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1 IRRADIAÇÃO DE SANGUE E SEUS DERIVADOS Disciplina: Aplicação das Radiações na Indústria Priscila Santana / Jony Marques 2 O sangue O sangue é produzido na Medula óssea vermelha e tem como função a manutenção da vida do organismo por meio do transporte de nutrientes, toxinas (metabólitos), oxigênio e gás carbônico. 3 O sangue O sangue é constituído por diversos tipos de células, que constituem a parte "sólida" do sangue. Estas células estão imersas em uma parte líquida chamada plasma. As células são classificadas em: - Leucócitos ou Glóbulos Brancos (células de defesa); - Eritrócitos, glóbulos vermelhos ou hemácias (transporte de oxigênio); - Plaquetas (fatores de coagulação sanguínea). Hemácia Plaqueta Leucócito 4 O sangue → cerca de 46 % de elementos figurados (células): Hemácias, leucócitos e plaquetas → cerca de 54 % de plasma Plasma → Função: transporte de hemácias, leucócitos, plaquetas e outras substâncias dissolvidas, como proteínas, nutrientes, excretas, hormônios (testosterona, adrenalina), sais/íons (sódio, potássio) e gases. O plasma transporta essas substâncias por todo organismo, permitindo às células a receber nutrientes e excretar e/ou secretar substância geradas no metabolismo. → Composição: cerca de 90% de água; 10% outras substâncias 5 O sangue Hemácias → função: realizar a respiração celular, ao transportar oxigênio e parte de gás carbônico pela hemoglobina. São estocadas no baço, que por sua vez tem duas funções: liberar hemácias sadias (por ex., ao se fazer esforço físico) e destruir hemácias velhas, reciclando a hemoglobina. → sua meia-vida nos mamíferos é de 120 dias. 6 O sangue Plaquetas → São fragmentos de células da medula óssea chamadas megacariócitos → função: realizar a coagulação sanguínea. 7 O sangue Leucócitos → Os leucócitos formam verdadeiros exércitos contra os microorganismos causadores de doenças e qualquer partícula estranha que penetre no organismo: vírus, bactérias, parasitas ou proteínas diferentes das do corpo. Eles também "limpam" o corpo destruindo células mortas e restos de tecidos. → Função: defesa do organismo. → São classificados em neutrófilos, monócitos, basófilos, eosinófilos, linfócitos. Cada qual tem uma função específica e um mecanismo diferente de combater um agente patogênico (bactérias, vírus etc) 8 O sangue Leucócitos → Neutrófilos: Têm um tempo de vida médio de 6h no sangue e 1-2dias nos tecidos e são os primeiros a chegar às áreas de inflamação, tendo uma grande capacidade de fagocitose. Estão envolvidos na defesa contra bactérias e fungos. 9 O sangue Leucócitos → Monócitos: Circulam na corrente sanguínea por poucos dias e finalmente deslocam-se para os tecidos onde são denominados macrófagos São os responsáveis pela proteção dos tecidos. Mantêm os tecidos livres de corpos estranhos. 10 O sangue Leucócitos → Basófilos: Possuem forma esférica e núcleo irregular em forma de trevo. Seu citoplasma é levemente basofílico (cor azul) e quase sempre ofuscado pelos vários grânulos grosseiros corados de roxo. Os grânulos estão dispostos irregularmente cobrindo também o núcleo. 11 O sangue Leucócitos → Eusinófilos: São células do sistema imune responsáveis pela ação contra parasitas multicelulares e certas infecções nos vertebrados. Também controlam mecanismos associados com a alergia e asma. 12 O sangue Leucócitos → Linfócitos: Os linfócitos são encontrados no sangue contribuindo para 20-30% dos leucócitos. Esta percentagem varia muito de acordo com a saúde do paciente. Se ele está deprimido, estressado, esta percentagem cai muito, ou no caso de uma infecção viral, esta percentagem cresce bastante. Numa rejeição de transplante há um grande aumento de linfócitos. Uma baixa quantidade de linfócitos no sangue atesta que o corpo não possui defesas contra doenças perigosas como o câncer. 