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empreendedorismo governamental e novas lideranças no setor público

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1  http://www.euvoupassar.com.br     Eu Vou Passar – e você? 
 
 Rodrigo Rennó – Administração Geral e Pública 
 Empreendedorismo Governamental e Novas Lideranças no Setor Público. 
 
Empreendedorismo Governamental 
O  primeiro  conceito  que  deve  ser  entendido  é  o  que  realmente  significa  a  palavra 
empreendedorismo. O empreendedor não pode ser confundido com empresário! Empreender 
é  manejar  os  recursos  disponíveis  da  melhor  maneira,  de  forma  que  sejam  maximizados  a 
eficiência e os resultados da organização. Empreender é basicamente fazer acontecer.  
Desta forma, o empreendedorismo governamental não ocorre quando o governo cria e 
opera empresas públicas, quando vende produtos e serviços ao mercado. Ele ocorre sempre 
quando os gestores públicos aproveitam os recursos disponíveis de novas e melhores formas, 
buscando a satisfação e o benefício dos cidadãos.  
O  conceito  de  empreendedorismo  governamental  primeiro  surgiu  com  o  livro  de 
Osborne  e  Gaebler  –  “Reinventando  o  Governo  –  como  o  espírito  empreendedor  está 
transformando  o  setor  público”.  Estes  autores  se  basearam  em  estudos  de  caso  norte‐
americanos  de  órgãos  e  setores  governamentais,  como  escolas  e  hospitais,  que  estavam 
buscando modificar o modelo burocrático então em voga.  
O contexto da época (anos 80) era de grande descrença da população nas capacidades 
da Administração Pública de suprir as necessidades da sociedade relativas aos bens públicos e 
de vencer os desafios que apareciam. Na ânsia de  combater os desvios do patrimonialismo, 
foram  criadas  tantas  “amarras”  para  o  gestor  público  que  se  tornou  cada  vez  mais  difícil 
fornecer serviços de qualidade para a população com eficiência. A burocracia criava problemas 
na  gestão  dos  serviços  públicos,  pois  tornava  a  máquina  estatal  lenta,  ineficiente  e  pouco 
responsiva às necessidades e opiniões de seus “clientes” – os cidadãos! 
Este  cenário  trouxe muitos problemas de governabilidade e governança,  levando aos 
autores  em  questão  a  sugerir  vários  princípios  que  deveriam  fazer  parte  de  um  governo 
empreendedor. Estes princípios são: 
O Governo Catalisador – navegando e não remando 
De  acordo  com os  autores, o  governo deve  ter o papel de  indutor da  sociedade, de 
regulador,  não mais  de  executor  dos  serviços. Assim  ele  pode melhor modelar  e  regular  a 
atividade econômica, de forma a ser mais efetivo e chegar “mais longe” do que antes, quando 
executava tudo sozinho! 
 
 
2  http://www.euvoupassar.com.br     Eu Vou Passar – e você? 
 
Desta  forma,  ao  navegar  em  vez  de  remar,  os  governos  podem  ser  mais  flexíveis  e 
atingir  um  grau  de  qualidade  e  eficiência  maior.  Ao  comprar  os  serviços  e  produtos  no 
mercado,  usando  a  competição,  pode  exigir  mais  qualidade  e  menor  custo,  pois  seus 
fornecedores sabem da possibilidade de substituição (enquanto os  funcionários públicos não 
convivem com esta ameaça).    
O Governo é da Comunidade – dar poder ao cidadão, ao invés de servi‐lo  
De  acordo  com Osborne  e Gaebler  devem  ser  transferidas  responsabilidades para  as 
comunidades  locais, pois estas são mais  flexíveis e vivenciam mais de perto os seus diversos 
problemas.  
Desta forma, a burocracia transfere para as comunidades o poder decisório e o controle 
sobre os serviços públicos  locais, mas mantém a responsabilidade  final de que estes serviços 
sejam  prestados,  ou  seja,  a  garantia  de  que  estará  vigilante  para  que  a  comunidade 
efetivamente preste o serviço.    
Governo Competitivo – Injetando competição na prestação de serviços   
A promoção da competição é outro fator considerado fundamental pelos autores. Para 
estes a competição  leva ao aumento da eficiência,  força os agentes  (públicos ou privados) a 
suprir melhor as necessidades dos clientes, aumenta a  inovação e a criatividade e melhora o 
clima organizacional dentro dos órgãos públicos.  
Os  autores,  porém,  não  vislumbravam  apenas  a  competição  do  setor  público  versus 
privado! Os próprios órgãos públicos deveriam ser postos em situação de competir com outros 
órgãos públicos de forma a quebrar o monopólio da prestação dos serviços públicos e a forçá‐
los a se aprimorar.  
O  Governo  Orientado  para  Missões  –  transformando  os  órgãos  orientados  para 
normas 
Outra noção trazida pelos autores é a de redefinir a orientação dos servidores. Ao invés 
de  se  trabalhar para  cumprir normas,  eles devem  ser guiados por missões. A  administração 
burocrática leva a uma desmotivação do servidor, pois define de antemão tudo o que ele deve 
fazer e como deve executar este trabalho.  
Se o funcionário tem mais liberdade e flexibilidade pode utilizar sua criatividade e poder 
de  inovação  para  alcançar  seus  objetivos  e  cumprir  a  missão  do  seu  setor  de  forma  mais 
efetiva.   
 
