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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 02

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 02
2.1 Competência: conceito, critérios de distribuição, espécies; identificação do foro competente; modificações (conexão, continência, prevenção), perpetuatio jurisdictionis, conflitos positivos e negativos; competência interna e internacional (concorrente e exclusiva), homologação de sentença estrangeira. 
2.2 Competência da Justiça Federal. 
2.3 Ação: classificação das ações e critérios identificadores. Defesa: natureza, conceito, espécies; sua inserção entre as bases fundamentais do Direito Processual. 
2.4 Processo: natureza, conceito, pressupostos, início, suspensão e fim, classificação (problemática da distinção entre as espécies processuais e a atual visão sincrética), princípios informativos, gerais e específicos.
Atualizado por Tiago Borré em agosto de 2012.
2.1 Competência: conceito, critérios de distribuição, espécies; identificação do foro competente; modificações (conexão, continência, prevenção), perpetuatio jurisdictionis, conflitos positivos e negativos; competência interna e internacional (concorrente e exclusiva), homologação de sentença estrangeira. 
1. CONCEITO
Conceito tradicional (Liebman):
A competência é a porção de jurisdição entregue a um determinado órgão jurisdicional.
A competência é a medida da jurisdição.
Conceito atual:
A competência é uma limitação para o exercício legítimo de jurisdição. É o poder de exercer a jurisdição nos limites estabelecidos em lei. O exercício da função jurisdicional por um órgão do Judiciário fora dos limites traçados por lei será ilegítimo, sendo esse juízo incompetente. Obs: a incompetência é sempre do juízo e nunca do juiz.
2. CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO FORO COMPETENTE
Em nosso sistema, a distribuição da competência é feita pela própria CF e pelo legislador ordinário.
A primeira divisão da competência é feita na Constituição, que a divide em cinco partes: Justiça Federal; Justiça do Trabalho; Justiça Militar; Justiça Eleitoral;Justiça dos Estados.
A Justiça dos Estados possui competência residual. Tudo que não for das outras “justiças”, será da alçada da justiça estadual.
A distribuição de competência rege-se por dois princípios:
Tipicidade legislativa: o legislador é quem irá dizer qual é a competência.
O STF admite a existência de competências implícitas, decorrente da competência atribuída ao órgão. Ex.: competência do STJ para julgar os embargos de declaração contra o Recurso Especial.
Indisponibilidade: o juiz não pode alterar as suas competências, seja para excluí-las ou substituí-las.
A indisponibilidade pode ser relativizada pela própria lei, como, por exemplo, a prorrogação da competência relativa ou foro de eleição pelas partes. Esses dois princípios estão intimamente ligados ao princípio do juiz natural.
Kompetenz-Kompetenz:
Marinoni traduziu como sendo princípio da competência sobre a competência. Este é o princípio que baliza toda a verificação e os incidentes a respeito da competência. Por meio desse princípio, diz-se que todo juiz tem competência para apreciar se tem ou não competência para determinada causa.
Trata-se de decorrência inevitável da cláusula que outorga ao magistrado da causa o poder de verificar a satisfação dos pressupostos processuais. Se a competência é um destes pressupostos, é natural que o juiz da causa tenha o poder de decidir (ao menos em primeira análise) sobre sua competência.
Lei federal (CPC)
Lei estadual
Distribui a competência no âmbito dos Estados.
Regimento interno
O regimento interno não cria competência. Ele distribui a competência que foi designada ao Tribunal.
Segundo Didier, só o Regimento Interno do STF tem natureza de lei, pois na CF/69 havia autorização para o STF editar seu RI com força de Lei.
Na identificação do foro competente, devem ser feitos os seguintes questionamentos:
Qual a Justiça competente? (competência de jurisdição)
A competência é do órgão superior ou inferior? (competência originária)
Qual a comarca ou seção judiciária competente? (competência de foro)
Qual a vara competente? (competência de juízo)
Qual o juiz competente? (competência interna)
Quem tem competência para julgar os recursos? (competência recursal)
Critérios para apuração da competência:
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3. ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA
3.1 Competência internacional
A competência internacional irá determinar quais demandas podem ser julgadas em outro país que não o Brasil. Tem como objetivo delimitar o espaço onde deve haver jurisdição, de modo que o Estado possa fazer cumprir soberanamente as suas sentenças.
Diz-se então que a competência internacional é informada pelo princípio da efetividade, segundo o qual o Estado deve abster-se de julgar se a sentença não tem como ser reconhecida onde deve exclusivamente produzir efeitos. Além disso, não seria conveniente ocupar os órgãos jurisdicionais com causas que não dizem respeito ao seu ordenamento.
O CPC fala em “competência internacional”. Essa expressão, contudo, é criticada pela doutrina porque não se trata propriamente de competência, mas sim de questão a ela anterior. Aqui se está diante de um problema de jurisdição e não de competência. Pode ser de dois tipos: concorrente ou exclusiva.
a) Competência internacional concorrente ou cumulativa - Art.88 do CPC (I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de fato praticado no Brasil). Podem essas causas ser julgadas no Brasil ou também por tribunais estrangeiros. A sentença proferida no estrangeiro a respeito de tais temas será eficaz no território brasileiro, mas precisará ser homologada pelo STJ.
Em caso de competência concorrente, é possível que existam duas demandas: uma aqui e outra no estrangeiro. O art. 90 do CPC diz que não há litispendência nesse caso: Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas.
Barbosa Moreira corrige o CPC e afirma que litispendência pode existir, mas o que não haverá é o efeito da litispendência, qual seja, a extinção de uma das demandas. Não haverá extinção em razão da soberania dos Estados estrangeiros. Assim, o Brasil não poderia exigir do Estado estrangeiro que extinguisse sua ação nem o Estado estrangeiro poderia exigir tal providência do nosso país. Irá obstar o conhecimento da causa se a sentença estrangeira já tiver sido homologada pelo STJ.
b) Competência internacional exclusiva - Art. 89 do CPC (I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens (móveis ou imóveis), situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional). Significa dizer que só o Brasil pode julgar. Se houver sentença estrangeira sobre esse tema, ela nunca poderá ser homologada pelo STJ.
3.2 Competência interna
Competência interna – Critérios: objetivo (em razão da matéria, em razão da pessoa e em razão do valor), territorial e funcional
I. Competência objetiva
I.1) Competência em razão da matéria
Não é detalhada pelo CPC.
Constituição: traz alguns casos, como a competência da Justiça Federal em razão da matéria, a competência da Eleitoral, da Trabalhista, etc.
Há também a divisão feita pelas leis de organização judiciária: varas especializadas em família, sucessões, Fazenda Pública, etc.
Há ainda a divisão entre varas cíveis e criminais.
I.2) Competência em razão da pessoa
Também não é detalhada pelo CPC.
Em regra, a Constituição é que traz os foros privilegiados ou a competência, por exemplo, da Justiça Federal para causas relativas a determinadas pessoas (ex.: União Federal).
É competência absoluta.
I.3) Competência em razão do valor da causa
CPC não traz regras para a competência pelovalor da causa
Juizados Especiais Cíveis Estaduais: 40 SM – competência relativa
Juizados Especiais Cíveis Federais: 60 SM – competência absoluta
II) Competência em razão do território
Foro = delimitação territorial onde a jurisdição se exerce -> comarca ou seção judiciária (JF)
Foro comum:
domicílio ou residência do réu (direitos pessoais e direitos reais sobre bens móveis)
consumidor pode optar por demandar em seu domicílio, e não no do réu.
Foro subsidiário ou supletivo:
quando o réu tem mais de um domicílio: qualquer um deles
quando for incerto ou desconhecido o domicílio do réu: onde for encontrado ou no do autor
quando réu não tiver domicílio no Brasil: foro do autor
vários réus: foro de qualquer um deles
Foros especiais (em razão das pessoas ou da matéria)
imóveis:
foro da situação da coisa, se discutido direito real imobiliário – ABSOLUTO. ATENÇÃO: existe ação real e ação pessoal sobre imóvel (despejo)
foro comum, se discutido direito pessoal (ex.: aluguel)
OBS.: Pela leitura do art. 95, em geral, a ação será proposta no foro da situação da coisa. Todavia, o autor pode optar pelo foro do domicílio ou de eleição (tríplice competência), desde que o litígio não recaia sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.
inventário:
regra: último domicílio do autor da herança
se falecido não possuía domicílio certo: o da situação dos bens
falecido sem domicílio e com bens em vários lugares: foro do óbito
ausentes: no seu último domicílio
incapaz: no domicílio do representante
mulher casada: seu domicílio, nas ações relativas ao seu casamento / separação / divórcio
alimentando: seu domicílio (ou de seu representante)
investigação de paternidade, se cumulada com alimentos: domicílio do alimentando
anulação de títulos extraviados ou destruídos: domicílio do devedor, ainda que seja o autor
pessoa jurídica: domicílio da sede ou da filial onde foi contraída a obrigação
ações versantes sobre direito obrigacional: onde a obrigação deva ser cumprida
ação de reparação de dano por ato ilícito: onde ocorreu o fato ou no domicílio do réu
indenização por acidente de veículos: escolha livre entre domicílio do autor, local do fato ou domicílio do réu
Competência territorial absoluta (Didier), semelhante ao regime do foro da situação da coisa
ações previstas na Lei do Idoso: foro do domicílio do idoso – ABSOLUTA
ações previstas no ECA: foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão – ABSOLUTA (não se fala mais em funcional)
ações previstas na LACP: foro do local do dano – ABSOLUTA (a lei fala em competência funcional):
dano nacional: juízo de qualquer capital ou do Distrito Federal
dano regional (mais de um Estado): juízo de qualquer das capitais dos Estados envolvidos
dano local (dentro de um Estado): juízo de quaisquer das cidades envolvidas
Foro de eleição: escolha da comarca, respeitada a competência absoluta, inderrogável.
