imóvel urbano deve ser observada no momento da imissão provisória na posse e não quando ocorre a transferência do domínio. C. Segundo o STF, o decreto que declara um imóvel de utilidade pública para fins de desapropriação é ato normativo, que pode ser objeto de ADI. D. Considerando a competência da União para desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, as operações de transferência desse bem são isentas exclusivamente de impostos federais. E. É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos de lei estadual, que o proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado promova seu adequado aproveitamento. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 3 3. (2010/Cespe - TRF/2R/Juiz) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta. A. As limitações administrativas, mesmo tendo por conteúdo preceitos normativos em geral e de ordem pública, podem ser indenizadas. B. A União pode tombar as peças de um museu estrangeiro que estejam sendo expostas comercialmente no Brasil, sob o fundamento de que são imprescindíveis à memória histórica e cultural brasileira. C. De acordo com os precedentes do STJ, na hipótese de o proprietário questionar o valor atribuído ao bem pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, nos autos de ação de desapropriação para fins de reforma agrária, a determinação de produzir prova pericial é ato processual que demanda, obrigatoriamente, o impulso da parte. D. De acordo com o novo entendimento do STJ, a tredestinação, seja lícita ou ilícita, autoriza a retrocessão. E. Considerando que, em uma grande fazenda particular, seja construído, pelo poder público municipal, um grande açude para fornecer água durante o período de estiagem e que a construção não seja precedida de processo de desapropriação, o proprietário da fazenda terá, conforme entendimento do STJ, o prazo de cinco anos para promover ação de indenização pela ocupação irregular de sua propriedade. 4. (2002/Esaf ± AFC) Sobre a desapropriação, assinale a opção correta. a) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, somente pode acontecer depois de paga a justa indenização em dinheiro ao expropriado. b) A propriedade produtiva é insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária. c) Não se indenizam benfeitorias úteis e necessárias em caso de desapropriação para fins de reforma agrária. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 4 d) A Constituição expressamente admite a desapropriação para fins de reforma agrária de imóveis tanto rurais como urbanos. e) As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária estão sujeitas a todos os impostos federais, estaduais e municipais incidentes sobre a alienação de bens imóveis. (2010/Cespe ± DPU/Defensor) O poder público pode intervir na propriedade do particular por atos que visem satisfazer as exigências coletivas e reprimir a conduta antissocial do particular. Essa intervenção do Estado, consagrada na Constituição Federal, é regulada por leis federais que disciplinam as medidas interventivas e estabelecem o modo e a forma de sua execução, condicionando o atendimento do interesse público ao respeito às garantias individuais previstas na Constituição. Acerca da intervenção do Estado na propriedade particular, julgue os itens subsequentes. 5. As indenizações referentes a processo de desapropriação sempre devem ser pagas em moeda corrente ao expropriado. (Certo/Errado) 6. Considere que tenha sido construída, com autorização da União, estrada federal em região remota do país e que tal construção tenha valorizado significativamente duas propriedades rurais que, até então, se encontravam isoladas. Nessa situação, é possível a desapropriação da área contínua à estrada, tendo em vista a valorização extraordinária dessa área em consequência da obra. (Certo/Errado) 7. Considere a seguinte situação hipotética. Autoridade municipal competente desapropriou área pertencente a João, para a construção de um hospital público. Após o processo de desapropriação, verificou-se ser mais necessário construir, naquela área, uma escola pública, visto que o interesse da população local já estar sendo atendido por hospital construído na cidade. Nessa situação, João tem direito de exigir de volta o imóvel e pleitear indenização por perdas e danos. (Certo/Errado) Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 5 8. De acordo com a lei, denomina-se ocupação temporária a situação em que agente policial obriga o proprietário de veículo particular em movimento a parar, a fim de utilizar estena perseguição a terrorista internacional que porta bomba, para iminente detonação. (Certo/Errado) 9. No caso de requisição de bem particular, se este sofrer qualquer dano, caberá indenização ao proprietário. (Certo/Errado) 10. (2006/Esaf ± Fazenda/União - Procurador da Fazenda/2006) A desapropriação que ocorre em uma área maior que a necessária à realização de uma obra, com vistas a que seja reservada para posterior desenvolvimento da própria obra, é hipótese de a) desapropriação indireta, por já ter o Supremo Tribunal Federal pacificado o entendimento de ser inconstitucional a perda de propriedade por alguém para que o bem fique, simplesmente, reservado para utilização futura. b) desapropriação indireta, vez que a desapropriação em área maior do que a inicialmente necessária somente seria juridicamente viável para assentamentos rurais, em atividades concernentes à Reforma Agrária. c) direito de extensão, reconhecido ao poder público quando razões de utilidade pública ou interesse social justifiquem a medida. d) desapropriação por zona, expressamente prevista em legislação que disciplina a desapropriação por utilidade pública. e) desapropriação por interesse social, tendo em vista que a destinação do bem se dará no interesse da coletividade. (2010/Cespe - PGF - Advogado da União) Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética a respeito da desapropriação e do TCU, seguida de uma assertiva a ser julgada. 11. A União desapropriou um imóvel para fins de reforma agrária, mas, depois da desapropriação, resolveu utilizar esse imóvel para Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 6 instalar uma universidade pública rural. Nessa situação, houve tredestinação lícita, de forma que o antigo proprietário não poderá pedir a devolução do imóvel. (Certo/Errado) (2010/Cespe - PGF - Advogado da União) Com base no tratamento conferido ao instituto da desapropriação pela CF, pela legislação vigente e pelos tribunais superiores, julgue os itens a seguir. 12. O procedimento de desapropriação por utilidade pública de imóvel residencial urbano não admite a figura da imissão provisória na posse. (Certo/Errado) 13. Segundo entendimento do STF, é inconstitucional a previsão legal que limita a quantia a ser arbitrada a título de honorários advocatícios na ação de desapropriação a um valor entre 0,5% e 5% da diferença entre o preço oferecido e a indenização obtida. (Certo/Errado) 14. Os juros compensatórios, devidos quando o expropriante realiza imissão antecipada na propriedade, incidem ainda que o imóvel não produza renda para o expropriado, conforme jurisprudência do STJ. (Certo/Errado) 15. (CESPE/OAB/2010) Assinale a opção correta com relação às modalidades de restrição do Estado sobre a propriedade. A As limitações administrativas consubstanciam obrigações de caráter específico a proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade, que confere ao titular o poder de usar, gozar e dispor da coisa do modo como melhor lhe convier. B O tombamento, que configura instituição de direito real de natureza pública, impõe ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel e não afeta o caráter absoluto do direito de propriedade. C A servidão administrativa afeta a exclusividade do direito de propriedade, visto que transfere a outrem faculdades de uso e gozo. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 7 D A requisição de imóveis é restrição imposta ao proprietário que não utiliza adequadamente a sua propriedade. 