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ECA RESUMO

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1
DISCIPLINA: Direito da Criança e do Adolescente .
 Aula 1- Introdução ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): 
Objetivo dessa aula: 1. Compreender a evolução do Direito da Criança e do Adolescente nos contextos internacional e nacional; 
2. Identificar as doutrinas existentes no processo de evolução do Direito da Criança e do Adolescente; 
3. Conhecer as fontes mediatas e imediatas desse direito; 
 4. Identificar a natureza jurídica e os princípios do Direito da Criança e do Adolescente; 
 5. Conhecer o conceito de criança e adolescente; 
 6. Identificar as regras de interpretação do ECA.
 É muito comum nos referirmos à disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” como ECA. 
Na verdade, isto é um erro, já que ECA se trata do Estatuto da Criança e do Adolescente, a base normativa legal mais importante desta disciplina, mas não a única. Se tratássemos somente do Estatuto, estaríamos limitando o estudo desta disciplina, já que estaríamos considerando apenas a lei 8069/90 e suas alterações trazidas pela lei 12.010/09. Ao contrário, tratar a disciplina como Direito da Criança e do Adolescente nos permite estudar não só o Estatuto, mas todas as demais legislações que embasaram e embasam este direito, tais como a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, a Constituição Federal brasileira de 1988, o Código Civil brasileiro, o Código Penal brasileiro etc., além de legislações extravagantes. 
Enfim, podemos desta forma estudar um sistema jurídico amplo, de garantia de direitos às crianças e aos adolescentes, baseado nos meta princípios da prioridade absoluta e da proteção integral. Como se vê, a disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” é bastante ampla. 
Devido à sua relevância, este direito foi incluído, em caráter obrigatório, no currículo do ensino fundamental, pela lei 9.394/96, que acrescentou o parágrafo 5º ao artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ao longo da história, é possível observar que crianças e adolescentes não possuíam direitos, pois os pais eram detentores de poderes absolutos sobre seus filhos. A mudança deste cenário se deu a partir do triste caso da menina Mary Ellen ocorrido em 1874, que deu origem ao 1º Tribunal de Menores do mundo. Posteriormente, com a 1ª Guerra Mundial, que deixou muitos órfãos, intensificou-se uma maior necessidade de proteção em relação à infância. O primeiro caso oficial de maus-tratos físicos contra criança ocorreu nos Estados Unidos da América (EUA), ainda em 1874. Uma menina, Mary Ellen, era espancada pela madrasta e foi encaminhada à Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Animais, já que não havia qualquer instrumento específico de proteção à criança. No ano seguinte, instituiu-se, em Nova Iorque, a Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Crianças. 
Doutrinas referentes ao Direito da Criança e do Adolescente: Doutrina do Direito Penal do Menor A doutrina do direito penal do menor teve vigência na etapa penal de caráter indiferenciado, isto é, a partir do surgimento dos primeiros códigos penais. Naquele tempo havia apenas uma lei penal, que servia tanto para o adulto como para a criança e o adolescente. No Brasil, no início do século XIX, a imputabilidade penal iniciava aos sete anos de idade. Em 1830, com o primeiro Código Penal do Brasil independente, foi adotado o critério biopsicológico, baseado no discernimento, entre sete e quatorze anos. O Código Republicano de 1890 continuou com o critério biopsicológico, entre os nove e quatorze anos de idade. 
Assim, com quatorze anos, o adolescente estava sujeito aos rigores da lei penal geral, aplicada aos adultos a qual podia retroagir até aos nove anos. Nesta etapa os menores são tratados 
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praticamente de mesma maneira que os adultos Doutrina da situação irregular No Brasil, o primeiro juizado de menores foi implantado em 1923.
 Inicia-se a doutrina da situação irregular do menor, de caráter tutelar, fundada no binômio carência e delinquência. As crianças e adolescentes não mais são tratados como os adultos, pelo rigor da lei penal, mas inicia outro mal: a criminalização da pobreza e a forte tendência à institucionalização. 
Em 1940, o Código Penal declara a imaturidade dos menores de dezoito anos, implantando o princípio da imputabilidade penal nesta idade. Com o Código de Menores de 1979, mesmo indo contra as diretrizes internacionais, a doutrina da situação irregular foi definitivamente implantada no Brasil. Previa o Código de menores: Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor: 
 I-privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: a, falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; b, manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; 
 II- vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; 
 III- em perigo moral devido à: a, encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes; b, exploração de atividades contrária aos bons costumes; 
 IV- privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável; 
V- com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária; 
VI- autor de infração penal. 
 Doutrina da proteção integral 
A doutrina da proteção integral iniciou com uma nova etapa do direito juvenil, a chamada etapa de caráter penal juvenil. No âmbito mundial esta etapa iniciou em 1959 com a Declaração Universal dos Direitos da Criança.
 No Brasil ela só foi recepcionada oficialmente no ordenamento jurídico vinte e nove anos depois, em 1988, com a Constituição Federal, especialmente, nos seus artigos 226 e 227 e com o Estatuto da Criança e do Adolescente.
 Eles incorporaram a melhor legislação mundial, introduziram um novo paradigma, elevando a criança e o adolescente à condição de verdadeiros cidadãos, como sujeitos de direitos e de deveres.
A doutrina da proteção integral está fundada em três princípios básicos: crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, em peculiar condição de pessoas em desenvolvimento e prioridade absoluta. 
A criança e o adolescente não são mais objetos da norma jurídica, mas verdadeiros cidadãos, sujeitos de direitos fundamentais do art. 5o., 227, etc, da CF, mais os direitos especiais garantidos pela CF e pelo ECA. 
 Importante: Apesar do artigo 2 do ECA indicar como únicos beneficiários da norma as crianças e os adolescentes, ele admite a aplicação do ECA, de forma excepcional, às pessoas entre 18 e 21 anos de idade (ex.: Art. 40 e 121, parágrafo quinto, do ECA), e não há que se falar na revogação deste artigo pelo Código Civil, tendo em vista que a motivação de se fixar a idade de 21 anos em nada se relaciona com a antiga maioridade civil do Código de 1916, mas sim com o prazo máximo da medida de internação, que é de 03 anos. 
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PRINCÍPIOS: Partindo-se do pressuposto de que os princípios fornecem a segurança necessária para delimitarmos a conduta, a conclusão a que se chega é que o ECA se funda em 6 princípios norteadores:
1 - Principio da Prioridade Absoluta: Trata-se de um principio constitucional previsto no artigo 227 e no artigo 4º da Lei nº 8069/90. Por conta desse princípio o legislador constituinte e infraconstitucional estabeleceu primazia em favor das crianças e adolescentes em todas as esferas de interesse, não comportando indagações sobre o interesse a tutelar em primeiro lugar. 
2 - Princípio do Melhor Interesse: Tem sua origem anglo-saxônica, através do instituto protetivo do parens patrie. Foi adotado pela Declaração dos direitos da criança em 1959 e pelo antigo Código de Menores, Hoje esse princípio foi absorvido pela doutrina da proteção integral. 
3 - Princípio da Municipalização: O legislador constituinte seguindo os sistemas de gestão contemporânea, fundada na descentralização administrativa, reservou a execuçãoda política assistência à esfera estadual e municipal, seja através de programas assistenciais ou de entidades beneficentes. 
A lei nº 8069/90 incorporou essa modernidade lógica, contida no parágrafo 7º do art. 227 da CF, no seu art. 88 ao estabelecer dentre as diretrizes da política de atendimento a municipalização dos serviços, a criação de conselhos municipais de direitos da criança e do adolescente e ainda a manutenção de programas de atendimento com observância de descentralização político administrativo. Assim entre construir uma creche ou um sambódromo, primeiro deve ser construída a creche. 
