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TCC I – Parte II Metodologia de Trabalho Científico Dilma A. S. Bowen 2018 DEFINIÇÃO DO TEMA E DO TÍTULO (O QUÊ?) • O tema é o assunto que desejamos provar ou desenvolver. Pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo pesquisador, da sua curiosidade científica, • de desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria. • Pode ter surgido pela entidade responsável, portanto, “encomendado” mas deve ter caráter científico. • Do tema é feita a delimitação, que deve ser dotada de um sujeito e um objeto. • Já o título, acompanhado ou não por subtítulo, difere do tema. • Enquanto o tema sofre um processo de delimitação e especificação, para torná-lo viável à realização da pesquisa, o título sintetiza o seu conteúdo. DEFINIÇÃO DO TEMA E DO TÍTULO (O QUÊ?) JUSTIFICATIVA (POR QUÊ?) • o único item do projeto que apresenta respostas à questão “por quê?”. • De suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidade que vai financiá-la. • A justificativa consiste em uma exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. A Justificativa Deve enfatizar: a) o estágio em que se encontra a teoria que diz respeito ao tema; b) as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: confirmação geral, confirmação na sociedade particular em que se insere a pesquisa, especificação para casos particulares, clarificação da teoria, resolução de pontos obscuros; c) a importância do tema do ponto de vista geral; d) a importância do tema para casos particulares em questão; e) possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto; f) descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares. g) A justificativa difere da revisão da bibliografia e, por esse motivo, não apresenta citações de outros autores. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA • A formulação do problema prende-se ao tema proposto: ela esclarece a dificuldade específica com a qual nos defrontamos e que pretendemos resolver por intermédio da pesquisa. Para ser cientificamente válido, um problema deve passar pelo crivo científico O problema: • pode ser enunciado em forma de pergunta? • corresponde a interesses pessoais (capacidade), sociais e científicos, isto é, de conteúdo e metodológicos? Esses interesses estão harmonizados? • constitui-se o problema em questão científica, ou seja, relacionam-se entre si pelo menos duas variáveis? • pode ser objeto de investigação sistemática, controlada e crítica? • pode ser empiricamente verificado em suas consequências? Formulação do problema: • Observar: viabilidade; relevância; novidade; exequibilidade; oportunidade. • A formulação do problema deve ser interrogativa, clara, precisa e objetiva; • possuir solução viável; expressar uma relação entre duas ou mais variáveis; ser fruto de revisão de literatura e reflexão pessoal. O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos. • Concluímos disso que perguntas retóricas, especulativas e afirmativas (valorativas) não são perguntas científicas. • O problema de pesquisa pode ser enunciado de forma afirmativa quando se tratar de questão norteadora, se julgado pelo pesquisador que essa alternativa seja mais adequada em relação ao objeto de investigação. Nesse caso específico, informamos “Questão norteadora” e não “Problema de Pesquisa”; nesse particular, não há enunciado para delimitar hipótese. Características das hipóteses: • consistência lógica; • verificabilidade • simplicidade; • relevância; • apoio teórico; • especificidade; • plausibilidade; • clareza; • profundidade; • fertilidade; • originalidade. Enunciado das hipóteses: • é uma suposição que fazemos na tentativa de explicar o problema; • como resposta e explicação provisória, relaciona duas ou mais variáveis do problema levantado; • deve ser testável e responder ao problema; • serve de guia na pesquisa para verificar sua validade. Surge de: • observação; • resultados de outras pesquisas; • teorias; • intuição. Uma hipótese aplicável deve: • ser conceitualmente clara; • ser específica (identificar o que deve ser observado); • ter referências empíricas (verificável); • ser parcimoniosa (simples); • estar relacionada com as técnicas disponíveis; • estar relacionada com uma teoria. Cabe-nos lembrar • que em algumas pesquisas as hipóteses são implícitas e em outras são formalmente expressas. “Geralmente, naqueles estudos em que o objetivo é o de descrever determinado fenômeno ou as características de um grupo, as hipóteses não são enunciadas formalmente. Nesses casos, as hipóteses envolvem uma única variável e o mais frequente