Buscar

Introdução a psicologia da educação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Psicologia da Educação
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Renan de Almeida Sargiani
Revisão Textual:
Profa. Dra. Selma Aparecida Cesarin
Introdução à Psicologia da Educação
• Qual a Importância da Psicologia para a Educação?
• Conceituação da Psicologia da Educação
• Bases Históricas e Epistemológicas da Psicologia da Educação
• Abordagens Contemporâneas da Psicologia da Educação
• Psicologia, Neurociências e Educação no Século XXI
 · Introduzir o estudo ao campo da Psicologia da Educação, como uma 
disciplina ponte entre a Psicologia e a Educação, apresentando suas 
bases históricas e epistemológicas, bem como as suas principais abor-
dagens e tendências contemporâneas.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Introdução à Psicologia da Educação
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Qual a Importância da Psicologia 
para a Educação?
Quando falamos em Psicologia, talvez a primeira ideia que lhe venha à cabeça 
seja a imagem de um senhor barbudo sentado em uma grande poltrona e atendendo 
uma pessoa deitada em um divã, certo?
Então, quando falamos em Psicologia da 
Educação, talvez para algumas pessoas surja 
também a ideia de que nós pretendemos ana-
lisar crianças deitadas em um divã na Escola.
Mas será que é isso mesmo?
É claro que não!
Essa primeira imagem da Psicologia a qual 
nos referimos foi estereotipada socialmente 
com base no famoso método psicanalítico de 
Sigmund Freud (1856-1939), mas pouco tem 
a ver com a realidade do que é a Psicologia.
Pouco tem a ver porque, de fato, a Psica-
nálise já utilizou muito os divãs e alguns tera-
peutas até podem fazer uso atualmente, mas 
isso não equivale a dizer que todos os psicólo-
gos são exatamente assim.
Figura 1 – Sigmund Freud
Fonte: Wikimedia Commons
Importante!
É bom lembrar que Psicanálise é uma coisa e Psicologia é outra. A Psicanálise é uma 
teoria e um método terapêutico criado por Sigmund Freud, e a Psicologia é uma Ciência 
muito mais ampla, que também considera a teoria psicanalítica entre seus estudos, 
utilizando para isso o termo abordagem psicodinâmica.
Importante!
Além disso, essa imagem dos psicólogos com divãs carrega consigo uma 
crença implícita de que a Psicologia está relacionada apenas à área da Saúde, 
principalmente à Saúde Mental, o que também é um grande mito.
Na realidade, a Psicologia é uma Ciência muito mais ampla, que contribui 
não apenas com a área da Saúde, mas também com outras esferas de nossa 
vida, como a Educação, o Trabalho, os Esportes, a Sociedade e a Política, entre 
outras possibilidades.
8
9
A verdade é que em uma das definições possíveis da Psicologia, podemos 
considerar que ela é a Ciência que estuda a mente e o comportamento, tanto 
em animais, quanto em seres humanos. Por essa razão, os Psicólogos estão 
interessados em todos os fenômenos psicológicos que envolvem as ações e as 
relações humanas.
Assim, a Educação é um campo muito especial para a Psicologia, já que envolve 
temas muito importantes para a Ciência Psicológica, como, por exemplo, a 
aprendizagem, o desenvolvimento, a mente, o cérebro, a cognição, a motivação, a 
memória e os relacionamentos interpessoais.
Como você pode notar, estamos nos referindo aqui à Psicologia como Ciência 
e não àquela que vem do Senso Comum, do uso cotidiano do que também 
chamamos de Psicologia. Por exemplo, quando falamos que alguém vende bem 
seus produtos porque usa psicologia ou convence alguém porque tem psicologia, 
estamos nos referindo a um conhecimento psicológico do senso comum, não o 
mesmo conhecimento da Psicologia Científica.
Quando falamos de Psicologia como Ciência, nós estamos nos referindo a um 
conhecimento sistemático, produzido por meio de pesquisas que usam o método 
científico. Estamos falando de uma área do conhecimento científico que tem seu 
início no final do século XIX, quando foi possível delimitar mais claramente seu 
objeto e seu campo de estudo.
A Psicologia da qual estamos falando é uma Ciência que investiga o 
comportamento humano e as suas relações com o ambiente em que vivemos, 
considerando a história e a cultura em que vivemos. Uma Ciência que compreende 
o homem como um ser Biológico, Psicológico e Social, criando, assim, uma visão 
mais integradora e completa do homem.
Mas afinal, qual a importância dessa Psicologia Científica para a Educação?
Para essa questão podemos obter inúmeras respostas. Você mesmo certamente 
pode ter suas próprias respostas, que serão complementadas pelas nossas. Como a 
área de atuação da Psicologia é muito extensa, ela fornece inúmeros conhecimentos, 
que se relacionam direta ou indiretamente com a Educação.
Vamos pensar um pouco!
Você acha que todos nós aprendemos da mesma forma? O tempo que levamos 
para aprender algo é o mesmo para todos? Temos um limite para aprender, ou 
podemos aprender tudo? O ambiente em que estamos tem influência em nossa 
aprendizagem? O que nos motiva a conhecer? As pessoas nascem inteligentes ou 
se tornam inteligentes?
São tantos os questionamentos que temos quando pensamos em Educação que, 
certamente, a Psicologia poderá nos auxiliar nas respostas, mostrando como essa 
Ciência é importante para entendermos melhor a relação ensino-aprendizagem, 
fenômeno fundamental para a Educação.
9
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Importante!