4 - Princípio da Cidadania: Hoje como as crianças e adolescentes são sujeitos de direitos sociais passaram a ser considerados cidadãos e, como tal, devem ser orientados e ensinados que cidadania consiste no exercício social de direitos e deveres, os quais são limitados. 
5 - Princípio do Bem Comum: O estatuto da criança e do adolescente representa um conjunto de normas que visa o bem comum, conseqüentemente não podemos a pretexto de defender alguém prejudicar outrem. Temos sempre que buscar os dois lados da questão, de forma não ferir os direitos do cidadão em geral. Com base nesse princípio o aluno indisciplinado pode ser expulso da escola, o infrator pode ter a sua liberdade restrita etc. 
6 - Princípio do Peculiar Desenvolvimento: Tanto a família, como a sociedade e a população infanto-juvenil têm que estar preparados para entender que a criança e o adolescente são pessoas em processo de desenvolvimento. Assim, nem todas as regras que se aplicam a criança se aplicam aos adolescentes e nem todas as regras que se aplicam a este devem ser aplicadas aos adultos. 
 Importante: uma vez que o Direito da Criança e do Adolescente possui fontes e princípios próprios, há que se afirmar que ele é autônomo. 
Conceito de criança e adolescente: Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. O artigo 2º define criança como a pessoa que tem até 12 anos incompletos e adolescente quem tem entre 12 e 18 anos de idade. Esses 18 anos de idade devem ser lidos como incompletos, pois, a partir do momento em que a pessoa completa 18 anos, ela é considerada adulta. Aquele que completa 18 anos passa a ter plena capacidade tanto na esfera cível quanto também na penal, podendo ser considerado 
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imputável. No entanto, há casos em que o ECA se aplica ao maior de 18 anos. O próprio parágrafo único do artigo 2º traz tal disposição. À época da entrada em vigor do ECA, poder-se-ia apontar três artigos em que a Lei 8.069/1990 se aplicava até os 21 anos de idade incompletos: 
 Art. 36 – tutela, 
Art. 42 – adoção, 
Art. 121, par. 5º - internação. 
Com a entrada em vigor do novo Código Civil, a capacidade plena passou a ser adquirida aos 18 anos. Logo, não se poderia falar em tutela para alguém maior de 18 anos.
Também não havia razão para impedir a adoção por aqueles que tivessem entre 18 e 21 anos. Ou seja, os limites antes previstos nos artigos 36 e 42 do ECA foram tacitamente alterados pelo Código Civil.
Com o advento da Lei 12.010/2009, os artigos 36 e 42 foram expressamente alterados, passando a neles constar a idade de 18 anos: 
Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. 
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, independentemente do estado civil. 
 Quanto ao limite máximo de idade para perdurar a internação, esse permanece sendo o de 21 anos. Como já vimos, tal limitação em nada se relaciona à antiga maioridade civil, mas sim ao limite máximo que um adolescente poderia permanecer internado: três anos. Dessa forma, se pensarmos em um adolescente que deixa para praticar o ato infracional no último momento de sua menoridade, calculando que seja possível uma internação por um prazo máximo de três anos, poderia ele ficar internado até praticamente os 21 anos, quando sua desinternação é compulsória. Interpretação do ECA: Art. 6º.
 Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. (grifos nossos) Uma determinada disposição do ECA não pode ser utilizada, no caso concreto, para prejudicar os interesses da criança ou adolescente. Levando em conta que o objetivo princípal da lei é proteger de forma integral, assegurando com absoluta prioridade a efetivação de todos os direitos da pessoa humana e ainda os inerentes à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, todos os dispositivos devem ser interpretados em favor do superior interesse do menor, em apreço à doutrina da proteção integral. 
Dessa forma, o legislador deixou claro no artigo 6º que a interpretação do ECA deve levar em conta os fins sociais aos quais ela se dirige, às exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos e à condição peculiar do menor de 18 anos de pessoa em desenvolvimento. Trata-se de interpretação dirigida aos objetivos traçados pelo legislador, que demonstram o compromisso firmado pelo Brasil de garantir a efetivação de todos os direitos previstos na Convenção Internacional dos Direitos da Criança. 
 
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Na obra Curso de Direito da Criança e do Adolescente, Cristiane Dupret, é apresentado o seguinte quadro de alterações legislativas pelas quais passou o Estatuto da Criança e do Adolescente. As alterações mais recentes são as mais importantes no estudo da nossa disciplina: 
1.1 – Alterações recentes Lei 12.696/20012 – Alterou os artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA, acerca do Conselho Tutelar.
 Lei 12.594/2012 – Institui o SINASE (Sistema Nacional de Atendimento sócio-educativo), dispõe sobre a execução das medidas sócio-educativas, altera os artigos 90, 97, 122, parágrafo 1º, 260, inclui o parágrafo 7º no artigo 121 e o inciso X no artigo 208 do ECA.
 Lei 12.038/2009 – Altera o artigo 250
. Lei 12.015/2009 – Incluiu o artigo 244-B, que dispõe acerca da corrupção de menores para a prática de atos infracionais, tendo sido revogada a Lei 2.252/1954
 Lei 12.010/2009 – A lei dispõe sobre o aperfeiçoamento da sistemática de garantia ao direito ao convívio familiar
. Lei 11.829/2008 – Alterou os artigos 240 e 241. Incluiu os artigos 241-A, 241-B, 241-C, 241-D e 241-E
1.2 – Histórico de alterações Lei 8.242, de 12/10/1991: alterou os artigos 132, 139 e 260.
 Lei 9.455, de 07/04/1997: revogou o artigo 233.
 Lei 9.532, de 10/12/1997: revogou (a partir de 01/01/1998) o parágrafo 1º do artigo 260.
 Lei 9.975, de 23/06/2000: acrescentou o artigo 244-a.
 Lei 10.764, de 12/11/2003: alterou o parágrafo único do artigo 143; acresceu o parágrafo único ao artigo 239; alterou os artsigos 240, 241, 242 e 243.
 Adin 869-2 - DOU de 03/09/2004, p. 1: por unanimidade o tribunal julgou inconstitucional a expressão "ou a suspensão da programação da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico até por dois números", contida no §2º do artigo 247, da lei 8.069, de 13/07/1990.
 Lei 11.185, de 07/10/2005: alterou o caput do artigo 11.
 Lei 11.259, de 30/12/2005: acresceu o parágrafo 2º, convertendo-se o atual parágrafo único em parágrafo 1º ao artigo 208. Lei 11.829, de 25/11/2008: alterou os artigos 240 e 241; acresceu os artigos 241-a, 241-b, 241-c, 241-d e 241-e
 Lei 12.010, de 03/08/2009: alterou os artigos 8°, 13, 19, 25, 28, 33, 34, 36, 37, 39, 42, 46, 47, 48, 50, 51, 52; acresce os arts. 52-a, 52-b, 52-c, 52-d; alterou os artigos 87, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 97, 100, 101, 102, 136, 152, 153, 161, 163, 166, 167, 170; acresceu "seção viii - da habitação de pretendentesà adoção” - artigos 197-a, 197-b, 197-c, 197-d, 197-e, 199-a, 199-b, 199-c, 199-d, 199-e; alterou o artigo 208; acresceu os artigos 258-a e 258-b; alterou o artigo 260; a expressão "pátrio poder" contida nos artigos 21, 23, 24, no parágrafo único do artigo.36, no parágrafo 1° do artigo 45, no artigo 49, no inciso x do caput do artigo 129, nas alíneas "b" e "d" do parágrafo único do artigo 148, nos artigos 155, 157, 163, 166, 169, no inciso iii do caput do artigo 201 e no artigo 249, bem como na seção ii do capítulo III do título VI da Parte Especial do mesmo diploma legal, ficou substituída pela expressão "Poder Familiar" e revoga o parágrafo 4° do artigo 51 e os incisos IV, V e VI do caput do artigo 198. 
