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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 01

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PONTO 01
Jurisdição: natureza, conceito, características, espécies, a problemática da jurisdição voluntária, princípios, estrutura constitucional (Poder Judiciário, organização judiciária, atividade jurisdicional, atividades essenciais à Justiça), equivalentes jurisdicionais (autotutela, autocomposição, mediação e arbitragem). Jurisdição constitucional propriamente dita (controle judicial de constitucionalidade e suas espécies: ação direta de inconstitucionalidade interventiva, ação direta de inconstitucionalidade, ação de inconstitucionalidade por omissão, ação declaratória de constitucionalidade, arguição de descumprimento de preceito fundamental, respectivos natureza, conceitos, características, hipóteses de cabimento, detalhes de procedimento); jurisdição constitucional das liberdades e seus principais mecanismos (habeas corpus no processo civil, mandado de segurança individual e coletivo, mandado de segurança, habeas data, ação popular, ação civil pública), respectivos natureza, conceitos, hipóteses de cabimento, detalhes procedimentais.
Atualizado em azul, por Flávio Bittencourt de Souza, em out/2010
Atualizado em cinza, por Márcio Muniz da Silva Carvalho, em agosto de 2012
Jurisdição
Natureza: poder-dever estatal
Conceito: é o poder-dever do Estado de aplicar o direito material nos casos concretos. É um poder (derivado da soberania), uma função (obrigação de prestar a tutela jurisdicional) e uma atividade (seqüência de atos processuais). Encontra fundamento de validade na cláusula de inafastabilidade da jurisdição, prevista no art. 5º, XXXV, CF/88.
O poder jurisdicional é o que permite o exercício da função jurisdicional, que se materializa no caso concreto por meio da atividade jurisdicional
Características: (nem todas essas características estão sempre presentes)
Unidade: a jurisdição é única e exercida exclusivamente pelo Poder Judiciário
Secundariedade: Dá-se prioridade à autocomposição 
Imparcialidade: não confundir com neutralidade
Substitutividade (substitui a vontade das partes. Não está sempre presente, pois inexiste nas ações constitutivas necessárias e na execução indireta)
Inércia (após iniciado o processo, não há mais inércia) 
Definitividade (a função jurisdicional não é privativa do Poder Judiciário. Contudo, quando exercida por outros Poderes, suas decisões não gozam de definitividade)
Monopólio estatal (característica mitigada para quem adota a concepção de que a arbitragem é atividade jurisdicional, o que é controvertido)
Importante destacar que a inércia, atualmente, é vista com certos temperamentos: poderes de direção do processo conferidos ao magistrado; aumento do número de pedidos implícitos; poder geral de efetivação das decisões (art. 461, §5º, CPC); existência de procedimentos que podem ser instaurados de ofício (como o inventário – art. 989, CPC).
Princípios:
juiz natural (Art.5º, LIII/CF. “Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”)
investidura (Investidura do juiz no poder jurisdicional para que atue em nome do Estado no exercício concreto da atividade jurisdicional => Estado-juiz). Formas de investidura na magistratura:
1) Concurso público (art.93, I/CF);
2) Indicação pelo Poder Executivo, por meio do quinto constitucional (art.94/CF).
territorialidade (princípio da aderência ao território) => forma de limitação do exercício legítimo da jurisdição
improrrogabilidade (os limites da jurisdição já estão tratados na Constituição)
indeclinabilidade (não pode deixar de atender quem busca a jurisdição)
inafastabilidade (art 5, XXXV, CF)
Exceção: art. 217, §1º/CF
inevitabilidade (estado de sujeição) => os sujeitos processuais suportarão os efeitos da decisão jurisdicional ainda que não gostem, não acreditem, ou não concordem com ela
Exceção à inevitabilidade: nomeação à autoria (art. 67/CPC) => o nomeado pode se recusar a ingressar no feito
indelegabilidade (só para atos decisórios. Os instrutórios podem ser delegados: carta de ordem. Rogatórios e precatória não são delegações, pois o deprecante não tem competência no local de cumprimento e só se delega o que se tem)
Art.102, I, “m”/CF: “a execução de sentença nas causas de sua competência originária (do STF), facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais”.
Importante:
Não há matéria que possa ser excluída da apreciação do Poder Judiciário (inafastabilidade), ressalvada raríssimas exceções por ela mesma postas, como a do processamento e julgamento de certas autoridades em certas hipóteses (art. 52, I e II, CF).
Não há exigência de esgotamento de outras instâncias para se buscar a guarida jurisdicional. Única exceção constitucional: questões esportivas (art. 217, §1º/CF). A necessidade de prévio requerimento administrativo no habeas data relaciona-se com o interesse processual (para caracterizar eventual resistência à pretensão), cf. Súm. 2 do STJ. Na CF/67 permitia-se a jurisdição condicionada (esgotamento da via administrativa).
Especialização de Varas: o STJ entende que não fere o princípio do juiz natural (pois se trata de regras gerais, abstratas e impessoais). Previsão expressa de tal possibilidade na lei de organização da Justiça Federal (Lei 5.010/66)
Art. 126 da CF, com a modificação da EC/45: Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. Antes, previa-se que o Tribunal poderia designar juízes para julgar questões agrárias.