ATENCAO: A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz (não apenas em matéria consumerista).
Súmula 206, STJ. A existência de vara privativa instituída poder lei estadual não altera a competência territorial resultante das leis de processo.
III) Competência funcional
É competência absoluta. Ocorre quando o legislador distribui as funções, que devem ser exercidas ao longo do processo, pelos diversos órgãos jurisdicionais. É estabelecida em virtude da função ou atividade de cada juiz no processo. Pode ser: a) Competência funcional vertical – distribuição de acordo com as instâncias (competência originária ou derivada (recursal), competência de 1º grau ou do juiz singular: vai do ajuizamento à sentença; competência de 2º grau: processamento e julgamento de recursos; competência de graus especiais: STF e STJ ou b) Competência funcional horizontal – distribuição na mesma instância (ex. argüição de incidente de inconstitucionalidade pela Turma ou Câmara).
OBS.: A competência derivada pode ser atribuída a juízes de 1º grau – ex. julgamento de embargos de declaração. 
OBS.: Competência funcional pela vinculação do juiz ao processo – princípio da identidade física do juiz: O CPC adotou o princípio da identidade física, com algumas condições: o juiz ter concluído a audiência de instrução e julgamento, ter havido colheita de prova oral e não estiver o juiz afastado ou impedido.
3.3 Competência originária e derivada
a) Originária: competência para conhecer e julgar a causa primeiramente.
b) Derivada: competência para julgar recurso (derivadamente).
Observações:
Não é correto dizer que a competência originária é dos juízes e que a competência derivada é dos Tribunais.
Como regra, a competência originária é exercida pelo juízo monocrático, mas também existe competência originária de Tribunais. Ex: ação rescisória; mandado de segurança.
De igual modo, existe também competência derivada de juízes de 1º grau. Ex: embargos de declaração contra sua própria sentença; embargos infringentes de alçada (art. 34, Lei de Execução Fiscal�).
3.4 Competência absoluta e relativa
	Absoluta
	Relativa
	É uma regra criada para atender interesse público.
	Criada para atender o interesse de alguma das partes.
	Não poderá ser alterada por vontade das partes.
	Pode ser alterada por vontade das partes.
	Não poderá ser alterada por conexão e continência.
	Pode ser alterada por conexão e continência.
	Todos os sujeitos processuais são legitimados para alegar (autor, réu, terceiros intervenientes, MP e o juiz de ofício).
	Como regra, o juiz não pode conhecer de ofício da incompetência relativa (súmula 33-STJ). Exceção: abusividade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão.
Só o réu pode alegar a incompetência relativa.
MP pode alegar se estiver agindo como réu (o que é muito raro). Na condição de fiscal da lei, em regra não pode porque a alegação é de interesse exclusivo das partes do processo (Daniel Amorim). STJ tem julgados nos dois sentidos.
	Pode ser alegado a qualquer tempo ou grau de jurisdição e mesmo depois de o processo encerrar, por meio de ação rescisória.
	Só pode ser alegada no primeiro momento em que lhe couber falar nos autos, sob pena de preclusão. Prazo: mesmo da resposta.
	A incompetência absoluta pode ser alegada por qualquer forma, inclusive oralmente.
	A alegação de incompetência relativa tem que ser feita por uma forma prescrita em lei denominada “exceção de incompetência relativa”. 
Trata-se de peça autônoma em relação à contestação. No entanto, o STJ é pacífico em admitir a exceção de incompetência alegada no bojo da contestação uma vez que não traria prejuízo ao autor.
	Tanto em um caso como outro, a incompetência não gera extinção do processo (defesas dilatórias). Reconhecida a incompetência os autos serão remetidos ao juízo competente. 
Exceções (casos em que a incompetência gera a extinção do processo): incompetência no juizados; incompetência internacional
	Na incompetência absoluta os atos decisórios serão anulados.
	Na incompetência relativa, o juiz remete os autos, mas não anula os atos decisórios.
INCOMPETENCIA ABSOLUTA – ANULA OS ATOS DECISORIOS
INCOMPETENCIA RELATIVA – NÃO ANULA OS DECISORIOS, SO REMETE
4. PERPETUATIO JURISDICTIONIS
De acordo com o princípio da perpetuatio jurisdictionis, determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia (Art.87 do CPC).
E qual é o momento de propositura da ação? R: Deve-se combinar esse art. 87 com o art. 263: Considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. A propositura da ação, todavia,só produz, quanto ao réu, os efeitos mencionados no art. 219 depois que for validamente citado.
Considera-se proposta a ação: a) onde houver uma só vara: quando a petição inicial for despachada pelo juiz. b) onde houver mais de uma vara: quando a petição inicial for distribuída.
Obs1: a despeito dessa sistematização legal do CPC, para o STJ, a propositura é simplesmente o dia em que a petição chegou ao Judiciário, ou seja, é o dia do carimbo de protocolização.
Identificado o juízo competente, é irrelevante o que acontecer depois. Como regra, não importam as modificações de fato ou de direito. Trata-se de uma regra de estabilização do processo.
Deve-se ressaltar, contudo, que somente existe a perpetuação do juízo competente. Se o juízo não for competente, não ocorre a perpetuação.
Há, no entanto, exceções à regra da perpetuação:
Supressão do órgão judiciário: se o órgão não mais existe, não pode exercer qualquer competência.
A criação de um novo juízo também é uma exceção à perpetuatio?
SIM. Athos Gusmão Carneiro e Ovídio Batista afirmam que a criação de um novo juízo tem por objetivo atender ao interesse público. Por essa razão, a doutrina afirma que, com a criação de um novo juízo, os processos devem ser imediatamente redistribuídos para o novo juízo.
Alteração da competência absoluta: em virtude de ser prevista em homenagem ao interesse público.
Quando o art. 87 fala em “matéria e hierarquia” deve-se entender que são apenas dois exemplos de competência absoluta. Logo, qualquer alteração em relação à competência absoluta é considerada exceção à regra da perpetuação e deve haver imediatamente a redistribuição. A alteração do domicílio do autor, no JEF, não tem o condão de ocasionar a remessa dos autos para o juízo do novo domicílio, em respeito a perpetuatio ( CC 80.210-SP, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 12/9/2007).
Reunião de processos pela conexão ou continência.
Exclusão de um sujeito que determina a competência.
Ex: ação em que são réus o Banco Itaú e o BACEN. Por causa do BACEN, a competência será da justiça federal. Ocorre que, se o juiz federal entender que o BACEN não é réu, o processo será remetido para a justiça estadual. Ex2: se a Fazenda Pública for excluída da lide, o processo será remetido para a vara cível.
Art. 475-P, parágrafo único
Art. 475-P. O cumprimento da sentença efetuar-se-á perante:
II - o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;
Parágrafo único. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exequente poderá optar pelo juízo do local onde se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo será solicitada ao juízo de origem.
5. MODIFICAÇÕES (CONEXÃO, CONTINÊNCIA, PREVENÇÃO)
Modificações de competência relativa
Como regra, a conexão e continência são causas de modificação da competência relativa.
Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes.
No processo coletivo, contudo, é possível que a conexão ou continência modifiquem uma competência absoluta. Ex: O art. 2º da LACP diz que é o juízo competente para a ACP é o do local do dano.
Imagine-se que um acidente ambiental causa danos em Manaus e em um município limítrofe. É proposta uma ACP em Manaus pelo órgão ambiental estadual e outra no município limítrofe pelo MP. Essas ações são conexas. Deve-se então determinar o juízo prevento. Diante desse juízo prevento, haverá reunião das duas ações, mesmo sendo caso de competência absoluta.
Novíssima Súmula 489 do STJ: Reconhecida a continência, devem ser reunidas na Justiça Federal as ações civis públicas propostas nesta e na Justiça estadual.
Relação de semelhança
Conexão e continência são espécies de relação de semelhança entre causas. Representam duas ações diferentes, mas que mantém um vínculo.