 
 
 
3  http://www.euvoupassar.com.br     Eu Vou Passar – e você? 
 
Governo de Resultados – preocupação com resultados, e não recursos  
A administração e o  controle dos  resultados  são  fundamentais para que os governos 
possam  atender  melhor  aos  seus  cidadãos.  Normalmente  os  governos  burocráticos  não 
controlam resultados, somente os recursos destinados. Desta forma acabam incentivando não 
os órgãos eficientes, mas os ineficientes. 
Um hospital, por exemplo, deveria ser remunerado não pelo número de atendimentos, 
mas pela redução do número de casos de doença em sua localidade. Uma delegacia de polícia 
deveria  ser  avaliada  por  reduzir  a  criminalidade,  e  não  por  número  de  prisões.  Ou  seja,  os 
órgãos devem ser avaliados pelos resultados concretos, e não pelos recursos que dispõem.  
O  mesmo  deve  acontecer  com  os  servidores.  Como  os  governos  não  sabem  medir 
resultados,  remuneram  por  outros  critérios,  como  tempo  de  casa  e  volume  de  recursos  e 
empregados  subordinados,  de  modo  que  os  servidores  não  buscam  atingir  resultados 
melhores, mas crescer sua esfera de poder e manter seus cargos.  
Governo e sua Clientela – atendendo às necessidades do cliente e não da burocracia  
Como  os  órgãos  públicos  não  recebem  seus  recursos  diretamente  dos  seus  clientes 
(cidadãos), e sim do Legislativo, normalmente não se  importam com eles e muitas vezes nem 
sabem direito quem são ou quais são suas necessidades. Outro  fator é que normalmente os 
clientes não têm escolha, ou seja, existe um monopólio na prestação daquele serviço.  
A  administração  deve  criar  mecanismos  que  façam  os  servidores  voltarem  suas 
atenções aos clientes de seus serviços e que estes tenham condições de escolha na prestação 
destes serviços.   
 Governo Empreendedor – gerando receitas e não despesas  
A  busca  de  novas  receitas  deve  ser  incentivada  para  que  o  governo  recupere  sua 
capacidade de investir e de gerar mais receitas no futuro. Uma das idéias de Gaebler e Osborne 
é a instituição de taxas para os serviços públicos. Outra noção é a de considerar os gastos sob 
uma perspectiva de investimento, ou seja, considerando o benefício futuro de cada despesa. 
Governo Preventivo – prevenção ao invés da cura  
Os governos devem deixar de se preocupar apenas com a resolução dos problemas para 
se concentrar nas causas dos problemas. Ao invés de tratar os sintomas, deve‐se buscar evitar 
que os problemas apareçam. O estudo e o enfrentamento da origem dos principais problemas 
levam o governo a gastar seus recursos de maneira mais eficiente. 
Governo Descentralizado – da hierarquia à participação e ao trabalho de equipe  
 
 
4  http://www.euvoupassar.com.br     Eu Vou Passar – e você? 
 
