Buscar

Meios de cultura

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 39 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA
DENISE APARECIDA ZEMPULSKI
JÉSSI CAUANA HECK
MAYARA CEREJA PASTORIZA
VANESSA LIZÉRIA ALFLEN
MEIOS DE CULTURA
TOLEDO
2008
DENISE APARECIDA ZEMPULSKI
JÉSSI CAUANA HECK
MAYARA CEREJA PASTORIZA
VANESSA LIZERIA ALFLEN
MEIOS DE CULTURA
Relatório apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina de Laboratório de Engenharia Química I, do curso de Engenharia Química, da UNIOESTE – Campus Toledo.
Professor: Sérgio Luiz de Lucena.
TOLEDO
2008
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS	iii
LISTA DE TABELAS	iv
RESUMO	v
1 NUTRIÇÃO E METABOLISMO BACTERIANOS1
1.1 FONTES DE ENERGIA1
1.2 FONTES DE MATERIAL PLÁSTICO2
1.2.1 Fontes de carbono2
1.2.2 Fontes de nitrogênio2
1.2.3 Íons Inorgânicos Essenciais3
1.2.4 Fatores de crescimento4
1.3 ÁGUA4
1.4 OXIGÊNIO ATMOSFÉRICO4
2 MEIOS DE CULTURA5
COMPOSIÇÃO DOS MEIOS DE CULTURA5
ESTADOS FÍSICOS DOS MEIOS DE CULTURA8
2.2.1 Aplicações de acordo com os estados físicos 9
2.2.1.1 Meios sólidos9
2.2.1.1.1 Gelose Simples (Columbia)9
2.2.1.1.2 Gelose Sangue9
2.2.1.1.3 Gelose Chocolate9
2.2.1.1.4 Gelose Tripcase Soja9
2.2.1.1.5 Isolamento seletivo e diferenciação de Salmonella e Shigella
2.2.1.1.6 Gelose Sabouraud10
2.2.1.1.7 Portagerm10
2.2.1.2 Meios Líquidos11
Meio de Todd-Hewitt11
2.2.1.2.2 Meio de Tioglicolato11
2.2.1.2.3 Meio de Carne11
2.2.1.2.4 Meio de Tetrationato (meio de Muller-Kauffmann)11
2.2.1.2.5 Água de Peptona Alcalina11
2.3 TIPOS DE MEIOS12
2.3.1 Meios para o cultivo de bactérias12
2.3.2 Meios para o cultivo de Fungos16
2.3.3 Meios de Cultura de Protozoários17
2.3.4 Meios para Cultivo de Algas18
2.4 MEIOS SELETIVOS E DIFERENCIAIS19
2.4.1 Meios Com Finalidades Especiais – Meios Especiais19
2.4.1.1 Meios para Anaeróbios19
2.4.1.2 Meios Seletivos
2.4.1.3 Meios Diferenciais
2.4.1.4 Meios Seletivos/Diferenciais
2.4.1.5 Meios de Enriquecimento
2.5 CONSERVAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA
2.5.1 Técnicas de Assepsia
2.5.2 Manutenção e Conservação de microrganismos viáveis no laboratório
2.5.2.1 Manutenção em Meio Sólido
2.5.2.2 Congelação ou Criogenia
2.5.2.3 Recobrimento Com Camada de Óleo Mineral Estéril
2.5.2.4 Liofilização
3 QUESTÕES	
CONCLUSÃO		12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	13
�
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Bactéria Thiobacillus2
Figura 2 – (a) Bactérias Azotobacter, (b) Rhizobium3
Figura 3 - No meio de MacConkey em: (a) Escherichia coli, (b) Pseudomonas aeruginosa6
Figura 4 – Sistema de microcápsulas API 20E7
Figura 5 - Escherichia coli.13
Figura 6 - Lactobacillus acidophilus.14
Figura 7 - Treponema pallidum.15
Figura 8 - Fungos na Laranja16
Figura 9 - Fungos na carne17
Figura 10 - Tetrahymena pyriformis17
Figura 13 - Ansa de inoculação.
Figura 14 – Tubos de ensaio rolhados contendo uma determinada cultura em meio sólido.
Figura 15 – Tubos de ensaio rolhados.
Figura 16 – Incubadora (espécie de geladeira) para conservação de microrganismos em meios de cultura.
Figura 17- Frasco com substrato areno-orgânico, contendo microescleródios de Macrophomina phaseolina, e pronto para ser armazenado em temperatura de geladeira (5 ±2ºC).
Figura 18 – Botijões criogênicos para armazenar culturas a baixas temperaturas.
Figura 19 – Equipamento de liofilização.
Figura 20 – Modelo de ampolas utilizdas na liofilização.
�
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Meio quimicamente definido para uma bactéria quimioautotrófica.12
Tabela 2 - Meio quimicamente definido para uma bactéria heterotrófica.14
Tabela 3 - Composição do caldo nutriente, um meio complexo para o crescimento de uma bactéria heterotrófica.15
�
RESUMO
	
	
�
1 NUTRIÇÃO E METABOLISMO BACTERIANOS
Todos os seres vivos possuem as mesmas necessidades nutritivas que, para renovarem seu protoplasma, que é o conjunto de estruturas vivas presentes nas células; e exercerem suas atividades, exigem fontes de energia e fontes de material plástico (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005). 
Há apenas dois tipos nutritivos para os seres superiores: os vegetais que são fotossintéticos, ou seja, obtêm energia da luz solar, e autotróficos, cuja nutrição é exclusiva de substâncias inorgânicas; e os animais que são quimiotróficos, obtêm energia à custa de reações químicas, e heterotróficos, necessitam de fontes orgânicas de carbono. Entre os microorganismos há uma variedade de tipos intermediários (BORZANI, 2001).
1.1 FONTES DE ENERGIA
Nas algas o principal pigmento fotossintético é a clorofila, assim como nas plantas, durante o processo, a água é usada como doadora de elétrons com desprendimento de oxigênio. Este processo é muito importante e aproximadamente 50% do oxigênio presente na atmosfera provém dele. Nas bactérias o pigmento fotossintético é a bacterioclorofila e não há produção de oxigênio, pois a água não é utilizada como fonte de elétrons. As bactérias que utilizam compostos inorgânicos, como o H2S, são chamadas litotróficas; as que exigem doadores orgânicos de elétrons são chamadas de organotróficas (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005). 