Efeito da conexão ou continência
O efeito da conexão e da continência é a reunião dos processos perante um juízo para o julgamento conjunto. O juízo que vai receber as demandas (juízo prevento) vai receber uma demanda para a qual ele não era inicialmente competente. Em todos os casos de reunião, os processos não perdem sua identidade própria, permanecendo com sua autonomia formal, servindo a junção apenas para a facilitação da instrução e do julgamento.
É possível que haja conexão, mas sem que haja a reunião de processos
Isso ocorre quando a reunião implicaria em modificação da competência absoluta. Ex: duas causas conexas: uma na vara cível e outra na vara criminal. Não poderá haver reunião.
Por isso também que não se pode reunir causas que estejam tramitando em instâncias diversas. Uma coisa é a conexão (fato); outra é o efeito (reunião de processos). Nesses casos, ao invés de reunir, um dos processos fica suspenso aguardando o julgamento do outro. Assim, o efeito principal da conexão é a reunião. Se não for possível, ocorrerá a suspensão de um dos processos para evitar o desperdício da atividade jurisdicional.
Súmula 235-STJ: A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado. Essa súmula deixa claro que a conexão é uma coisa e a reunião é outra.
Se forem da mesma competência, a reunião é obrigatória?
Sim. Antônio Cláudio da Costa Machado. Não, é facultativa e somente haverá reunião se existirem riscos de decisões contraditórias. Nesse sentido: Hélio Tornaghi e Alexandre Câmara.
Fundamentos da conexão
Economia processual
Harmonia dos julgados (evitar decisões contraditórias)
Alegação de conexão
A conexão pode ser conhecida ex officio pelo juiz.
Qualquer das partes pode alegar a conexão.
Se for o autor, a conexão é alegada na petição inicial quando já pede a distribuição por dependência.
Se for o réu, a conexão é alegada na contestação.
Outros aspectos
Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar.
Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel.
Art. 108. A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação principal.
Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente.
Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessariamente da verificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal.
Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida dentro de 30 (trinta) dias, contados da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a questão prejudicial.
10.9 Quando ocorre a CONEXÃO
Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando lhes for comum o objeto� ou a causa de pedir.
Pedidos iguais E/OU Causas de pedir iguais. Devem ser iguais a causa de pedir próxima e remota.
O STJ possui entendimento consolidado no sentido de que a identidade de causa de pedir ou pedido exigida pelo art. 103 do CPC não precisa ser total, mas apenas suficiente para recomendar o julgamento conjunto das ações. Ex: ação de execução fiscal e ação anulatória de débito fiscal.
Quando ocorre a CONTINÊNCIA
Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.
Partes iguais + causa de pedir igual + o pedido de uma abrangendo o da outra. Ex: ação “A” para anular uma cláusula; ação “B” para anular o contrato inteiro.
Essa continência pode ser tanto quanto ao pedido mediato quanto ao pedido imediato.
Toda continência é também uma conexão. Isso porque em toda continência a causa de pedir é igual e isso já é conexão. A continência,assim, é inútil.
Não se deve confundir continência com litispendência parcial:
Continência: reunião das demandas
Litispendência parcial: diminuição objetiva da demanda.
A litispendência parcial ocorre quando há repetição do pedido com a cumulação de pedidos novos.
Ex: na demanda 1, pede-se dano moral; na demanda 2, pede-se dano moral e material; 
Na continência deve-se fazer dois pedidos diferentes. Pedidos iguais não podem ser contidos um no outro.
Assim, se em uma demanda há três pedidos e na outra há dois pedidos, não há continência porque a primeira “conteria” a segunda. Se os pedidos formulados na segunda demanda também foram formulados na primeira, o caso é de litispendência parcial.
Em qual juízo as causas haverão de ser reunidas?
R: Deverão ser reunidas no juízo prevento. Prevenção é o critério para escolher um dos juízes onde as causas deverão ser reunidas.
Atenção: apesar da redação do edital do concurso, prevenção não é hipótese de modificação da competência. A prevenção apenas identifica em qual dos juízos as causas haverão de ser reunidas, ou seja, em que juízo se operou a modificação.
O CPC prevê dois critérios de prevenção, que se excluem:
1º critério: causas conexas na mesma comarca → primeiro despacho
2º critério: causas conexas em diferentes comarcas → primeira citação válida
Ações coletivas
Correndo perante juízos distintos várias ações coletivas, ainda que com partes formais distintas, as ações serão litispendentes. Só que nesse caso a litispendência não implicará extinção das ações coletivas, mas sim unificação para julgamento conjunto. As ações serão unificadas no juízo prevento. Qual é ele?
Art. 2º, § 2º, LACP: para quem a ação foi distribuída em primeiro lugar (posição do STJ). Onde a ação foi proposta antes (onde recebeu o carimbo antes)
6. CONFLITOS POSITIVOS E NEGATIVOS
Ocorre quando dois ou mais juízes ou tribunais se declaram, simultaneamente, competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para a mesma ação ou processo, ou divergem acerca da reunião ou separação de processos.
Há uma expressão do direito alemão que significa a competência da competência, ou seja, todo o juiz mesmo que incompetente é competente para reconhecer a sua incompetência = KOMPETENZ KOMPETENZ.
É um incidente processual.
Se um juiz declinar e o outro aceitar, não há conflito.
Quem pode suscitar: partes e MP por petição e juiz, por ofício.
Não pode suscitar: a parte que já interpôs exceção de incompetência relativa (visto que, nesse caso, o assunto se resolve pela decisão de incompetência ou pela interposição de recurso).
Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por um dos juízes conflitantes (STJ, 59).
Não há conflito de competência entre o Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada do mesmo Estado-membro (STJ, 22). Não há mais Tribunais de Alçada (EC 45/2004). Mas a ideia da súmula é a de que não há conflito quando há hierarquia entre os Juízos.
A quem suscitar: ao presidente do tribunal hierarquicamente superior, exceto nos casos constitucionalmente previstos (ex.: STJ)
Procedimento:
suscitação do conflito por petição ou ofício, já instruído com os documentos necessários;
distribuição para o relator;
ouve os juízes, ou apenas o suscitado, se um deles for o suscitante;
se for conflito negativo, em regra não suspende o processo;
se for positivo, em regra relator suspende, mas designa um dos juízes para atos urgentes;
se houver jurisprudência dominante sobre o assunto, relator decide monocraticamente;
MP fala em 5 dias;
decisão pelo Tribunal.
Competência
Entre tribunais de segunda instância (TJ, TRF, TRT): STJ
Entre tribunais superiores ou eles e o STF: STF
Entre juízes de um mesmo tribunal: o próprio tribunal (TJ, TRF, TRT)
Entre juízes de tribunais diversos ou entre juiz e tribunal diverso: STJ
Entre órgãos da jurisdição trabalhista é a própria JT
Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal (Súmula 03 do STJ). 
Outras hipóteses interessantes:
Juiz do trabalho X juiz estadual: quem julga é o STJ.
Juiz federal do AM X juiz estadual do AM: quem julga é o STJ.
TST X juiz estadual da Bahia: STF.
Juiz federal X juiz de juizado especial federal da mesma seção judiciária: TRF (já não prevalece a Súmula 348 do STJ, em razão de entendimento firmado pelo STF no RE 590.409-1). Em recente julgado, o STJ afirmou que compete ao TRF o julgamento desses conflitos (CC 102.907/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2012, DJe 23/03/2012).
Juiz de direito X Juiz do juizado especial criminal: o entendimento era de que a competência seria do STJ, no entanto, isso deve ser alterado pelo entendimento do STF esposado no RE 590409/RJ, de 26.8.2009, declarando-se o TJ como competente para julgar esse conflito.
7. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
Competência: STJ. Antes da EC/45, era do STF.
Competência para a execução após homologação: Justiça Federal.
Regulamentação: Resolução 09/STJ, LICC, CPC, CF e Lei 9.307/1996.
O processo de homologação: natureza tipicamente jurisdicional. Não se inclui no domínio da chamada jurisdição voluntária. Decisão que acolhe o pedido de homologação de sentença estrangeira, seja qual for a natureza desta, é constitutiva.
Finalidade: reconhecimento da eficácia jurídica da sentença estrangeira perante a ordem brasileira.
São homologáveis tanto sentenças em jurisdição contenciosa quanto voluntária (ex.: homologação de sentença de divórcio consensual).
Se um procedimento aqui no Brasil deve ser judicial (ex.: divórcio consensual), mas no exterior é administrativo, ainda assim precisará ser homologado.
Protocolo de Las Leñas: a regra é a homologação por requerimento da parte interessada, diretamente no STJ. Porém, o Protocolo de Las Leñas permite a homologação por meio do envio da carta rogatória ao STJ, sem necessidade do interessado entrar com requerimento aqui, bastando apenas que requeira isso junto ao juiz prolator da sentença, que será enviada por rogatória via diplomática.
A petição inicial deve conter as indicações constantes da lei processual, e ser instruída com a certidão ou cópia autêntica do texto integral da sentença estrangeira e com outros documentos indispensáveis, devidamente traduzidos e autenticados.
