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Projetos Sociais como respostas á questão social

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O PROJETO SOCIAL COMO RESPOSTA À QUESTÃO 
SOCIAL 
 
 
 
 
 
Aline Medeiro Damasio
1
 – 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho apresentado tem como objetivo entender de que forma o projeto social constitui 
uma resposta eficiente para a questão social, através de uma mudança positiva na realidade a 
ser transformada. A partir de um estudo teórico metodológico, apresentará diferentes 
percepções sobre o conceito da questão social e algumas de suas particularidades no Brasil. 
Por se tratar de um objeto de estudo que deu origem ao Serviço Social, faz-se necessário 
resgatar e refletir sobre suas expressões e como o Serviço Social responde a essas expressões 
através de seu instrumental que é o projeto social. E por fim, dimensionar a importância da 
atuação do assistente social em projetos sociais e sua contribuição para o desenvolvimento 
social e diminuição das desigualdades sociais. 
 
Palavras chave: Questão Social; Projetos Sociais; Serviço Social; Assistente Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Assistente Social, Especialista em Gestão de Projetos Sociais pela Unidade de Ensino e 
Aprendizado de Viçosa - UNESAV. Graduada em Serviço Social pela Pontifícia 
Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail: alinedamasio@yahoo.com.br 
 
2 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este artigo é fruto de uma necessidade pessoal e profissional enquanto Assistente Social, de 
compreender as dimensões da questão social e salientar a importância do projeto social para o 
enfrentamento das mazelas sociais. 
 
O trabalho apresentado tem como objetivo entender o projeto social como uma resposta 
eficiente para a questão social, através de uma mudança positiva na realidade a ser 
transformada. 
 
A partir de um estudo teórico metodológico, apresentar-se-á diferentes percepções sobre o 
conceito da questão social e algumas de suas particularidades no Brasil. O artigo foi 
estruturado de maneira a apresentar uma discussão acerca da questão social e os seus 
conceitos apresentados por alguns autores. A finalidade foi de tornar claro o significado da 
questão social e apresentar suas diversas expressões e manifestações sociais. 
 
À luz de alguns autores, traz reflexões sobre a “velha” questão social e o possível surgimento 
de uma “nova” questão social, na qual o novo está para além do advento do capitalismo; suas 
expressões agora aparecem nas mais diversas e perversas formas de exclusão social, nos 
novos sujeitos e em suas novas necessidades. 
 
Considerando-se a questão social como um objeto de estudo que deu origem ao Serviço 
Social, faz-se necessário resgatar e refletir sobre suas expressões e como o Serviço Social 
responde a essas expressões através de seus instrumentais técnico-operativos, em particular, o 
projeto social. 
 
Dimensionar a importância da atuação do assistente social em projetos sociais e sua 
contribuição para o desenvolvimento social e diminuição das desigualdades sociais que 
compõem o cenário da questão social e que por sua vez, tornam-se objetos de intervenção do 
serviço social. 
E por fim, tecer algumas considerações acerca do trabalho desenvolvido, com o desejo de que 
este possa ser relevante para com outras reflexões e posteriores estudos. 
 
3 
 
 
 
 
2. A QUESTÃO SOCIAL 
 
A questão social tem sua origem na Revolução Industrial, quando o trabalho anteriormente 
artesanal foi perdendo seu espaço e sendo substituído pela máquina, pela produção capitalista, 
culminando assim no surgimento do operariado e da burguesia. A partir daí ela se 
fundamentou e resultou dos conflitos entre o capital e o trabalho. 
 
[...] é no século XIX, no contexto do da Revolução Industrial, do desdobramento da 
grande indústria e da organização da classe trabalhadora (em sindicatos e partidos 
políticos) que lutava por melhores condições de vida e trabalho, que é colocada a 
‘questão social’ propriamente dita, vinculada à emergência do pauperismo e do 
perigo que ele significava para a ordem burguesa (PASTORINI, 2010, p.114). 
 
