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DIREITO DO TRABALHO Aula 21 Direito coletivo do trabalho Prof. Hermes Cramacon 1. Conflitos coletivos de trabalho 1.1 Conceito São conflitos onde estão em disputa interesses abstratos de uma categoria ou grupo. 1.2 Competência TRT: quando a base territorial do sindicato limitar-se a um Estado. TST: base territorial do sindicato exceda a jurisdição dos Tribunais Regionais do Trabalho. 2. Processamento Havendo convenção, acordo ou sentença normativa em vigor, o dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro dos 60 dias anteriores ao respectivo termo final, para que o novo instrumento possa ter vigência no dia imediato a esse termo. Recebida e protocolizada a petição do dissídio, o Presidente do Tribunal designará a audiência de conciliação, dentro do prazo de 10 dias, determinando a notificação dos dissidentes. Em dissídios coletivos não há contestação nem, tampouco, há que se falar em revelia, tendo em vista não haver pedido, mas sim propostas de criação de novas normas. Na audiência marcada, comparecendo ambas as partes, o Presidente do Tribunal as convidará para se pronunciarem sobre as bases da conciliação. Caso não sejam aceitas as bases propostas, o Presidente submeterá aos interessados a solução que lhe pareça capaz de resolver o dissídio. Havendo acordo, o Presidente o submeterá à homologação do Tribunal na primeira sessão. Não havendo acordo, ou não comparecendo ambas as partes ou uma delas, o Presidente submeterá o processo a julgamento, depois de realizadas as diligências que entender necessárias. 3. Classificação 3.1 Conflitos coletivos de natureza econômica: Para a instituição de normas e condições de trabalho. 3.2 Conflitos coletivos de natureza jurídica: Objetivam interpretar disposição normativa específica da categoria. ATENÇÃO!! Exigência do comum acordo apenas para dissídio coletivo de natureza econômica, onde se busca fixação de melhores condições de trabalho. 4. Poder normativo da Justiça do Trabalho Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: § 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. 4.1Conceito “consiste na competência constitucionalmente assegurada aos Tribunais laborais de solucionar os conflitos coletivos de trabalho, estabelecendo, por meio da denominada sentença normativa, normas gerais e abstratas de conduta, de observância obrigatória para as categorias profissionais e econômicas abrangidas pela decisão, repercutindo nas relações individuais de trabalho.” Renato Saraiva (2007, p. 823) 5. Sentença normativa: decisão proferida pelos TRTs ou TST no julgamento dos dissídios coletivos. 5.1 Prazo máximo de vigência: 4 anos. 5.2 Início da vigência a) a partir da data de sua publicação na imprensa oficial, quando ajuizado após o prazo de 60 dias estabelecido no art. 616, § 3º, da CLT; b) a partir do dia do termo final da vigência do acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa, quando ajuizado dentro desse mesmo prazo de 60 dias; c) a partir da data do ajuizamento, caso não haja acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença normativa em vigor. 5.3 Ação de cumprimento: utilizada na hipótese de não cumprimento da sentença normativa. Art. 872 CLT. 6. Negociação coletiva Modalidade de autocomposição de conflitos. 6.1 Convenção coletiva: é o acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho. 6.2 Acordo coletivo: acordo pactuado entre uma ou mais empresas com o sindicato da categoria profissional, em que são estabelecidas condições de trabalho, aplicáveis às empresas envolvidas. 7. Greve Suspensão coletiva temporária, total ou parcial da prestação pessoal de serviços a empregador. 7.1 Fundamento legal: art. 9º CF 7.2 Regulamentação: Lei 7.783/89 Art. 9º. É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei." 7.4 Natureza jurídica: hipótese de suspensão do contrato de trabalho. 7.5 Exceção: interrupção do contrato, desde que conste no instrumento de negociação coletiva. 7.6 Legitimidade: sindicato. Na ausência a legitimidade será da federação e na falta dessa, da confederação. ATENÇÃO!! O Ministério Público do Trabalho tem legitimidade para instaurar dissídios coletivos de greve em atividades essenciais, com possibilidade de lesão ao interesse público. 7.7 Processamento 1ª - Fase preparatória Prévia tentativa de conciliação. OJ 11 SDC TST. Arbitragem. 2ª - Convocação Convocação da assembleia geral para definir as reivindicações da classe. 3ª - Prévio aviso: serviços gerais ou não essenciais, comunicação com antecedência de 48 horas. Nas atividades essenciais (art. 10 da Lei 7.783/89) o prazo é de 72 horas. ATENÇÃO! nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os empregadores e os trabalhadores ficarão obrigados, de comum acordo, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. ATENÇÃO!!! Não poderá haver rescisão ou contratação de trabalhadores. 7.8 Lockout: paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos empregados. Prática vedada: art. 17 da Lei 7.783/89. QUESTÃO Joaquim, empregado da empresa Delta, aderiu a greve organizada pelo sindicato de sua categoria. A empresa demitiu Joaquim por justa causa, considerando que o fato de ter aderido à greve poderia ser considerado falta grave. Considerando a situação hipotética acima e a súmula 316 do STF, assinale a opção correta. (A) A simples adesão à greve não pode ser considerada falta grave. (B) A adesão à greve justifica um motivo de suspensão do empregado, mas não motivo imediato para a aplicação da justa causa. (C) A atitude de aderir à greve e de não comparecer ao trabalho é incompatível com o abandono de emprego. (D) Joaquim praticou ato de insubordinação ao aderir à greve, mas a justificativa para demissão deveria ser a incontinência de conduta ou o mau procedimento.
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