é indicá-la no enunciado dos objetivos da pesquisa.” (GIL, 2010, p. 24). Cabe-nos lembrar • Por outro lado, ressaltamos que naquelas pesquisas que têm como objetivo verificar relações de associação ou dependência entre variáveis (Gil, 2010), o enunciado claro e preciso das hipóteses constitui requisito fundamental para o adequado desenvolvimento do estudo. ESPECIFICAÇÃO DOS OBJETIVOS (PARA QUÊ?) Os objetivos devem ser sempre expressos em verbos de ação. Esses objetivos se desdobram em: a) geral: está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das ideias estudadas. Vincula- se diretamente à própria significação da tese proposta pelo projeto. Deve iniciar com um verbo de ação. b) específicos: apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares. Exemplos aplicáveis a objetivos: a) quando a pesquisa tiver o objetivo de conhecer: apontar, citar, classificar, conhecer, definir, descrever, identificar, reconhecer, relatar; b) quando a pesquisa tiver o objetivo de compreender: compreender, concluir, deduzir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, interpretar, localizar, reafirmar; c) quando a pesquisa tiver o objetivo de aplicar: desenvolver, empregar, estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar, traçar, otimizar, melhorar; d) quando a pesquisa tiver o objetivo de analisar: comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, examinar, investigar, provar, ensaiar, medir, testar, monitorar, experimentar; e) quando a pesquisa tiver o objetivo de sintetizar: compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, produzir, propor, reunir, sintetizar; f) quando a pesquisa tiver o objetivo de avaliar: argumentar, avaliar, contrastar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar. Lista de alguns verbos operacionais: Nível de conhecimento/saber Nível de saber-fazer Apreciar calcular Analisar Construir Escolher Consertar Citar Desenvolver (método) Classificar Diagnosticar Comparar Executar Listar Transformar Opor ... e todos os verbos técnicos Provar Resolver Metodologia do Trabalho Científico, 2013 METODOLOGIA (COMO?) • Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que devemos empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. O que é método e pesquisa? Método: • Forma de pensar para chegarmos à natureza de determinado problema, quer seja para estudá-lo ou explicá-lo.Pesquisa: • Modo científico para obter conhecimento da realidade empírica [...] tudo que existe e pode ser conhecido pela experiência. • Processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. METODOLOGIA (COMO?) • Nessa seção, apresentamos, também, o delineamento básico (design) da pesquisa, visto identificar critérios como o estudo está estruturado e qual o seu objetivo. EMBASAMENTO TEÓRICO (QUAIS CONCEITOS?) • Respondendo ainda à questão “quais conceitos?”, aparecem aqui os elementos de fundamentação teórica da pesquisa e, também, a definição dos conceitos empregados. Revisão da bibliografia • Após a escolha do tema, o pesquisador deve iniciar amplo levantamento das fontes teóricas (relatórios de pesquisa, livros, artigos científicos, monografias, dissertações e teses), com o objetivo de elaborar a contextualização da pesquisa e seu embasamento teórico, o qual fará parte do referencial da pesquisa na forma de uma revisão bibliográfica (ou da literatura), buscando identificar o “estado da arte” ou o alcance dessas fontes. Revisão da bibliografia • Essas providências mostrarão até que ponto esse tema já foi estudado e discutido na literatura pertinente. Convém estabelecer um marco teórico de referência (corte epistemológico-estabelecimento dos níveis de reflexão e de objetividade do conhecimento referentes aos modos de observação e experimentação) e sua abrangência em termos temporais. • Nessa etapa, como o próprio nome indica, analisamos as mais recentes obras científicas disponíveis que tratem do assunto ou que deem embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do projeto de pesquisa. • É aqui também que são explicitados os principais conceitos e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa. • A revisão da literatura demonstra que o pesquisador está atualizado nas últimas discussões no campo de conhecimento em investigação. • Além de artigos em periódicos nacionais e internacionais e livros já publicados, as monografias, dissertações e teses constituem excelentes fontes de consulta. • Revisão de literatura difere-se de uma coletânea de resumos ou uma “colcha de retalhos” de citações. Seleção das obras e dos trabalhos sobre o tema • Essa é a fase em que