No Brasil, a questão social acontece em um cenário já tardio no qual se desenvolve um 
modelo de produção capitalista, concentrador de renda e socialmente excludente. Sendo esta 
resultante da expressão capitalista e protagonista das mais diversas e perversas expressões das 
desigualdades sociais. 
 
Segundo Iamamoto (2011), as práticas de concentração de capital, renda e poder, foram 
responsáveis pelo agravamento da questão social no país, além das precárias condições de 
vida da maioria da população brasileira, a questão social teve grande expressão no 
desemprego e no subemprego. E o afastamento do Estado frente essas questões se eximindo 
de suas responsabilidades sociais contribuiu ainda mais para seu agravamento. 
 
Em decorrência do breve contexto supracitado, a questão social passa a ser definida por 
diversos autores como sendo a expressão da contradição do modo capitalista de produção, na 
qual quem produz não se apropria das riquezas oriundas de sua produção. Assim, pode-se 
identificá-la também nas contradições das classes e dessas com o Estado. 
 
Machado (2007), afirma a questão social como uma categoria, na qual se manifesta a 
contradição do modo capitalista de produção, em que os trabalhadores produzem e os 
capitalistas se apropriam de sua produção, fundamentando assim, a contradição na produção e 
apropriação da riqueza socialmente produzida. 
 
4 
 
 
 
Para a autora, as expressões da questão social são percebidas no desemprego, na fome, no 
analfabetismo, na violência, e não somente no contexto capital versus trabalho. 
 
Há certa unanimidade por parte de vários autores de que a expressão das desigualdades 
sociais se dá em decorrência da apropriação do capital por parte de uma minoria da sociedade. 
A exploração do trabalho pelo capital está no cerne das discussões. 
 
[...] entender a ‘questão social’ é de um lado, considerar a exploração do trabalho 
pelo capital e de outro, as lutas sociais protagonizadas pelos trabalhadores 
organizados em face desta premissa central à produção e reprodução do capitalismo. 
Conjugadas, essas premissas derivam em expressões diversificadas da ‘questão 
social’ em face das quais cabe sempre um processo de investigação a fim 
caracterizá-la enquanto ‘unidade na diversidade’; ou seja, devemos nos esforçar, 
como categoria, para apontar as características e ‘formas de ser’ de cada expressão 
da ‘questão social’ enquanto fenômeno singular e, ao mesmo tempo, universal, cujo 
fundamento comum é dado pela centralidade do trabalho na constituição da vida 
social (SANTOS, 2012, p.133). 
 
Para Montaño (2012), a partir dos acontecimentos de 1830 a 1848, começa-se a pensar a 
questão social e suas formas de manifestar como fenômenos autônomos e de responsabilidade 
individual ou coletiva dos setores por elas atingidos e não somente como resultante da 
exploração econômica. 
 
Em contrapartida, Pastorini (2010) afirma que existem aqueles autores que, fazendo referência 
aos estudos de Castel sobre a questão social na América Latina dizem que a partir do período 
da colonização, ela se constitui nas desigualdades em que as relações sociais se assumem, 
sejam elas nas dimensões políticas, econômicas, religiosas, culturais, raciais, etc. A questão 
social então seria o conjunto das desigualdades e injustiças sociais que ao longo de centenas 
de anos, adquiriu diferentes formas. 
 
São as expressões das desigualdades sociais, oriundas do modo de produção capitalista que 
vão dar significado ao conceito que é a questão social. Mas principalmente, são elas que vão 
fazer surgir um movimentopor parte dos trabalhadores insatisfeitos com suas condições de 
trabalho e de toda uma população socialmente excluída. 
 
O movimento organizado pelos trabalhadores e por outras classes excluídas, que lutam por 
direitos, sejam eles econômicos, políticos, sociais ou culturais, é o que caracteriza a chamada 
luta de classes. 
5 
 
 
 
 
Dessa forma, pensar a questão social como o conjunto das desigualdades e injustiças sociais, 
seria considerar além do capitalismo, e que, ela ainda permanece nas mais diversas formas da 
estrutura social e não somente na estrutura de classe. 
 