16. (CESPE/OAB/2010) A respeito do instituto da servidão administrativa, assinale a opção correta. A As servidões administrativas podem decorrer diretamente da lei, de acordo ou de sentença judicial. B Somente mediante lei pode ser extinta uma servidão administrativa. C Cabe direito a indenização em qualquer das hipóteses de servidão administrativa. D A servidão administrativa dispensa, em sua instituição, autorização legal. 17. (CESPE/PROMOTOR/SE/2010) Assinale a opção correta a respeito da intervenção do Estado na propriedade privada e do instituto da desapropriação. A O tombamento implica limitação precária e temporária ao direito de propriedade em benefício do interesse coletivo e incide apenas sobre bens imóveis. B A servidão administrativa, que impõe ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade, é direito real instituído tanto em favor do Estado quanto de particulares. C Requisição é a modalidade de intervenção estatal por meio da qual o Estado utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente, tanto para fins militares quanto civis. D A ocupação temporária é direito de caráter real que tem natureza de permanência e exige situação de perigo público iminente, tanto quanto a requisição. E Quaisquer entes federativos podem desapropriar bens públicos uns dos outros, desde que devidamente autorizados pelo Poder Legislativo de seu âmbito. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 8 18. (2007/Esaf - PGDF - Procurador) Quanto ao tema da intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a alternativa incorreta. a) O art. 2º, § 3º, do Decreto-lei n. 3.365/41, estabelece que os Municípios, Distrito Federal, Territórios e Estados não podem, sem prévia autorização, por Decreto do Presidente da República, expropriar ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamento depende de autorização e se submeta à fiscalização do Governo Federal. b) Os bens públicos podem ser desapropriados. c) As desapropriações podem ser feitas em favor das Pessoas de Direito Público ou de Pessoas de Direito Privado, desde que delegadas ou concessionárias de serviço público, como também, excepcionalmente, a outras Pessoas de Direito Privado que desempenhem atividade considerada de interesse público. d) O direito de preferência que se estabelece sobre o bem tombado, em caso de alienação onerosa, não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa tombada de penhor, anticrese ou hipoteca, nos termos do Decreto-lei n. 25/37. e) A figura da tredestinação, no âmbito da desapropriação, pressupõe em todas as hipóteses um caráter de ilicitude que envolve conceitualmente um desvio de finalidade. 19. (2006/Esaf ± Fazenda/União - Procurador da Fazenda) Determinado Município pretende desapropriar direitos representativos do capital de instituição cujo funcionamento depende de autorização do Governo Federal, e que se submete à fiscalização deste. Tal pretensão a) não poderá se concretizar, pois direitos representativos de capital de uma determinada instituição não podem ser objeto de desapropriação. b) não encontra amparo no Direito Brasileiro, pois os Municípios só têm competência para desapropriar áreas urbanas. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 9 c) não poderá se concretizar, pois somente a União poderia realizar a referida desapropriação. d) somente poderá se concretizarse houver prévia autorização do Presidente da República, por meio de Decreto. e) poderá se concretizar, desde que a instituição tenha funcionamento exclusivamente no próprio Município, e independentemente de prévia autorização de membros de outro ente da Federação, sob pena de violação do pacto federativo. (CESPE/ADVOGADO/BRB/2010) A administração pública de determinado município expropriou o proprietário de um prédio urbano, vizinho a um centro populacional, a fim de promover melhorias nesse centro, justificando o ato de desapropriação por considerar o caso como sendo de utilidade pública. Considerando a situação hipotética apresentada, julgue os itens seguintes, com base nas regras da desapropriação. 20. A desapropriação, nos termos da situação apresentada, constitui- se como hipótese de intervenção do estado no direito de propriedade, vedada pela legislação pátria, tendo em vista que a CF restringe as hipóteses de desapropriação em solo urbano aos casos em que o proprietário não cumpre com o fim social da propriedade. (Certo/Errado) 21. A jurisprudência brasileira não admite a desapropriação indireta. (Certo/Errado) 22. (2004/Esaf ± PROC./DF) Desapropriação indireta é: a) a expropriação efetuada pela União, para que o imóvel seja utilizado por Estado, Município ou pelo Distrito Federal. b) o ingresso da Administração na posse do imóvel, com pagamento de indenização provisória. c) aquela em que a indenização é feita mediante títulos da dívida pública. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 10 d) o esbulho praticado pelo Estado, sem justo título, para implantar no imóvel esbulhado um serviço público. e) a implantação, em imóvel particular de estradas ou condutores de eletricidade ou outras utilidades de consumo público. (CESPE/BANCO/AMAZONIA/2010) Com relação à requisição, aos atos e aos contratos administrativos, julgue os itens subsequentes. 23. A requisição é ato da administração pública que possui disposição constitucional específica e que, nos termos da legislação aplicável, refere-se tanto a bens quanto a serviços. Em ambos os casos, é possível que uma indenização seja devida em razão de eventuais prejuízos efetivamente causados ao cidadão que esteja obrigado à prestação do serviço ou à cessão de determinada coisa. (CERTO/ERRADO) 24. A requisição, não obstante decorra da necessidade transitória da administração em conter perigo público iminente, destina-se à aquisição da propriedade particular de bens imóveis, sendo que, nessa hipótese, a requisição assume a natureza jurídica de contrato administrativo. (Certo/Errado) 25. (2010/CESPE - CEF - Advogado) Com relação às modalidades de intervenção do Estado na propriedade privada, assinale a opção correta. A. Segundo a jurisprudência pacificada do STJ, o simples fato de a administração pública, por conveniência, atribuir ao imóvel finalidade não prevista no momento da desapropriação configura tredestinação ilícita e, por conseguinte, caracteriza o direito de retrocessão. B. As limitações administrativas alcançam somente os bens imóveis e, na hipótese de impossibilitarem completamente a utilização econômica da propriedade, podem vir a configurar desapropriação indireta, gerando, inclusive, em favor do particular, direito a indenização. C. A servidão administrativa é a intervenção na propriedade do particular para a realização de obras ou serviços de interesse da coletividade, razão pela qual não é indenizável e prescinde da autorização do particular ou do Poder Judiciário, bastando que o Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 11 poder público a justifique em ato administrativo editado para este fim específico. D. A intervenção do Estado na propriedade do particular mediante a modalidade do tombamento não é possível para bens móveis e pode ensejar indenização, desde que devidamente comprovada a redução do valor econômico do bem. E. A requisição de bens extingue a propriedade do particular, haja vista que o poder público se apropria de bens para mantê-los para si próprio ou para transferi-los para terceiros, razão pela qual, obrigatoriamente, haverá indenização. 26. (2002/Esaf - AFC) O instituto jurídico de intervenção do Estado na propriedade privada, impositiva de ônus real de uso pela Administração, para assegurar a realização e conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário, é uma forma de: a) desapropriação b) servidão administrativa c) limitação administrativa d) requisição administrativa e) ocupação temporária 27. (2006/Esaf ± Fazenda/União - Procurador da Fazenda) Sobre as servidões administrativas, assinale a opção incorreta. a) Como regra, dão direito à indenização. b) Estão fora do comércio. c) Observam o princípio da indivisibilidade. d) Podem incidir sobre bem público. e) Podem implicar não apenas uma obrigação de deixar de fazer, mas também uma obrigação de fazer. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 12 28. (2010/Cespe ± MPE/ES ± Promotor) Acerca dos conceitos de limitação administrativa, ocupação temporária, requisição, servidão administrativa e desapropriação, assinale a opção correta. A A declaração expropriatória é sempre formalizada por meio de decreto do chefe do Poder Executivo respectivo. B As limitações administrativas à propriedade têm caráter negativo, na medida em que se caracterizam por impor uma obrigação de não fazer. C A ocupação temporária diferencia-se das limitações administrativas em sentido estrito porque, enquanto estas se referem ao exercício dos poderes pelo próprio proprietário ou possuidor, a ocupação temporária relaciona-se à utilização do imóvel pelo Estado, para fins de interesse público. D Tanto a requisição quanto a servidão administrativa incidem apenas sobre bens móveis, visando a execução de obras e serviços de interesse coletivo. E A desapropriação por utilidade pública se configura quando a administração está diante de um problema inadiável e premente que não pode ser removido nem procrastinado sem a indispensável incorporação do bem particular ao domínio do Estado. 29. (2010/Cespe ± MP/RO ± Procurador de Justiça Substituto) No que se refere às restrições estatais sobre a propriedade privada, assinale a opção correta. A É possível que determinado município institua servidão administrativa sobre imóvel pertencente ao estado, desde que a autorização tenha sido concedida por lei municipal. B A instituição de uma servidão administrativa é permanente e não admite extinção. C O tombamento incide somente sobre bens imóveis, dada a sua natureza. D Na desapropriação por utilidade pública, o prazo de caducidade do decreto expropriatório é de cinco anos, contado a partir da data da sua expedição. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 13 E Compete à União desapropriar propriedades rurais, por interesse social e para fins de reforma agrária, mediante o pagamento prévio e justo da indenização em dinheiro. (2010/Cespe± DPE/BA ± Defensor) No que se refere à desapropriação, julgue o item seguinte. 30. Compete aos municípios a desapropriação por descumprimento da função social da propriedade urbana, e aos estados, a desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária. (Certo/Errado) 31. (2011/Cespe ± DP/MA ± Defensor) O poder público comunicou a Maria que, em atendimento a interesse coletivo, precisaria erguer postes de energia elétrica dentro de sua propriedade privada para levar luz a um vilarejo próximo, instituindo direito real sobre a área atingida. Nessa situação hipotética, incide, sobre o bem de Maria, A concessão de uso. B limitação administrativa. C servidão administrativa. D ocupação temporária. E desapropriação indireta. (2011/Cespe ± ECT ± Advogado) A respeito das hipóteses de intervenção do Estado na propriedade e do controle administrativo, julgue os itens subsequentes. 32. Ao contrário da desapropriação, a servidão administrativa decorrente de lei, de acordo ou de decisão judicial não gera, para a administração pública, o dever de indenizar o proprietário. (Certo/Errado) 33. (2011/Cespe ± TRF/1R ± Juiz) No que concerne às formas de intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta. A Na desapropriação indireta, a indenização deve abranger as mesmas parcelas que incidem na desapropriação legal, inclusive os juros compensatórios. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 14 B Segundo o STJ, se o imóvel sobre o qual tenha sido constituída servidão administrativa não produzia rendas, não são devidos os juros compensatórios sobre a indenização fixada em decorrência da limitação do uso da propriedade, já que estes se destinam a remunerar os possíveis lucros que o proprietário tenha deixado de auferir com a utilização econômica do bem expropriado. C A transcrição no registro de imóveis constitui ato exigível tanto no tombamento provisório quanto no definitivo. D Quando a servidão administrativa é constituída mediante acordo, o ato declaratório de utilidade pública é dispensável. E Em se tratando de glebas de terra onde se cultivem plantas psicotrópicas, o ato expropriatório, segundo o STF, deve ficar adstrito às áreas de efetivo cultivo, não podendo abranger toda a propriedade. 34. (2011/Cespe ± TRF/2R ± Juiz) Assinale a opção correta acerca do instituto da desapropriação. A A indicação precisa do proprietário é requisito indispensável para o ajuizamento da ação de desapropriação, sob pena de nulidade do processo. B Nos casos de desapropriação por interesse social, a legitimação ativa é conferida com exclusividade aos entes federativos, sendo vedada a atribuição de poder expropriatório às entidades da administração indireta. C Na hipótese de expropriação de glebas de terra em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas, o expropriado tem direito à indenização concernente às áreas que não foram objeto de efetivo plantio. D Segundo entendimento do STF, a desapropriação de imóveis rurais para fins de utilidade pública e de reforma agrária é de competência exclusiva da União. E O terceiro atingido pelo ato de desapropriação tem direito à respectiva indenização, que pode ser postulada em ação própria. 35. Tratando-se de patrimônio histórico, quando do estudo do domínio público, temos, no Brasil, legislação sobre o instituto do tombamento. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 15 Sobre esse tema, assinale a afirmativa verdadeira. a) O tombamento de coisa pertencente a pessoa natural somente se fará de modo compulsório. b) Excluem-se do patrimônio histórico e artístico nacional todas as obras de origem estrangeira. c) O tombamento somente recairá sobre bens móveis e imóveis. d) Caso o bem tombado não seja mantido e preservado pelo Poder Público, poderá o seu proprietário, que não tiver condições financeiras, requerer que seja cancelado o seu tombamento. e) O direito de preferência do Poder Público para a aquisição da coisa tombada inibe o proprietário de gravá-la por meio de penhor ou hipoteca. (2010/Cespe) Quanto aos bens públicos, julgue os seguintes itens. 36. O tombamento de bem particular que constitua patrimônio histórico não gera, como regra, obrigação de indenizar. (CERTO/ERRADO) 37. (2011/FCC) O artigo 35 do Decreto-Lei nº 3.365/41, que trata da desapropriação, tem a seguinte redação: "Art. 35 - Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos." Este dispositivo relaciona-se diretamente com o seguinte instituto: a) afetação b) desapropriação indireta c) tredestinação d) investidura de área remanescente e) retrocessão Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 16 38. (2011/FCC) A desapropriação realizada pelos entes públicos legalmente habilitados a fazê-lo possui traço característico, qual seja a) pertinência temática com as competências materiais que lhes são constitucional e legalmente atribuídas. b) possibilidade de expropriação de quaisquer bens públicos inservíveis. c) necessidade de observância do direito de reversão dos expropriados caso não seja dado ao bem desapropriado nenhuma finalidade pública. d) obrigatoriedade da eleição da via judicial sempre que o pagamento da indenização ultrapasse um exercício fiscal. e) obrigatoriedade de celebração de escritura pública para as desapropriações em que os expropriados concordam com o preço. 