13 O sangue Leucócitos → Linfócitos: São três os tipos de linfócitos: Natural Killers (ou células NK) (combate a infecções virais e células tumorais), linfócitos T (defesa imunológica contra vírus, bactérias, tumorais e fungos) e linfócitos B (produção de anticorpos). Os linfócitos T são responsáveis pela imunidade celular. Organismos estranhos ou células infectadas são destruídas pelas células T em um complexo mecanismo. 14 Transfusão de sangue 1492 – Um relato de um escritor italiano (Stefano Infessura) informava que o Papa Inocêncio VIII estava em coma. Foi então infundido o sangue de três meninos no pontífice agonizante (por via oral, uma vez que o conceito de circulação e os métodos de acesso intravenoso ainda não existiam na época) por sugestão de um médico. Os meninos tinham 10 anos de idade e a eles foi prometido um ducado para cada um. Entretanto, o Papa e os meninos morreram. Alguns autores não dão credito ao relato de Infessura, acusando-o de anti-papismo. 15 Transfusão de sangue 1616 – Willian Harvey descreve a circulação sanguínea: “O sangue é distribuído pelo corpo em um fluxo contínuo e em sentido único” 1665 a 1795 – Primeiros registros de transfusão sanguínea de cães para cães e de animais para humanos, que ficou proibido (logicamente) por causar reações 16 Transfusão de sangue 1818 – James Blundel realiza a primeira transfusão de sangue humano para uma paciente com hemorragia pós parto 1901 – Descoberta dos grupos sanguíneos ABO e sistema RH Entretanto, os bancos de sangue e procedimentos transfusionais não se tornaram práticos até o desenvolvimento dos sistemas anticoagulantes. 1943 – Surgimento do primeiro sistema anticoagulante (ácido citrato dextrose – ACD), que permitia o armazenamento das hemácias por até 3 semanas 17 Transfusão de sangue Atualmente, no mundo inteiro, cresce a demanda por transfusão de sangue, devido ao aumento de acidentes, violência e doenças. A transfusão sanguínea é um processo que mesmo quando realizado dentro das normas técnicas preconizadas, envolve risco sanitário com ocorrência potencial de incidentes transfusionais. Uma reação adversa à transfusão é a doença do enxerto contra o hospedeiro DECH (graft versus host disease – GVHD). 18 Transfusão de sangue A GVHD é uma síndrome rara e geralmente fatal caracterizada por febre, acometimento cutâneo, anorexia, náuseas, diarreia e disfunção hepática. É comumente observada nos transplantes de medula óssea, transplantes de órgãos que contenham grande quantidade de tecido linfoide e em transfusão de hemocomponentes. 19 Transfusão de sangue A incidência real da GVHD é desconhecida mas foi estimada entre 0,1% e 1% dos pacientes com neoplasias hematológicas. Juji et al., enviaram questionários a 340 hospitais no Japão e conseguiram identificar 96 pacientes que preenchiam critérios para GVHD em 63.257 cirurgias cardíacas. Ou seja, 1 caso para cada 659 cirurgias que usaram sangue e a mortalidade foi estimada em 90%. 20 Manifestação da doença enxerto versus hospedeiro (GVHD) 21 Manifestação da doença enxerto versus hospedeiro (GVHD) 22 Transfusão de sangue A única forma segura de abordagem da GVHD é a profilaxia através da irradiação gama dos hemocomponentes. A radiação ionizante é capaz de promover a inativação dos linfócitos T nos componentes sanguíneos e pode ser realizada com os raios-X e raios gama. Interação da radiação com as células • Quando as moléculas alteradas pela radiação estão em uma célula viva, a célula pode ser afetada, pois as reações físicas e químicas provocadas pela absorção de energia podem resultar em mudanças biológicas.