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AULA 3- DIRINT ESTRUTURA DO CONTEÚDO • 2. O Estado 2.1.1. Elementos 2.1.2. Redimensionamentos da noção de soberania 2.1.3. Responsabilidade Internacional 2.1.3.1. Responsabilidade por culpa 2.1.3.2. Responsabilidade objetiva 2.1.4. Imunidade Estatal • Estado- definição: corresponde a uma organização política e administrativa que contém, em regra, território, povo, governo, poder soberano e finalidades e garantia existencial e de desenvolvimento social e do cidadão. ( Sidney Guerra) • Convenção de Montevidéo sobre Direitos e Deveres dos Estados dispõe: “O Estado como pessoa de Direito Internacional deve preencher os seguintes requisitos: a) Ter uma população permanente – povo – causa material do Estado, ou seja, aquilo que o compõe, o homem reunido em sociedade, sujeito do poder do Estado, seu possuidor e titular. É o componente humano do Estado, devendo, de acordo com a Convenção de Montevidéu, ser estável, isto é, ser assentado de modo permanente em um determinado território. b) Possuir um território definido É a base física do Estado, o espaço geográfico em que se estabelece uma comunidade, o local em que se assenta a soberania estatal c) Possuir um governo A existência de um governo com autoridades encarregadas de estabelecer e fazer cumprir as normas existentes no âmbito interno, bem como conduzir as relações internacionais é a evidência de que existe uma organização política estável e apta a ser reconhecida no plano internacional. É o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o poder absoluto de autodeterminação e auto organização emanada do povo. d) Poder Soberano Segundo Norberto Bobbio é o poder de mando de última instância, numa sociedade política. Corresponde à independência política e administrativa que tem um Estado em relação aos demais Estados existentes na ordem internacional. • Perspectiva interna: se manifesta nos poderes do Estado, no legislativo, no executivo e no judiciário. É a consagração do direito de autodeterminação, isto é, o direito do Estado de ter o governo e as leis que bem entender sem sofrer interferência estrangeira. Decorre da soberania interna o direito de organização política, de formular as suas próprias leis e aplicá-las, o direito de jurisdição e o de domínio. • Perspectiva externa: corresponde ao direito de independência que se manifesta no direito de convenção, à igualdade jurídica, ao respeito mútuo • O princípio da soberania do Estado está fortemente ancorado no direito internacional público a começar pelo art 2 parágrafo 1 da Carta das Nações Unidas, que estabelece que a Organização está baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus membros e depois na Resolução 2.625, que dispõe que todos os Estados gozam de igualdade soberana • Igualdade soberana= os Estados possuem iguais direitos e deveres a) Os Estados são iguais juridicamente b) Cada Estado goza de direitos inerentes à plena soberania c) Cada estado tem o dever de respeitar a personalidade dos demais Estados d) A integridade territorial e a independência política do Estado são invioláveis e) Cada Estado tem o direito a eleger e levar adiante livremente o seu sistema político, social, econômico e cultural f) Cada Estado tem o dever de cumprir plenamente e de boa fé suas obrigações internacionais e de viver em paz com os demais Estados e) Finalidade de garantia existencial e desenvolvimento social e do cidadão Responsabilidade Internacional • Definição: é o instituto jurídico em virtude do qual o Estado a que é imputado um ato ilícito segundo o direito internacional deve uma reparação ao Estado contra o qual este ato foi cometido. ( Rousseau) • Características: - É sempre uma responsabilidade com a finalidade de reparar o prejuízo - A responsabilidade é de Estado a Estado * - É um instituto consuetudinário - Tem um aspecto político • Quando o lesado é o indivíduo ou uma coletividade, é necessário que seu Estado nacional o proteja, endossando ( proteção diplomática) sua reclamação, tornando-a sua ( do Estado). Esta proteção diplomática é discricionária e o Estado só pode proteger seu nacional. OBS1: no caso de sociedade comercial tem-se adotado como nacionalidade para este fim, a dos acionistas que detenham seu controle OBS2: Em alguns casos excepcionais há proteção diplomática a quem não é seu nacional, no caso de guerra civil é o Estado neutro que protege os nacionais dos beligerantes. Um exemplo interessante é o de Israel que através de um tratado em 1952, conseguiu que a Alemanha ocidental indenizasse os judeus que sofreram