Segundo Iamamoto e Carvalho (2014), a questão social nada mais é que as expressões em que 
se deram a formação, o desenvolvimento e a entrada da classe operária no cenário político da 
sociedade, buscando se fazer reconhecer como classe pelo Estado e pelo empresariado, são as 
contradições entre a classe operaria e a burguesia, em que a primeira, luta por intervenções 
que vão muito além da caridade e da repressão. 
 
Ainda tomando como referência Iamamoto e Carvalho (2014), pode-se observar que surgem 
outros modos da sociedade e do Estado interpretar e agir sobre a questão social: 
 
Historicamente, passa-se da caridade tradicional levada a efeito por tímidas e 
pulverizadas iniciativas das classes dominantes, nas suas diversas manifestações 
filantrópicas, para a centralização e racionalização da atividade assistencial e de 
prestação de serviços sociais pelo Estado, à medida que se amplia o contingente da 
classe trabalhadora e sua presença política na sociedade. Passa o Estado a atuar 
sistematicamente sobre as sequelas da exploração do trabalho expressas nas 
condições de vida do conjunto dos trabalhadores (CARVALHO; IAMAMOTO, 
2014, p. 85). 
 
Analisando os estudos de Fraga (2010), entendemos a questão social como um conjunto de 
problemas sociais, econômicos e políticos: 
 
O cerne da questão social está enraizado no conflito entre capital versus trabalho, 
suscitado entre a compra (detentores dos meios de produção) e venda da força de 
trabalho (trabalhadores), que geram manifestações e expressões. Estas manifestações 
e expressões, por sua vez, são subdivididas entre a geração de desigualdades: 
desemprego, exploração, analfabetismo, fome, pobreza, entre outras formas de 
exclusão e segregação social que constituem as demandas de trabalho dos assistentes 
sociais; também se expressa pelas diferentes formas de rebeldia e resistência: todas 
as maneiras encontradas pelos sujeitos para se opor e resistir às desigualdades, 
como, por exemplo, conselhos de direitos, sindicatos, políticas, associações, 
programas e projetos sociais (FRAGA, 2010, p. 45). 
 
Dessa forma, pode-se entender o quão são abrangentes as diferentes maneiras que a questão 
social se manifesta e que como ao longo dos anos ela foi adquirindo várias modalidades. E é 
nessa perspectiva que surge a necessidade de maiores intervenções por parte do Estado, do 
empresariado e também da sociedade civil, que não aquelas já pautadas na benevolência. 
6 
 
 
 
Intervenções cujas finalidades estejam voltadas para a redução das desigualdades e injustiças 
sociais, para o fortalecimento e autonomia dos sujeitos, para a construção da cidadania e 
afirmação da democracia. 
 
2.1. A “VELHA” E A “NOVA” QUESTÃO SOCIAL 
 
É sabido que, muitas foram as transformações que a sociedade sofreu, inclusive no mundo 
capitalista, fazendo com que alguns autores definissem a “velha questão social” como sendo 
“nova questão social”. Fundamentando o novo: no aumento do desemprego, na miséria, nas 
diversas formas de exclusão social, nos novos sujeitos e principalmente em suas novas 
necessidades. 
 
Sobre tais mudanças, Pastorini (2010), destaca que são muito importantes, porém, que são 
novas formas de sua expressão e que mantém traços de sua origem. O que há são diferentes 
versões da questão social para cada estágio capitalista, diferentes reações da sociedade frente 
à ela, buscando estabilidade e manutenção da ordem, além da preocupação com a reprodução 
das desigualdades e contradições capitalistas e o do reconhecimento social como partes 
fundamentais das diferentes versões da questão social. 
 