• Os efeitos da radiação podem ser: Diretos Indiretos Produção de radicais livres; Quebra de ligações químicas; Produção de novas ligações químicas e ligações cruzadas entre macromoléculas; Dano às moléculas que regulam processos celulares vitais (DNA, RNA, proteínas). Lesões no DNA • As mutações são frequentemente reparadas pelas próprias células, que apresentam sistemas de reparo específicos, mediados por enzimas, para diferentes tipos de lesão. • Quando não são reparadas corretamente, as mutações podem: – matar a célula ou impedir sua funcionalidade, – acarretar a morte reprodutiva da célula. • Efeitos determinísticos – gerar uma célula viável, porém transformada • Efeitos estocásticos Efeitos de uma exposição aguda às radiações em um adulto Efeitos de uma exposição aguda localizada Doses recomendadas Várias instituições têm empenhado para encontrar a maior eficácia e segurança da irradiação dos derivados do sangue. Atualmente recomenda-se uma dose homogênea em todo o volume alvo de 25 Gy. Porém, entre 10 e 50 Gy são suficientes para neutralizar as células causadoras das reações indesejáveis pós- transfusão. Não são necessárias doses acima deste patamar, pois alterações indesejáveis começam a ocorrer em outros componentes sangüíneos à partir dos 50 Gy (IAEA, TEC DOC 934, 1997). Efeitos celulares em função das doses aplicadas Portanto a dose adequada a ser aplicada é de 25 Gy, pois causa a morte de 85 a 90 % dos linfócitos T. Irradiadores utilizados Apesar de não ser o mais recomendado, irradiadores utilizados para tratamentos radioterápicos podem ser utilizados. Irradiadores utilizados Os irradiadores ideais são aqueles nos quais é possível melhor homogeneização das doses no material irradiado. Esses irradiadores são compostos por um suporte giratório para melhor distribuição das doses nas bolsas de sangue e derivados. Irradiadores utilizados Alguns irradiadores mais modernos: Irradiadores utilizados Alguns irradiadores mais modernos: Irradiadores utilizados Alguns irradiadores mais modernos: Irradiadores utilizados O irradiador gama do CDTN também é utilizado para esterilização de sangue e seus derivados. As principais fontes de radiação gama utilizadas para irradiação de sangue e derivados são as de cobalto-60 (caso do LIG) e césio-137. 35 Aspectos econômicos da irradiação de sangue e derivados O custo de um irradiador compacto é de aproximadamente U$ 50.000,00. (essa informação é antiga, atualmente os custos podem estar bem mais elevados). Porém existem os custos oriundos dos profissionais envolvidos na operação do equipamento, além da elaboração de plano de proteção radiológica e monitoração rotineira dos níveis de radiação no ambiente. 36 Exercícios de fixação 1- Qual a função do sangue no organismo e aonde se dá sua produção? 2- Quais são os quatro principais componentes sanguíneos? 3- Qual a composição do plasma sanguíneo e qual sua função? 4- Qual a função das hemácias? 5- O que são as plaquetas? Qual a sua função? 6- O que são os leucócitos? Quais os tipos de leucócitos? Fale sobre cada um deles, citando as respectivas funções. 7- Qual o significado da sigla GVHD (em português)? Fale sobre a doença. 8- Qual a forma mais segura de profilaxia em relação à GVHD? 9- Cite pelo menos 8 exemplos de efeitos determinísticos das radiações. 10- Qual a faixa de dose para se irradiar o sangue e seus derivados? Existe um valor ideal? Cite-o em caso afirmativo. 11- Quais problemas podemos relacionar a doses de radiação acima de 50 Gy no sangue e seus componentes? 12- Quais tipos de irradiadores podem ser utilizados para irradiação de sangue e derivados? 13- Qual o problema de se utilizar uma bomba de cobalto ou um acelerador linear de radioterapia para essa técnica? 14- Quais os tipos de radiação aplicados na técnica e que fontes são mais utilizadas?
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