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Composição da sociedade internacional
Entes atuantes na ordem internacional - atores. 
Já na ótica de Direito Internacional, eles são considerados sujeitos de direitos e deveres – as chamadas pessoas de Direito Internacional. Todos os entes nesse sentido são pessoas do Direito Internacional Público. 
Pessoa no Direito Internacional na perspectiva declaratória: Aqueles a quem o Direito Internacional atribui direitos e deveres na ordem internacional. 
Perspectiva processual se considera pessoas de Direito Internacional todos aqueles que têm responsabilidade na ordem internacional, isto é, os que respondem diretamente por suas violações, aqueles que têm legitimidade para reclamar e os que têm capacidade para assumir compromissos. A doutrina clássica considerava apenas os Estados, mais recentemente, todavia, consideramos também os indivíduos e as organizações internacionais. 
A legitimidade ativa consiste no direito daquele que reclama a violação da norma. A passiva, portanto, é daquele que sofre a responsabilidade pelo descumprimento da norma. O Estado pode ser responsabilizado pela ação de um indivíduo. Também o indivíduo pode, atendidas certas condições, reclamar uma violação junto ao órgão de Direitos Humanos da ONU. Isso só é possível se o Estado de onde vem o indivíduo reconhecer a competência desse órgão. O Brasil não assinou o Protocolo Facultativo de Direitos Civis e Políticos; logo, ninguém ligado à jurisdição brasileira pode reclamar uma violação. 
A personalidade internacional não depende da quantidade de direitos e deveres de que um ente seja titular, ela varia segundo a natureza dos diferentes sujeitos. Essa natureza depende das necessidades da comunidade, o conteúdo da personalidade jurídica internacional, em termos de capacidade, não é o mesmo em todos os sujeitos.
Observação:
A família de Jango quer processar os EUA por ter ajudado e financiado o golpe que derrubou o presidente. Cabe avaliar se isso constituiu um ato de império ou um ato de gestão. O primeiro é um ato soberano do Estado e, portanto, não pode ser julgado em outro país. Já no segundo o Estado atua como gestor, ele pode sim ser julgado. 
A organização internacional é uma associação de Estados criada mediante um tratado. 
Quanto a responsabilidade, é correto afirmar que geralmente o Estado responde pela ação de seus nacionais, porém há casos em que os indivíduos respondem diretamente por seus atos. Por exemplo, o tribunal de Nuremberg, os tribunais especiais para a Iugoslávia e Ruanda. Esses três casos são tribunais ad hoc, temporários e específicos. Apenas muitos anos depois, com o Estatuto de Roma, é que se criou o Tribunal Penal Internacional. No entanto, só estão submetidos ao tribunal os Estados parte do tratado de Roma. Existe a legitimação direta ativa, em que se responde pelas próprias ações, e a legitimação passiva, em que se assume a responsabilidade pela das ações. 
O que caracteriza a independência de uma organização internacional é seu corpo administrativo, ter funcionários próprios que, independentemente de suas nacionalidades, obedecem somente às regras internas da organização. 
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) tem duas funções: uma contenciosa, de resolução de conflitos, e outra consultiva, que fornecem pareceres acerca de questões postas pelo Conselho de Segurança, pela Assembléia Geral ou por alguma outra organização ou órgão, desde que com autorização da Assembléia Geral.
 Em 1949, a missão internacional de ONU no Oriente Médio para a criação do Estado de Israel foi vítima de um atentado em que morreram alguns de seus funcionários. A Carta da ONU, no entanto, não falava de personalidade jurídica da organização. Assim, o Secretário Geral da ONU pediu à CIJ um parecer a respeito da personalidade internacional da organização para pedido de reparação de danos. O parecer dado foi a favor da existência da personalidade internacional da ONU, afirmando que, não obstante, os direitos e deveres de uma organização internacional, enquanto pessoa internacional, eram diferentes dos de um Estado. Eles dependem dos propósitos e funções da organização, tais como estão explícitos ou implícitos no seu texto constitutivo. A partir daí, não restaram dúvidas com relação à questão. 
Existência de normas atributivas (gerais) da personalidade internacional:
Há diversos pontos de vista. 
Defende que existem tais normas, que definiriam, por exemplo, a personalidade internacional dos Estados. A União Européia, por exemplo, possui exigências para o reconhecimento de um Estado, como eleições periódicas com pelo menos dois partidos políticos. Alguns dos aspectos que o caracterizam são a soberania, a organização e a territorialidade. Esses fatores constituem uma visão específica das pessoas do Direito Internacional, em quem o Estado é a principal pessoa e formador das outras. Ele seria a pessoa primária ou originária ou, ainda, de capacidade plena. Os aspectos que o caracterizariam são a igualdade soberana (que os distingue de todos os outros sujeitos), a organização (que os diferencia de certos sujeitos como o indivíduo) e a territorialidade (que os distingue das organizações internacionais). Existiriam, conseqüentemente, as outras pessoas, secundárias ou derivadas ou de capacidade restrita. Seriam essas as organizações internacionais intergovernamentais, as entidades com status especial e o indivíduo. Charles Rousseau possui uma perspectiva diferente, muito criticada por entender a primazia do Estado. Ele divide as pessoas de Direito Internacional Público em coletividades estatais, coletividades inter-estatais e coletividades não-estatais. As primeiras corresponderiam aos Estados; as segundas, às organizações internacionais, e as terceiras, aos indivíduos. 
Característica do Direito Internacional Público:
Rousseau 
Inexistência de poder legislativo, executivo ou judiciário internacional – ela é descentralizada. As normas jurídicas internacionais são feitas pelos seus próprios destinatários, os Estados. Daí Georges Scelle defender a teoria da dupla função ou desdobramento funcional do Estado: o Estado empresta seus órgãos internos para elaborar as normas internacionais e depois para fazer com que sejam cumpridas ou ajudar no seu cumprimento, ele é ao mesmo tempo autor e destinatário das normas. 
Paritária (há uma igualdade entre as pessoas internacionais).
Escassamente integrada (sua estrutura jurídico-formal é relacional).
Complexa (é formada por mais de uma pessoa) 
Dinâmica.
Universal (engloba a todos os Estados)
Interdependente 
Heterogênea (há diferentes tipos de sujeitos com personalidade internacional).
Sob o ponto de vista da personalidade, é necessário que o Estado tenha território definido, população permanente, governo efetivo e independente e soberania (relativa, pois o Estado soberano é aquele vinculado à ordem internacional). 
As entidades com status especial se enquadrariam, na classificação de Rousseau, na categoria das coletividades não-estatais. A Santa Sé é um exemplo, ela tem personalidade internacional.
Norma Primária:
A norma primária é aquela norma inicial, sobre cuja violação incide uma norma secundária, normalmente de reparação. 
O indivíduo, como pessoa de Direito Internacional, pode reclamar à Comissão de Direito Internacional, que fará uma avaliação do caso e poderá, posteriormente, encaminhá-lo à CIJ. Essa possibilidade só existe quando o Estado da nacionalidade do indivíduo for parte do tratado da Comissão ou da Corte, fazendo parte da organização. Quando um Estado não puder julgar um indivíduo, deve encaminhar o caso à outra pessoa, competente para fazê-lo – princípio do aut dedere aut punire. Os brasileiros não podem recorrer à Comissão de Direitos Humanos, pois o Brasil não é parte do Protocolo Facultativo do Tratado de Direitos Humanos.
Outra ótica Classificar as pessoas de Direito Internacional Público
Pessoas primárias
Originárias ou de capacidade plena, que seriam os Estados.
Pessoas secundárias, derivadas oude capacidade restrita, que podem ser as organizações internacionais intergovernamentais, as entidades com status especial (Santa Sé, Comitê Internacional da Cruz Vermelha e beligerantes, por exemplo) e os indivíduos. 
O Estado é a principal pessoa de Direito Internacional Público, é ele quem cria a maioria das outras pessoas internacionais e quem elabora as normas internacionais. 