Ressalta-se ainda que, a discussão acerca de tais mudanças e expressões é fundamental para 
entendermos as respostas dadas a questão social na contemporaneidade. Porém para Montaño 
(2010), a velha questão social permanece inalterada, a maneira como tratá-la é que mudou: 
 
[...] a recorrente afirmação de que existiria hoje uma ‘nova questão social’ tem, no 
fundo, o claro, porém implícito, objetivo de justificar um novo trato à ‘questão 
social’; assim, se há uma nova ‘questão social’, seria justo pensar na necessidade de 
uma nova forma de intervenção nela, supostamente mais adequada às questões 
atuais. Na verdade, a ‘questão social’ – que expressa a contradição capital-trabalho, 
as lutas de classes, a desigual participação na distribuição de riqueza social – 
continua inalterada; o que se verifica é o surgimento e alteração, na 
contemporaneidade, das refrações e expressões daquela. O que há são novas 
manifestações da velha ‘questão social’ (MONTAÑO, 2010, p. 187). 
 
Segundo Pastorini (2010), os traços essenciais da questão social, com centralidade no 
capitalismo e cuja origem se deu no século XIX, estão presentes na contemporaneidade. 
Porém, seu conjunto de problemas não permanece inalterado e tão pouco se expressa de forma 
idêntica em todas as sociedades e em todos os momentos históricos. A questão social agora 
7 
 
 
 
assume particularidades dependendo das peculiaridades de cada país. A novidade então, está 
na forma assumida pela questão social em decorrência das várias transformações que sofreu 
desde a década de 80, onde tem-se o aumento da pobreza, a instabilidade dos trabalhadores e 
a perda dos padrões de proteção social. 
 
A autora ainda diz que mesmo reformulada e redefinida em vários dos seus estágios 
capitalistas, a questão social permanece a mesma e nos apresenta 3 pilares centrais que a 
compõem, são eles: Em primeiro lugar, ela nos remete à relação de exploração do capital x 
trabalho; Em segundo, seu atendimento está diretamente relacionado aos problemas e grupos 
sociais que podem comprometer a ordem social já estabelecida; E em terceiro, ela é a 
expressão das manifestações das desigualdades e antagonismos presentes nas contradições da 
sociedade capitalista; 
 
Pode-se observar que a questão social sempre aparece vinculada às desigualdades e 
contradições do capitalismo, às classes menos favorecidas e ao que ela significava para a 
ordem burguesa. 
 
Assim, considerar-se-á que a nova questão social, nada mais é que a tão conhecida e velha 
questão social, na qual suas expressões acontecem em novo contexto, daí a necessidade de 
intervenções pontuais adequadas as suas novas modalidades, aos novos sujeitos, as novas 
necessidades e a nova realidade social. 
 
 
3. O PROJETO SOCIAL COMO RESPOSTA À QUESTÃO SOCIAL 
 
Com o objetivo de dar uma resposta à questão social, políticas sociais são criadas em todo 
mundo a fim de provocar mudanças sociais, mas a questão social não é inerte e tão pouco se 
apresenta de maneira comum a todas as sociedades. Em cada sociedade ela se determina de 
um modo, de uma maneira que cada qual deve ser tratada de acordo com suas 
particularidades. Dessa forma, 
 
A questão pode ser entendida como tudo aquilo que põe em risco a integração da 
sociedade: a pobreza, a estratificação social, o desemprego, a concentração de poder 
e renda, entre outros. A determinação do que será tratado como questão social, 
dependerá das convenções formadas socialmente.A cada diagnóstico e a cada forma 
8 
 
 
 
de concepção e enfrentamento dos riscos sociais estará manifestada determinada 
maneira pela qual a sociedade busca entender e enfrentar a questão da sua coesão 
(MOREIRA, 2011, p.57). 
 
Como já observado várias são as concepções sobre a questão social e suas diversas formas de 
manifestação. Estudar tais manifestações, significa analisar o contexto em que a maioria da 
população se encontra, buscando conhecer a realidade das condições de vida de tal população, 
as desigualdades as quais estão sujeitas e o que tais desigualdades produzem na vida dos 
sujeitos, formulando assim, estratégias específicas para intervir e superá-las. 
 
