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Aula 4 e 5 – Dasein e ser-no- mundo como condição humana Bibliografia Básica: EVANGELISTA, P. “A existência”, em: Psicologia fenomenológica existencial, cap. IV, p. 85 – 122. Universidade Paulista (UNIP) Lia Spadini da Silva Março/2018 Disciplina: Psicologia Fenomenológica Movimento fenomênico • Aí = espaço/ lugar que as coisas e outros podem me aparecer. • Algo pode ser desvelado (desocultado) e algo me permanece velado (oculto). • Clareira – floresta. Ser-com • Os modos de ser-no-mundo são todos comuns (não há nenhuma possibilidade ôntica minha que não possa ser de outro). • A lida cotidiana se dá via preocupação (fürsorgen). – Preocupação indiferente: não surge a indagação pelo “quem” do outro, já me aparece como namorada, padeiro, taxista, etc. – Preocupação substitutiva: assumo a tarefa do outro, desobrigando ele em ter-que-ser, realizar sua existência. – Preocupação libertadora: outro é conduzido à sua própria existência, apropria-se do seu poder-ser. • Aspecto crucial para a psicoterapia. Ser-mortal “É a possibilidade mais própria do Dasein, pois subjaz ao ser em jogo de minha existência e ninguém pode substituir-me no meu morrer, ninguém pode ter esta minha experiência por mim. É insuperável, (...) É certa (...) O morrer não vem ‘de fora’, ele é imanente do existir; ‘Para morrer basta estar vivo’.” (p.110) Ser-mortal • Existir é ser-para-morte, ser-mortal. • Morrer enquanto última possibilidade da minha existência. • Possibilidade imanente, mais própria/ a experiência da morte não pode ser terceirizada. • Quando a morte acontece, eu deixo de ser- possível. • Lida mais comum = fuga. Ser-mortal “O aspecto mais espantoso do poder-morrer é que ele singulariza minha existência. Ao assumir que só eu posso morrer minha morte, que minha existência é finita, que minhas experiências são minhas, descubro minha responsabilidade inexorável pelo meu existir.” (p.111) Medo • Encontrar-se ameaçado e ameaçável é constitutivo da existência. • Meu ser está ameaçado/ em jogo. • Manifestações ônticas: horror, pavor, susto, timidez. Angústia • É um acontecimento apropriativo da minha existência. • É diante da condição de ser-aí que nós nos angustiamos (indeterminação). • A angústia é uma experiência de esvaziamento de sentido. • O encontrar-se da angústia arranca Dasein da familiaridade cotidiana de ser-no-mundo. Angústia “Mas na angústia o sentir-se-em-casa no mundo é perdida. O movimento da existência que se encontra angustiada é o de buscar familiarizar-se novamente. Heidegger explica isso afirmando que, angustiado, o ser-no-mundo foge de si para o mundo. Ou seja, encontrando-se estranho (não-em- casa) busca a significância compartilhada. É o que acontece quando a estranha angústia é transformada em problema neurológico, psicológico ou espiritual. Seu poder arrebatador é domesticado e transformado em algo sobre o que se tem suposto controle.” (p.115) Decair • Existenciário/ fuga em direção ao mundo. – Curiosidade: “ver e apenas ver”. – Ambiguidade: sensação de vida autêntica ao Dasein/ “ilusão” de ter verdadeiramente aprendido algo. – Falatório: “repetir e passar a diante uma fala”. Ser-preocupação (Sorge), Cuidado • Cuidado é o ser do Dasein, um fundamento de Dasein. • A estrutura do cuidado é temporal. • Cuidado é: “Pré-ser-se (antecipar-se), já em um mundo junto, esquecido de si junto aos entes.” Ser-preocupação (Sorge), Cuidado • Três dimensões que acontecem ao mesmo tempo (3 êxtases temporais). – Pré-ser-se (futuro): existenciaridade/ existencialidade = Dasein lançado em possibilidades a todo momento; se lançando em algo que ainda não está dado. – Já em um mundo (passado): factualidade/ facticidade = já estamos em um mundo dado, que a gente não pôde escolher; a partir dele, abrem-se as possibilidades futuras da existencialidade (passado está atrelado ao futuro e vice-versa). – Esquecido de si junto aos entes (presente): ser-do-decair/ queda = da junção do passado e do futuro temos o presente, que é o modo cotidiano de ocupação de Dasein junto aos entes. Quando Dasein se ocupa ou se preocupa, na maioria das vezes, está esquecido de si mesmo. Fábula-mito de Higino Um dia em que a “Preocupação” atravessa um rio, vê um lodo argiloso: pensativa, pega um tanto e começa a moldá-lo. Enquanto reflete sobre o que fizera, Júpiter intervém. “Preocupação” lhe pede que emprese espírito ao modelo, no que Júpiter consente de bom grado. Mas, quando “Preocupação quis impor-lhe seu próprio nome, Júpiter a proíbe e exige que seu nome lhe deveria ser dado. Enquanto “Preocupação” e Júpiter discutiam sobre o nome, a Terra surge também a pedir que se nome fosse dado a quem ela dera seu corpo. Os querelantes tomam, então Saturno, para juiz, o qual profere a seguinte decisão equitativa: “Tu, Júpiter, porque deste o espírito, deves recebê-lo na sua morte; tu, Terras, porque o presenteaste com o corpo, deves receber o corpo. Mas, porque “Preocupação” foi quem primeiro o formou, que ele então o possua enquanto viver. Mas, porque persiste a controvérsia sobre o nome, ele pode se chamar homo, pois é feito de humus (terra). Ser-preocupação (Sorge), Cuidado • É o modo de existir, a essência de Dasein. – Preocupação faz o homo à sua imagem e semelhança, quando está atravessando o rio. • É um modo que não tem “cara”, ou “rosto”, tal como Preocupação quando se vê no rio, não há uma forma determinada. • Juiz que dirá como será dada esta forma é Saturno, o deus-Tempo. É Saturno que decide, que regula quanto a compor homo. – Há uma certeza: o tempo de nossa existência é finita. A morte é a nossa possibilidade mais certa.
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