Na área de Educação, é comum utilizar o termo “processo de ensino-aprendizagem” para 
se referir à interação e indissociabilidade entre ensino e aprendizagem. Educadores como 
Paulo Freire acreditam que não existe ensino sem aprendizagem; todavia, não é sempre 
que alguém ensina que o outro aprende, como também nem sempre é necessário que 
alguém ensine para que exista aprendizagem; são processos separados, que obviamente 
se influenciam e estão intimamente relacionados. Assim, para a Psicologia da Educação, 
embora alguns teóricos também optem pelo uso desse mesmo binômio, muitos outros 
preferem utilizar os termos separadamente,ou seja, “processo de ensino” e “processo 
de aprendizagem”. Essa opção facilita a operacionalização dos conceitos para fins de 
pesquisa e também permite melhor compreensão de cada processo, já que uma pessoa 
é responsável pelo ensino, enquanto outra é responsável pela aprendizagem. Você pode 
optar por qualquer opção, já que ambas as formas são apropriadas, mas partem de 
perspectivas teóricas distintas. Contudo, como se trata de uma Disciplina da Psicologia 
da Educação, nós optamos por separar os processos e utilizar o termo “relação ensino-
aprendizagem” para quando tratarmos dos dois conceitos em conjunto.
Trocando ideias...
Além da relação ensino-aprendizagem, a Psicologia como Ciência pode, tam-
bém, contribuir para melhor compreensão do fenômeno educacional quando am-
pliamos nosso objeto de estudo e focarmos as relações humanas.
Partindo da premissa que aprendemos com o outro e que as interações com 
o ambiente que nos cerca influenciam a nossa aprendizagem, encontraremos na 
Escola um espaço que propicia as relações humanas.
A Escola é lugar privilegiado de relacionamentos e interações. Nela temos nossos 
amigos, lá brincamos, conversamos, fazemos novos vínculos com professores, com 
as pessoas que lá trabalham com ou colegas da turma.
Para os professores, a Escola também é um espaço de relacionamentos e 
interações, com as crianças, com outros professores, com coordenadores, gestores, 
pais e demais funcionários.
Quando focamos as relações humanas, não podemos deixar de considerar a 
afetividade pertinente às relações entre as pessoas. Os vínculos que criamos com 
outras pessoas são carregados de afetividade, de sentimentos e de significados 
particulares que vamos construindo, na medida em que convivemos com as pessoas 
frequentadoras da Escola.
Como podemos notar, a Psicologia pode contribuir com a Educação de maneira 
sistemática, exercendo um importante papel na Educação, seja no que se refere à 
aprendizagem, ensino, afetividade, seja nas relações humanas.
Davis e Oliveira argumentam sobre o tema e podem ajudar a nossa reflexão:
O papel da Psicologia é investigar as modificações que ocorrem nos 
processos envolvidos na relação do indivíduo com o mundo (cognitivos, 
emocionais, afetivos etc.), analisando os seus mecanismos básicos. Para 
10
11
realizar sua proposta, a Psicologia interage com outras ciências tais 
como a Medicina, a Biologia, a Filosofia, a Genética, a Antropologia, a 
Sociologia, além da Pedagogia (DAVIS & OLIVEIRA, 1994, p.17).
As autoras demonstram a importância de um olhar plural sobre a Educação. 
Apontam para um entendimento mais completo e complexo sobre o fenômeno 
Educação, entendendo os indivíduos do ponto de vista cognitivo, emocional e 
afetivo, objetos de estudo da Psicologia.
A Psicologia, como Ciência, contribui para o estudo da Educação, da Psicologia 
da Educação, da Psicopedagogia e da Psicologia do Desenvolvimento, que são 
áreas de conhecimento que convergem seus interesses e investigações sobre os 
processos de ensino e de aprendizagem ou tudo que se relaciona à problemática 
educativa e escolar.
A aprendizagem é um fenômeno fundamental para a sociedade, tanto que 
criamos espaços e contextos especificamente educativos, que chamamos de Escola, 
para tornar a Educação mais eficiente e eficaz. A Psicologia da Educação busca 
contribuir para que a Educação seja cada vez mais eficiente e eficaz.
Nesta primeira unidade, discutiremos como a Psicologia e a Educação foram 
estreitando laços desde o final do século XIX, possibilitando o desenvolvimento do 
que hoje denominamos Psicologia da Educação e que será o tema desta Disciplina.
Ao longo desta Unidade iremos, conhecer um pouco melhor o que é e como 
se construiu a Psicologia da Educação e quais são as contribuições mais recentes, 
fruto de anos de pesquisa científica, para as práticas de ensino.
Conceituação da Psicologia da Educação
Definir a Psicologia da Educação pode parecer uma tarefa simples num primeiro 
momento. Entretanto, ao realizar essa conceituação, logo fica evidente que se trata 
de algo complexo, polêmico e de difícil consenso.
Como bem discute Coll (2004), não há dúvidas de que a Psicologia pode 
contribuir muito para a Educação, e essa é justamente a origem da Psicologia 
da Educação: a crença de que ao aplicar os princípios, explicações e achados da 
Psicologia Científica às teorias e às práticas educativas, isso pode beneficiar – e 
muito – a Educação.
Contudo, isso também é motivo de grande desacordo entre muitos especialistas, 
que consideram que uma pura aplicação ou transposição seria equivalente a dizer 
que a Psicologia é superior à Educação ou que esta está subordinada àquela.
Por essa razão, um termo pouco usado hoje em dia é Psicologia aplicada à 
Educação, no qual ficava patente a ideia de que se tratava de uma transposição 
direta dos conhecimentos da Psicologia para a Educação.
11
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Essa visão da Psicologia da Educação como uma Engenharia psicológica aplicada 
à Educação foi preponderante durante a primeira metade do século XX, pelo menos 
até o final dos anos 1950, com base na crença inabalável de que a nova psicologia 
científica seria a disciplina ”mestra” ou a “rainha das Ciências da Educação”.