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-Lei 12.015, de 07/08/2009: acresceu o artigo 244-b.
 Lei 12.038, de 01/10/2009: alterou o artigo 250.
 Lei 12.594, de 19/01/2012 – Institui o SINASE (Sistema Nacional de Atendimento socioeducativo), dispõe sobre a execução das medidas socioeducativas, altera os artigos 90, 122, parágrafo 1º, 260, inclui o parágrafo 7º no artigo 121 e o inciso X no artigo 208 do ECA.
 Lei 12.696, de 26/07/2012 – Alterou os artigos 132, 134, 135 e 139 do ECA, acerca do Conselho Tutelar.
 SÍNTESE DA AULA: Nesta aula você: a) Verificou o processo evolutivo do Direito da Criança e do Adolescente; b) Conheceu os documentos internacionais e nacionais que estiveram presentes nesta evolução; c) Identificou as doutrinas do Direito Penal do Menor; da Situação Irregular e da Proteção Integral; d) Conheceu as fontes, a natureza jurídica e os princípios que norteiam o Direito da Criança e do Adolescente. 
 Aula 2:
 Direito à vida e à saúde; à liberdade, ao respeito e à dignidade. 
- As crianças muitas vezes são reflexo de nossas atitudes. 
Direito à vida e à saúde
Tais direitos estão previstos de forma ampla no artigo 7º do ECA, que garante a proteção dos mesmos desde antes do nascimento. Um exemplo disto é a proteção indireta ao nascituro, garantindo à gestante o atendimento pré e pós -natal, conforme consta do artigo 8º. A Lei 12.010/09 concedeu ainda à gestante, a assistência psicológica nos períodos pré e pós-natal, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal, bem como às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.
 ATENÇÃO: Outra garantia importante é o direito ao aleitamento materno previsto pelo artigo 9º, que abrange, inclusive, os filhos de mães detentas, garantia esta também assegurada pelo artigo 5º, inciso L da CF. Esta proteção visa assegurar tanto a nutrição quanto os benefícios psicológicos e afetivos da amamentação. 
O legislador estabeleceu no artigo 10 cinco obrigações aos hospitais públicos ou particulares visando a efetividade do direito à vida e à saúde do recém-nascido. A inobservância dos direitos previstos no artigo 10, incisos I a V caracteriza crime do artigo 228 ou 229 do ECA, punido na modalidade dolosa ou culposa. 
Do nascimento ao crescimento A preocupação em relação à saúde de crianças e adolescente não se limita ao momento do seu nascimento. Pelo contrário, é voltada a assegurar o seu bom desenvolvimento em todas as etapas do seu crescimento. 
Proteções previstas pelo ECA no tocante aos direitos fundamentais ‘vida e saúde’: 
- No art. 11 o legislador visa garantir às crianças e aos adolescentes tratamento médico universal e igualitário, inclusive aos portadores de deficiências. Nessa obrigação, inclui-se o fornecimento de medicamentos, próteses e outros recursos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. Isso nos leva a concluir que, em se tratando de obrigação do Estado, o não cumprimento da obrigação ensejará a propositura de uma ação de obrigação de fazer. Não podemos esquecer que, para alguns tipos de medicamentos, 
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a obrigação é do Estado e, para outros, é do Município. Devemos certificar-nos sobre de quem é a obrigação, para evitar a argüição de ilegitimidade de parte. 
- No art. 72 assegura-se o direito de permanência de um dos pais ou responsáveis. Se o pai ou responsável não tiver equilíbrio para acompanhar o menos enfermo, poderá ser substituído por outro em condições. Basta que o hospital, por meio de seu serviço social, comunique o juiz da Infância e Juventude, para que ele tome as medidas cabíveis. 
- O art. 13, na linha de garantia ao direito à saúde, o legislador estatutário, de forma prudente, obrigou a todos os estabelecimentos hospitalares a comunicar os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra crianças ou adolescentes. O descumprimento dessa norma caracteriza infração administrativa, prevista no art. 245 do ECA. A questão dos maus tratos, considerando a sua gravidade, suas implicações e, lamentavelmente, o seu alto índice de incidência, será ainda objeto de estudo no decorres do curso. 
- O art. 14, como medida de prevenção, determina ao SUS a promoção de programas de assistência médica e odontológica, para as enfermidades que afetem a população infantil, bem como de campanhas de educação sanitária, além das campanhas de vacinação obrigatórias. 
Direito à liberdade. 
O legislador estatutário, de forma elogiável, nos artigos 15 a 18 do ECA, tratou do direito à liberdade, à dignidade e ao respeito de forma acoplada, definindo-os num único capítulo, pelo fato de eles se complementarem, pois não podemos pensar em liberdade sem respeito e dignidade. Porém, esses direitos sofrem limitações pelo fato de crianças e adolescente serem pessoas em processo de desenvolvimento. Assim, uma criança ou um adolescente pode brincar, passear ou se divertir, desde que essa liberdade não o prejudique. Estas limitações estão presentes em cada inciso do artigo 16. 
Artigo 16, I – O direito de liberdade consiste no direito de ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais. Comentário: Este direito encontra limitação no caso de crianças ou adolescentes em situação de risco e/ou perigo (art. 98 ECA), em que o recolhimento é autorizado e tem fim assistencial. Nesse caso, não há violação ao direito à liberdade e sim uma proteção. 
Art. 16, II - Compreende o direito de opinião e expressão. Este dispositivo é de grande valia para as situações que deságuam na Vara de Família, principalmente quando o futuro do menor está em jogo, independentemente da idade. O fato de a criança ou adolescente ser vulnerável e, como tal passível de influências inadequadas, não impede que sejam ouvidos na Vara de Família, até porque a fala do menor deverá ser avaliada dentro do conjunto de provas e ainda sob a orientação de uma equipe especializada. Comentário: Logo, não cabe mais aquela velha indagação: "a partir de que idade, o meu filho poderá ser ouvido em juízo?". Porém, este direito de opinião e expressão sofre limitações para o próprio benefício da criança ou adolescente caso o juiz perceba que a escolha poderá ser prejudicial para o seu bom desenvolvimento. 
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Art. 16, III - Crença e culto religioso. Aqui o legislador seguiu a orientação constitucional (art. 5º incisos VI a VIII da CF). Contudo, esta liberdade tem como freio o próprio menor, que não poderá praticar atos que afetem a sua integridade física e psíquica. 
Art. 16, IV - Brincar, praticar esporte e divertir-se. São atividades permitidas, desde que sejam praticadas dentro das regras de segurança e das normas legais, permitindo a sua socialização. 
Art. 16, V– Participar da vida familiar sem discriminação. Este dispositivo engloba o direito previsto pelo art. 19 do ECA, que será estudado na próxima aula, e se refere à convivência com a família
natural ou substituta sem distinção. 
 Art. 16, VI - Participar da vida política. Este direito pode ser exercido somente a partir dos 16 anos de idade, segundo o disposto no art. 14, § 1º, II, c, da CF. 