Observação:
A teoria do risco consiste na possibilidade de, se um Estado enviar um objeto, cujo registro deve ser feito no próprio Estado e no Secretariado Geral da ONU, para o espaço, ele ser responsabilizado pela reparação dos danos caso esse objeto ou parte dele venha a cair e prejudicar alguém, aonde quer que seja. É um risco que ele corre quando decide enviar algo para o espaço.
Os beligerantes constituem o grupo que luta contra o Estado numa guerra civil. Se o Estado reconhecer que não tem mais controle sobre determinado território, o grupo armado com o controle é declarado beligerante. Ele possui certos direitos internacionais e, se acontecer de ele ganhar a guerra civil, chegando ao poder, o novo Estado deve ser reconhecido pela comunidade internacional. Caso um terceiro Estado venha a declarar aliança aos beligerantes, ele estará intervindo na soberania do Estado em guerra e, portanto, cometendo um ilícito internacional.
Indivíduo:
Há hoje uma gama de direitos particulares ao indivíduo, direitos civis e políticos. As revoluções francesa e americana instituíram como direitos fundamentais a igualdade, a liberdade e a propriedade, com isso nasciam os Direitos Humanos.
 Nem mesmo na visão contratualista se abre mão e certos direitos naturais. Ainda, a Declaração de Virgínia institui a busca da felicidade. Uma segunda visão dos Direitos Humanos é a da Declaração do Povo Trabalhador da URSS, que instituía, por exemplo, o direito à expropriação. No entanto, os Direitos Humanos só ingressaram oficialmente na Ordem Internacional com a Carta da ONU em 1945 e a Declaração de Direitos Humanos da ONU de 1948. Em 1946, o Conselho Econômico e Social criou a Comissão de Direito Humanos, extinta em 2006 devido à criação do Conselho de Direitos Humanos, subordinado direitamente à Assembléia Geral.
A primeira tarefa da Comissão foi elaborar a Declaração Universal de Direitos Humanos. Quando de sua criação, houve uma grande discussão quanto à sua obrigatoriedade, que concluiu que, assim como a Carta da ONU, a Declaração possui caráter recomendatório à Assembléia Geral. Quanto à sua universalidade, tivemos três tipos de abstenções na sua aprovação: a África do Sul, devido ao seu regime racista da Apartheid; os países do Bloco Comunista, que defendiam que a declaração não contemplava os direitos sociais e econômicos e instituía o direito à propriedade, e a Arábia Saudita, com relação aos direitos da mulher, ao direito de “ir e vir” (Meca estava restrita aos muçulmanos) e aos direitos de livre pensamento e credo.
Em 1946, a Comissão elaborou um Pacto de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e em 1966, um Pacto de Direitos Civis e Políticos e um Protocolo Facultativo ao Pacto de Direitos Civis e Políticos. Em 1989, há um segundo protocolo facultativo. O Protocolo de 66 permite que indivíduos reclamem perante o Comitê de Direitos Humanos, criado pelo Pacto de 1966. O segundo protocolo facultativo refere-se à pena de morte. O Pacto de Direitos Civis e Políticos obrigou os Estado contratantes a aplicarem imediatamente o pacto a todo o seu território e a todos nele. Já o Pacto Econômico, Social e Cultural, sua aplicação deve ocorrer paulatinamente até o limite dos recursos do Estado. Essa diferenciação é devido ao fato de o segundo Pacto constituir direitos positivos, que exigem a utilização de recursos públicos e a mobilização do aparelho estatal, e o primeiro, direitos negativos, no sentido de que são direitos declaratórios. 
Características da Sociedade Internacional
Ela é ainda predominantemente estatal, lembrar do desdobramento funcional do Estado; descentralizada, não tem órgão central; paritária, igualdade soberana dos Estados; escassamente integrada, estrutura jurídico-institucional e relacional; universal; complexa e interdependente, tudo atinge todo mundo.
Estrutura da Sociedade Internacional
Ela é relacional, regida por um societarismo. Cada vez se cria mais organizações e tratados, o que explicita sua característica institucional, em que a cooperação se dá através de organizações internacionais. Além disso, a sociedade internacional é comunitária, regida pelo princípio de solidariedade entre os Estado. 
Conceito de Direito Internacional
Diaz de Velasco (clássico) - ressalta o conjunto das normas e princípios, que buscam certa coerência, e o caráter jurídico, ou seja, a obrigação do cumprimento. Ele afirma que o Direito Internacional é um “sistema de normas e princípios que formam o ordenamento jurídico da sociedade internacional contemporânea e que regula as relações de coexistência e cooperação institucionalizada [...].”
Princípios
O artigo 1º da Carta da ONU institui a igualdade de direitos e o direito à autodeterminação dos povos. O artigo 2º institui a igualdade soberana dos Estados, ou melhor, a busca por essa igualdade, boa-fé, solução pacífica de controvérsias (a busca por meios pacíficos – princípio da livre escolha dos meios, artigo 33), proibição da ameaça ou uso da força, auxílio à ONU, obrigação de os Estado não-membros de cumprirem os princípios e respeito à jurisdição doméstica (domínio reservado dos Estados). 
A Res. Assembléia Geral/ONU 2625/70 institui princípios referentes à amizade internacional e à cooperação entre os Estados. De acordo com essa resolução, os Estados devem abster-se de recorre ao uso da força, devem resolver seus litígios internacionais por meios pacíficos, não devem intervir em assuntos de jurisdição doméstica do Estado, devem cooperar uns com os outros. Institui ainda o princípio da igualdade dos direitos dos povos e de seu direito de dispor de si mesmo, da igualdade soberana dos Estados e da boa-fé em seguir as obrigações assumidas com a Carta da ONU.
Cortesia internacional constitui certas práticas dos Estados que não são normas jurídicas obrigatórias. Jurisdição doméstica é o conjunto de assuntos que os Estados não são obrigados a apresentar à apreciação da ONU e da comunidade internacional, mas eles estão diminuindo cada vez mais.
Funções do Direito Internacional
Uma das funções do Direito Internacional é a manutenção do modelo original e específico de relações internacionais através da manutenção da paz e da segurança internacional. Isso caracteriza uma estrutura relacional entre os Estados, a sociedade internacional está baseada nas relações entre eles. 
A manutenção da paz e da segurança internacionais se apoiam nos princípios da igualdade soberana entre os Estados, da não intervenção e da interdição do uso da força. Outra função do Direito Internacional é a adaptação das demandas da sociedade internacional, capazes de alcançar objetivos comuns, o que caracteriza a necessidade de cooperação, explicitando outro aspecto marcante da sociedade internacional que é sua estrutura institucional. Através das organizações internacionais é que essa cooperação é mais efetiva. Uma terceira função do Direito Internacional é favorecer uma integração a favor de certos interesses coletivos essenciais, criando e mantendo um direito imperativo. Isso caracteriza o aspecto comunitário da estrutura da sociedade internacional. 
A Convenção de Viena determinou que será nulo qualquer tratado que violar uma norma imperativa de Direito Internacional. Incluso, caso surja uma nova norma imperativa, todos os tratados em conflito com ela serão nulos. Normas imperativas, ou normas de ius congens, são aquelas que não permitem exclusão ou modificação. A doutrina é encarregada da investigação. As normas imperativas têm a função de limitar a vontade do Estado com relação aos interesses coletivos essenciais mencionados anteriormente. Essas são obrigaçõeserga omnes. 
Estrutura relacional do Direito Internacional
Dentro da estrutura relacional do Direito Internacional, podem destacar alguns aspectos. O Direito Internacional tem caráter relativo, em geral os Estados só submetem a solução de suas controvérsias a outros se assim quiserem. Eles são livres para escolherem os meios de solução. 
Como modo de solução de controvérsia se tinha os diplomáticos (negociação e conciliação, quando um terceiro aproxima os dois e se retira), os políticos (recorrer a organizações internacionais) e os jurídicos (arbitragem, tribunal ad hoc, e Corte Internacional de Justiça, solução judiciária). 