As litotróficas oxidam compostos inorgânicos e as organotróficas oxidam compostos orgânicos. No entanto, a maioria das bactérias é quimiotrófica, as quais obtêm energia à custa das reações químicas onde substratos adequados são oxidados. Neste grupo são encontradas bactérias de grande importância, como as do gênero Thiobacillus (Figura 1) que conseguem oxidar enxofre, produzindo ácido sulfúrico. Sendo então, utilizadas na lixiviação de metais e minérios pobres, como o cobre e o urânio, pois o processo químico usual de extração não seria muito econômico (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
�
Figura 1 – Bactéria Thiobacillus
1.2 FONTES DE MATERIAL PLÁSTICO
Para que a matéria viva seja renovada, os elementos mais importantes, quantitativamente, são o carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogênio, o enxofre e o fósforo.
1.2.1 Fontes de carbono
Para sintetizar todos os compostos orgânicos de que necessitam as autotróficas utilizam como única fonte de carbono o CO2 ou o íon bicarbonato. A maioria das bactérias são heterotróficas e as fontes de carbono mais comuns são os carboidratos, em particular D-glicose, aminoácidos, ácidos monocarboxílicos, lipídios, álcoois e polímeros como amido e celulose. O fato de que qualquer composto orgânico natural e muitos sintéticos poderem ser usados por algum microorganismo, é de grande importância, pois permite o emprego destes microorganismos numa série de transformações para o homem (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
1.2.2 Fontes de nitrogênio
Com relação às necessidades de nitrogênio, algumas bactérias retiram o nitrogênio diretamente da atmosfera e o convertem a nitrogênio orgânico. Essa “fixação” de nitrogênio é exercida por bactérias dos gêneros Azotobacter e Rhizobium (Figura 2), que executam esta atividade em simbiose com plantas leguminosas, contribuindo de maneira significativa na fertilidade e produtividade do solo. A grande maioria das bactérias utiliza compostos inorgânicos de nitrogênio, em especial sais de amônio. Algumas exigem fontes orgânicas de nitrogênio, como uma variedade de aminoácidos. Em geral o crescimento das bactérias heterotróficas é favorecido com a adição de aminoácidos ou hidrolisados de proteínas (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
� �
(a)						(b)
Figura 2 – (a) Bactérias Azotobacter, (b) Rhizobium
1.2.3 Íons Inorgânicos Essenciais
As bactérias exigem uma série de elementos sob a forma de compostos inorgânicos, além do carbono e nitrogênio. Alguns, os macronutrientes, são necessários em quantidades consideráveis, como o fósforo, sob a forma de fosfatos, que é importante no metabolismo energético e na síntese de ácidos nucléicos: o enxofre, necessáriopor fazer parte de aminoácidos como cistina e cisteína e para a síntese de vitaminas como biotina e tiamina; o potássio, um ativador de enzimas e regulador de pressão osmótica; o magnésio, um ativador de enzimas extracelulares e fator de grande importância na síntese de proteínas e união das frações ribossômicas; o ferro, necessário para síntese dos citocromos e de certos pigmentos. Têm-se também os micronutrientes que, pela dificuldade de estudo, eles não são tão conhecidos. Em alguns casos específicos, há a necessidade de cobre, cobalto, zinco, manganês, milibidenio, sódio, entre outros (BORZANI, 2001).
1.2.4 Fatores de crescimento
Os compostos orgânicos indispensáveis para um determinado microorganismo, mas ele não consegue sintetizar, são chamados de fatores de crescimento. Esses fatores devem estar no meio para que o microorganismo possa crescer. Estes fatores podem ser as vitaminas, principalmente as do complexo B, ou aminoácidos, nucleotídeos e ácidos graxos (BORZANI, 2001).
Um aspecto importante é que quando um microrganismo exige um fator específico, seu crescimento será limitado à quantidade deste fator presente no meio, ou seja, seu crescimento será proporcional ao teor de composto limitante. Assim, permite que um método de dosagem de certos compostos seja elaborada, como as vitaminas e aminoácidos, baseado na medida do crescimento microbiano. Este fundamento é chamado de dosagem microbiológica (BORZANI, 2001).
1.3 ÁGUA
A água não é um nutriente, mas é indispensável para o crescimento microbiano. As bactérias têm sua nutrição pela passagem de substâncias em solução através da membrana citoplasmática e a água exerce a função de regular a pressão osmótica e pressão térmica, por ter elevado calor especifico. Grande parte das bactérias quando não esporulada, morre rapidamente por dessecação (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
1.4 OXIGÊNIO ATMOSFÉRICO
O oxigênio também não é nutriente, mas é receptor final de hidrogênio nos processos de respiração aeróbica. As bactérias aeróbias exigem pequena quantidade de oxigênio livre e não toleram as pressões normais de oxigênio presente na atmosfera, são as microaerófilas. As anaeróbias estritas não toleram a presença de oxigênio livre e morrem rapidamente nessas condições; as anaeróbias não-estritas não utilizam o oxigênio atmosférico. E por fim as facultativas que podem crescer tanto na presença quanto na ausência do oxigênio atmosférico (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
2 MEIOS DE CULTURA
Em laboratório, com condições artificiais, o crescimento de bactérias é conseguido através da semeadura das mesmas em meios de cultura, cuja composição deve atender as necessidades nutritivas dos microorganismos. Pela grande variedade de tipos nutritivos, não há um meio de cultura universal. Muitas vezes, o que é exigido por uma determinada bactéria inibe totalmente o crescimento das outras; e é o que acontece com a matéria orgânica necessária ao crescimento de heterotróficas, que na maioria das vezes inibe o crescimento das autotróficas. Então para compor um meio adequado, se faz necessário conhecer a fisiologia das bactérias em questão (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
COMPOSIÇÃO DOS MEIOS DE CULTURA
Os meios de cultura são divididos basicamente em dois grandes grupos: os meios sintéticos e os meios complexos.