Essa história começa a se modificar nos anos 1960, quando ocorrem mudanças 
significativas nesse protagonismo absoluto da Psicologia da Educação e começa 
um processo de reconhecimento da necessidade da multidisciplinaridade, do 
compartilhamento do espaço e do reconhecimento da importância de outras 
Ciências Sociais e da Educação para os fenômenos educacionais.
Assim, a Psicologia da Educação passa por uma vasta revisão de seus pressupostos 
básicos, de suas teorias e de suas maneiras de abordar as questões e problemas 
educacionais, discutindo, também, o seu alcance e as suas limitações. Começam a 
surgir, assim, novas formas de entender a Psicologia da Educação.
Entre essas alternativas que surgiram temos, por exemplo, a proposta do termo 
“Psicologia na Educação” (ver Davis & Oliveira, 1994), dando a ideia de que não 
se tratava de uma transposição direta, mas sim das contribuições da Psicologia 
Científica, que na Educação se modificavam para incorporar as necessidades e os 
conhecimentos próprios do campo educacional.
Outra possibilidade mais consensual é o termo Psicologia Educacional, mais 
utilizado em inglês, e que equivale ao termo Psicologia da Educação, mais comum 
no Brasil.
Outros teóricos, como aponta Coll (1996), discutem também que o termo 
Psicologia da Educação seria apenas uma espécie de etiqueta que serviria para 
designar o conjunto de explicações e princípios psicológicos que são pertinentes e 
relevantes para a Educação e para o ensino, não se configurando como uma área 
do conhecimento própria, mas sim como um conjunto selecionado de contribuições 
de outras áreas da Psicologia, como a Psicologia da Aprendizagem, a Psicologia do 
Ensino, a Psicologia do Desenvolvimento e a Psicologia da Motivação.
Dessa forma, a Psicologia da Educação, por si só, não seria uma área do 
conhecimento ou uma Disciplina formal, mas tão somente o nome dado ao 
conjunto de teorias e evidências de áreas da Psicologia que são importantes para 
a Educação.
No entanto, para Coll (1996; 2004), a Psicologia da Educação, atualmente, já 
reúne elementos suficientes para ser considerada Disciplina própria, área específica 
do conhecimento, pois não se limita a apenas transpor da Psicologia para a 
Educação, mas sim faz contribuições originais, considerando tanto os princípios 
psicológicos quanto as características dos processos educativos.
Para Coll (2004) a Psicologia da Educação é uma Disciplina própria, pois possui:
1. Programa de pesquisas que objetiva estudar os processos psicológicos en-
volvidos nos processos educativos;
12
132. Objetivos próprios que se configuram pela ideia de que os métodos e os 
procedimentos da Psicologia podem beneficiar os processos educativos;
3. Conteúdos próprios, ou seja, teorias, hipóteses, métodos e evidências 
oriundas de estudos conduzidos pela própria Psicologia da Educação.
Nesta Disciplina, tomaremos a posição de Coll (2004), adotando uma perspectiva 
da Psicologia da Educação o mais integradora possível, respeitando a diversidade 
e a disparidade de opiniões, conceituações e proposições acerca da Psicologia da 
Educação, de seus objetivos e campo de atuação.
Buscaremos demonstrar a sua especificidade como campo autônomo do 
conhecimento, com objeto e métodos de estudo próprios e como se relaciona com 
outras áreas do conhecimento psicológico e educativo.
Dessa maneira, definiremos Psicologia da Educação, não como uma área da 
Psicologia, nem como uma disciplina da Educação, mas sim, como uma disciplina-
ponte entre Psicologia e Educação.
Isso significa que ela não se identifica exclusivamente nem com as Disciplinas 
psicológicas, nem com as educativas, mas sim como Disciplina intermediária, que 
participa ao mesmo tempo de ambas, tornando-se, assim, uma nova Disciplina, que 
também se comunica e contribui para ambas as áreas.
Importante!
A Psicologia da Educação é uma disciplina-ponte entre a Psicologia e a Educação, 
que objetiva estudar cientifi camente os processos de ensino e de aprendizagem em 
contextos educacionais, sejam eles formais (na Escola) ou informais (fora da Escola).
Importante!
Como Disciplina psicológica, a Psicologia da Educação se beneficia das preocu-
pações, métodos e explicações que também são comuns a outras áreas da Psico-
logia Científica.
Como disciplina educativa, ela se junta à Didática e à Sociologia da Educação 
para formar o núcleo das Ciências, cuja finalidade é estudar os processos educativos.
Nas palavras de Coll (1996), o objeto de estudos da Psicologia da Educação são 
“os processos de mudança comportamental provocados ou induzidos nas pessoas, 
como resultado de sua participação em atividades educativas” (p.18).
Em outras palavras, podemos dizer que a Psicologia da Educação é o estudo 
científico dos componentes psicológicos da aprendizagem e do ensino.
Considerando que a Educação é um fenômeno extraordinariamente complexo e 
que exige aproximação multidisciplinar, a contribuição da Psicologia da Educação 
consiste, principalmente, na análise dos processos de mudança que experimentam 
os participantes no ato educativo (sejam alunos ou professores), de sua natureza e 
características, dos fatores que facilitam ou dificultam a aprendizagem e o ensino.
13
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Em síntese, a Psicologia da Educação se ocupa de dois grandes blocos de objeti-
vos: a) os relativos ao processo de mudança comportamental dos aprendizes e b) os 
relativos aos fatores ou variáveis das situações educativas, direta ou indiretamente 
responsáveis pelos processos de mudança.
