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A grade da audição: a organização ordenada das células ciliadas do ouvido. Em um artigo recente, dois grupos, da Universitat Pompeu Fabra e Universitat de Barcelona, utilizaram métodos experimentais e computacionais para investigar como a interação entre dois genes, Atoh1 e Notch, determina o destino das células ciliadas e sua organização espacial precisa. O trabalho mostra que a organização das células ciliadas gerada pelo Atoh1 é extraordinária e robusta. Com o auxílio da modelagem computacional, os autores propõem que esta organização é dependente da capacidade de Atoh1 em promover a sua própria expressão - sua autoativação - e na sua interação com Notch. Atoh1 comporta-se como um gene mestre que dirige o desenvolvimento das células ciliadas, no entanto, nem todas as células que expressam Atoh1 se diferenciam em células ciliadas. Este processo ocorre de forma que uma vez que uma célula decide se tornar uma célula ciliada, ela impede as células vizinhas de fazê-lo. Isso é chamado de "inibição lateral" e resulta em um padrão bidimensional do tipo grade, onde as células ciliadas se alternam com as chamadas células de suporte, e esta organização espacial é fundamental para a audição normal. Trabalhos anteriores demonstraram que esta inibição lateral é mediada pela sinalização da proteína Notch. Notch é uma proteína transmembrana, que dirige a sinalização quando interage com outras proteínas específicas - os ligantes de Notch - na membrana de células vizinhas. Este novo trabalho mostra que a interação entre dois ligantes de Notch, Delta1 e Jag1, resulta em um reforço complementar do padrão espacial. Este foi de algum modo inesperado, porque a função principal de Jag1 se opõe à de Delta1 e à inibição lateral em estágios iniciais do desenvolvimento no mesmo tecido. No entanto, a presença simultânea dos dois ligantes na presença de Atoh1 dirige a competição para a ligação à proteína Notch. Esta competição inverte o papel normal de Jag1 e resulta em um efeito cooperativo dos dois ligantes, que dirigem juntos a inibição lateral. Um dado importante é que esta cooperação depende de diferenças quantitativas na força da sinalização que resultam da interação de Notch com Delta1 ou com Jag1. Isso ilustra como diferenças quantitativas na ativação de uma determinada via de sinalização podem resultar em diferenças qualitativas na célula. O trabalho também mostra que a organização das células ciliadas gerado por Atoh1 é extraordinária e robusta e que isso depende da autoativação de Atoh1. A combinação de técnicas experimentais e de modelagem foi essencial para o sucesso do trabalho, enfatizando o poder das associações e a colaboração multidisciplinares para lidar com os problemas nas ciências da vida. A maioria dos defeitos na audição humana, como danos pelo som, tóxicos ou defeitos hereditários, é causada pela perda das células ciliadas. Ao contrário de outros vertebrados, como a galinha, as células ciliadas não se regeneram após os danos, em mamíferos. No entanto, alguns resultados recentes têm mostrado que o bloqueio da atividade da proteína Notch favorece a regeneração de células ciliadas em mamíferos. Muitos cientistas acreditam que decifrando os mecanismos de desenvolvimento que operam no embrião, será possível obter pistas para melhores estratégias de regeneração de tecidos. Os resultados encontrados no trabalho de Petrovic e colaboradores dão novos conhecimentos sobre a interação entre Atoh1, Notch e seus ligantes, que podem ajudar a entender como as células ciliadas podem se regenerar em padrões ordenados e, consequentemente, restaurar a função adequada. Referência: "Ligand dependent Notch signaling strength orchestrates lateral induction and lateral inhibition in the developing inner ear." By Jelena Petrovic, Pau Formosa-Jordan, Juan Camilo Luna-Escalante, Gina Abelló, Marta Ibañes, Joana Neves and Fernando Giraldez. Fonte: Traduzido de Universitat Pompeu Fabra - Department of Experimental and Health Sciences. http://www.upf.edu/cexs/news/audition.html#.VD_6Nmc7um4. Acesso em 13/Out/2014.
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