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AÇÃO CIVIL PÚBLICA Apucarana 2017 2 Sumário Conceito ................................................................................................................................................. 3 Base legal .............................................................................................................................................. 4 Legitimidade ........................................................................................................................................ 11 Competência ....................................................................................................................................... 12 Procedimento ...................................................................................................................................... 14 Espécies............................................................................................................................................... 17 Objetivos .............................................................................................................................................. 17 Finalidade ............................................................................................................................................ 18 Objetos ................................................................................................................................................. 18 Sentença ou acórdão ......................................................................................................................... 19 3 Conceito A ação civil pública é o instrumento processual adequado conferido ao Ministério Público para o exercício do controle popular sobre os atos dos poderes públicos, exigindo tanto a reparação do dano causado ao patrimônio público por ato de improbidade, quanto à aplicação das sanções do artigo 37, § 4° 1, da Constituição Federal, previstas ao agente público, em decorrência de sua conduta irregular. Podemos definir também como sendo o instrumento processual adequado para reprimir e/ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por infrações de ordem econômica, protegendo, assim, interesses da sociedade. E segundo John Rawls, a ação civil vem para “tentar” corrigir os defeitos da sociedade, as injustiças, que só poderão ser alcançadas com uma política que visam a Equidade, que significaria “uma busca corrente de justiça e imparcialidade da coletividade”. Origem De forma global, podemos dizer que a origem da ação civil pública vem dos Romanos, em sua época, eram bem avançados em termos de Diretos, onde o cidadão já detinha os direitos e poderes de agir a favor da coisa pública, no Brasil foi na década de 70, por influências de processualistas italianos. O tema ganhou bastante força na década de 70, devido a forte campanha popular para a preservação do meio ambiente, com grandes movimentos no Brasil e no mundo, assim gerando uma conscientização do problema ambiental, e do amparado ao consumidor, e inspirou a criação do instituto da “ação civil pública” Com a ampliação da incidência da proteção jurisdicional para outros interesses difusos, bem como a incidência da cautelar, a competência absoluta do local do dano, bem como a criminalização da conduta atacada na lei. Vindo a ser regulamentada pela Lei 7.347/85 2 do dia 24/07/1985. A origem da Ação Civil Pública enquanto forma jurídica é baseada às ideias da “class action”, difundidas na Rule 23 3 (Regra 23) do direito norte-americano, que se encontra na Lei 7.347, foi também mais tarde colocada no artigo 129, III, da Constituição Federal, que pressupõem o instrumento de tutela de interesses públicos. 1 Constituição Federal Brasileira 1988 2 Constituição Federal Brasileira 1988 3 Federal Rule of EUA (1787) 4 O legislador brasileiro, então, inspirou-se nesse modelo para criar um instituto cujo seria a proteção, dos direitos difusos e coletivos, sendo como um “remédio” disponível a todos, tendo acrescentado, posteriormente, a ideia de defesa dos direitos individuais homogêneos. No direito brasileiro, a ação civil pública, se encontra na Constituição Federal de 1988. E com o passar do tempo a concepção da ação civil foi se modificando passando a também proteger um objeto de “bem maior” do que se pensou no ato de sua criação, com a contribuição do inciso IV do art.1º da lei 7347/85, que prevê o alcance da ação, “qualquer outro interesse difuso ou coletivo” além também do art.110 do Código do Consumidor. Base legal LEI Nº 7.347, DE 24 DE JULHO DE 1985. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: l - ao meio-ambiente; ll - ao consumidor; III – a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; IV - a qualquer outro interesse difuso ou coletivo. V - por infração da ordem econômica; VI - à ordem urbanística. VII – à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos. VIII – ao patrimônio público e social. 