	JURISDIÇÃO
	Contenciosa
	Voluntária
	visa a composição de litígios
	visa uma integração do Estado para validar negócio jurídico
	há uma lide a ser resolvida
	há um negócio jurídico a ser integrado
	partes
	interessados
	coisa julgada material e formal
	coisa julgada apenas formal
	juiz segue estrita legalidade
	há mais liberdade para o juiz
	lide composta através de processo
	jurisdição atua por procedimento
	há os efeitos da revelia
	não há os efeitos da revelia
	princípio do dispositivo
	princípio do inquisitivo
A problemática da jurisdição voluntária: a doutrina vê a jurisdição voluntária como uma atividade administrativa e não jurisdicional, porque: a) não visa à atuação do direito, mas à constituição de situações jurídicas novas; b) não há o caráter substitutivo; c) o objetivo dessa atividade não é a lide, pois não há conflito de interesses; d) não há coisa julgada; e) não há processo, mas procedimento. Porém, a doutrina mais moderna vê a jurisdição voluntária como jurisdição mesmo, porque: 1) visa também à pacificação social; 2) exerce-se segundo as formas processuais (petição inicial, etc); 3) vigora o princípio da inércia; 4) existência de coisa julgada formal, submetida à cláusula rebus sic stantibus (art. 1.111, CPC); 5) o próprio CPC divide a jurisdição em contenciosa e voluntária. Por isso, à jurisdição voluntária aplicam-se as garantias fundamentais do processo.
Essa jurisdição nada tem de voluntária, concentrando a maioria das ações constitutivas necessárias. Ou seja, a atuação da jurisdição nesses casos é obrigatória, por opção política do legislador (tanto é verdade que a Lei 11.441/07 passou a permitir o inventário, a partilha e o divórcio extrajudiciais, também por pura opção política do legislador).
Na jurisdição voluntária, o juiz pode julgar com base em juízo de equidade (art.1109/CPC), defendendo parte da doutrina que o magistrado poderia decidir até mesmo contra legem (neste sentido: Arruda Alvim, Humberto Theodoro Júnior).
1.2 Jurisdição: estrutura constitucional
Obs: Funções essenciais detalhadas no Ponto 07 de Direito Constitucional.
Equivalentes jurisdicionais
Autotutela: é a forma mais primitiva de resolução de conflitos, caracterizada pela ausência de juiz distinto das partes e pela imposição da decisão por uma das partes à outra. É a “justiça com as próprias mãos”. Atualmente, ainda é prevista na legislação em algunscasos muito específicos, como na defesa da posse. Pode caracterizar o tipo penal de exercício arbitrário das próprias razões.
Autocomposição: é o método de resolução de conflitos no qual uma das partes ou ambas abrem mão do interesse ou de parte dele (acordo). Há três formas: 1) desistência (renúncia por parte do autor ao direito pleiteado); 2) submissão da parte a quem o pedido é dirigido (reconhecimento jurídico do pedido); 3) transação (concessões mútuas). Existe até hoje e é incentivada por meio da conciliação. Encontra prestígio principalmente no processo trabalhista e nos Juizados Especiais (a possibilidade de transação penal, segundo Didier, é uma forma de autocomposição). O CPC também incentiva, quando trata da audiência preliminar no procedimento ordinário e quando determina ao magistrado o dever de tentar conciliar as partes a qualquer tempo. Obs: a sentença homologatória de conciliação ou de transação constitui título executivo judicial, podendo, inclusive, versar sobre matéria não posta em juízo (art. 475-N, III, CPC).
Mediação: é uma técnica não-estatal de solução de conflitos pela qual um terceiro se coloca entre os contendores e tenta conduzi-los à solução autocomposta. Há projeto de lei para regulamentar a mediação.
Arbitragem: é prevista no direito pátrio (Lei 9.307/96) e tem algumas características: a) aparece a partir da convenção de arbitragem; b) limita-se a direitos patrimoniais disponíveis; c) há restrição à cláusula compromissória em contratos de adesão; d) requer partes capazes; e) as partes podem escolher as regras a serem aplicadas, quanto ao direito material (ex.: equidade); f) não há necessidade de homologação judicial; g) há possibilidade de se recorrer ao Judiciário, mas limitada a alguns casos (ex.: nulidade da cláusula de compromisso arbitral, corrupção, prevaricação, etc); h) o juízo arbitral não tem poder executivo; i) a sentença arbitral é título executivo judicial (art. 475-N, III, CPC); j) admite-se o reconhecimento e execução de sentenças arbitrais produzidas no exterior. Cláusula compromissória x compromisso arbitral: a cláusula compromissória é a convenção em que as partes resolvem, prévia e abstratamente, que as divergências oriundas de certo negócio jurídico serão resolvidas pela arbitragem (antes do litígio ocorrer); o compromisso arbitral é o acordo de vontades para submeter uma controvérsia concreta, já existente, ao juízo arbitral. Obs1: A Lei das PPP prevê a arbitragem para a solução de litígios. O STJ admite a arbitragem em contratos administrativos fazendo a distinção entre interesse público primário e secundário, ou seja, para atender o primeiro (bem da coletividade) o Estado poderia valer-se de atos de disposição (STJ, MS 11308/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/04/2008). Obs2: O STF já declarou que a arbitragem não ofende a inafastabilidade da jurisdição, pois está sempre condicionada à vontade das partes (STF, SE 5206 AgR, Relator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 12/12/2001). Obs3: Diante de uma sentença arbitral o juiz só pode executá-la ou anulá-la por vício formal, dentro do prazo de 90 dias, mas nunca substituí-la. Obs4: Não há direito a recurso. Obs5: Há corrente minoritária que entende ser a arbitragem verdadeira espécie de jurisdição, já que há processo, definitividade e executoriedade da sentença. JUIZ NÃO PODE ALTERAR UMA SENTENÇA ARBITRAL!!!!!!!!!!
Solução de conflitos por tribunais administrativos: atualmente a Administração Pública tem vários tribunais, várias instâncias que no âmbito administrativo julgam conflitos por heterocomposição (são terceiros que julgam conflitos); não se trata de jurisdição porque não tem definitividade e podem ser controladas pelo Poder Judiciário (ex.: Tribunal Marítimo, decisões do CADE, dos Tribunais de Contas, Conselhos de Contribuintes, etc.).