É com o desenvolvimento do capitalismo monopolista, sua expansão produtivo-
comercial consolidada após a Segunda Guerra (1945) e com as lutas de classes, que 
surge e se expande um padrão de resposta às manifestações da ‘questão social’, 
fundamentalmente mediante a intervenção das políticas sociais estatais. No marco 
destas, cria-se um espaço socioocupacional que será parcialmente ocupado por uma 
emergente profissão, o Serviço Social (MONTAÑO, 2006, p. 142). 
 
Fazendo referência a Montaño (2006), pode-se introduzir o Serviço Social como uma 
profissão historicamente importante para o enfrentamento da questão social, que através de 
seus instrumentais, trabalha para intervir positivamente na redução das desigualdades sociais. 
 
Os instrumentos técnico-operativos do Serviço Social são um conjunto das ações profissionais 
que possibilitam a identificação das expressões da realidade, bem como as intervenções que 
visam melhorias e mudanças na realidade social. 
 
Como salienta Santos (2012), os instrumentos são parte essenciais do exercício profissional 
porque norteiam nossas ações, porém, mais do que valer-se desses instrumentos é preciso ser 
capaz de utilizar e operacionaliza-los da melhor forma possível. 
 
São estratégias para a realização da prática profissional, podendo se apresentar na forma de: 
escutas, entrevistas, fichas, dinâmicas de grupo, visitas domiciliares, relatórios, pareceres e 
laudos, acompanhamento social, observações, pesquisas, encaminhamentos, articulação com a 
rede e diagnósticos. Além disso, outras tais como elaboração, execução, avaliação e 
gerenciamento de projetos sociais. 
 
9 
 
 
 
O projeto social é uma ação planejada que nasce dessa necessidade de se intervir em uma 
determinada realidade ou problema e tem um propósito quando criado, o de transformar 
realidade estudada, sendo uma alternativa para enfrentamento da chamada questão social. 
 
Carvalho, Müller e Stephanou (2003) afirmam os projetos sociais como um desejo de 
mudança na realidade, que a partir de uma reflexão sobre determinado problema e por meio 
de ações organizadas, buscam contribuir para possíveis mudanças. 
 
Ainda em seu Guia para elaboração de projetos sociais, Carvalho, Müller e Stephanou (2003), 
falam da importância de sua implantação: “Os projetos sociais são uma importante ferramenta 
de ação, amplamente utilizada pelo Estado e pela Sociedade Civil” (Carvalho, Müller e 
Stephanou, 2003, p. 13); e, diante das transformações ocorridas no Estado e na sociedade 
civil, o projeto social se tornou uma ferramenta bastante difundida e uma forma alternativa de 
implantação de novas políticas sociais. 
 
[...] é necessário lembrar que os projetos só podem ser ferramentas úteis para a ação 
social na medida em que não se tornem ‘camisas-de-força’, que não enrijeçam as 
práticas, pois os projetos sociais são como a vida: nunca podem ser totalmente 
organizados. Eles devem ser conduzidos de forma maleável, ser constantemente 
monitorados e avaliados e estar abertos para a incorporação de atualizações e 
modificações que sejam propostas a qualquer momento pelos atores envolvidos 
(Carvalho, Müller e Stephanou, 2003 p. 89). 
 
Além de ser um instrumento do Serviço social e de várias outras profissões, que contribuem 
para a redução das desigualdades sociais, os projetos sociais são um exercício de cidadania, 
no qual vários atores sociais estão envolvidos. Eles são uma forma de estimular também uma 
maior conscientização do indivíduo para o papel que desempenha na sociedade. 
 
Se um projeto social contribuir de forma relevante para fazer brilhar a luz interior de 
cada indivíduo no processo de constituição de novos sujeitos coletivos, então ele 
terá promovido o resgate da dignidade humana, em suma, terá sido exitoso (Armani, 
2001 apud Carvalho, Müller e Stephanou, 2003 p. 6). 
 