O Direito Internacional tem também caráter recíproco, uma vez que em regra o tratado só produz direitos e obrigações às partes contratantes, ou seja, as normas são fruto do consentimento do Estado. 
Além disso, ele tem caráter dispositivo, pois os Estados podem excluir a aplicação da norma ou modificar o seu conteúdo pelo mesmo consentimento. 
Caráter particularista, pois existe uma restrição do âmbito de validade e número de sujeitos em que é aplicada uma norma particular. O tratado é o instrumento básico de criação e formação de normas, as quais podem ter os mais diversos objetos.
DEIXAR DE CUMPRIR UM TRATADO
Os Estados podem deixar de cumprir um tratado, mas apenas através dos meios diplomáticos. Pode ser por denúncia, quando um Estado renuncia ao tratado ou à organização e dela se retira. O Estado ainda pode fazer reserva ao tratado, ele não aplica certas partes. Cada vez mais o Direito Internacional regula as ações dos Estados, mas vem sido retomada uma antiga discussão quanto à universalidade ou à particularidade do Direito Internacional. Questiona-se se o Direito Internacional é comum a todos os Estados ou se ele pode ser particular a uma região. O asilo diplomático, por exemplo, é tipicamente latino-americano, mas em situações excepcionais outros países já o concederam. 
Estrutura institucional do Direito Internacional
O Direito Internacional é formado, por um lado, por uma pluralidade de organizações internacionais criadas pelos Estados, que dão origem a normas de cooperação. Consequentemente, houve uma intensificação no processo de criação de normas, principalmente com o movimento de codificação, que pode ser entendido como um movimento progressivo do Direito Internacional. As resoluções são um novo procedimento de criação de normas, é a própria organização interpretando suas normas e tratados. As organizações internacionais interpretam suas normas através de atos normativos e da própria prática. Além disso, elas possuem procedimentos centralizados de aplicação das normas, como o Conselho de Segurança. Ainda, houve o desenvolvimento de procedimentos institucionais para a solução de controvérsias. 
Estrutura comunitária do Direito Internacional
O Direito Internacional rege-se pelo princípio da solidariedade entre os Estados. Há a criação de normas que procuram proteger os interesses coletivos da sociedade internacional em seu conjunto. Essas normas seguem um código de valores mínimos, como a proibição de agressão, de domínio colonial, de contaminação da atmosfera e dos mares. Além disso, temos como aspecto fundamental dessa estrutura comunitária as normas imperativas, ou ius cogens, que são impassíveis de modificação. Sendo assim, aqueles interesses coletivos essenciais se traduzem em obrigações erga omnes. Em caso de violação, é a sociedade coletiva que é lesionada, pois essas obrigações instituem uma tutela coletiva. 
Heterogeneidade da Sociedade Internacional
O princípio da igualdade jurídica entre os Estado é essencial aos países subdesenvolvidos, que só possuem esse meio para defender seus interesses. Há fatores políticos, econômicos e estratégicos que mantém a hegemonia das grandes potências. No plano consuetudinário elas atuam através de seus próprios atos unilaterais (suas condutas estabelecem precedentes para a formação de uma prática) e no normativo convencional elas exercem pressão em determinado sentido para a formação de normas que lhe sejam mais favoráveis. Além disso, possuem status privilegiado nas organizações internacionais, como o Conselho de Segurança.
Conteúdo
O Direito Internacional não tem limitações quanto à regulamentação de sua matéria. Seu núcleo duro consiste em coordenar as soberanias, predominantemente através de normas costumeiras, em relação à atribuição e ao exercício da competência dos Estados sobre espaços e pessoas. 
Mudanças quantitativas do conteúdo - COSTUME
Podemos perceber um aumento no número de Estados, de tratados (junto com as normas costumeiras são as principais fontes do Direito Internacional) e das matérias reguladas pelo Direito Internacional. O artigo 38 do Estatuto da CIJ estabeleceu que ela julgará de acordo com o Direito Internacional aplicando tratados, costumes internacionais e os princípios de Direito Internacional. O costume fornece o caráter geral do Direito Internacional, pois que como costume deve ser ele aplicado por todos, diferentemente dos tratados. 
Elas se deram de ordem técnica, ideológica e estrutural. Quanto às primeiras mudanças, o Direito Internacional Público passou a ser um direito de cooperação que visa a regular e harmonizar a conduta individual dos Estados e a possibilitar um comportamento comum com base em um ordenamento convencional. Quanto às segundas, ele passa a buscar a realização de objetivos matérias e concretos, definidos por sua importância política ou econômica. Quanto às terceiras, o Direito Internacional Público sofreu um incremento de organizações internacionais. 
Conseqüência das mudanças de conteúdo
As ONGs, mesmo não tendo personalidade internacional, podem participar de conferências das organizações internacionais para propor projetos para a pauta da organização. A interpretação e aplicação de tais normas passam por um processo de institucionalização, do qual participam Estados, ONGs e especialistas. As soluções de controvérsias passam a dispor de órgãos coletivos com competência para obter informações, investigar e decidir. 
Direito Internacional e Direito Interno
O Brasil, hoje, é parte dos principais tratados de Direitos Humanos. O Pacto de Direitos Civis e Políticos proíbe a prisão por não cumprimento de obrigação contratual. A Constituição brasileira permite a prisão do depositário infiel, em conflito claro com o tratado de que é parte. Esse é um exemplo de conflito entre o Direito Internacional e o Direito Interno.
TEORIAS:
Dualista: de Heinrich Triepel. Essa teoria chama-se dualismo porque visualiza duas esferas independentes, a do Direito Internacional e a do Direito Interno. Essas ordens, defende o dualismo, podem ser tangentes, mas não secantes. No Direito Internacional, as pessoas seriam os Estados, no Interno, elas constituídas tanto pelos Estados quanto pelos indivíduos. Já neste momento podemos perceber uma contradição na teoria, o Estado é uma pessoa comum às duas esferas. 
A fonte no Direito Internacional seria a vontade dos Estados, expressa no tratado-lei (ele faz a distinção entre tratado-lei e tratado-contrato, em que no primeiro as vontades têm o mesmo conteúdo e no segundo, conteúdos diferentes). Essa distinção deve ser desprezada, pois nem sempre funciona assim. O costume seria a vontade tácita do Estado. Na ordem interna, a fonte é a vontade de um único Estado e existe uma estrutura de subordinação dos indivíduos ao Estado, diferente da de coordenação existente na ordem internacional. 
Para Triepel, o tratado-contrato é um mero negócio jurídico, porém há inúmeros tratados que têm características tanto de lei quanto de contrato. O tratado da Conferência de Berlim se enquadraria no tipo tratado-lei, pois os países que fizeram parte da conferência não viam a África como Estado civilizado, nem mesmo como Estado (diversos Estados, no caso). Assim, ela não teria personalidade internacional e, portanto, sua vontade não deveria ser levada em consideração para a classificação.Primeiramente, como já foi dito, Triepel afirma que as duas ordens, internacional e interna, são totalmente independentes, não possuindo nada em comum. Assim, a ordem internacional deve ser incorporada pela interna. A incorporação funcionaria da seguinte forma: o tratado possui uma fase de negociação, da qual ele sai pronto; depois vem a assinatura, que não o torna obrigatório, mas que autentica seu texto (ele ainda deve passar pelos órgãos internos devidos); por último ele deve passar pela fase da ratificação (ato internacional), que o torna obrigatório na ordem internacional. É preciso torná-lo obrigatório na ordem interna. Para tal, é necessário passá-lo por um procedimento de ordem interna, no Brasil, ele é promulgado e publicado no Diário Oficial. Assim, no momento em que ele é incorporado, ele revoga, modifica ou derroga as normas anteriores, podendo também vir a sofrer isso com uma norma posterior. 