Os primeiros incluem os processos de aprendizagem, desenvolvimento e 
socialização, e os segundos incluem fatores intrapessoais ou internos ao aluno ou 
fatores ambientais, interpessoais e próprios da situação educacional.
Quando falamos em Educação, logo pensamos em Escolas e, por conseguinte, 
pensamos em crianças. Mas a Psicologia da Educação não se resume ao estudo da 
aprendizagem de crianças e muito menos de crianças em Escolas. A Psicologia da 
Educação abarca tanto a aprendizagem infantil quanto a de adolescentes e adultos. 
Além disso, também se ocupa dos estudos sobre a aprendizagem em ambientes 
formais e informais, como nas escolas, famílias, comunidades etc.
Nós dissemos que a Psicologia da Educação é a Ciência que estuda a aprendizagem, certo? 
Essa é uma Disciplina de Graduação ministrada em ambientes virtuais. Portanto, nós 
estamos em outro contexto de Educação. Será que a Psicologia da Educação pode estudar 
isso? E de que forma seria? Como a Psicologia da Educação poderia colaborar com a Educação 
em Ambientes Virtuais? Pense sobre isso; se precisar pode pesquisar sobre Psicologia da 
Educação e aprendizagem em Ambientes Virtuais.
Ex
pl
or
Nós aprendemos o tempo todo, desde que nascemos até a hora de nossa morte. 
Não aprendemos apenas na Escola. Por essa razão, a Psicologia da Educação 
estuda a aprendizagem em quaisquer situações, seja na Escola com crianças ou 
adolescentes, em ONGs, abrigos, em casa e em outras situações menos estruturadas.
Além disso, psicólogos educacionais estão envolvidos na preparação e 
na avaliação de materiais didáticos, programas educativos de TV e de jogos e 
brinquedos educativos. Eles também estão envolvidos em pesquisas educacionais e 
até mesmo em Políticas Públicas de Educação.
Como já dissemos, existem muitas formas de entender a Psicologia da Educação, 
e podemos chamar essas diferentes formas de abordagens ou perspectivas.
Ao longo da história, essas perspectivas foram se modificando, e como lembra 
Carrara (2004), em alguns momentos históricos, apenas uma ou outra abordagem 
dominou, seja pelo prestígio alcançado, seja por preferências, às vezes, incluindo 
até mesmo modismos.
Nós acreditamos que é essencial que você conheça as diferentes possibilidades 
de se olhar para os processos psicológicos e fenômenos educacionais. Isso 
fortalecerá a sua formação e possibilitará a você desenvolver um olhar mais crítico 
e fundamentado para discutir os processos educacionais e melhorar as suas práticas 
profissionais.
14
15
Dessa forma, ao longo desta e das próximas Unidades, iremos discutir as dife-
rentes formas de se entender os processos psicoeducacionais.
Nesta Unidade, iremos seguir agora com um breve histórico de como a Psicologia 
da Educação se constituiu em paralelo ao avanço da Psicologia Científica, dando 
origem a algumas abordagens contemporâneas da Psicologia da Educação, que 
serão discutidas em profundidade também nas próximas Unidades.
Bases Históricas e Epistemológicas 
da Psicologia da Educação
Atualmente, pode nos parecer óbvio que para ensinar alguém é preciso, antes 
de tudo conhecer, ainda que minimamente, pelo menos algumas características 
de nosso aprendiz. É preciso saber a sua idade, seus conhecimentos prévios, suas 
principais habilidades e dificuldades. É preciso, também, planejar as atividades, a 
ordem e a forma de apresentação dessas atividades, com o objetivo de melhorar a 
aprendizagem. Entretanto, isso nem sempre foi assim.
Podemos traçar as origens das ideias que viriam a fundamentar a Psicologia da 
Educação desde os antigos gregos, como Platão e Aristóteles que, embora não 
tivessem o intuito de criar uma Psicologia da Educação, refletiam sobre problemas 
como as diferenças individuais, as avaliações de aprendizagem, a resolução de pro-
blemas, a transferência de aprendizagem e a natureza do que deveria ser ensinado.
Todos esses são tópicos são cruciais e ainda atuais para a Educação e envolvem 
aspectos do psiquismo humano, portanto, da Psicologia.
Aristóteles, por exemplo, discutiu os fenômenos de associação e estudou os 
processos de memorização e aprendizagem.
Existe, atualmente, no Brasil grande crítica à memória e à memorização no campo da 
Educação, principalmente por críticas a métodos antigos de memorização, ditos mecanicistas. 
Todavia, não existe aprendizagem sem memorização; a memória é fundamental para 
qualquer processo de aprendizagem.
https://youtu.be/aG3xBR2YFZ0
Ex
pl
or
Diversos outros pensadores também pensaram e escreveram sobre a Educação 
nos séculos seguintes, com destaque para Johan Herbart (1776-1841), que é 
considerado por alguns como um dos pais da Psicologia Educacional.
Para ele, a Filosofia Moral deveria indicar à Pedagogia os objetivos a serem 
alcançados na Educação, enquanto a Psicologia deveria procurar os meios 
apropriados para isso.
15UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Evidente que essa Psicologia à qual ele se referia ainda era a do campo da 
Filosofia, e não a Psicologia Científica, que só surgiria no final do século XIX.
A Psicologia da Educação com base científica tal qual estamos estudando nesta 
Disciplina surge somente mais tarde.
Podemos considerar como marco histórico da criação da Psicologia da Educação 
o ano de 1903, devido à publicação do primeiro livro intitulado Educational 
Psychology (Psicologia Educacional), de Edward L. Thorndike (1874-1949).
Assim, como se pode perceber, o campo da Psicologia da Educação é relativamen-
te recente, tem pouco mais de cem anos, e tem crescido com mais intensidade nos 
últimos 40 anos. Mas vale lembrar que a Psicologia também é uma Ciência recente.