Os meios sintéticos são aqueles cuja composição é qualitativa e quantitativa. Tem-se como exemplo o seguinte meio: NH4Cl, 1,0g; K2HPO4, 1,0g; MgSO4.7H2O, 0,2g; FeSO4.7H2O, 0,01g; CaCl2, 0,02g; MnCl2.4H2O, 0,002g; NaMoO4.2H2O, 0,001g; água em quantidade suficiente para 1,0 L.. Este meio também está de acordo com os princípios citados anteriormente, no que se refere à fonte de nitrogênio e íons inorgânicos, no entanto não contêm uma fonte de carbono em de energia, mas isto acontece porque o meio foi planejado para a cultura de fotolitotróficas, que só contem material inorgânico, a fonte de carbono é o CO2 que vem do ar e a fonte de energia é a luz solar. Para o desenvolvimento das bactérias nesse meio elas devem ser incubadas em presença de luz e em condições de aerobiose (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
Se fosse adicionado 0,5g de glicose a esse meio, ele ainda seria considerado sintético, mas contendo uma fonte de orgânica de energia e carbono (glicose), permitindo o crescimento de bactérias como a Escherichia coli (Figura 3), habitantes normal do intestino de mamíferos. Essas bactérias têm excepcionais capacidades de síntese, pois a partir da glicose e dos sais minerais do meio consegue fabricar todos os componentes do protoplasma. Se forem acrescentados outros tipos de aminoácidos, poderá haver o crescimento de um numero cada vez maior de microorganismos, e o meio ainda será considerado sintético (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005). 
Para o cultivo de microorganismos mais exigentes, pode-se enriquecer o meio com substâncias capazes de fornecer uma grande variedade de aminoácidos e vitaminas. A partir desse momento o meio passou a ser complexo (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
Os meios complexos são quimicamente indefinidos, pois são preparados a partir de produtos naturais, mas eles têm a função de simular e até mesmo melhorar o ambiente natural dos microorganismos em questão. Os exemplos de produtos naturais adicionados ao meio são extratos de carne, peptonas, extrato de levedura, sangue, soro, leite, extrato de solo e fluido de rúmen de bovino. Estes substratos são substâncias químicas complexas que contêm açúcares, aminoácidos, vitaminas e sais e sua composição exata é indefinida. Os produtos naturais que são adicionados estimulam o crescimento de uma variedade grande de heterotróficos. Como exemplo, os extratos de leveduras contem vitaminas do complexo B que permitem o crescimento bacteriano (PELCZAR et al, 1996).
Diversos meios diferentes estão disponíveis comercialmente, como exemplo, a Figura 4, desde os que permitem de muitos microorganismos até aqueles que permitem o crescimento de apenas um tipo de microorganismo. Alguns até possuem indicadores químicos para detectar mudanças de pH devido ao metabolismo da substratos (PELCZAR et al, 1996).
 
(a) 					(b) 
Figura 3 - No meio de MacConkey em: (a) Escherichia coli, (b) Pseudomonas aeruginosa
Na Figura 3 em (a), no meio MacConkey, a Escherichia coli forma colônias vermelhas, esta coloração vermelha é devida à reação de um corante vermelho neutro com o ácido formado a partir da fermentação da glicose pela E. coli. A Pseudomonas aeruginosa, não forma colônias coloridas(PELCZAR et al, 1996).
Alguns fabricantes produziram microcápsulas de plástico, para uma rápida identificação dos microorganismos, cada uma delas contento um meio de cultura desidratado diferente, como mostra a Figura 4 (PELCZAR et al, 1996). 
Figura 4 – Sistema de microcápsulas API 20E
Este sistema da Figura 4 serve para a identificação das bactérias Gram-negativas, sendo uma versão em miniatura dos procedimentos bioquímicos convencionais. É um sistema de microtubos pronto para uso destinado à realização de testes bioquímicos padrões nas colônias isoladas de bactérias retiradas do meio de uma placa (PELCZAR et al, 1996). Os microtubos contêm os substratos das reações bioquímicas na sua forma desidratada, sendo estes hidratados pela adição da suspensão bacteriana salina, para criar uma atmosfera de anaerobiose, que é fundamental para a realização de reações fermentativas. As galerias são então incubadas de 18 a 24 horas e de 35 a 37ºC. A leitura dos testes bioquímicos da galeria é feita pela observação da modificação da cor, após os vários sistemas indicadores terem sido afetados pelos metabólicos bacterianos ou pelos reagentes adicionados. A identificação de bactérias desconhecidas é então feita recorrendo a tabelas ou sistemas automatizados, fornecidos pela casa comercial [1].
Existem também instrumentos que permitem a semeadura de múltiplas amostras de uma suspensão bacteriana nos meios de uma única etapa, em vez de semear uma a uma. Outros sistemas eficientes oferecem umaplaca de Petri dividida em vários compartimentos, e cada um contém um meio solidificado diferente, que pode ser semeado com uma gota de suspensão microbiana. Com um programa computacional pode-se comparar os resultados obtidos nestes meios com os resultados obtidos de um microorganismo conhecido. Os meios podem ser preparados a partir de matérias-primas ou pós desidratados. (PELCZAR et al, 1996).
 ESTADOS FÍSICOS DOS MEIOS DE CULTURA
Os meios de cultura podem ser constituídos simplesmente por soluções de nutrientes. Geralmente os microrganismos têm maior facilidade de iniciar o seu crescimento nesse tipo de meio, principalmente se o seu número é de início pequeno. Quando, todavia, existe mais de um tipo de microrganismo no material semeado, o crescimento final será constituído de uma mistura destes, o que impede que se tirem conclusões a respeito da natureza e da atividade de cada um. Para que as características de um microrganismo possam ser reconhecidas ou para que sua atividade possa ser devidamente aproveitada, ele deve-se encontrar em “cultura-pura”, isto é, não deve ser misturado a outros. (BORZANI et al, 2001)
Porém, quando existe mais de uma espécie de microrganismo se desenvolvendo no meio liquido no final teremos uma mistura deles. Para que possamos trabalhar com os mesmos separadamente é necessário fazer o isolamento, o que é normalmente conseguido, semeando-os num meio sólido, normalmente na superfície. Assim, se a mistura de germes for convenientemente diluída e espalhada na superfície do meio sólido cada microorganismo estará separado de seu vizinho e se multiplicará formando colônias de indivíduos da mesma espécie e assim essas colônias podem ser isoladas e cultivadas em separado, o que permite o estudo de cada espécie individualmente. (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005)
	Os meios sólidos são preparados adicionando um agente solidificador às soluções com nutrientes. O agente mais utilizado é o Agar que é um polissacarídeo extraído de algas que funde a cerca de 100°C e se solidifica a cerca de 40°C. a adição de 1,5 a 2% de Agar é suficiente para a solidificação dos meios (BORZANI et al, 2001).