No tema de arbitragem, matéria controvertida é a respeito da homologação de laudos arbitrais proferidos no exterior. Há necessidade de dupla homologação (no país de origem e no Brasil)? No 1º período (antes da Lei nº 9.307/96), o STF entendia, ressalvando algumas decisões em sentido contrário, que o reconhecimento de decisões arbitrais estrangeiras no Brasil deveria pressupor que estas decisões também fossem reconhecidas pelo respectivo tribunal externo. A doutrina, por sua vez, sustentava que a dupla homologação só poderia ser exigida se no direito estrangeiro a homologação pelo Tribunal respectivo fosse requisito para eficácia do laudo arbitral. No 2º período (depois da lei de arbitragem), passou a haver previsão legal sobre a desnecessidade de dupla homologação no art. 35, regra que se aplica imediatamente aos processos em curso à época de sua publicação (constitucionalidade reconhecida pelo STF). A doutrina critica, sob a indagação de como ficaria nos casos em que no país em que foi proferido o laudo a chancela judicial for obrigatória. Sustenta-se que deveria o STF, agora STJ (EC nº 45/2004), exigir tal chancela (Barbosa Moreira). De outro lado, há quem sustente (Alexandre Câmara e Carlos Alberto Carmona) que a lei é inconstitucional porque confere ao STJ competência para homologação de laudos arbitrais, o que extrapolaria a competência constitucional, restrita a sentenças estrangeiras.
SENTENÇA (LAUDO) ARBITRAL PRODUZIDO E HOMOLOGADO NO EXTERIOR PRECISA SER HOMOLOGADO NO BRASIL (STJ) PARA SURTIR EFEITOS AQUI! TENHO DUVIDAS SOBRE A MUDANÇA DE POSICIONAMENTO...
1.3 Jurisdição constitucional
É o controle judicial de constitucionalidade. Tema melhor tratado no Ponto 06 de Direito Constitucional.
1.4 Jurisdição constitucional das liberdades
1.4.1 Habeas Corpus
Conceito: é uma garantia individual ao direito de locomoção, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaça ou coação à liberdade de locomoção em sentido amplo – o direito do indivíduo de ir, vir e ficar.
Natureza: é uma ação constitucional de caráter penal (em regra) e de procedimento especial.
Histórico: 1ª garantia de direitos fundamentais concedida por João Sem Terra em 1215 e posteriormente formalizada no habeas corpus act de 1679. No Brasil, a 1ª manifestação foi em 1821, através de alvará emitido por Dom Pedro I que garantia a liberdade de locomoção. A terminologia, contudo, só veio no código criminal de 1830. Foi garantido constitucionalmente na CF de 1891. A “teoria brasileira do HC”, ampliou a aplicação do instituto para garantir todos os direitos cujo pressuposto fosse a locomoção. Essa teoria findou em 1926, que restringiu à liberdade de ir e vir.
Cabimento: sempre que alguém tiver a liberdade de locomoção restringida ou ameaçada. Pode ser utilizado na esfera cível para, por exemplo, liberar paciente preso em hospital.
Considerações:
sujeito ativo: é o impetrante (qualquer pessoa, ainda que sem advogado, inclusive o estrangeiro, o absolutamente incapaz, o analfabeto e a pessoa jurídica)
sujeito passivo: é o coator (agente público e, também, o particular)
paciente: é quem tem a liberdade tolhida
espécies: preventivo (salvo-conduto) e liberatório
liminar em habeas corpus: cabível, mas não cabe HC contra decisão de relator que indeferiu liminar em outro HC (Súmula 691 do STF, que, em casos excepcionais, é afastada pelo próprio Tribunal)
o HC é cláusula pétrea
de decisão de turma do STF: não cabe HC
competência:
ato de TRF e TJ’s: STJ
ato de tribunal superior: STF
ato de promotor: TJ ou TRF
ato de turma recursal: TJ ou TRF
ato de juiz do JEsp: Turmas recursais: "A competência para julgamento de habeas corpus contra ato de magistrado vinculado ao Juizado Especial Federal Criminal é da Turma Recursal, em virtude da aplicação do princípio da hierarquia funcional." (TRF 1ª Região, HC 2006.01.00.004544-8/AM, Rel. Desembargador Federal Cândido Ribeiro, Terceira Turma, DJ de 28/04/2006, p.58)
HC e recursos ordinários (ex.: apelação): cabe concomitância
HC e recurso ordinário constitucional: cabe concomitância
HC e punições disciplinares militares: não podeanalisar o mérito da punição, só formalidades garantidas constitucionalmente
HC e empate da decisão colegiada: decide-se em favor do réu
Habeas Corpus no Processo Civil:
A única prisão civil admitida atualmente é a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia (art. 5º, LXVII/CF), prevista no art. 733, §1º/CPC.
Embora caiba agravo de instrumento contra a decisão que ordena a prisão do devedor alimentante, o art. 19, §3º, da Lei 5.478/68 veda a concessão de efeito suspensivo a esse agravo, daí a importância do habeas corpus nessas hipóteses.
Súmula 309 do STJ: “O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo”.
“HABEAS CORPUS. DESCUMPRIMENTO DE ORDEM DE JUDICIAL. DECRETO DE PRISÃO EXPEDIDO POR JUÍZO CÍVEL. INCOMPETÊNCIA. HABEAS CORPUS CONCEDIDO. 1. Salvo nas hipóteses de depositário infiel ou de devedor de alimentos, não é o Juízo Cível competente para, no curso de processo por ele conduzido, decretar a prisão de quem descumpre ordem judicial. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 2. Ordem de habeas corpus concedida para cassar a ordem de prisão expedida em desfavor do ora Paciente” (STJ, HC 214.297/GO, Rel. Ministra LAURITA VAZ, 5ª Turma, julgado em 19/04/2012)
“2. O habeas corpus, que pressupõe direito demonstrável de plano, não é o instrumento processual adequado para aferir a dificuldade financeira do alimentante em arcar com o valor executado, pois demandaria o reexame aprofundado de provas. 3. A verificação da capacidade financeira do alimentante e a eventual desnecessidade dos alimentados diante da maioridade alcançada demanda dilação probatória aprofundada (Súmula nº 358/STJ), análise incompatível com a via restrita do habeas corpus, que somente admite provas pré-constituídas” (STJ, RHC 32.088/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, 3ª Turma, julgado em 17/04/2012)
1.4.2 Habeas Data
Conceito: é a ação para a garantia do direito que assiste a todas as pessoas de solicitar judicialmente a exibição de registros públicos ou privados, nos quais estejam incluídos seus dados pessoais, para que deles se tome conhecimento e, se necessário for, sejam retificados os dados inexatos ou obsoletos ou que impliquem discriminação.