o pesquisador procura se apropriar dos textos que abordam o assunto que pretende pesquisar; assim, deve pesquisar em livros e revistas científicas, teses e dissertações e materiais necessários à pesquisa, como leis, documentos e fotos. Fichamento: • O fichamento facilitará a procura do pesquisador, que terá ao seu alcance as informações coletadas nas bibliotecas públicas ou privadas, na internet, ou mesmo em acervo próprio ou de amigos, evitando que consulte mais de uma vez a respeito de Metodologia do Trabalho Científico. • O importante é que eles estejam bem organizados e de acesso fácil, para que não se percam. • O fichamento é uma técnica de trabalho que consiste em documentar as ideias e informações de uma obra. Fichamento: Existem três tipos básicos de fichamentos: o fichamento bibliográfico, o fichamento de resumo ou conteúdo e o fichamento de citações. a) Ficha bibliográfica: é a descrição, com comentários, dos tópicos abordados em uma obra inteira ou parte dela. b) Ficha de resumo ou conteúdo: é uma síntese das principais ideias contidas na obra. O pesquisador elabora essa síntese com suas próprias palavras, não sendo necessário seguir a estrutura da obra. c) Ficha de citações: é a reprodução fiel das frases que pretendemos usar como citação na redação do trabalho. CRONOGRAMA (QUANDO?) • A elaboração do cronograma responde à pergunta “quando?”. A pesquisa deve ser dividida em partes, e devemos fazer a previsão do tempo necessário para passar de uma fase a outra. Não esquecer que determinadas partes podem ser executadas simultaneamente, mas existem outras que dependem das anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende da codificação e da tabulação, só possíveis depois de colhidos os dados. • No cronograma, você dimensiona cada uma das etapas do desenvolvimento da pesquisa, no tempo disponível para sua execução. Geralmente os cronogramas são divididos em meses. Exemplo Etapa/Mês 1 2 3 4 5 Escolha do tema de pesquisa Revisão de literatura (bibliográfica) Definição dos capítulos (sumário preliminar) Justificativa, objetivos, problematização, metodologia Fundamentação teórica: redação dos capítulos Coleta de dados Tabulação, análise dos dados e elaboração da síntese Elaboração da síntese e conclusão da análise dos resultados Ajustes metodológicos, conceituais e analíticos Redação final, revisão linguística; formatação conforme normas ABNT Entrega do trabalho final Preparação para apresentação Apresentação do trabalho final 6 REFERÊNCIAS • Abrange livros, artigos, periódicos, jornais, monografias, CDs, sites etc., publicações utilizadas para o desenvolvimento do projeto e embasamento teórico da pesquisa. Podemos incluir, ainda, o material bibliográfico que será lido no decorrer do processo de pesquisa. • As obras utilizadas/consultadas para a elaboração do projeto e as fontes documentais previamente identificadas que serão necessárias à pesquisa devem ser indicadas em ordem alfabética e conforme a NBR 6023, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002). Para mais orientações consulte: Metodologia do Trabalho Científico - Normas da ABNT nº 14724/2011 e suas atualizações. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2011. Normas de apresentação tabular. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. 1993. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas, 2010. BREVIDELLI, Maria Meimei; SERTÓRIO, Sonia Cristina Masson. Trabalho de Conclusão de Curso. São Paulo: Editora Érica. 2010 TACHIZAWA, Takeshy; MENDES, Gildasio . FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Como fazer monografia na prática. 9. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2017. 146 p (Coleção FG V prática) broch. Manual para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade Católica de Brasília / coordenação Maria Carmen Romcy de Carvalho... [et al.], Universidade Católica de Brasília, Sistema de Bibliotecas. –10.ed.- Brasília : [s.n.], 2018. 220 p. : il. Biblioteca Central da Universidade Paulista. Guia de normalização para apresentação de trabalhos acadêmicos da Universidade Paulista : ABNT / Biblioteca Central da Universidade Paulista UNIP ; revisado e atualizado pelos Bibliotecários Alice Horiuchi e Rodrigo da C. Aglinskas. – 2018. 52 p. : il. color. Prodanov, Cleber Cristiano. Metodologia do trabalho científico [recurso eletrônico] : métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico / Cleber Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. – 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013.
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