O STJ verifica apenas: se foi proferida por autoridade competente; se as partes foram citadas ou foi legalmente verificada a revelia; ter transitado em julgado; estar a sentença autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil; se não ofende a soberania e a ordem pública. DELIBAÇÃO!!!
o controle é meramente formal; perscruta-se o conteúdo da decisão alienígena apenas para verificar se há ofensa à soberania e à ordem pública. Assim, adota-se o sistema da contenciosidade limitada ou da delibação.
Segundo Barbosa Moreira, têm-se equiparado às decisões judiciais estrangeiras, para fins de homologação, as proferidas por órgãos estranhos ao Poder Judiciário, mas no exercício de função judicante.
Em regra, homologável será a sentença de mérito (inclusive de improcedência), mesmo em ação cautelar. Porém, para Barbosa Moreira, não se exclui de modo absoluto a homologabilidade de decisão estranha ao mérito (ex. sanção pecuniária por ilícito processual, custas e honorários advocatícios, que são matérias estranhas ao mérito).
É admissível a homologação parcial, restrita a um ou mais capítulos da sentença.
Homologação de sentença penal estrangeira:
obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis.
sujeitá-lo à medida de segurança.
não há necessidade de homologação para fins de reincidência ou detração.
Questão polêmica: sentenças meramente declaratórias do estado das pessoas:
A LICC prevê (art. 15, § un.)que não dependem de homologação para produzirem efeitos no Brasil.
Barbosa Moreira reputa a norma não recepcionada desde a CF/46, por subtrair competência constitucional do STF.
Há precedentes no STJ no sentido de que não há necessidade de homologação ( REsp 535646/RJ, T3, DJ 03.04.2006 p. 330 e REsp 20609/GO, DJ 22.03.1993 p. 4546.)
As decisões judiciais que incidem diretamente sobre a lei (sobre o direito objetivo) do ordenamento em que são emitidas, por exemplo declarando inconstitucional determinada norma (controle concentrado), não necessitam de homologação (Barbosa Moreira)
como documento, utilizável para fins probatórios, não há necessidade de homologação de sentença estrangeira (ex.: provar o próprio fato da prolação de uma sentença, em processo instaurado perante a Justiça brasileira, se esse evento foi previsto como condição suspensiva ou resolutiva em certo ato jurídico – Barbosa Moreira).
Não se pode homologar sentença estrangeira envolvendo questão decidida pela justiça brasileira. Nada importa a circunstância de essa decisão brasileira não haver feito coisa julgada. (STJ – SEC 200500313163 – (819) – EX – C.Esp. – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – DJU 14.08.2006 – p. 247)
É defeso discutir-se, em processo de homologação, relação de direito material subseqüente à sentença estrangeira. Em se tratando de homologação de sentença estrangeira, a contestação não pode ultrapassar os limites do art. 9º da Resolução nº 9, do STJ. (STJ – SEC 200500756505 – (622) – EX – C.Esp. – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – DJU 01.08.2006 – p. 322) Vide inteiro teor da Resolução no apêndice ao final deste compêndio.
LICC, art. 7º, § 6º. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de três anos da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. 
A execução, após a homologação, pode ser embargada, invocando qualquer dos fundamentos que teria para embargar execução de sentença brasileira. Obs.: a argüição, em embargos, da falta ou nulidade de citação só tem relevância quanto à citação para o processo de homologação, não para o processo realizado no outro país, onde se proferiu a decisão homologada: essa é matéria que já se terá examinado como requisito de homologabilidade, e está preclusa.
2.2 Competência da Justiça Federal. 
1. GENERALIDADES
A competência da Justiça Federal é constitucional (porque prevista exclusivamente na CF) e taxativa (porque não comporta ampliação por norma infraconstitucional). Pelo fato de estar prevista na CF, a competência da JF será sempre absoluta. Previsão: artigos 108 e 109 da CF.
Art. 109: competência dos juízes federais (competência de 1ª instância):
Competência em razão da pessoa: incisos I, II e VIII.
Competência em razão da matéria: incisos III, V-A, X, XI.
Competência funcional: inciso X.
Art. 108: competência do TRF (trata-se de competência funcional):
Competência originária: inciso I (b, c e e)
Competência derivada: inciso II
2. JUÍZES DE DIREITO INVESTIDOS DE JURISDIÇÃO FEDERAL
Em determinados casos, juízes estaduais podem julgar causas federais.
Se o juiz estadual está investido de jurisdição federal e julga uma demanda de competência da JF, o recurso vai para o TRF. Se não havia e foi criada vara federal na cidade, a causa é imediatamente remetida à recém criada vara federal.
Pressupostos para que uma causa federal possa ser julgada pelo juiz estadual:
Na comarca não pode haver sede da justiça federal.
Autorização legislativa expressa.
Art. 109 (...)
§ 3º Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual.
A própria CF já deu uma autorização expressa: nas causas envolvendo instituição de previdência social (INSS) e o segurado ou beneficiário. Estas demandas tramitarão na justiça estadual, desde que no domicílio do segurado ou beneficiário não exista justiça federal.� O segurado pode ser autor ou réu.
A CF permitiu que o legislador autorizasse outras hipóteses. Exemplos de autorização:
Execução fiscal federal;
Vistoria e justificação envolvendo ente federal;
Usucapião especial (tanto a rural quanto a urbana). 
Súmula 11-STJ: A presença da União ou de qualquer de seus entes, na ação de usucapião especial, não afasta a competência do foro da situação do imóvel. Obs: só há delegação no caso de usucapião especial.
Cartas precatórias federais podem ser cumpridas na justiça estadual.
Atenção: não se aplica a regra da competência delegada para julgamento de ação civil pública, ou seja, a Justiça Estadual não pode julgar.
3. DEMANDAS PREVIDENCIÁRIAS
A própria CF já deu uma autorização expressa: nas causas envolvendo instituição de previdência e segurado ou beneficiário. Estas tramitarão na justiça estadual, desde que no domicílio do segurado ou beneficiário não exista justiça federal. Obs: as causas envolvendo os benefícios assistenciais (LOAS) estão incluídas nesse parágrafo. Entende o STJ que a prorrogação da competência também é válida para benefícios assistenciais, “atribuindo força extensiva ao termo ‘beneficiários’, de modo a abranger não só segurados, mas aqueles beneficiários da assistência social” (CC 37.233-SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 8/10/2003).
Deve-se tomar cuidado, contudo, com a súmula 216, do extinto TFR, e que ainda está sendo aplicada pelo STJ: Compete à justiça federal processar e julgar mandado de segurança impetrado contra autoridade previdenciária, ainda que localizada em Comarca do interior. Assim, quando a ação previdenciária for um MS, ela não pode ser julgada na justiça estadual, devendo ser julgada na justiça federal, ainda que não tenha uma vara federal no domicílio do impetrante.
Existe uma competência concorrente no caso de existir vara federal no domicílio do segurado e na capital do Estado:
Súmula 689-STF: O segurado pode ajuizar ação contra a instituição previdenciária perante o juízo federal do seu domicílio ou nas varas federais da capital do estado-membro.
Assim, segundo o STF, o juízo federal da capital é sempre competente para julgar demandas previdenciárias.
4. COMPETÊNCIA DOS JUÍZES FEDERAIS
COMPETÊNCIA DOS JUÍZES FEDERAIS EM RAZÃO DA PESSOA (incisos I, II e VIII)
INCISO I
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;
Generalidades
Causas intentadas contra a União:
Art. 109 (...) § 2º - As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja situada a coisa, ou ainda, no Distrito Federal.
Entidade autárquica: é um gênero, que engloba as autarquias, as fundações federais, as agências reguladoras, os conselhos de fiscalização profissional (OAB, Medicina, Enfermagem, Odontologia etc.).
Conselho de Fiscalização Profissional: “(...) Os Conselhos de Fiscalização do Exercício Profissional conservam a personalidade jurídica de Autarquia Federal, sendo-lhes possível valerem-se da Lei nº 6.830/80 para a cobrança dos seus créditos. 2. Competência da Justiça Federal para julgar as causas em que figurem como parte os referidos Conselhos.(...)” (TRF 5ª R. – REOAC 2000.05.00.034284-3 – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Geraldo Apoliano – DJU 31.07.2006 – p. 554)
Se a agência reguladora estiver noprocesso na qualidade de amicus curiae, que não é parte, a competência não será, por isso, da Justiça Federal.
Sociedade de economia mista federal: não se trata de competência da justiça federal.
Súmula 508-STF: Compete a justiça estadual, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Brasil, S.A..
Súmula 556-STF: É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista.
Mas atenção para a Súmula 517-STF: As sociedades de economia mista só tem foro na justiça federal, quando a união intervém como assistente ou opoente.
Assim, não há dúvidas de que os casos envolvendo sociedade de economia mista são de competência da justiça comum estadual. Ocorre que há uma exceção no caso dos processos envolvendo a Rede Ferroviária Federal (RFFSA) uma vez que se tratava de sociedade de economia mista federal que foi liquidada e tem a União como sucessora. Nessas hipóteses, aplica-se recente entendimento do STJ:
Súmula 365-STJ: A intervenção da União como sucessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) desloca a competência para a Justiça Federal ainda que a sentença tenha sido proferida por Juízo estadual.