5 Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários podem ser individualmente determinados. Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 3º A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer. Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar dano ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - O Ministério Público; II - A Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV - A autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; 6 V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. § 1º O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei. § 2º Fica facultado ao Poder Público e a outras associações legitimadas nos termos deste artigo habilitar-se como litisconsortesde qualquer das partes. § 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. § 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. § 5.° Admitir-se-á o litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na defesa dos interesses e direitos de que cuida esta lei. § 6° Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exigências legais, mediante cominações, que terá eficácia de título executivo extrajudicial. Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, 7 ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção. Art. 7º Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as providências cabíveis. Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias. § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis. § 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los. Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. § 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. § 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, 8 que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação. § 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento. § 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Art. 10. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de 10 (dez) a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público. Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou compatível, independentemente de requerimento do autor. Art. 12. Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo. § 1º A requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública, poderá o Presidente do Tribunal a que competir o conhecimento do respectivo recurso suspender a execução da liminar, em decisão fundamentada, da qual caberá agravo para uma das turmas julgadoras, no prazo de 5 (cinco) dias a partir da publicação do ato. 9 § 2º A multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisão favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento. Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. § 1o. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária. § 2o Havendo acordo ou condenação com fundamento em dano causado por ato de discriminação étnica nos termos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o caput e será utilizada para ações de promoção da igualdade étnica, conforme definição do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de extensão nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igualdade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos com extensão regional ou local, respectivamente. Art. 14. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, para evitar dano irreparável à parte. Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. 10 Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade por perdas e danos. Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. Art. 19. Aplica-se à ação civil pública, prevista nesta Lei, o Código de Processo Civil, aprovado pela Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, naquilo em que não contrarie suas disposições. Art. 20. O fundo de que trata o art. 13 desta Lei será regulamentado pelo Poder Executivo no prazo de 90 (noventa) dias. Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor Art. 22. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 23. Revogam-se as disposições em contrário. 11 Legitimidade A legitimidade da ação civil pública é conhecida através do artigo 5º da lei 7.347/85, onde esta será ativa e passiva, bem como partes de uma ação comum, sendo a parte ativa o autor e a passiva, o réu. Quando o assunto é quem é legitimado para instaurar umaação civil pública, encontra-se um olhar mais estrito em relação a quem poderá ser qualificado para este feito. De acordo com o artigo acima citado, poderão ser responsáveis pela proposição da ação civil pública: o Ministério Público; a Defensoria; a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios; a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; e associação (vide condições). A ação civil pública ganhou força com a promulgação da lei 8.078/90 e há uma relação intensa da lista de legitimados com os objetivos da criação deste tipo de remédio constitucional. Em 1985, quando a lei 7.347 foi criada, notou-se a necessidade de um dispositivo efetivo que tivesse o foco nos danos que fossem causados ao consumidor, ao meio ambiente, aos