Natureza: ação constitucional de caráter civil, de rito sumário.
Cabimento: inicialmente, só cabe HD quando o pedido for indeferido ou não-respondido na via administrativa (Súm. 2 do STJ). Superado esse ponto, cabe HD para conhecer ou retificar dados pessoais constantes de arquivos públicos ou privados (de caráter público – ex.: SPC). Não se confunde com o direito de obter certidões (art. 5º, XXXIV), para o qual cabe MS.
Considerações:
sujeito ativo: pessoa física, pessoa jurídica, brasileiro ou estrangeiro
sujeito passivo: entidades governamentais; instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas que prestem serviços para o público ou de interesse público, e desde que detenham dados referentes ao impetrante
procedimento: era o mesmo do mandado de segurança, mas agora a Lei 9.507/97 regula o HD. Ainda guarda semelhanças profundas com o MS. O HD é prioritário sobre tudo, exceto habeas corpus e mandado de segurança. A inicial deve ser instruída com a recusa administrativa ou com prova de sua demora. O juiz pode indeferir liminarmente se entender que não é caso de HD (cabe apelação). Em seguida, notificação da autoridade para prestar informações em 10 dias. Após, ouve MP em 5 dias. Sentença. Apelação com efeito meramente devolutivo.
competência (expressa na Constituição Federal):
STF: atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal
STJ: ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal
TRF: ato do próprio Tribunal ou de juiz federal
Juízes Federais: ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais
Justiça do Trabalho: quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição
1.4.3 Mandado de Segurança Individual
Conceito: ação constitucional para garantir às pessoas físicas e jurídicas proteção a direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.
Natureza: ação constitucional, de natureza civil (embora também seja utilizado no processo penal – vide Súmula 701 do STF).
Cabimento: quando houver lesão ou ameaça a direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, por ação ou omissão de autoridade ou agente delegatário de serviço público.
Direito líquido e certo: é aquele que resulta de fato que pode ser comprovado de plano, através de prova (documental) pré-constituída.
Considerações:
Sujeito ativo: qualquer pessoa física ou jurídica. Crítica: doutrina e jurisprudência já haviam consolidado o entendimento de que órgãos sem personalidade jurídica poderiam impetrar o writ (Ex: Câmara de vereadores, MP, etc)
Sujeito passivo: Para Cassio Bueno, a lei restabeleceu a sistemática de 1930, impondo um litisconsórcio passivo necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que pertence. O mero executor não é autoridade coatora.
Competência:
STF: contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal
STJ: ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal
TRF / TJ: atos de juízes e de seus próprios membros.
Justiça do Trabalho: quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição.
Juízes Federais: atos de autoridades federais.
Contra ato praticado por membro do MP: juízo monocrático de 1ª instância (ao contrário do HC, que é o tribunal).
SÚMULA Nº 701
 
NO MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM PROCESSO PENAL, É OBRIGATÓRIA A CITAÇÃO DO RÉU COMO LITISCONSORTE PASSIVO 
Prazo decadencial: 120 dias.
Espécies: repressivo e preventivo.
Direito líquido e certo: para alguns, é condição de ação; para outros, é de procedibilidade.
Contra liminar: agravo de instrumento (se faltar fumaça do bom direito ou perigo da demora) e suspensão de segurança (se colocar em grave risco a ordem, a saúde, a segurança ou a economia pública), que vigora até o trânsito em julgado (efeito prospectivo).
Cabe execução contra a Fazenda Pública em relação às parcelas pecuniárias vencidas a partir da propositura do writ
Entendimentos sumulados pelo STF: o MS não substitui a ação popular (101); não cabe MS contra lei em tese (266); não cabe MS contra ato judicial passível de recurso ou correição (267); não cabe MS contra decisão judicial com trânsito em julgado (268); o MS não é substitutivo da ação de cobrança (269); MS não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria (271); são inadmissíveis embargos infringentes contra decisão do Supremo Tribunal Federal em MS (294); decisão denegatória de MS, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não impede o uso da ação própria (304); denegado o MS pela sentença, ou no julgamento do agravo, dela interposto, fica sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária (405); a existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do MS contra omissão da autoridade (429); pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para MS (430); praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o MS (510); não cabe condenação emhonorários de advogado em MS (512); não cabem embargos infringentes de acórdão que, em MS, decidiu, por maioria de votos, a apelação (597); não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de MS contra atos de outros tribunais (624); controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de MS (625); a suspensão da liminar em MS, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração (626); extingue-se o processo de MS se o impetrante não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário (631).
Entendimentos sumulados pelo STJ: MS constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação tributária (213); (MAS LEMBRANDO QUE NÃO PODE LIMINAR PARA COMPENSAÇÃO TRIBUTARIA) outros entendimentos iguais aos do STF.
Principais alterações: o projeto que originou a lei faz parte do II Pacto Republicano, assinado em 2009 pelos Três Poderes com o objetivo de tornar o sistema de Justiça mais acessível, ágil e efetivo.
Não cabimento de MS contra atos de gestão comercial praticados no âmbito das empresas públicas, sociedades de economia mista e concessionárias de serviços públicos (art. 1º, § 2º)
Possibilidade de impetração via fax ou outro meio eletrônico de autenticidade comprovada (art. 4º)
Cabimento de MS contra decisão judicial sujeita a recurso que não tenha efeito suspensivo (artigo 5º, inciso II)
Cabimento contra ato disciplinar, para aferição da legalidade, o que era antes vedado.