Triepel não vê conflito entre as duas ordens, pois depois da incorporação, a norma internacional passa a ser norma interna. No entanto, como ela pode sofrer o mesmo processo com uma norma posterior, do ponto de vista do Direito Internacional isso é inválido, pois não se pode alegar o direito interno para deixar de cumprir o Direito Internacional. Isso pode levar o Estado a ser responsabilizado na ordem internacional. 
A segunda teoria sobre a relação entre as duas ordens é a do monismo com primazia do Direito Internacional, de Hans Kelsen. O autor acredita que coordenar já é subordinar a uma nova ordem. Sua teoria monista defende que toda norma tira sua origem de outra que lhe é superior. Num primeiro momento ele não estabelece nenhuma norma fundamental que daria competência à primeira norma posta, caberia ao jurista buscar para cada norma sua origem. Ele, nesse momento, não escolhe a primazia de nenhuma das duas ordens. Numa segunda fase ele determina a norma fundamental, que é a pacta sunt servanda – cumprir os compromissos. Porém ele ainda não visualiza nenhum conflito entre as normas. Apenas depois da influência de Verdross, num terceiro momento, ele admite a possibilidade de conflito entre normas internas e normas internacionais, caso em que deveriam prevalecer estas últimas. 
Kelsen criticou a teoria dualista dizendo que quando existe coordenação também existe subordinação. Para fazer valer a ordem internacional, de acordo co o dualismo, essa deveria ser incorporada à ordem interna. Dessa forma, a norma deixaria de ser internacional, tornando-se nacional e revogando as normas anteriores em contradição. Pode-se perceber que para esse autor, não há realmente um conflito entre as normas internacionais e as internas – teoria da incorporação.
Posição do Direito Internacional
A regra é que a norma internacional prevalece sobre a interna. Na Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados (artigos 27 e 46), estabeleceu-se que o Estado não pode invocar a norma interna para deixar de cumprir um tratado, somente se quem o assinou não tivesse competência para isso ou se o tratado viola uma norma interna de importância fundamental, leia-se, a Constituição. 
A responsabilidade do Estado se dá por ato ilícito para o Direito Internacional, ou seja, o ato só é ilícito quando viola norma de Direito Internacional ou por culpa – quando não tenta prevenir ou reprimir uma violação de Direito Internacional cometida por particular. O Estado é obrigado a reparar o ato ilícito, de qualquer forma que seja – objetivo da responsabilidade. 
Aplicação do Direito Internacional pelos órgãos internos do Estado.
Há inúmeros autores que afirmam que há uma tendência à constitucionalização do Direito Internacional, assim como à internacionalização do Direito Constitucional, por exemplo, os artigos 4º (relações exteriores) e 5º (Direitos Humanos) da CF.
 A aplicação do direito consuetudinário pode ocorrer de quatro formas: a adoção não automática, embora obrigatória, das normas gerais (consuetudinárias); incorporação automática (Constituição Portuguesa); incorporação imediata, produzindo efeitos imediatos e prevalecendo sobre as leis internas (Constituição Alemã), e cláusulas que incorporam de maneira individualizada e formalmente algumas normas de Direito Internacional gerais (Constituição Brasileira). No direito convencional, a maioria dos Estados incorpora a norma internacional ao direito interno, o que às vezes se dá por meio de sua publicação e ordem de execução (promulgação). Muitos países estabelecem uma hierarquia do tratado sobre a lei. 
Aplicação do Direito Interno por órgãos internacionais
Em geral, o direito interno é apenas um fato, mas há algumas situações em que o Direito Internacional o leva em consideração. Por exemplo, a proteção diplomática em casos de conflito entre uma pessoa física ou jurídica de certa nacionalidade e outro Estado. Outra circunstância é o esgotamento dos recursos internos do Estado, quando se tentou todos os recursos jurídicos possíveis no outro Estado antes de se recorrer à proteção diplomática do seu Estado, evitando que a reclamação seja leviana. 
Constituição Federal artigo 5º
Os tratados de Direitos Humanos anteriores à emenda 45, que foram votados com outra proporção, seriam incorporados materialmente, mas não formalmente à Constituição Federal. Os posteriores podem ser até mesmo formalmente incorporados artigo 5º, § 3º, CF). O § 2º do artigo 5º da CF estabelece que a Constituição inclua os direitos e garantias decorrentes de tratados internacionais de que o Brasil faça parte. 
Fontes do Direito Internacional
A norma tende a confundir-se com obrigação no Direito Internacional, na medida em que o consentimento é essencial para a formação do Direito Internacional. As normas imperativas obrigam a todos os sujeitos. Porém, a normas se produzem, tradicionalmente, por via consuetudinária e as obrigações por acordo ou unilateralmente. Geralmente, os tratados só são obrigatórios para as partes contratantes. As normas imperativas são aquelas sobre as quais há consenso na comunidade internacional. Elas só podem ser derrogadas por uma nova norma imperativa. Os tratados que a violem são nulos. No caso de surgir uma nova norma imperativa, também serão nulos os tratados que entrarem em conflito com ela.
A perspectiva voluntarista parte da vontade para constituir as fontes. Já a objetivista divide as fontes em materiais e formais: a primeira seria a origem social e a segunda, a forma de exteriorização da norma. A norma, na verdade, seria o conteúdo de uma regra elaborada segundo as exigências processuais de uma fonte formal, ela pode surgir de diferentes fontes.
 Quadri, positivista italiano, classifica as fontes em primárias (os princípios constitucionais da ordem internacional – princípios gerais ordenadores), secundárias (os tratados e costumes que se apóiam nas fontes primárias) e as terciárias (que seriam os atos unilaterais, as decisões das organizações internacionais, o regulamento interno das organizações internacionais). 
Alguns exemplos de fontes primárias são a proibição de genocídio, a proibição do uso da força e alguns direitos humanos. Os princípios constitucionais incluem as normas imperativas e outras, como a boa fé. Eles encontram-se explicitados na Res. Assembléia Geral/ONU 2625/70. Além desses, vigora na ordem internacional o importante princípio de permanência e continuidade dos Estados. 
A CIJ é a sucessora da Corte Permanente de Justiça Internacional. Seu estatuto, de 1920, está anexo à Carta das Nações Unidas. Ele estabelece as fontes a serem utilizadas pela Corte, são elas: as convenções internacionais, o costume internacional, os princípios gerais de direito, as decisões judiciárias e a doutrina, essas duas apenas como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. O estatuto também estabelece o efeito relativo da sentença, pelo qual a sentença só é válida para as partes litigantes. Ademais, ele institui que a Corte poderá decidir por eqüidade (ex aequo et bono) se as partes assim concordarem. Muitos autores criticamque tal artigo 38 não estabelece uma hierarquia entre as fontes. 
Sob o ponto de vista geral do Direito Internacional, não há hierarquia entre as fontes, mas há um entendimento de que uma norma específica prevalece sobre uma norma de caráter geral, assim como uma norma posterior prevalece sobre a anterior. Questiona-se também o fato de o estatuto excluir algumas fontes importantes que apareceram após 1945, uma vez que ele á de 1920. Por fim, pode acontecer, em termos teóricos, de a CIJ não poder aplicar a convenção caso ela não esteja registrada na ONU.
Validade do ato jurídico internacional:
Para que um ato jurídico internacional tenha validade é necessário que o autor ou órgão sejam capazes, competentes; que o objeto do ato seja lícito e possível e que não haja vícios de consentimento (coação ou dolo). Somente Estados possuem essa capacidade, através de seus representantes e órgãos, além das organizações internacionais. Os atos unilaterais são a manifestação de uma pessoa, os convencionais são a manifestação de mais de uma pessoa (atos bilaterais ou multilaterais, que implicam em obrigação para mais de um Estado) e os mistos são aqueles que são convencionais para uns, mas que implicam em obrigações para não contratantes.
A CIJ não é um poder judiciário ordem internacional. Ela tem duas funções, uma consultiva e uma contenciosa (só para Estado). Seu estatuto é quase que uma cópia do da CPJI, apesar de a CIJ ser um dos principais órgãos da ONU. 