 Art. 16, VII – Buscar refúgio, auxílio e orientação. Sempre que um menor procurarum adulto como fonte de apoio, inclusive no caso de violência e de maus tratos, deverá ser ouvido por quem quer que seja. Tal obrigação é então de todos, prevista nos artigos 4º e 18 do ECA. Isto porque muitas crianças e adolescentes são vítimas dos próprios pais ou responsáveis. Assim, todos devemos denunciar, e para isto existem, inclusive, diversos programas criados, como o “SOS Crianças Vítimas de Violência”, por exemplo. 
 Direito à dignidade e ao respeito 
O artigo 17 do ECA trata da proteção a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Entretanto, nada impede que caso os pais ou responsável suspeitem de que algo está errado com o menor, venham a vasculhar seus pertences, por exemplo, visando protegê-lo. 
Com o advento das novas tecnologias e da internet, é comum ver os pais usando programas para controlar o acesso dos filhos à internet, ou proibir games inapropriados. 
 ATENÇÃO: Este dispositivo também é limitante do poder familiar ao impedir o excesso nos meios de correição, pois os excessos poderão caracterizar o crime de maus-tratos previsto pelo art. 136 do Código Penal ou ainda o crime de tortura castigo, prevista no art. 1º, Inciso II da lei 9455/97. 
 E, finalmente, o artigo 18 do ECA, que assegura a dignidade da criança e do adolescente e que, além de prever o direito, estabelece também o dever de todos em zelar pelo mesmo. 
SÍNTESE DA AULA: Nesta aula você: a)Compreendeu os Direitos Fundamentais à Vida, à Saúde, à Liberdade, à Respeito e à Dignidade de crianças e adolescentes; b) Identificou as normas de proteção contidas no ECA e em outras legislações referentes a estes direitos; c) Foi capaz de reconhecer a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado em relação a tais direitos. . 
 Aula 3
 - Direito à Convivência Familiar e Comunitária e os Procedimentos de Colocação em Família Substituta;
 de Perda e Suspensão do Poder Familiar; de Destituição da Tutela; e da Habilitação de Pretendentes à Adoção. 
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Direito à Convivência Familiar e Comunitária 
O direito à convivência familiar foi objeto da Lei 12010/09, conhecida como lei da adoção, mas que na verdade dispõe sobre o aperfeiçoamento do direito À convivência familiar. 
 O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes. 
 A família é o primeiro agente socializador do ser humano. E a convivência comunitária fortalece valores e reforça o reconhecimento dos interesses individuais e coletivos. A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a família natural ou extensa/ampliada; e a exceção, a família substituta. Assim, nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude, a preferência é sempre a permanência da criança e do adolescente junto a seus genitores biológicos ou parentes próximos (ou pessoa com quem já conviva), e somente após a verificação técnico-jurídica de que estes não possuem condições de criá-los, é que se inicia a colocação em lar substituto. 
 SOBRE FILIAÇÃO: O artigo 20 do ECA restringiu qualquer discriminação relativa à filiação. Sendo assim, aboliu-se o termo filiação ilegítima, igualando-se os direitos de todos os filhos. O mesmo preceito está no artigo 1.596 do CC e na CF, no §6º do artigo 227. 
Os artigos que dispõem acerca do direito à filiação não sofreram alteração, pois já se encontravam em total sintonia com as previsões constitucionais, que estabelecem igualdade na filiação, com proibição de discriminação entre filhos naturais e adotivos, proibindo também a nomenclatura “filhos ilegítimos”. 
 Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. 
Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça. Entendendo o cenário... Como família natural entende-se a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes (artigo 25, ECA). Sendo a família extensa ou ampliada aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade (artigo 25, parágrafo único, ECA). Sobre a família natural, confira também o disposto nos artigos 226, parágrafos 1º a 4º da CF, e 1.723 do Código Civil. 
Vale ressaltar que, apesar do reconhecimento da união homoafetiva pelo STF, ainda existe discussão quanto a consideração desta como entidade familiar, e sobre a possibilidade de adoção de crianças e adolescentes por casais homoafetivos. 
 A Lei 12.010/09, que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são o acolhimento institucional e o acolhimento familiar.
 Acolhimento Institucional- Esta forma se refere ao antigo abrigamento (artigo 90, IV, ECA) por instituições voltadas à proteção temporária da criança e do adolescente, e que não se confunde com privação de liberdade destes. A permanência da criança e do adolescente neste programa de acolhimento não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária. 
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 Acolhimento Familiar- Esta forma se refere a um programa em que famílias dispostas a receber e proteger crianças e adolescentes que não possam permanecer junto a suas famílias. Elas são cadastradas para esta finalidade e, surgindo a necessidade, serão a família acolhedora destas crianças e adolescentes. Este programa prevalece sobre o acolhimento institucional, sempre que possível, e conta com o acompanhamento de profissionais como assistentes sociais e psicólogos. 
 Informação Importante- Estas duas formas de acolhimento possuem como características comuns: - são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando em privação de liberdade; 
- A criança ou adolescente terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar da entidade, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação em família substituta. Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família de origem, após seu encaminhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação, apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. Para a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda, e o Ministério Público então ingressará com a ação (art. 136, XI e par. Único, ECA); 
- A determinação de ambos os acolhimentos é de competência exclusiva da autoridade judiciária (exceto no caso de medidas emergenciais -artigos 101, § 2º e 93 do ECA), mediante lavratura de Guia de acolhimento, que deve conter os requisitos do § 3º e incisos do artigo 101 do ECA; 
 - A determinação de qualquer dos acolhimentos importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. 
 - Em ambos os acolhimentos elabora-se um plano individual de atendimento por uma equipe técnica (vide §§ 4º ao 6º do artigo 101 do ECA); 
 - O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável. 
 Pátrio Poder x Poder Familiar 
 Segundo o Código Civil, a expressão “pátrio poder” foi substituída por “poder familiar”. Esta alteração baseou-se no disposto pelo artigo 5º, inc. I da CF, que diz que ”homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e do §5º do artigo 226, da CF, que prevê a igualdade entre os cônjuges. Por isso este poder é exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, representando a obrigação destes na formação e proteção dos filhos, garantindo-lhes os direitos fundamentais assegurados pela CF. O que está contido também no art. 21, ECA. Antes da reforma promovida pela Lei 12010/09, o ECA ainda se valia da expressão “pátrio poder”, mas com o advento da referida lei, todas as expressões foram alteradas para “Poder familiar”. 
As obrigações decorrentes do poder familiar são o sustento, a guarda e a educação dos filhos menores, conforme salientam os artigos 1.634 do Código Civil e artigo 22 do ECA. 
 O descumprimento destes deveres pode ocasionar a suspensão ou até mesmo a perda do poder familiar, ou ainda destituição da tutela ou a perda da guarda, conforme o caso. 
O descumprimento desses deveres poderá acarretar: 
a) a infração administrativa do artigo 249 do ECA; 
 b) a aplicação de medidas previstas no artigo 129 do ECA; 
 c) os crimes previstos nos artigos 244 a 247 do CP;
 d) abandono material: no caso do sustento – artigos 244 e 245 CP; 
 e) abandono moral: no caso da guarda – artigo 247 do CP; 
 f) abandono intelectual: no caso da educação – artigo 246 do CP. 
Além destas hipóteses, existem outras situações que levam à extinção ou à suspensão do poder familiar, previstas no artigos 1.635, 1.637 e parágrafo único único e 1.638, todos do Código Civil. 
Procedimento de perda ou suspensão do poder familiar
 A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a ele inerentes. 
Exemplo: O procedimento de perda ou suspensão do poder familiar está previsto nos artigos 155 e seguintes do ECA. 