	Como o Agar é um material orgânico, ele poderá inibir o crescimento de alguns microrganismos autotróficos. Neste caso podemos utilizar sílica gel como agente solidificante. Outra substância que pode ser utilizada para solidificar meios é a gelatina, no entanto tem o inconveniente de se fundir a temperatura relativamente baixa e assim só pode ser utilizada com microrganismos que se desenvolvem em temperaturas relativamente baixas (<20°C). (BORZANI, 2001)
	
2.2.1 Aplicações de acordo com os estados físicos
2.2.1.1 Meios sólidos
2.2.1.1.1 Gelose Simples (Columbia)
Utilizada no isolamento de bactérias comuns. Contém uma mistura de peptonas particularmente adaptada à cultura dos microrganismos mais freqüentes em amostras humanas. Pode tornar-se enriquecida pela adição de sangue (de carneiro ou de cavalo) permitindo o crescimento de bactérias mais exigentes. 
Pode tornar-se seletiva pela adição de misturas antibióticas.
2.2.1.1.2 Gelose Sangue
Utilizada no isolamento de bactérias mais exigentes. É uma gelose simples adicionada com sangue de carneiro ou cavalo. Permite o crescimento de bactérias mais exigentes e permite a leitura da hemólise.
2.2.1.1.3 Gelose Chocolate
Utilizada no isolamento de Haemophilus e Neisseria.É uma gelose-sangue aquecida para provocar a hemólise dos glóbulos vermelhos que assim libertam fatores intracelulares fundamentais para o crescimento das bactérias do gênero. Chama-se chocolate porque a placa fica com uma cor acastanhada igual à do chocolate.
2.2.1.1.4 Gelose Tripcase Soja
Utilizada no isolamento de microrganismos não exigentes. Meio de isolamento que se destina os microrganismos que não apresentam exigências específicas para o seu desenvolvimento.
Pode ser utilizada sozinha ou adicionada com sangue (neste caso permitindo o crescimento de bactérias mais exigentes e a leitura da hemólise).
2.2.1.1.5 Isolamento seletivo e diferenciação de Salmonella e Shigella
É um meio de isolamento seletivo e de diferenciação destinado à pesquisa de Salmonella e Shigella a partir de amostras de fezes. Permite evidenciar colônias que fermentam a lactose e que reduzem o tiosulfato por produção de H2S.
Os microrganismos que fermentam a lactose originam colônias rosa, os que não fermentam originam colônias incolores. Os microrganismos que produzem H2S reduzem o tiosulfato e originam colônias com centro negro. A presença de colônias incolores ou fracamente coloridas com ou sem centro negro representa uma forte presunção de Salmonella ou Shigella.
2.2.1.1.6 Gelose Sabouraud
	Utilizada no isolamento de fungos. Permite o isolamento de todo o tipo de fungos (leveduras e bolores).
2.2.1.1.7 Portagerm
Meio de transporte que mantém viabilidade de aeróbios e anaeróbios. Meio sólido para transporte de amostras. O agar do meio inibe a difusão de oxigênio presente quando se insere a amostra. Agentes redutores presentes no meio combinam-se com o oxigênio livre mantendo assim a atmosfera de anaerobiose.
Tem um indicador (resazurina) que indica a presença ou ausência de oxigênio:
Meio de cor azul = presença de oxigênio (bactérias anaeróbias já inviáveis)
Meio incolor = ausência de oxigênio.
2.2.1.2 Meios Líquidos
Meio de Todd-Hewitt
Usado no enriquecimento de Streptococcus.Caldo glicosado e tamponado que permite o crescimento abundante de bactérias do gênero Streptococcus. Pode ser enriquecido com sangue.
2.2.1.2.2 Meio de Tioglicolato
Enriquecimento de aeróbios, anaeróbios e microaerófilos. É um caldo de enriquecimento onde se desenvolvem as bactérias aeróbias, anaeróbias e microaerófilas.
É utilizado para semear amostras biológicas cujos microrganismos possam estar presentes em baixas concentrações. É supérfluo incubar os tubos em anaerobiose. Também se utiliza para controle de esterilidade.
2.2.1.2.3 Meio de Carne
Utilizado no enriquecimento de aeróbios e anaeróbios. Caldo peptonado contendo carne de coração cozida. Permite o crescimento de aeróbios e anaeróbios.
2.2.1.2.4 Meio de Tetrationato (meio de Muller-Kauffmann)
Caldo de enriquecimento de Salmonella. Caldo contendo tetrationato, bílis e verde brilhante que inibem o crescimento da maioria das bactérias entéricas. Destina-se ao enriquecimento de Salmonella a partir das fezes.
A sua composição favorece o crescimento da Salmonella no meio de uma flora polimicrobiana.
2.2.1.2.5 Água de Peptona Alcalina
Enriquecimento de Vibrio cholerae. Utiliza-se na sementeira de fezes quando se suspeita de cólera.
É um caldo composto por água peptonada contendo 10% cloreto de sódio e com pH hiperalcalino (8.8).
Permite o crescimento de vibrios (e também plesiomonas e aeromonas) inibindo o seu pH a maioria das outras bactérias entéricas.
2.3 TIPOS DE MEIOS
2.3.1 Meios para o cultivo de bactérias
	Para o cultivo de bactérias específicas, o meio escolhido em geral imita o habitat natural das mesmas. As bactérias multiplicam-se em meios de cultura apropriados, desde que sejam respeitadas as condições de temperatura, pH, umidade e composição. Por exemplo, se uma bactéria prefere nutrientes encontrados no sangue, então se pode adicionar sangue ao meio, ou se outra prefere glicose, pode-se adicionar açúcar ao meio. As bactérias sendo autotróficas ou heterotróficas, o meio pode refletir suas características. As bactérias fototróficas requerem luz para produzir energia e dióxido de carbono, água e alguns íons inorgânicos simples. A Tabela 1 mostra a composição de um meio quimicamente definido para bactérias quimioautotróficas (PELCZAR et al, 1996).
Tabela 1 - Meio quimicamente definido para uma bactéria quimioautotrófica.
	Ingredientes
	Função
	Quantidade 
	(NH4)2SO4
	Fonte de nitrogênio bem como de energia
	0,5 g
	NaHCO3
	Fonte de carbono na forma de CO2 em solução aquosa
	0,5 g
	Na2HPO4
	Tampãoe íons essenciais
	13,5 g
	KH2PO4
	Íons essenciais
	0,7 g
	MgSO4.7H2O
	Íons essenciais
	0,1 g
	FeCl3.6H2O
	Íons essenciais
	0,0014 g
	CaCl2.2H2O
	Íons essenciais
	0,18 g
	Água
	Solvente
	1000 ml
Os compostos orgânicos exigidos pelas bactérias heterotróficas variam em tipo e número, de um grupo de bactérias para outro. Alguns, tais como a Escherichia coli (Figura 5), podem crescer muito bem em meio contendo um único composto orgânico, tal como um açúcar, mais os íons inorgânicos (PELCZAR et al, 1996).