bens com valor artístico, histórico, paisagístico, estético, turístico e, com a promulgação do Código de Defesa do Consumidor, os interesses difusos e coletivos. Portanto é notável que, há a necessidade que as partes legitimadas não sejam restritas, o que justifica a ampla possibilidade de autores de ação civil pública. Este tipo de remédio constitucional, carrega consigo a legitimação extraordinária, que significa que o titular do direito, não necessariamente será o autor da ação que recorre. Sendo assim, o papel do ministério público é essencial pois, em geral, os assuntos tratados pela ação civil pública abordam danos causados à população. Além disso, é possível observar que, instituições privadas são legitimadas para serem o polo ativo da ação, considerando os objetivos da mesma, é justificável que estas instituições sejam litisconsortes com órgãos públicos. É importante ressaltar que as associações só serão possíveis autores quando: estiverem constituídas há pelo menos um ano de acordo com a lei cível e que as suas finalidades sejam correspondentes às finalidades dispostas no código. De acordo com o artigo 5º da lei 7.347/85, inciso V, alínea “a” e “b”: 12 “V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.” O Ministério Público, de acordo com o parágrafo primeiro da lei acima citada, atuará como fiscal da lei caso não esteja no polo ativo da ação, ou seja, o MP mostra-se essencial ainda que não participe do processo de maneira direta, sendo o inspetor de todas as movimentações. No §3º prevê-se a possibilidade de desistência da parte autora da ação sendo, nessa situação, a responsabilidade de assunção do feito do Ministério Público, ou de qualquer um dos outros legitimados para a sua continuidade. Nota-se, portanto, a relevante importância do interesse público nesta ação, sendo protegido e resguardado a todo momento. O litisconsórcio entre as partes será admitido, sendo ele entre órgãos públicos e associações. Ele será facultativo entre Ministérios Públicos da União, Distrito Federal e dos Estados na defesa dos direitos tratados pela lei, regidos no artigo 1º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII. Competência De acordo com a Lei 7.347 de 24 de Julho de 1985, a qual disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras providências. Em relação à competência para julgamento da ação civil pública, traz em seu artigo segundo: As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde 13 ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa. Parágrafo único A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto. Art. 4o Poderá ser ajuizada ação cautelar para os fins desta Lei, objetivando, inclusive, evitar danos ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos, à ordem urbanística ou aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. A Lei n. 8.078/90 do código de Defesa do Consumidor, também traz em seu art 93 Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a justiça local: I – no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; II – no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos de competência concorrente. A competência em ações civis públicas é do juiz do local onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, pois a ação civil pública também pode ser utilizada de forma preventiva. A jurisprudência fixará como foro competente aquele capaz de possibilitar celeridade no julgamento, de acordo com a facilidade da instrução do processo, proximidade com a vítima como facilidade de obtenção de provas, perícias, outras. A competência para apreciar a ação civil pública pertence ao local onde ocorreu o dano ou houver a ameaça de dano, no caso de ação cautelar. Essa competência deve ser classificada como absoluta, não podendo ser flexibilizada pelo interesse das partes litigantes. (Agra, Walber de Moura, 2014). Na ação de proteção ao meio ambiente deverá ser levado em conta as indicações demonstradas após o estudo do impacto ambiental, com 14 responsabilidade civil objetiva, exigindo a comprovação das condutas que deram causa ao resultado do dano, ou seja, o nexo de causalidade. Ações contra danos de valores artísticos, históricos e turísticos, independem de o bem possuir o tombamento, como também o seu ajuizamento não impede que sejam realizadas novas ações de natureza diversa. Acontecendo dano em mais de uma comarca, onde há mais de juízo igualmente competente, a determinação da competência será o da prevenção. Em casos em que ocorrer interesse ou intervenção da União à ação deverá ser proposta pela Vara Federal correspondente aquela localidade, deixando de prevalecer nesse caso a competência do local do dano. Ação civil pública de natureza eleitoral, o julgamento se dá por competência da Justiça Eleitoral. Porém se a ação for ajuizada em desfavor do prefeito municipal por ato administrativo que causou danos ao patrimônio público, à competência é da Justiça Comum. Trata-se de competência absoluta, apesar de ser territorial, pois, na Ação Civil