Súmula 270-STJ: O protesto pela preferência de crédito, apresentado por ente federal em execução que tramita na Justiça Estadual, não desloca a competência para a Justiça Federal.
Súmula 368-STJ: Compete à Justiça comum estadual processar e julgar os pedidos de retificação de dados cadastrais da Justiça Eleitoral.
A simples presença do MPF faz com que a causa seja da justiça federal?
1ª corrente: Não. Nada impede que o MPF ingresse com ação na justiça estadual.
2ª corrente: SIM. O STJ (exs: Luiz Fux e Zavascki) afirmam que o MPF não tem personalidade jurídica e, assim, entendem que se trata de órgão da União. Logo, a competência é da JF.
INTERVENÇÃO ANÔMALA (retirado do material do MPF)
Como “intervenção anômala” a doutrina designa a modalidade de intervenção de terceiros por meio da qual a União (ou outra pessoa jurídica de direito público), independentemente da demonstração de interesse jurídico (bastando o interesse econômico, ainda que indireto), intervém em processo no qual figura como autora ou ré autarquia, fundação pública, sociedade de economia mista ou empresa pública federal.
Essa modalidade de intervenção de terceiros permite ao interveniente esclarecer questões de fato e de direito, juntar documentos, apresentar memoriais e recorrer.
Segundo o STJ, contudo, a competência será “deslocada” para a Justiça Federal apenas em duas hipóteses: (a) se a União demonstrar interesse jurídico na intervenção; ou (b) se recorrer (4ª Turma, REsp 1.097.759, rel. in. Luis Felipe Salomão, j. 21.05.09, v.u.; 1ª Turma, REsp 574.697, rel. Min. Francisco Falcão, j. 13.12.05, v.u.).
Previsão no artigo 5 da Lei 9.469/1997.
Atenção: Daniel Amorim argumenta que o STJ firmou entendimento de que essa forma de intervenção da União leva o processo para a Justiça Federal já em primeira instância.
Algumas súmulas sobre o tema:
Súmula 349-STJ: Compete à Justiça Federal ou aos juízes com competência delegada o julgamento das execuções fiscais de contribuições devidas pelo empregador ao FGTS.
Súmula vinculante 27: Compete à Justiça Estadual julgar causas entre consumidor e concessionária de serviço público de telefonia, quando a Anatel não seja litisconsorte passiva necessária, assistente nem opoente.
Súmula 66-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conselho de fiscalização profissional.
Súmula 32-STJ: Compete à Justiça Federal processar justificações judiciais destinadas a instruir pedidos perante entidades que nela tem exclusividade de foro, ressalvada a aplicação do art. 15, II da Lei 5010/66.
Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS.
Súmula 161-STJ: É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS / PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.
Súmula 150-STJ: Compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas autarquias ou empresas publicas.
Súmula 224-STJ: Excluído do feito o ente federal, cuja presença levara o Juiz Estadual a declinar da competência, deve o Juiz Federal restituir os autos e não suscitar conflito.
Súmula 254-STJ: A decisão do Juízo Federal que exclui da relação processual ente federal não pode ser reexaminada no Juízo Estadual.
Causas que são excluídas da Justiça Federal mesmo envolvendo entes federais:
a) FALÊNCIA
Abrange a falência, a recuperação judicial e a insolvência civil.
Assim, qualquer situação em que há concurso de credores não deve ser de competência da justiça federal.
Súmula 244 – extinto TFR: A intervenção da União, suas autarquias e empresas públicas em concurso de credores ou de preferência não desloca a competência para a justiça federal.
b) ACIDENTES DE TRABALHO
Assim, o benefício acidentário previdenciário pode decorrer:
a) de um acidente de trabalho; 
b) de acidentes de outra natureza.
Se a ação for para pedir o benefício previdenciário acidentário trabalhista: justiça estadual.
Se for para pedir benefício previdenciário acidentário de outra natureza: justiça federal.
Ação de indenização por danos materiais e morais proposta pelos familiares do falecido em acidente de trabalho no qual o empregado prestava serviços à União: competência da justiça federal. Precedentes citados do STF: CC 7.204-MG, DJ 9/12/2005; do STJ: CC 58.982-SP, DJ 25/6/2007; CC 57.884-SP, DJ 9/4/2007; CC 54.210-RO, DJ 12/12/2005, e CC 40.618-MS, DJ 5/12/2003. CC 87.077-MT, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, julgado em 24/10/2007.
c) JUSTIÇA ELEITORAL
d) JUSTIÇA DO TRABALHO
Súmula 137-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar ação de servidor público municipal, pleiteando direitos relativos ao vínculo estatutário. Interdito proibitório relacionado com greve: competência da Justiça do Trabalho
Súmula vinculante n.° 23: A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar as ações possessórias ajuizadas em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada.
Súmula 363-STJ: Compete à Justiça estadual processar e julgar a ação de cobrança ajuizada por profissional liberal contra cliente.
O STJ entendeu que o pagamento pela prestação de serviços por pessoas físicas não se confunde com verbas trabalhistas. Logo, não teria nada a ver com Justiça do Trabalho.
De acordo como o STF, a competência para julgar ação de indenização por acidente de trabalho é da Justiça do Trabalho, seja no caso de ter sido proposta pelo empregado, seja no caso de ter sido ajuizada pelos seus sucessores (RE 509352 AgR/SP (DJE de 1º.8.2008); RE 509353 ED/SP (DJU de 17.8.2007); RE 482797 ED/SP (DJE de 27.6.2008); RE 541755 ED/SP (DJE de 7.3.2008); CC 7204/MG (DJU de 9.12.2005). CC 7545/SC, rel. Min. Eros Grau, 3.6.2009. (CC-7545)
INCISO II
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País;
Estado estrangeiro (ou organismo internacional) X Município
Estado estrangeiro (ou organismo internacional) X pessoa domiciliada ou residente no País
Não interessa os polos em que estejam esses sujeitos, desde que um contra o outro.
Não interessa a nacionalidade da pessoa.
A doutrina entende que também está incluída a pessoa jurídica.
Exemplos de organismos internacionais: FMI, ONU etc.
O recurso nessas causas vai para o STJ e não para o TRF (da sentença, cabe ROC para o STJ e da decisão interlocutória, cabe agravo para o STJ nos termos do art.539 da CPC).
Se ao invés de Município a ação for contra o Estado-membro: quem julga é o STF originariamente.
Se ao invés de Município a ação for contra a União: quem julga é o STF originariamente.Essa previsão do art. 109, II, não viola o princípio da imunidade de jurisdição.
Pelo princípio da imunidade de jurisdição um Estado não se submete à jurisdição de outro.
Ocorre que esse princípio tem uma exceção: ele não se aplica nos casos em que o Estado atua como particular (atos de gestão). Ex: EUA aluga um apartamento para o Embaixador morar. Isso porque em tais situações não se discute a soberania do Estado.
Nos casos em que o Estado estrangeiro atua com soberania (atos de império), será indispensável a renúncia à imunidade de jurisdição para que haja o processo, conforme já decidiu o STJ (RO 13-PE, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 19/6/2007).
INCISO VIII
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
O MS contra ato de autoridade de pessoa jurídica de direito privado somente será da competência da JF se o ato restou praticado no exercício de função delegada, ou seja, não se aplica à prática de atos de gestão.
Súmula 60 – extinto TFR: Compete à Justiça Federal decidir da admissibilidade de mandado de segurança impetrado contra atos de dirigentes de pessoas jurídicas privadas, ao argumento de estarem agindo por delegação do poder público federal.
Súmula 15 – extinto TFR: Compete à Justiça Federal julgar mandado de segurança contra ato que diga respeito ao ensino superior praticado por dirigente de estabelecimento de ensino superior.
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA (incisos III, V-A, X, XI)
INCISO III
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
Para ser competência da JF com base nesse inciso é preciso que a causa se funde exclusivamente em tratado. É preciso que a regulamentação seja exclusiva em tratado. As situações são poucas.
Súmula 21 – extinto TFR: Após a EC n.º 7, de 1977, a competência para o processo e julgamento das ações de indenização por danos decorridos em mercadorias, no transporte aéreo, é da Justiça comum estadual, ainda quando se discuta a aplicação Convenção de Varsóvia relativamente ao limite da responsabilidade do transportador.
INCISO V-A
V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo;
Trata-se de IDC: Incidente de Deslocamento de Competência.
- Isso viola o juiz natural? R: Não. Trata-se de regra prévia de modificação de competência.