 Etapas do procedimento de perda ou suspensão do poder familiar 
O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse. A petição inicial deverá conter os seguintes requisitos: 
 I - a indicação da autoridade judiciária a que for dirigida; 
 II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; 
 III - a exposição sumária do fato e o pedido; 
 IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos. 
 Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 do Código Civil. Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Também é obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento. Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias, e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente. Família substituta – Artigos 28 a 52, ECA. 
 A colocação em família substituta far-se-á mediante 3 modalidades: guarda, tutela ou adoção. 
Estas 3 modalidades possuem alguns aspectos em comum. São eles (clique nas imagens para ver a descrição): A criança será ouvida sempre que possível e sua opinião será devidamente considerada nos procedimentos de colocação em família substituta. No que tange ao adolescente, foi realizada alteração pela lei 12.010/09. Seu consentimento somente era necessário para a modalidade de adoção. A lei 12.010/09 passou a exigir o consentimento do adolescente para qualquer modalidade de colocação em família substituta: guarda, tutela ou adoção. Sendo assim, a criança será ouvida sempre que possível e sua opinião será devidamente considerada, mas quanto ao adolescente, seu consentimento é necessário. Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade. Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda na mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional. 
 Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório que se respeite seus valores e costumes, buscando-se famílias, preferencialmente, na sua própria comunidade ou da mesma etnia; A colocação em família substituta só se dará à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida e ofereça ambiente familiar adequado. Exemplo: quando o requerente tratar-se de um pedófilo ou traficante de drogas; ou quando o local de moradia se constitui nun prostíbulo;etc. 
Não será admitida transferência da criança ou adolescente a terceiros ou entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. Exemplo: sealguém é detentor da guarda e não deseja mais esse encargo, deverá renunciar em juízo e não abandonar a criança ou adolescente ou entregá-lo para um terceiro; Ao sumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos:este termo é denominado de Termo de Compromisso, que é o documento que serve de prova do exercício da guarda e da tutela. Aqui, a lei não se reporta ao documento que comprova a adoção, porque este se faz por meio da certidão de nascimento (vide artigo 47 do ECA). 
 MODALIDADES DE FAMÍLIA SUBSTITUTA: GUARDA- A guarda não retira o poder familiar dos pais, diferentemente da tutela, que pressupõe a perda ou a suspensão desse Poder Familiar. Já a adoção rompe com todos os vínculos anteriores. Consoante o artigo 1.634 do Código Civil e artigo 22 do ECA, a guarda é dever inerente ao poder familiar, juntamente com o dever de sustento e educação, consoante os dois dispositivos em epígrafe. É inicialmente vinculada, portanto, ao Poder Familiar. No entanto, em determinadas situações, pode o dever de guarda se desprender do poder familiar, sem causar a perda deste. 
Em nosso ordenamento jurídico, temos vários dispositivos legais que tratam da guarda. Deve-se observar em que situação se encontra a criança ou adolescente, para que se saiba qual dispositivo legal deve ser aplicado. 
 Em caso de guarda decorrente de disputa entre os pais, aplica-se o disposto nos artigos 9o a 16 da Lei 6.515/1977, que Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e dá outras providências. Essa lei traz a possibilidade de os pais disporem, durante sua separação, acerca da guarda dos filhos menores. No entanto, o artigo 13 possibilita que, por motivos graves, o juiz decida em sentido diverso do que ficou acordado pelos pais. 
 Nos casos de guarda como modalidade de colocação em família substituta, será aplicável o disposto nos artigos 33 a 35 do Estatuto. que não se preocupou com a guarda atribuída aos genitores, mas somente a atribuída a terceiros. 
 Luiz Mônaco da Silva conceitua guarda como o “instituto pelo qual alguém, parente ou não, assume a responsabilidade sobre um menor, passando a dispensar-lhe cuidados próprios da idade, além de ministrar-lhe assistência espiritual, material, educacional e moral”. 
 - Espécies de guarda: 
 A) Guarda para regularizar a posse de fato. É possível que a criança ou adolescente já esteja sendo criado por alguém, que não possui o termo de guarda. O objetivo, nesta modalidade de guarda, é tornar de direito uma situação meramente fática. 
 B) Guarda liminar ou incidental no processo de adoção Artigo 33, parágrafo primeiro – guarda liminar ou incidental nos procedimentos de tutela e adoção, exceto por estrangeiros. Com base nesse dispositivo, é possível que, durante o processo de adoção, os futuros pais adotivos tenham a guarda da criança ou adolescente. 
 C) Guarda para atender situação peculiar ou para suprir falta eventual São as hipóteses previstas no artigo 33, parágrafo 2o –situação peculiar. Pode até mesmo implicar em responsabilidade sobre o menor até os 18 anos de idade. Tal guarda pode por fim ao processo, decidindo com quem vai ficar o menor. No entanto, nada impede a revogação dessa guarda, consoante dispõe o artigo 35 do ECA. O que prepondera é o interesse do menor, e não a pretensão dos pais ou do guardião. A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento, consoante o disposto no artigo 169, parágrafo único. Quanto à guarda para suprir falta eventual dos pais, é possível que, durante uma viagem de estudos, por exemplo, o menor esteja em guarda com determinada pessoa, até que os pais voltem a exercer a guarda. 
 - Efeitos da guarda: - Prestação de assistência material, moral e educacional. - Passa o menor a figurar como dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. Alguns avós requerem a guarda dos netos, visando exclusivamente a fins previdenciários. Em muitos desses casos, o menor continua, inclusive, na companhia dos pais. Não existe a chamada guarda previdenciária, mas sim os efeitos previdenciários da guarda. Concordamos com a parte da doutrina que sustenta que os benefícios são consequência e não finalidade. Além disso, tendo-se exclusivamente a finalidade de se deixarem benefícios previdenciários, importaria em uma fraude permitida pelo Poder Judiciário aos cofres públicos. Outro argumento seria a falta de correspondência com a realidade dos fatos. 
 A questão deve passar, ainda, pela análise da Lei 8.213/1993, em seu artigo 16, parágrafo 2o, que sofreu uma alteração em 1997, pela Lei 9.528, passando a não considerar o menor sob guarda como equiparado a filho, mas apenas o enteado e o menor tutelado. Mesmo para aqueles que entendem como possível a guarda para fins exclusivamente previdenciários, posicionamento que praticamente não mais se encontra na jurisprudência, o recebimento de tais benefícios deve passar pela análise da modificação da lei. O fato gerador do benefício é a morte do segurado. Dessa forma, deve-se levar em conta a lei em vigor na data da morte do beneficiário. Se anterior à alteração legal, o menor sob guarda ainda poderia receber o beneficio. Se posterior, não mais seria permitido, em virtude da nova redação do parágrafo 2º. No entanto, recentemente, a Terceira Turma do STJ, em decisão publicada no Informativo 422, assim decidiu: 
Em questão de ordem suscitada pelo Ministério Público Federal sobre a exclusão de menor sob guarda da condição de dependente do segurado, amplamente refutada nos juizados especiais federais, como alegado pelo parquet, a Seção, por unanimidade, acolheu a preliminar de inconstitucionalidade do art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, na redação da Lei n. 9.528/1997, conforme determina o art. 199 do RISTJ. QO nos EREsp 727.716-CE, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgada em 10/2/1010. 
 - Guarda especial destinada a crianças e adolescentes de difícil colocação O artigo 34 sofreu alteração pela Lei 12.010/2009. As antigas expressões “órfão ou abandonado” foram substituidas por “afastado do convívio familiar”. 
- Competência Territorial Domicílio do responsável pela criança – artigo 147, I, do Estatuto. 