danos na Alemanha nazista. Note-se que o Estado de Israel só foi criado em 1948, logo os judeus eram, alemães, poloneses, etc... • Elementos: a) Ilicitude: tem por base a violação de uma norma internacional, rompimento de obrigação do Estado ( oriunda de um tratado ou costume) b) Imputabilidade / atribuição: nexo que liga o ilícito a quem é responsável por ele perante a ordem internacional. O Estado é sempre responsável pelos atos praticados por seus funcionários. A imputabilidade não se confunde com autoria do ato ilícito. Os atos são imputáveis porque estão vinculados à soberania e ocorreram em seu nome. c) Prejuízo ou dano: é a lesão de qualquer bem jurídico e pode ser moral ou material e ser causado a um Estado ou a um particular • Responsabilidade subjetiva ( teoria da culpa): no DI não há unanimidade: a culpa é entendida em sentido amplo abrangendo o dolo - Críticas: não pode ser aplicada às pessoas jurídicas a não ser por meio de uma ficção pois é um elemento psicológico, é de difícil comprovação - Moderna teoria da culpa (Strisower): culpa do órgão ou do indivíduo cujo ato obriga o Estado (jurisprudência internacional) • Responsabilidade objetiva ( teoria do risco): a responsabilidade surge sempre que existir o nexo de causalidade entre o ilício e o Estado. Tem sido aplicada à exploração nuclear e cósmica. - exploração nuclear: o Estado tem a obrigação de fiscalizar as atividades nucleares realizadas em seu território sob sua bandeira e será suplementar se o explorador nuclear não tiver meios para indenizar. - exploração cósmica: Convenção de 1972 relativa à responsabilidade internacional por danos causados por engenhos espaciais Art. 2º: resp. obj= o Estado de lançamento é responsável por danos causados por engenho espacial na superfície terrestre Art 3º: resp. por culpa= engenho espacial que causa dano a outro engenho -nas convenções sobre poluição dos mares por hidrocarburos ( 1969/1971) consagra-se a responsabilidade objetiva de modo supletivo: a entidade privada é responsável, mas se o regime da convenção não funcionar, o Estado assume a responsabilidade. → com relação ao dano ambiental a questão não é unânime • Caso fortuito e força maior como excludentes de responsabilidade: há tendência a admitir- se em algumas situações, mas sempre é necessário consultar a jurisprudência. - Guerras civis são motivo de força maior - Atos de legítima defesa de um Estado - Atos de represália • Reparação: -geralmente indenização em pecúnia -reparação direta quando possível: exige-se que a situação seja recomposta ao momento anterior à prática do ilícito -de natureza moral, sempre públicas: satisfações, pedidos de desculpas DIPLOMACIA Definição de agente diplomático: agentes diplomáticos são as pessoas enviadas pelo chefe de Estado para representar o seu Estado perante um governo estrangeiro. • Teoria do Interesse da Função: Consagrado na jurisprudência e nos preâmbulos das Convenções sobre relações diplomáticas de Havana (1928) e Viena ( 1961). Esta última declara: “ reconhecendo que a finalidade de tais privilégios não é beneficiar os indivíduos, mas, sim, de garantiro eficaz desempenho das funções diplomáticas em eu caráter de representantes dos Estados” • Inviolabilidade -significa que a Missão diplomática e as residências particulares dos agentes diplomáticos estão protegidas contra qualquer coação do Estado acreditado -o mobiliário, os arquivos e os meios de transporte da missão não poderão estar sujeitos a busca, requisição, embargo ou medida de execução. -a correspondência diplomática também é inviolável - A Missão deverá notificar ao Ministério do Exterior os locais que se beneficiam deste privilégio • Imunidade de Jurisdição Civil e Criminal - Os atos da Missão praticados como representantes do Estado acreditante não podem ser apreciados pelo Estado acreditado - O agente diplomático goza de imunidade absoluta de jurisdição criminal - A imunidade de jurisdição significa que o agente diplomático deverá ser processado no Estado acreditante - Poderá haver renúncia à imunidade de jurisdição do Estado acreditante que deverá ser expressa. - Quando se age na qualidade de particular a jurisprudência não é unânime. • A família do agente diplomático goza das mesma imunidades e privilégios que o próprio agente - Família: pessoas que vivem com o agente diplomático sob sua dependência econômica. • Os agentes diplomáticos gozam de isenção aduaneira tanto em relação aos objetos destinados ao uso oficial da Missão quanto aos objetos de uso pessoal e sua bagagem não pode sofrer inspeção. • Privilégios e