Figura 2 – E. L. Thorndike, Johan Herbat e W. Wundt
Fonte: Wikimedia Commons
A Psicologia ganhou o status de Ciência a partir dos estudos de Wilhem Wundt 
(1823-1926) quando ele criou, na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o 
primeiro laboratório de Psicologia, para fazer experimentos na área da Psicofísica.
Os primeiros trabalhos de Wundt e seus colaboradores avaliavam processos 
psicológicos básicos como as sensações, percepções, sentimentos e emoções e se 
davam por meio do método de “introspecção”. Esse método e termo foram criados 
por ele próprio.
O método consistia em treinar os sujeitos para realizar a auto-observação de suas 
sensações e experiências pessoais e narrar ao pesquisador com a maior quantidade 
de detalhes possíveis.
A partir de seus experimentos, Wundt construiu vasta produção teórica acerca 
da Psicologia e definiu a consciência como o objeto de estudo da Psicologia, 
afastando a ideia de Psicologia como estudo da alma e aproximando a possibilidade 
de entendermos a Psicologia como Ciência.
A influência de Wundt marcou a constituição da Psicologia como Ciência, 
fazendo com que ele fosse considerado pai da Psicologia Moderna ou Científica.
16
17
A Psicologia Científica teve e tem diferentes abordagens desde Wundt, o que 
também se denomina escolas psicológicas. Ele influenciou mais diretamente as três 
primeiras escolas, que são: o Estruturalismo, o Funcionalismo e o Associacionismo.
A Psicologia já foi entendida como o estudo da alma, devido à origem etimológica 
do termo, em que Psico = psyché equivale à alma, mente, espírito em grego e logos 
é estudo. A Psicologia que nasce como o estudo da alma, a partir dos estudos de 
grandes fi lósofos, passa a ser uma Ciência “sem alma” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 
2009, p.43), no sentido de que os psicólogos, como cientistas, rejeitam a ideia de 
alma e passam a investigar os fenômenos mentais em laboratórios, por meio de 
experimentos de observação e medição.
O Estruturalismo, cujo principal expoente foi seu criador, Edward Titchener 
(1867-1927), buscava, nos EUA, determinar o que era a consciência, ou seja, 
quais as estruturas componentes da consciência.
Essa Escola sofria forte oposição da outra escola, também americana, 
denominada Funcionalismo, cujos líderes eram William James (1842-1910) e John 
Dewey (1859-1952).
Os funcionalistas estavam interessados na função da consciência, e não em 
sua estrutura. Eles queriam investigar para que servia a consciência e seus pro-
cessos básicos.
Essas duas escolas não sobreviveram a seus criadores, embora tenham sido 
importantes no desenvolvimento da Psicologia nos EUA. William James é conside-
rado o pai da Psicologia nos EUA e fez muitas contribuições pioneiras para a Edu-
cação, como uma série de palestras sobre Psicologia para professores, que foram 
posteriormente reunidas em um livro influente, no começo do século XX.
John Dewey também deu significativas contribuições para a Educação. Ele de-
fendia uma educação mais progressista e acreditava que as Escolas deveriam focar 
mais nos alunos do que nos assuntos e nas Disciplinas, defendia uma aprendiza-
gem ativa e acreditava que os alunos deveriam “colocar a mão na massa”, isso é, 
ele acreditava que experienciar as coisas era uma importante parte dos processos 
de aprendizagem.
No Brasil, as ideias de Dewey influenciaram muito o movimento Escola Novista. 
O pedagogo brasileiro Lourenço Filho, por exemplo, era adepto das ideias de 
Dewey e foi precursor da Psicologia no Brasil, participando da criação de muitos 
laboratórios de Psicologia nas Escolas de Magistério e criando o famoso Teste ABC 
para avaliar a prontidão para Leitura.
Para saber mais sobre a história da Psicologia da Educação no Brasil leia: ANTUNES, M. A. M. 
Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas. Psicol. Esc. Educ. 
(Impr.), Campinas, v.12, n.2, p.469-475, dez. 2008.
https://goo.gl/tDa5xl
Ex
pl
or
17
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
De fato, quando a Psicologia Científica começou a dar seus primeiros passos, 
as expectativas de que o desenvolvimento dessa nova e promissora Ciência 
proporcionariam à Teoria da Educação deram impulso definitivo para que os 
psicólogos abordassem problemas educacionais.
Como lembra Coll (1996), Edward L. Thorndike (1874-1949) foi um dos primei-
ros psicólogos a propor as bases da relação entre a Psicologia e a Educação e, como 
já mencionamos, é dele o primeiro livro intitulado Psicologia Educacional, de 1903.
Thorndike insistia na necessidade de fundamentar as propostas educativas com 
base nos resultados da pesquisa psicológica de natureza experimental e aconselhava 
a desconfiar sistematicamente das opiniões pedagógicas que não tivessem essa base.
Ele formulou uma teoria psicológica voltada para a aprendizagem denominada 
Associacionismo, que é considerada a terceira Escola de Psicologia.
Os associacionistas partem do princípio de que a aprendizagem se estabelece 
a partir da associação de ideias. Aprendemos do simples para o complexo, ou 
seja, aprendemos as ideias mais complexas quando elas estão associadas a ideias 
mais simples.
Thorndike formulou a primeira sistematização sobre a aprendizagem, unindo 
definitivamente estas duas áreas do conhecimento: a Psicologia e a Educação:
Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para 
a Psicologia Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo o 
comportamento de um organismo vivo (um homem, um pombo, um rato 
etc.) tende a se repetir se nós o recompensamos (efeito), assim que ele o 
emitir. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o 
organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência. E pela lei do Efeito, 
o organismo irá associar essas situações com outras semelhantes (BOCK; 
FURTADO & TEIXEIRA, 2009, p.35).