- A EC 45/04 introduziu o inciso V-A ao art. 109 da CRFB estabelecendo ser competência do Juiz Federal o julgamento de “causas relativas a direitos humanos a que se refere o par. 5o”. O parágrafo 5o, por sua vez, reza “Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal”. Segundo o STJ, o incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal fundamenta-se, essencialmente, em três pressupostos: a existência de grave violação a direitos humanos; o risco de responsabilização internacional decorrente do descumprimento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais; e a incapacidade das instâncias e autoridades locais em oferecer respostas efetivas.
INCISO X
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
Ações relacionadas à nacionalidade e à naturalização. São ações de jurisdição voluntária que são de competência da justiça federal. Não abarca questões de simples retificação de registro público.
INCISO XI
XI - a disputa sobre direitos indígenas.
Abrange tanto ações cíveis como criminais.
É preciso que envolva os indígenas coletivamente considerados.
Atenção para que a competência não é quanto à pessoa, mas sim no que concerne à matéria. 
O norte para definir a competência é o art. 231, CF.
Direitos da coletividade da “comunidade” indígena.
São demandas que irão tratar da cultura, língua, tradições indígenas, terra etc.
O direito individual que não corresponde ao direito da coletividade indígena não gera competência da justiça federal.
Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como autor ou vitima.
COMPETÊNCIA FUNCIONAL (inciso X)
INCISO X
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
Executar sentença estrangeira homologada pelo STJ e cumprir carta rogatória: é sempre da competência do juiz federal, não importando a matéria.
13.6 COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
Competência originária
Inciso I, b, c e e:
Art. 108 - Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região;
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
(...)
e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal;
O conflito de competência entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal não foi previsto expressamente na CF, mas foi conferida por meio de interpretação do STJ (Súmula 3: Compete ao Tribunal Regional Federal dirimir conflito de competência verificado, na respectiva região, entre juiz federal e juiz estadual investido de jurisdição federal).
De quem é a competência para julgar a rescisória do julgado proferido pelo juiz estadual investido de jurisdição federal? R: A despeito do silêncio da CF, deve-se interpretar que também é competência do TRF.
Competência derivada
Inciso II:
Art. 108 - Compete aos Tribunais Regionais Federais:
(...)
II - julgar, em grau de recurso, as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
Súmula 55-STJ: Tribunal Regional Federal não é competente para julgar recurso de decisão proferida por juiz estadual não investido de jurisdição federal.
Súmula 518-STF: A intervenção da União, em feito já julgado pela segunda instância e pendente de embargos, não desloca o processo para o Tribunal Federal de Recursos.
2.3 Ação: classificação das ações e critérios identificadores. 
Defesa: natureza, conceito, espécies; sua inserção entre as bases fundamentais do Direito Processual. 
1. CONCEITO DE AÇÃO
O conceito de ação variou ao longo da história:
Teoria imanentista: só há ação se houver o direito material postulado (defendida por Beviláqua).
Teoria da ação como direito autônomo e concreto: a ação é autônoma, mas só existe quando a sentença for favorável, ou seja, a ação consiste no direito à sentença favorável. (Adolf Wach, Chiovenda )
Teoria da ação como direito autônomo e abstrato: a ação é o direito público subjetivo a um pronunciamento judicial, seja favorável ou desfavorável (Plósz, Carnelutti)
Teoria eclética da ação (adotada pelo CPC): a abstração da ação não é absoluta, pois o direito de ação é balizado pela necessidade de preenchimento das condições da ação, categoria estranha ao mérito (Liebman)
As correntes abstrativista e concretista surgiram a partir da polêmica entre Windscheid e Muther: Windscheid asseverou que da ação nascem dois direitos de natureza pública: o direito do ofendido à tutela jurídica do Estado e o direito do Estado à eliminação da lesão. Dessas novas idéias, tentou-se demonstrar a autonomia do direito deação.
Natureza: direito público subjetivo.
2. ELEMENTOS DA AÇÃO OU DA DEMANDA
Dinarmarco chama de “elementos da demanda”. Por meio dos elementos da ação é possível identificar a ação para poder compará-la com outras ações. Pode-se concluir que as ações comparadas são:
Diferentes: se não tiverem nenhum elemento em comum.
Parecidas: algum ou alguns elementos iguais.
Iguais: todos os elementos são iguais.
Causa de pedir: relaciona-se com o fato.
Pedido: relaciona-se com o objeto.
Partes: relaciona-se com os sujeitos.
2.1 Causa de pedir
Existem duas teorias que buscam explicar a causa de pedir:
a) Teoria da individuação:
Para essa teoria, a causa de pedir é composta pela relação jurídica controvertida.
A causa de pedir é composta pelo fundamento jurídico do pedido.
A causa jurídica se completa apenas com a afirmação dos fundamentos jurídicos.
Somente possui interesse histórico; não é mais defendida por qualquer doutrinador.
b) Teoria da substanciação (ou substancialização):
A causa de pedir é composta pelos fatos jurídicos. No Brasil, por expressa previsão legal, a causa de pedir é composta dos fatos e fundamentos jurídicos (Art. 282, III, do CPC).
Ainda assim a doutrina majoritária afirma que nós adotamos a teoria da substanciação.
Causa de pedir se subdivide em (classificação majoritária): 
Remota: fundamentos de fato
Próxima: fundamentos jurídicos
Obs: Nelson Nery Jr. e Dinamarco invertem e chamam de remota os fundamentos jurídicos e de próxima os fundamentos de fato. 
2.2 Partes (vide maiores detalhes no ponto 03)
Restritiva (Chiovenda): parte é quem pede e contra quem se pede a tutela jurisdicional.
Ampliativa (Liebman): partes são todos os sujeitos que participam do processo exercendo ônus, faculdades, direitos, deveres e se colocando em estado de sujeição. Assim, partes são todos aqueles que se submetem a situações/posições jurídicas.
2.3 Pedido (vide maiores detalhes no ponto 04)
Imediato: é a exigência formulada contra o juiz, visando a obtenção da tutela jurisdicional – natureza processual;
Mediato: é a exigência formulada contra o réu para que este se submeta à pretensão de direito material que o autor diz não ter sido respeitada; alguns autores entendem que o pedido material se refere ao bem da vida pleiteado – natureza material.
3. CONCURSO E CUMULAÇÃO DE AÇÕES
Concurso: mais de uma ação possível para a mesma causa de pedir fática. Após o autor escolher uma delas, não poderá utilizar a outra – mas, há casos em que pode fazer pedidos sucessivos. Tipos:
Concurso impróprio: há mais de uma pretensão concorrente, nascida a partir de um mesmo fato gerador. Ex.: sujeito compra um produto, que vem com defeito oculto. Ele pode entrar com uma ação para enjeitar a coisa (ação redibitória) ou para diminuir o preço (quanti minoris).
Concurso próprio: há mais de uma pretensão concorrente, nascida a partir de um mesmo fato gerador. Ex.: passageiro que sofre lesões no transporte ferroviário: tem direito à indenização por força da culpa aquiliana do preposto ou da responsabilidade objetiva da empresa ferroviária.
Cumulação:
a) objetiva: soma de pedidos ou causas de pedir
quando há conexão;
não havendo conexão:
pedidos endereçados contra o mesmo réu; e
pedidos compatíveis entre si; e
mesma competência do juízo para todos os pedidos; e
adequação de todos os pedidos ao mesmo procedimento ou, se diferentes os procedimentos, utilização do ordinário, em sendo possível a fungibilidade procedimental.
Cumulação objetiva contrastante: reconvenção.
Cumulação de ação de procedimento comum com uma de especial: não é possível.
b) subjetiva: pluralidade de partes no pólo ativo ou passivo da lide.
4. CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES
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Classificação:
Ternária: conhecimento, executiva e cautelar
Quaternária: conhecimento, executiva, cautelar e mandamental
Quinária: conhecimento, executiva, cautelar, mandamental, executiva lato sensu. Pontes de Miranda adota tal classificação, dando ênfase ao peso preponderante de eficácia da ação.
Ações declaratórias: são as ações em que o interesse do autor se limita à obtenção de uma declaração judicial sobre a existência ou inexistência de determinada relação jurídica ou a respeito da autenticidade ou falsidade de um documento (crise de certeza). Via de regra, não necessitam de execução posterior. Mas a Lei nº 11.232/2005 trouxe a possibilidade de execução de ação declaratória (art. 475-N, I).
Súmula 181 do STJ : É admissível ação declaratória visando a obter certeza quanto à exata interpretação de clausula contratual;
Súmula 242 do STJ : Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários
Súmula 258 do STF : É admissível reconvenção em ação declaratória.
Ações constitutivas: visam a constituir, modificar ou desconstituir determinada relação jurídica (crise de situação jurídica). Também não necessitam de execução posterior, sendo que Dinamarco denominou as simples providências tomadas para dar efetividade a essas sentenças como “execução imprópria”.
Ações condenatórias: buscam uma condenação do réu ao cumprimento de obrigação (crise de adimplemento). Autorizam execução posterior, que, com a Lei 11.232/2005, passou a ser uma fase de um mesmo processo sincrético, não mais um processo autônomo. Há autores que incluem nessa classificação ação executiva lato sensu e a ação mandamental.