Figura 5 - Escherichia coli.
A fórmula de um meio quimicamente definido para bactérias heterotróficas está descrita na Tabela 2. Por outro lado, certas bactérias heterotróficas necessitam de cerca de 20 aminoácidos e várias vitaminas para crescer. Os microrganismos com tais exigências nutricionais são descritos como fastidiosos. Comumente, os meios complexos (meios de composição indefinida) são utilizados para cultivar estas bactérias, uma vez que produzir o meio quimicamente definido (meio sintético), apropriado demanda tempo e trabalho manual. Os meios complexos contêm uma grande variedade de substâncias orgânicas preparadas a partir de materiais naturais e, portanto, não são quimicamente definidos. A Tabela 3 mostra a composição de um meio complexo típico utilizado no cultivo de bactérias heterotróficas (PELCZAR et al, 1996).
Tabela 2 - Meio quimicamente definido para uma bactéria heterotrófica.
	Ingredientes
	Função
	Quantidade
	Glicose
	Fonte de energia e de carbono
	1 g
	NH4H2PO4
	Fonte de nitrogênio, tampão e íons essenciais
	5 g
	KH2PO4
	Tampão e íons essenciais
	1 g
	NaCl
	Íons essenciais
	5 g
	MgSO4.7H2O
	Íons essenciais
	0,2 g
	Água
	Solvente
	1000 ml
Os ingredientes da Tabela 2 representam os constituintes mínimos em um meio para uma bactéria não fastidiosa tal como o tipo selvagem de Escherichia coli. Para uma espécie fastidiosa, como a Lactobacillus acidophilus (bactéria que se estabelece no intestino humano e protege contra a entrada e proliferação de organismos ruins que podem causar doença), substâncias adicionais tais como aminoácidos e vitaminas têm sido acrescentadas ao meio (PELCZAR et al, 1996).
Figura 6 - Lactobacillus acidophilus.
Tabela 3 - Composição do caldo nutriente, um meio complexo para o crescimento de uma bactéria heterotrófica.
	Ingredientes
	Função
	Quantidade
	Extrato de carne
	Substâncias hidrossolúveis de tecido animal: carboidratos, compostos de nitrogênio orgânico, vitaminas e sais
	3 g
	Peptona
	Nitrogênio orgânico, algumas vitaminas
	5 g
	Cloreto de Sódio
	Íons e requerimentos osmóticos
	8 g
	Água
	Solvente
	1000 ml
As bactérias mais fastidiosas podem exigir a adição de sangue, de soro animal ou de outras substancias ricas nutricionalmente, ao meio de cultivo(PELCZAR et al, 1996). 
Existem algumas bactérias que não podem ser cultivadas in vitro em meios laboratoriais, não importando qual meio é utilizado. Um exemplo é o Treponema pallidum, a bactéria que causa a sífilis. Embora esta bactéria tenha sido cultivada em coelhos e em culturas de células de coelhos, ela não tem sido cultivada em meios laboratoriais na ausência de células hospedeiras (PELCZAR et al, 1996).
Figura 7 - Treponema pallidum.
2.3.2 Meios para o cultivo de Fungos
	Assim como as bactérias, os fungos absorvem nutrientes, em vez de ingeri-los. A absorção é auxiliada por enzimas secretadas no meio, que quebram as moléculas orgânicas em porções menores que podem ser transportadas mais facilmente para dentro da célula. Todos os fungos são heterotróficos. Em um laboratório, muitos fungos podem crescer em uma mistura simples contendo açúcar, uma fonte de nitrogênio inorgânico ou orgânico e alguns minerais. Alguns necessitam de vitaminas. Outros podem crescer somente em um meio complexo que contenha uma grande variedade de compostos orgânicos providos pela peptona e extratos de carne (PELCZAR, et al, 1996).
	Em geral, os meios para cultivo de fungos têm uma concentração maior de açúcar (4%) em pH menor (3,8 a 5,6) que o meio para cultivo bacteriano (geralmente pH, 6,5 a 7,5). Isto se verifica em meios naturais, particularmente quando se observa que as bactérias freqüentemente contaminam a carne e o leite, enquanto os fungos crescem em frutas cítricas (Figuras 8 e 9), produtos de padaria, geléias e compotas de frutas. Em um meio complexo para o cultivo de fungos saprófitas, aqueles que vivem em matéria orgânica morta, nota-se alta concentração de glicose (4%) e o pH relativamente baixo (5,6). Esta combinação favorece o crescimento do fungo, mas inibe o crescimento da maioria das bactérias. Alguns fungos parasitas, que vivem em ou sobre um hospedeiro, têm sido cultivados in vitro. (PELCZAR, et al, 1996).
�
Figura 8 - Fungos na Laranja
�
Figura 9 - Fungos na carne
2.3.3 Meios de Cultura de Protozoários
	A maioria dos protozoários requer um pH que pode variar de 6 a 8 para um crescimento ótimo. Os protozoários são heterotróficos aeróbicos com exigências nutricionais complexas. Muitos não tem sido cultivadas in vitro. Aqueles que podem ser cultivadas in vitro exigem uma variedade de aminoácidos e vitaminas mais carboidratos. Por exemplo, Tetrahymena pyriformis (Figura 10) pode ser cultivada em um meio contendo 10 aminoácidos, 7 vitaminas, os compostos guanina uracila e alguns sais inorgânicos. Algumas amebas podem crescer em um caldo peptonado relativamente simples; outros protozoários requerem suplementos tais como emulsões de tecidos cerebrais, soro fetal de vitelo ou infusão de fígado. Alguns protozoários podem crescer em um caldo nutriente ou água solidificada com ágar contendo células bacterianas que são ingeridas como alimento (PECZAR et al, 1996).