imunidades dos agentes diplomáticos nacionais do Estado Acreditado ou que aí tenham residência permanente: - Mais restritos: só existe para os atos oficiais praticados no desempenho de suas funções a não ser que o Estado acreditado lhes reconheça outros Imunidades e Privilégios dos Agentes Diplomáticos • Decreto Legislativo nº 103, de 1964, a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, assinada a 18 de abril de 1961 • Artigo 29 A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado trata-lo-á com o devido respeito e adotará tôdas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou dignidade. • Artigo 30 A residência particular do agente diplomático goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da missão. 2. Seus documentos, sua correspondência e, sob reserva do disposto no parágrafo 3 do artigo 31, seus bens gozarão igualmente de inviolabilidade. • Artigo 31 1. O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa, a não ser que se trate de: a) uma ação real sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado, salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditado para os fins da missão. b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a titulo privado e não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário. c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções oficiais. 2. O agente diplomático não é obrigado a prestar depoimento como testemunha. 3. O agente diplomático não esta sujeito a nenhuma medida de execução a não ser nos casos previstos nas alíneas " a ", " b " e " c " do parágrafo 1 dêste artigo e desde que a execução possa realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência. 4. A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante. • Artigo 32 1. O Estado acreditante pode renunciar à imunidade de jurisdição dos seus agentes diplomáticos e das pessoas que gozam de imunidade nos têrmos do artigo 37. 2. A renuncia será sempre expressa. 3. Se um agente diplomático ou uma pessoa que goza de imunidade de jurisdição nos têrmos do artigo 37 inicia uma ação judicial, não lhe será permitido invocar a imunidade de jurisdição no tocante a uma reconvenção ligada à ação principal. 4. A renuncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não implica renúncia a imunidade quanto as medidas de execução da sentença, para as quais nova renúncia é necessária. • Imunidade fiscal - Abrange o Estado acreditante e o chefe da missão diplomática que estão isentos de todos os impostos e taxas nacionais, regionais ou municipais sobre os locais da Missão . - Não se estendem aos que contratam com a missão Diplomática • Artigo 23: 1. O Estado acreditante e o Chefe da Missão estão isentos de todos os impostos e taxas, nacionais, regionais ou municipais, sobre os locais da Missão de que sejam proprietários ou inquilinos, excetuados os que representem o pagamento de serviços específicos que lhes sejam prestados. 2. A isenção fiscal a que se refere este artigo não se aplica aos impostos e taxas cujo pagamento, na conformidade da legislação do Estado acreditado, incumbir as pessoas que contratem com o Estado acreditante ou com o Chefe da Missão. • O que a Missão receber a título de atos oficiais goza de isenção fiscal: Artigo 28 Os direitos e emolumentos que a Missão perceba em razão da prática de atos oficiais estarão isentos de todos os impostos ou taxas. • Os agentes diplomáticos dispõem de isenção de todos os impostos e taxas pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais. • Exceções à imunidade fiscal - Art.34: O agente diplomático gozará de isenção de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais, nacionais, regionais ou municipais, com as exceções seguintes: a) os impostos indiretos que estejam normalmente incluídos no preço das mercadorias ou dos serviços; b) os impostos e taxas sobre bens imóveis privados situados no território do Estado acreditado, a não ser que o agente diplomático os possua em nome do Estado acreditante e para os fins da missão; c) os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado, salvo o disposto no parágrafo 4 do artigo 39; d) os impostos e taxas sôbre rendimentos privados que tenham a sua origem no Estado acreditado e os impostos sobre o capital referentes a investimentos em empresas comerciais no Estado acreditado. e) os impostos e taxas que incidem sobre a remuneração relativa a serviços específicos; f) os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e imposto de selo relativos a bens imóveis, salvo o disposto no artigo 23.
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