No mesmo período, na Suíça, também temos a contribuição de Edouard 
Claparède (1873-1940), que é um dos maiores nomes em Educação e Psicologia 
do Desenvolvimento, e acreditava que a Psicologia deveria desempenhar um papel 
de primeira ordem na elaboração de uma Pedagogia Científica.
Claparède conduziu seminários de Psicologia Pedagógica para instruir professores 
sobre os métodos da Psicologia Experimental e da Psicologia da Criança. Além 
disso, criou, em 1912, o Instituto de Pesquisa Psicológica e Educativa Jean-Jacques 
Rousseau que, mais tarde, seria presidido pelo famoso biólogo e epistemólogo 
suíço Jean Piaget (1896-1980).
No mesmo período, Alfred Binet (1857-1911), um psicólogo francês, construía 
o primeiro teste de inteligência, o famoso teste de Q.I. (Quociente de Inteligência), 
que era uma forma de usar testes psicológicos para selecionar alunos para as poucas 
vagas nas escolas francesas. Os testes serviam para ajudar o governo francês a 
18
19
identificar as crianças que tinham atrasos no desenvolvimento e criar programas 
especiais de Educação e, sem dúvida, impulsionaram muito o campo da avaliação 
psicológica e da Psicologia da Educação.
A Psicologia da Educação do começo do século XX se baseava,essencialmente, 
em três áreas que vinham se desenvolvendo muito rapidamente: a Psicologia da 
Criança, a Psicologia da Aprendizagem e a Psicologia das Diferenças Individuais.
A Convicção da época é que a Psicologia da Educação permitiria fazer com que 
a Pedagogia alcançasse definitivamente o estatuto de cientificidade. Até a década 
de 1950, a definição de Psicologia da Educação não era muito clara e precisa, 
embora a área já tivesse grande reconhecimento e prestígio.
Durante os anos 1950, segundo Coll (2004), começam as discussões mais 
importantes sobre as contradições e as dificuldades em abarcar e integrar os 
conhecimentos produzidos pelas diferentes escolas da Psicologia Científica, o que 
gerava dúvidas sobre a sua aplicabilidade no campo da Educação.
Além disso, outras Ciências da Educação, principalmente a Sociologia da 
Educação, a Economia da Educação, a Educação Comparada e o Planejamento 
Educativo, começaram a surgir nesse período e colocar em destaque a insuficiência 
e a limitação da Psicologia da Educação para uma compreensão global dos 
fenômenos educativos. Somadas a isso, as mudanças políticas e econômicas e as 
disputas tecnológicas com a Guerra Fria também impulsionaram os investimentos 
em Ciências da Educação e a Psicologia da Educação também passou a receber 
mais investimentos devido à sua posição privilegiada historicamente, fazendo com 
que novas teorias e formas de entender essa área fossem surgindo.
Um desses novos teóricos que contribuiu muito para a Educação foi B. F. Skinner 
(1904-1990), que ampliou os pressupostos do Associacionismo de Thorndike sobre 
a Lei do Efeito, e a escola psicológica denominada Behaviorismo Metodológico, de 
John B. Watson (1878-1958), criando uma nova escola denominada Behaviorismo 
Radical, Análise do Comportamento Aplicada ou Psicologia Comportamental.
A proposta dos behavioristas é centrar a atenção nas interações entre organismos 
e ambientes, sem a necessidade do uso de termos mentais. Os behavioristas 
analisam as relações funcionais entre estímulos, respostas (comportamentos) e 
consequências, que guiam todos os comportamentos. O foco dos behavioristas, 
portanto, é a aprendizagem e os métodos de ensino.
Skinner formula em sua teoria o conceito de Condicionamento Operante, que 
pressupõe a possibilidade de manipular comportamentos humanos, na busca de 
um comportamento esperado, a partir do controle das contingências.
A Psicologia de Skinner influenciou fortemente a Educação a partir da segunda 
metade do século XX, e será discutida mais aprofundadamente posteriormente.
Outra importante Escola de Psicologia que contribuiu com a Educação do ponto 
de vista dos processos de aprendizagem é a Psicologia da Gestalt, ou Gestaltismo. 
19
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Essa Escola teve como um de seus fundadores o psicólogo Max Wertheimer 
(1880-1943). Diferente do Behaviorismo, essa concepção psicológica compreende 
que nossa percepção sobre as coisas depende das condições ambientais em que 
acontecem e, principalmente, como interpretamos o conteúdo percebido.
Para Gestalt (que quer dizer Forma, em alemão), a aprendizagem é gerada a 
partir de como configuramos os estímulos: importa o como percebemos e como 
estruturamos nosso campo perceptivo.
Assim, a Gestalt foca seu olhar no ser que aprende, o aluno, e não mais nos 
métodos de ensino, como preconizava o Behaviorismo.
A Psicologia da Educação, a partir dos anos 1960, passa a aceitar a necessidade 
de mudar sua proposta de análise dos fenômenos educacionais e de adotar uma 
perspectiva multidisciplinar, incluindo e reconhecendo a importância de outras 
Ciências da Educação. Muitas mudanças graduais e significativas ocorrem nesse 
período e áreas temáticas clássicas como aprendizagem como um conceito geral, 
medidas das diferenças individuais, crescimento e desenvolvimento humano perdem 
espaço para o estudo da aprendizagem das matérias escolares específicas e dos 
fatores que incidem sobre ele. As grandes teorias gerais começam a ceder espaço 
às teorias menores, que explicam fenômenos específicos.