 - Competência em razão da matéria É prevista no art. 148, parágrafo único, Alinea a, sendo de competência da Justiça da Infância e Juventude apenas nos casos de existência de situação de risco para a criança ou adolescente. 
- Visitação e alimentos A Lei 12.010/2009 incluiu no artigo.33 o parágrafo 4º, passando a prever que a guarda não afasta o direito de visitação e o dever alimentar, exceto na guarda deferida durante o processo de adoção. 
 TUTELA- A tutela está prevista nos artigos 36 a 38 do ECA, e 1.728 e seguintes, do Código Civil. Consiste em um encargo de caráter assistencial, que tem por objetivo suprir a falta de representação legal, substituindo assim o poder familiar, em se tratando de menor de 18 anos. Cabe destacar que a administração dos bens do tutelado não pode prevalecer à criação e à educação deste. Esta administração é uma importante atribuição da tutela, mas não é única. A tutela, apesar de englobar a guarda, não se confunde com ela. A tutela confere ao tutor plenos poderes de representação, em virtude da destituição ou suspensão do poder familiar ou ausência dos pais, o que não ocorre na guarda, que pode coexistir com o poder familiar. As hipóteses que ensejam a tutela são: 
- pais falecidos ou ausentes (com declaração de ausência, senão a medida correta é a guarda); - pais suspensos ou destituídos do poder familiar. 
Cessa a condição de tutelado: - com a maioridade ou a emancipação; - caso a criança ou adolescente volte a estar sob o poder familiar, no caso de reconhecimento da filiação ou adoção. 
 Cessam as funções do tutor:- ao expirar o termo de tutela; - ao sobrevir escusa legítima (vide artigo 1.736 do Código Civil); - ao ser removido. Apesar de não coexistir com o poder familiar, a tutela não defere direito sucessório ao tutelado em caso de falecimento do tutor. Este direito permanece em relação aos pais, pois a suspensão ou a destituição do poder familiar não extingue o vínculo sucessória. 
O tutor possui os deveres previstos nos artigos 1.740, 1.747, 1.748 e 1.755, todos do Código Civil. 
As espécies de tutela são: 
 - tutela testamentária - art. 1.729 e § único, Código Civil: quando os pais nomeiam tutor, conjuntamente, através de testamento. Porém, na apreciação do pedido, serão observados os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 do ECA, somente sendo deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vontade, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em melhores condições de assumí-la; 
 - tutela legítima – art. 1.731, Código Civil: na falta de nomeação pelos pais, a nomeação pode ser feita judicialmente, dentre os parentes consangüíneos; 
 - tutela dativa – art. 1.732, Código Civil: tem caráter subsidiário, e será cabível na falta do exercício das possibilidades anteriores. Trata-se da nomeação judicial de tutor estranho, idôneo e residente no domicílio do tutelado. A lei 12010/09 realizou duas alterações nos dispositivos relacionados à tutela. Uma das alterações foi apenas para adequar o ECA ao Novo Código Civil, estabelecendo o limite etário no art. 36, estabelecendo que o tutelado deverá ter até 18 anos incompletos. A segunda alteração diz respeito à extinção da antiga especialização de hipoteca, prevista antigamente no art. 37, que atualmente prevê um novo prazo para que o tutor testamentário ingresse em juízo com pedido de controle judicial do ato. 
 ADOÇÃO- A adoção de criança e de adolescente reger-se-á sempre de acordo com o disposto no ECA (artigos 39 a 52, do ECA), e trata-se de medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa. 
 A adoção depende sempre de sentença judicial, que possui natureza constitutiva. 
O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes. 
 A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos matrimoniais. É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colaterais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. 
 Quem pode adotar? 
a) pessoas maiores de 18 anos e que tenham 16 anos a mais que o adotando, exceto os ascendentes e os irmãos do adotando; 
 b) casal, desde que comprove estabilidade familiar; 
c) divorciados ou separados judicialmente, desde que a criança ou o adolescente já estivesse sob o convívio do casal durante a sociedade conjugal, e desde que se estabeleça guarda e visitação mediante acordo, que pode ser unilateral ou compartilhada, comprovado vínculo de afinidade e afetividade com o não detentor da guarda; 
d) tutor/curador em relação ao tutelado/curatelado, desde que preste contas de sua administração e tenha saldado seu alcance. 
 Requisitos da adoção: 
deve oferecer reais vantagens para o adotando, por tratar-se de medida excepcional; 
deve haver o consentimento dos pais ou do representante legal do adotando, ou destituição do poder familiar. Se os pais dão o seu consentimento, é feita no Cartório, diretamente, sem advogado, através de petição dos interessados, pois não há lide. Caso contrário, há o contraditório. Sendo impossível o consentimento, como no caso de pais desconhecidos ou destituídos do poder familiar, o Juiz o supre; 
consentimento do adotando maior de 12 anos; 
estágio de convivência: 
a adoção é precedida de estágio de convivência para fins de adaptação, pelo prazo que o Juiz fixar, dependendo das peculiaridades de cada caso. Isto se dá para verificar a adaptação da criança ou adolescente naquela família, e não dos adotantes. 
 O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
 A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio de convivência. Estas regras são provenientes de alterações promovidas pela lei 12010/09, que não mais permite a pura e simples dispensa do estágio de convivência em razão de tenra idade.
 Para os adotantes estrangeiros residentes ou domiciliados fora do Brasil, o estágio de convivência é obrigatório, e é cumprido em território nacional, pelo prazo de 30 dias. Cabe ressaltar que o estágio de convivência deve ser acompanhado pela equipe Inter profissional que apresentará relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida. 
Adoção Póstuma e Adoção Unilateral: Existem duas espécies de adoção previstas pelo ECA que possuem características peculiares que as afastam um pouco das regras gerais referentes a adoção. 
 A primeira espécie consiste na chamada Adoção Póstuma, que se refere à possibilidade de deferimento da adoção ao adotante que, após inequívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do procedimento, antes de prolatada a sentença. Neste caso, os efeitos da adoção retroagem à data do óbito. 
 E a segunda denomina-se Adoção Unilateral na qual um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, mantendo-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou concubino do adotante e os respectivos parentes. 
Sentença de deferimento da Adoção:
 A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese de Adoção Póstuma, caso em que terá força retroativa à data do óbito. Isto é assim para possibilitar a transmissão de direitos sucessórios ao adotando. 
 A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, a possibilidade de determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, isto não poderá configurar uma imposição ao adotado. Será obrigatória a sua oitiva, observado o disposto nos §§ 1o e 2o, do art. 28 do ECA. 
 A sentença que defere a Adoção é irrevogável e nem mesmo a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais. 
Conhecimento sobre a origem biológica: 
O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 (dezoito) anos. Tal acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. 
Cadastro para fins de adoção: 
Caberá a autoridade judiciária manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. 
Considerando a relevância da Adoção, a inscrição de postulantes à mesma deverá será precedida de um período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e, sempre que possível e recomendável, esta preparação deverá propiciar o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados, sob a orientação, supervisão e avaliação da equipe técnica. O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público e somente será deferida a inscrição se o interessado satisfizer os requisitos legais. 
 A lei prevê ainda a criação e a implementação de cadastros estaduaise nacional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados e de pessoas ou casais habilitados à adoção, e também cadastros distintos para pessoas ou casais residentes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de postulantes nacionais habilitados nos cadastros anteriormente mencionados. 
Atuação das autoridades: 
 Para que se assegure a efetividade das normas previstas pelo ECA sobre a Adoção, a atuação das autoridades envolvidas no processo é fundamental. As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de informações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. 
 A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em condições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional, sob pena de responsabilidade. 