O artigo 38 do estatuto enumera as fontes que deverão ser utilizadas para solucionar os conflitos. Quanto à critica relativa ao não estabelecimento de uma hierarquia, podemos apontar, além do fato de não haver uma hierarquia entre fontes no Direito Internacional, que no caso de controvérsia entre as fontes, a Corte aplicará a ordem estabelecida pelo estatuto. Quanto à segunda crítica, relativa ao fato de ele não contemplar outras fontes, ela só cabe quanto aos atos unilaterais (manifestação de uma pessoa de direito internacional que produz efeitos na ordem internacional). Temos outras fontes no Direito Internacional, provenientes das organizações internacionais, são elas as decisões, resoluções, estatutos internos, por exemplo. Seus tratados de fundação (constitutivos) constituem uma fonte secundária. 
Com respeito aos atos unilaterais, eles constituem fonte de direito internacional tanto na forma expressa quanto na tácita (ausência de manifestação, implícito). As reservas aos tratados e os reconhecimentos de Estados são exemplo de atos unilaterais. As reservas, no entanto, devem ser apreciadas pelos demais Estados contratantes, que têm um prazo de 12 meses, em geral, para manifestar-se a respeito. 
Atos unilaterais:
Charles Rousseau sistematizou (didaticamente), os atos unilaterais, dividindo-os em tácitos, como o silêncio ou o estoppel (preclusão – perda de prazo para manifestação), e expresso, como o reconhecimento, a denúncia, a renúncia (o Estado pode renunciar a seus direitos), o protesto. Quando se está consolidando um costume e um Estado protesta constantemente contra ele, temos um protesto permanente – objetor persistente. Depois da consolidação do costume, esse Estado não verá esse costume como obrigatório. Alguns outros autores vão além da classificação de Rousseau, dividindo os atos unilaterais em próprios, quando não estão subordinados a outro ato, ou impróprios, quando aquele ato já está previsto em outro ato. A Carta da ONU, por exemplo, é omissa com relação à denúncia, ela não está prevista. Houve uma situação com a Indonésia em que ela se retirou da ONU, mas a ONU não viu isso como denúncia. Depois ela resolveu voltar e a decisão da ONU foi de considerar que a Indonésia foi ausente, deixou de cooperar, evitando abrir um precedente de denúncia. O ato teria sido expresso e próprio. 
Tratados
Em 1969 foi feita a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados. Além dos Estados, outras pessoas de Direito Internacional podem celebrar tratados, como as organizações internacionais. 
A codificação do Direito Internacional é um processo riquíssimo, mas isso não significa que venhamos a ter um código de Direito Internacional. Além da de 1969, há outras Convenções importantíssimas que são utilizadas até hoje, como as Convenções de Haia de 1889 e 1907 sobre Direito dos Mares e a Conferência de Genebra sobre guerra aérea e terrestre. 
Sob um ponto de vista geral, o movimento codificador começou em 1889. a Liga das Nações fracassou em tentar dar continuidade a isso, porém o movimento ganhou proporções importantes com a ONU, que criou a Comissão de Direito Internacional. A Comissão tem o papel de codificar e desenvolver progressivamente o Direito Internacional. Codificar significa reunir em papel os costumes e desenvolver, ir além da compilação. A Comissão encontra-se subordinada à Assembléia Geral e apresenta uma restrição à matéria sobre a qual é competente, não pode trabalhar em matéria de Direitos Humanos e Direito de Guerra. Ela discute determinados temas propostos pela Assembléia Geral ou de sua escolha e nomeia um relator, quando o projeto estiver pronto, ele é encaminhado à Assembleia Geral, que decide se será feita uma Convenção especialmente para tal tema ou se o projeto será aprovado na Assembleia Geral mesmo. Uma convenção tipicamente codificadora é a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961. Em 1958 realizou-se a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Direito do Mar – Convenções de Genebra. 
Da mesma forma, em matéria de tratados, as normas eram apenas consuetudinárias, até a Convenção de Viena de 1969. No entanto, essa Convenção aplica-se somente a tratados celebrados entre Estados. A Convenção também não se aplica aos acordos orais, a exemplo do acordo realizado aqui no Rio entre Chile, Espanha e Grã-Bretanha sobre extradição do Pinochet, nem aos efeitos dos conflitos armados nos tratado, pois se estaria, neste último caso, trabalhando sobre um aspecto proibido pela Carta da ONU. Os dois outros aspectos são abordados em convenções específicas. 
Como regra, o tratado só vincula as partes contratantes, não obstante o Estado que não é parte poder segui-lo como norma costumeira. 
Jiménez de Aréchaga divide as codificações em declaratória, que consolida a norma internacional costumeira; cristalizadora, quando ainda não há uma prática consolidada e o trabalho vem a cristalizá-la, e a constitutiva, quando não há regra e o tratado estabelece algo completamente novo. A conferência sobre direito do mar estabelece que o mar territorial, sobre o qual o Estado tem total soberania, se estende por 12 milhas náuticas. Mais 200 milhas de zona econômica exclusiva, com o direito de exploração como a pesca. Essa convenção se enquadraria no tipo de codificação declaratória, pois a norma do mar territorial já existia como costume. 
Em 1986 foi feita uma nova convenção sobre direito dos tratados que regulamenta aqueles tratados envolvendo as organizações internacionais, ampliando a matéria sobre a qual elaborava a Convenção de 69. Convenção sobre o reconhecimento dos Estados recebeu muitas críticas, pois só veio em 78, atrasada em relação ao período de descolonização, que se deu essencialmente nos anos 60. 
Inúmeras resoluções da Assembléia Geral, que tinham um caráter meramente recomendatório, tornaram-se obrigatórias. É o que se chama de Soft Law (Lei Branda). Algumas resoluções têm efeito ad intra, efeito interno, ou ad extra, efeito externo, que são as que costumam criar obrigações para os Estados membros. Por exemplo, a que determina a contribuição dos Estados membros. Por outro lado, em algumas organizações os tratados determinam obrigações (pré-requisitos) para que os países entrem como membros. A Organização de Aviação Civil estabelece normas técnicas, que se forem aprovadas pela maioria dos Estados membros, tornam-se obrigatórias para todos, mesmo os que forem contra. Isso só é possível porque os Estados deram à organização essa competência.
A definição de tratado determina que o tratadodeva ser regido pelo Direito Internacional. A regra disso é que os Estados podem fazer contratos entre si não regidos pelo Direito Internacional. Os instrumentos a que a definição faz referência são, por exemplo, os mecanismos de retificação ou os limites fronteiriços que os Estados estabelecem. O princípio que rege a negociação dos tratados é o da boa-fé. Enquanto ocorre a negociação, o Estado não pode fazer nada contrário ao que está sendo negociado. 
Quem pode assinar o tratado?
Quando começou a intensificação das relações internacionais, era o Chefe do Executivo que podia negociar e assinar o tratado. Como passar do tempo, ele deixa de fazê-lo e passa a responsabilidade a pessoas que recebem como que uma procuração para agir em nome do Estado: é o agente plenipotenciário. Ao mesmo tempo desenvolvia-se o instituto da ratificação. O Chefe do Executivo só podia negar uma ratificação se seu agente plenipotenciário agiu um sentido contrário a suas instruções. A convenção não especifica qual órgão ou pessoa do Estado é competente para expedir o documento de plenos poderes, pois isso é matéria de direito constitucional interno. Pela Constituição do Brasil, a autoridade competente para isso é o Presidente da República. A “comissão organizadora” do tratado verifica se o representante tem os plenos poderes. 
Pelo artigo 7º da convenção, a representação expressa é a de quem apresente plenos poderes. A implícita é quando a prática o Estado dispensa os plenos poderes ou quando por algum motivo não houve tempo ou não foi possível expedir o documento de plenos poderes. Chefe de Governo, Chefe de Estado e Ministro das Relações Exteriores estão dispensados dos plenos poderes, assim como chefe de missão diplomática para junto ao país a que foi designado. Se o ato for praticado por alguém sem os plenos poderes, o Estado deve confirmar posteriormente. Esse tipo de ato se chama de assinatura ad referendum, sujeita à confirmação. 