Além disso, surge uma nova abordagem da Psicologia Científica, que ganha 
força a partir dos anos 1950, a chamada Psicologia Cognitiva, que não pode ser 
considerada propriamente uma Escola, já que seus fundadores a definiram como 
uma revolução, que objetivava superar os limites do Behaviorismo, que era a escola 
dominante da época.
Os Psicólogos Cognitivos enfatizavam a necessidade do retorno ao estudo dos 
processos mentais na explicação do comportamento humano. Para isso, eles 
combinavam os estudos de neuropsicologia, da Psicologia da Gestalt, de inteligência 
artificial, dos estudos de Piaget e dos inovadores modelos computacionais, com o 
rigor dos estudos e métodos behavioristas.
Dessa forma, a Psicologia Cognitiva ganhou rapidamente adeptos e cresceu 
com contribuições que mudaram a forma de entender a aprendizagem e o ensino, 
resgatando o estudo da mente e dos processos mentais como pensamento, 
linguagem, memória e atenção.
Com isso, a Psicologia da Educação passa a cada vez mais à analise de tarefas e 
situações que fazem parte do currículo escolar, na medida em que foi adotando uma 
perspectiva cognitiva nos estudo dos processos de aprendizagem escolar.
Encontramos, ainda, como importante concepção da Psicologia sobre a Educa-
ção, a abordagem humanista e não diretiva da Psicologia em relação à Educação.
Preconizada por Carl Rogers (1902-1987), essa abordagem percebe a Educação 
como um fenômeno complexo. Rogers desenvolve uma teoria da aprendizagem 
na qual a Educação seja centrada na pessoa; essa exigência requer mudanças 
estruturais na instituição escolar, em que a figura do professor é central.
20
21
A Educação e a Escola devem criar condições para facilitar a aprendizagem 
do aluno, impulsionando-o para a autoaprendizagem e para a autonomia. Nessa 
concepção, portanto, o foco está sempre no aluno e o professor é apenas um 
facilitador da aprendizagem.
Desde os anos 1970, muitas abordagens e teorias foram criadas na Psicologia, 
com reflexos na Psicologia da Educação que, por sua vez, também criou suas 
próprias teorias e abordagens. Contudo, grandes Escolas de Psicologia, como o 
Behaviorismo e o Cognitivismo, permanecem sendo as duas maiores e mais fortes 
influências na Psicologia da Educação contemporânea.
Abordagens Contemporâneas 
da Psicologia da Educação
Atualmente, pode-se dizer que a Psicologia da Educação é composta por seis 
diferentes abordagens ou perspectivas que reúnem as principais contribuições 
teóricas já mencionadas, como apresentamos a seguir:
Abordagem Desenvolvimental
A Abordagem Desenvolvimental parte da ideia de que ao entender como as 
crianças pensam em diferentes estágios de desenvolvimento, pode-se entender o que 
as crianças são capazes de fazer e aprender em cada ponto de seu desenvolvimento. 
Isso pode ajudar a criar métodos de ensino e materiais mais apropriados para 
determinadas faixas etárias. Como representantes dessa abordagem, podemos 
considerar Jean Piaget e os seus famosos estágios do desenvolvimento cognitivo.
Abordagem Comportamental
A Abordagem Comportamental foca em como as pessoas aprendem e como se 
pode melhorar o ensino. Não por acaso, essa abordagem ganhou muita notoriedade 
na segunda metade do século XX, e é amplamente utilizada ainda hoje. Seu maior 
expoente é B. F. Skinner, com seus trabalhos sobre o Condicionamento Operante, 
a Tecnologia de Ensino e o papel de reforçamentos na Educação.
Abordagem Cognitiva
A Abordagem Cognitiva centra-se na compreensão de como as pessoas pensam, 
aprendem, lembram e processam informações; por isso, também é chamada de 
abordagem do processamento de informações. Embora Piaget e Vygotsky trabalhem 
com a ideia de desenvolvimento cognitivo, eles não devem ser classificados nessa 
Abordagem,que é mais recente e parte das ideias da Psicologia Cognitiva, surgida 
no final dos anos 1950. David Ausubel é um dos representantes dessa Abordagem 
com a Teoria da Aprendizagem Significativa.
21
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Abordagem Construtivista
A Abordagem Construtivista é uma das mais recentes teorias de aprendizagem, 
que enfoca como as crianças constroem ativamente seu conhecimento do mundo. 
Essa perspectiva é fortemente influenciada pelo trabalho do psicólogo russo Lev 
Vygotsky, que propôs ideias como a zona de desenvolvimento proximal. Piaget 
também é frequentemente classificado como um construtivista e inclusive foi um 
pioneiro em dizer que as crianças constroem o conhecimento de forma particular. 
Veja que classificar um autor em uma ou outra Abordagem é uma tarefa difícil e 
nem sempre precisa, já que os autores podem ser classificados em mais de uma 
Abordagem, de acordo com os critérios utilizados.
Abordagem Humanista
A Abordagem Humanista têm menor expressão entre todas as demais abor-
dagens, atualmente, pois, hoje em dia, a maioria de suas ideias estão diluídas nas 
outras abordagens. A característica essencial dessa Abordagem é o foco no aluno, 
na motivação para aprender e no respeito à individualidade, características que 
podem ser identificadas, por exemplo, nas abordagens construtivistas, cognitivistas 
e comportamentais também. Destaca-se a Teoria de Ensino, de Carl Rogers, e a 
Teoria da Motivação, de Abraham Maslow.
