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A linguagem das emoções Aversão e desprezo

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Aversão E DESPREZO
CAPITULO 8
A LINGUAGEM DAS EMOÇÕES PAUL EKMAN
Trinta anos atrás, Paul Ekman descreveu a aversão como:
O gosto de algo que você quer cuspir; mesmo a ideia de comer algo desagradável pode enojá-lo. 
Um cheiro que você quer impedir de entrar em seu nariz ou de provocar aversão. 
E, novamente, a ideia de como algo repulsivo pode cheirar produz uma intensa aversão. 
A visão de algo que você considera desagradável ao gosto ou olfato pode repugná-lo. 
Os sons também poderão repugná-lo se forem relacionados a um evento abominável. 
E o tato, a sensação de algo desagradável, como um objeto viscoso, pode enojá-lo. 
É previsível; as cenas de aversão não são atraentes! 
Não são apenas gostos, cheiros e toques, ou a ideia, a visão ou o som deles que podem produzir aversão, mas também as ações e a aparência das pessoas, ou até mesmo suas idéias.
O psicólogo Paul Rozin, um homem especialmente apreciador da boa mesa, acredita que o âmago da aversão envolve um sentido de incorporação oral de algo considerado desagradável e contaminante.
No entanto, também há proposições universais que ativam a aversão.
Rozin descobriu que os gatilhos universais mais potentes são produtos corporais: fezes, vômito, urina, muco e sangue. Em 1955, Gordon Allport, psicólogo norte-americano, sugeriu uma "experiência de pensamento" de aversão para verificar se sua sugestão de confirma. "Primeiro, imagine-se engolindo saliva em sua boca, ou faça isso. Então, imagine expectorando-a em um copo e a bebendo. O que parecia natural e "meu" subitamente se torna repugnante e estranho". Na realidade, Rozin fez essa experiência, pedindo para as pessoas beberem um copo de água depois de terem cuspido dentro, e constatou que Allport tinha razão. Ainda que a saliva estivesse dentro das próprias bocas um momento antes, as pessoas não beberiam o copo de água com a própria saliva. Para Rozin, assim que o produto deixa nosso corpo, ele se torna repugnante para nós.
William Miller observa que "[A aversão] possui uma sedução, uma fascinação, que se manifesta na dificuldade de desviar nosso olhar de acidentes sangrentos... ou da atração em relação a filmes de horror. Nosso muco, fezes e urina estão nos contaminando e nos enojando, [mas ficamos]... fascinados e curiosos a respeito deles. Observamos nossas criações com mais freqüência do que admitimos.
Rozin diferencia o que denomina aversão interpessoal da aversão básica
Rozin explica essa diferença propondo que a criança pequena não tem as capacidades cognitivas necessárias referentes à aversão — a capacidade, por exemplo, de reconhecer que a aparência é diferente da realidade, como no chocolate com forma de fezes de cachorro. Isso também é compatível com sua visão de que os outros animais não sentem aversão. Em minha opinião, seria extraordinário se esse modo fundamental de responder fosse único dos seres humanos. Assim, perguntei ao especialista de comportamento animal, Frans de Waal. Ele escreveu: "A emoção deve ocorrer em outros primatas. Originalmente, a aversão deve ter algo a ver com a rejeição de alimentos e, naturalmente, os primatas são capazes disso. Quanto a expressões específicas, é mais difícil de responder". Por enquanto, a questão continua confusa, pois ninguém considerou especificamente se uma expressão única em relação à rejeição de alimentos ocorre em outros primatas e, em caso afirmativo, se é também mostrada em resposta a ofensas sociais. 
Nossos resultados sugerem que, para os adultos, é o interpessoal, em particular o moralmente repugnante, que eles consideram mais repulsivo, em vez da aversão básica da incorporação oral.
Anteriormente, a aversão básica de Rozin era o tema emocional e, se for correto que as quatro formas interpessoais de aversão são aprendidas, essas seriam as variações do tema.
Muitos anos atrás, Ekman diferenciou o desprezo da aversão da seguinte maneira:
O desprezo só é vivenciado a respeito de pessoas ou ações, mas não em relação a sabores, cheiros ou toques. Pisar sobre fezes caninas pode provocar aversão, mas não desprezo; a ideia de comer miolos pode ser repugnante, mas não evocaria desprezo. Você pode, contudo, sentir-se desdenhoso em relação a pessoas que comem essas coisas repulsivas, pois no desprezo há um elemento de condescendência a respeito do objeto de desprezo. Ao não gostar de pessoas ou de suas ações por desprezo, você se sente superior (em geral, moralmente) a elas. A ofensa delas é degradante, mas você não precisa necessariamente se afastar delas, como faria na aversão. 
O desprezo, como todas as outras emoções, pode variar em força ou intensidade, assim como a aversão.
A aversão é, sem dúvida, uma emoção negativa; não provoca sensações agradáveis, ainda que, como mencionado anteriormente, somos mais fascinados pelo repugnante que por emoções que causem apenas sensações agradáveis. 
“Tenho menos certeza de que o desprezo é negativo; de fato, acredito ser agradável para a maioria das pessoas sentir-se desdenhosa. Podemos ficar constrangidos depois de nos sentirmos dessa maneira, mas as sensações durante a emoção são mais agradáveis que desagradáveis.”
O desprezo expressa poder ou status. Aqueles incertos a respeito do próprio status tendem a manifestar desprezo para afirmar sua superioridade sobre os outros.
Identificando a aversão e o desprezo em nós mesmos 
Consideremos agora as sensações internas que vivenciamos com a aversão e, em seguida, com o desprezo. Deveria ser fácil vivenciar sensações de aversão pensando em um dos temas de incorporação oral ou de algum ato moralmente repugnante. Preste atenção nas sensações na garganta; o início de uma ligeira ânsia de vômito. As sensações no lábio superior e nas narinas crescem, com se a sensibilidade dessas partes fosse potencializada. Depois de relaxar, volte a vivenciar a aversão, mas o mais levemente possível, concentrando-se uma vez mais nas sensações da garganta, das narinas e do lábio superior. Identificar as sensações associadas ao desprezo é mais difícil. Considere as ações de uma pessoa que não o repugnam, mas fazem você se sentir desdenhoso em relação a ela. Talvez uma pessoa que fura a fila, que plagia, que é mitômana. Certifique-se de você não sente raiva ou aversão, mas simplesmente desprezo. Observe a tendência de erguer o queixo, como se você estivesse abaixando os olhos em direção ao nariz, em relação a alguém. Sinta o enrijecimento de um canto da boca.
Identificando a aversão e o desprezo nos outros 
Consideremos agora como essas duas emoções se manifestam no rosto. Observe a expressão do homem de Nova Guiné. O lábio superior está erguido o máximo possível. O lábio inferior também está erguido e está um pouco projetado. A dobra que se estende para baixo, desde acima das narinas até além dos cantos da boca, é profunda, e o formato é de um U invertido. As laterais das narinas estão erguidas, enquanto dobras aparecem nos lados e envolvem o nariz. A elevação das bochechas e o abaixamento das sobrancelhas criam pés de galinha. Essas são todas as marcas de uma aversão extrema.
Fonte
Componentes
Estefane Souza
Juciene Silva

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