A partir dessa citação de Armani (2001), entende-se que o projeto social não é somente 
execução, ele é compreensão, é transformação social e a maior delas é a aquela provocada no 
sujeito. Nesse sentido compreende-se o projeto social como uma ferramenta estratégica que 
através de ações delimitadas é capaz de responder de maneira positiva as manifestações da 
questão social. 
10 
 
 
 
4. ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL EM PROJETOS SOCIAIS 
 
Na Lei que regulamenta a profissão do assistente social — Lei n. 8.662/9 de 7 de junho de 
1993, estão explicitas no art. 4º (nos incisos de I a XI), competências pertinentes ao 
profissional. Sendo uma dessas competências que constituem uma atividade privativa do 
assistente social: elaborar, coordenar, executar, avaliar: planos, programas e projetos 
juntamente com a sociedade civil. 
 
Iamamoto (2011) faz uma reflexão acerca do trabalho do Assistente Social, tendo como 
objeto de seu trabalho as diversas expressões da questão social: 
 
Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas 
expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na 
família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão 
social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que 
vivenciam as desigualdades e a ela resiste, se opõem. É nesta tensão entre produção 
da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os assistentes 
sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não 
é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade 
(IAMAMOTO,2011, p. 28). 
 
A atuação do assistente social em projetos sociais é de grande relevância, uma vez que esse 
profissional carrega consigo um conjunto teórico, metodológico e técnico-operativo capaz de 
compreender a realidade com uma visão crítica e desvelar as demandas, buscando medidas 
que beneficiem o desenvolvimento social. 
 
Para Iamamoto (2011) atualmente, um dos maiores desafios que o Assistente Social tem é de 
ser um profissional propositivo e não somente executor, que ao compreender uma 
determinada realidade, seja capaz de propor intervenções criativas e eficazes para a efetivação 
de direitos. 
 
O assistente social só tem a contribuir com projetos sociais, já que tem como característica de 
sua profissão a transformação social e essa se dá por meio da busca por instrumentos que 
possam mudar a realidade dos sujeitos, viabilizando o acesso aos direitos e contribuindo para 
a construção da cidadania. 
 
A instrumentalidade pode ser considerada uma propriedade adquirida pela profissão, 
a partir do momento que seus objetivos são concretizados. Isso se dar pelo fato desta 
11 
 
 
 
proporcionar aos assistentes sociais a objetivação de sua intencionalidade através de 
respostas profissionais. Essas propriedades adquiridas conseguem dar suporte para 
modificação e transformação, como mudanças significativas e subjetivas no âmbito 
das relações sociais e também interpessoais (SANTOS, SANTOS e SILVA, 2012, p. 
10). 
 
Osinstrumentos utilizados pelo assistente social fazem dele o profissional que é, já que tais 
instrumentos nada mais são que a própria pratica profissional e a capacidade que este tem de 
operacionalizá-los. Em projetos sociais, o assistente social assume também o papel de gestor 
de projetos e os autores Carvalho, Müller e Stephanou (2003), traçam um perfil desse gestor 
de projetos sociais, sendo este profissional capaz de: compreender o contexto social, político e 
institucional em que se realiza a ação; comunicar e negociar; definir, delegar e cobrar 
responsabilidades e tarefas; coordenar todo o processo da ação; avaliar e propor mudanças e 
correções; motivar as pessoas, administrar conflitos e frustrações, gerenciar o trabalho em 
equipe; e, valorizar e promover a visibilidade do projeto e de seus resultados. 
 
Na gestão de um projeto social, o profissional deve ainda conhecer bem a realidade e o 
contexto em que o projeto será viabilizado, através de um diagnóstico das questões a serem 
abordadas, identificação do público alvo a ser atendido e parcerias, e as dificuldades para a 
implantação do projeto social. Além de articular-se com os atores sociais envolvidos nos 
diferentes contextos do projeto social. 
 
Não só em projetos sociais, mas em qualquer outro segmento, o assistente social através de 
suas ações tem o compromisso de buscar a consolidação da democracia, garantia da liberdade, 
a equidade e justiça social, acesso aos direitos e atuar no enfrentamento das desigualdades 
sociais e intervir nas diversas manifestações da questão social. 
 