Pública, o critério utilizado (local do dano) tem o objetivo de garantir a efetividade da jurisdição. A competência na ação civil pública é qualificada, no artigo segundo da Lei 7.347/85, como funcional. Competência ratione loci, ou seja, do local do dano, do lugar da coisa, da realização ou da execução do fato, normalmente essas características implicariam em competência relativa. Porém, por ser funcional, a competência é absoluta. E por ser absoluta, a competência não pode ser modificada pela vontade das partes ou por fatos processuais, por ser de acordo com o interesse público. Procedimento A Ação Civil Pública, assim como todas as demais ações propostas em juízo, deve seguir o rito processual, ou seja, a sequência de atos processuais, ordenadamente encadeados, vistos da perspectiva externa, sem qualquer preocupação com o seu destino. (PACELLI, 2011, p. 657). Arruda Alvim,na sua Obra Comentários ao Código de Processo Civil, define o procedimento como o modo e a forma como se movem os atos processuais. O 15 próprio Código de PROCESSO Civil prevê duas espécies de procedimento, sendo elas, procedimentos comuns e procedimentos especiais. Em face do Novo Código de Processo Civil, deixou de existir a subdivisão dos processos comuns em rito ordinário e rito sumário. Art. 318 - Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste Código ou de lei. Parágrafo único. O procedimento comum aplica- se subsidiariamente aos demais procedimentos especiais e ao processo de execução. O procedimento comum, por ser o padrão, aplica-se de forma subsidiária aos procedimentos especiais, segundo essa perspectiva apresentada pelo art. 318 em seu parágrafo único. A sequência lógica prevista pelo Novo CPC define o procedimento comum como: 1° - Petição Inicial 2° - Audiência de Conciliação ou Mediação 3° - Contestação (com preliminares e mérito) 4° - Réplica 5º - Saneamento 6º - Audiência de Instrução e Julgamento 7º - Sentença A sumarização do procedimento ordinário promoveu a disseminação dos interesses e direitos através de medidas antecipatórias de caráter provisório, que são formas de tutela de urgência em vigor na maioria dos sistemas jurídicos de tradição civil. O art. 6º do Novo CPC define que Art. 6º Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto da ação civil e indicando-lhe os elementos de convicção. 16 Os Arts. 8º e 9º e respectivos parágrafos, em suma, definem especificadamente os processos ao quais a Ação Civil Pública deve seguir: Art. 8º Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as certidões e informações que julgar necessárias, a serem fornecidas no prazo de 15 (quinze) dias. § 1º O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis. § 2º Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los. Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. § 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. § 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação. § 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior 17 do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento. § 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. Espécies A ação civil pública tem por objetivo cessar ou impedir os bens jurídicos que tutela no Art. 1 da lei 7347 de 1985, portanto possui duas espécies: preventiva ou repressiva. Conforme disposto no Art. 3 da mesma lei “A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer”. A Ação civil pública tem natureza indenizatória, fazendo o réu da ação pagar pelos danos causados ao bem objetivado, ou de cessar a atividade danosa, sendo assim considerada repressiva, pois tem o objetivo de reprimir o dano já causado ao patrimônio. Preventiva no sentido de que a ação pode ser proposta mesmo somente diante da ameaça a um direito, por exemplo, se uma empresa tem uma atividade que pode ser lesiva ao meio ambiente e pode eventualmente causar algum dano substancial a este, a ação movida contra esta terá objetivo de prevenir o dano, fazendo cessar tal atividade. Objetivos Segundo posição doutrinária e jurisprudencial, a ACP intentada pelo Ministério Público não deve ser utilizada somente para o ressarcimento de danos ao erário, pois isso não se amolda às suas finalidades sociais. Luís Roberto Barroso (2003, p. 223) acentua que “a alternatividade que o dispositivo enseja não impede a cumulação, numa mesma ação, dos pedidos de prestar ou não algum fato e de indenizar em certa quantia de dinheiro”. 