Para Cassio Bueno, a lei restabeleceu a sistemática de 1930, impondo um litisconsórcio passivo necessário entre a autoridade coatora e a pessoa jurídica a que pertence. Faz crítica a isso, pois no writ não se busca responsabilizar pessoalmente a autoridade coatora, como sucede na ação popular e na de improbidade.
Para Cassio Bueno, ao contrário do que expressa o § 5º, do art. 6º, decisão denegatória não é apenas a terminativa (art. 267, do CPC), mas também a que julga improcedente o writ. Isso é relevante pq o recurso ordinário em MS nos tribunais pressupõe decisão denegatória. A diferença é que se denegada a ordem por uma das razões do 267 do CPC, entre elas a ausência de direito líquido e certo (tido como assimilável ao interesse de agir), fica aberta ao impetrante a via ordinária.
O prazo de 10 dias para informações continua com seu termo inicial não explicitado. Prevalece, pois, a data de juntada aos autos do comprovante de notificação.
Possibilidade de a pessoa jurídica interessada intervir no feito (artigo 7º, inciso II). Para Cassio, a ciência do art. 7º, II, LMS, é verdadeira citação. O verbo “querendo” justifica-se por ser a defesa do réu mero ônus processual. Seu prazo, ante o silêncio da lei, também seria o de dez dias.
O juiz poderá exigir do impetrante, para fins de concessão de liminar, prestação de caução, fiança ou depósito (artigo 7º, inciso III). Não se tem como condição da ação, mas mera faculdade do juiz inerente ao seu poder-dever geral de cautela. A exigência, contudo, deve ser fundamentada. 
O § 5º, do art. 7º, estende todas as vedações de liminares em MS à antecipação de tutela. Deixa de fora, contudo, as cautelares. Ocorre que o art.1º, da Lei 8.437/92, continua vigente e dispõe que se não couber liminar em MS, não caberá cautelar.
Previsão expressa do cabimento de agravo de instrumento contra a decisão concessiva ou denegatória de liminar (artigo 7º, §1º). Alguns tribunais não aceitavam o recurso.
Art. 10: Cássio defende a possibilidade de emenda à inicial, nos termos do CPC, bem como a aplicação do art. 285-A do CPC, inclusive em MS impetrados originariamente em tribunais.
A Lei prevê que cabe apelação da decisão que indefere a inicial do MS, mas não explicita seu procedimento. Entende-se que é cabível a aplicação do art. 296 do CPC (juízo de retratação), exceto na hipótese do art. 285-A do CPC. Se o indeferimento for monocrático, em sede originária dos tribunais, cabe agravo interno. Se o indeferimento for feito pelo colegiado do tribunal, cabe RO.
Os embargos infringentes ficaram expressamente vedados (antes havia a Súmula 597 do STF, que vedava essa possibilidade)
Proibição expressa do ingresso de litisconsorte ativo após despachada a inicial (artigo 10º, § 2º) => para evitar que a parte “escolha” o juiz favorável à sua tese, ingressando como litisconsorte em demanda já distribuída àquele juízo.
O MP deverá oferecer parecer no prazo improrrogável de 10 dias, sob pena de o processo seguir para julgamento (artigo 12, parágrafo único)
Estipula o prazo impróprio de 30 dias para o magistrado sentenciar.
A sentença concessiva está sujeita ao duplo grau, não se aplicando as exceções do 475, CPC.
A regra é a possibilidade de execução provisória, sendo a vedação restrita às hipóteses em que não cabe a liminar (7º, §2º)
Regula a suspensão de segurança, o que antes era feito na Lei 4.348/64. (essa suspensão é criticada pq hoje é possível o manejo de agravo de instrumento com efeito suspensivo. Ademais, quando interposta no STJ/STF extrapola sua competência constitucional taxativa). Prevê o cabimento de agravo interno contra decisão que indefere o pedido de suspensão, explicitando o prazo de cinco dias. Esse agravo interno está previsto apenas para os casos de deferimento da suspensão, e não para o seu indeferimento. Essa disposição da nova Lei é contrária ao entendimento do STF e STJ que levou ao cancelamento das súmulas 506/STF e 217/STJ, as quais tinham a mesma redação da nova LMS. Já a Lei 8437/92, ainda em vigor, prevê o agravo interno tanto da decisão que concede como da que indefere a suspensão (art. 4º, § 3º). Ocorre que essa Lei só se aplica aos processos cautelares e, por força do art. 1º, da lei 9494/97, à antecipação de tutela. Para Cássio, o tratamento diferenciado da Lei 12.016/09 justifica-se pela natureza especialíssima do MS. Como não é possível ao Poder Público manejar o agravo interno da decisão que indefere o pedido de suspensão em MS, o § 1º, do art. 15 lhe outorga a possibilidade de entrar com novo pedido de suspensão ao STF/STJ (“suspensão da não-suspensão”). Também é cabível essa suspensão do § 1º quando for desprovido o agravo de instrumento do Poder Público manejado em face da decisão de 1ª instância concessiva da liminar. As medidas de suspensão de segurança e agravo de instrumento não se excluem, podendo ser manejadas concomitantemente.
Possibilidade de a autoridade coatora recorrer da decisão concessiva da segurança (artigo 14, § 2º)
Previsão expressa de cabimento de agravo interno contra a decisão do relator que conceder ou indeferir liminar nos mandados de segurança da competência originária de tribunal (16, parágrafo único). Esse prazo é de 5 dias, computado em dobro para a Fazenda Pública.
Força a publicação das decisões em MS em até 30 dias que, ultrapassados, autoriza a substituição pelas notas taquigráficas.