Abordagem Psicodinâmica
Denominamos Abordagem Psicodinâmica as teorias baseadas no método psica-
nalítico, como, por exemplo, Sigmund Freud, Jacques Lacan e Erik Erikson. Essas te-
orias, em geral, são mais relacionadas ao desenvolvimento humano do que propria-
mente à Educação; entretanto, também são estudadas por psicólogos da Educação.
Psicologia, Neurociências e 
Educação no Século XXI
No século XXI, não há duvidas de que a Educação é uma prioridade para o 
pleno desenvolvimento de sociedades democráticas mais igualitárias. É por meio da 
Educação que somos capazes de possibilitar profundas transformações sociais, ou 
seja, melhorar as condições de vida das pessoas, o que inclui o acesso igualitário às 
Tecnologias desenvolvidas ao longo da História da Humanidade.
O ganhador do prêmio Nobel da Paz, Nelson Mandela (2003), resumiu bem 
essa ideia da importância da Educação em uma conferência em que disse que: “A 
educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.”
De fato, se você parar para pensar, a Educação é o modo mais concreto de 
possibilidade de transformação social. Não por acaso, na História da Humanidade, 
foram desenvolvidos diferentes modos de educar as pessoas, de transmitir os 
conhecimentos historicamente produzidos pela Humanidade.
22
23
Assim, atualmente, podemos dizer que é um período excitante para estar 
envolvido com a Educação, o desenvolvimento de alunos e a formação de 
professores. Bons professores são necessários em todas as salas de aula e melhorar 
a qualidade da Educação para populações diversas de alunos em nossas escolas 
é uma necessidade constante. Por essa razão, cada vez mais se faz necessário 
incluir a Disciplina de Psicologia da Educação na formação de profissionais que irão 
trabalhar com Educação.
Além disso, os avanços das Tecnologias e das Neurociências também têm 
contribuído para mudanças profundas nas teorias e proposições da Psicologia 
da Educação.
As Tecnologias Digitais, os avanços da Informática e da interconectividade 
promovida pela Internet têm demandado dos professores mudanças profundas 
nos métodos de ensino e nos conteúdos a serem ensinados.
As Neurociências, mais especificamente a Neurociência Cognitiva, que se ocupa 
dos estudos dos mecanismos cerebrais envolvidos na aprendizagem, tem promo-
vido novas compreensões sobre como as pessoas aprendem e como podemos 
melhorar a aprendizagem. Não por acaso, os professores recebem constantemente 
propostas de cursos de Neurociências, Neuroeducação, Neuropsicopedagogia e 
tantos outros “neuros-alguma coisa”, e precisam ficar atentos para a real contribui-
ção desses Cursos.
Muitos especialistas têm alertado para essa proliferação do uso do termo “neuro” 
relacionado à Educação, pois, muitas vezes, pessoas com formação inapropriada 
ou insuficiente acabam divulgando informações erradas ou equivocadas como se 
fossem verdadeiras, gerando uma onda de “neuromitos” que as pessoas acreditam 
serem verdadeiros.
Exemplos de neuromitos em Educação que as pessoas acreditam são os estilos 
de aprendizagem.
Saiba mais sobre isso lendo o artigo da Revista Nova Escola. https://goo.gl/MouLXG
Ex
pl
or
Isso posto, fica claro que vivemos em um contexto em que a Educação é ao 
mesmo tempo uma solução e um problema. Uma solução, como já falamos, por 
todo o seu potencial de transformação social.
Um problema, pela necessidade constante de que pensemos cada vez mais 
em uma Educação baseada em evidências científicas, que considere não só as 
necessidades contextuais, mas também as transformações sociais que já ocorreram, 
que considere o estudo de práticas de ensino mais eficientes e que seja balizada não 
por questões do senso comum, políticas, ideológicas e partidárias, mas sim pelo 
crivo imparcial das evidências científicas.
23
UNIDADE Introdução à Psicologia da Educação
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Portal Psicologia
Explica que existem vários textos sobre Psicologia da Educação.
www.psicologiaexplica.com.br
Caçadores de Mitos
No site Caçadores de Mitos você encontrará vários neuromitos que são comuns na 
educação, é bom para se manter atualizado
http://www.cacadoresdeneuromitos.com
 Livros
Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia da Educação Escolar
Capítulo: COLL, C. Concepções e tendências atuais em psicologia da educação. In: 
COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicológico e educa-
ção: psicologia da educação escolar. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004;
 Leitura
Psicologia Escolar e Educacional: História, Compromissos e Perspectivas
Artigo: ANTUNES, M. A. M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e 
perspectivas. Psicol. Esc. Educ. (Impr.), Campinas, v.12, n.2, p.469-475, dez. 2008.
https://goo.gl/jHUr3X
24
25
Referências
BOCK, A. M. B. B., FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma 
introduç ã o ao estudo de psicologia. 14.ed. Sã o Paulo: Saraiva, 2009.
CARRARA, Kester. Introduç ã o à psicologia da educaç ã o: seis abordagens. Sã o 
Paulo: Avercamp, 2004.
 COLL, C. Concepções e tendências atuais em psicologia da educação. In: COLL, 
C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. Desenvolvimento psicoló gico e educaç ã o: 
psicologia da educaç ã o escolar. 2.ed. Porto Alegre: Artes Mé dicas, 2004.
COLL, C. Psicologia e Educação: Aproximação aos Objetivos e Conteúdos da 
Psicologia da Educação. In: COLL, C.; PALACIOS, J.; MARCHESI, A. (org.) 
Desenvolvimento Psicológico e Educação – Psicologia da Educação. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1996. v.2.
DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. Psicologia na educação. 2a ed. Sã o Paulo: Cortez, 1994.
MANDELA, N. Lighting your way to a better future. Planetarium. Johannesburg: 
University of the Witwatersrand, 16th July, 2003.
25

Outros materiais