18 Além dos fins previstos na Lei de Ação Civil Pública, outras normas preveem o emprego dessa ação para o alcance de diferentes formalidades. O CDC estabelece a utilização da ACP para a invalidação de cláusulas abusivas (Lei 8.078/90, artigo 51, §4°). Essa providência é de caráter constitutivo, pois cria situação jurídica nova. Finalidade O interesse defendido na ação é o da proteção jurisdicional ao meio ambiente; consumidor; bens e direito de valor histórico, artístico, estético, turístico e paisagístico; qualquer outro interesse ou direito difuso coletivo ou individuais homogêneos; bem como a defesa da ordem econômica. Entende-se por interesses difusos a espécie do gênero interesses meta individuais – interesses coletivos lato sensu – e ocupam o topa da escala da indivisibilidade e falta de atributividade a um determinado indivíduo ou grupo determinado, sendo a mais ampla síntese dos interesses de uma coletividade, verdadeiro amálgama de interesses em torno de um bem da vida. Objetos Busca defender um dos direitos resguardados pela Constituição Federal e leis especiais, podendo ter por fundamento a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, bem como o ato ilegal lesivo à coletividade sendo responsabilizado o infrator que lesa: meio ambiente, consumidor, bens e direitos de valor artístico, interesses coletivos e difusos. Entende melhor por interesses coletivos, àqueles que são comuns à coletividade, desde que presente o vínculo jurídico entre os interessados, como o condomínio, a família, o sindicato entre outros. Por outro lado, os interesses são chamados de difusos quando, muito embora se refiram à coletividade, não obrigam juridicamente as partes envolvidas, por exemplo, a habitação, o consumo, entre outros. 19 Sentença ou acórdão A ação civil pública se apresenta como uma das ações coletivas previstas no ordenamento jurídico, visando a tutela de direitos de interesses da coletividade, sendo visto com um instrumento processual constitucional, destinados à proteção de direitos, coletivos e difusos, sendo um instituto legal, onde uma de suas funções institucionais do Ministério Público é a promoção da ação civil pública, visando a proteção social, meio ambiente entre outros interesses. Sua legitimidade é classificada como extraordinária, onde a lei autoriza que um terceiro defenda direitos pertencentes a outrem. Visto assim que o Ministério Público tem a legitimidade para criar ações civis públicas, mesmo quando não for parte no processo deverá obrigatoriamente atuar como FISCAL DA LEI. Mas vale ressaltar que se a associações abandonar a causa ou mesmodesistir, será da responsabilidade do Ministério Público assumir a continuidade da demanda, ferramenta está que pode ser realizada por qualquer outro legitimado ativo. A ação civil pública é uma demanda civil utilizada para a proteção de direitos supra individuais, e, por isso mesmo, segue uma disciplina própria que é a que resulta da combinação da LACP com o Título III do CDC. [...] se houver lacuna ou conflito neste sistema, a solução deverá ser buscada no Código de Processo Civil, observando-se uma interpretação dos dispositivos que sejam atinentes à tutela coletiva (efetividade e instrumentalidade).1 Vendo que assim o inquérito civil, é o instrumento do qual o Ministério Público, busca provas probatórias para se embasar em uma futura ação civil pública. O inquérito civil é uma ferramenta, um instrumento (sem fim em si mesmo) não jurisdicional (administrativo) ” [...], colocado “à disposição do parquet, voltado à coleta de elementos para a formação de convicção deste órgão com vistas a eventual propositura de ação civil pública para defesa de direitos supra individuais. ”2 20 O inquérito civil, tem como objetivo colher provas e elementos que justifiquem a ação, uma terminada as diligências, e assim constatado a prática de atos dolosos aos bens tutelados, caberá ao Ministério Público ou outro legitimado fazer o uso das provas colhidas dando assim início a ação, porém ao final dos inquéritos concluir a inexistência de fundamentos para o ajuizamento da ação civil pública, será o mesmo arquivado. Na ação civil pública a sentença é preponderantemente condenatória, visando a reparação patrimonial e moral da outra parte, sendo que o responsável pelos danos aos bens tutelados pode ser condenado a pagar uma quantia considerável em dinheiro, a sentença faz a coisa julgada material com eficácia, salvo no caso de sentença de improcedência por insuficiência de provas, podendo assim ser objeto de uma nova ação. Um caso de grande repercussão que tivemos conhecimento, no qual gerou uma ação civil pública, foi o rompimento da barragem do fundão da empresa Samarco, na unidade de Germano, em Mariana/MG, o rompimento ocorreu no dia 05 de Novembro, no qual 19 pessoas desapareceram, 18 corpos haviam sido identificados, entres eles estavam moradores da região e funcionárias da empresa, um total de 32,6 milhões de m³ de rejeitos de lama desceu de Fundão, atingindo o município de Mariana situado apenas 8 quilômetros de distância. A onda de lama atingiu comunidades como, como Paracatu de Baixo e Camargos, e as cidades de Barra Longa, Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado e cidades do Leste de Minas, como Governador Valadares. A lama também chegou ao Espírito Santo, levada pelo Rio Doce, afetando Regência, Linhares, Baixo Gandu e Colatina, causando destruição por onde passou e vitimando vários inocentes. Um plano de emergência foi criado pela empresa Samarco, tendo amenizar os danos causados, tendo como um dos focos o impacto