Todos os Estados devem adotar a negociação, deve haver um consentimento entre os negociadores. Nas conferências, deve ter uma aprovação de dois terços dos Estados para a adoção dos tratados. Mesmo assim, a adoção do tratado ainda á um projeto, ele ainda deve ser ratificado. Quando não se consegue chegar aos dois terços, não há nem mesmo um projeto de tratado. Os que não adotam o projeto não o assinam. Adotado o texto, ele deve ser assinado, o que autentica o texto, mas ainda não o torna obrigatório. Normalmente, a assinatura é feita pelos representantes, se ele não tiver os plenos poderes sua assinatura é ad referendum ou é posta apenas sua rubrica, aceita pelos outros negociadores mediante a confirmação da autoridade competente do Estado. Há ainda outra modalidade de assinatura que é a assinatura ad diferida, quando o Estado não participou da negociação, mas assina o projeto de tratado já pronto. Ele constará como tratante originário. A partir da assinatura, entende-se que o Estado concorda com a matéria disposta no tratado. Se os Estados negociadores assim concordarem, só a assinatura já torna o tratado obrigatório. Em termos clássicos, é a ratificação que torna o tratado compulsório, mas os negociadores podem escolher o meio que preferirem. 
Geralmente o Estado negocia e assina o tratado. Existe a possibilidade de assinatura ad referendum e assinatura diferida. Com exceção dos acordos do Executivo e dos acordos por troca de notas, a assinatura não torna o tratado obrigatório. Depois da assinatura, há um procedimento interno. No Brasil, o tratado é enviado pelo Executivo, se ele desejar, ao Legislativo, de acordo com o artigo 49, I, CF. A Constituição não deixa claro se o Executivo pode celebrar tratado entre Executivo (acordo executivo). O Congresso Nacional, em seguida, pode aprovar o tratado por decreto legislativo, enviando-o de volta ao Executivo, que o ratifica se quiser e quando quiser. O Congresso somente resolve definitivamente a questão quando não prova o tratado. Os atos unilaterais são de competência unicamente do Executivo, portanto somente ele pode ratificar um tratado, isso é um ato discricionário. 
Inúmeros tratados têm prazo de assinatura. Se o país perder esse prazo, ele ainda pode enviá-lo ao Legislativo e, aprovado, aderir ao tratado. A adesão e ratificação têm os mesmos efeitos. A Constituição espanhola determina quais os tratados que devem ser enviados ao Parlamento, classificando-os quanto a sua matéria. Até mesmo algumas denúncias devem passar pelo Parlamento. 
A assinatura simples exige a ratificação e a definitiva a dispensa, pois gera obrigações por si só. A ratificação nasceu do desinteresse e da falta de tempo do Chefe do Executivo para assinar pessoalmente os tratados. Assim, surgiu a figura do agente plenipotenciário e, conseqüentemente, da ratificação. A partir do século XIX, ela passou a ser obrigatória, pois com a formação do Estado moderno apareceu o Legislativo, ou seja, ela é decorrente do movimento constitucionalista. A troca ou depósito dos instrumentos de ratificação é o que torna o tratado obrigatório. A ratificação pode ter condições ou limitações, como aceitar apenas x números de protocolos. Ela é um ato internacional. A figura do depositário é importantíssima, ele é o responsável por avisar aos Estados que, por exemplo, completou-se o número mínimo de ratificações. 
Na adesão, quando o Estado não assinou antes, ele não consta como membro originário, apenas adere ao tratado. Quando se fala em ratificação, parte-se do pressuposto de que houve uma assinatura anterior, qualquer uma das três possíveis, mesmo que o Estado não tenha participado das negociações. Os efeitos finais, de qualquer forma, são os mesmos. Na prática brasileira, quando o Legislativo aprova um tratado, já está implícito que há também a aprovação para o Estado denunciar o tratado se for esse o caso.
Um tratado pode ser provisoriamente aplicado enquanto não entra em vigor.
Se o Executivo enviar um tratado ao Congresso e ele não passar, ele só poderá ser enviado novamente na mesma legislatura, isto é, nos quatro anos do período de mandato. Uma vez que o tratado entre em vigor na ordem internacional, deve sair um decreto promulgando-o e ambos são publicados no Diário Oficial. A assinatura de um tratado possui certo simbolismo, por isso muitas vezes os Estados preferem a assinatura ad diferida à adesão. Aplicação provisória de um tratado termina se esse Estado notificar aos outros sua falta de intenção em ratificá-lo.
Reserva:
Um Estado pode assinar um tratado ou até mesmo ratificá-lo sem concordar com uma parte do tratado, isso caracteriza a reserva: o Estado avisa que tal parte não é aplicável ou que entende certo aspecto de determinada forma. Ela é uma declaração, um ato unilateral que pode ser próprio ou impróprio. As reservas só se aplicam aos tratados multilaterais, pois num tratado bilateral ela é um convite à retomada de negociações. Se essa possibilidade não for prevista no tratado, ela tem que ser apreciada pelos outros contratantes. Para quem não fez a reserva, o tratado continua a ser aplicado integralmente. 
No sistema clássico, a reserva deve ser aceita por todos os contratantes, pois se um Estado negasse a reserva, o que apresentou era retirado do tratado. Segue a regra da unanimidade. No sistema interamericano, o tratado é aplicado integralmente a todos. Existe a possibilidade de aceitar a reserva ou negar a reserva. Entre que a formulou e quem a aceitou, aplica-se o tratado com reserva. Entre quem a formulou e quem a negou, não havia tratado. A reserva só pode ser feita ou no momento de assinatura ou no momento de ratificação ou na adesão. Sendo a reserva um ato internacional, o Congresso Nacional não pode fazer reserva, no máximo podemos chamá-la de ressalva. As ressalvas serão transferidas ao poder Executivo, que decidirá se deseja ratificar o tratado modificado ou não, se sim, ele formulará a reserva. O Legislativo ainda pode discordar de uma reserva feita pelo Executivo. Se o Congresso fizer uma ressalva ou discordar de uma reserva,o processo só poderá seguir adiante no molde aprovado pelo Legislativo. 
O parecer da CIJ é diferente. Se o tratado permitir a reserva, ela se aplicará ao país que a formulou, se ele não permitir a reserva, ela não será permitida. O problema está nos casos em que o tratado é omisso quanto a isso. Nesses casos, é necessário verificar a compatibilidade da reserva com a essência (objeto e finalidade) do tratado. Aqui, há três possibilidades: aceitar a reserva; negar, mas reconhecer sua compatibilidade com o tratado, e negar e achá-la incompatível com o tratado. Entre quem a formulou e quem aceitou, aplica-se o tratado modificado. Entre quem a formulou e quem a negou, mas reconheceu a compatibilidade, aplica-se o tratado original, menos a cláusula com reserva, entre quem a formulou e quem negou e achou incompatível, não se aplica o tratado. O sistema de reservas é regido pelos princípios da integralidade do tratado, pelo qual se busca aplicar o tratado da forma mais integral possível, e da universalidade, pelo qual se procura aplicar o tratado entre o maior número de pessoas possível. O primeiro restringe e o segundo expande, é necessário buscar um equilíbrio entre os dois princípios. 
O estoppel é quando o Estado deixa de realizar um ato em dado momento, significando aceitação. Ele é a perda da faculdade de realizar um ato processual, seja pelo decurso do prazo (preclusão temporal), pela prática de ato incompatível com aquele que se pretendia praticar (preclusão lógica) ou pela falta de um ato anterior que autoriza o posterior (preclusão consumativa). Isso pode ocorrer com a reserva, pois ela pode ser feita mesmo após a ratificação, embora isso não esteja resolvido na Convenção de Viena. Desta maneira, a reserva posterior à ratificação é prática do Secretariado Geral da ONU. Aqueles que já fazem parte do tratado têm um prazo para se manifestar a respeito da reserva. Não o fazendo, significa que aceitam, é o estoppel – como que uma aceitação tácita.