�
Figura 10 - Tetrahymena pyriformis
2.3.4 Meios para Cultivo de Algas
As algas utilizam luz para produzir energia e requerem somente dióxido de carbono, água e vários íons inorgânicos para crescer. Assim, elas são fotoautotróficas. Entretanto, certas algas, tais como algumas espécies de Euglena, são capazes de crescer heterotroficamente no escuro utilizando uma pequena variedade de substratos. Algumas algas programam-se mais facilmente in vitro do que outras, especialmente se um meio complexo é utilizado. Os meios complexos para algas normalmente contém suplementos tais como extrato de soja, uma rica fonte de nutrientes. Ao contrário para dos meios para bactérias e fungos, existem poucos meios “prontos” e padronizados, comercialmente disponíveis para algas. Os meios podem ser preparados a partir de seus ingredientes individuais. Ao preparar um meio definido para algas marinhas, está poderá se tornar uma tarefa tediosa se todos os sais existentes na água do mar tiverem de ser adicionados individualmente. (PELCZAR et al, 1996)
2.4 MEIOS SELETIVOS E DIFERENCIAIS
2.4.1 Meios Com Finalidades Especiais – Meios Especiais
São utilizados quando se quer isolar, identificar ou contar os microrganismos, eles fornecem informações específicas sobre os mesmos. Nestes meios encontram-se os meios para microorganismos anaeróbios, meios que possibilitam o crescimento de organismos específicos e meios que são utilizados para ajudar na classificação de microorganismos baseada nas suas características de crescimento (PELCZAR et al, 1996).
2.4.1.1 Meios para Anaeróbios
Microorganismos anaeróbios são organismos que toleram baixas concentrações ou nenhum oxigênio livre e não o utilizam para obtenção de energia.
Os primeiros cultivos de bactérias anaeróbias foram em camadas profundas de meios solidificados, assim podiam crescer, pois a camada de ágar da superfície exclui o oxigênio atmosférico. Mais tarde, desenvolveram-se técnicas refinadas, como a adição de um agente redutor ao meio que removeria o oxigênio, produzindo um meio reduzido. Um exemplo de agente redutor é o tioglicolato de sódio,que combina quimicamente com o oxigênio dissolvido em um meio e o torna não disponível para os microorganismos (PELCZAR et al, 1996).
Anaeróbios estritos são os que não toleram nenhuma concentração de oxigênio. Exemplo: arqueobactérias produtoras de metano. Anaeróbios estritos podem ser cultivados quando tomadas as seguintes precauções especiais ao preparar os meios (PELCZAR et al, 1996):
- ferver o meio para que a maior parte do oxigênio dissolvido seja retirado;
- adicionar gás nitrogênio, livre de oxigênio, nos tubos contendo o meio;
- adicionar um agente redutor, normalmente cisteína, que remove os últimos traços de oxigênio;
- esterilização do meio em autoclave, na completa ausência de oxigênio. Para autoclavar, é recomendável a utilização de válvula de selagem no topo do frasco para prevenir a entrada de oxigênio (PELCZAR et al, 1996). 
2.4.1.2 Meios Seletivos
Permitem o crescimento de um tipo de microrganismo ou suprimem o crescimento de outros microrganismos. Assim, é possível selecionar um certo microorganismo. Exemplos: ágar sabouraud para fungos; ágar verde brilhante para Salmonella; o corante verde brilhante adicionado ao meio inibe as bactérias Gram + comuns do trato intestinal; o ágar feniletanol inibe o crescimento de Gram-negativas, mais não das Gram-positivas. Recentemente os antibióticos vem sendo adicionados aos meios, tornando-os seletivos para os microrganismos resistentes à estes agentes antimicrobianos(PELCZAR et al, 1996).
2.4.1.3 Meios Diferenciais
Servem para diferenciar os vários tipos de microrganismos em uma placa com ágar. Por exemplo: se uma amostra de secreção da garganta é semeada numa placa de ágar sangue, algumas bactérias podem produzir enzimas que dissolvem as células vermelhas do sangue, enquanto outras não. Assim, pode-se diferenciar as bactérias hemolíticas (produzem enzimas que lisam as células vermelhas formando uma zona clara ao redor da colônia) das não hemolíticas (que não dissolvem as células vermelhas, e portanto não formam este halo ao redor das colônias) (PELCZAR et al, 1996).
2.4.1.4 Meios Seletivos/Diferenciais
Agem tanto como seletivos como diferenciais, são particularmente úteis em microbiologia de saúde pública, como na determinação da qualidade da água ou na identificação de causas de infecção alimentar (PELCZAR et al, 1996). 
Um destes meios é o ágar MacConkey que contém sais biliares e corante cristal violeta, os quais inibem o crescimento das bactérias Gram-positivas e permitem o desenvolvimento de bactérias Gram-negativas. Ainda há a presença da lactose, que distingue as bactérias Gram-negativas que produzem ácido a partir deste açúcar as quais passam a ter uma coloração vermelha, das bactérias Gram-negativas que não produzem ácido (PELCZAR et al, 1996).
2.4.1.5 Meios de Enriquecimento
Utilizados para selecionar microrganismo que está presente em determinado local, em pequenas quantidades com relação à população. O meio favorece o crescimento da espécie desejada, mas não o crescimento das outras espécies presentes em uma população mista. Ao contrário do meio seletivo, nenhum agente inibido é utilizado para prevenir o crescimento de microrganismos indesejáveis (PELCZAR et al, 1996).
Um exemplo são as bactérias que oxidam o fenol - que podem ser isoladas de amostras do solo, utilizando um meio de enriquecimento, constituído de sais de amônia, e fenol como única fonte de carbono e energia - assim somente os microrganismos capazes de oxidar o fenol estarão presente em grande número depois de vários cultivos seletivos (PELCZAR et al, 1996).
2.5 CONSERVAÇÃO DE MEIOS DE CULTURA
Os meios de cultura são utilizados com a finalidade de cultivar e manter microrganismos viáveis no laboratório, sob a forma de culturas puras (LIMA et al, 2001). 
Os meios de cultura devem ter na sua composição, os nutrientes indispensáveis ao crescimento do organismo em questão, sob forma assimilável e em concentração não inibitória do crescimento. Além disso, após a sua preparação, cada meio de cultura deve ser submetido à esterilização durante seu manuseio, e a métodos eficazes de “estocagem”, por forma a evitar qualquer organismo vivo contaminante e manter então, a cultura pura (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
2.5.1 Técnicas de Assepsia
Para a prevenção de contaminações durante a manipulação de culturas puras recorre-se a técnicas de assepsia, que são um conjunto de medidas simples e importantes, feitas no laboratório, que permitem manter um ser vivo ou um meio inerte, isento de organismos contaminantes (LIMA et al, 2001).
As técnicas de assepsia envolvem os procedimentos responsáveis pela esterilização de instrumentos a serem utilizados e os procedimentos responsáveis pela manutenção da condição de esterilidade, ou seja, pelo impedimento dos materiais com objetos ou superfícies não estéreis como os dedos, a superfície da bancada, etc. Dessa forma, frascos esterilizados, vazios ou não, devem ser mantidos sempre fechados, sendo abertos pelo menor tempo necessário para a sua utilização (LIMA et al, 2001). 