Atualmente as  tecnologias de  informação possibilitam que exista uma descentralização 
de  poderes  para  osníveis mais  baixos  na  hierarquia  sem  que  a  cúpula  perca  o  controle. A 
descentralização  também  eleva  a  flexibilidade,  a  eficiência  e  o  comprometimento  dos 
servidores envolvidos. 
Governo Orientado para o Mercado – construindo mudanças através do mercado 
Os governos devem buscar atuar através de mecanismos de mercado, em vez de tentar 
atuar diretamente. Ao  criar  incentivos  e direcionar  a  iniciativa privada  eles, podem  ser mais 
efetivos na solução dos problemas da sociedade.  
Os  mercados  não  são  perfeitos,  e  existem  serviços  que  não  se  prestam  à  iniciativa 
privada, mas sempre que possível o governo deve induzir e não executar, ou seja, estruturar e 
induzir o mercado, e não administrar sozinho. 
Vamos analisar agora umas questões sobre este tema: 
1. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005) Os clientes‐alvo a quem o administrador público 
de  uma  gestão  tradicional  mais  procura  satisfazer  são  aqueles  ligados  aos  Poderes 
Legislativo e Executivo, pois é deles que os recursos se originam.  
 
2. (CESPE – TRE‐BA  /ANAL JUD  ‐ ADMINISTRATIVA – 2010) A construção de uma área de 
lazer destinada  à promoção de  atividades  turísticas e  culturais por meio de parcerias 
com  empresas  privadas  é  um  exemplo  de  empreendedorismo  governamental,  pois 
promove a integração entre o governo e determinado grupo social.  
 
3. (CESPE – SENADO  / CONSULTOR ADM – 2002) A noção de empreendedorismo público 
denota uma postura estratégica proativa de organizações públicas e do próprio Estado 
como um empreendedor seletivo.  
 
4. (CESPE  –  TRE‐MA  /  ANAL  JUD  –  2005)  A  comunicação  pode  fluir  verticalmente  ou 
lateralmente. Sob a ótica de um governo empreendedor, a comunicação só deverá fluir 
via rede de comunicação formal; sob a ótica da  iniciativa privada, a comunicação pode 
ser formal ou informal.  
 
5. (CESPE – TRE‐MA  / ANAL  JUD –  2005) O governo  caracteristicamente empreendedor 
fomenta  a  transferência  do  poder  decisório  da  burocracia  para  as  comunidades, 
possibilitando a efetiva participação da população de modo a ser eficiente na resolução 
dos  problemas  e  no  alcance  dos  objetivos  consensualmente  determinados  por  cada 
comunidade.  
 
6. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005) Considere que determinada cidade teve aumento 
considerável  da  criminalidade  nos  últimos  6  meses.  Em  decorrência  dessa  nova 
realidade,  o  governo  decidiu  aumentar  a  contribuição  financeira  para  a  polícia  da 
localidade. Nessa  situação,  é  correto  afirmar  que  tal  atitude  é  característica  de  uma 
gestão tradicional de governo.   
 
 
5  http://www.euvoupassar.com.br     Eu Vou Passar – e você? 
 
 
7. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005) Quando um governo estadual investe na reforma 
dos  holofotes  de  um  campo  de  futebol  para  implantar  um  programa  de  esporte 
destinado  a  crianças  de  risco  de  delinqüência  jogarem  à  noite,  tal  ação  é  de  cunho 
estratégico.  
 
8. (CESPE – TRE‐MA / ANAL JUD – 2005)  Um princípio inerente ao governo empreendedor 
é a sua orientação para missões.  Isto significa que as organizações públicas devem ser 
rigidamente  dirigidas  por  objetivos,  regulamentos  e  normas  para  que  suas  missões 
possam ser eficazmente atingidas.  
 
Gabaritos: 
 
1 – C 
2 – C 
3 – C 
4 –E 
5 – C 
6 – C 
7 – C 
8 – E 
 
Bibliografia: 
 
Osborne, D; Gaebler, T. Reinventing Government: how the enterpreneurial spirit is transforming the public 
sector. Ed. Addison‐Wesley, 4º Ed. 1992. 
Paludo, A.P. Administração Pública. Ed. Campus, 1º Ed. 2010. 
 
 
 
Por hoje é só!  Qualquer dúvida estarei disponível no e‐mail abaixo. 
Bons estudos e sucesso!! 
 
Rodrigo Rennó 
rodrigorenno@euvoupassar.com.br

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