Tipificação do crime de desobediência à ordem judiciária
Regulamentação do mandado de segurança coletivo (artigos 21 e 22)
1.4.4 Mandado de Segurança Coletivo
Conceito: ação constitucional para proteger direito líquido e certo dos membros ou associados de partido político com representação no Congresso Nacional e de organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.
Natureza: ação constitucional, de natureza civil.
Considerações:
Sujeito ativo: partido político com representação no Congresso Nacional; organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano.
Sujeito passivo: autoridade pública ou agente de delegatário de serviços públicos.
Autorização dos filiados: não é necessária, bastando a previsão genérica no estatuto (ao contrário das ordinárias, nas quais é necessáriaa autorização de cada um dos membros).
Legitimação: é extraordinária. (PEDIR EM NOME PROPRIO DIREITO ALHEIO) 
Petição inicial: não precisa trazer o nome de todos os membros do impetrante.
MS Coletivo x MS Individual: pode haver concomitância, mas se o sujeito não desiste do individual EM 30 DIAS, este prevalece.
Entendimentos sumulados pelo STF: a impetração de MS coletivo por entidade de classe em favor dos associados independe da autorização destes (629); a entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria (630).
Inovações:
Os partidos políticos têm ampla pertinência temática para a impetração. A referência aos seus “interesses legítimos relativos aos seus integrantes ou à finalidade partidária” não afasta a assertiva. É que a Lei 9.069/95 prevê que os partidos destinam-se a assegurar o regime democrático e os direitos fundamentais. 
Quanto ao tempo de constituição, o STF tem sustentado que é próprio das associações e não dos sindicatos e associações de classe ("Legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de um ano de constituição e funcionamento." (RE 198.919, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 15-6-1999)
Embora o artigo 21, pú, mencione apenas os direitos coletivos e individuais homogêneos, Cássio Scarpinella defende ser possível a tutela de direitos difusos, desde que algum dos legitimados (em especial os partidos políticos) esteja habilitado a representar essa gama de interesses. É essa, aliás a posição predominante antes da nova LMS. Da leitura do art. 22 pode-se interpretar o porquê da limitação aos direitos homogêneos e coletivos (só eles têm destinatários determináveis). Ocorre que essa classificação tem por função apenas indicar o legitimado a ir em juízo e não restringir os efeitos de uma decisão. 
No § 2º, do art. 22, deve-se sustentar o pedido de suspensão e não de desistência do MS individual, dada a natureza garantista do instituto. 
Cabem a assistência simples e a litisconsorcial. Cassio defende o amicus curiae também.
Preservados os atos praticados na vigência da lei antiga (princípio do isolamento dos atos processuais) os atos praticados após a nova LMS devem observá-la.
1.4.5 Mandado de Injunção
Conceito: ação constitucional de caráter civil e de procedimento especial, que visa suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição Federal.
Natureza: ação constitucional, de natureza civil e de cunho subjetivo (ADIN por omissão: cunho objetivo).
Considerações:
Requisitos:
ausência de lei regulamentadora de norma constitucional de eficácia limitada;
inviabilização do exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania.
Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha o seu direito afetado.
Sujeito passivo: pessoa estatal competente para legislar (ex.: Congresso Nacional) ou iniciar o procedimento (ex.: Presidente da República, nas matérias de sua iniciativa exclusiva).
Procedimento: o mesmo do mandado de segurança.
Competência:
STF: quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal.
STJ: quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.
Obs1: o STF não admite, em regra, que Estado-membro ou Município impetre Mandado de Injunção, já que não são titulares de direitos e liberdades constitucionais.
Obs2: o STF tem admitido a impetração de mandado de injunção coletivo, apesar de não haver regulamentação legal específica, tendo legitimidade os mesmos que podem impetrar o mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXX, CF) → organização sindical, entidade de classe, associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano (em decisões recentes o STF diz que esse requisito de um ano é apenas para as associações; mas há divergências doutrinárias, dizendo que o requisito de um ano se estende a todas as entidades, como sustenta Pedro Lenza) e partidos políticos com representação no Congresso Nacional.
Obs3: o STF também não tem admitindo medida liminar em Mandado de Injunção, pelo mesmo motivo da ADI por omissão. Efeitos ex tunc (o direito sempre existiu) NÃO CABE LIMINAR EM MANDADO DE INJUNÇÃO!!!!!!!!!!!!!
Quanto aos efeitos da decisão de mérito, quais os tipos de provimento jurisdicional são possíveis no Mandado de Injunção? 04 correntes:
1) Não-concretista: corrente tradicionalmente adotada pelo STF; a função do Judiciário seria apenas dar ciência ao Poder competente acerca de sua omissão; entende que o Poder Judiciário não pode concretizar a norma, ou seja, o Judiciário não pode suprir a omissão do Legislativo editando a norma regulamentadora faltante, sob pena de atuação do Judiciário como legislador positivo, com violação ao princípio da separação dos poderes (usurpação de função constitucional do Legislativo); 
- Hans Kelsen que fez a distinção entre o Judiciário atuando como legislador negativo, quando declara a inconstitucionalidade de uma lei, ou como legislador positivo, quando supre a omissão de Legislativo, criando efetivamente uma lei que não existia → segundo o Min. Gilmar Mendes, essa distinção não faz mais sentido. 
g.2) Concretistas: pode o Judiciário concretizar a norma legal do Legislativo omisso:
g.2.1) Concretista geral: Judiciário concretiza a norma com efeitos erga omnes; a concretização da norma regulamentadora ausente aplica-se a todos os casos que tenham o mesmo objeto em âmbito nacional. 
Esta solução já foi adotada pelo STF nos MI’s 670, 708 e 712, em que se determinou a aplicação da lei de greve do setor privado (Lei 7.783/89) a todo o funcionalismo público, ante a ausência de lei regulamentadora do art. 37, VII, da CF.
g.2.2) Concretista individual direta: corrente defendida pela maioria da doutrina; o Judiciário concretiza a norma não para todos, mas tão somente com efeitos inter partes. Apenas a parte que impetrou a ação é atingida pela decisão do Mandado de Injunção.