Ações executivas lato sensu: são as ações que servem para certificar e executar no mesmo processo, efetiva-se por coerção direta (o Estado faz).
Ações mandamentais: são as ações sincréticas que se efetivam por coerção indireta, ou seja, forçando o psicológico do indivíduo para que ele cumpra (o Estado manda fazer).
5. CONDIÇÕES DA AÇÃO
Foram idealizadas por Liebman. Inicialmente eram três. Depois Liebman reduziu para duas, mas o CPC brasileiro manteve as três.
Momento de verificação das condições da ação - teorias:
Teoria da asserção ou da prospectação: a análise é feita à luz das afirmações do demandante contidas em sua inicial (in statu assertionis), e, se as provas infirmarem aquelas afirmações, a decisão será de mérito. Existem decisões do STJ que adotam essa teoria.
Quem defende: Bedaque, Ada Pelegrini, Kazuo Watanabe, Barbosa Moreira. Em sentido contrário à teoria da asserção: Dinamarco, para quem a presença das “condições da ação” deve ser demonstrada, cabendo, inclusive, produzir provas para convencer o juiz de que as mesmas estão presentes.
Teoria da representação: a análise pode ser feita na fase decisória, diante da prova produzida, e, constatada a inexistência, a decisão será de carência de ação.
5.1 Possibilidade jurídica do pedido
O pedido do autor deverá ser analisado em abstrato, o que significa dizer que se o autor merece ganhar ou não, ter direito ou não, não interessa. 
Deve-se pegar o pedido do autor e confrontar com o ordenamento jurídico. Dessa análise, surgem três possibilidades: há no ordenamento jurídico uma expressa previsão do que ele pediu; há uma omissão no ordenamento jurídico quanto ao pedido; há uma proibição expressa.
Diante de previsão expressa ou omissão do ordenamento jurídico, o pedido é juridicamente possível.
Impossibilidade jurídica é só quando há uma proibição expressa. Aí se tem carência de ação.
Criação de Liebman, que depois a abandonou. A possibilidade jurídica do pedido tornou-se então uma invenção nacional (Calmon de Passos). Atualmente, quase toda a doutrina afirma que a possibilidade jurídica do pedido é mérito. Apenas Cândido Rangel Dinamarco defende o modelo de Liebman de maneira integral.
5.2 Interesse de agir
Humberto Theodoro Jr.:
O interesse de agir é composto por três elementos:
Necessidade: quando a intervenção do Poder Judiciário for indispensável para a obtenção do bem da vida pretendido. 
Utilidade: a tutela pretendida deve ser apta a gerar uma efetiva melhora na situação fática do autor.
Adequação: o pedido doautor deve ser apto a resolver o conflito de interesses descrito pelo autor. 
O interesse-adequação consiste em o autor ter se valido da via processual adequada.
Não sendo atendida a condição ocorreria “falta de interesse de agir por inadequação da via eleita”.
Obs: é freqüente a lição que diz que não há interesse no processo de conhecimento quando o autor já tem um título executivo extrajudicial. Nesse caso, já deveria ser proposta a execução diretamente.
Ocorre que existe o art. 475-N, V:
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:
V - o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;
Se a parte já tiver em seu poder um título executivo extrajudicial, haverá mesmo assim interesse de agir em pedir a homologação pelo juiz daquele título?
Sim. Aqui se está diante de jurisdição voluntária (os dois devem querer transformar em título executivo judicial e somente o Poder Judiciário poderá formar esse título). Os dois querem alguma coisa (transformar em título judicial) e, para tanto, são obrigados a recorrer ao Judiciário. Deve-se lembrar ainda que na jurisdição voluntária o interesse é presumido.
5.3 Legitimidade ad causam
Conceito e características
1ª observação: a legitimidade ad causam deve ser aferida no pólo ativo e no pólo passivo.
2ª observação: a legitimidade ad causam é um poder jurídico. 
Rigorosamente, é uma situação jurídica atribuída a alguém para conduzir um processo com um determinado objeto. Legítimo é o sujeito que pode conduzir o processo.
3ª observação: a legitimidade sempre se refere a uma situação litigiosa específica. 
Saber se a parte é ou não legítima, à luz do que se está discutindo no processo (o estudo da legitimidade é relacional).
Legitimação ad causam X Legitimação ad processum: 
Legitimação ad processum é a capacidade para estar em juízo. 
A legitimidade ad causam é específica; a legitimidade ad processum é genérica porque diz respeito à legitimidade para participar de qualquer processo.
Legitimidade de parte:
Legitimidade ordinária (há coincidência entre os sujeitos da relação jurídica material e os sujeitos da relação jurídica processual).
Legitimidade extraordinária:
exclusiva – apenas o legitimado extraordinário pode ir a juízo;
concorrente – tanto o legitimado ordinário como o extraordinário podem demandar isoladamente, ou em conjunto, formando litisconsórcio facultativo
subsidiária – o legitimado extraordinário só pode ir a juízo diante da omissão do legitimado ordinário em demandar
superveniente - o artigo 9º da Lei 4.171/65 em relação ao Ministério Público
SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL ≠ SUCESSÃO DA PARTE ≠ REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
	SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL
	É a legitimação extraordinária (sinônimo, conforme se entende majoritariamente). O titular da ação é o titular do direito material violado (LEGITIMAÇÃO ORDINÁRIA). Só quando a lei permitir é admissível que terceiro venha a juízo tutelar direito alheio como próprio (LEGITIMAÇÃO EXTRAORDINÁRIA).
	SUCESSÃO DA PARTE
	É a alteração da pessoa que figura em um dos pólos do processo. Após estabilizada a demanda, o CPC admite somente em caso de falecimento até que se proceda à habilitação dos sucessores ou do espólio; EXCETO se for direito de ação que seja INSTRANSMISSÍVEL. Nem mesmo a eventual alienação do objeto litigioso implica alteração das partes. A sucessão a título universal tem o seu procedimento discriminado nos artigos 1055 e seguintes do CPC.
	
REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL
	O representante não é parte, somente figura no processo para suprir a incapacidade da parte (o substituto processual é parte) ou como representante de pessoa jurídica
Legitimidade de parte em ações coletivas (correntes):
Legitimação ordinária (Ada)
Legitimação extraordinária (Dinamarco, Barbosa Moreira)
Legitimação autônoma para condução do processo (Nelson Nery)
6. DEFESA
6.1 Conceito
Defesa ou exceção “lato sensu” é o direito público subjetivo do réu de que, no julgamento, também se levem em conta as suas razões. Trata-se de uma pretensão deduzida em face dos órgãos jurisdicionais, em sentido oposto à do polo ativo.
6.2 Natureza 
O direito à defesa é um direito público subjetivo. 
Também é classificado como um ônus e não um dever, a não ser que se trate de direito indisponível.
Espécies
Defesa material, substancial ou de mérito: é a exceção de mérito, a exclusão dos efeitos de direito material pedidos pelo autor. Divide-se em:
Direta: ataca a própria pretensão do autor, o fundamento do seu pedido.
Indireta: opõe fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (ex.: prescrição, compensação, novação, usucapião).
Defesa processual: é a exceção processual, a exclusão da relação processual. Divide-se em:
Defesa processual direta - peremptória: ataca a validade da relação processual. Leva à extinção da ação (ex.: inépcia, perempção, litispendência, coisa julgada, convenção de arbitragem, carência de ação).
Defesa processual indireta – dilatória: lança-se contra os defeitos processuais que não extinguem a relação processual, senão, em alguns casos, mediatamente: inexistência ou nulidade de citação, incompetência absoluta, conexão, falta de capacidade processual, falta de capacidade postulatória.
 Objeção (defesa fundada em matéria que o juiz pode conhecer de ofício e que não se sujeita à preclusão – CPC 267 § 3º, CPC 301 § 4º) e exceção (defesa fundada em matéria que o juiz não pode conhecer de ofício e que se sujeita à preclusão). 
Regularmente citado, o réu poderá tomar três atitudes: manter-se inerte, reconhecer juridicamente o pedido, responder a demanda.
OBS.: a resposta do réu é tratada com mais detalhes no ponto 04 de processo civil.
6.4 O direito à defesa como inserido nas bases fundamentais do direito processual
O direito à defesa está inserido nas bases fundamentais do Direito Processual no sentido de que este traz como princípios o devido processo legal e a ampla defesa – institutos que deixam de existir se não for aberta ao réu a possibilidade de se defender.
2.4 Processo: natureza, conceito, pressupostos, início, suspensão e fim, classificação (problemática da distinção entre as espécies processuais e a atual visão sincrética), princípios informativos, gerais e específicos.
1. TEORIAS SOBRE O PROCESSO
1.1 Fase do procedimentalismo (ou praxismo)
Inicialmente, o processo era visto como um procedimento, ou seja, como uma sequencia ordenada de atos.
Esta foi a posição predominante durante a fase imanentista da ação (fase civilista).
O estudo do processo era o estudo apenas de suas formas e dos atos que o compõem.