A Autoridade Central Estadual deverá zelar pela manutenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira. 
 A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. 
Adotante sem cadastro prévio: 
 A adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente somente poderá ser deferida: 
- se tratar de pedido de adoção unilateral; 
 - for formulada por parente com o qual a criança ou adolescente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; 
 - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qualquer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 do ECA. 
 ADOÇÃO INTERNACIONAL- Conceito e noções gerais: 
É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil, conforme previsto no Artigo 2 da Convenção de Haia, de 29 de maio de 1993, relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, aprovada pelo Decreto Legislativo no 1, de 14 de janeiro de 1999, e promulgada pelo Decreto no 3.087, de 21 de junho de 1999. 
Vale lembrar que a colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. Seguindo as orientações da convenção internacional dos direitos da criança, o legislador estatutário excepcionou, ainda mais, a colocação em família substituta estrangeira. Partindo da interpretação sistemática, conclui-se que a colocação em família substituta já é exceção e a colocação em família substituta estrangeira é a exceção da exceção, ou seja, a criança somente irá para um lar estrangeiro quando não houver nenhuma família brasileira disposta a adotá-la. 
 E os brasileiros residentes no exterior terão preferência aos estrangeiros, nesta modalidade de adoção. 
 Esta regra deve ter por pressuposto o melhor interesse da criança e não o das famílias, conforme art. 6º do ECA. 
 Importante: As regras gerais da adoção são aplicadas à adoção internacional, como exemplo dar-se-á da mesma forma a adoção de adolescente com a peculiaridade de ser indispensável o seu consentimento (art.45, § 2º, do ECA) bem como quanto ao grupo de irmãos (art.28, § 4º, do ECA). 
 Requisitos para o deferimento da Adoção Internacional: 
- Será admitida a adoção internacional de crianças e/ou adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil, quando esta modalidade de família substituta for adequada ao caso concreto, e quando forem esgotadas todas as possibilidades de colocação em família brasileira. 
Em se tratando de adoção de adolescente, este deverá ser consultado e estar preparado para a medida, através de parecer elaborado minuciosamente por equipe inter-profissional. 
Adoção Internacional: Procedimentos 
- A adoção internacional pressupõe a intervenção das Autoridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção internacional, e observará o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA, com as seguintes adaptações: 
- A postulação da adoção internacional, de criança ou adolescente brasileiro, por pessoa ou casal estrangeiro, deverá ser precedida de pedido de habilitação à medida perante a Autoridade Central em matéria de adoção internacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está situada sua residência habitual; 
- A Autoridade Central do país de acolhida, considerando que os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um relatório que contemple informações sobre a identidade, a capacidade jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pessoal, familiar e médica, seu meio social, os motivos em que se fundamentam o pedido, e a aptidão para assumir uma adoção internacional; 
- Será encaminhado relatório, instruído com toda a documentação necessária, incluindo estudo psicossocial, elaborado por equipe inter-profissional, e cópia autenticada da legislação pertinente, acompanhada da respectiva prova de vigência da Autoridade Central do país de acolhida, à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Brasileira; 
- Os documentos encaminhados pela Autoridade Central do país de acolhida à Autoridade Central Estadual, em língua estrangeira, serão devidamente autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradução, por tradutor público juramentado; 
- Pelo princípio da soberania dos países, a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e solicitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; 
 - A Autoridade Central Estadual, após estudo realizado pela a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacional, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimento, tanto à luz do que dispõe o ECA, como da legislação do país de acolhida, poderá expedir laudo de habilitação à adoção internacional, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; 
- O interessado à adoção será autorizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, após estar de posse do laudo de habilitação, conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual; 
- A saída do adotando do território nacional, antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional, não será permitida. Depois de transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária determinará a expedição de alvará com autorização de viagem, bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoriamente, as características da criança ou adolescente adotado, como idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar direito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão e certidão de trânsito em julgado; 
 - A qualquer tempo Autoridade Central Federal Brasileira poderá solicitar informações sobre a situação das crianças e adolescentes adotados. 
Será admitido que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam intermediados por organismos credenciados, se a legislação do país de acolhida assim o autorizar. 
 A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser renovada. 
A adoção por brasileiro residente no exterior em país ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha sido processado em conformidade com a legislação vigente no país de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da referida Convenção, será automaticamenterecepcionada com o reingresso no Brasil. 
O pretendente brasileiro residente no exterior em país não ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Superior Tribunal de Justiça. 
Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autoridade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilitação dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central Federal e determinará as providências necessárias à expedição do Certificado de Naturalização Provisório. A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Público, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à ordem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do adolescente. 
Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista no § 1o do artigo 52-C, o Ministério Público deverá imediatamente requerer o que for de direito para resguardar os interesses da criança ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Federal Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de origem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. 
 Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o credenciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional. ( 
Procedimento de Colocação em Família Substituta 
 O procedimento de colocação em família substituta está previsto nos artigos 165 a 170 do ECA. Sendo os pais falecidos ou destituídos ou suspensos do poder familiar; ou se houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. 
 Caso contrário, teremos a via judicial, com o procedimento de colocação em família substituta. Este procedimento inicia-se ou por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, após esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. 
E a petição inicial deve conter os seguintes requisitos: 
 I - qualificação completa do requerente e de seu eventual cônjuge, ou companheiro, com expressa anuência deste; 
 II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especificando se tem ou não parente vivo; 
 III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus pais, se conhecidos;
 IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexando, se possível, uma cópia da respectiva certidão; 
 V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendimentos relativos à criança ou ao adolescente. 
Em se tratando de adoção, deverão ainda ser observados os requisitos específicos ao instituto. Durante o procedimento, havendo o consentimento dos titulares do poder familiar, este será colhido pela autoridade judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade. E se este consentimento foi prestado por escrito, deverá ser ratificado em audiência. Este consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção, e só terá valor se for dado após o nascimento da criança. 
A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de estudo social ou, se possível, perícia por equipe inter-profissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência, a fim de que a criança ou o adolescente não fique sem representação legal até o final do procedimento. E, deferida a guarda provisória ou o estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade. 
Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. 
 Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nos artigos 155 a 164 do ECA. 
IMPORTANTE: A perda ou a modificação da guarda poderá ser decretada nos mesmos autos do procedimento de colocação em família substituta, observado o disposto no art. 35, do ECA. 
A alienação parental ofende o direito à convivência familiar. O psiquiatra americano Richard Gardner denominou "alienação parental" a síndrome constatada em um dos pais Conceito: Um dos cônjuges tenta, a qualquer preço, afastar a criança ou adolescente do convívio do outro genitor.
 Casos específicos: 
a síndrome geralmente se manifesta na ocorrência de separações traumáticas, em que uma das partes não consegue rejeitar o sentimento de rejeição, raiva, abandono e acaba por buscar, até de forma inconsciente, o alívio de tais sentimentos pela vingança, qual seja, a de afastar o outro genitor da presença e convívio do filho consequências: além da nefasta criação sem a presença de um dos genitores, com os consequentes traumas que podem ser gerados psicologicamente. A menina, por exemplo, na ausência do pai, podendo ser proveniente de um lar desajustado pode manifestar futuramente o que psicologicamente se conceitua como a doença de amar demais, que poderá envolvê-la em relacionamentos destrutivos. Podem ser plantadas falsas memórias em casos extremos, como abuso sexual praticado pelo genitor afastado. Em casos extremos, o genitor afastado pode ser vítima de denunciação caluniosa, vindo a responder a inquérito e processo por supostos abusos sexuais, o que demandará uma análise psicológica criteriosa e necessariamente demorada, gerando sofrimento extremo a todos os envolvidos. ( Lei 12.318/2010, que dispõe sobre alienação parental. 