Esta solução foi adotada pelo STF no MI 721, em que se proferiu decisão mandamental concedendo à impetrante (servidora pública vinculada a regime próprio de previdência) o benefício de aposentadoria especial, nos moldes da legislação do Regime Geral de Previdência Social (art. 57 da Lei 8.213/91), à míngua de regulamentação que viabilize o exercício desse direito por parte dos servidores públicos (art. 40, §4º, da CF).
g.2.3) Concretista individual intermediária: já utilizada pelo STF em alguns julgamentos, a exemplo de um julgamento acerca de imunidade tributária de entidades beneficentes; é um meio-termo: o Judiciário primeiro dá ciência ao Poder competente acerca de sua omissão (efeito da teoria não-concretista), porém fixando prazo para que a omissão seja suprida; se dentro desse prazo a omissão não for suprida, o Judiciário edita a norma concreta (efeito da teoria concretista).
1.4.6 Ação Popular 
Conceito: ação proposta por cidadão que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.
Natureza: ação constitucionalmente prevista para o exercício da soberania popular.
Histórico: A CF de 1824 já tratava da ação popular, mas com caráter disciplinar e penal. Apenas em 1934 ganhou contornos constitucionais como ação civil. Retirada em 1937, retornou em1946, tal como sucedeu com o MS. Juntamente com o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular, a ação popular constitui importante instrumento da abertura democrática.
Requisitos:
subjetivo:
sujeito ativo: autor tem que ser cidadão (pessoa jurídica não tem legitimidade; bem como estrangeiros e apátridas). O menor entre 16 e 18, com título, pode.
sujeito passivo: a) as pessoas cujo patrimônio se pretende proteger; b) aqueles que causaram, por ato ou omissão, ou que ameaçam causar lesão aos bens tutelados; c) os beneficiários diretos do ato ou da omissão. STJ admite que a pessoa jurídica de direito público figure, ao mesmo tempo, quanto a um pedido no pólo passivo e quanto a outro no pólo ativo. 
peculiar situação da Fazenda Pública: pode abster-se de contestar o pedido ou pode atuar ao lado do autor, desde que se afigure útil ao interesse público
objetivos:
ação ou omissão do Poder Público
ilegalidade ou imoralidade (há autores que a dispensam, satisfazendo-se com a lesão: Lenza e Mancuso)
lesão (ao patrimônio público, incluindo qq pessoa jurídica subvencionada com dinheiro público; à moralidade administrativa; ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e cultural)
Considerações:
AP contra lei em tese: não cabe.
Ministério Público: só acompanha a AP, mas não pode ajuizá-la. Em caso de desistência (90 dias após o último edital), pode assumir o pólo ativo. Mas sempre pode recorrer
Natureza da decisão: desconstitutiva-condenatória.
Competência: juízo de 1º grau.
Prazo de contestação: 20 dias, prorrogáveis por mais 20. Já a sentença, quando não proferida em audiência, deve sê-lo em 15 dias do recebimento dos autos, sob pena de impedir a promoção por merecimento por 2 anos e perda dos dias de atraso na promoção por antiguidade.
Sentença de procedência: invalida o ato, condena os responsáveis (inclusive em custas e honorários), tem eficácia erga omnes.
Sentença de improcedência: efeito erga omnes e de coisa julgada material, exceto se considerada improcedente por falta de provas. Sujeita ao duplo grau
Ônus para o autor: só se agir de má-fé (10x custas).
1.4.7 Ação Civil Pública
Conceito: é a ação de caráter civil para a defesa de interesses transindividuais proposta por co-legitimados ativos. Leia-se direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos. Neste último caso, deve-se atentar que “a legitimidade do Ministério Público para defesa de interesses individuais homogêneos disponíveis, por meio da ação civil pública, somente se configura quando estes visualizados em seu conjunto, em forma coletiva e impessoal, têm a força de transcender a esfera de interesses puramente individuais e passar a representar mais que a soma de interesses dos respectivos titulares, verdadeiros interesses da comunidade em seu todo" [Zavascki, Teori Albino. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 256/257].
STJ e STF admitem a propositura de ACP pelo MP para a defesa de direitos individuais indisponíveis (saúde)
 Interesses protegidos:
meio ambiente
consumidor
patrimônio cultural
infrações à ordem econômica
infrações à economia popular
infrações à ordem urbanística
outros interesses difusos e coletivos (rol exemplificativo)
Sujeitos ativos:
MP
Defensoria pública
União, Estados e Municípios
autarquia, empresa pública, fundação e sociedade de economia mista
associação com mais de um ano de funcionamento, que inclua entre suas finalidades a proteção de algum dos interesses acima (requisito temporal pode ser dispensado conforme o caso, ao contrário do MS coletivo) !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Sujeito passivo: responsável pelo dano
Considerações:
não cabe contra: tributos, FGTS, contribuições previdenciárias, interesses individuais disponíveis. 
competência: foro do local do dano (competência funcional absoluta); se afetar bens, serviços ou interesses da União ou suas entidades autárquicas ou empresas pública, a competência é da Vara Federal que tenham abrangência sobre o local do dano (cancelada a súm. 183 do STJ: Compete ao juiz estadual, nas comarcas que não sejam sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil publica, ainda que a União figure no processo)
STJ: “a competência para julgar as ações civis coletivas para o combate de dano de âmbito nacional não é exclusiva do foro do Distrito Federal, podendo a ação ser ajuizada no juízo estadual da Capital ou no Juízo do Distrito Federal” (RESP 944.464/RJ, Relator, Min. Sidnei Beneti, DJ 11.2.2009)
objeto: condenação em dinheiro ou em obrigação de fazer ou não fazer
Ministério Público: se não é parte, é fiscal obrigatório da lei; assume a titularidade em caso de desistência
Entendimento sumulado pelo STF: o Ministério Público tem legitimidade para ACP cujo fundamento seja a ilegalidade de reajuste de mensalidades escolares (643).