ambiental, fazendo regularmente o monitoramento da qualidade da água e programas de revegetação emergencial, no campo social a empresa Samarco focalizou no atendimento 21 emergencial as comunidades, como moradia, renda e apoio psicossocial, visto que as mesmas perderam tudo com o rompimento. Já na parte estrutural das outras barragens, depois do acidente a empresa buscou novos monitoramentos nas barragens remanescentes, e obras de reforço estrutural, visando assim não ocorrer outro rompimento, acompanhado de perto por órgãos fiscalizadores, como IBAMA, DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) e os governos mineiros e capixaba. Mas para o Ministério Público que acompanhou todos os procedimentos, após o rompimento da barragem, e depois de diligências no sentido de colher provas do porque aquele acidente havia ocorrido, chegou a conclusão de ter havido negligência da empresa Samarco, onde uma das provas colhidas foi o relatório que a FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente) apresentou, declarando que chegou a recomendar para a Samarco a necessidade de se fazer reparos na estrutura da barragem do fundão. As responsabilidades pelo acidente serão divididas entre esferas, Administrativa (multa), Civil (indenizações) e penal (crime), a justiça determinou o bloqueio de R$ 300 milhões da empresa para os ressarcimentos, tendo como intenção do Ministério Público que a empresa repare completamente o dano causado pela lama, com ações essas de limpeza, resgate de animais, reconstrução de casas, depois será apurados indenizações por danos coletivos e individuais. A primeira decisão efetiva que condenou a mineradora depois de quase 1 ano e 6 meses do rompimento da barragem determinou que fosse paga indenizações as famílias que perderam algum ente valores estes que chegaram até a R$ 200 mil. Infelizmente não foi possível pegar o processo da empresa Samarco, segue em anexo alguns dados do processo obtidos no site TJMG no qual informa que o mesmo teria sido arquivado, ao ser procurado no site DJMG foi possível ter acesso a decisões proferidas em ações trabalhista e artigos sobre o desastre. 22 Ao ser realizada uma pesquisa no site Jusbrasil.com, foi encontrado um acórdão para as vítimas do desastre, residentes no município de Tumiritinga, onde segue em anexo. REFERÊNCIAS MEIRELLES, Hely Lopes. Mandado de Segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de injunção e habeas data. 18ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008. RODRIGUES, Marcelo Abelha. Ação Civil Pública. In: DIDIER JR., Fredie (org). Ações Constitucionais. 3. ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2008. Notas [1] LACP – Lei de Ação Civil Pública [2] CDC - Código de Defesa do Consumidor MILARÉ, Édis. A ação civil pública após 20 anos: efetividade e desafios / coordenador Édis Milaré. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2005. BARROSO, Luís Roberto, Interpretação e aplicação da Constituição, 2003. Os princípios específicos e instrumentais à interpretação constitucional são os da supremacia, presunção de constitucionalidade, interpretação conforme a Constituição, unidade, razoabilidade-proporcionalidade e efetividade. BRASIL. Código de processo civil Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869.htm>. Acesso em 10 de set. De 2017. rafaeldurigao.jusbrasil.com.br/artigos/180316667/acao-civil-publica AGRA, Walber de Moura Curso de direito constitucional/Walber de Moura Agra. – 8.a ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2014. Disponível em <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7347orig.htm> acesso em: 12 set 2017. Disponível em: http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/81222-cnj-servico-entenda-a- diferenca-entre-acao-popular-e-acao-civil-publica>. Acesso em 14 set. 2017. 23 Disponível em: http://ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=18689>. Acesso em 14 set. 2017. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/DJMG/2017/08/18>. Acesso em 14 set 2017. Disponível em <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm> acesso em 13 set 2017. Disponível em: https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/445257613/conflito-de- competencia-cc-10184150029538004-mg/inteiro-teor-445257627?ref=juris-tabs.>. Acesso em 14 set. 2017. Disponível em: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/11/rompimento-de- barragens-em-mariana-perguntas-e-respostas.html>. Acesso em 14 set. 2017. Disponível em: http://www.samarco.com/rompimento-da-barragem-de-fundao/>. Acesso em 14 set. 2017. Disponível em <jus.com.br/artigos/31156/a-competencia-na-acao-civil-publica-proposta-por-autarquia-federal> acesso em 13 set 2017. Disponível em: http://domtotal.com/direito/uploads/pdf/c99d721166e7d96dcc4c85f98b42abfa.pdf https://jus.com.br/artigos/348/legitimidade-na-acao-civil-publica Lei nº 7.347 de julho de 1986 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm
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