39. (2000/Esaf ± AFC/SFC) Em relação à desapropriação, não é correto afirmar: a) Os ônus e direitos que existiam em relação ao bem expropriado extinguem-se e ficam sub-rogados no preço. b) A desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade. c) A prova de domínio deverá ser feita, pelo proprietário, apenas no momento de levantar a indenização. d) Os bens expropriados, uma vez incorporados à Fazenda Pública, não podem ser objeto de reivindicação. e) Para propositura da ação judicial de desapropriação é essencial a identificação do proprietário do bem. 40. (2011/FCC) A União Federal pretende implantar um gasoduto subterrâneo para transporte da produção de gás de uma região para outra. O trajeto do gasoduto atinge parcialmente imóveis particulares e imóveis públicos. Para materialização da obra pretendida, que acarretará restrição parcial do aproveitamento dos imóveis, a União deverá Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 17 a) desapropriar os imóveis de particulares e requisitar temporariamente os imóveis públicos. b) instituir servidão administrativa sobre as áreas, observadas as formalidades legais, inclusive para os imóveis públicos. c) instituir servidão administrativa sobre os imóveis particulares e desapropriar os imóveis públicos, que não podem ser objeto de servidão administrativa. d) requisitar administrativamente os imóveis públicos e desapropriar os imóveis particulares. e) adquirir as parcelas dos imóveispúblicos atingidas pela obra e desapropriar o perímetro necessário dos imóveis particulares. 41. (2011/FCC) No caso da Administração Pública impor a um imóvel particular limitações que terminem por inviabilizar qualquer aproveitamento da propriedade, estar-se-á diante de hipótese de desapropriação indireta. O instituto afeto à desapropriação direta que se aplica à desapropriação indireta: a) a retrocessão. b) o direito de extensão. c) o desapossamento ficto. d) os juros compensatórios. e) a avaliação administrativa. 42. (2011/FCC) O Município de São Paulo, por meio de regular procedimento, tombou um imóvel particular, situado em área urbana, a fim de preservar seu valor histórico- cultural. O proprietário do terreno ajuizou ação em face da Municipalidade, alegando que pretendia dar outra destinação econômica ao imóvel, incompatível com o tombamento e para a qual já possuía alvará. Neste contexto, de acordo com o ordenamento jurídico em vigor e com o posicionamento dos tribunais pátrios a respeito do tema, o proprietário tem fundamentos para pleitear e, eventualmente, para obter Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 18 a) indenização por desapossamento administrativo, comprovada a restrição parcial sobre o imóvel, cumulada com juros compensatórios. b) isenção de tributos municipais, uma vez que o tombamento não justifica a imposição de indenização. c) indenização pelos prejuízos financeiros anormais, comprovados e decorrentes da restrição administrativa imposta ao imóvel. d) indenização pelos prejuízos alegados ou, alternativamente, permuta de seu imóvel com outro terreno de propriedade do Município ou a ser por este desapropriado, onde possa ser implantado o empreendimento. e) desapropriação indireta do imóvel, em virtude das limitações administrativas impostas à conservação do bem. 43. (2011/FCC) O Município de São Paulo desapropriou, por meio de regular processo judicial, um terreno de grandes extensões para fins de implantação de programa habitacional para famílias de baixa renda. Após a expedição da competente carta de adjudicação e do lançamento do registro do imóvel em nome do Município, identificou-se que a região onde se situava o imóvel não mais apresentava demanda habitacional. Neste sentido, após a edição de lei autorizativa, a Municipalidade iniciou procedimento de concorrência para alienação onerosa do imóvel, comprometendo-se a destinar o produto da venda para aquisição de área em região mais apropriada, mantida a finalidade inicial, sem oferecer o bem, em preferência, ao expropriado. O procedimento adotado pela Municipalidade a) não ensejou desvio de finalidade, sendo facultado ao expropriado o direito de pleitear no procedimento licitatório o reconhecimento de seu direito de preferência, não lhe assistindo, no entanto, fundamento para deduzir o reconhecimento de seu direito de retrocessão. b) dá ensejo a que o expropriado pleiteie, judicialmente, a revogação do decreto expropriatório de seu imóvel, em face do inequívoco desvio de finalidade. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 19 c) não ensejou desvio de finalidade e, como tal, não violou direito subjetivo do administrado, que deve concorrer pela aquisição do imóvel na licitação em igualdade de condições com outros interessados. d) dá ensejo a que o expropriado demande em juízo o reconhecimento de seu direito de retrocessão. e) demonstra ter havido a destinação em relação ao bem público, restando ao expropriado o direito de pleitear, judicialmente, as perdas e danos, que são presumidos. 44. (2011/FCC) No que diz respeito à intervenção do Estado na propriedade, é correto afirmar que: a) a validade da desapropriação indireta pressupõe que o Chefe do Poder Executivo do ente federativo tenha expedido previamente o decreto expropriatório. b) a competência para declarar a utilidade pública com vistas à desapropriação restringe-se às pessoas políticas integrantes da federação. c) na servidão administrativa, a regra geral é que a indenização seja paga a posteriori, visto tratar-se de direito pessoal em favor do titular da propriedade. d) a desapropriação urbanística pode não caracterizar-se como sancionatória, como é a hipótese em que o Poder Público implementa a revitalização de certas áreas urbanas. e) na desapropriação, a transferência da propriedade se concretiza por aquisição derivada, conforme entendimento doutrinário dominante, e isso porque há sempre a titularidade prévia da propriedade. 45. (2009/Esaf - ANA - Analista Administrativo) Relacione as modalidades de intervenção do Estado na propriedade de terceiros a suas respectivas características. Ao final, assinale a opção correspondente. 1. Servidão Administrativa 2. Requisição Administrativa 3. Tombamento Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 20 4. Desapropriação ( ) Tem por finalidade proteger o patrimônio cultural brasileiro; constitui uma restrição parcial da propriedade; e, em regra, não gera direito a indenização. ( ) Promove-se a transferência da propriedade por razoes de utilidade publica ou interesse social; pode recair sobre bens moveis ou imóveis dotados de valoração patrimonial; em regra, enseja indenização. ( ) Pode recair sobre bens moveis, imóveis ou serviços, quando existente perigo público iminente; possui natureza transitória; e a indenização, se houver, será ulterior. ( ) Constitui um ônus real sobre bem imóvel, em prol de uma utilidade pública; em regra, possui caráter de definitividade; caracteriza-se como uma espécie de restrição parcial da propriedade. a) 3, 4, 2, 1 b) 2, 4, 1, 3 c) 4, 3, 1, 2 d) 1, 3, 4, 2 e) 3, 2, 1, 4 QUESTÕES COMENTADAS 1) (2005/Esaf ± EPPGG ± MP) Em decorrência do denominado regime jurídico-administrativo, o Poder Público apresenta-se em posição de supremacia em relação ao administrado. Tal posição de supremacia ampara a existência de diversos Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 21 institutos jurídicos de intervenção na propriedade privada, de forma a atender ao interesse público. No rol abaixo, assinale o instituto que não se enquadra neste conceito. a) desapropriação b) interdição c) tombamento d) servidão administrativa e) requisição administrativa Comentários: 2� (VWDGR�� HP� VXDV� ³DSDULo}HV´�� RX� PHOKRU�� QDV� UHODo}HV� travadas perante os particulares em geral, acha-se em posição de verticalidade, desigualdade, pois atua em preservação de algo que ultrapassa o interesse egoístico ou individual. Atua o Estado na proteção e guarda do interesse coletivo, de interesses metaindividuais/transindividuais. E, no caso, o poder do Estado recai, de uma forma geral, sobre todas as coisas situadas em seu território [o tal domínio eminente]. E, na linha física demarcada, o Estado pode, por exemplo, intervir na propriedade privada, ora de forma restritiva ± quando exerce verdadeiro poder de polícia -, ora de forma supressiva. Dentre as formas restritivas da propriedade [limitação do uso e gozo, mas sem perdada propriedade], destacam-se a servidão administrativa, as limitações administrativas, a ocupação temporária, a requisição administrativa e o tombamento. Por sua vez, a única forma supressiva é a desapropriação, a qual, como o próprio nome denuncia, refere-se à retirada da propriedade e não apenas o seu condicionamento em preservação ao interesse público. Vencida esta breve explanação, chegamos à alternativa B. A interdição é ato administrativo punitivo, decorrente do exercício regular do Poder de Polícia. As formas de intervenção restritivas, por sua vez, não são atos punitivos, apesar de, igualmente, decorrerem do Poder de Polícia. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 22 2) (2010/Cespe - TRF/2R/Juiz) Quanto ao direito de propriedade e à desapropriação, assinale a opção correta. A. A CF contempla hipótese de desapropriação de imóvel urbano não edificado mediante pagamento em títulos da dívida pública municipal. B. De acordo com a jurisprudência do STF, a justa indenização na desapropriação de imóvel urbano deve ser observada no momento da imissão provisória na posse e não quando ocorre a transferência do domínio. C. Segundo o STF, o decreto que declara um imóvel de utilidade pública para fins de desapropriação é ato normativo, que pode ser objeto de ADI. D. Considerando a competência da União para desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, as operações de transferência desse bem são isentas exclusivamente de impostos federais. E. É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos de lei estadual, que o proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado promova seu adequado aproveitamento. Comentários: A resposta é letra A. De fato, a CF, de 1988, não contempla a indenização em títulos da dívida municipal. As desapropriações são viabilizadas, basicamente, de quatro formas, sendo três delas indenizáveis. Vejamos. A primeira forma de desapropriação é encontrada no art. 5º, XXIV, da CF, que assim dispõe: XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Perceba que, nesse caso, a indenização é efetuada em dinheiro. A segunda ± também indenizada ± é encontrada no art. 182, §4º, da CF, de 1988, a seguir: Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 23 Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. § 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor. § 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. § 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Perceba que, nessa hipótese, há indenização, porém é efetuada em títulos da dívida pública. E, apesar de aprovada pelo Senado Federal, Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 24 são títulos da dívida pública municipal, como nos afirma a alternativa A. Abaixo, os erros nos demais itens. O erro da letra B é que a prévia e justa indenização, em ação de desapropriação, é de ser observada com o pagamento do valor definitivo da expropriação, ou seja, quando ocorre a transferência do domínio. Não, desde logo, na oportunidade do depósito prévio para fins de Imissão provisória na posse do imóvel. O item C mais parece Direito Constitucional. O ato de desapropriação não é normativo aqui no Brasil e sequer na China. Atos normativos são atos gerais, ou seja, sem destinatários individualizados. O ato de desapropriação, por sua vez, para ser viabilizado, é condição sine qua non que seja indicado, concretamente, qual o imóvel é objeto de expropriação pelo Estado. Inclusive, só a partir da individualização, será possível se cogitar de eventuais indenizações. O erro da letra D é mais tranquilinho, por ser decorrente da literalidade da CF, de 1988. Vejamos: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (...) § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 25 Perceba que a isenção é extensível aos impostos de todos os entes federados. Na letra E, por fim, temos um erro mais sutil. No entanto, conhecendo a sistemática constitucional, o bom candidato afasta, facilmente, a correção. A política urbana é matéria de ordem nacional, por isso os condicionantes não podem ser previstos em leis estaduais. Seria uma zorra total! Por isso, a CF de 1988 fala em ³QRV� WHUPRV� GH� OHL� IHGHUDO´. Essa lei foi editada no ano de 2001, é o Estatuto da Cidade (Lei 10.257). 3) (2010/Cespe ± TRF/2R/Juiz) Acerca da intervenção do Estado na propriedade, assinale a opção correta. A. As limitações administrativas, mesmo tendo por conteúdo preceitos normativos em geral e de ordem pública, podem ser indenizadas. B. A União pode tombar as peças de um museu estrangeiro que estejam sendo expostas comercialmente no Brasil, sob o fundamento de que são imprescindíveis à memória histórica e cultural brasileira. C. De acordo com os precedentes do STJ, na hipótese de o proprietário questionar o valor atribuído ao bem pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, nos autos de ação de desapropriação para fins de reforma agrária, a determinação de produzir prova pericial é ato processual que demanda, obrigatoriamente, o impulso da parte. D. De acordo com o novo entendimento do STJ, a tredestinação, seja lícita ou ilícita,autoriza a retrocessão. E. Considerando que, em uma grande fazenda particular, seja construído, pelo poder público municipal, um grande açude para fornecer água durante o período de estiagem e que a construção não seja precedida de processo de desapropriação, o proprietário da fazenda terá, conforme entendimento do STJ, o prazo de cinco anos para promover ação de indenização pela ocupação irregular de sua propriedade. Comentários: Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 26 A questão foi anulada. Abaixo, as razões de justificativa da organizadora: Não há opção correta, haja vista que as limitações administrativas somente serão indenizadas se causarem prejuízos, fato não explicitado na opção. Sendo assim, deve prevalecer a regra de que as limitações administrativas gerais não comportam indenização, salvo exceções, como, por exemplo, quando implicarem impossibilidade de utilização da propriedade. Isso mesmo. O gabarito preliminar foi alternativa A. Porém, como sobredito, está, igualmente, incorreto, o que acarretou a anulação da questão. A seguir, vejamos os erros nos demais itens. O erro da letra B é que o DL 35 exclui do patrimônio histórico e artístico nacional as obras de origem estrangeira que, por exemplo, que pertençam a casas de comércio de objetos históricos ou artísticos. Na letra C, suficiente a leitura do art. 12 da LC 76, de 1993. Vejamos: Art. 12. O juiz proferirá sentença na audiência de instrução e julgamento ou nos trinta dias subsequentes, indicando os fatos que motivaram o seu convencimento. § 1º Ao fixar o valor da indenização, o juiz considerará, além dos laudos periciais, outros meios objetivos de convencimento, inclusive a pesquisa de mercado. § 2º O valor da indenização corresponderá ao valor apurado na data da perícia, ou ao consignado pelo juiz, corrigido monetariamente até a data de seu efetivo pagamento. Para a letra D, é importante primeiro separarmos, de forma detida, o conceito de tredestinação e retrocessão. Vejamos. Imagina a situação em que o poder público municipal, por meio de decreto, desapropria amigavelmente imóvel de Paulo e Maria, para construir um posto de assistência médica. No entanto, o município altera a destinação atribuída ao bem para edificar, no local, uma escola pública. Diante da situação hipotética, questiona-se: a) ocorreu tredestinação ilícita? B) Paulo e Maria têm direito à retrocessão? Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 27 A tredestinação consiste em dar destinação diferente àquela que motivou a prática do ato originário, classificada em: lícita e ilícita. Por exemplo, se houver desapropriação de imóvel com a alegação de se construir uma escola e, por fim, decidir-se pela edificação de um hospital, haverá a tredestinação lícita, afinal a destinação, apesar de alterada, continua sendo pública. Por outro lado, se ao bem não for dada qualquer destinação ou finalidade diversa da pública, a tredestinação será ilícita. Nesse último caso é que cabe a retrocessão em favor do proprietário do patrimônio expropriado. Como se percebe, a retrocessão ± destinada a fazer voltar ao domínio do desapropriado os bens que saíram do seu patrimônio ± deve ser analisada caso a caso, somente tendo lugar quando o Estado não afetar o bem expropriado a alguma destinação pública ou em hipótese em que não lhe oferece qualquer destinação, incorrendo, portanto, na tredestinação ilícita. Assim, considerando que houve tredestinação lícita, não há que se falar em retrocessão do bem expropriado aos antigos proprietários, Paulo e Maria, ou de indenização, afinal, ainda que a finalidade tenha sido diversa da inicialmente prevista no decreto expropriatório, o expropriante, Poder Público Municipal, dispensou ao bem finalidade igualmente pública. Na letra E, por fim, temos que prazo de prescrição, na visão do STJ, é de 20 anos. 4) (2002/Esaf ± AFC) Sobre a desapropriação, assinale a opção correta. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 28 a) A desapropriação por interesse social, para fins de reforma agrária, somente pode acontecer depois de paga a justa indenização em dinheiro ao expropriado. b) A propriedade produtiva é insuscetível de desapropriação para fins de reforma agrária. c) Não se indenizam benfeitorias úteis e necessárias em caso de desapropriação para fins de reforma agrária. d) A Constituição expressamente admite a desapropriação para fins de reforma agrária de imóveis tanto rurais como urbanos. e) As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária estão sujeitas a todos os impostos federais, estaduais e municipais incidentes sobre a alienação de bens imóveis. Comentários: Vamos às análises. Na letra A, a desapropriação para fins de Reforma Agrária recai sobre bens imóveis rurais [os imóveis urbanos podem ser desapropriados por todos, exceto os urbanos com vistas ao atendimento à função social, de competência exclusiva dos Municípios, nos termos do art. 182, §4º, da CF], sendo de competência exclusiva da União. Segundo a CF, a indenização é por meio de títulos da dívida pública, e, em dinheiro, apenas as benfeitorias úteis e necessárias. Na letra B, não há qualquer erro [nossa resposta]. De fato, a desapropriação para fins de Reforma Agrária não pode recair sobre qualquer imóvel. Nos termos do art. 185 da CF, a pequena e média propriedades e a propriedade produtiva são insuscetíveis de desapropriação. Vejamos: Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu proprietário não possua outra; II - a propriedade produtiva. Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 29 Na letra C, as benfeitorias úteis e necessárias são indenizadas, e, no caso, em dinheiro. Na letra D, apenas rurais. Na letra E, temos um item que cheira prova! Vejamos o disposto no §5º do art. 184 da CF: Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. (...) § 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. (2010/Cespe ± DPU/Defensor) O poder público pode intervir na propriedade do particular por atos que visem satisfazer as exigências coletivas e reprimir a conduta antissocial do particular. Essa intervenção do Estado, consagrada na Constituição Federal, é regulada por leis federais que disciplinam as medidas interventivas e estabelecem o modo e a forma de sua execução, condicionando o atendimento do interesse público ao respeito às garantias individuaisprevistas na Constituição. Acerca da intervenção do Estado na propriedade particular, julgue os itens subsequentes. 5) As indenizações referentes a processo de desapropriação sempre devem ser pagas em moeda corrente ao expropriado. (Certo/Errado) Comentários: O item está ERRADO. Questão de fixação. Em dois momentos a CF de 1988 prevê a indenização em títulos da dívida pública. A primeira prevista no art. 182, §4º (desapropriação pelos municípios). A segunda ancorada no art. 184 (Reforma Agrária, de competência exclusiva da União). Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 30 6) Considere que tenha sido construída, com autorização da União, estrada federal em região remota do país e que tal construção tenha valorizado significativamente duas propriedades rurais que, até então, se encontravam isoladas. Nessa situação, é possível a desapropriação da área contínua à estrada, tendo em vista a valorização extraordinária dessa área em consequência da obra. (Certo/Errado) Comentários: O item está CERTO. A questão nos revela a tal desapropriação por zona. Vamos nos socorrer, abaixo, dos ensinamentos de Maria Sylvia. A desapropriação por zona, também chamada extensiva, é modalidade de desapropriação por utilidade pública prevista no artigo 42 do Decreto-lei 3.365/41, caracterizando- se por abranger: a) a área contígua necessária ao desenvolvimento posterior da obra a que se destine; ou b) as zonas que se valorizarem extraordinariamente em consequência da realização do serviço. O ato expropriatório deve especificar qual a área que se destina à continuidade da obra e qual a que se destina à revenda, em decorrência de sua valorização. Nesta última hipótese, o bem não é expropriado para integrar o patrimônio público, mas para ser revendido, com lucro, depois de concluída a obra que valorizou o imóvel. O efeito, para o Poder Público, é o mesmo da contribuição de melhoria; nas duas hipóteses, o imóvel experimenta Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 31 extraordinária valorização em decorrência de obras públicas; o poder público pode simplesmente cobrar a contribuição de melhoria (art. 145, 1II, da Constituição) ou desapropriar, antes da realização da obra, a área contígua que será valorizada, para revendê-la após o término da obra, beneficiando-se com a diferença entre o preço da aquisição e o da revenda. Muita controvérsia doutrinária suscitou o artigo 4º do Decreto- lei 3.365/41, pois alguns entendem que a desapropriação por zona é inconstitucional, em decorrência do caráter especulativo a ela inerente, fugindo aos pressupostos constitucionais do instituto; outros a consideram válida, como sucedâneo da contribuição de melhoria; no entanto, como observa Antônio de Pádua Ferraz Nogueira (1981:39), depois de apontar as divergências, o fato é que essa modalidade tem sido admitida na totalidade dos tribunais brasileiros, inclusive pelo STF que, em acórdão relatado pelo Ministro Aliomar Baleeiro (RTJ 46/550), concluiu que é lícito ao poder expropriante - não expropriar para satisfazer os interesses de particulares - mas ao interesse público, sem limitações, inclusive para auferir, da revenda de terrenos, um proveito que comporte e financie execução da obra pretendida. 7) Considere a seguinte situação hipotética. Autoridade municipal competente desapropriou área pertencente a João, para a construção de um hospital público. Após o processo de desapropriação, verificou-se ser mais necessário construir, naquela área, uma escola pública, visto que o interesse da população local já estar sendo atendido por hospital construído na cidade. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 32 Nessa situação, João tem direito de exigir de volta o imóvel e pleitear indenização por perdas e danos. (Certo/Errado) Comentários: O item está ERRADO. No presente caso, o ideal é que no imóvel efetive-se a construção do hospital. Contudo, não há vedação de que ao imóvel seja oferecida outra destinação de interesse público, ou seja, a municipalidade pode dispensar ao bem desapropriado finalidade diversa da que planejara, como a construção da escola pública, por exemplo. É o que a doutrina reconhece como tredestinação lícita. Nesse contexto, a alteração da finalidade inicial para outra igualmente pública não gera o direito à retrocessão. Dois são os pressupostos para a retrocessão: a) o bem não ter o destino para o qual foi desapropriado, a transferência para terceiros, por exemplo, e b) o bem não ser utilizado em obras ou em serviços públicos, desvio de finalidade, por exemplo, não se enquadrando, entre os pressupostos, o não uso do bem pela municipalidade por longo prazo. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 33 8) De acordo com a lei, denomina-se ocupação temporária a situação em que agente policial obriga o proprietário de veículo particular em movimento a parar, a fim de utilizar este na perseguição a terrorista internacional que porta bomba, para iminente detonação. (Certo/Errado) Comentários: O item está ERRADO. Eita! A banca voou! Acho que foi com a detonação do explosivo! Forçando a barra, temos a aplicação da chamada requisição administrativa e não ocupação temporária. Vejamos. Como observa a doutrina, a ocupação temporária é aplicável aos bens imóveis, para permitir que o poder público deixe alocados, em algum terreno desocupado, máquinas, equipamentos, barracões de operários, por pequeno espaço de tempo. É comum que as pessoas confundam a ocupação provisória com a requisição administrativa. Por isso a banca foi na ferida! 9) No caso de requisição de bem particular, se este sofrer qualquer dano, caberá indenização ao proprietário. (Certo/Errado) Comentários: Agora sim. Perceba que a banca fez registro do termo correto, no caso: requisição administrativa. Nos termos do inc. XXV do art. 5º da CF, de 1988, no caso de perigo público iminente, a autoridade competente poderá usar da Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 34 propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver danos. 10) (2006/Esaf ± Fazenda/União - Procurador da Fazenda/2006) A desapropriação que ocorre em uma área maior que a necessária à realização de uma obra, com vistas a que seja reservada para posterior desenvolvimento da própria obra, é hipótese de: a) desapropriação indireta, por já ter o Supremo Tribunal Federal pacificado o entendimento de ser inconstitucional a perda de propriedade por alguém para que o bem fique, simplesmente, reservado para utilização futura. b) desapropriação indireta, vez que a desapropriação em área maior do que a inicialmente necessária somente seria juridicamente viável para assentamentos rurais, em atividades concernentes à Reforma Agrária. c) direito de extensão, reconhecido ao poder público quando razões de utilidade pública ou interesse socialjustifiquem a medida. d) desapropriação por zona, expressamente prevista em legislação que disciplina a desapropriação por utilidade pública. e) desapropriação por interesse social, tendo em vista que a destinação do bem se dará no interesse da coletividade. Comentários: A questão nos revela a tal desapropriação por zona. Vamos nos socorrer, abaixo, dos ensinamentos de Maria Sylvia. A resposta é letra D. Vejamos. A desapropriação por zona, também chamada extensiva, é modalidade de desapropriação por utilidade pública prevista no artigo 42 do Decreto-lei 3.365/41, caracterizando-se por abranger: a) a área contígua necessária ao desenvolvimento posterior da obra a que se destine; ou b) as zonas que se valorizarem extraordinariamente em consequência da realização do serviço. O ato expropriatório deve especificar qual a área que se destina à continuidade da obra e qual a que se destina à revenda, em decorrência de sua valorização. Nesta última hipótese, o bem não é Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 35 expropriado para integrar o patrimônio público, mas para ser revendido, com lucro, depois de concluída a obra que valorizou o imóvel. O efeito, para o Poder Público, é o mesmo da contribuição de melhoria; nas duas hipóteses, o imóvel experimenta extraordinária valorização em decorrência de obras públicas; o poder público pode simplesmente cobrar a contribuição de melhoria (art. 145, 1II, da Constituição) ou desapropriar, antes da realização da obra, a área contígua que será valorizada, para revendê-la após o término da obra, beneficiando-se com a diferença entre o preço da aquisição e o da revenda. Muita controvérsia doutrinária suscitou o artigo 4º do Decreto-lei 3.365/41, pois alguns entendem que a desapropriação por zona é inconstitucional, em decorrência do caráter especulativo a ela inerente, fugindo aos pressupostos constitucionais do instituto; outros a consideram válida, como sucedâneo da contribuição de melhoria; no entanto, como observa Antônio de Pádua Ferraz Nogueira (1981:39), depois de apontar as divergências, o fato é que essa modalidade tem sido admitida na totalidade dos tribunais brasileiros, inclusive pelo STF que, em acórdão relatado pelo Ministro Aliomar Baleeiro (RTJ 46/550), concluiu que é lícito ao poder expropriante - não expropriar para satisfazer os interesses de particulares - mas ao interesse público, sem limitações, inclusive para auferir, da revenda de terrenos, um proveito que comporte e financie execução da obra pretendida. Ah! Aproveito para falar sobre o direito de extensão. Vai quê? Na LC 76, de 1993, que dispõe sobre a desapropriação para Reforma Agrária, admite-se que o proprietário requeira a desapropriação de todo o imóvel, isso quando a área remanescente ficar reduzida a superfície inferior à da pequena propriedade rural ou prejudicada Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 36 substancialmente em suas condições de exploração econômica, caso seja o seu valor inferior ao da parte desapropriada. Trata-se, como esclarece a doutrina, do chamado direito de extensão, ou seja, do direito de exigir que na desapropriação se inclua a parte do imóvel que ficou inaproveitável isoladamente. (2010/Cespe - PGF - Advogado da União) Em cada um dos itens subsequentes, é apresentada uma situação hipotética a respeito da desapropriação e do TCU, seguida de uma assertiva a ser julgada. 11) A União desapropriou um imóvel para fins de reforma agrária, mas, depois da desapropriação, resolveu utilizar esse imóvel para instalar uma universidade pública rural. Nessa situação, houve tredestinação lícita, de forma que o antigo proprietário não poderá pedir a devolução do imóvel. (Certo/Errado) Comentários: Nada se cria, tudo se copia! Questão de fixação. O item está CERTO. Se ao bem for dada outra destinação, afora a prevista no ato originário, há o reconhecimento doutrinária de tredestinação lícita. Inclusive, como vimos, nesse caso não caberá o direito de retrocessão. Ver figuras na questão 5. (2010/Cespe - PGF - Advogado da União) Com base no tratamento conferido ao instituto da desapropriação pela CF, pela legislação vigente e pelos tribunais superiores, julgue os itens a seguir. 12) O procedimento de desapropriação por utilidade pública de imóvel residencial urbano não admite a figura da imissão provisória na posse. (Certo/Errado) Comentários: O item está ERRADO. Vejamos, abaixo, o significado de imissão provisória na posse. Para Celso Antônio: Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 37 É a transferência da posse do bem objeto da expropriação para o expropriante, já no início da lide, obrigatoriamente concedida pelo juiz, se o Poder Público declarar urgência e depositar em juízo, em favor do proprietário, importância fixada segundo critério previsto em lei. A imissão é, induvidosamente, ato de império do Estado. Perceba que o juiz não pode discordar. Isso mesmo. Observados os requisitos da Lei, haverá a transferência da posse (oi lá, posse e não propriedade). Segundo o Decreto-lei 3.365/vovó-mocinha (1941), são necessários os seguintes requisitos: - alegação de urgência, seja no próprio ato expropriatório, ou, a qualquer momento, no curso do processo judicial. Para o STF, não é cabível se o processo judicial tiver sido julgado; - depósito da quantia fixada segundo critério previsto em lei; - imissão requerida no prazo de 120 dias da alegação de urgência; - por fim, há necessidade de a imissão provisória ser registrada no registro de imóveis (Lei 11.977, de 2009). 