Entendimento sumulado pelo STJ: o Ministério Público tem legitimidade para propor ACP em defesa do patrimônio público (329).
O Ministério Público afigura-se parte legítima para propor ação civil pública em que se discutem as relações jurídicas constituídas por Resolução editada por Conselho Federal, instituindo exame de capacidade técnica para fins de obtenção do registro profissional, em face do relevante interesse social, porquanto não seria razoável esperar que todos os graduados e graduandos ajuizassem ação própria para ver atendida igual pretensão. A prevenção da proliferação de demandas individuais evidencia o interesse social. Precedente do STJ. Processo: AC 0003145-79.2003.4.01.3400/DF; APELAÇÃO CIVEL Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE Órgão Julgador: OITAVA TURMA Publicação: e-DJF1 p.455 de 13/08/2010 Data da Decisão: 30/07/2010 
1. O Ministério Público Federal é legitimado para a propositura de ação civil pública em prol de titulares de caderneta de poupança, ainda que os contratos tenham sido celebrados antes da entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor. Vencida, no ponto, a Relatora do acórdão. Processo: AC 2000.01.00.063404-7/MA; APELAÇÃO CIVEL Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE Relator para Acórdão: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA ISABEL GALLOTTI RODRIGUES Órgão Julgador: SEXTA TURMA Publicação: e-DJF1 p.44 de 20/07/2009 
Litisconsórcio ativo: pode haver entre os diversos MP’s (isso é o que diz o art. 5º, § 5º, da Lei 7.347/85, mas há forte corrente doutrinária e jurisprudencial que não admite essa possibilidade, argumentando que cada ramo do Ministério Público somente pode litigar no âmbito de sua respectiva Justiça. No TRF1, há precedentes da Des. Fed. Selene admitindo esse litisconsórcio)
Termo de Ajustamento de Conduta: só MP e órgãos públicos podem celebrar. Neste último caso, se federal, deve haver participação da AGU ou PGF (há parecer vinculante do AGU nesse sentido). 
Inquérito Civil: só o MP pode promover. O arquivamento depende de remessa ao Conselho Superior do MP ou, no caso do MPF, às Câmaras de Coordenação e Revisão.
liminar em ACP: é cabível
contra a liminar: agravo de instrumento (ou regimental se dada monocraticamente em órgão colegiado) ou suspensão de segurança
sentença: efeito erga omnes no território de competência da autoridade judiciária; coisa julgada material, exceto se julgado improcedente por falta de provas. 
apelação: em regra, efeito somente devolutivo, mas o juiz pode dar efeito suspensivo também (art. 14 da Lei 7.347/85)
II - Perfeitamente cabível a aplicação analógica da norma contida no art. 19 da Lei nº 4.717/65 (Lei da Ação Popular) (duplo grau de jurisdição nas sentenças de improcedência), por tratar-se, na espécie, de extinção do processo pela carência superveniente da ação civil pública em referência. Processo: REO 0006351-46.2008.4.01.3200/AM; REMESSA EX OFFICIO Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA PRUDENTE Órgão Julgador: OITAVA TURMA Publicação: e-DJF1 p.349 de 25/06/2010 Data da Decisão: 01/06/2010 
ônus de sucumbência: só seo autor estiver de má-fé
Multa cominada liminarmente - Só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento.
antecipação de tutela: Mazzilli diz que é possível. TRF1 também
limitação territorial da coisa julgada: art. 16 da LACP
O dispositivo é uma aberração jurídica, sendo alvo de duras críticas pela doutrina, pois: 1) Confunde amplitude da coisa julgada com competência jurisdicional (seria o mesmo que dizer que uma sentença de divórcio proferida em São Paulo não produziria efeitos no Rio de Janeiro, onde o casal permaneceria casado!); 2) É incompatível com a natureza dos direitos tutelados (um dano ambiental muitas vezes ultrapassa os limites territoriais do órgão julgador); 3) É inconstitucional por violar os princípios da isonomia e do devido processo legal substantivo (razoabilidade e proporcionalidade).
O STJ vinha reconhecendo a plena aplicabilidade do art. 16 (EREsp 399357, 2ª Seção, 2009), mas a questão vem sendo rediscutida, havendo recente precedente no sentido de que “a coisa julgada é meramente a imutabilidade dos efeitos da sentença. Mesmo limitada aquela, os efeitos da sentença produzem-se erga omnes, para além dos limites da competência territorial do órgão julgador” (REsp 1243386/RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Turma, DJe 26/06/2012). No mesmo sentido já decidiu o TRF1 que “não há que se falar em restrição dos efeitos da decisão agravada a limites territoriais, pois não se pode confundir estes com a eficácia subjetiva da coisa julgada, que se estende a todos aqueles que participam da relação jurídica” (EDAG 2008.01.00.040260-3/PA, 5ª Turma, Rel. JFC Renato Martins Prates, julgado em 30/11/2011). O tema, contudo, ainda está longe de restar pacificado.
Duplicidade de litispendências de demandas coletivas (tema polêmico): pode haver litispendência quando os elementos forem idênticos, embora as demandas sejam nominalmente diferentes (AP e ACP) e o procedimento seja diverso; a solução mais adequada, porém, não é a extinção do processo, mas a reunião das demandas (máximo acesso à justiça e importância dos bens tutelados).
Superior Tribunal de Justiça: “não há litispendência entre ação civil pública e as ações individuais. Mesmo já ajuizada a ação civil pública e concedida a liminar autorizando a correção monetária dos depósitos do FGTS, continua a existir o legítimo interesse processual dos autores” (REsp 192.322/SP, DJ de 29/03/1999).
ASSIM COMO FOI DECIDIDO NA AÇÃO DOS BAILES. FICOU AP E ACP, DIVERSAS

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