Pela cláusula si omnes, um tratado só entra em vigor se todos os Estados envolvidos ratificarem.
Um tratado, em regra, não retroage, mas isso pode ocorrer caso as partes assim concordarem. Um tipo de tratado que normalmente retroage é o da extradição. Não há obrigação de extraditar, somente de analisar o pedido. Quanto à aplicação territorial, existem duas cláusulas especiais: a cláusula colonial, comum no período colonial, que estabelece se o tratado se aplicará ou não às colônias, e a cláusula federal, que resguarda a responsabilidade da federação quanto ao cumprimento de um tratado por parte de um de seus Estados membros. Somente a União pode assinar tratados, por mais que se trate de uma federação, ela apenas reconhece a competência de seus Estados membros, e estes, que devem aplicar o tratado. 
A Carta da ONU tem primazia em relação a qualquer tratado. 
As normas imperativas (ius cogens) são estabelecidas pela doutrina, elas não estão prescritas em nenhum tratado. Qualquer tratado que viole norma imperativa é nulo (artigo 53) e se tal norma for superveniente, o tratado será finalizado (artigo 64). 
Um tratado, mesmo que não adotado, pode ser constatado como costume. 
	· Codificação declaratória: recolhe a norma costumeira internacional
	· Codificação constitutiva: cria norma costumeira internacional
· Codificação cristalizadora: prática embrionária que é convencionada e, assim, consagrada como costume.
O tratado deve ser registrado no Secretariado das Nações Unidas, caso contrário não pode ser invocado.
Costume
O costume é uma prática geral aceita como sendo direito, criada a partir das ações dos Estados e das organizações internacionais (destas com outros ou dentro delas). Materialmente, para se caracterizar uma prática como sendo um costume é necessário constatar seu uso constante e uniforme. Subjetivamente, é preciso que haja a convicção da obrigatoriedade jurídica dessa prática. Ele produz obrigações a todas as nações, a não ser quando uma norma está sendo criada e um Estado sistematicamente objetar à sua criação. Assim quando ela entrar em vigor não produzirá obrigações a esse Estado. Isso se chama doutrina do objetor persistente e só diz respeito ao costume geral. 
O costume negativo é aquele formado pela abstenção de algum comportamento. O elemento subjetivo diminuiria sofreu um aumento de importância no Direito Internacional, o que diminuiria as exigências quanto à antiguidade da prática. As integrações entre o costume e o tratado manifestam-se na codificação do Direito Internacional. O desenvolvimento progressivo engloba as convenções sobre matérias que ainda não estão regulamentadas ou plenamente desenvolvidas pelo Direito Internacional. Já a codificação é a formulação e a sistematização mais precisas de regras internacionais naqueles campos em que já existe uma ampla prática dos Estados, precedentes e doutrinas. 
	O costume pode ser regional, nesse caso limita os Estados obrigados a ele. Um exemplo disso é o asilo diplomático, existente em diversas partes do mundo, porém muito mais comum na América Latina. O Estado que alega perante outro costume particular deve demonstrar que o último contribuiu para a formação do costume. 
Sucessão de Estados
A sucessão diz respeito às possibilidade de mudança de um Estado: desaparecimento, território, separação, união. A aquisição de território pode ser derivada, quando há transferência de soberania, nesse caso, pode haver sucesso de Estados. As regras de sucessão têm bases civilistas, mas se tenta eliminar esse lado privatista.
Sucessão de Estados é a substituição de um Estado por outro na responsabilidade das relações internacionais de um território.
Sucessão parcial: parte de território de um Estado é transferida a outro. Não se aplicam ao território objeto da sucessão os tratados do antecessor e passam a vigorar o do sucessor – mobilidade no âmbito territorial dos tratados. A transmissão dos bens de Estado deverá ser realizada através de acordos, senão aqueles situados no território objeto de sucessão passarão ao sucessor. A transmissão das dívidas de Estado deverá ser realizada através de acordos, senão se dará em proporção eqüitativa. Quanto aos arquivos, deverá ser feito um acordo entre as partes, senão transmitem-se aqueles relacionados exclusivamente com a parte do território objeto de sucessão. Quanto à nacionalidade, o sucessor atribuirá a sua àqueles residentes em seu território e o antecessor a retirará. 
Sucessão colonial: Estado de recente independência é aquele cujo território, imediatamente antes da data de sucesso, era território dependente, de cujas relações internacionais era responsável o Estado antecessor. Nenhum Estado de recente independência está obrigado a manter em vigor um tratado do Estado antecessor – princípio da tabula rasa, pelo qual o novo Estado começa a sua vida internacional livre de toda obrigação convencional que lhe impeça de decidir sua política. A preferência é do Estado sucessor. Nenhuma dívida se transmitirá ao sucessor salvo se estabelecido em acordo. Quanto aos arquivos, transmitem-se aqueles que tinham pertencido ao território objeto de sucessão e aquele relacionados a esse território. 
Unificação: Estados envolvidos na sucessão se extinguem, formando um terceiro. A manutenção dos tratados rege-se pelo princípio da continuidade, pelo qual há a transmissão dos direitos e obrigações derivados dos tratados em vigor do Estado predecessor ao sucessor. Transmissão dos bens dos antecessores aos sucessores. A dívida passa ao sucessor. Os arquivos passam ao sucessor. Todas as pessoas afetadas passam a ter a nacionalidade do sucessor. 
Separação: parte ou partes do território de um Estado se separam dando origem a outro ou outros Estados, independentemente da permanência do antecessor. A manutenção dos tratados rege-se pelo princípio da continuidade, pelo qual há a transmissão dos direitos e obrigações derivados dos tratados em vigor do Estado predecessor ao sucessor. Porém, abrandam-se os efeitos desse princípio, permitindo aexclusão dos sucessores se assim for acordado ou se aplicação do tratado será incompatível com a sua essência. A transmissão dos bens de Estado deverá ser realizada através de acordos, senão se dará em proporção eqüitativa. A transmissão das dívidas de Estado deverá ser realizada através de acordos, senão se dará em proporção eqüitativa. Quanto aos arquivos, deverá ser feito um acordo entre as partes, senão transmitem-se aqueles relacionados exclusivamente com a parte do território objeto de sucessão. Quanto à nacionalidade, cada sucessor atribui a sua, salvo se indique outra coisa mediante o exercício do direito de opção. 
Dissolução: um Estado deixa de existir dando origem a outros Estados. A transmissão dos bens de Estado deverá ser realizada através de acordos, senão se dará em proporção eqüitativa. A transmissão das dívidas de Estado deverá ser realizada através de acordos, senão se dará em proporção eqüitativa. Quanto aos arquivos, deverá ser feito um acordo entre as partes, senão transmitem-se aqueles relacionados exclusivamente com a parte do território objeto de sucessão. Quanto à nacionalidade, cada sucessor atribui a sua, salvo se indique outra coisa mediante o exercício do direito de opção.
Responsabilidade internacional do Estado
O instituto da responsabilidade internacional é um instituto costumeiro. Há um projeto, do qual a Assembléia Geral tomou nota, sobre o tema. Ele inclui a noção de ato ilícito, que é a violação de norma de Direito Internacional e que gera a responsabilidade internacional. A convenção vai trabalhar o tempo todo com a noção de norma primária e norma secundária (sanção). Seu artigo 19 fala em crime internacional, que levaria à responsabilidade do Estado perante a ordem internacional como um todo – deixa de ser uma relação direita entre quem violou a norma e quem foi prejudicado. O crime internacional seria aquele ato que atinge a sociedade internacional em seu conjunto, o que teria como conseqüência uma ação conjunta dessa sociedade internacional. 