Foi a época dos praxistas, juristas que em suas obras não tiveram grandes preocupações teóricas, tendo se dedicado ao estudo do que hoje se denomina de “prática forense”.
1.2 Teoria contratualista
Para essa teoria, o processo é um contrato.
Para esta teoria o processo é o resultado de um contrato entre as partes através do qual se obrigam a submeter o conflito ao juiz e a acolher a decisão que for por ele pronunciada. 
Tem mero significado histórico, pois parte do pressuposto, hoje falso, de que as partes se submetem voluntariamente ao processo e aos seus resultados.
1.3 Teoria quase-contratualista
Enquanto no contrato as obrigações dele decorrentes são determinadas diretamente pela própria vontade das partes, no quase-contrato, as obrigações são determinadas pela lei com base na presumível vontade das partes. Assim, segundo esta teoria, o processo seria um quase-contrato, pela circunstância das partes comparecerem voluntariamente e de se submeterem às decisões judiciais. Trata-se de uma explicação do processo a partir de uma perspectiva privatista e individualista.
Obs: essas teorias contratualistas e quase-contratualistas foram importantes para se entender porque o Direito Processual era encarado como pertencente ao direito privado, idéia que só foi abandonada quando este ramo adquiriuautonomia científica, em meados do séc. XIX, pela obra de Oskar von Bülow.
1.4 Teoria da relação jurídica (predominante no Brasil)
Desenvolvida por Oskar von Bülow, em sua obra “Teoria das Exceções Processuais e dos Pressupostos Processuais”, publicada em 1868.
Essa obra é considerada a “certidão de nascimento” da ciência processual.
Bülow desenvolveu a idéia de que o processo é uma relação jurídica processual.
Consoante essa doutrina, o processo contém uma relação jurídica entre as partes e o Estado-Juiz, a chamada relação jurídica processual. Esta se distingue da relação de direito material por três aspectos: a) pelos seus sujeitos (autor, réu e Estado-Juiz); b) pelo seu objeto (a prestação jurisdicional); c) pelos seus pressupostos (os pressupostos processuais).
O processo é uma relação entre pessoas, dinâmica, de direito público, e que tem seus próprios sujeitos e requisitos (a estes requisitos Bülow deu o nome de pressupostos processuais). Tal relação jurídica teria como conteúdo uma outra, de direito material e teria por fim permitir a apreciação desta pelo Estado-juiz.
O processo é uma relação jurídica. Qual seria, contudo, a configuração gráfica dessa relação?
1ª) Relação jurídica triangular
Todos os sujeitos processuais mantêm relação direta uns com os outros.
Existe um vínculo direto entre Estado e autor, Estado e réu, autor e réu. 
Isso porque a doutrina percebe que, em algumas situações, há de fato uma relação direta entre as partes, sem a interferência necessária do juiz. Exemplos: 
as partes têm o dever de lealdade recíproca; 
a parte vencida tem a obrigação de reembolsar à vencedora as custas despendidas;
podem as partes convencionar entre si a suspensão do processo.
É a posição majoritária no Brasil.
Nesse sentido: Frederico Marques e Amaral Santos.
2ª) Relação jurídica angular
Entende que há relação direta entre Estado e autor e entre Estado e réu, mas negam a existência de vínculo direto entre autor e réu.
Assim, afirma que toda relação entre autor e réu é via juiz.
Autor e réu não manteriam relação direta.
3ª) Relação linear
A – J – R
É a menos aceita.
1.5 Teoria da situação jurídica
James Goldschmidt
O processo seria composto por uma série de situações jurídicas ativas, capazes de gerar para seus sujeitos deveres, poderes, faculdades, ônus e sujeições.
O processo não é uma relação jurídica, mas uma situação jurídica – que é o estado de uma pessoa enquanto tenta fazer valer o direito material afirmado em juízo. 
A teoria da situação jurídica foi elaborada para opor-se à teoria da relação jurídica. 
A sua tese central é a de que o processo não encerra uma relação jurídica entre os seus sujeitos, pois não há direitos e deveres jurídicos entre eles. O que há no processo são situações jurídicas ativas, capazes de gerar para seus sujeitos deveres, poderes, faculdades, ônus e sujeições.
1.6 Teoria do procedimento em contraditório (teoria do módulo processual)
Elio Fazzalari
O processo é um procedimento em contraditório.
Módulo processual seria qualquer procedimento desenvolvido em contraditório.
1.7 Teoria da entidade complexa
Cândido Rangel Dinamarco.
O processo seria uma entidade complexa, formada por diversos elementos, e que poderia ser definido como “o procedimento animado pela relação jurídica processual”.
Afirmam os defensores da teoria que o processo seria formado por vários elementos e que, sozinho, nenhum deles seria capaz de explicar suficientemente o que é esse instituto fundamental do direito processual. 
Aspecto extrínseco do processo: procedimento realizado em contraditório. 
Aspecto intrínseco do processo: seria a relação jurídica processual, ou seja, a relação estabelecida entre os sujeitos do processo, e responsável pela existência, entre eles, de vínculos capazes de gerar deveres, faculdades, poderes, ônus e sujeições.
Cada ato processual, isto é, cada anel da cadeia que é o procedimento, realiza-se no exercício de um poder ou de uma faculdade, ou para o desencargo de um ônus, o que significa que é a relação jurídica que dá razão de ser ao procedimento; por sua vez, cada poder, faculdade, ônus, dever, só tem sentido enquanto tende a favorecer a produção de atos que possibilitarão a consecução do objetivo final (Dinamarco).
2. CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA
2.1 Conceito de processo
Processo é o método pelo qual se opera a jurisdição, com vistas à composição dos litígios. É o instrumento de realização da justiça (acesso à Justiça): é relação jurídica, portanto, é abstrato e finalístico. Processo é a relação jurídica entre as partes, visa à atuação da ordem jurídica objetiva, para a composição de um litígio, como instrumento da jurisdição estatal. Para Dinamarco, processo jurisdicional é o procedimento, realizado em contraditório, animado por uma relação jurídica processual. O conceito de processo não é exclusivo do direito processual. Há processos em outras áreas da atividade estatal diversa da jurisdição, como os processos administrativos e o processo legislativo. Há, além disso, processos não-estatais, como a arbitragem. 
Processo não se confunde com procedimento.
Procedimento é o modo como os atos processuais se exteriorizam e se desenvolvem, para revelar o processo, servindo-lhe de instrumento. O processo está para o contrato (relação jurídica) assim como o procedimento está para o instrumento do contrato (materialização da relação jurídica).
2.2 Natureza jurídica do processo
O processo pode ser caracterizado como uma relação jurídica autônoma de direito público (maior recepção na doutrina). Existem várias outras correntes sobre o assunto, conforme se pode observar pelo item 1 acima (“teorias sobre o processo”).
3. PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS – requisitos mínimos para que a relação processual se desenvolva regularmente.
a) Subjetivos (relacionam-se com os sujeitos):
competência do juízo
capacidade das partes
capacidade postulatória – representação por advogado
b) Objetivos:
forma processual adequada (procedimento adequado)
citação válida
inexistência de litispendência, coisa julgada, perempção e nulidades (pressupostos do litígio)
petição inicial apta
Pressupostos de existência:
Juiz – órgão investido de jurisdição
Parte – capacidade de ser parte
Demanda
Pressupostos de validade:
Juiz – competência e imparcialidade
Partes – capacidade processual e postulatória
Intrínseco – respeito ao formalismo processual
Extrínsecos (ou negativos) – perempção, litispendência, coisa julgada, convenção de arbitragem, etc.
4. CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO
Conhecimento
Execução
Cautelar
5. PROBLEMÁTICA DA DISTINÇÃO ENTRE AS ESPÉCIES PROCESSUAIS E A ATUAL VISÃO SINCRÉTICA
A separação do processo em mais de uma espécie tem sido revista no mundo todo por conta da chamada “crise de efetividade”. O que ocorre, especialmente com o processo de execução, é que a longa demora para se obter um provimento jurisdicional favorável, aliada à necessidade de mover um novo processo contra o réu, acaba tornando ineficaz essa prestação jurisdicional. É o processo, assim, deixa de ser instrumento para a consecução do direito material. Assim, a antiga visão do processo dividido em conhecimento, execução e cautelar tem sido revista. Medidas cautelares são deferidas na fase de conhecimento, por exemplo, bem como agora se permite a antecipação dos efeitos da tutela. Mais do que isso, as recentes alterações do CPC tornaram o processo de execução exclusivo dos títulos extrajudiciais, sendo que a execução dos títulos judiciais passou a ser somente uma fase do processo como um todo. É o que se chama de processo sincrético. O processo é atualmente sincrético. Divide-se em três fases: conhecimento, liquidação e execução.
6. PRINCÍPIOS INFORMATIVOS
Princípios gerais do processo:
Devido processo legal: incorpora e abrange os demais princípios processuais. Ninguém pode ser privado de sua liberdade ou de

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