13) Segundo entendimento do STF, é inconstitucional a previsão legal que limita a quantia a ser arbitrada a título de honorários advocatícios na ação de desapropriação a um valor entre 0,5% e 5% Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 38 da diferença entre o preço oferecido e a indenização obtida. (Certo/Errado) Comentários: O item está ERRADO. De pronto, que tal vencermos a análise de algumas das Súmulas do STJ e STF sobre os honorários advocatícios? Abaixo. Súmulas do STJ: 141 (os honorários de advogado em desapropriação direta são calculados sobre a diferença entre a indenização e a oferta, corrigidas monetariamente) e 131 (nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas). Súmula do STF: Súmula 617. Firmou-se o entendimento de que a base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente. Quanto ao valor dos honorários, temos que a Medida Provisória 2.183, de 2001, limitou o valor dos honorários na ação de desapropriação, inclusive na desapropriação para fins de reforma agrária e nas ações de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta, conforme redação dada aos §§ 1º e 3º do artigo 27 do Decreto-lei 3.365/41. Nos termos da MP, a sentença que fixar o valor da indenização, superior ao preço oferecido, condenará o Estado a pagar honoráriosdo advogado. No caso, serão fixados entre 0,5% e 5% do valor da diferença. Por fim, destaco que, na ADI 2.332, o STF levantou a aplicabilidade de parte dos dispositivos da referida medida provisória, no entanto não afetou os percentuais acima referidos. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 39 14) Os juros compensatórios, devidos quando o expropriante realiza imissão antecipada na propriedade, incidem ainda que o imóvel não produza renda para o expropriado, conforme jurisprudência do STJ. (Certo/Errado) Comentários: O item estava CERTO, segundo o gabarito preliminar. Porém, depois dos recursos, a banca, acertadamente (explicarei), decidiu pela anulação do quesito. Razões de justificativa da ilustre organizadora: O item deve ser anulado, pois os conceitos de posse e propriedade não se confundem. Os juros compensatórios incidem a partir da imissão antecipada na posse. O termo ³SURSULHGDGH´� SRGH� FRQIXQGLU� R� H[DPLQDQGR��PRWLYR� SHOR� TXDO� se opta pela sua anulação. Desconsiderando esta impropriedade, o item, realmente, está correto. Vejamos. No Recurso Especial 974.150, o STJ fixou o entendimento de que, havendo imissão provisória na posse, os juros compensatórios são devidos ainda que o imóvel seja improdutivo, mas suscetível de produção. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. RECURSO ESPECIAL. FATOR ANCIANIDADE. DEPRECIAÇÃO DO VALOR. JUROS COMPENSATÓRIOS. IMPRODUTIVIDADE DO IMÓVEL. IRRELEVÂNCIA. PERCENTUAL. SÚMULA 618/STF. MP 1.577/97. ART. 543-C DO CPC. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME DE REPETITIVOS. CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR OFERTADO. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. (...) 6. Os juros compensatórios destinam-se a compensar o que o desapropriado deixou de ganhar com a perda antecipada do imóvel, ressarcir o impedimento do uso e gozo econômico do bem, ou o que deixou de lucrar, motivo pelo qual incidem a partir da imissão na posse do imóvel expropriado, consoante o Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 40 disposto no verbete sumular n.º 69 desta Corte: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel. 7. Os juros compensatórios são devidos mesmo quando o imóvel desapropriado for improdutivo, justificando-se a imposição pela frustração da expectativa de renda, considerando a possibilidade do imóvel "ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista". 8. Os juros compensatórios fundam-se no fato do desapossamento do imóvel e não na sua produtividade, consoante o teor das Súmulas n.ºs 12, 69, 113, 114, do STJ e 164 e 345, do STF. Precedentes: EREsp 519365/SP, DJ 27.11.2006; ERESP 453.823/MA, DJ de 17.05.2004, RESP 692773/MG, desta relatoria, DJ de 29.08.2005. 9. Com efeito, os juros compensatórios incidem ainda que o imóvel seja improdutivo, mas suscetível de produção. 15) (CESPE/OAB/2010) Assinale a opção correta com relação às modalidades de restrição do Estado sobre a propriedade. A As limitações administrativas consubstanciam obrigações de caráter específico a proprietários determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade, que confere ao titular o poder de usar, gozar e dispor da coisa do modo como melhor lhe convier. B O tombamento, que configura instituição de direito real de natureza pública, impõe ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel e não afeta o caráter absoluto do direito de propriedade. C A servidão administrativa afeta a exclusividade do direito de propriedade, visto que transfere a outrem faculdades de uso e gozo. D A requisição de imóveis é restrição imposta ao proprietário que não utiliza adequadamente a sua propriedade. Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 41 Comentários: A resposta é letra C. De fato, a servidão administrativa (exemplo da colocação de placas de sinalização de ruas nas casas de esquina) implica a instituição de direito real de natureza pública. Com outras palavras, há a incidência de uma restrição sobre a res (a coisa), de tal sorte a impor ao proprietário o dever de suportar um ônus parcial sobre o imóvel de sua propriedade, seja para um serviço público, seja para um bem destinado a um serviço público. A servidão administrativa ± enquanto direito real - afeta a exclusividade do direito de propriedade, como nos esclarece a alternativa C. Afinal transfere a outrem faculdades de uso e gozo. Por exemplo: eventual rede elétrica sobre uma propriedade particular não retira, obviamente, o direito de propriedade, porém haverá, para o Estado, o direito de gozo e de uso. Abro um parêntese para esclarecer que as servidões administrativas não se confundem com aquelas estudadas lá no Direito Civil. Por exemplo: as administrativas não se extinguem pela prescrição, podem incidir sobre bens do domínio público, e, de regra, não acarretam indenização. A seguir, vejamos os erros nos demais itens. A As limitações administrativas SERVIDÕES ADMINISTRATIVAS consubstanciam obrigações de caráter específico a proprietários Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br 42 determinados, sem afetar o caráter absoluto do direito de propriedade, que confere ao titular o poder de usar, gozar e dispor da coisa do modo como melhor lhe convier. B O tombamento A SERVIDÃO ADMINISTRATIVA, que configura instituição de direito real de natureza pública, impõe ao proprietário a obrigação de suportar ônus parcial sobre o imóvel e não afeta o caráter absoluto do direito de propriedade. D A requisição DESAPROPRIAÇÃO de imóveis é restrição ABSOLUTA imposta ao proprietário que não utiliza adequadamente a sua propriedade (DESCUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE). 16) (CESPE/OAB/2010) A respeito do instituto da servidão administrativa, assinale a opção correta. A As servidões administrativas podem decorrer diretamente da lei, de acordo ou de sentença judicial. B Somente mediante lei pode ser extinta uma servidão administrativa. C Cabe direito a indenização em qualquer das hipóteses de servidão administrativa. D A servidão administrativa dispensa, em sua instituição, autorização legal. Comentários: A resposta é letra A. Vejamos, abaixo, com as servidões administrativas podem ser constituídas. A primeira forma - e discutível em termos doutrinários - é por meio de lei, não necessitando, para tanto, de qualquer ato administrativo uni ou bilateral. Um exemplo é a servidão de passagem nas margens dos rios navegáveis. A discussão suscitada é que, para parte da doutrina, estar-se-ia, em verdade, diante de uma limitação administrativa, por incidir sobre propriedades não individualizadas. A segunda ± e desejável forma ± é a constituição por acordo entre as partes. O Estado declara a servidão (Decreto), e o particular Curso Teórico de Direito Administrativo para a ESAF Prof. Cyonil Borges e Sandro Bernardes Profº. Cyonil Borges www.estrategiaconcursos.com.br
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