Existem convenções específicas de cada assunto tratando da responsabilidade internacional, como a do espaça exterior – que responde por objeto que cai do espaço exterior na propriedade de alguém. Podem ser apontadas, ainda, as que tratam da responsabilidade por atividade nuclear ou de responsabilidade em matéria de poluição de mares e rios. 
A convenção mencionada anteriormente é relativa à responsabilidade por culpa. Ela adquiriu uma grande vinculação ao instituto da proteção diplomática. O que ocorre é o acontecimento de um ato ilícito, causador de um dano, que é imputado a um Estado, o qual é obrigado a reparar. Ou seja, é uma relação direta entre Estados. O ato ilícito deve, ainda, ser determinado segundo o Direito Internacional. A imputabilidade é a relação de causalidade entre o ato ilícito e o Estado responsável. O dano não precisa ser necessariamente material. Essa é a teoria da culpa, presente no modelo clássico, em que o Estado precisa ter a culpa pelo ato ilícito, que vai ser observada por sua ação ou omissão.
Quando se fala em imputabilidade se faz referência à relação de causalidade entre o dano e seu causador, pelo menos é assim que a doutrina tradicional estabelece. Existe também a chamada teoria do risco, em que com o simples exercício de uma atividade o Estado assume o risco. Há regimes específicos de risco, como a poluição dos mares e a atividade nuclear. A simples atividade do Estado significa que ele estará assumindo o risco de causar danos a terceiros e, sendo assim, de sofrer a responsabilização internacional. Não é necessário verificar a culpa, a responsabilidade recairá sobre a mera atividade do Estado. 
O projeto de artigos divide as normas em primárias e secundárias, estas são as que responsabilizam o Estado. Elas incidem sobre ele quando violar uma norma primária. O projeto, mesmo sem ser um tratado, serve como base para prova de um costume e para estimular a sua formação. Esse instituto tem sua origem no século XIX e apoiava-se num princípio de direito privado. Encontrava-se muito vinculado à proteção diplomática. Na sua origem, tinha por objetivo a reparação de danos sofridos pelo Estado violado. Mesmo que o prejuízo fosse sofrido por pessoas físicas, ela poderia reclamar à sua embaixada e, se seu Estado endossasse o pedido, o terceiro particular saía de cena e o Estado passava a agir na sua reivindicação, por isso a grande vinculação à proteção diplomática. 
O aspecto do multilateralismo de sujeitos substitui o artigo 19 do projeto, que tratava do crime internacional, ato internacional que atinge a sociedade internacional no seu conjunto. Ele diz respeito ao interesse jurídico de outros Estados na cessação da violação da ilicitude em determinadas matérias, por exemplo, o meio ambiente e Direitos Humanos. Assim, seria permitido aos Estados adotarem sanções, dentre outras coisas. 
As organizações internacionais também podem exigir a responsabilização internacional de determinado Estado, buscando a reparação de um ilícito, pois elas também são pessoas de Direito Internacional. Isso está conectado àquela perspectiva declaratória de formação de personalidade internacional. A responsabilidade por risco também pode ser chamada de responsabilidade objetiva. 
A ilicitude tem que ser atribuível a uma pessoa de Direito Internacional, por exemplo, os funcionários competentes do Estado, por exemplo, funcionário alfandegário. O Estado também pode ser responsável por ato de particular, sempre com a idéia de prevenir e reprimir. Mesmo relativo aos atos de terroristas, tudo vai depender da ação do Estado, se ele foi efetivo na prevenção e repressão. Há por volta de 12 convenções sobre terrorismo. 
Quem define o ilícito á o Direito Internacional, que pode ser delituoso ou convencional. A responsabilidade tem uma essência sempre reparadora, o que quer dizer que ela está sempre no âmbito civil.
O Estado estabelece sua estrutura político-administrativa e são seus órgãos que cometem os atos ilícitos. Geralmente, é o Executivo que compromete a responsabilidade, pois ele é o órgão responsável pela política externa. Contudo, o judiciário também pode cometer um ilícito quando, por exemplo, decide contrariamente a um tratado do qual o Estado faz parte. Algumas convenções têm no seu corpo instituído o princípio do reenvio, principalmente aquelas que tratam de terrorismo, pelo qual o Estado tem que incorporar as normas do tratado no seu direito interno, estando obrigado a punir esses atos. Também as unidades federais numa federação devem aplicar o conteúdo do tratado no que disser respeito a sua competência, pois a União deve oferecer os meios necessários a essa aplicação. As empresas privadas também podem comprometer a responsabilidade do Estado quando estiverem exercendo uma função pública. Num conflito armado, o Estado é responsável pela autação dos membros de sua força armada. Também no que for relativo a particulares exercendo uma função pública, o Estado é responsável por sua atuação 
Essa instituição está muito vinculada à proteção diplomática. Ela se aplica às situações em que o Estado é chamado para proteger seus nacionais no exterior. O primeiro aspecto sobre esse tema diz respeito à nacionalidade da pessoa física. O apátrida não tem direito à proteção diplomática, já o polipátrida, no caso de dúvida quanto a que país lhe cabe proteger, deve-se buscar onde ele efetivamente exerce sua nacionalidade. Mas o grande problema nessa questão diz respeito às pessoas jurídicas. 
Para se averiguar a sua nacionalidade de pessoa jurídica devemos pesquisar no direito interno dos Estados a forma como consideram a nacionalidade. Pode ser onde elas têm sua sede social, onde está o domínio do capital. Essa questão tornou-se um problema no início dos anos 60, quando o Brasil seguiu a política cepalina de nacionalização de parte do capital das multinacionais aqui estabelecidas através da imposição da obrigação de se reinvestir aqui parte do capital produzido no país. A preocupação das empresas era que, numasituação em que se precisasse de proteção diplomática, esse capital por ser considerado nacional não estaria sujeito à proteção. Também no Chile isso se tornou um problema que, inclusive, ajudou a derrubar o governo Allende. Numa controvérsia quanto à nacionalidade de pessoa jurídica se costuma submetê-la à arbitragem. 
Um segundo quesito a ser analisado diz respeito ao procedimento. Diz-se que o reclamante deve ter “clean hands,” isto é, mãos limpas, o que quer dizer que ele não pode ter cometido nenhuma infração interna ou internacional. Por último, deve-se analisar se o reclamante esgotou os recursos internos no Estado em que foi prejudicado, cláusula clássica no Direito Internacional. 
Preenchidas essas três condições, a pessoa nacional pode pedir a proteção diplomática do Estado. Este não é obrigado a agir, ele pode endossar a reclamação, apresentando-a ao outro Estado, ou não – teoria do endosso. Tendo apresentado a reclamação, ela está sujeita a uma prescrição extintiva. Recebendo o Estado a indenização, acabou a responsabilidade internacional. Se o Estado do nacional lhe repassará essa indenização e como o fará concerne ao direito interno do Estado. Após a apresentação da reclamação ao Estado do nacional, a pessoa física ou jurídica sai de cena, pois a responsabilidade é de Estado para Estado. A prescrição diz respeito ao momento em que a reclamação foi apresentada pelo nacional ao seu Estado, e são os dois Estados envolvidos que decidem ou não se houve de fato prescrição ou não, não há regras quanto a essa parte do procedimento. 
Esse é o modelo clássico de proteção diplomática. Quando a questão envolve queda de objetos do espaço exterior, dentre alguns outros temas, o Estado tem a obrigação de proteger seu nacional.
Organizações internacionais
Pela definição de Sereni (Celso Mello), as organizações internacionais são uma associação entre Estados, constituída por tratado e disciplinada por norma de Direito Internacional. Elas possuem um ordenamento jurídico próprio, cujas limitações são instituídas pelo seu tratado constitutivo. Seus órgãos mais importantes são governamentais, pois são constituídos por representantes de Estados. Seu órgão permanente é o que lhe dá independência com relação aos Estados membros. Além disso, a organização possui um funcionalismo próprio, o que lhe confere sua vida própria. Suas competências lhe são atribuídas pelo tratado constitutivo. 
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