 Procedimento de Destituição da Tutela A destituição da tutela será decretada judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações inerentes ao instituto. 
O procedimento de destituição da tutela está previsto nos artigos 164 do ECA e 1.194 a 1.198 do Código de Processo Civil
ETAPAS DO PROCEDIMENTO DE DESTITUIÇÃO DA TUTELA:
 Cabe ao órgão do Ministério Público, ou a quem tenha legítimo interesse, requerer, a remoção do tutor.
Este será citado para contestar a argüição no prazo de 5 (cinco) dias, e findo este prazo, observar-se-á o disposto no art. 803 do CPC. Em caso de extrema gravidade, o juiz poderá suspender o tutor do exercício de suas funções, nomeando-lhe interinamente um substituto. Cessando as funções do tutor pelo decurso do prazo em que era obrigado a servir, o mesmo poderá requerer a exoneração do encargo. Não o fazendo dentro dos 10 (dez) dias seguintes à expiração do termo, entender-se-á reconduzido, salvo se o juiz o dispensar. 
Procedimento de Habilitação de Pretendentes à Adoção: 
Para a colocação de crianças e adolescentes em família substituta na modalidade de adoção, é necessário que os pretendentes a adotantes se habilitem em um procedimento próprio. 
Este procedimento está regulado nos artigos 197-A a 197-E do ECA. 
ETAPAS DO PROCEDIMENTO DE HABILITAÇÃO DE PRETENDENTES À ADOÇÃO: 
Os postulantesà adoção, domiciliados no Brasil, apresentarão petição inicial junto ao Juizado da Infância e da Juventude, e a autoridade judiciária terá o prazo de 48 para receber a petição e dar vista dos autos ao Ministério Público, que em 5 (cinco) dias poderá: 
- apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe inter-profissional encarregada de elaborar o estudo técnico para aferir a capacidade e o preparo dos postulantes; 
 - requerer a designação de audiência para oitiva dos postulantes em juízo e das testemunhas; 
 - requerer a juntada de documentos complementares e a realização de outras diligências que entender necessárias. Os postulantes deverão participar de programa oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, voltado à preparação psicológica, orientação e estímulo à adoção inter-racial,de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos. Além disso, sempre que possível, se incentivará o contato com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou institucional, em condições de serem adotados. Após a participação no referido programa, a autoridade judiciária decidirá, em 48 horas, acerca das diligências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de instrução e julgamento. Caso não sejam requeridas diligências, ou sendo essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada do estudo psicossocial, abrindo, a seguir, vista dos autos ao Ministério Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. 
Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos cadastros referidos no art. 50 do ECA, sendo a sua convocação para a adoção feita de acordo com a ordem cronológica de habilitação e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes adotáveis.
 A recusa sistemática na adoção das crianças ou adolescentes indicados importará na reavaliação da habilitação concedida. 
Esta ordem cronológica das habilitações somente poderá deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses previstas no § 13 do art. 50 do ECA, quando comprovado ser essa a melhor solução no interesse do adotando. 
SÍNTESE DA AULA: Nesta aula, você: 
1) Compreendeu o Direito Fundamental à Convivência Familiar e Comunitária de crianças e adolescentes; 
2) Distinguiu as formas de permanência e colocação em família, suas características e aplicabilidades frente ao ordenamento jurídico pertinente;
 3) Foi capaz de reconhecer a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado em relação a tais direitos;
 4) Identificou, dentro das normas de proteção contidas no ECA, o poder familiar e seus limites legais, bem como os procedimentos de colocação em família substituta, e os relativos à perda e suspensão do poder familiar, da destituição da tutela, e da habilitação de pretendentes à adoção. 
O QUE VEM NA PRÓXIMA AULA: 
Na próxima aula você conhecerá outros direitos fundamentais das Crianças e dos Adolescentes, como o Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; o Direito à Profissionalização e à Proteção ao Trabalho. Além disso, veremos a Prevenção, Produtos e Serviços direcionados aos infantojuvenis. 
 Aula 4- Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho; e Prevenção, Produtos e Serviços. 
Objetivos desta aula: 
1. Compreender os direitos fundamentais à educação, à cultura, ao esporte e ao Lazer, à profissionalização e à proteção ao trabalho, bem como as regras relativas à prevenção, produtos e serviços; 
2. Conhecer os dispositivos legais que regulam estes direitos, contidos no ECA, e nas demais legislações pertinentes;
 3. Identificar a responsabilidade da família, do Estado, e da sociedade em relação a tais direitos;
4. Compreender as regras que regem a viagem de crianças dentro do território nacional e a viagem de crianças e adolescentes para o exterior. Dando continuidade ao estudo dos direitos fundamentais previstos pelo ECA, passamos agora à análise dos direitos à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à proteção no trabalho. 
Você verá que esses direitos são importantes para o bom desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, razão pela qual não só o ECA, mas também outras normas pertinentes, dedicam-se a regulamentá-los, como será visto mais adiante nesta aula. 
 Além desses direitos, o ECA prevê regras referentes à prevenção, aos produtos e aos serviços, reafirmando a intenção do legislador no sentido de propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento sadio de crianças e adolescente nos aspectos físico, psíquico e moral. 
Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer: 
- Objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o legislador constitucional utilizou-se da educação como instrumento de transformação social e, deste modo, destinou um capítulo para regulamentá-la (arts. 205 a 214, CRFB). O art. 205 da CRFB demonstra a preocupação do legislador em esclarecer que a educação não se constitui apenas numa obrigação do Estado, e sim numa obrigação conjunta do Estado e da família. Ao elencar a educação como um direito fundamental da criança e do adolescente, visa-se assegurar o pleno desenvolvimento da pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Sendo assim, reconheceu-se uma nova concepção constitucional da Educação na formação do ser em desenvolvimento. Esta concepção foi recepcionada também pelo ECA, em seus arts. 53 a 59. 
Ainda sobre a educação, a cultura, o esporte e o lazer... É importante destacar que as regras sobre a Educação encontram-se previstas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96) e que o ECA, ao tratar deste tema, apenas enfatiza alguns aspectos lá contidos. 
 Artigo 53 do ECA- assegura a criança e adolescente os seguintes direitos: 
 - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
- ser respeitado por seus educadores (este respeito abrange a integridade física, sendo vedados castigos físicos, e as integridades psíquica e moral, havendo inclusive sanção para a exposição de crianças e adolescentes a vexames e constrangimentos); 
- contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; 
- organização e participação em entidades estudantis; 
 - acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência. A interpretação desde dispositivo deve ser feita com base no parâmetro contido no artigo 6º do ECA. 
Sendo assim, o aluno tem o direito de permanência na escola desde que não dê causa para sua exclusão, ou seja, desde que respeite professores, colegas, funcionários e cumpra com suas tarefas. Caso contrário, poderá ser transferido “compulsoriamente” para outra unidade escolar, após esgotados todos os recursos.
 Em relação aos pais e responsáveis, o artigo 53 lhes confere o direito de ter ciência do processo pedagógico educacionais, com o intuito de estreitar os laços entre a família e a escola, tendo em vista que são solidariamente pela educação. 
 Artigo 54 do ECA- cuidou das obrigações do Estado em relação à educação e em todos os níveis de ensino, abrangendo desde o atendimento em creche e pré-escola, até o ensino superior. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime jurídico do seu pessoal. 
 § 1º. No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão: 
I -propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis; 
 II- elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com

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