Um recipiente que contenha uma dada cultura deve ser aberto perto da chama do bico de Bunsen, de forma a impedir uma contaminação devido à entrada de ar exterior contaminado. A transferência de uma porção da cultura contida num tubo ou balão para outro recipiente (inoculação) é realizada normalmente com uma ansa (instrumento laboratorial utilizado em microbiologia para a inoculação de meios de cultura de microorganismos, que consiste de um arame, geralmente de platina ou níquel-cromo, enrolado de modo a ter numa extremidade um círculo, estando a outra extremidade ligada a uma haste) previamente esterilizada pela passagem pela chama do bico de Bunsen (e posteriormente arrefecido) ou através de uma micropipeta com pontas de plástico previamente esterilizadas, por exemplo, em autoclave (LIMA et al, 2001). 
Figura 13 - Ansa de inoculação.
Os passos que possibilitam a manutenção de condições de assepsia durante a inoculação de um meio de cultura líquido, são descritos a seguir:
- Passar a ansa pela chama do bico de Bunsen até a extremidade ficar incandescente; deixar arrefecer ao ar, mantendo a ansa sempre perto da chama; 
- Destapar a placa de Petri que contem a cultura a usar como inóculo, perto da chama; 
- Remover uma porção da cultura com a ansa arrefecida; 
- Destapar o recipiente contendo o meio de cultura líquido a inocular e passar o gargalo pela chama; 
- Transferir a cultura para o meio de cultura e passar o gargalo do balão novamente pela chama; 
- Esterilizar a ansa, passando-a novamente pela chama até ficar incandescente;
- Colocar a ansa esterilizada em um suporte (LIMA et al, 2001). 
2.5.2 Manutenção e Conservação de microrganismos viáveis no laboratório
Várias metodologias permitem a manutenção e a conservação de culturas viáveis no laboratório durante períodos de tempo mais ou menos longos, conforme a natureza do organismo em questão, para estudo ou uso futuro. Todos esses processos envolvem um trabalho intenso e constante, principalmente quando o número de organismos na coleção é grande. Estas metodologias são nomeadas a seguir (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
2.5.2.1 Manutenção em Meio Sólido
A técnica mais comum de conservação de culturas consiste em semear os microrganismos em meio sólido distribuídos em tubos e, periodicamente, transferi-los para novo meio, pois estes vão perdendo a eficácia de conservação ao longo do tempo. O tempo decorrido de uma transferência para outro dependerá da resistência do microrganismo (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005). 
Em geral, a cultura é semeada com o auxílio de uma ansa em meio agarizado (meio contendo ágar) apropriado, contido em tubos de ensaio rolhados e, em seguida, incubada em condições ótimas de crescimento para o microrganismo em causa. Os tubos são depois guardados a 4 ºC durante semanas oumeses (LIMA et al, 2001).
Figura 14 – Tubos de ensaio rolhados contendo uma determinada cultura em meio sólido.
Figura 15 – Tubos de ensaio rolhados.
Nesta metodologia de conservação, é conveniente que o metabolismo microbiano seja reduzido tanto quanto possível, pois, nessas condições, ele permanecerá viável por tempo mais prolongado (LIMA et al, 2001). 
2.5.2.2 Congelação ou Criogenia
Uma das técnicas mais simples de conservação de microrganismos consiste em se conservar as culturas à temperatura de geladeira; há germes que permanecem viáveis durante meses (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
Figura 16 – Incubadora (espécie de geladeira) para conservação de microrganismos em meios de cultura.
Figura 17- Frasco com substrato areno-orgânico, contendo microescleródios de Macrophomina phaseolina, e pronto para ser armazenado em temperatura de geladeira (5 ±2ºC).
A maioria dos microrganismos necessita de baixíssimas temperaturas para se garantir sua conservação, logo, são preparadas suspensões de uma cultura pura do microrganismo em causa, em meio estéril,  e armazenadas em arcas congeladoras especiais, também chamadas de botijões criogênicos (que permitem uma temperatura igual ou inferior a -70ºC, no caso do nitrogênio líquido, -196ºC) (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
Muitos microrganismos podem ser mantidos viáveis durante anos, se congelados à temperatura de -70 ºC ou a temperaturas inferiores.
Figura 18 – Botijões criogênicos para armazenar culturas a baixas temperaturas.
Azoto líquido (nitrogênio líquido), ou ocasionalmente hélio líquido, além de glicerol, é retido em um botijão criogênico (dewar). Tubos de plástico contendo material a ser preservado são resfriados por imersão no líquido ou são mantidos na fase de gás ou vapor, resultante da ebulição do líquido (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
O tamanho do dewar não somente determina quantas amostras podem ser acomodadas, como também o tipo de material a partir do qual ele será construído. Dewars de laboratório menores são fabricados a partir de alumínio, enquanto que vasilhames ou refrigeradores maiores são geralmente feitos de aço inoxidável. Em ambos os casos, a estrutura do dewar é muito similar à de uma garrafa térmica (www.scielo.br).
Um recipiente interno é envolto com fita isolante, que é utilizada para evitar a perda condutível. Para tal, a fita isolante de papel alumínio nunca deve entrar em contato com outra parte da fita, que também é de alumínio. Este contato poderia causar perda condutível ou “escapamento de congelamento.” Ao invés disso, o papel alumínio entra em contato apenas com papel (www.scielo.br).
Os únicos pontos de contato entre o recipiente interno e o recipiente externo são o pescoço e um “pino” pequeno na parte inferior. O pino, que é geralmente construído de fibra de vidro, é oco e evita que o recipiente interno balance dentro da pele externa. O pescoço é então o maior ponto de contato entre as duas camadas. Também construído de fibra de vidro, o pescoço sustenta todo o peso do nitrogênio líquido, amostras e os organizadores de amostras. É o “calcanhar de Aquiles” de todos os botijões criogênicos. Quanto maior o pescoço, maior é a perda condutível (www.scielo.br).
O espaço entre os recipientes interno e externo é evacuado para menos de 10 mTorr. Mas a quantia exata que está abaixo de 10 mTorr varia entre os diferentes fabricantes e determina o desempenho do dewar. Este desempenho é refletido no “tempo de retenção estático” do recipiente ou no tempo que leva para um tanque cheio esvaziar com a tampa no lugar. O desempenho do vácuo é determinado pelo tempo em que um fabricante deseja deixar o recipiente conectado a uma bomba de vácuo. O bombeamento de dois dias é normal para recipientes de laboratório (www.scielo.br).