À frente dos projetos sociais, o assistente social procura intervir de imediato nas demandas 
levantadas, buscando alternativas para solucionar os problemas e enfrentar os desafios da 
sociedade capitalista e principalmente, lutar pela emancipação e autonomia dos sujeitos. 
 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Levando-se em consideração todos esses aspectos, entende-se que a questão social nasce no 
advento capitalista, na relação de exploração e exclusão do contexto capital versus trabalho, 
12 
 
 
 
foi se apresentando e manifestando de diversas formas e tamanha é a sua abrangência que 
passa a ser necessária intervenções que vão além da caridade. 
 
Faz-se necessário apropriação de estratégias e técnicas a fim de trabalhar a redução das 
desigualdades sociais que vem se apresentando ao longo dos anos e sobre novos contextos. 
Agora suas expressões estão além do contexto capital versus trabalho; ela é contradição, 
miséria, desemprego, fome, pobreza, violência de gênero, de raça, é analfabetismo, violação 
de direitos. Deve-se lançar mão de intervenções mais pontuais adequadas às novas 
modalidades da questão social e dos novos sujeitos. 
 
O projeto social aparece como uma alternativa, uma ferramenta estratégica, pontual e com 
delimitações para responder positivamente às manifestações da questão social. Através de sua 
elaboração, diagnóstico do contexto sócio histórico, compreensão da realidade, planejamento 
e intervenção, contribuindo assim para a transformação social, alcançando os sujeitos e suas 
necessidades, promovendo e consolidando as políticas sociais. 
 
Desde o surgimento do Serviço Social como profissão, o assistente social vem contribuindo 
de forma significativa para o enfrentamento da questão social. Seja por meio de projetos 
sociais ou em outro campo de trabalho, suas ações estão voltadas para consolidação da 
democracia, liberdade, equidade e justiça social e principalmente emancipação e autonomia 
dos sujeitos. 
 
É preciso atenção para as transformações que ocorrem constantemente na sociedade porque 
são elas que norteiam as ações profissionais dos assistentes sociais. E onde existir 
desigualdade, exploração ou qualquer violação de direitos, temos o compromisso de intervir 
para o benefício dos sujeitos e do desenvolvimento social e diminuição das desigualdades 
sociais. 
 
 
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
ARMANI, D. Como elaborar projetos? Guia para elaboração e gestão de projetos 
sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2001 (Coleção Amencar). 
13 
 
 
 
 
BAVARESCO, L. R.; GOIN, M. Instrumentalidade profissional do Serviço Social: as 
mediações da prática profissional. Artigo constitutivo do II Capítulo da Monografia 
apresentada ao curso de Serviço Social das Faculdades Integradas Machado de Assis. Santa 
Rosa - RS, 2014. 
 
CARVALHO, I. C. M.; MÜLLER, L. H.; STEPHANOU, L. Guia para elaboração de 
projetos sociais. São Leopoldo - RS, 2 ed., Sinodal, 2003. 
 
CARVALHO, R.; IAMAMOTO, M. V. Relações sociais e Serviço Social no Brasil: esboço 
de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo, 41 ed., Cortez, 2014. 
 
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Lei n. 8.662, de 7 de junho de 1993. Lei 
da Regulamentação da Profissão. Dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá 
outras providências. Brasília, 1993. 
 
FRAGA, C. K. A atitude investigativa no trabalho do assistente social. Serv. Soc. Soc., 
São Paulo, n. 101, p. 40-64, jan./mar. 2010. 
 
IAMAMOTO, M. V. O Serviço Social na contemporaneidade: trabalho e formação 
profissional. São Paulo, 20 ed., Cortez, 2011. 
 
MACHADO, E. M. Questão social: objeto do serviço social? Serviço Social em Revista. 
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MONTAÑO. C. Um projeto para o Serviço Social crítico. Katálysis, Florianópolis, v. 9 - n. 
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