Recipientes criogênicos tendem a romper-se tanto quanto garrafas térmicas. Apesar da disponibilidade dos acessórios com rodas, os recipientes duram mais quando permanecem no lugar. A aceleração do nitrogênio líquido e amostras por movimento do dewar criam um torque no pescoço frágil, que eventualmente permite a passagem de gases atmosféricos ou nitrogênio líquido (se o dewar estiver muito cheio) no espaço entre os recipientes interno e externo. Quando o vácuo é afetado, o desempenho diminui rapidamente e as amostras instáveis colocam-se em risco. Esta possibilidade é a razão para a popularidade de monitores de nível que medem o nível do nitrogênio líquido no interior do dewar sem a necessidade de remover a tampa (www.scielo.br).
Sem considerar se as amostras são mantidas em uma fase líquida ou gasosa, o objetivo é manter os agentes bioquímicos ativos ou as células dos microrganismos viáveis. Recentemente, há certo enfoque na ciência relacionada como o modo em que o congelamento afeta a viabilidade ou a estabilidade (www.scielo.br).
2.5.2.3 Recobrimento Com Camada de Óleo Mineral Estéril
Outra técnica consiste em se recobrir a cultura com uma camada de óleo mineral estéril, reduzindo dessa forma o suprimento de oxigênio e, consequentemente, o metabolismo microbiano, fazendo com que este continue viável por tempo mais prolongado (LIMA et al, 2001).
2.5.2.4 Liofilização
Um problema importante na conservação de microrganismos decorre do fato de que, com o passar do tempo, muitos microrganismos podem sofrer mutações e, com isto, terem suas características alteradas. Para se contornar esse inconveniente, recorre-se ao processo de liofilização, o qual exige um equipamento especial (LIMA et al, 2001). 
Figura 19 – Equipamento de liofilização.
As culturas de microrganismos podem ser conservadas à temperatura ambiente no laboratório durante anos, após o seu tratamento por liofilização. Este processo consiste no rápido congelamento em ampolas, da suspensão de organismos em um meio adequado (leite ou albumina, por exemplo) a temperaturas muito baixas (tipicamente, – 30ºC), seguida da sua sujeição a pressão muito reduzida (por exemplo, 0,005 atmosferas), o que permite a sublimação da água (passagem do estado sólido ao estado gasoso) e assim a desidratação dos microrganismos. Após isso, as ampolas são fechadas hermeticamente. A aplicação do vácuo elevado na liofilização faz com que o gelo sublime muito mais rapidamente (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
Figura 20 – Modelo de ampolas utilizdas na liofilização.
Com a sublimação da água, as propriedades nutritivas dos germes não são destruídas, pois as membranas celulares se mantém intactas, as quais seriam destruídas caso ocorresse evaporação. O índice de água extremamente reduzido resultante, inibe a ação dos microorganismos e das enzimas que normalmente estragam ou degradam a substância (TRABULSI e ALTERTHUM, 2005).
www.scielo.br
Questões:
Qual a necessidade do estudo dos meios de cultura?
R- Na maior parte das vezes, o estudo da morfologia, disposição relativa e a interpretação das propriedades de coloração são insuficientes para a identificação microrganismo. Ocorre-se então à cultura, para se conseguir um elevado número de microorganismos, para estudar as características culturais deste, como a capacidade de crescer em meio seletivo e o aspecto das colônias, para se efetuar seu isolamento, para a obtenção de produtos a partir de determinado microrganismo de interesse e para quantificar o número destes por unidade de volume de produto patológico.
2) cite um exemplo em que se faz importância a solidificação de um meio de cultura.
R- algumas vezes na microbiologia, é de primordial importância o conhecimento de determinadas características e atividades de um determinado microrganismo. Mas para que isso acontece, este deve estar em “cultura-pura”, isto é, não deve ser misturado a outros. Porém, quando existe mais de uma espécie de microrganismo se desenvolvendo no meio liquido no final teremos uma mistura deles. Para que possamos trabalhar com os mesmosseparadamente é necessário fazer o isolamento, o que é normalmente conseguido, semeando-os num meio sólido, normalmente na superfície. Assim, se a mistura de germes for convenientemente diluída e espalhada na superfície do meio sólido cada microorganismo estará separado de seu vizinho e se multiplicará formando colônias de indivíduos da mesma espécie e assim essas colônias podem ser isoladas e cultivadas em separado, o que permite o estudo de cada espécie individualmente.
Quando existe a necessidade da solidificação do meio de cultura, pode-se sempre utilizar como agente solidificante o Agar?
R- nem sempre o ágar é a melhor opção. A escolha do melhor agente solidificante dependerá de qual tipo de microrganismo em que se está trabalhando. O ágar é um polissacarídeo extraído de algas, rico em substâncias orgânicas, podendo assim, inibir o crescimento de alguns microrganismos autotróficos. Neste caso, o mais aconselhável seria a utilização de sílica gel como agente solidificante. Outra substância que pode ser utilizada para solidificar meios é a gelatina, no entanto tem o inconveniente de se fundir a temperatura relativamente baixa e assim só pode ser utilizada com microrganismos que se desenvolvem em temperaturas relativamente baixas.
AQUARONE, E.; BORZANI, W.; LIMA, U. A.; SCHMIDELL, W. Biotecnologia: Conceitos. Vol 1. 1ª ed, São Paulo: Edgard Blücher Ltda, 2001.
TRABULSI, L.R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 4ª ed. São Paulo: Atheneu, 2005.
PELCZAR JR, M.J.; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia: Conceitos e Aplicações. Vol 1. 2ª ed, São Paulo: Makron Books, 1996.
[1] INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DA SAÚDE EGAS MONIZ http://www.egasmoniz.edu.pt/ficheiros/alunos/anos_anteriores/microbiologia/pratica/CAPITULO08.pdf
PELCZAR JR, M.J.; CHAN, E.C.S.; KRIEG, N.R. Microbiologia: Conceitos e Aplicações. Vol 1. 2ª ed, São Paulo: Makron Books, 1996.
Disponível em: www.fcf.usp.br/Ensino/Graduacao/Disciplinas/Exclusivo/Inserir/Anexos/LinkAnexos/introducaoapratica.pdf. Acesso em: 04/08/08.
� EMBED PBrush ���
_1212922337/ole-[42, 4D, C6, 18, 01, 00, 00, 00]

Outros materiais